Você está na página 1de 5

Governo do Estado do Rio Grande do Norte

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)


Campus Avançado de Pau dos Ferros (CAPF)
Departamento de Letras Estrangeiras (DLE)
Curso de Letras/Língua Inglesa e suas Respectivas Literaturas

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Estrangeira. Ensino


Fundamental. Terceiro e quarto ciclos. Brasília: MEC/SEF, 1998.

Danielyson Yure de Queiroz Valentim

“Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados procurando, de um


lado, respeitar diversidades regionais, culturais, políticas existentes no país e,
de outro, considerar a necessidade de construir referências nacionais comuns
ao processo educativo em todas as regiões brasileiras. Com isso, pretende-se
criar condições, nas escolas, que permitam aos nossos jovens ter acesso ao
conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como
necessários ao exercício da cidadania.” (p. 5)

- A princípio, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) apresentam uma


proposta muito bem elaborada, desde o que é apresentado a nós em AO
Professor, em seus objetivos. É dado, ao Ensino Fundamental, uma função
desafiadora em relação às possibilidades e condições em que nosso País
vivência, no que diz respeito à educação.

“A aprendizagem de Língua Estrangeira é uma possibilidade de aumentar a


autopercepção do aluno como ser humano e como cidadão. Por esse motivo,
ela deve centrar-se no engajamento discursivo do aprendiz, ou seja, em sua
capacidade de se engajar e engajar outros no discurso de modo a poder agir
no mundo social.” (p. 15)
- É importante destacarmos que a aprendizagem de Língua Estrangeira
viabiliza esse engajamento do aluno pelo discurso e no discurso, uma vez que
entendemos que nos tornamos sujeitos ativos em uma sociedade e nas
relações sociais por meio dele.

“Esse sistema de focos para indicar o que ensinar tem por objetivo organizar
uma proposta de ensino que garanta para todos, na rede escolar, uma
experiência significativa de comunicação via Língua Estrangeira, por intermédio
do uso de uma lente padrão. Isso é o que foi chamado de engajamento
discursivo por meio de leitura em língua estrangeira, que se pauta por uma
questão central neste documento: dar acesso a todos a uma educação
lingüística de qualidade.” (p. 21)

- A metáfora das lentes de uma máquina fotográfica é muito bem apresentada


e bastante usual. Ainda que haja uma maior preferência por propostas de
ensino de Língua Estrangeira que focalizam o ensino da leitura, ter um olhar
para a aprendizagem das demais habilidades se faz importante, uma vez que
lidamos com uma pluralidade gigantesca de alunos em sala de aula, onde, nem
sempre, as propostas irão funcionar com 100% dos aprendizes.

“Quanto aos objetivos, a maioria das propostas priorizam o desenvolvimento da


habilidade de compreensão escrita, mas essa opção não parece decorrer de
uma análise de necessidades dos alunos, nem de uma concepção explícita da
natureza da linguagem e do processo de ensino e aprendizagem de línguas,
tampouco de sua função social. Evidencia-se a falta de clareza nas
contradições entre a opção priorizada e os conteúdos e atividades sugeridos.
Essas contradições aparecem também no que diz respeito à abordagem
escolhida. A maioria das propostas situam-se na abordagem comunicativa de
ensino de línguas, mas os exercícios propostos, em geral, exploram pontos ou
estruturas gramaticais descontextualizados. A concepção de avaliação, no
entanto, contempla aspectos formativos que parecem adequados.” (p. 24)

- Quanto a esse aspecto, tomamos conhecimento que o ensino de Língua


Estrangeira, o da Língua Inglesa, especificamente, sempre buscou focar na
habilidade da compreensão escrita, trazendo exercícios exaustivo da pura
gramatica da língua, tal fator, se torna totalmente contrário ao que os PCNs
objetiva, um ensino de Língua Estrangeira que busca inserir os alunos no
discurso, levando em consideração teoria sociointeracionistas.

“Todo significado é dialógico, isto é, é construído pelos participantes do


discurso. Além disso, todo encontro interacional é crucialmente marcado pelo
mundo social que o envolve: pela instituição, pela cultura e pela história.” (p.
27)

- O enunciado acima nos remete a natureza social e ideológica do discurso a


que se deve levar em consideração, assim, quando falamos, falamos para
alguém e o tanto o emissor do discurso quanto seu receptor, são sujeitos
situados histórico e ideologicamente no mundo. Portanto, o significado se
concretiza no social.

A aprendizagem de Língua Estrangeira no ensino fundamental não é só um


exercício intelectual em aprendizagem de formas e estruturas lingüísticas em
um código diferente; é, sim, uma experiência de vida, pois amplia as
possibilidades de se agir discursivamente no mundo (...)." (p. 38)

- De acordo com o texto, o ensino de Língua Estrangeira vai além do ensino do


código puramente dito, vai além das estruturas linguísticas, é o ensino de
novas culturas, novas formas de se pensar o contexto de uso da língua.

"Não se deve esquecer ainda que as marcas de variedades são


freqüentemente fruto de processos de exclusão. A consciência desses
processos na escola pode colaborar na compreensão de que diferença
lingüística não pode ser equacionada com inferioridade, como também,
conseqüentemente, na criação de uma sociedade mais justa, já que a
linguagem é central na determinação das relações humanas e da identidade
social das pessoas. Assim, reafirma-se o direito de ser diferente cultural e
lingüisticamente." (p. 48)
- Assim como na Língua Materna, a variedade linguística também está
presente nas Línguas Estrangeiras e como o texto nos faz entender, essa
variação marca os sujeitos socialmente, a depender da sua classe social,
gênero, idade. Se faz de extrema necessidade que os alunos entendam que
isso não torna ninguém inferir à outro.

"No entanto, ao se entender a linguagem como prática social, como


possibilidade de compreender e expressar opiniões, valores, sentimentos,
informações, oralmente e por escrito, o estudo repetitivo de palavras e
estruturas apenas resultará no desinteresse do aluno em relação à língua,
principalmente porque, sem a oportunidade de arriscar-se a interpretá-la e a
utilizá-la em suas funções de comunicação, acabará não vendo sentido em
aprendê-la." (p. 54)

- O texto nos destaca que o estudo repetitivo de palavras e estruturas acabará


desestimulando o aluno a querer aprender a língua. São exercícios como esses
que encontramos nas escolas. Listas de palavras e verbos regulares e
irregulares, por exemplo, desse modo, muitos alunos começam a achar as
aulas de línguas "chatas e cansativas".

"Uma contribuição importante do enfoque cognitivista foi chamar a atenção


para a questão dos diferentes estilos individuais de aprendizagem que as
pessoas possuem, ou seja, nem todos os alunos aprendem da mesma forma.
Por exemplo, há alunos que se utilizam mais de meios auditivos e outros de
meios visuais da mesma forma que alguns têm mais sucesso no usos de
estratégias sociointeracionais devido ao fato de serem mais extrovertidos." (p.
57)

- Nesse entendimento, torna-se necessário a atuação do professor em


perceber a pluralidade de mentes que existem em sua sala de aula e
compreender que nem todos aprendem da mesma forma. Por isso, o professor
deve fazer uso dos diferentes métodos e estratégias de ensino de Língua
Estrangeira que estiverem ao seu dispor e assim melhorar a aprendizagem de
seus alunos.
"(...) No entanto, ao se estabelecerem os objetivos, as limitações não podem
deixar de ser levadas em conta para se determinar o que é possível fazer para
se garantir condições mínimas de êxito, que devem resultar em algo palpável e
útil para o aluno. Mínimo não deve significar o menos possível, mas sim metas
realistas, claramente definidas e explicitadas aos alunos." (p. 66)

- As metas traçadas para se obter êxito no ensino e na aprendizagem de uma


Língua Estrangeira precisam levar em consideração as dificuldades e
limitações existentes nesse processo, tanto limitações dos alunos, quanto
estrutura nas escolas que permitam uma boa educação. Metas que deem conta
da realidade das escolas e dos alunos. 

“Não podem jamais constituir-se em instrumentos de ameaça ou intimidação,


para mostrar apenas o que o aluno não sabe, situando-se acima de suas
possibilidades.” (p. 79)

- No que diz respeito a avaliação, de acordo com o texto, tal processo não pode
ser levado como uma forma de mostrar erros dos alunos, colocando um peso
negativo ao ato de avaliar.

Você também pode gostar