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Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3

Cadernos PDE

I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O ANÚNCIO PUBLICITÁRIO COMO RECURSO PARA O ENSINO DE
LÍNGUA INGLESA: UM OLHAR CRÍTICO PARA PROPAGANDAS DE
BEBIDAS ALCOÓLICAS

Autor: Rodrigo Pereira 1


Orientadora: Elisa Prado do Nascimento 2

Resumo
Este artigo tem como finalidade principal apresentar os frutos de um trabalho desenvolvido a partir da
implementação de uma produção didático-pedagógica, que visou discutir as influências que anúncios
publicitários exercem sobre as escolhas das pessoas, bem como discutir a metodologia de trabalho
com os gêneros discursivos como ferramenta de ensino de Língua Inglesa. A implementação ocorreu
em uma turma do Ensino Fundamental, que atende adolescentes, jovens e adultos, no CEEBJA de
Laranjeiras do Sul, Paraná. A produção didático-pedagógica foi dividida em oito módulos de quatro
aulas cada, e possibilitou a reflexão acerca das ideologias presentes nos anúncios publicitários,
buscando a formação humana dos alunos, na tentativa de ampliar seus horizontes e ajudar na
construção de um projeto de vida.

Palavras-chave: Anúncio Publicitário. Gênero Discursivo. Ideologias.

Introdução

O presente artigo apresenta os resultados de um projeto de Intervenção


Pedagógica da disciplina de Língua Inglesa (doravante LI) desenvolvido durante o
Programa de Desenvolvimento Educacional (doravante PDE), programa de
formação continuada da Secretaria de Estado da Educação do Paraná doravante
(SEED), ao longo dos anos de 2014 e 2015. Todo o trabalho de elaboração do
Projeto de Intervenção Pedagógica, a Produção Didático-Pedagógica, bem como a
respectiva aplicação desse material e o aprofundamento teórico advindo das
discussões virtuais no Grupo de Trabalho em Rede (GTR) buscou contemplar as
teorias educacionais presentes nos documentos educacionais oficiais do Estado do
Paraná, as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná de Língua Estrangeira
Moderna (doravante DCEs-LEM) (PARANÁ, 2008).

1
Professor PDE 2014; Graduado em Letras pela Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná –
Unicentro;Pós Graduado em Educação de Jovens e Adultos; Atuante no CEEBJA de Laranjeiras do
Sul – Pr.
2
Profª Elisa Prado Nascimento, orientadora PDE, Mestre em Letras pela UNICENTRO – Universidade
Estadual do Centro Oeste e Professora do Departamento de Letras da mesma Universidade, atuando
como professora do curso de Letras Inglês e Literaturas e Secretariado Executivo.
O projeto de intervenção pedagógica foi pensado para o atendimento de uma
turma do Ensino Fundamental do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens
e Adultos de Laranjeiras do Sul (doravante CEEBJA), que oportuniza a formação de
Jovens e Adultos em diversas situações. São pessoas que por algum motivo não
puderam permanecer nos bancos escolares e concluírem suas formações na idade
esperada, são alunos que não se adaptaram às regras e normas das escolas
tradicionais, são trabalhadores que precisaram se evadir da escola para ajudar na
renda de casa, enfim, são diversas histórias que se encontram num ambiente de
formação e que trazem consigo esperanças e sonhos embasados numa melhora da
qualidade de suas vidas. É perceptível também que a Educação de Jovens e
Adultos (doravante EJA), de certa forma, acaba sendo o “lar” de muitos educandos
que não se adaptaram ou que transgrediram repetidamente as regras de outras
escolas e foram então encaminhados, quase que despejados, tratados como
indesejados nestes estabelecimentos. Há também casos de trabalhadores que no
momento oportuno não puderam estudar, mas com um pouco mais de maturidade
perceberam a importância dos estudos para a sua vida.
A Diretriz Curricular da Educação Básica de Língua Estrangeira Moderna,
aponta que:

A escola pública brasileira, nas últimas décadas, passou a atender um


número cada vez maior de estudantes oriundos das classes populares. Ao
assumir essa função, que historicamente justifica a existência da escola
pública, intensificou-se a necessidade de discussões contínuas sobre o
papel do ensino básico no projeto de sociedade que se quer para o país.
(PARANÁ 2008, p.14)

No CEEBJA de Laranjeiras do Sul, não é diferente. Quando os nossos alunos


chegam a escola trazem consigo uma carga de expectativas muito grande, uma vez
que já passaram por diversas situações muitas vezes humilhantes pela falta de
estudos, mas mesmo assim, vem para escola com a esperança de transformar a sua
realidade e fazer parte verdadeiramente da sociedade, opinando, contribuindo, se
sentindo parte de um todo. A visão destes educandos é que a escola poderá
efetivamente transformar suas vidas, tanto economicamente, quanto socialmente.
É neste ponto que entra a responsabilidade da escola em relação à formação
destes cidadãos. A escola como um todo deve estar preparada para receber estas
pessoas, acolhê-las e assumir o compromisso de trabalhar pedagogicamente de
forma coerente com as necessidades que eles trazem para a escola3.
Muitas destas pessoas estão distantes da escola há muitos anos e trazem na
memória experiências escolares vividas, as vezes, há décadas. Estas experiências,
obviamente, não condizem com as práticas pedagógicas atuais e, com isso, podem
gerar certo tipo de estranhamento.
Para isso é que foi produzida uma Produção Didático-Pedagógica, que teve
como principal objetivo explorar o Gênero Discursivo “Anúncio Publicitário”, na
tentativa de ampliar o entendimento e enxergar as ideologias presentes neles, ora
de forma explícitas, ora de forma sutilmente implícitas, buscando a formação de
pessoas críticas, desenvolvendo um trabalho que pudesse ampliar a visão dos
alunos em relação ao mundo, analisando as relações de poder e de persuasão do
gênero. Abriu-se também uma janela para trabalhar com a leitura crítica,
aprofundando nas entrelinhas do texto e analisando textos verbais e não verbais.
Com o presente artigo pretende-se discutir os resultados apresentados com o
trabalho com o Gênero Discursivo “Anúncio Publicitário”, como abordagem para o
ensino de Língua Inglesa, com o público da EJA.
Para tanto, apresentamos inicialmente as fundamentações teóricas que
embasam o ensino da LEM através dos Gêneros Discursivos e as suas
potencialidades.
Na sequência, evidenciamos nosso trabalho ao propor a análise das
ideologias presentes nos anúncios publicitários, trabalhando os diversos aspectos
linguísticos, Analisando as imagens, cores, fontes, nos anúncios preparados para
serem distribuídos em forma de panfletos e ou cartazes e analisando o humor, as
características das pessoas, o ambiente, as falas, as conotações, denotações,
expressões características de anúncios publicitários pensados para veiculação na
televisão. E, por último, evidenciamos alguns acertos, dificuldades, caminhos e
possibilidades para o trabalho com gêneros discursivos, verificados durante a
caminhada de implementação do material didático.

3
Trabalhar pedagogicamente coerente significa ouvir a comunidade atendida. Deixar que esta
comunidade faça parte efetivamente das decisões gerais da escola. Fazer com que a Gestão
Democrática se efetive e que seja de uma forma educativa.
Os Gêneros Discursivos

Conforme dito anteriormente, este artigo tem como objetivo avaliar o trabalho
feito com os Gêneros Discursivos na formação crítica dos Jovens, Adultos e
Adolescentes que frequentam o CEEBJA de Laranjeiras do Sul. É necessário,
portanto, esclarecermos a concepção teórica tomada para isso.
Para entendermos melhor este conceito, apelamos diretamente para o teórico
basilar desta abordagem. Segundo Bakhtin (2010):

O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos)


concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo
da atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas
e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático)
e pelo estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais,
fraseológicos e gramaticais da língua, mas, acima de tudo, por sua
construção composicional. [...] Evidentemente, cada enunciado particular é
individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos
relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do
discurso. (BAKHTIN, 2010, p.261).

É através dos gêneros discursivos que a língua efetivamente faz sentido.


Neste conceito o enunciado é uma unidade de comunicação discursiva, que dispõe
de plenitude semântica (o que suscita atitude responsiva) e é dotado de
conclusibilidade. (BAHKTIN, 2003 4 apud PASSINI, 2010, p.08).
Os enunciados e suas formas relativamente estáveis nos aproximam dos
outros, podem nos fazer incluídos na sociedade e capazes de interpretar e entender
o que nos rodeia. E com isso:

Nós aprendemos a moldar o nosso discurso em forma de gênero e, quando


ouvimos o discurso alheio, já adivinhamos o gênero pelas primeiras
palavras, adivinhamos um determinado volume (isto é, uma extensão
aproximada do conjunto do discurso), uma determinada construção
composicional, prevemos o fim, isto é, desde o início temos a sensação do
conjunto do discurso que em seguida apenas se diferencia no processo da
5
fala. (BAKHTIN, 2006 apud PASSINI, 2010, p.18).

4
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal: Os Gêneros do Discurso. 4ª edição. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.
5
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal: Os Gêneros do Discurso 2ª edição. São Paulo:
Martins Fontes, 2006.
Deste modo, como em sua língua materna, o aprendiz já está habituado a
produzir e depara-se com enunciados mais ou menos estáveis, que inseridos em
certos propósitos comunicativos, constituem os gêneros do discurso. (PASSINI,
2010).
Sendo assim, aquilo que ouvimos começa a fazer sentido quando
compreendemos o histórico de construção de determinado discurso, onde está
ancorado e qual é a sua finalidade. Também é possível, conforme Passini (2010),
perceber que o fio condutor das concepções de Bakhtin está na interação verbal, na
comunicação que é capaz de preencher de sentido, isto é, ultrapassar o significado
chegando ao tema da enunciação. Para Bakhtin:

Nós assimilamos as formas da língua somente nas formas das enunciações


e justamente com essas formas. As formas da língua e as formas típicas
dos enunciados, isto é, os gêneros do discurso, chegam à nossa
experiência e a nossa consciência em conjunto e estreitamente veiculadas.
Aprender a falar significa aprender a construir enunciados (porque falamos
por enunciados e não por orações isoladas e, evidentemente, não por
palavras isoladas). (BAKHTIN, 2006apud PASSINI, 2010, p.21).

Diante deste conceito, podemos observar que o trabalho com os gêneros


discursivos nas aulas de língua estrangeira podem gerar efetivamente um
aprendizado satisfatório, aproximando o aprendiz de tópicos e estruturas conhecidas
por ele e utilizadas no seu cotidiano. As características de conclusibilidade dos
enunciados fazem com que o aprendiz faça algumas relações com o que já
conhece, possa decodificar e posicionar-se responsivamente.

O Anúncio Publicitário

Há uma vasta gama de gêneros discursivos criados pelo homem para facilitar
sua comunicação e interação. Podemos encontrá-los com facilidade no nosso
cotidiano, desde os mais banais, até os mais complexos, como por exemplo:
cartazes, anedotas, cartões, músicas, receitas, charges, histórias em quadrinho,
estatutos, abaixo-assinado, depoimentos, discursos, etc. Para Bakhtin, os gêneros
se desenvolveram através do tempo e correspondem a formas típicas criadas por
esferas de atividades humanas. Nas palavras do autor:
A riqueza e a variedade dos gêneros do discurso são infinitas, pois a
variedade virtual da atividade humana é inesgotável, e a cada esfera dessa
atividade comporta um repertório de gêneros do discurso que vai
diferenciando-se e ampliando-se à medida que a própria esfera se
desenvolve e fica mais complexa. (BAKHTIN, 1992 apud PARANÁ, 2008,
p.59).

Neste caso, um gesto, uma figura, uma imagem deve ser considerada como
texto, porém, para serem reconhecidos como válidos, deve-se sempre considerar o
contexto que foi produzido e seu momento histórico. Este fato também é importante
para que os educandos possam perceber que existem diferentes formas de
produção e circulação dependendo da cultura em questão.
A esfera publicitária é composta por vários gêneros, como: panfleto, cartaz,
comerciais de TV, slogans, folders, anúncios, etc. Por mais diversa que seja esta
esfera de comunicação, nenhum dos seus gêneros passa despercebido ou é
totalmente desconhecido pelas pessoas. Atualmente, por mais distante que as
pessoas residam, é praticamente impossível não ser alvo de pretensões comerciais.
O consumo está cada dia mais inerente às pessoas independente de classe social,
raça, credo e demais segregações que possamos elencar.
O Anúncio Publicitário faz parte deste mundo publicitário. Parece um fato
óbvio dizer que o anúncio publicitário é uma ferramenta para o crescimento das
vendas. Todavia, esta obviedade acaba se ocultando por trás de algumas das
engenhosas características que o compõe: os trocadilhos, as subjetividades, as
ambiguidades e a intertextualidade. Com isso, cumpre fielmente seu papel,
promovendo um produto, uma marca ou uma ideia.
Outra formidável característica deste gênero é sua capacidade de síntese, já
que,em uma sociedade consumista, até o “tempo é dinheiro”. Este predicado permite
que, mesmo nas famosas correrias do dia-a-dia, as pessoas sejam alcançadas e
que de alguma forma lembrem-se das rápidas e marcantes palavras do anúncio.
Para Ferreira e Alves, (2010):

A publicidade e a propaganda utilizam-se muito do anúncio por ser um texto


condensador e promotor, pois busca colocar no mínimo de palavras
possíveis aquilo que está veiculando. Sua linguagem é acessível e bastante
trabalhada. Isso se dá devido à publicidade nos últimos anos superar-se
cada vez mais, uma vez que o mercado está a cada dia mais competitivo.
(FERREIRA; ALVES, 2010, p.16).
Esta competitividade, citada acima, serve como mola propulsora da
criatividade, pois anúncio que não é criativo não chama atenção e
consequentemente fere um principio básico para o mercado: passar despercebido.
Passar despercebido é um pecado mortal para este tipo de gênero. E, para que isso
não aconteça, outro recurso muito empregado são as imagens e as cores. Cada
imagem e cada cor são detalhadamente pensadas para entusiasmar até mesmo os
mais céticos na arte de comprar.
Os anúncios precisam comungar de um único lema: persuadir para o
consumo. Monnerat (2003) nos diz que:

Todavia, normalmente o anúncio não contém nenhuma informação falsa.


Ele apenas revela uma parte da verdade, que favorece o anunciante, ou
seja, “suaviza” o real custo do produto, ressaltando apenas o seu valor
benéfico. Tudo isso porque o anúncio é uma sedução. É possível que o
sedutor, ou o persuasor, não esteja trabalhando com uma verdade, mas
com algo que se aproxima de uma certa verossimilhança. Ao vermos um
anúncio, sabemos que o que estamos vendo pode não ser verdadeiro, mas
é verossímil e nos convence com a sua lógica particular. (MONNERAT,
2003 apud FERREIRA; ALVES, 2010, p.23).

Exatamente por revelar apenas uma parte da verdade é que o anúncio publicitário
torna-se objeto tão importante de estudo rumo à formação crítica das pessoas.
Debruçar-se sobre este gênero constitui-se, acima de tudo, como momento ímpar de
construção do pensamento crítico.
É passível de considerações o fato de que a soma de inúmeros enunciados
ideológicos produzidos pela esfera publicitária através dos anúncios possam
interferir no projeto de vida das pessoas, já que desde a infância somos ludibriados
a viver um modo de vida que nem sempre nos é próprio.
A riqueza linguística dos anúncios publicitários nos traz uma perspectiva de
trabalho capaz de nos confrontar com diversos elementos composicionais da
linguagem. Deste modo, adentrando no leque de possibilidades linguísticas deste
gênero discursivo, percebemos a grandiosidade de alternativas que temos para
aprofundar esta temática e criar dispositivos que auxiliem os educandos a se
livrarem do emaranhado de armadilhas alienantes propostas nos anúncios
publicitários. É nesse caminho que notamos que este gênero não se limita apenas
em proporcionar melhorias e crescimento para o mercado consumista, mas vai além,
interferindo culturalmente na vida das pessoas, valendo-se de artifícios psicológicos
que administrados de forma cíclica e tendenciosa podem criar necessidades
ilusórias e transformar conceitos que servirão para o coletivo como verdades
incontestáveis. Nessa visão:

A linguagem concebida como sistema mediador de todos os discursos, com


a potencialidade de mediar nossa ação sobre o mundo (declarando e
negociando), de levar outros a agir (persuadindo), de construir mundos
possíveis (representando e avaliando), aumenta a necessidade e a
relevância de novas práticas educacionais relacionadas ao uso de um
letramento adequado ao contexto social. (MEURER, 2002, p. 10 apud
ALVES; CALVO, 2010, p.14).

Assim, o gênero discursivo anúncio publicitário se torna instrumento


pedagógico extremamente relevante na busca incessante do entendimento de quais
“mundos possíveis” podem ser construídos para a classe que frequenta a escola
pública, ou seja, a classe trabalhadora.
O discurso midiático para muitos ainda soa inocente. Somos bombardeados
rotineiramente por inúmeros comerciais de TV, outdoors, propagandas e anúncios
publicitários, sendo que, por vezes, os objetivos destes gêneros passam quase que
despercebidos. Entram nas casas e nas vidas das pessoas sem pedir licença e vão
impondo sua cultura e semeando a semente do desejo em consumir.
As relações sociais e pessoais estão em constante mudança. As novas
tecnologias, celulares, internet, permitem que possamos estabelecer contatos e
novas amizades não mais apenas na nossa vizinhança, mas em qualquer parte do
mundo. Diante disso, a linguagem também ganha uma nova importância social, pois
ganha o competência de incluir socialmente as pessoas nas mais diversas
oportunidades de interação existentes no mundo virtual. “É possível inserir as
pessoas na sociedade como participantes ativos, não limitados as suas
comunidades locais, mas capazes de se relacionar com outras comunidades e
outros conhecimentos”. (PARANÁ, 2008, p.56)
Estas novas conquistas nos aproximam cada dia mais. No entanto, também
nos colocam em embate com forças aparentemente invisíveis, mas que estão
entrando nas nossas casas, através dos meios de comunicação, e aos poucos,
moldando a maneira como pensamos e agimos.
A mídia tem um discurso persuasivo e precisa, a qualquer custo, nos convidar
e, por fim, nos convencer de participar da festa do consumismo. É nesse diálogo,
nessas entrelinhas, que:

A língua se apresenta como espaço de construções discursivas,


indissociável dos contextos em que ela adquire sua materialidade,
inseparável das comunidades interpretativas que a constroem e são
construídas por ela. Desse modo, a língua deixa de lado suas supostas
neutralidade e transparência para adquirir uma carga ideologia intensa, e
passa a ser vista como um fenômeno carregado de significados culturais.
(PARANÁ, 2008, p.54-55 – grifo nosso)

Estabelecemos quase um jogo de queda de braços com as empresas de


marketing, onde o ganhador quase sempre são elas. Neste caso perder é sucumbir
aos apelos do consumo, beber das ideologias que os anúncios nos dão, deixar que
a nossa cultura seja submetida por interesses de pessoas que nem mesmo
conhecemos. É entrar na “arena de conflitos” (BAKHTIN, 1992 apud PARANÁ,
2008), sem as armas necessárias para o combate.
Pretensiosamente os anúncios publicitários batem às nossas portas,
vendendo além de produtos, ideologias. Ideologias que conseguem moldar um modo
de viver, transformar e modificar uma cultura e interferir nas crenças e gostos de um
povo. Se dita um modelo de beleza, um estereótipo de homem e de mulher que
deve ser seguido em nome da moda. Estipulam-se modelos, por vezes, inatingíveis,
para a maioria das pessoas. Prega-se um mundo muito distante da realidade da
maioria do povo. Enfim, é um campo minado de ideologias e astúcias psicológicas
que fundamentalmente atuam a favor de um bem velado, mas que ficam ocultos e
esquecidos pela rotina supostamente inofensiva.
O trabalho com os diversos gêneros discursivos nas aulas de língua
estrangeira pode contribuir para alargar os horizontes dos educandos, mostrando
novas possibilidades de construção do conhecimento e, através desta nova
abordagem, melhorar a relação ensino-aprendizagem.
Nas aulas de língua estrangeira o gênero discursivo Anúncio Publicitário pode
auxiliar no árduo trabalho de transformação da leitura superficial para uma leitura
crítica. Esperou-se assim, extrapolar a rotina da mera extração de informações, para
um aprofundamento, mergulhando nas entrelinhas, nas subjetividades, nas figuras
de linguagem, enfim, dedicando-se na construção de significados possíveis.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica para o ensino de Língua
Estrangeira demonstram que:

A ênfase do ensino recai sobre a necessidade de os sujeitos interagirem


ativamente pelo discurso, sendo capazes de se comunicar de diferentes
formas materializadas em diferentes tipos de texto, levando em conta a
imensa quantidade de informações que circulam na sociedade. Isto significa
participar dos processos sociais de construção de linguagem e de seus
sentidos legitimados e desenvolver uma criticidade de modo a atribuir o
próprio sentido aos textos. (PARANÁ, 2008, p.58)

É crível que, com a exploração dos Anúncios Publicitários, os alunos analisem


as questões sociais, políticas e econômicas da nova ordem mundial, suas
implicações e que desenvolvam uma consciência crítica a respeito do papel das
línguas na sociedade. (PARANÁ, 2008, p.55).
Formar alunos críticos é um desafio incessante para a escola pública. É de
ciência de todos que a escola pública passa por diversas dificuldades, inclusive de
identidade, pois ora serve para atendimentos sociais, ora tenta remendar as
deficiências causadas por um sistema extremamente falho como o que temos.
O trabalho com a língua estrangeira dentro desta conjuntura é
demasiadamente complexo. Fazer com que alunos que estão socialmente
desestruturados, não por culpa própria, mas pelo descaso de instituições
governamentais, e que não tem uma perspectiva lógica para seus futuros,
compreenderem primeiramente a importância da escola como um todo, e
sucessivamente ir avançando na compreensão de que o conhecimento pode ser
sinônimo de poder, é uma tarefa que precisa ser meticulosamente pensada.
Alunos capazes de agir socialmente deveria ser a meta de formação da
escola pública. Por mais que, por vezes, ainda titubeie em contradições
pedagógicas, todo o trabalho tem boas intenções. É necessário sair do campo das
intenções e trilhar o caminho das práticas, pois, estas aliadas a bons conceitos
podem se materializar em transformações sociais eficazes.
Com este objetivo é que foi elaborada uma produção didático-pedagógica
baseada na análise do gênero discursivo “Anúncio Publicitário”. Para isto foram
selecionados diversos anúncios publicitários de cerveja, explorando com mais
afinco: cartazes, slogans e comerciais de TV. Foi possível, com isso, debruçar-se
sobre as ideologias presentes nestes materiais e também, aliadas a estas análises,
realizar atividades que puderam dar conta de alguns conteúdos do Ensino
Fundamental.

Implementação e a análise dos resultados

A implementação da Produção Didático-Pedagógica foi realizada no CEEBJA


de Laranjeiras do Sul, no turno noturno, numa turma do Ensino Fundamental,
conforme estava previsto no Projeto de Intervenção Pedagógica. Para melhor
organização e para seguir os moldes da escola, foi proposto dividir as 32 aulas
necessárias para a implementação da produção didática em módulos de 04 aulas
cada, resultando em 08 módulos.
Para o desenvolvimento da proposta em sala de aula, o material a ser
utilizado foi impresso e encadernado e entregue a cada aluno para que fosse
utilizado durante a aplicação da implementação. Porém, ao final de cada aula, o
referido material era recolhido e guardado no armário do professor, para que os
alunos não o esquecessem em casa e nutrissem certa expectativa com relação à
sequência das atividades. Sendo assim, o trabalho seguiu baseado primeiramente
nestes nortes, e posteriormente sanando outras particularidades educacionais que
foram necessárias.
No início do Módulo 01 foi feita uma explanação sobre o funcionamento e
objetivo do PDE. A receptividade dos alunos foi excelente, pois na fala deles
percebeu-se um entusiasmo e certo nível de curiosidade no trabalho que se seguiria.
Na análise das primeiras imagens, notaram o quanto a Língua Inglesa é presente no
cotidiano e conseguiram listar outras palavras para incrementar a atividade. Em
seguida passamos para a audição da canção “Samba do Approach”, onde puderam
observar as palavras utilizadas e fazer uma interpretação das intenções do autor da
letra, chegando à conclusão de que era uma crítica ao excessivo uso de palavras
estrangeiras. Um comentário feito e que merece destaque é de da aluna A, que
enfatizou: “O fato de algum produto ser importado já parece, no olhar das pessoas,
ser melhor do que os produtos nacionais. As pessoas muitas vezes dão maior valor
para os produtos importados em relação aos produtos nacionais”.
Em seguida, passamos para o estudo dos cumprimentos, onde as questões
que seguiram foram baseadas na maneira como os alunos cumprimentavam seus
parentes, como era a maneira de tratamento dos seus pais e avós. Com isso,
podemos relacionar estas formas de cumprimentos atuais e as que eram utilizadas
nas décadas anteriores. Fizemos também uma reflexão a respeito das formas de
cumprimento em diversos países, onde se pode notar uma variedade enorme de
formas de se cumprimentar, conforme as culturas locais.
O Módulo 01 trazia, ao seu final, uma atividade chamada de “caminhada
pedagógica”, onde os alunos e o professor percorreriam as principais ruas da cidade
e fotografariam imagens, outdoors, produtos e outros itens que utilizassem a Língua
Inglesa como estratégia de persuasão de clientes. Como essa atividade havia sido
pensada para uma turma do período vespertino, mas a implementação foi realizada
em uma turma do período noturno, a realização da atividade não foi possível. No
entanto, para que essa atividade não passasse em branco, foi feita uma adaptação,
onde se pediu para que os alunos trouxessem todas as embalagens de produtos
que encontrassem e que contivessem palavras inglesas e, com isso, foi montado um
painel que ficou exposto na sala de aula, e que podia a todo o momento ser
acrescido de embalagens que ainda não estavam expostas.
Para o início do Módulo 2, propôs-se a discussão sobre a importância do
aprendizado da Língua Inglesa, e para isso, iniciou-se com a leitura de um texto em
inglês que continha importantes apontamentos. Abriu-se espaço para o debate e
outros pontos foram possíveis de serem alcançados, como: o fato do aprendizado da
língua estrangeira ser direito de todos. Notou-se que os alunos não haviam pensado
nesta questão, e nem conseguiam enxergar a disciplina nesta perspectiva. Mesmo
assim, concordaram com este ponto e conseguiram perceber que todo
conhecimento é importante, e que a escola pública precisa ser o espaço para a
formação e preenchimento das lacunas culturais da sociedade.
Na sequência foi feita a análise do mapa que continha os principais países
falantes da língua inglesa como língua materna. Neste ponto, pode-se notar que
havia uma grande lacuna em relação a este conhecimento e também em relação ao
entendimento sobre os continentes e os países. Assim sendo, esta atividade foi de
grande valia para que estes conceitos fossem assimilados. Em seguida, iniciou-se
uma discussão sobre o papel das palavras inglesas como incentivadoras do
consumo e da promoção de produtos. Verificou-se que, na opinião de todos os
alunos, o uso das palavras estrangeiras consegue dar aos produtos certo status que
outros produtos que não utilizam não têm. Após esta discussão, iniciou-se o
aprendizado dos principais adjetivos e da regra de uso dos mesmos. Foi realizado
também um jogo de tabuleiro, onde os alunos puderam assimilar e exercitar a
pronúncia de alguns destes adjetivos. Notou-se que o jogo foi muito bem aceito e o
envolvimento dos alunos comprovou a hipótese de que o aprendizado através de
momentos lúdicos acontece de forma prazerosa, inibindo a timidez inicial na
pronúncia das palavras e fazendo com que houvesse mais interação entre os
próprios alunos.
Seguindo o trabalho, foi feita uma retomada de conteúdos do verbo “to be”, já
que esse conteúdo foi pensado para ser trabalho no início do ano, mas com a greve
geral dos trabalhadores da educação, houve uma quebra no cronograma e este
conteúdo já havia sido trabalhado, porém, como se sabia que ele deveria ser
retomado, neste momento foi feito de uma maneira mais breve, deixando para ser
aprofundado com as atividades da produção didático-pedagógica.
Como abertura do Módulo 03, houve uma discussão sobre o papel das
palavras inglesas como uma das estratégias de marketing. Para isso, foram usados
exemplos como: “x-egg”. Abriu-se uma reflexão sobre os sentimentos que surgiriam
nas pessoas ao pedir esse tipo de lanche como está, e traduzido para a língua
portuguesa. Houve consenso de todos os alunos que as pessoas ficariam, de certa
forma, inibidas de fazer este pedido na própria língua e que o fato da palavra “ovo”
estar em inglês, acaba dando um status de maior importância para este produto.
Também houve oportunidade para refletir sobre como a mídia trabalha para
criar necessidades nas pessoas e, com isso, pode-se constatar que houve uma
sintonia em relação ao que estava relatado no projeto de intervenção pedagógica e
os relatos da sala de aula. Segundo o projeto, as mídias em geral:

(...) interferem culturalmente na vida das pessoas, valendo-se de artifícios


psicológicos que administrados de forma cíclica e tendenciosa podem criar
necessidades ilusórias e transformar conceitos que servirão para o coletivo
como verdades incontestáveis. (PEREIRA, 2014)

Para isso foi elaborado uma atividade onde o professor trazia imagens de
grandes marcas e apenas uma parte do slogan desta marca, devendo os alunos
completar os slogans. Todas as frases foram completadas sem problemas, o que
provou que a mídia consegue, de uma forma quase imperceptível, convencer as
pessoas a entrarem no jogo do consumo. Para reflexão complementar, foram
elaboradas questões que indagavam sobre as influências das atitudes dos adultos
sobre as crianças, os hábitos culturais dos adultos como influência nas crianças e a
questão do meio em que as pessoas vivem e as influências deste meio.
Houve vários comentários em relação a estas reflexões, onde os alunos
puderam ampliar seus conhecimentos sobre as ideologias presentes nos anúncios
publicitários. O comentário de um aluno se destacou:

Os hábitos culturais das famílias dependem do nível econômico delas.


Quanto mais carentes, mais suscetíveis são aos apelos de consumo da
mídia. Elas querem a todo custo poder acessar os bens que a mídia expõe
como sendo possível a todos.

Durante a sequência do exercício, pode-se notar que o meio de comunicação


mais presente no dia-a-dia dos alunos era a televisão, e que revistas e jornais
raramente eram lidos por eles.
A atividade proposta para trabalhar com os advérbios de frequência unia o
conhecimento das cores e de atividades do dia-a-dia. Os alunos deveriam pintar um
círculo ao lado de cada atividade conforme a frequência que o praticavam. Por se
tratar de adultos, imaginou-se que talvez essa atividade não fosse tão bem aceita.
No entanto, esta atividade foi muito elogiada e realizada com muito prazer. Todos os
alunos gostaram e participaram durante toda a execução.
O módulo 04 tinha como proposta a execução de uma pesquisa com todos os
alunos da escola. O objetivo era analisar a relação que eles tinham com as bebidas
alcoólicas, mas para não ser tão específico, e com isso assustá-los, a pesquisa se
estendeu para os principais hábitos culturais.
No dia da pesquisa, 54 alunos foram entrevistados. Foi um trabalho muito
interessante e conseguiu envolver todos os alunos da turma. Eles demonstraram um
certo nível de euforia, pois precisavam se expor um pouco mais diante dos demais
colegas da escola. Após as entrevistas iniciais, pode-se notar que foram perdendo a
inibição e ganhando confiança na tarefa que estavam fazendo. Esta atividade foi
extremamente importante, pois conseguiu alavancar a autoestima de todos, o que
de certa forma veio a dar conta de um dos problemas apontados no Projeto de
Intervenção Pedagógica na Escola, que dizia:
O medo do novo é surpreendente neste caso. Isso pode ser em decorrência
da falta de segurança e da alta baixo-estima, já que se trata de pessoas que
trazem no seu histórico de vida cicatrizes perpetradas por humilhações,
discriminações e abandono por parte do sistema econômico e social que
vivemos. Acreditam fielmente que não são capazes de aprender, causando
algumas vezes, barreiras que dificultam ainda mais esta tarefa.

Após a realização das entrevistas, iniciamos o trabalho de compilação dos


dados. Para isso analisamos cada uma das perguntas da entrevista no quadro,
refletimos sobre as respostas e, por fim, foram confeccionados cartazes com todos
os resultados, sendo um cartaz para cada uma das questões.
Durante a realização das entrevistas, os alunos entrevistados ficaram
bastante curiosos sobre os motivos que nos levaram a realizar esta atividade. Após
as explicações dos porquês, pediram para que estes dados fossem divulgados, para
que todos ficassem sabendo dos resultados. Isso, na verdade, já havia sido pautado
como uma meta do trabalho. Sendo assim, ao final do trabalho, reuniu-se todos os
alunos no saguão da escola e a turma apresentou os cartazes para todos. Notou-se
que os alunos estavam muito orgulhosos do trabalho que tinham feito, pois eles
tiveram um grande envolvimento e se sentiram efetivamente parte do processo de
produção deste conhecimento. Este ponto foi muito positivo e trouxe um grande
avanço em relação ao olhar que tinham sobre a disciplina de Língua Inglesa.
Nos módulos finais, foram feitas análises de propagandas de cervejas
americanas, aprofundando as discussões sobre as ideologias presentes. Estas
análises sempre foram intercaladas com atividades de reflexão e discussões orais e
atividades de vocabulário e de listening. Ao final dos Módulos foi realizada uma
atividade avaliativa, onde os alunos puderam demonstrar o nível de aprendizado que
obtiveram em relação aos aspectos do gênero discursivo “Anúncio Publicitário” e
também do nível crítico que alcançaram durante todo o processo.

Considerações Finais

O presente artigo teve a intenção de demonstrar os resultados da aplicação


da Produção Didático-Pedagógica, primeiramente a comunidade escolar do CEEBJA
de Laranjeiras do Sul, aos colegas professores e as demais pessoas, que por algum
motivo, tenham interesse nas discussões e no trabalho com o Gênero Textual
“Anúncio Publicitário”.

Durante este processo pedagógico, pode-se considerar que houve um notável


crescimento em relação ao posicionamento crítico que os alunos obtiveram, pois ao
final das atividades conseguiam apontar e se posicionar diante de diferentes
situações que os anúncios publicitários demonstravam. Inicialmente pode-se notar
que o nível de interesse na disciplina aumentou, pois até então conheciam o
aprendizado da língua estrangeira através de exercícios gramaticais e de repetições.
Mesmo aqueles alunos que estavam distante da escola há muitos anos
conseguiram participar efetivamente e com sucesso, levando à conclusão de que
todos se sentiram incluídos no processo de ensino-aprendizagem. Foi possível
identificar também, que existe uma grande influência da mídia nas escolhas culturais
da sociedade em geral, e que as classes menos favorecidas, no contexto da nossa
escola, sofrem mais com estas influências.
Por fim, pode-se considerar que o Gênero Textual como ferramenta de ensino
traz a escola um viés diferenciado para o aprendizado, e especificamente o Anúncio
Publicitário consegue transformar o ensino em algo prazeroso e acessível a todos,
mesmo àqueles que apresentam certo nível de dificuldade. O Anúncio Publicitário,
por se tratar de um texto conhecido por todos, e particularmente os anúncios de
cervejas, com suas particularidades, como o humor e suas cores chamativas,
permitiram manter os alunos focados no assunto e com participações ativas.

Referências

ALVES, Rosângela A. e CALVO, Luciana C.S. O gênero textual anúncio


publicitário: análise da sua implantação em sala de aula. Programa de
Desenvolvimento Educacional, 2010, Maringá: Universidade Estadual de Maringá.

BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1988.

FERREIRA, Fernanda de M. e ALVES, Maria da P.C. O que se anuncia e o que se


faz: O gênero discursivo anúncio no livro didático. Universidade do Rio Grande
do Norte, 2010.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação.
Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua Estrangeira Moderna.
Curitiba: SEED, 2008.

PASSINI, M.T. Do abstrato ao concreto: A presença Bakhtiniana no ensino de


Língua Estrangeira. Revista Signo. Vol.1 Unisc, 2010.

PEREIRA, Rodrigo. Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, 2014.

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