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APLICADA AO
ENSINO DO
PORTUGUÊS
Introdução
O desenvolvimento da linguística e a noção de que a escrita é impor-
tante para a formação de indivíduos críticos e capazes de se posicionar
socialmente foram fundamentais para as inúmeras transformações pelas
quais o ensino da língua portuguesa já passou. Nesse contexto, o pro-
fessor deve compreender que o seu papel não se resume a ensinar os
alunos a classificar palavras: ele deve ensiná-los a utilizar a língua como
ferramenta social.
Neste capítulo, você vai conhecer a diferença entre ensinar língua
portuguesa com foco no texto e com foco na gramática normativa. Em
seguida, você vai verificar por que é importante trabalhar o ensino da
escrita na aula de língua portuguesa. Por fim, vai ver como avaliar textos
na perspectiva da educação linguística dialógica.
uma das principais justificativas para que o ensino de língua portuguesa faça
parte do currículo de qualquer escola desde o 1º ano do ensino fundamental.
No entanto, desde o surgimento do Sistema de Avaliação da Educação Básica
(Saeb), nos anos 1990, o sistema educacional brasileiro vem sofrendo muitas
modificações. Afinal, antes da criação dessa ferramenta, não existia nenhum
exame avaliativo educacional no Brasil.
Portanto, mesmo que a linguística esteja cada vez mais presente no ensino
escolar, o ensino da língua como reflexo do “certo” e do “errado” apresentados
na gramática tradicional continua presente. Antunes (2003) discorre sobre o
funcionamento de atividades em torno da gramática. Para a autora, é possível
constatar que esse tipo de ensino, puramente normativo e gramatical, põe em
cena uma aprendizagem descontextualizada da língua como potencialidade.
Isso ocorre pelos seguintes motivos:
Um ensino linguístico com resultado positivo tem como foco o texto, pois
busca dar sentido para a língua portuguesa. O professor não deve ignorar a
gramática normativa, e o foco da sua aula não devem ser nomenclaturas e regras
gramaticais. O docente deve ter como foco o texto, e a partir dele desenvolver
os aspectos normativos. A ideia é que o aluno aprenda a normatividade, mas
saiba por que e como usá-la.
2 O ensino da escrita
A linguagem fundamenta-se no uso da língua para a comunicação e a interação
social. Da mesma maneira que a linguagem pode ser oral ou escrita, a leitura
ultrapassa o universo da escrita. Para Koch e Elias (2017), todo e qualquer
texto simboliza um ato de comunicação dentro de um processo interacional,
que pode ser tanto escrito quanto falado. É possível fazer a leitura tanto de
um artigo de opinião quanto de um debate político. Ou seja, ler não significa
apenas decodificar uma sequência de palavras escritas. É por meio da leitura
que os indivíduos se tornam capazes de analisar e de refletir sobre os diferentes
contextos em que estão inseridos. Além disso, somente com ela a produção
6 Práticas de ensino de escrita: ensino e avaliação
1. leitura de textos;
2. produção de textos;
3. oralidade;
4. conhecimentos linguísticos.
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12 Práticas de ensino de escrita: ensino e avaliação
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