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Crescimento e
desenvolvimento
Humano
ISBN - 978-85-7739-453-1
2014
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
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Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
O estudo no desenvolvimento humano. teorias do desenvolvimento humano. primeiro
ciclo da vida: concepção ao nascimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Principais mudanças nas fases jovem adulta, meia-idade e terceira idade . . . . . . . . . . . . 67
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a):
A autora.
9
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Unidade 1
O estudo no desenvolvimento
humano. teorias do
desenvolvimento humano.
primeiro ciclo da vida: concepção
ao nascimento
Berenilde Valéria de Oliveira Sousa
1.1 Introdução
O desenvolvimento humano permite compreender as manifestações corporais e atitudinais
do indivíduo. Nesta unidade de estudo, vamos incluir explicações de pesquisadores a partir de
suas teorias, que visam esclarecer a forma de ser e agir de cada pessoa.
Inicialmente, abordaremos os aspectos de que tratam o crescimento e desenvolvimento hu-
mano de forma que o seu conceito fique claro. Saberemos como os psicanalistas Freud e Erick
Erikson pensavam o desenvolvimento do ser humano, o primeiro a partir do ponto de vista bio-
lógico e o desenvolvimento da sexualidade e o segundo tratando dos conflitos vivenciados em
cada ciclo para aquisições de virtudes que farão parte da personalidade. Essas duas teorias pro-
curavam explicar que condições específicas vivenciadas poderiam explicar comportamentos fu-
turos.
Outro aspecto da pessoa é a sua cognição. Aqui, saberemos como o pesquisador Jean Pia-
get definiu estágios que indicam a estruturação do cérebro, envolvendo o aumento das células
nervosas até a organização e associação das mesmas para que a criança avance nas aprendiza-
gens, desde a elaboração de palavras até as questões mais complexas do raciocínio. E, por fim,
mas não mais importante, a teoria desenvolvimentista de Havighurst, que aborda as questões
específicas de tarefas motoras e que o momento de aquisição das mesmas se torna básico para
educadores adequarem os estímulos de acordo com o momento em que corpo e mente estejam
prontos.
Ainda nesta unidade conheceremos os processos de fecundação, onde e como ocorrem. A
união dos cromossomos da mãe e do pai, a herança dominante e recessiva, a genotipia, a fenoti-
pia até chegar ao desenvolvimento gestacional, caracterizando os três estágios existentes.
11
UAB/Unimontes - 3º Período
Figura 1: A forma ►
cronológica envolve o
crescimento desde a
fase bebê até a terceira
idade.
Fonte: Disponível em:
<http://www.4hd.com.br/
blog/2013/11/13/chama-
dos-sao-abandonados-
-por-que-nao-tem-sla/>.
Acesso em 28 mai. 2014.
12
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
13
UAB/Unimontes - 3º Período
Outra teoria conhecida entre os educadores é a “teoria cognitiva” de Jean Piaget, que en-
fatiza a aquisição de processos de pensamento cognitivo. Ele conseguiu conhecimento sobre o
desenvolvimento das estruturas cognitivas através da observação de bebês e de crianças. Pia-
DICA get apresentava-se com habilidade fantástica em alcançar indícios sutis no comportamento das
Acesse o vídeo do you- crianças que forneceram indicações de seu funcionamento cognitivo. Ele considerou esses indi-
tube, no link https:// cadores sutis como marcos na hierarquia do desenvolvimento cognitivo. O movimento é enfa-
www.youtube.com/ tizado como um agente básico na aquisição de estruturas cognitivas crescentes, especialmente
watch?v=hRN4iTBrPeQ na primeira infância e nos anos da educação infantil. Piaget usou a idade cronológica somente
e conheça a história de como um indicador amplo e geral do desenvolvimento cognitivo, para observar comportamen-
Sigmund Freud e suas
Teorias. tos. Esses comportamentos observados serviram para Piaget como indicadores essenciais da
complexidade sempre crescente no desenvolvimento cognitivo da criança, não se preocupando
com o desenvolvimento a partir da idade de 15 anos. Piaget acreditava que capacidades intelec-
tuais altamente sofisticadas eram desenvolvidas até essa idade (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Piaget observou que as crianças que tinham a
mesma idade dividiam conceitos errôneos pa-
Figura 4: Jean Piaget ►
foi autor da Teoria recidos, fato que sugeriu uma sequência de
Cognitiva, que destaca crescimento intelectual. Para ele, a maneira
o ganho de processos como a criança pensava era mais importante e
de pensamento revelador da sua capacidade de raciocínio do
cognitivo.
que o que elas sabiam. O desenvolvimento
Fonte: Disponível em:
<http://faculty.frostburg.
cognitivo é um processo que segue padrões
edu/mbradley/psyogra- universais em função da necessidade humana
phy/jeanpiaget.html>. de equilíbrio cognitivo ou mental. Cada pessoa
Acesso em 29 mai. 2014.
tenta fazer com que as novas experiências fa-
çam sentido, conciliando-as com seu conheci-
mento já existente. Quando uma nova experiência parece não se ajustar ao conhecimento já
existente, o indivíduo ingressa em um estado de desequilíbrio, que depois leva ao crescimento
DICA cognitivo, em função de modificar antigos conceitos, criando outros melhores que se ajustam a
Acesse o vídeo do nova experiência. A adaptação cognitiva ocorre através de processos de assimilação, interpreta-
youtube, no link ção de novas experiências e de acomodação, que seria a modificação de ideias antigas. A assimi-
https://www.youtube.
lação é mais fácil por não exigir muitos ajustes. Porém, para a acomodação, é necessário vários
com/watch?v=_CGu-
08gXTC4, e conheça a ajustes para levar a um significativo crescimento intelectual (BERGER, 2013).
história de Jean Piaget O Quadro 1 apresenta as características do estágios das teorias psicanalíticas: teoria psicos-
e sua tendência cog- sexual de Freud e teoria psicossocial de Erik Erikson. Na mesma tabela, também está presente a
nitiva. característica da teoria cognitiva de Jean Piaget.
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Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
QUADRO 1
Etapas de Desenvolvimento conforme a Teoria Psicanalítica e Cognitiva
Oral (do nascimento Confiança versus desconfiança básica (do nas- Sensório-motor
aos 12-18 meses). A cimento aos 12-18 meses). Bebê desenvolve a (do nascimento
principal fonte de ideia de se o mundo é um lugar bom e seguro. aos 2 anos). Bebê,
prazer do bebê envolve Virtude: esperança. gradualmente,
atividades ligadas à torna-se capaz de
boca (sugar e alimen- Autonomia versus vergonha e dúvida (dos 12- organizar atividades
tar-se). 18 meses aos 3 anos). Criança desenvolve um em relação ao am-
equilíbrio entre independência e autossuficiên- biente, por meio de
Anal (de 12-18 meses cia, e vergonha e dúvida. atividade sensória e
aos 3 anos). Criança Virtude: vontade. motora.
obtém gratificação sen-
sual retendo e expe- Iniciativa versus culpa. (3 aos 6 anos). Criança Pré-operatório (2 a
lindo as fezes. Zona de desenvolve iniciativa quando experimenta no- 7 anos).
gratificação é a região vas atividades e não é dominada pela culpa. Criança desenvolve
anal, e o abandono Virtude: propósito. um sistema repre-
das fraldas é atividade sentacional e utiliza
importante. Produtividade versus inferioridade (6 anos à símbolos para re-
puberdade). Criança deve aprender habilidades presentar pessoas,
Fálico (3 a 6 anos). da cultura ou enfrentar sentimentos de incom- lugares e eventos.
Criança torna-se apega- petência. Linguagem e brin-
da ao genitor do sexo Virtude: habilidade. cadeiras imaginati-
oposto e, posterior- vas são importantes
mente, identifica-se Identidade versus confusão de identidade manifestações
com genitor do mesmo (puberdade ao início da idade adulta). Adoles- desse estágio. O
sexo. cente deve determinar seu sentido pessoal de pensamento ainda
Desenvolve-se o supe- identidade (“Quem sou eu?”) ou sentir confusão não é lógico.
rego. Zona de gratifica- sobre papéis.
ção se transfere para a Virtude: fidelidade. Operações concre-
região genital. tas (7 a 12 anos).
Intimidade versus isolamento (idade adulta Criança pode
Latência (6 anos à pu- jovem). Pessoa procura formar compromissos resolver problemas
berdade). Época rela- com os outros. Em caso de fracasso, pode sofrer logicamente quan-
tivamente calma entre de isolamento e autoabsorção. do ela enfoca o aqui
fases mais turbulentas. Virtude: amor. e agora, mas não é
capaz de pensar em
Genital (puberdade à Geratividade versus estagnação (idade adulta). termos abstratos.
idade adulta). Ressur- Adulto maduro preocupa-se em estabelecer e
gimento dos impulsos orientar a nova geração, ou então sente empo- Operações formais
sexuais da fase fálica, brecimento pessoal. (11 anos a toda a
dirigidos à sexualidade Virtude: Cuidado. idade adulta). Pes-
adulta madura. soa pode pensar em
Integridade versus desespero (idade adulta termos abstratos,
tardia). O idoso alcança a aceitação da própria lidar com situações
vida, o que lhe permite aceitar a morte, ou en- hipotéticas e pensar
tão se desespera pela incapacidade de reviver sobre possibilida-
a vida. des.
Virtude: sabedoria.
Fonte: PAPALIA; OLDS; FELDMAN (2006, p. 70).
15
UAB/Unimontes - 3º Período
aprender a falar e aprender a relacionar-se com colegas da mesma idade, são fundamentadas em
maturação. Em segundo lugar, a tarefa deriva das pressões culturais da sociedade, como apren-
der a ler e aprender a ser um cidadão responsável. A terceira fonte de tarefas é o propósito do
indivíduo. As tarefas provêm da personalidade amadurecida, dos valores individuais e das aspira-
ções peculiares (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
De acordo com Berger (2013), a teoria de Havighurst é de fundamental importância para os edu-
cadores, porque descreve momentos adequados ao ensino,
Figura 5: Robert ► nos quais o corpo e a mente da pessoa estão prontos para
Havighurst foi realizar determinada tarefa. Os educadores podem esquema-
responsável pelo tizar melhor o momento de aplicar seus esforços no ensino
Modelo Clínico, o
qual defende que
pela identificação das tarefas que são adequadas a um nível
o desenvolvimento particular de desenvolvimento, estando totalmente conscien-
é um processo de tes de que o nível de aptidão de uma criança é influenciado
aprendizado no pela interação de fatores biológicos, culturais e pessoais.
decorrer da vida do Para Bee (2006), Havighurst sugeriu seis períodos prin-
sujeito.
cipais de desenvolvimento: período neonatal e primeira in-
Fonte: Disponível em:
<http://timerime.com/ fância (do nascimento até os 5 anos); média infância (dos
en/event/197787/Havi- 6 aos 12 anos); adolescência (de 13 aos 18 anos); início da
ghurst/>. Acesso em 29 idade adulta (de 19 a 29 anos); média idade adulta (de 30 a
mai. 2014.
60 anos); e maturidade posterior (mais de 60 anos). O Qua-
dro 2 apresenta um esboço das tarefas desenvolvimentistas.
Portanto, o leitor necessita ser flexível na interpretação das
mesmas em relação à idade, pois essas características apre-
sentadas são aproximações e não devem ser consideradas de
forma rígida. Entretanto, um atraso muito grande de uma tarefa desenvolvimentista acarretaria a
infelicidade e grande dificuldade de realizar uma tarefa no futuro.
QUADRO 2
Compreendendo o Desenvolvimento Motor
Aprender a caminhar;
Aprender a ingerir alimentos sólidos;
Aprender a falar;
Aprender a controlar a eliminação de resíduos corporais;
Aprender as diferenças sexuais e o recato sexual;
Adquirir conceitos e linguagem para descrever a realidade social e física;
Aptidão para leitura;
Aprender a distinguir o certo do errado e desenvolver uma consciência.
Média infância (de 6 a 12 anos)
16
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Escolher um parceiro;
Aprender a viver com um companheiro;
Iniciar uma família;
Criar filhos;
Administrar uma casa;
Iniciar uma ocupação;
Assumir responsabilidade cívica.
Média idade adulta (de 30 a 60 anos)
Dica
Ajudar os filhos adolescentes a tornarem-se adultos felizes e responsáveis;
Atingir a responsabilidade adulta, social e cívica; Você pode acessar
Realização profissional satisfatória; um vídeo no youtube,
no link https://www.
Desenvolver atividades adultas de lazer; youtube.com/wat-
Relacionar-se com o cônjuge como pessoa; ch?v=tbOlV150P8U,
Aceitar as alterações fisiológicas da meia-idade; e acompanhar como
Ajustar-se aos pais idosos. acontece a trajetória da
concepção ao nasci-
Maturidade posterior (mais de 60 anos) mento da criança.
Ajustar-se ao declínio da força e da saúde;
Ajustar-se à aposentadoria e à redução da renda;
Ajustar-se à morte do cônjuge;
Estabelecer relações com seu próprio grupo etário;
Satisfazer obrigações cívicas e sociais;
Estabelecer condições satisfatórias de vida.
Fonte: Adaptado a partir de GALLAHUE; OZMUN (2005, p. 50-51).
17
UAB/Unimontes - 3º Período
Figura 7: ►
Desenvolvimento
inicial de um embrião
humano.
Fonte: PAPALIA; OLDS
(2006, p. 127).
A “fase embrionária” dura da segunda até a oitava semana e apresenta como característica o
rápido desenvolvimento dos órgãos e sistemas corporais. É um período vulnerável às influências
ambientais por ser ainda uma estrutura orgânica que está se desenvolvendo, podendo ser mais
afetada. Nessa fase, os defeitos congênitos e anomalias cromossômicas são na sua maioria abor-
tados espontaneamente (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009).
Para Berger (2013), no período embrionário, são perceptíveis os sinais de formação corporal,
uma dobra na camada externa de células que forma o tubo neural, que mais tarde se transforma-
rá em sistema nervoso central, que inclui o cérebro e espinha dorsal. A cabeça começa a se for-
mar na quarta semana, inicialmente com uma protusão disforme. Depois de alguns dias, come-
çam a se formar a boca, o nariz e as orelhas. Também na quarta semana, um vaso sanguíneo, que
posteriormente será o coração, começa a pulsar, formando o sistema cardiovascular, o qual será
o primeiro a mostrar sinal de atividade. Na quinta semana, se formarão os braços e as pernas,
Glossário
antebraços, as palmas e os dedos interligados. As pernas, os pés e os dedos também interligados
Padrão de herança do- darão início a uma estrutura esquelética. Oito semanas após a concepção, o embrião pesa um
minante/recessivo: O
grama, mede 2,5 cm de comprimento e a cabeça torna-se mais arredondada, com as característi-
produto de transmissão
genética no qual um cas da face já formadas. Com oito semanas, o embrião já possui todos os órgãos básicos e as par-
único gene dominante tes do corpo (exceto os órgãos sexuais), inclusive joelhos e cotovelos. Os dedos se separam com
influencia o fenótipo 52 ou 54 dias, aproximadamente.
de uma pessoa, um in- A “fase fetal” tem duração da oitava semana até o nascimento, e o seu início é marcado pelo
dividuo precisa ter dois
aparecimento das primeiras células ósseas. Essa fase se caracteriza pelo rápido crescimento, tor-
genes recessivos para
expressar um traço nando os sistemas corporais mais complexos. O feto é capaz de respirar, virar-se, chutar, flexionar
recessivo. o corpo, engolir, mover os olhos, soluçar e sugar o polegar, movimentos estes que são permiti-
dos e estimulados pela flexibilidade das paredes uterinas e pelo saco amniótico (PAPALIA; OLDS;
FELDMAN, 2009).
De acordo com Berger (2013), no estágio fetal ou a partir do terceiro mês de gestação, os
órgãos sexuais assumem formas possíveis de discernir. O primeiro estágio de seu desenvolvi-
mento ocorre na sexta semana, com o aparecimento da gônada indiferenciada, um grupo de cé-
lulas que podem se desenvolver em órgãos sexuais masculinos ou femininos. Durante a sétima
semana, os machos e fêmeas são idênticos. Depois, se o embrião for masculino (XY), um gene do
cromossomo Y envia um sinal bioquímico que dá partida ao desenvolvimento de órgãos sexuais
18
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
masculinos. Se o embrião for feminino (XX), nenhum sinal é enviado e a gônada indiferenciada
desenvolve órgãos sexuais femininos, primeiro a vagina e o útero e depois as estruturas externas. Glossário
Os órgãos sexuais levam algumas semanas para se desenvolver, mas, na décima segunda sema- Heterozigótico: Termo
na, estarão completamente formados. No final do terceiro mês, o feto já possui todas as partes que descreve o padrão
do corpo, pesa 87g e mede 7,5cm. No final do terceiro mês, a criança pode se movimentar e mu- genético quando dois
dar de posição dentro da placenta já formada. genes no par em qual-
quer posição genética
No quarto, quinto e sexto meses, os batimentos cardíacos tornam-se mais fortes e os sis- carregam instruções
temas digestivo e excretor desenvolvem-se. As unhas dos dedos das mãos e dos pés, os botões diferentes, como um
dos dentes se formam e o cabelo cresce. O crescimento mais impressionante é o do cérebro, gene para olhos azuis
que aumenta seis vezes em tamanho e começa a reagir a estímulos. Esses avanços de funcio- de um dos pais e um
namento do cérebro podem ser decisivos para que o feto consiga atingir idade para um recém- gene para olhos casta-
nhos do outro.
nascido prematuro sobreviver, porque é o cérebro que controla as funções básicas do corpo, Homozigótico: Termo
como a respiração e a sucção. Nos três últimos meses, a cada dia melhora a viabilidade e um que descreve o padrão
bebê prematuro nascido no sétimo mês é uma criatura pequena que requer um intensivo cui- genético quando os
dado hospitalar, dependente de suporte para cada grama de alimento e para inspiração. O nas- dois genes no par em
cimento dentro do período considerado normal são para aqueles que nascem no período de qualquer posição gené-
tica carregam ambas as
266 dias ou 38 semanas após a concepção. A criança que nasce no período correto é vigorosa e mesmas instruções.
pronta para crescer com o leite materno. A diferença essencial entre o frágil bebê prematuro e
o robusto recém-nascido é o desenvolvimento dos sistemas respiratório e cardiovascular. O feto
geralmente ganha mais de 2.000g de peso nas últimas dez semanas, nascendo em média com
3.400g (BERGER, 2013).
Glossário
Genótipo: É o padrão
1.4.1 Genótipos, fenótipos e padrões de herança genética de característica e
sequência do desenvol-
vimento mapeadas nos
Quando os 23 cromossomos do pai e os 23 da mãe se unem na concepção, eles fornecem genes de qualquer in-
uma mistura de instruções que nem sempre combinam. Quando os dois conjuntos de instruções divíduo específico, que
são os mesmos em qualquer posição (ex.: genes para sangue tipo A de ambos os pais), os gene- serão modificadas por
experiência individual,
ticistas dizem que o padrão genético é homozigótico. Quando os dois conjuntos de instruções
ou fenótipo.
diferem, diz-se que o padrão genético é heterozigótico, tal como um par de genes que inclui Fenótipo: Expressão de
um para sangue tipo A de um dos pais e um para sangue tipo O do outro (BEE, 2011). um conjunto particular
ambas as mesmas instruções. de informação gené-
Os geneticistas fazem distinção entre o genótipo, que é o conjunto específico de instruções rica em um ambiente
específico. O resultado
contidas nos genes de um determinado indivíduo; e o fenótipo, que é o conjunto de caracte-
observável da operação
rísticas reais observáveis. O fenótipo é o conjunto de três coisas: o genótipo, as influências am- conjunta de influências
bientais do momento da concepção em diante e a interação entre os dois. Uma criança poderia genéticas e ambientais.
ter um genótipo associado a Quociente de Inteligência – Q. I. – alto. Contudo, se sua mãe ingerir
álcool durante a gravidez, pode haver dano ao seu sistema nervoso, resultando em retardo leve.
Outra criança poderia ter um genótipo incluindo a mistura de genes que contribuem para um
temperamento difícil, mas se seus pais forem particularmente sensíveis e carinhosos, ela pode
aprender outras formas de se conduzir. Sempre que um determinado traço é governado por um
único gene, como ocorre em aproximadamente 1.000 características físicas individuais, os pa-
drões de herança seguem regras bem definidas (BEE, 2011).
◄ Figura 8: Capacidade
de enrolar a língua
ao comprido pode
gerar dois genótipos
ou padrões genéticos
diferentes.
Fonte: PAPALIA; OLDS;
FELDMAN (2006, p. 108).
19
UAB/Unimontes - 3º Período
A Figura 8 mostra que a capacidade de enrolar a língua ao comprido pode resultar de dois ge-
Glossário nótipos ou padrões genéticos diferentes. Os genótipos dessa mãe e desse pai são heterozigóticos,
Padrão de herança do- sendo que cada um deles possui um gene dominante (D) para essa capacidade e um gene recessi-
minante/recessivo: O vo (d), sem a capacidade. Como a capacidade é dominante, ambos são capazes de enrolar a língua.
produto de transmissão Cada filho recebe de cada genitor um gene para esse traço. Duas dessas crianças (centro) terão ge-
genética no qual um nótipos heterozigóticos (Dd), como os pais. A a terceira (esquerdo), com o mesmo fenótipo, terá um
único gene dominante genótipo homozigótico (DD). A quarta (direita), receberá genes recessivos de ambos os pais e será
influencia o fenótipo
de uma pessoa, um in- incapaz de enrolar a língua. Um fenótipo que expressa uma característica recessiva, como a incapa-
dividuo precisa ter dois cidade de enrolar a língua, deve possuir um genótipo homozigótico (dd).
genes recessivos para Para Bee (2011), no padrão de herança poligênico, muitos genes influenciam o fenótipo. Há
expressar um traço muitos traços poligênicos nos quais o padrão dominante/recessivo também é ativo. Os geneti-
recessivo. cistas acreditam que as crianças recebem de cada pai três genes para cor da pele. A pele escura
Padrão de herança
poligênico: Qualquer é dominante sobre a clara, mas cores misturadas são possíveis. Dessa forma, os filhos terão co-
padrão de transmissão res intermediárias a dos pais. Os genes dominantes dos pais de pele escura assegurarão que as
genética na qual múlti- crianças sejam mais escuras do que o pai de pele clara, mas os genes do pai de pele clara farão
plos genes contribuem com que as crianças não tenham pele tão escura quanto à do pai de pele escura.
para o resultado, tal A cor dos olhos é outro traço poligênico com um padrão dominante/recessivo em que os
como se presume que
ocorra para traço com- cientistas não sabem quantos genes influenciam a cor dos olhos. Eles sabem que os genes pro-
plexo como inteligên- duzem cores específicas, fazendo com que a parte colorida do olho seja escura ou clara. Cores
cia ou temperamento. escuras, como preto, castanho, verde e avelã, são dominantes sobre cores claras, como o azul e
Padrão de herança cinza, mas cores misturadas também são possíveis. Aqueles indivíduos que carregam uma com-
multifatorial: O padrão binação de genes para olhos verdes, azuis e cinzas podem ter fenótipos que incluem cor de
genético no qual tanto
gene quanto ambiente olhos azul-acinzentado, azul-esverdeado ou cinza-esverdeado (BEE, 2011).
influenciam o fenótipo Com relação à altura, a maioria dos traços poligênicos é resultado de um padrão multifato-
rial, ou seja, afetada tanto por genes como pelo ambiente. Em função disso, a altura prediz uma
saúde geral, pois se uma criança for emocionalmente negligenciada ou mal nutrida ela será me-
nor do que as outras de mesma idade (BEE, 2011).
Referências
BRASIL. Ministério da Educação: Secretaria de Educação Especial. Práticas em Educação Espe-
cial e Inclusiva. Desenvolvimento Humano e Educação: Diversidade e Inclusão. Bauru: MEC/,
2008.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artmed, 7 ed., 2000.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artmed, 8
.ed., 2006.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artmed,
10. ed., 2009.
20
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Unidade 2
Infância
Berenilde Valéria de Oliveira Sousa
2.1 Introdução
A infância é um período importante para o
desenvolvimento humano e se divide em três fa-
ses: a primeira infância, que vai de 0 a 3 anos; a se-
gunda infância, que vai de 3 a 6; e a terceira, que
vai de 6 a 12 anos de idade.
Nesta unidade, inicialmente discutiremos os
desenvolvimentos físico, cognitivo e psicossocial
na primeira infância, apontando características
marcantes, como o grande crescimento em tama-
nho, nos dois primeiros anos de vida. O início da
fala ocorre também em função do aumento das
células nervosas e suas conexões. Seguidamen-
te, descreveremos as características físicas, cog-
nitivas e psicossociais da segunda infância, fase
extremamente importante para a aquisição dos
movimentos básicos e marcada por um menor
crescimento quando comparado com o período
anterior, mas de grandes avanços na capacidade
cognitiva, embora a criança ainda não consiga
pensar de forma lógica. A cognição dela, nesse ciclo, apresenta determinadas limitações, como ▲
a centração e o egocentrismo, mas é o preparo para o processo de alfabetização. Posteriormen- Figura 9: A infância se
te, são descritas as características da terceira infância, ciclo em que meninas e meninos vão ficar divide em três fases: de
diferentes nas suas capacidades físicas. No final desse período, veremos o estirão de crescimento 0 a 3, de 3 a 6 e de 6 a
12 anos de idade.
da menina.
Fonte: Disponível em:
<http://entrementes12c.
blogspot.com.br/2013/03/
anos de idade)
Aqui será apresentado o funcionamento dos desenvolvimentos físico, cognitivo e psicosso-
cial da primeira infância, que vai desde o nascimento até os três anos de idade.
21
UAB/Unimontes - 3º Período
começa a funcionar sozinho, por isso os batimentos são rápidos e irregulares, pois as válvulas
cardíacas vão se organizando durante a infância. Com relação ao sistema gastrintestinal, os es-
fíncteres se abrem automaticamente e a criança não é capaz de controlá-lo por muitos meses
(BEE, 2011).
As pessoas que nunca viram um parto costumam imaginar o recém-nascido sendo seguro
de cabeça para baixo e levando uma palmada para fazer o bebê começar a chorar e, portanto,
respirar. Na verdade, os recém-nascidos costumam respirar e chorar por si mesmos logo que nas-
cem. Alguns choram assim que a cabeça emerge, antes mesmo que os ombros apareçam. O pri-
meiro choro é espontâneo. Quando ele ocorre, o sistema circulatório do recém-nascido começa a
funcionar e, em seguida, o tom de azul da pele passa para rosado em função do oxigênio circular
por todo o corpo. Os olhos se abrem e os dedos das mãos agarram qualquer coisa que puderem.
Caso haja muco na garganta, este é retirado. O cordão umbilical é cortado para desprender a pla-
centa. A criança é pesada, lavada e enrolada em panos que preservam a temperatura corporal.
Em seguida, ela é examinada quanto ao funcionamento do corpo (BERGER, 2013).
A primeira infância é o ciclo da vida com maior valor de crescimento por ano em altura. No
primeiro ano de vida, os bebês crescem cerca de 15 centímetros no primeiro semestre e 10 no
Figura 11: Ao terceiro
segundo, totalizando 25 centímetros de aumento na altura da criança. Já no segundo ano de
ano, a criança possui vida, o crescimento é de cerca de 12cm. No terceiro, a evolução é de 8cm. Com relação ao peso,
cerca de 45cm de altura a criança terá este considerado dentro da normalidade se o valor estiver de 3 a 3,5kg no nasci-
e 13,5kg de peso. mento. Aos 6 meses, chegará a aproximadamente ao dobro do peso (7kg) e, com 1 ano de ida-
Fonte: Disponível em: de, terá normalmente 10kg, ou seja, ao final de 1 ano, a criança praticamente triplica o peso que
<http://bebe.abril.com.br/
materia/sera-que-meu-
apresentou no nascimento, ganhando 2kg no segundo ano e 1,5kg no terceiro (PAPALIA; OLDS;
-filho-vai-crescer>. Acesso FELDMAN, 2009).
em 29 mai. 2014. Como muitos aspectos do desenvolvimento físico, esse processo ocorre mais cedo em meninas
▼ do que em meninos. Por exemplo, os nove ossos do pulso adulto são normalmente visíveis por
raios-X, embora ainda não totalmente enrijecidos ou comple-
tamente articulados, significando que eles ainda funcionam
tão bem juntos quanto funcionarão na idade adulta, aos 51
meses em meninas, mas não até os 66 meses em meninos.
Consequentemente, nos primeiros anos de escola, as me-
ninas exibem coordenação mais avançada em habilidades
como caligrafia (BEE; BOYD, 2011).
Durante a segunda infância, as crianças tornam-se mais
compridas e finas e de menos sono do que antes. Nesse pe-
ríodo, elas melhoram as habilidades finas, como amarrar ca-
darços com laços em vez de nós; servir cereais nas tigelas, e
não no chão; e preferir o uso das mãos. Com relação às ha-
bilidades grossas, aperfeiçoam a capacidade de correr, saltar
e arremessar. O corpo começa a assumir uma aparência mais
atlética com proporções corporais semelhantes às de um
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Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
adulto. À medida que desenvolvem os músculos abdominais, a barriga redonda começa a com-
primir pelo aumento da força abdominal, o tronco, braços e pernas se tornam mais fortes e cum-
pridos. A cabeça ainda é bastante grande, mas as outras partes do corpo continuam aumentan-
do. Meninos e meninas costumam crescer de 5 a 13cm e a adquirir 1,8 a 2,7kg ao ano (PAPALIA,
OLDS, FELDAMAN, 2006). Para Bee e Boyd (2011), a partir dos 2 anos de idade, a criança cresce
menos por ano, porém constante, crescendo de 5 a 7cm até a adolescência e aumentando apro-
ximadamente 2,72kg por ano.
Para Berger (2013), as crianças crescem em média 7cm por ano e ganham 2kg em peso. A
autora ainda sugeriu fatores que afetam o crescimento, conforme Quadro 3: Dica
Algumas crianças apre-
QUADRO 3 sentam um crescimen-
Fatores que Alteram o Crescimento da Criança to lento de acordo com
os padrões, podendo
Mais alta que a média se Mais baixa do que a média se possuir algum proble-
ma de saúde, mas que
Bem nutrida Subnutrida pode ser superado.
Acesse o site “Minha
Raramente doente Frequente ou cronicamente doente Vida”, no link http://
www.minhavida.
De ascendência africana ou da Europa De ascendência asiática com.br/saude/temas/
setentrional crescimento-lento-em-
criancas, e conheça os
Mãe não fumante Mãe que fumava durante a gestação
sintomas, causas, cuida-
De condição socioeconômica elevada De condição socioeconômica baixa dos e tratamentos que
podem ser observados
Mora em área urbana Mora em área rural e tomados para mudar
esse quadro.
Mora ao nível do mar Mora muito acima do nível do mar
Primogênita de uma família pequena Terceiro ou mais de uma família grande
Sexo masculino Sexo feminino
Fonte: BERGER (2011, p. 143). Figura 12: Com apenas
um mês de vida, o bebê
O crescimento e o desenvolvimento do cérebro são mais rápidos que qualquer outra parte é capaz de levantar o
do corpo. Na idade dos 2 anos, apresenta 75% do cérebro do adulto. Aos 5, aumenta para 90%. queixo do chão.
Depois, com 7 anos, está completamente desenvolvido. Parte do aumento do peso do cérebro Fonte: Disponível em:
<http://mauriciomoas.blo-
se deve à proliferação dos dendritos e dos axônios (comunicação) nas diversas áreas especializa- gspot.com.br/2011/09/o-
das do cérebro. O processo de revestimento acelera a transmissão de impulsos nervosos (mieli- -que-esperar-coordena-
nização). Em consequência de todas essas mudanças, durante a brincadeira, a criança reage com cao-motora-bruta.html>.
Acesso em 29 mai. 2014.
mais rapidez aos estímulos, assim como adquirem maior e melhor controle de suas reações (BER-
GER, 2013). ▼
Silva, Silva Júnior e Oliveira (2005) relatam
que a partir dos dois anos de idade as crianças
crescem de 5 a 7cm por ano até a puberdade,
quando a velocidade de crescimento torna a au-
mentar, atingindo um pico médio de velocidade
de 9cm por ano para a menina e 10cm para o me-
nino.
Para Bee (2011), as habilidades motoras do
bebê aparecem apenas gradualmente nas pri-
meiras semanas. Com um mês, um bebê conse-
gue levantar seu queixo do chão. Com 2 meses,
ele pode manter a cabeça firme enquanto está
sendo segurado e começa a estender a mão para
objetos perto dele. Essas habilidades motoras
em aperfeiçoamento seguem os dois amplos pa-
drões cefalocaudal e próximo-distal. Portanto, o
bebê pode manter a cabeça ereta antes de poder
sentar ou rolar e pode sentar antes de poder en-
gatinhar.
É interessante também como os bebês re-
petem os movimentos que são limitados, como
23
UAB/Unimontes - 3º Período
chutar, bater, pular, arranhar, esfregar, girar e acenar. A repetição desses padrões torna-se parti-
Dica cularmente proeminentes por volta dos 6 ou 7 meses de idade. Esses movimentos não parecem
Os padrões cefalocau- ser totalmente voluntários ou coordenados, mas eles também não parecem ser aleatórios (BEE,
dal e próximo-distal 2011).
são explicados na Uni-
dade 1, na seção 1.4.
A mão, o pulso, os tornozelos e o pé apresentam menos ossos no nascimento do que te-
rão na maturidade completa. Um adulto tem nove ossos separados em seu pulso, enquanto uma
criança de 1 ano tem apenas três; os seis ossos restantes se desenvolvem durante o período da
infância. O crânio de um recém-nascido é composto de diversos ossos separados por espaços de-
nominados “fontanelas”. As fontanelas permitem que a cabeça sejam comprimida sem ferimento
durante o processo de nascimento e dão ao cérebro espaço para crescer. Na maioria das crianças,
as fontanelas são preenchidas por ossos entre os 12 e 18 meses, criando um único osso do crânio
(BEE, 2011).
Os ossos mudam em número e qualidade no decorrer do
Figura 13: Fontanela ► desenvolvimento. Os ossos de um bebê são mais macios,
posterior e fontanela com um conteúdo maior de água. A ossificação vai acon-
anterior. tecendo de forma regular até a puberdade. Os médicos
Fonte: Disponível em: usam a idade óssea como um fiel instrumento para medir
<http://dicasdepediatria.
blogspot.com.br/2005/10/
amadurecimento físico de uma criança. Na primeira infân-
cuidados-com-moleira. cia, a sequência de desenvolvimento segue os padrões
html>. Acesso em 30 mai. cefalocaudal e próximo-distal e os ossos das mãos endu-
2014.
recem primeiro que os dos pés (BEE, 2011).
Os músculos mudam em qualidade na infância, tornando-se mais longos e mais compactos.
Outro componente importante do corpo é a gordura, a maior parte da qual é armazenada ime-
diatamente sob a pele. Essa gordura subcutânea desenvolve-se a partir das 34 semanas de vida
pré-natal e tem um primeiro pico em torno dos 9 meses após o nascimento. Então, depois dis-
so, começa a diminuir. A partir do nascimento, as meninas têm ligeiramente mais tecido adipo-
so do que os meninos e essa diferença torna-se gradualmente mais marcada durante a infância
Atividade (BEE,2011).
Faça um quadro com-
parativo com as prin-
cipais diferenças entre 2.2.2 O desenvolvimento cognitivo na primeira infância
as alterações físicas dos
meninos e das meninas
na primeira infância Para Papalia, Olds e Feldman (2009), o crescimento do cérebro na infância é fundamental
e poste no fórum de para o desenvolvimento físico. No nascimento, o cérebro pesa 25% do seu peso do peso adul-
discussão. to, que é e 1,5kg. O seu crescimento e desenvolvimento dependem de uma nutrição com valor
nutricional de ferro, iodo, zinco, vitamina A, vitaminas B6 e ácido fólico. Durante o crescimento
do cérebro, as partes não crescem
simultaneamente, havendo picos
de crescimento para determina-
das partes em períodos diversos. O
seu crescimento inicia na segunda
semana após a fecundação e até o
nascimento há surto de crescimen-
to da medula espinhal e do tronco
Figura 14: ►
Desenvolvimento do encefálico (responsável pelas fun-
cérebro dos 25 dias de ções corporais básicas como respi-
vida aos 9 meses. ração, sistema cardíaco e tempera-
Fonte: PAPALIA; OLDS; tura do corpo).
FELDMAN (2009, p. 133). O cerebelo, que é responsá-
vel pelo equilíbrio e coordenação
motora, apresenta um maior cres-
cimento no primeiro ano de vida.
O cérebro se divide em duas me-
tades, ou hemisférios, e cada parte
tem sua função específica. Na me-
tade esquerda está a linguagem
e o raciocínio lógico e a metade
esquerda estão as funções visuais
e espaciais (PAPALIA; OLDS; FELD-
MAN, 2006).
24
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
As células cerebrais são denominadas de neurônios que, inicialmente, apresentam apenas Dica
o núcleo. Com o crescimento, elas dão origem aos axônios e dendritos, que são extensões fila- Acesse o site do you-
mentosas e ramificadas. A função dos axônios é enviar sinais para outros neurônios que são re- tube, no link https://
cebidos pelos dendritos, formando as sinapses nervosas, pequenas lacunas que contêm substân- www.youtube.com/
cias químicas chamadas neurotransmissores, que são elos de comunicação do sistema nervoso. watch?v=eSAHbDp-
A multiplicação de dendritos e conexões sinápticas se torna maior durante os dois últimos meses tGh4, e confira o vídeo
que mostra o desenvol-
de gestação até os dois anos de vida (ápice das sinapses), sendo o responsável por boa parte vimento cerebral em
do crescimento do cérebro em peso e, consequentemente, melhorando as capacidades motoras, crianças da primeira
perceptuais e cognitivas. Os neurônios vão se multiplicando e se diferenciando, assumindo fun- infância.
ções específicas (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Com o desenvolvimento do cérebro, a criança pode entender melhor tudo o que ele toca,
cheira, degusta, vê e ouve, o
que formam os cinco sentidos
humanos. Essas capacidades ◄ Figura 15: Multiplicação
sensoriais se desenvolvem ra- dos neurônios do
pidamente nos primeiros me- nascimento aos 2 anos
ses de vida. O tato parece ser de vida.
Fonte: PAPALIA; OLDS;
o primeiro a se desenvolver. FELDMAN (2006, p. 168).
Até a 32ª semana de gestação,
todo o corpo está sensível a
esse sentido. O olfato e o pala-
dar começam a se desenvolver
no útero, sendo sentidos atra-
vés do líquido amniótico em
função do que a mãe ingere.
Por isso, certas preferências
olfativas parecem ser inatas. Já
as preferenciais de paladar são
desenvolvidas nos primeiros meses e podem durar por toda a primeira infância. Com relação à
audição, esse sentido funciona na vida intrauterina, uma vez que já distingue a voz da mãe de Figura 16: O recém-
uma voz estranha e se desenvolve rapidamente após o nascimento. Deficiências desse sentido nascido não enxerga
podem prejudicar a linguagem. A visão é o sentido menos desenvolvido no nascimento, as estru- coisas que estão longe.
turas da retina estão incompletas e o nervo óptico não se desenvolveu. O recém-nascido pisca na Ele apenas consegue
presença de luz intensa. A visão periférica dobra sua capacidade entre a 2ª e 10ª semana de vida visualizar muito bem as
coisas de perto.
(PAPALIA; OLDS. FELDMAN, 2009).
Fonte: Disponível
O desenvolvimento neurológico se baseia em um princípio muito importante, o de que o em: <http://comuni-
cérebro cresce mais em surtos do que de maneira suave, contínua. Na infância, os intervalos de dadeams.wordpress.
crescimento e estabilidade são muito curtos, havendo surtos de crescimento curtos com inter- com/2013/09/19/os-cinco-
-sentidos-da-amamenta-
valos de aproximadamente 1 mês até que o bebê tenha 5 meses. À medida que o bebê fica mais cao/>. Acesso em 30 mai.
velho, os períodos de crescimento e estabilidade se tornam mais longos, com surtos acontecen- 2014.
do em torno dos 8, 12 e 20 meses. Entre as idades de 2 e 4 anos, o crescimento prossegue muito ▼
lentamente, e então há outro surto importante
de 4 anos (BEE, 2011).
25
UAB/Unimontes - 3º Período
▲ Berger (2013) expõe que nos primeiros dois meses a visão do bebê é guiada por modelos
Figura 17: Com o significativos. Eles exploram o mundo em torno deles de forma não muito hábil, mesmo no es-
nascimento, o bebê curo. Esse formato geral continua até eles chegarem a um contraste claro e escuro bem defini-
se torna capaz de do, sinalizando, por exemplo, a borda de um objeto. Quando encontra, o bebê para de buscar e
identificar a origem de move seus olhos para frente e para trás, sobre e em torno da borda. Logo, a regra inicial parece
um som.
ser: procure até encontrar uma borda e então examine. Essas regras parecem mudar entre 2 e 3
Fonte: Disponível em:
<http://www.blogdosono.
meses, mostrando que o córtex já se desenvolveu e a atenção parece mudar de onde um objeto
com/mamae-preste-aten- está para o que o objeto é. Falando de outra forma, o bebê parece passar de um plano criado pri-
cao-dicas-para-o-bebe- meiramente que busca encontrar coisas para um plano que busca identificar coisas. Bebês des-
-dormir/>. Acesso em 31
mai. 2014.
sa idade começam a explorar uma figura inteira em vez de se concentrar nas bordas e por isso
passam mais tempo olhando os aspectos internos de algum objeto ou de uma série de objetos,
sendo mais capazes de identificá-los. Assim também acontece quando observam um rosto: antes
dos 2 meses, olham principalmente para as bordas (linha do cabelo e queixo) e, após 2 ou 3 me-
ses, começam a focalizar os aspectos internos de um rosto.
Relativamente à audição, esse sentido vai melhorando até a adolescência, mas a acuidade
auditiva do recém-nascido é melhor que a visual. As evidências de pesquisa sugerem que, dentro
da variação geral de altura e intensidade da voz humana, os recém-nascidos ouvem quase tão
bem quanto os adultos. Apenas com sons agudos é que a acuidade auditiva deles é menor que
a de um adulto. Sons agudos devem ser mais altos para um recém-nascido ouvir do que para as
crianças mais velhas ou adultos (BEE, 2011). Outra habilidade auditiva básica que existe no nasci-
mento e melhora com a idade é a capacidade de determinar a localização de um som. Os recém-
nascidos podem estimar pelo menos a direção geral da qual um som veio porque eles viram suas
cabeças aproximadamente na direção correta do som. A localização mais específica de sons, con-
tudo, não é bem desenvolvida no nascimento (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Ainda sobre a audição, Papalia e Olds (2000) apontam achados de que os bebês são na ver-
dade melhores para diferenciar alguns tipos de sons da fala do que os adultos. Bebês são sen-
síveis aos padrões de entonação da fala que estão escutando. Bebês de 5 meses sorriem mais
quando ouvem gravações de adultos dizendo alguma coisa em um tom positivo ou de aprova-
ção do que quando eles ouvem alguém falar em um tom negativo. Aos 8 meses, os bebês de-
monstram clara preferência pela língua falada e de preferência a da mãe.
No que diz respeito ao olfato e paladar, esses foram sentidos menos investigados em rela-
ção aos outros. Entretanto, tem-se algum conhecimento básico sobre eles. Como em adultos,
26
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
os dois sentidos estão muito relacionados. Se não for possível sentir cheiros por alguma razão, DICA
a sensibilidade ao gosto também é significativamente reduzida. O olfato é registrado nas mem- É possível conferir
branas mucosas do nariz, que podem diferenciar as variações quase ilimitadas. As células dessas as expressões de um
membranas estão presentes desde o início do desenvolvimento pré-natal, mesmo antes da fase bebê que chega a se
embrionária estar completa (BERGER, 2013). emocionar ao ouvir o
No que se refere ao paladar, esse sentido é detectado pelas papilas gustativas na língua, cântico da sua mãe em
um vídeo disponível no
que registram quatro sabores básicos: doce, ácido, amargo e salgado, um aminoácido presen- site do youtube, no link
te na carne, no peixe e nos legumes. Os recém-nascidos parecem responder diferentemente aos https://www.youtube.
quatro sabores básicos. Bebês recém-nascidos que nunca foram alimentados foram fotografados com/watch?v=c_PMv_
antes e depois que água aromatizada foi colocada em suas bocas. Variando o sabor, Steiner pôde EwErg.
determinar se os bebês reagiam diferentemente a sabores diversos. Os bebês responderam de
modo muito distinto aos sabores doce, ácido e amargo. Em geral, eles expressam prazer quan- DICA
do os pesquisadores os testam para a sensibilidade ao sabor. Alguns pesquisadores especulam
Os bebês vêm ao mun-
que as preferências dos recém-nascidos por alimentos doces e outros aromatizados explicam sua do com o equipamento
atração pelo leite materno, uma substância que é naturalmente rica em açúcares e glutamatos necessário para sentir
(BEE, 2011). cheiros e são aparen-
Os sentidos de tato e movimento são os mais desenvolvidos entre os outros, o que pode temente capazes de
ser percebido pelos efei- usar o sentido do olfato
para aprender sobre o
tos da massagem em bebês mundo mesmo antes
prematuros, mostrando que de nascer.
mesmos os mais novos são
sensíveis ao tato. Além disso,
a percepção de movimen-
to está claramente presente ◄ Figura 18: Bebês
mesmo nos bebês mais jo- reagem de diferentes
vens, embora um grau consi- maneiras aos sabores.
derável de aperfeiçoamento Fonte: Disponível em:
ocorra durante o primeiro <http://mimababy.org/
dicas-uteis/alimentacao/
ano de vida (BEE, 2011). como-introduzir-alimento-
As capacidades percep- -solido-na-dieta-do-seu-
tuais de um bebê são alta- -bebe/>. Acesso em 31
mai. 2014.
mente eficientes e, para Bee
(2011), ele é capaz de:
• Focalizar os vwdois olhos no mesmo ponto, com 20-25cm, sendo a melhor distância focal;
• Discriminar o rosto de sua mãe de outros rostos e, em poucas semanas, acompanhar obje-
tos com os olhos, embora sem muita eficiência;
• Ouvir sons dentro de variação de altura e intensidade;
• Localizar objetos pelos sons e discriminar algumas vozes, em especial a da mãe;
• Sentir os quatro sabores básicos: doce, ácido, amargo e salgado;
• Identificar odores pessoais de familiares, como diferenciar o cheiro de sua mãe com o de
uma mulher estranha.
Na teoria cognitiva de Piaget, o estágio que caracteriza a primeira infância é o estágio sen-
sório-motor, que vai de 0 a 2 anos de idade. Para esse
período, o teórico propôs que todo bebê começa a
vida com um pequeno repertório de esquemas sen-
soriais ou motores simples, tais como olhar, provar, ◄ Figura 19: Quando o
bebê manuseia um
tocar, ouvir e agarrar. Mais tarde, a criança também
objeto, como a bola, o
desenvolve esquemas mentais que permitem cate- esquema mental criado
gorizar ou comparar um objeto a outro. No decorrer vai ser atribuído a
do desenvolvimento, a criança gradualmente adquire todos os outros objetos
esquemas mentais complexos, avançando para a pos- parecidos.
sibilidade de deduzir. Os seres humanos continuam a Fonte: Disponível em:
<http://www.macetes-
adquirir novos esquemas, tanto físicos quanto men- demae.com/2013/03/
tais, durante toda a vida (BERGER, 2013). brincadeiras-para-os-
Para Piaget, quando as pessoas atuam em seus -primeiros-12-meses.html>.
Acesso em 31 mai. 2014.
ambientes, um processo mental inato chamado orga-
nização faz com que elas deduzam esquemas de ex-
periências específicas para qualquer tarefa que exija
o mesmo movimento. Por exemplo, quando um bebê
manuseia um objeto esférico, como uma bola, o es-
27
UAB/Unimontes - 3º Período
quema que ele constrói será aplicado a todos os objetos semelhantes. Os esquemas organizam
o pensamento de acordo com categorias e ajudam a determinar que tipos de atitudes tomar em
resposta as diferentes características ambientais (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
O estágio sensório-motor se caracteriza pelo funcionamento intelectual inteiramente práti-
co, em que se percebe nas ações do bebê. Ele não usa da reflexão e da contemplação, caracterís-
tica que se entende estar ligada à cognição. O bebê pensa no sentido de reconhecer e antecipar
os objetos familiares e se comporta em relação a eles com boca, mãos e olhos (BEE, 2011).
Os esquemas figurativos são representações mentais dos objetos no mundo. Por exemplo,
uma criança usa esquemas figurativos quando marca corretamente cães e gatos, lista suas carac-
terísticas e narra seus comportamentos típicos (ex.: latir, abanar o rabo); sabe, também, que cães
e gatos são tipos diferentes de animais e que os animais representam uma categoria diferente de
outras. O esquema foi a palavra que Piaget usou para básicas de conhecer, incluindo ações físicas
(esquemas sensórios-motores, como olhar ou estender o braço). Uma experiência é assimilada
em um esquema, e o esquema é criado ou modificado através de acomodação (BERGER, 2013).
Para Bee (2011), a organização é o processo de deduzir esquemas de situações generaliza-
das para uma experiência bem específica. A adaptação é um processo mental que complementa
a organização e trabalha para mudar os esquemas que não se ajustam aos desafios, sendo com-
posta de três subprocessos, conforme figura 20.
O estágio sensório-motor foi abordado por Bee (2011), a qual descreve os subestágios dessa
fase, mostrando a mudança gradual nos primeiros 24 meses de vida (Quadro 4), em que o bebê
se torna capaz de lembrar de objetos, de ações e de indivíduos durante períodos de tempo.
28
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
QUADRO 4
Mudanças vistas no Estágio Sensório-Motor da criança no seus primeiros 24 meses de vida
29
UAB/Unimontes - 3º Período
quando seus cuidadores se comportam de formas esperadas, como um bebê que está triste e
com fome e ficará satisfeito quando seu cuidador se prepara para alimentá-lo. Contudo, a capaci-
dade básica dos bebês de perceber emoções traz riscos para aqueles cujas mães são depressivas.
O temperamento dos bebês varia na forma de reagir a coisas novas, em seus humores típicos, em
sua taxa de atividade, em sua preferência por interações sociais ou solidão, na regularidade de
seus ritmos diários e em muitos outros aspectos (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Não há uma forma exata de saber o que o bebê está sentindo, e a melhor maneira de fazê-lo
é avaliar a sua expressão corporal. De acordo com as idades, várias dessas expressões são consi-
DICA deradas importantes e aparecem pela primeira vez, desde as emoções rudimentares visíveis no
Principalmente para nascimento até o sorriso social completo. Uma das características mais primitivas dos adultos é
os pais de primeira sorrir e usar voz aguda para o bebê, parecendo serem programados a se comportar de forma que
viagem, não é fácil os bebês respondam de forma positiva. Em poucos meses, as expressões vão se diferenciando
identificar o que cada ainda mais, conforme quadro 5 (BEE, 2011).
choro do bebê quer
dizer. Para isso, o site QUADRO 5
“Terra”, no link http:// Expressões nos primeiros 7 meses de vida da criança e como ativá-las
mulher.terra.com.br/
saiba-como-identifi-
Exemplos de estímulos que ativam essa
car-os-5-tipos-de-cho- Idade Emoção expressada
expressão
ros-dos-bebes,d28b-
de641f897310VgnV- No Interesse Novidade ou movimento
CM20000099cceb0aR-
nascimento
CRD.html Sofrimento Dor
Aversão Substâncias ofensivas
Sorriso neonatal (um meio- Aparece espontaneamente sem razão
sorriso) conhecida
30
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
3a6 Sorriso de prazer social Voz humana aguda; bater as mãos do bebê;
semanas (precursor da alegria). uma voz familiar; um rosto inclinado em
cumprimento
2 a 3 meses Cautela (precursor de medo) O rosto do estranho
Frustração (precursor de raiva) Ser restringido, ser impedido de realizar
alguma ação estabelecida
Bee (2011) descreve o consenso existente entre os pesquisadores das cinco dimensões do
temperamento:
• Nível de atividade: Tendência a se mexer com frequência e de forma enérgica.
• Aproximação: Tendência a se movimentar na direção das pessoas, situações ou objetos no-
vos.
• Inibição e ansiedade: Tendência a responder com medo ou afastar-se das pessoas, situa-
ções ou objetos novos.
• Sentimentalidade negativa: Tendência a responder com raiva ou irritabilidade e com um
pouco de frustração.
• Controle esforçado e persistência na tarefa: Tendência a permanecer focado e organiza-
do, mantendo atenção e esforço.
Ainda sobre a personalidade, Bee (2011) aponta os cinco grandes traços da personalidade, o
que pode ser visto quadro 6.
QUADRO 6
Os cinco traços de personalidade propostos por Bee
31
UAB/Unimontes - 3º Período
Papalia, Olds e Feldman (2009) discorrem sobre o argumento de que a personalidade tem
origens biológicas e se fundamenta em quatro proposições principais:
1. Todo indivíduo nasce com padrões característicos de resposta ao ambiente e a outras pes-
soas geneticamente determinados. Praticamente todo pesquisador que estuda o tempe-
ramento compartilha da suposição de que as qualidades temperamentais são inatas, ou
tendências inatas, carregadas nos genes. As evidências são fortes apoiando essa afirmação,
Atividade tanto em estudos com adultos e crianças, quanto em gêmeos. Os gêmeos idênticos são
De que forma os muito mais parecidos em seu temperamento ou personalidade do que gêmeos fraternos.
sentimentos transmiti- 2. As diferenças genéticas agem por meio de variações em processos fisiológicos fundamen-
dos pelos pais e entes tais. Muitos teóricos do temperamento levam a Proposição 1 um passo adiante e levantam
próximos durante a pri- as diferenças básicas no comportamento a variações em padrões fisiológicos.
meira infância podem
3. Os teóricos que estudam a personalidade sob o ponto de vista biológico não afirmam que
influenciar positiva
ou negativamente na as disposições temperamentais não podem ser inalteradas pela experiência. Contudo, se os
formação da persona- padrões temperamentais criam uma tendência a determinados comportamentos, o tempe-
lidade do bebê? Pesqui- ramento deve exibir pelo menos alguma estabilidade com o passar do tempo.
se na internet sobre o 4. As características temperamentais interagem com o ambiente da criança de forma a forta-
assunto e poste suas
lecer ou modificar o padrão de temperamento básico. Apesar de toda evidência clara de in-
principais conclusões
no fórum de discussão. fluências genéticas/ambientais sobre o temperamento, ainda há muito espaço para influên-
cias ambientais.
32
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Com relação aos olhos, ao cérebro e à leitura, os pesquisadores descobriram que áreas asso- DICA
ciadas ao controle dos movimentos oculares e à focalização visual passam por uma mielinização Você sabe por que a
e crescimento durante os anos pré-escolares. As crianças começam a enxergar muito melhor, re- criança não processa a
conhecendo letras, como quando estas passam os olhos por uma página impressa, onde geral- palavra “não”? A “Neu-
mente podem acompanhar em sequência as pequenas variações entre as palavras. Esse desen- rociência” explica. Vale
volvimento dos trajetos visuais ajusta com a comunicação entre os lados esquerdo e direito do a pena acessar o vídeo
do youtube, no link
cérebro, melhorando a capacidade das mãos e dos olhos, o que permite desenhar pessoas, abo- https://www.youtube.
toar casacos e copiar letras e número familiares. Aos 5 anos, a coordenação entre mãos e olhos com/watch?v=zwPW-
está plenamente sintonizada. Entretanto, a capacidade da criança de usar mais uma mão do que YAuomkI, e conferir a
outra parece ser inata (BERGER, 2013). explicação científica
para esse fato e o que
fazer.
◄ Figura 24: O
desenvolvimento do
cérebro na Infância.
Fonte: Própria (2014).
33
UAB/Unimontes - 3º Período
Centração: As crianças concentram-se Timothy provoca sua irmã menor dizendo que
incapacidade em um aspecto de uma de tem mais suco do que ela porque seu suco
de descentrar uma situação e negligen- foi servido em um copo alto e estreito, mas o
ciam outros. dela foi servido em um copo baixo e largo.
Irreversibili- As crianças não compreen- Timothy não entende que o suco de cada
dade dem que algumas opera- copo pode ser recolocado na caixa de suco de
ções ou ações podem ser onde veio, contradizendo sua afirmação de
revertidas, recuperando a que ele tem mais suco do que a irmã.
situação original.
Foco em esta- As crianças não compreen- Em uma tarefa de conservação, Timothy não
dos, e não nas dem o significado das trans- entende que transformar a forma de um líqui-
transforma- formações entre estados. do (vertê-lo de um recipiente para outro) não
ções altera a quantidade.
Raciocínio As crianças não utilizam Sarah foi malvada com o irmão. Então, o
transdutivo raciocínio dedutivo ou intui- irmão adoeceu. Sarah conclui que ela fez o
tivo; em lugar disso, saltam irmão ficar doente.
de um detalhe para outro e
identificam uma causa onde
não existe nenhuma.
Egocentrismo As crianças pensam que Kara não percebe que ela precisa virar o livro
todo mundo pensa, percebe para que
e sente da mesma maneira seu pai possa ver a figura que ela está lhe
que elas. pedindo para explicar. Em vez disso, segura o
livro bem à sua frente, onde só ela pode vê-lo.
Animismo As crianças atribuem vida a Amanda diz que a primavera está tentando
objetos inanimados. chegar, mas que o inverno está dizendo: “Eu
não vou! Eu não vou!”.
Incapacidade As crianças confundem o Courtney está confusa com uma esponja
de distinguir que é real com a aparência feita para parecer uma pedra. Ela diz que se
aparência de externa. parece com uma pedra e que é realmente
realidade uma pedra.
Fonte: PAPALIA, OLDS E FELDMAN (2006, pág. 286).
34
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Na segunda infância, a criança começa a saber quem ela é, assim como também adquire a DICA
imagem dela e se preocupa com o que as outras pessoas acham dela. Essa característica começa
Acesse o vídeo do you-
a ficar mais abrangente à medida que ela identifica um conjunto de características que possa tube, no link https://
descrever a si mesma (BEE, 2011). Para Papalia, Olds e Feldman (2009), aos 4 anos, a criança pen- www.youtube.com/
sa que é “tudo ou nada”, que o seu “eu” real é o ideal, não havendo conexões entre as represen- watch?v=gjl_gN36pLI,
tações simbólicas. Em torno dos 5 ou 6 anos, ela começa a mapear as representações, fazendo e confira alguns com-
conexões lógicas entre elas, embora de forma muito limitada. portamentos próprios
do desenvolvimento
As emoções ligadas ao “eu”, como orgulho e vergonha, começam a se manifestar, dependen- psicossocial comuns
do do convívio social da criança. O ambiente pode enfatizar o seu orgulho, exemplos: realizar de às crianças, de acordo
forma habilidosa um movimento ginástico, recebendo um feedback positivo, ou se sentir enver- com Erik Eriksson.
gonhada por não conseguir realizar o movimento e assim receber um feedback negativo. Dos 4
aos 5 anos, as crianças não sabem se o pai ou elas sentiriam vergonha ou orgulho sendo vistas.
Dos 5 aos 6, elas acham que o pai sentiria vergonha ou orgulho. Dos 6 aos 7 anos, o pai e elas
sentiriam vergonha ou orgulho, mas se forem observadas. Na segunda infância (3 a 6), as crian-
ças precisam de uma observação parental para sentir emoções (PAPALIA; OLDS. FELDMAN, 2009).
Nesse período, a criança pode sentir desejo e experimentar coisas novas, mas nem sempre
o que ela faz irá trazer uma reação de aprovação social, podendo ela ser reprimida. Isso faz com
que ocorra uma cisão entre a parte que permanece criança, experimentando coisas novas, e a de
adultos, sempre avaliando suas ações. Mas há a “virtude” do propósito nas crianças que conse-
guem equilibrar esses impulsos opostos de querer fazer e de poder ou não fazer. Esse equilíbrio
só é conseguido com oportunidades de fazer coisas por si própria, porém com limites (BERGER,
2013).
2.3.3.2 O brincar
As crianças nessa idade passam o dia realizando brincadeiras. Essas brincadeiras represen-
tam para uma criança não uma diversão, mas sim uma atividade necessária, na qual as crianças
desenvolvem os sentidos, aprendem a usar os músculos e coordenam o que veem com o que fa-
zem, adquirindo maior domínio sobre seus corpos. Elas exploram o mundo e a si mesmas, adqui-
rem novas habilidades, desenvolvem a língua, experimentam situações da vida real e manejam
emoções complexas. Portanto, com o ato de brincar a criança cresce (PAPALIA; OLDS, 2000).
O brincar representa o desenvolvimento cognitivo e social das crianças. O brincar cognitivo
revela o nível de desenvolvimento da criança e o brincar social reflete o grau no qual as crianças
35
UAB/Unimontes - 3º Período
Figura 27: O castigo ► interagem umas com as outras. À medida que uma criança
nas crianças é motivo fica mais velha, passa a brincar mais social e cooperativa-
de várias discussões na mente. Em centros de assistência diurnos que enfatizam ha-
literatura. bilidades sociais, as crianças brincam mais socialmente, ao
Fonte: Disponível em: contrário de pequenos centros em grupos de mesma idade,
<http://www.sosolikes.
com.br/tag/banco-de- e com ênfase em habilidades acadêmicas. Mas nem sempre
-castigo/>. Acesso em 03 o brincar solitário indica que a criança é imatura, pois uma
jun. 2014. grande parcela das brincadeiras não sociais consistem de
atividades construtivas ou educativas que estimulam o de-
senvolvimento cognitivo, físico e social, como, por exemplo,
mostrar um quebra-cabeças. É importante lembrar que isso
não quer dizer que a criança que tem um brincar menos so-
cial não possa desenvolver problemas sociais, psicológicos e
educacionais (BERGER, 2013).
A cultura influencia o brincar, já que cada ambiente produz manifestações próprias. As clas-
Atividade
ses sociais, a metodologia adotada na pré-escola são fatores importantes de influência no brin-
Quais são os fatores car. Dependendo desses fatores, as crianças podem brincar socialmente ou de forma individual,
psicossociais que podem ter mais ou menos jogo imaginativo, serem mais passivas ou agressivas ao brincar. Tudo
podem levar os pais a
abusarem ou agre- isso será reflexo de sua cultura (BERGER, 2013).
direm os seus filhos? Quanto à diferença na forma de brincar de meninos e meninas, dos 3 aos 6 anos as crian-
Essas crianças vítimas ças preferem brincar com outras do mesmo sexo e classificam os brinquedos, jogos e atividades
de estupro ou agressão como “coisas de meninas” ou “coisas de meninos”. A tendência em direção à segregação sexual
tendem a se tornar ao brincar parece ser universal entre as culturas. Meninos e meninas normalmente brincam de
adultos com qual
perfil? Pesquise sobre modo diferente e nenhum dos dois sexos parece gostar do estilo do outro. A maioria dos me-
o tema e coloque suas ninos gosta de brincar de luta, enquanto as meninas preferem brincadeiras mais tranquilas. É
principais conclusões possível que as meninas não gostem de brincar com os meninos porque eles não dão atenção
no fórum de discussão. a seus pedidos, mas deixam seus desejos claros através de comandos diretos (PAPALIA; OLDS;
FELDMAN, 2006).
2.3.3.3 A criação
36
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
sente quando elas fazem algo errado. As crianças que são criadas por pais calorosos e atenciosos Glossário
têm personalidade cooperadora e tranquila, contrastando com as que têm pais negligentes e hos- Agressão hostil: Agres-
tis, que têm comportamento hostil, agressivo e desconfiado (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). são com o intuito de
ferir outra pessoa.
2.3.3.5 Medos
Os medos temporários são comuns na segunda infância. Muitas crianças de dois a quatro
anos têm medo de animais, especialmente de cães. Aos seis anos, as crianças têm maior probabi-
lidade de temer o escuro. Outros medos comuns são os de trovões e médicos. A maioria desses
medos desaparece à medida que as crianças ficam mais velhas e perdem seu senso de impotên-
cia. As crianças jovens têm a tendência de ter medo daquilo que parece assustador. Na verdade,
é a sua imaginação, a vida de fantasias que a criança leva. Já as crianças mais velhas tendem a ter
medo de coisas mais reais.
anos de idade)
americanas geralmente
crescem de maneira
mais rápida que
crianças brancas.
Aqui serão apresentados os desenvolvimentos físico, cognitivo e psi- Fonte: Disponível em:
cossocial da segunda infância, que vai dos seis aos doze anos de idade. <http://acheiinteressante-
porpraieira.blogspot.com.
br/2012_03_01_archive.
html>. Acesso em 1º jun.
2.4.1 Desenvolvimento físico na terceira infância 2006.
37
UAB/Unimontes - 3º Período
Figura 30: ►
Comportamento
da Criança no
Desenvolvimento Motor
da Terceira Infância.
Fonte: Própria (2014).
Dica
É importante que a
criança esteja envolvida
com atividades físicas a
fim de manter o corpo
e a mente saudáveis,
além de possibilitar um
meio de socialização.
Consulte a matéria do
site “Mais Equilíbrio”, no
link http://maisequi-
librio.com.br/fitness/
atividades-fisica-para-
criancas-3-1-2-504. Quando as crianças avançam nesse ciclo da vida, elas deixam de se dedicar a brincadeiras
html, e conheça os intensas e começam a se envolver nos jogos com regras, organizados e em grupo, que normal-
benefícios de algu-
mente são dirigidos por adultos. Pesquisas mostram que as crianças participam de jogos coleti-
mas atividades físicas.
Consulte sobre outras vos fora da escola e especificamente as meninas gastam mais tempo em trabalhos domésticos:
atividades também. estudar ou cuidar de si mesmas. Para ajudá-las a melhorar suas capacidades motoras, os exer-
cícios físicos organizados devem propiciar a experiência em diferentes esportes e o treinamen-
38
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
A leitura, a escrita e a aritmética de modos formal e lógico iniciam por volta dos 6 anos de
idade. Nesse momento, o cérebro já está pronto ou suficientemente desenvolvido para ir além
das habilidades básicas de conhecimento. As crianças que sofreram lesões na cabeça antes dos
6,5 anos apresentam deficiências na leitura quando comparadas com as que sofreram a lesão de-
pois dessa idade, pois já haviam formados conexões entre as diversas partes do cérebro. Portan-
to, a lesão afeta somente parte de uma habilidade complexa (BERGER, 2013).
Piaget assegura que a passagem da forma de pensar rígida e ilógica das crianças menores,
da segunda infância, para a maneira de pensar flexível e lógica das maiores, da terceira infância,
depende ao mesmo tempo do desenvolvimento neurológico e das experiências de adaptação ao
meio ambiente. A evolução do pensamento pré-operacional para o operacional apresenta como
sustentáculo a influência neurológica. A capacidade de associar é uma contribuição adicional
que vem de mediações da atividade cerebral. As crianças que entenderam que a conservação de
volume tem padrões de onda cerebral diferentes daquelas que ainda não haviam compreendido,
sugere que usam diferentes regiões do cérebro para a tarefa (BEE, 2011).
Para Papalia, Olds e Feldman (2006), a memória ou a capacidade de lembrar estarão pron-
tas a partir dos 6 anos de idade, onde a criança será capaz de codificar, armazenar e recuperar
informações. Assim, começam a usar de estratégias para ajudá-los a lembrar, realizando estímu-
los provenientes de algo externo à pessoa para memorização. Repetir um número de telefone
39
UAB/Unimontes - 3º Período
diversas vezes sem olhar para que não seja esquecido antes de ser discado é uma forma de re-
tenção, ou repetição consciente. Na elaboração, as crianças associam os itens a algo mais, como
uma cena imaginária ou uma história. Para se lembrar de comprar limões, maionese e guardana-
pos, uma criança pode imaginar um vidro de maionese equilibrado em cima de um limão, com
alguns guardanapos por cima para limpar a maionese derramada. Crianças da terceira infância
conseguem concentrar-se mais do que as mais novas, e podem concentrar-se em uma informa-
ção necessária ou cobiçada enquanto eliminam a que não lhes serve. Por exemplo, elas podem
avaliar o significado adequado de uma palavra lida e eliminar os outros significados que não se
adaptam ao contexto.
Apesar dos resultados de Q. I. obtidos durante a terceira infância serem controvertidos, eles
permitem boas previsões do desempenho escolar, especialmente em relação a crianças muito
verbais (faladoras). Os resultados são mais confiáveis do que os obtidos no período pré-escolar.
O Q. I. aos 11 anos tem permitido predizer a duração da vida e a presença ou a ausência de in-
dependência funcional e demência na idade adulta (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009). Stenberg
questiona os testes de Q. I., e suas críticas alegam que os testes subestimam a inteligência de
crianças em más condições de saúde ou que, por uma razão ou outra, não vão bem nos testes.
Por serem cronometrados, os testes equiparam a inteligência com a velocidade e penalizam as
crianças que trabalham lenta e refletidamente. Sua eficácia para o diagnóstico de distúrbios de
aprendizagem tem sido contestada (BEE, 2011).
Para Papalia, Olds e Feldman (2006), a crítica mais importante de Stenberg é a de que os tes-
tes de Q. I. não medem diretamente as habilidades inatas. Em vez disso, inferem a inteligência do
que as crianças sabem no momento. É praticamente impossível conceber um teste que não exija
conhecimento prévio. Além disso, os testes são validados com medidas de rendimento escolar,
que são afetados por fatores como escolaridade e cultura.
De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2006), Stenberg compreende três aspectos da inte-
ligência:
• O componencial: determina quão eficientemente a informação é processada pelas pessoas,
utilizando essas informações para resolver problemas, monitorar soluções e avaliar resulta-
Dica
dos.
A “Teoria das Inteligên- • O problema experimental: é perceptivo ou criativo; determina como as pessoas abordam
cias Múltiplas”, propos-
tarefas novas ou familiares. Permite que comparem a nova informação com aquilo que já sa-
ta por Howard Gardner,
é melhor explicitada na bem e descubram novas maneiras de juntar fatos, em outras palavras, pensar originalmente.
Unidade 4, seção 4.3, • O elemento contextual: é prático; determina como as pessoas lidam com o ambiente. É a
deste Caderno Didático. habilidade que permite avaliar uma situação e decidir o que fazer; adaptar-se a ela, modificá
-la, ou sair dela.
Berger (2013) discorre sobre o desenvolvimento do autoconceito como sistemas represen-
tacionais. As crianças, por volta dos sete ou oito anos, atingem o autoconceito sobre julgamentos
de sua própria identidade, tornando-se mais conscientes, equilibradas e realistas, integrando es-
sas condições a vários aspectos da identidade. Como exemplo, a criança na escola fica mais co-
nhecedora em matérias como português e estudos sociais, sentindo-se orgulhosa pelo boletim
ou se sentindo fracassada em outras em que não está se saindo bem.
Citando Berger (2013), inúmeros pesquisadores têm tentado criar um instrumento que pos-
sa quantificar a inteligência. Embora existam muitos testes, estes não são fiéis por ser essa con-
dição manifestada de diversas formas. Gardner afirmou que a visão sobre inteligência deve ser
multidimensional na tentativa de entender melhor as diferenças individuais. Assim, propôs uma
“Teoria das Inteligências Múltiplas”, em 1983, afirmando que há oito tipos de inteligência:
• Linguística: indivíduos que são bons escritores ou oradores, aprendem línguas facilmente
ou possuem muito conhecimento sobre a linguagem. Apresentam inteligência linguística
acima da média.
• Lógico-matemática: permite que o indivíduo aprenda matemática e gere solução lógica
para vários problemas.
• Espacial: é usada na produção e na apreciação de obras de arte como pinturas e esculturas.
• Cinestésica-corporal: atletas profissionais possuem altos níveis desse tipo de inteligência.
• Musical: músicos, cantores, maestros e compositores.
• Interpessoal: as profissões de ajuda como assistência social, conselheiros e ministros.
• Intrapessoal: pessoas que conseguem identificar seus próprios pontos fortes e traçam me-
tas em função daquilo que é possível.
• Naturalista: envolve a capacidade de reconhecer padrões da natureza. Muito comum entre
os cientistas.
40
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
2.4.3 Desenvolvimento
psicossocial na terceira infância
41
UAB/Unimontes - 3º Período
contradas diferenças significativas entre pais homossexuais e heterossexuais. Além disso, filhos
de gays e lésbicas não têm maior probabilidade de serem homossexuais ou de se confundirem
Atividade sobre seu próprio gênero (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Conforme apontou Com relação ao relacionamento entre irmãos, os mais novos aprendem a respeitar o irmão
a literatura, filhos de mais velho e esse aprendizado importante surge de forma espontânea. Os irmãos mais velhos
casais homossexuais
podem se sentir sobrecarregados por ter que cuidar dos irmãos mais novos. Nas sociedades in-
não apresentam maior
tendência a ser homos- dustrializadas, os irmãos tendem a ser em menor número e com maior diferença de idade, o que
sexuais. Pesquise um permite aos pais aplicar mais recursos e atenção em cada filho (BEE, 2011).
pouco mais sobre o as- A popularidade é um aspecto importante da terceira infância, pois crianças cujos colegas
sunto e apresente suas gostam mais delas estão propensas a serem adolescentes bem adequados. Aquelas que têm difi-
principais conclusões e
culdade de aceitação entre os pares estão mais propensas à delinquência, a evadir-se da escola e
opiniões no fórum de
discussão. apresentar problemas psicológicos. A popularidade é medida perguntando às crianças de quais
colegas elas gostam mais e menos. Crianças sociometricamente populares costumam ter boas
habilidades cognitivas, são realizadoras, têm facilidade para resolver problemas sociais, ajudam
outras crianças e são autoconfiantes. São generosas, confiáveis, cooperativas e suas aptidões so-
ciais fazem com que os outros gostem de estar em sua companhia. Uma criança pode ser impo-
pular por muitas razões e costumam apresentar comportamentos agressivos, serem hiperativas,
desatentas ou retraídas. Geralmente são insensíveis aos sentimentos das outras e não se adap-
tam bem a novas situações (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Relativamente sobre a amizade, na terceira infância, a tendência é procurar amigos do mes-
mo sexo e com mesmos interesses. As amizades mais sólidas envolvem compromissos iguais e
trocas mútuas. As crianças impopulares também podem fazer amizades, embora em menor
quantidade, e encontrar essa amizade em crianças mais novas. Com os amigos, a criança aprende
a se comunicar e cooperar. A amizade parece ajudar a criança a se sentir bem consigo mesma. A
rejeição por parte dos colegas e a falta de amizades na terceira infância poderá ter efeitos a lon-
go prazo (BERGER, 2013).
Aqui são descritos os seguintes reflexos: “Reflexo de Moro e de Choque”, “Reflexo de Busca e
de Sucção”, “Reflexo Palmar de Preensão”, “Reflexo de Preensão Plantar e de Babinski” e “Reflexos
Tônicos Assimétricos e Simétricos do Pescoço”.
Podem ser provocados colocando o bebê em posição supina e batendo levemente no ab-
dome, ou produzindo sentimento de insegurança quanto ao apoio (ex.: deixando que a cabeça
do bebê caia para trás a uma distância curta). No Reflexo de Moro, há repentina distensão e do-
42
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
bramento dos braços e expansão dos dedos. As per- ◄ Figura 34: Reflexo de
nas e os dedos dos pés realizam as mesmas ações, Moro e de Choque.
mas menos vigorosamente. Os membros então vol- Fonte: Disponível em:
tam à posição flexionada normal contra o corpo. O <http://revistacrescer.
globo.com/Revista/
Reflexo de Choque é similar de todas as formas ao Crescer/0,,EMI3349-15591,00.
Reflexo de Moro, exceto que envolve a flexão dos html>. Acesso em 03 jun.
membros sem distensão anterior (BEE, 2011). 2014.
O Reflexo de Moro está presente desde o nas-
cimento até os 6 meses de vida. Tem sido uma das
ferramentas mais usadas no exame neurológico do
bebê pequeno. A reação é mais pronunciada nas pri-
meiras semanas de vida do bebê. A intensidade da reação gradualmente diminui, até que ele é
finalmente caracterizado por um simples movimento espasmódico do corpo em reação ao es-
tímulo (Reflexo de Choque). A persistência do reflexo, além do sexto mês, pode ser indicação de
disfunção neurológica. Um Reflexo de Moro assimétrico pode indicar paralisia de Erb ou a lesão
de um membro (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
43
UAB/Unimontes - 3º Período
Aqui são descritos os seguintes reflexos: “Reflexos Corretivos Labirínticos e Visuais”, “Reflexo
de Levantamento”, “Reflexos de Amortecimento e de Apoio”, “Reflexos Corretivos do Pescoço e do
Corpo”, “Reflexo de Engatinhar”, “Reflexo de Caminhar” e o “Reflexo de Natação”.
44
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
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UAB/Unimontes - 3º Período
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Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
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UAB/Unimontes - 3º Período
QUADRO 8
Habilidades adquiridas no desenvolvimento motor da criança
1-3 meses Reflexo de passo; levanta a cabeça; Segura objetos se colocados na mão;
senta com apoio. começa a golpear objetos.
4-6 meses Rola sobre o corpo; senta com auto- Estende a mão e segura objetos, usan-
apoio aos 6 meses; rasteja. do uma mão.
7-9 meses Senta-se sem apoio. Transfere objetos de uma mão para
a outra; pode assegurar com polegar
e indicador (“agarrar de pinça”) aos 9
meses.
10-12 meses Dá impulso para levantar; caminha Segura uma colher atravessada na pal-
agarrando a mobília, então caminha ma da mão, mas tem pouca pontaria
sem ajuda; agacha-se e inclina-se. para colocar comida na boca.
13-18 meses Caminha para frente e para trás; Empilha dois blocos; coloca objetos
corre (14-20 meses). em pequenos recipientes e os despeja
fora.
2-4 anos Corre facilmente, sobe escadas Pega objetos pequenos (ex.: sucrilhos);
usando um pé por degrau; salta segura o lápis com os dedos (2-3 anos),
com os dois pés, pedala e dirige um especificamente entre o polegar e os
triciclo. dois primeiros dedos (3-4 anos); corta
papel com tesoura.
4-6 anos Sobe e desce em escadas usando Enfia linha em contas, mas não em
um pé por degrau; caminha na agulhas (4-5 anos); enfia linha na agu-
ponta dos pés; caminha sobre uma lha (5-6 anos); segura o lápis natural-
linha fina; salta, atira e pega razoa- mente, mas escreve ou desenha com
velmente bem. rigidez e concentração.
6-9 anos Chuta e bate em objetos parados Usa preensão madura ao escrever ou
(ex.: bola) com força; intercepta desenhar; usava movimento descen-
objetos em movimento correndo, dente para bater em objetos com ins-
mas precisa parar para bater, chutar trumento (ex.: martelo); rebate objeto
ou pegar, velocidade de corrida de 3 com uma mão com controle limitado.
a 4m por segundo.
9-12 anos Chuta, bate e pega objetos em mo- Usa movimento descendente ou
vimento correndo; aumento signi- horizontal para bater em objetos com
ficativo no pulo vertical; velocidade instrumento quando apropriado (ex.:
de corrida de 4 a 5m por segundo. martelo versus bastão de beisebol);
rebate objeto com uma mão com bom
controle.
Fonte: BEE (2011, p. 121).
Para Papalia, Olds e Feldman (2009), o desenvolvimento motor é caracterizado por uma sé-
rie de marcos que são realizações, em que cada habilidade adquirida prepara a criança para lidar
com a próxima. Esse processo inicia e apresenta uma sequência, como o controle da cabeça e da
mão, chegando à locomoção. Um bebê começa a rolar deliberadamente, sentar, arrastar e enga-
tinhar, o que resulta na autolocomoção. Todo esse desenvolvimento leva a criança à aquisição
de movimentos cada vez mais complexos. Assim, os pais que colocam seus bebês em andadores
acreditando que os filhos andarão mais rapidamente poderão restringir a exploração motora dos
seus filhos. Durante o segundo ano de vida, as crianças começam a subir degraus, colocando um
pé após o outro no mesmo degrau e depois alternadamente. Somente depois é que elas passam
a descer degraus. Nesse momento, ela corre, pula e aos 3 anos e meio já conseguem equilibrar
em um pé só e começam a saltar. O início do desenvolvimento motor se dá pela inter-relação
dos domínios cognitivos e motores e as práticas culturais podem influenciar o ritmo no início do
desenvolvimento motor.
48
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
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UAB/Unimontes - 3º Período
50
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Referências
BEE, H.; BOYD, D. R. A criança em Desenvolvimento. Porto Alegre, ed. ARTMED. 12. ed. 2011.
HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. Artmed. Porto Ale-
gre, 5. ed. 2010.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre, 10. ed.
Artmed, 2009.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre, 8. ed. Art-
med, 2006.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre, 7. ed. Artmed, 2000.
WILLIAMS, J. ; WAKE, M. ; HESKETH, K.; MAHER, E.; WATERS, E. Health-related quality of life of
overweight and obese children. Journal of the American Medical Association, v. 293, p. 70-76,
2005.
51
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Unidade 3
Adolescência
Berenilde Valéria de Oliveira Sousa
3.1 Introdução
A adolescência é vista como uma mudança da fase da infância para a fase adulta, implican-
do em uma das transformações mais conturbadas para o indivíduo, que passa por diversas alte-
rações físicas, cognitivas e psicossociais, causadores de diversas confusões na mente do adoles-
cente.
Apesar de alguns au-
tores considerarem dois
termos idênticos, Papalia,
Olds e Feldman (2006) fa- ◄ Figura 47: A fase da
adolescência é marcada
zem uma diferença entre de diversas incertezas e
adolescência e puberda- preocupações sobre o
de, onde esta é descrita presente e o futuro do
como período em que a indivíduo.
pessoa atinge a maturida- Fonte: Própria (2014).
de sexual e a capacidade
de reprodução. Com pe-
ríodo aproximado de 10
anos, a adolescência é um
processo que se inicia nos
11 ou 12 anos de idade e
vai até pouco depois dos 20. O início e término exatos são imprecisos e alguns autores até consi-
deram que é a puberdade que inicia a fase da adolescência. Dica
Diferente de como acontecia há muitas décadas, hoje o ingresso na vida adulta demora
Acesse o vídeo no you-
mais tempo, já que não depende somente do desenvolvimento físico e exige uma preparação tube, no link https://
maior com relação aos estudos, por exemplo (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). O jovem passa www.youtube.com/
por comportamentos até então desconhecidos e é comum nessa fase a incidência de gravidez, watch?v=NNQdhzfNb-
suicídio, uso excessivo de drogas ou álcool, participação de grupos específicos, entre outros as- TI, e confira um resumo
pectos que serão entendidos através desta unidade. com as principais
mudanças enfrentadas
na adolescência.
53
UAB/Unimontes - 3º Período
aumento na fabricação dos estrogênios, que provocam o desenvolvimento dos seios e o cres-
cimento dos genitais femininos. Porém, apesar dessa associação de estrogênios nas mulheres e
androgênios nos homens, nenhum dos dois hormônios é exclusividade de nenhum dos dois se-
xos, já que nas moças, por exemplo, a testosterona influencia o crescimento de pelos e do clitóris
(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
McNeely e Blanchard (2009) discorrem sobre as maturações precoce e tardia nos jovens. O
primeiro caso acontece quando estes iniciam suas mudanças físicas dois anos antes do espera-
do, ou seja, por volta de 8 anos, que pode ser provocado por uma boa alimentação e por fatores
sociais, genéticos e metabólicos. Já o segundo caso acontece quando o jovem sofre alterações
corporais dois anos após o esperado, isto é, por volta de 13 anos, o que pode ser causado por ir-
regularidades nos cromossomos e na tireoide, por distúrbios alimentares. Além disso, os autores
destacam que as meninas que são ativas nos esportes tendem a apresentar a maturação tardia
por apresentar baixo nível de gordura, e as mulheres precisam de certa quantidade de gordura
para iniciar a adolescência.
A instabilidade emocional, comumente vista na fase inicial, também é um fator associado
ao desenvolvimento físico juvenil, pois os hormônios estão associados à agressividade em am-
bos os sexos, assim como à depressão nas mulheres. No entanto, esses transtornos causados pela
produção de hormônios podem ser moderados pela idade, o temperamento e o sexo. Ainda, é
interessante destacar que os adolescentes tendem a ter relações sexuais mais de acordo com seu
convívio social, ou seja, seu grupo de amigos em vez de ser devido às mudanças hormonais (PA-
PALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
É importante observar que nem sempre as mudanças ocorrem de maneiras simultâneas nos
adolescentes. Nas mulheres, por exemplo, os pelos podem se desenvolver bem antes do que os
seios. Além disso, com o
tempo, houve a diminuição
Figura 48: A boa ► por cerca de dois anos no
alimentação aparece período em que a puberda-
como um dos fatores
de se inicia. A relação, mais
que ocasionou com
o tempo o início da comumente vista em paí-
puberdade dois anos ses desenvolvidos, deve-se
mais cedo em países ao fato de que quanto mais
desenvolvidos. saudável for a criança, mais
Fonte: Disponível em: cedo ela pode atingir a ma-
<http://delas.ig.com.br/
filhos/2014-05-11/como- turidade e, assim, cresce
-saber-se-seu-filho-esta- mais (PAPALIA; OLDS; FELD-
-obeso.html>.Acesso em MAN, 2006).
03 jun. 2014.
Na puberdade, existe
uma quantidade extra de
hormônios, o que pode causar problemas bucais. É possível que as gengivas fiquem mais sen-
síveis ou inchadas e macias. Dessa forma, é importante utilizar fio dental, escovar os dentes e
consultar um dentista de maneira regular, prevenindo mau hálito, doença na gengiva e outros
problemas (EMPEN, 2014).
É comum, nessa fase, também uma excessiva quantidade de suor. Empen (2014) afirma que
isso se deve às glândulas sudoríparas, que são de duas a quatro milhões. O local do corpo em
que esse evento é mais evidente é nas axilas, associado ao nervosismo ou ao calor. Dessa forma,
a recorrência aos desodorantes se torna um ato quase que obrigatório a fim de evitar os odores
ruins causados pelo suor.
54
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Atividade
Você acredita que a
incidência de distúrbios
alimentares só tende a
crescer entre os jovens?
As trompas, os ovários, o útero e a vagina são os atributos físicos primários vistos nas mu- Quais são os fatores
lheres, assim como o pênis, os testículos, o escroto, as vesículas seminais e a próstata são vistos que contribuem para
isso? Já teve ou tem um
nos homens. É na puberdade que esses componentes amadurecem, sendo mais perceptível nos problema de distúrbio
rapazes. Nos caracteres sexuais secundários são vistas mudanças que estão indiretamente cor- alimentar? Responda
relacionadas à maturação dos órgãos sexuais, como alterações na voz e na textura da pele e o essas questões no
desenvolvimento (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). fórum de discussão e,
Quanto ao crescimento dos seios, este não é visto somente nas meninas, já que os meninos caso tenha (ou teve)
um distúrbio alimentar
passam por um desenvolvimento normal e temporário desses órgãos, que pode durar 18 meses. e se sinta à vontade,
Em ambos os sexos, nota-se a gravidade na voz, que está relacionada aos hormônios masculinos relate suas experiências
e acontece em consequência do aumento da laringe. Além disso, o aspecto gorduroso e áspero no assunto.
da pele se deve a maior atividade das glândulas sebáceas. Assim, o aparecimento de cravos e es-
pinhas se justifica nesse fato. Com relação aos pelos, incialmente retos e macios, eles mudam de
padrão e são tratados de forma diferente de acordo com o sexo. O homem costuma se sentir feliz
com a incidência de pelos, ao contrário das moças (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
55
UAB/Unimontes - 3º Período
O quadro 9 mostra as principais mudanças vistas tantos nos meninos quanto nas meninas e
as respectivas idades nas quais elas costumam aparecer.
QUADRO 9
Sequência Usual de Mudanças Fisiológicas na Adolescência
Na figura 51, podem ser vistas as principais alterações físicas na puberdade no sexo feminino:
Figura 51: ►
Desenvolvimento físico
do Sexo Feminino (dos
9 aos 20 anos).
Fonte: Disponível em:
<http://psicofadeup.
blogspot.com.br/2011/05/
desenvolvimento-fisico-
-na-adolescencia.html>.
Acesso em 21 mai. 2014.
56
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Na figura 52, podem ser vistas as principais alterações físicas na puberdade no sexo masculino:
◄ Figura 52:
Desenvolvimento físico
do Sexo Masculino (dos
9 aos 20 anos).
Fonte: Disponível em:
<http://psicofadeup.
blogspot.com.br/2011/05/
desenvolvimento-fisico-
-na-adolescencia.html>.
Acesso em 21 mai. 2014.
57
UAB/Unimontes - 3º Período
Papalia, Olds e Fredman (2006) afirmam que a falta de atividade física afeta negativamen-
te a saúde física e mental. No entanto, os autores mostram que muitos meninos e meninas tor-
nam-se menos ativos durante a adolescência, quando o recomendado é que, mesmo moderada,
exercícios como pedalar e caminhar com rapidez sejam praticados por no mínimo trinta minutos
em quatro dias da semana, já que o sedentarismo acarreta riscos de diabete, obesidade e outras
doenças na vida adulta. Uma vez respeitadas essas exigências, os adolescentes precisam dormir
tanto quanto antes, o que na prática não ocorre para a maioria. As nove horas de sono por noite
Glossário não são respeitadas e comumente são vistos jovens com sonolência durante o dia, péssimas no-
Melatonina: Hormônio tas na escola e depressão.
produzido na saliva que Apesar de, aparentemente, os adolescentes nessa fase dormirem tarde pelo fato de ficarem
indica a hora em que o até altas horas em telefonemas, redes sociais ou estudando, a justificativa é científica de acordo
corpo está pronto para com Papalia, Olds e Fredman (2006), que afirmam que um hormônio detectado na saliva, chama-
dormir. Da mesma for-
ma, quando seus níveis
do de melatonina, seria o responsável por fazer o adolescente ir dormir mais tarde, já que após
diminuem, é sinal de a puberdade a secreção desse componente ocorre em horário mais avançado. Os autores defen-
que é hora de acordar. dem que os adolescentes precisam ir dormir e acordar mais tarde que crianças. Porém, o fato de
estudarem de manhã impedem que as horas de sono sejam cumpridas e, dessa forma, o aprendi-
zado é prejudicado, já que a desatenção e o estresse são perceptíveis durante o dia.
Bergamo (2005) afirma que não se sabe ao certo porque a melatonina é produzida quatro
horas mais tarde que o normal na fase da adolescência. Porém, o resultado disso é que o jovem
termina dormindo pouco tempo na noite devido às inúmeras atividades diárias. Mesmo quando
Atividade chega o final de semana, o jovem não consegue atualizar o sono perdido, pois fica na rua até
Quais atribuições você
mais tarde com os amigos. Dessa forma, soma-se a privação de sono à ingestão de álcool, e o
daria ao crescimento perigo é iminente. Uma noite bem dormida, exercícios físicos regulares e alimentação correta são
elevado no número de recomendações que devem ser seguidas à risca pelos adolescentes, a fim de manter uma vida
jovens obesos? Aponte saudável.
possíveis causas e Com relação à obesidade, McNeely e Blanchard (2009) apontam que o número de adoles-
explique-as no fórum
de discussão.
centes obesos de 12 a 19 anos triplicou nos últimos 20 anos. Entre os motivos para esse cresci-
mento expressivo, estão: a venda de produtos muito calóricos e gordurosos nas escolas; excesso
de propagandas nas principais mídias, o que faz com que o jovem visualize diariamente por volta
de 17 propagandas envolvendo doces e lanches; adoção de um estilo de vida sedentário, já que
os jovens passam a maior parte do tempo sentados no colégio e em média três horas na frente
58
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Apesar do IMC se aplicar para a maioria dos casos e apresentar o cenário geral de uma po-
pulação, Lewis (2013) aponta pesquisas que evidenciam que o IMC não leva em consideração a
DICA
taxa de gordura presente no corpo, mas muitos ainda o utilizam por sua simplicidade e custo.
Além disso, os estudos recentes sugerem que, em alguns casos, a gordura pode proteger o in- Acesse o vídeo do you-
divíduo de falhas no coração e rins e outras doenças crônicas, isso porque ela possibilita uma tube, no link https://
www.youtube.com/
reserva de energia. watch?v=Cv_PGH-
CbUEY, e confira as
principais mudanças
59
UAB/Unimontes - 3º Período
3.3.1 Metacognição
60
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
61
UAB/Unimontes - 3º Período
aqueles jovens criados em ambientes autoritários ou permissivos. Estudantes criados nesses dois
últimos meios tendem a ser pessimistas e a dedicar menos tempo aos estudos (PAPALIA, OLDS,
FREDMAN, 2006).
Weber et. al. (2004) constataram em sua pesquisa que existe uma divergência na percepção
que os pais têm deles mesmos e a percepção que os filhos têm sobre os pais. Os responsáveis
costumam se ver de maneira mais autoritária e responsiva que os filhos. Essa falta de comunica-
ção entre os dois lados pode acarretar transtornos comportamentais nesses jovens adolescentes.
Nessa perspectiva, Wagner et. al. (2005) afirmam que os pais devem deixar de lado um pouco da
sua autoridade a fim de permitir que os jovens possam ser mais livres, se comunicar melhor e to-
mar suas próprias decisões, tornando-se, assim, mais autônomos.
Quatro estados de identidade foram identificados por Mareia em sua pesquisa. A “Conquis-
ta de Identidade” diz respeito àqueles que já resolveram sua crise de identidade. Dessa forma,
são jovens mais decididos, apresentam uma mente mais aberta para novas possibilidades, fun-
cionam bem sob pressão e são mais maduros. O “Pré-fechamento” é a categoria de adolescentes
que não passaram por uma crise. Sendo assim, eles são contentes com os planos que lhes foram
impostos e não apresentam questionamentos, já que estão felizes na atual condição. Já na “Mo-
ratória” a crise de identidade é evidente. O adolescente é contraditório com seu perfil e suas ati-
tudes. Ao mesmo tempo em que demonstra animação e autoconfiança, ele se mostra nervoso e
acovardado. Mostra-se íntimo da mãe e igualmente resistente a ela. Por “Difusão de Identidade”
entende-se que são aqueles jovens sem crise e sem comprometimento. Pelo fato de não possuí-
rem diálogos com os pais acerca do futuro, esses adolescentes possuem tendências à solidão e
Atividade à infelicidade. O grupo que o jovem pertence pode mudar conforme avança para a fase final da
No fórum de discussão adolescência. Até mesmo em idade mais avançada costuma fazer uma revisão da sua vida e per-
da nossa sala virtual, ceber que ainda existe uma crise de identidade (PAPALIA, OLDS, FREDMAN, 2006).
faça uma associação Berger (2013) discute sobre a Conquista de Identidade, a Moratória e a Difusão de Identi-
entre os tipos de pais
dade, mas cita outros dois tipos diferentes de estados. A “Resolução Precipitada” acontece com
e as quais estados de
identidade eles podem aqueles adolescentes que deixam de adquirir uma identidade própria ao seguirem os mesmos
ter influência direta na passos que os pais, seja porque foram forçados a isso ou não. Com a “Identidade Negativa” já é o
fase da adolescência de contrário, pois os jovens optam por um caminho totalmente distinto ao dos pais.
seus filhos.
62
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
3.4.3 Amizades
A adolescência é a fase em que as amizades são mais fortes. Os jovens se sentem mais ín-
timos em desabafar com os amigos
do que com os pais. Apesar de ser
◄ Figura 62: Os
uma relação instável, os conflitos
adolescentes têm
tendem a ser menos intensos pelos menos conflitos
dois lados terem receio do laço ser com os amigos,
finalizado. Além do mais, confiar em mas desenvolvem
alguém para expor seus sentimentos capacidades de
crítica, compreensão e
ajuda o adolescente na sua busca
controle emocional nas
pela identidade. Hoje, os adolescen- amizades.
tes conseguem expressar mais seus Fonte: Disponível em:
sentimentos internos e apresentam <http://www.smartre-
maior interesse em ter um autoco- lationshipadvice.com/
friendship-is-a-treasure/>.
nhecimento. Então, nas relações Acesso em 15 mai. 2014.
amistosas, eles podem desenvolver
63
UAB/Unimontes - 3º Período
capacidades de compreensão, controle emocional e saber fazer críticas, o que os possibilita criar
relacionamentos mais sólidos e maduros (PAPALIA, OLDS, FREDMAN, 2006).
Berger (2013) acredita que, da mesma forma que a pressão do grupo no qual o adolescen-
te está inserido pode levá-lo a apresentar bom comportamento nos estudos, praticar atividades
esportivas, evitar o fumo e outros pontos positivos, a influência de colegas também pode oca-
sionar situações negativas, principalmente nos momentos de instabilidade, quando reunidos os
jovens tendem a querer praticar ações que não fariam se estivessem sozinhos.
Todavia, apesar dos pais temerem que seus filhos jovens caiam em grupos de perfis adver-
sos aos seus na escola, isso na prática não acontece. Os adolescentes costumam se unir aos seus
semelhantes. Dessa forma, os problemáticos se juntam aos problemáticos e assim ocorre com
outros perfis, acentuando um aspecto que, em alguns episódios, deveria ser regulado. Colocar
alunos de perfis semelhantes pode trazer sérias consequências negativas, pois pode agravar
um quadro de delinquência juvenil. É importante ressalvar que grande parte dos delinquentes
adolescentes não avança para a fase adulta com esse aspecto. O antissocialismo é menos aceito
quando adulto e, dessa forma, o uso de álcool e relações sexuais tomam o lugar do delito ado-
lescente. Porém, com aqueles jovens de renda mais baixa, o perfil problemático pode agravar de
acordo com o bairro em que moram, se a riqueza for sinônimo de traficar droga (PAPALIA, OLDS,
FREDMAN, 2006).
Para evitar a delinquência dos jovens, é necessário não só se preocupar com a infância deles,
mas evitar que esses indivíduos caiam em situações de alto risco e que incentivem a criminali-
dade. Além disso, é necessária uma orientação incisiva dos parentes próximos, sentimentos de
amor e apoio para impedir que esses adolescentes se tornem adultos com o mesmo perfil (PAPA-
LIA, OLDS, FREDMAN, 2006).
3.4.5 Bullying
O “bullying” é descrito para McNeely e Blanchard (2009) como uma intimidação moral. A
prática pode envolver insulto, espancamento,
Figura 63: Entre ►
as razões para ser ameaça, observações sexuais sobre a vítima e até
assediado moralmente, mesmo roubo ou dano de pertences pessoais. O
a orientação sexual, a bullying também pode advir de ataques sutis e in-
religião e ser tímido ou diretos, como espalhar um boato sobre a vítima ou
introvertido são alguns encorajar outra pessoa a praticar o assédio moral.
exemplos.
McNeely e Blanchard (2009) apontam que o
Fonte: Disponível em:
<http://howtoparentateen. bullying causa inúmeros efeitos negativos na ado-
wordpress.com/2012/01/27/ lescência. Jovens que são intimidados no seu de-
teenage-bullying-pro- senvolvimento podem sofrer sérios problemas de
blem/>. Acesso em 15 mai.
2014. saúde mental e chegam até mesmo a abandonar a
escola, local onde costuma acontecer os assédios morais. Se intimidados com frequência, esses
jovens se sentem estressados, amedrontados e ansiosos, o que provoca uma dificuldade de se
concentrar na aula e lidar com convívios sociais e falta de vontade de praticar esportes. Em casos
64
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
raros, a vítima pode carregar armas letais a fim de se proteger. Além disso, ela tende a se tornar
um adulto com índices de depressão e baixa autoestima mais altos que um adulto que não so- Atividade
freu intimidações na adolescência. Você já ouviu falar so-
Com relação aos intimidadores, ao contrário do que se imaginava, eles não apresentam in- bre o “Cyberbullying”?
segurança e autodepreciação. Pesquisa recente aponta que a maioria deles, tanto meninos quan- Por que é mais difícil de
to meninas, tendem a ser confiantes, apresentar alta autoestima e status social elevado entre controlá-lo? Pesquise
seus pares. No entanto, esses “valentões” apresentam uma probabilidade muito maior de se en- sobre o assunto e des-
creva suas principais
volver em problemas quando jovens adultos. Entre eles, estão o uso de drogas, o vandalismo e conclusões no fórum
furtos (MCNEELY, BLANCHARD, 2009). de discussão
Referências
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com.br/220605/p_088.html>. Acesso em: 10 mai. 2014.
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com/girls-puberty-10/slideshow-girls-changing-body>. Acesso em: 17 mai. 2014.
FREY, Thomas. Life as a Teenager in 1994, 2014, and 2034: what a difference a genera-
tion makes!. Disponível em: <http://www.impactlab.net/2013/09/23/life-as-a-teenager-in-
1994-2014-and-2034-what-a-difference-a-generation-makes-part-2/>. Acesso em: 17 mai. 2014.
JORDÃO, Claudia. Caem os mitos sobre a adolescência: uma série de estudos revela que os jo-
vens não são inconsequentes, egoístas e preguiçosos quanto parecem. Disponível em: <http://
www.istoe.com.br/reportagens/67402_CAEM+OS+MITOS+SOBRE+A+ADOLESCENCIA>. Acesso
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LEWIS, Tanya. BMI Not a Good Measure of Healthy Body Weight, Researchers Argue. Dispo-
nível em: <http://www.livescience.com/39097-bmi-not-accurate-health-measure.html>. Acesso
em: 17 mai. 2014.
MCNEELY, B. C.; BLANCHARD, J. The Teen Years Explained: A Guide To Healthy Adolescent De-
velopment. Johns Hopking Bloomberg School of Public Health. Center for Adolescent Health.
2009. ISBN 978-0-615-30246-1.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre, 8. ed. Art-
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WEBER, Lidia Natalia Dobrianskyj; PRADO, Paulo Müller Prado; VIEZZER, Ana Paula; BRANDEN-
BURG, Olivia Justen. Identificação dos Estilos Parentais: O Ponto de Vista dos Pais e dos Filhos.
Universidade Federal do Paraná. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2004, 17(3), pp.323-331. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/prc/v17n3/a05v17n3.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2014.
65
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Unidade 4
Principais mudanças nas fases
jovem adulta, meia-idade e
terceira idade
Berenilde Valéria de Oliveira Sousa
4.1 Introdução
A fase jovem adulta se inicia logo após o fim da adolescência, por volta de 21 anos, e finaliza
aos 40. Logo em seguida começa a fase adulta, ou mais conhecida como meia-idade, que apre-
senta divergências entre os autores sobre quando ela termina, mas adotaremos o período defini-
do por Papalia, Olds e Feldman (2006), que compreende de 40 a 65 anos. Por fim, a terceira idade
começa logo após a fase adulta e se encerra com a morte do ser humano.
Diferente da infância e adolescência, a partir dos 20 anos, as alterações não são tão gran-
des e conturbadas como nas fases anteriores, mas envolvem fatores físicos, cognitivos e psicos-
sociais. O ser humano, mais maduro, passa a usar de experiências do passado ao tomar novas
decisões. A revisão da sua vida geralmente ocorre por volta da meia-idade.
Nesse contexto, esta unidade apresenta os principais conceitos fisiológicos, cognitivos e psi-
cossociais de indivíduos das fases jovem adulta, meia-idade e terceira idade.
67
UAB/Unimontes - 3º Período
mostram declínios que incluem dores nas costas e nas articulações, problemas bucais, alterações
na visão e outros aspectos sensoriais, e ganho de peso, que provoca doenças cardiovasculares e
diabetes (LANCHMAN, 2003). Na meia-idade, acontecem perdas consideráveis nos sentidos. A ca-
pacidade de resposta e análise a problemas mais complexos se torna mais lenta (BERGER, 2013).
Papalia, Olds e Feldman (2006) relatam que a taxa de “metabolismo basal” (energia necessá-
ria para manter as funções vitais do corpo) passa a diminuir gradativamente depois dos 40. Além
disso, adultos perdem massa muscular de maneira muito perceptível aos 45 anos, em troca de
gordura corporal. A perda de 10 a 15% da força, que não está diretamente relacionada à resis-
tência, é percebida principalmente através da fraqueza dos músculos das costas e das pernas.
Posteriormente, pouco depois dos 60 anos, os braços e os ombros também sentem o desgaste
da idade. Dessa forma, uma boa alimentação e a prática de exercícios físicos regulares são impor-
tantes a fim de amenizar o quadro.
Se na fase jovem adulta, as alterações físicas costumam ser sutis e graduais, na terceira ida-
de as mudanças aumentam (PAPALIA, OLDS,
FELDMAN, 2006). Os sinais de envelheci-
Figura 64: À meia- ► mento são encontrados quando os cabelos
idade, alguns passam
a experimentar ficam mais finos e brancos, a pele enrugada
alterações sensoriais, e algumas porções de gordura se instalam
como a perda de por várias partes do corpo. Aos 65 anos, o
memória. idoso diminui cerca de dois a três centíme-
Fonte: Disponível em: tros na estatura (BERGER, 2013). A perda se
<http://edisonjr.blogspot.
com.br/2010/07/coisas- deve ao enfraquecimento dos discos entre
-da-meia-idade-6-somos- as vértebras, levando os mais velhos a pa-
-capazes.html>. Acesso recerem mais baixos devido a uma postura
em 21 mai. 2014.
vergada (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Os adultos de idade avançada sentem
uma diminuição na eficiência dos sentidos.
No caso da visão, aos 65 anos é possível desenvolver “cataratas”, que são representadas por áreas
sombrias ou opacas no cristalino, responsáveis por embaçar as vistas. Porém, a cirurgia para re-
movê-las geralmente é simples e bem-sucedida. Com a audição, a perda considerável neste sen-
tido faz com que repetidamente os idosos sejam taxados de chatos e distraídos. Devido ao olfato
e ao paladar, indivíduos na terceira idade relatam problemas em sentir o sabor dos alimentos, o
que se deve à diminuição das papilas gustativas ou ao mau funcionamento dos receptores gus-
tativos (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Até os 70 anos, 10 a 20% da força já foi perdida pelo idoso. A resistência diminui considera-
velmente, principalmente entre as mulheres. Atraso no tempo de reação e perda de equilíbrio
são outros fatores associados à terceira idade. Porém, exercícios físicos específicos podem ameni-
DICA zar essas perdas. (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Acesse o site http://
No entanto, hoje as pessoas estão vivendo mais devido a alguns fatores apresentados por
saude.culturamix.com/ Papalia, Olds e Feldman (2006). Segundo os autores, a cura para diversos tipos de doenças e o
doencas/verdades-e- cuidado com a saúde por parte dos indivíduos fizeram com que a expectativa de vida aumentas-
mitos-sobre-a-me- se. Uma alimentação saudável aliada à prática de exercícios físicos pode ser considerada a fonte
nopausa e saiba mais da juventude, pois mantém o sistema imunológico em alto nível e auxilia no combate a doenças.
sobre a menopausa.
68
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
a atividade sexuais (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). A figura 65 apresenta as principais caracte-
rísticas da menopausa e da andropausa.
◄ Figura 65:
Características e
sintomas da menopausa
e andropausa.
Fonte: Disponível em:
<http://www.lersaude.
com.br/andropausa-a-
-sexualidade-e-o-medo-
-como-lidar-com-esta-
-situacao/>. Acesso em 21
mai. 2014.
4.2.4 Osteoporose
Uma das doenças que atinge bastante a terceira idade é a “Osteoporose”. Caracterizada
como uma enfermidade metabólica, ela é responsável por atingir todos os ossos, quando o cor-
po não fornece material ósseo novo suficiente, ou então quando muitos componentes dos ossos
antigos são reabsorvidos pelo corpo, podendo ocorrer os dois casos. Dessa forma, os ossos ficam
mais fracos e finos e podem ser fraturados mais facilmente (MINHA VIDA, 2012).
Acompanhe no quadro 10 alguns questionamentos frequentes acerca da osteoporose e as
suas devidas respostas, conforme o site Minha Vida (2012):
QUADRO 10
Perguntas frequentes com relação à Osteoporose e suas respectivas respostas
Pergunta Resposta
Quem não gosta de leite apresenta Não. Apenas recomenda-se a ingestão mínima de
maior risco de ter osteoporose? 1200 mg de cálcio por dia a fim de evitar a doença.
Quem tem osteoporose não pode Pelo contrário, mas é necessário praticar exercícios de
praticar atividade física? impacto menor nos ossos, como a caminhada.
Devo me preocupar com a osteopo- Não. Apesar da quantidade de cálcio no organismo
rose somente após a menopausa? ser menor após a menopausa, é necessário se preo-
cupar com a ingestão do componente durante toda
a vida.
A osteoporose é uma doença femi- As mulheres possuem ossos mais finos e leves e
nina? perdem mais cálcio após a menopausa, mas a doença
não é exclusividade de nenhum dos dois sexos.
A osteoporose é hereditária? Não que o histórico familiar seja um fator decisivo
para determinar se o indivíduo terá ou não osteopo-
rose, mas a atenção deve ser redobrada para aqueles
que possuem muitos familiares com a doença.
Fonte: Minha Vida (2012).
69
UAB/Unimontes - 3º Período
4.2.5 Nutrição
Berger (2013) chama a atenção para a importância de uma alimentação saudável, principal-
DICA mente a partir da fase jovem adulta. Aliada aos exercícios físicos, uma dieta composta de frutas,
No portal Minha Vida,
verduras, legumes e outros componentes que ajudam a manter o corpo saudável é imprescindí-
no link http://www.mi- vel para combater doenças que levam à morte. A ingestão de fibras deve passar das 30 gramas
nhavida.com.br/, você por dia, ao passo que o consumo de gordura deve diminuir consideravelmente a fim de evitar,
pode acompanhar di- por exemplo, o câncer de cólon.
cas importantes sobre Apesar da indicação, é comum que as pessoas consumam em excesso, em países industria-
alimentação e exercí-
cios a fim de manter o
lizados, alimentos ricos em gordura animal, os quais possuem uma grande quantidade de “co-
corpo saudável. lesterol”, que são lipoproteínas de baixa ou alta intensidade, uma espécie de gordura produzida
pelo organismo. Encontrados em alimentos como o ovo, o leite integral e a carne, deve-se man-
ter um equilíbrio entre o colesterol ruim (low-density lipoproteins – LDL) e o colesterol bom (high-
density lipoproteins – HDL) na estrutura corporal (BERGER, 2013). No entanto, para combater os
vilões do corpo, como aquele citado, mesmo que sem recomendação, frequentemente as pes-
soas recorrem aos remédios, quando o correto seria ingerir cotidianamente alimentos saudáveis,
como aveia, chocolate amargo, nozes, azeite, laranja, castanhas, linhaça, vinho, açaí, canela e chá
(MINHA VIDA, 2013).
Apesar das inúmeras consequências negativas com a falta de exercícios físicos regulares e
uma alimentação ruim, o Ministério da Saúde revelou em pesqui-
sas recentes que a sociedade vem se tornando mais sedentária.
Entre os homens, 55% daqueles de 25 a 34 anos e 63% entre 34 e
65 anos estão com sobrepeso, o que nas mulheres acontece com
quase 40% de 25 a 34 anos e 55,9% entre 45 e 54 anos. Porém,
esse quadro não é ausência de ingestão de frutas ou legumes,
mas é devido ao acréscimo notável no consumo de alimentos
industrializados, que costumam ser muito calóricos (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA, 2014).
Muitos idosos não alimentam bem como deveriam, alguns
por morarem sozinhos e não sentirem vontade de preparar boas
refeições. Dessa forma, são susceptíveis a doenças como arterios-
clerose, diabete e doença cardíaca. Uma alimentação saudável
nessa idade auxilia não só na prevenção dessas e outras enfermi-
dades crônicas, mas também no bom desempenho da memória
e na diminuição do risco de fraturas nos quadris (PAPALIA; OLDS;
FELDMAN, 2006).
A perda de dentes quando adulto avançado é justificada na
▲ má higienização bucal e na ingestão de alimentos menos nutritivos, que são geralmente aqueles
Figura 66: Uma boa mais macios. Dessa forma, o local fica mais propenso a cáries e doenças como a “periodontite” se
alimentação mantém o torna inevitável (PAPALIA, OLDS, FELDMAN, 2006). Esta é descrita pelo site Drauzio Varella (2012,
corpo saudável e evita p. 1) como uma doença “que compromete todos os tecidos ao redor do dente (periodonto) que
doenças como o câncer, promovem sua sustentação, provoca reabsorção óssea, retração da gengiva e, consequentemen-
podendo prolongar a
expectativa de vida.
te, mobilidade e perda dos dentes”.
Fonte: Disponível em:
<http://www.bebesbrasil.
70
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
recuperação da informação durante a vida, sendo que o sucesso disso diminui conforme o indiví- Dica
duo envelhece; e, por último, a “abordagem pós-formal”, a qual marca a fase adulta. Apesar de o ser hu-
Se no imaturo as observações eram simples como preto ou branco e certo ou errado, no mano apresentar uma
pensamento pós-formal existe uma complexidade maior nos fatos que são apresentados ao in- idade cronológica, exis-
divíduo. No caso das cores, o adulto passa a ver vários tons de cinza em vez de somente uma ou tem alguns testes que
duas colorações (PAPALIA, OLDS, FELDMAN, 2006). podem mostrar qual é a
idade real do indivíduo
O quadro 11 mostra quatro critérios de pensamento pós-formal proposto por Jan Sinnott: com base na sua rotina
de vida. No site da Veja,
QUADRO 11 no link http://veja.abril.
Critérios de Pensamento Pós-formal de Jan Sinnott com.br/blog/testes/
saude/saiba-qual-sua-i-
Critério O que é Exemplo dade-real/, você pode
conferir um desses
Câmbio de marchas Capacidade de transitar entre o “Isso pode funcionar no papel, testes e saber qual é a
raciocínio abstrato e as conside- mas não vi na vida real”. sua idade real.
rações práticas e concretas.
Múltipla causalidade, Consciência de que a maioria “Vamos tentar do seu modo; Atividade
múltiplas soluções dos problemas possui mais do se não der certo, podemos
que uma causa e mais do que tentar do meu”. Imagine a seguinte
situação: “Ricardo gosta
uma solução e de que algumas
muito de jogar baralho
soluções têm mais chances de com os amigos, em
funcionar do que outras. qualquer dia da sema-
na. Porém, sua esposa
Pragmatismo Capacidade de selecionar a “Se você quer a solução mais Beatriz não aguenta
melhor dentre diversas soluções prática, faça isso; se quiser mais ver seu marido
possíveis e de reconhecer crité- a solução mais rápida, faça chegar de madrugada
rios para escolher. aquilo”. em casa e avisa-o que
irá partir com o filho
Consciência do para- O reconhecimento de que um “Fazer isso lhe dará o que ele do casal caso ele volte
doxo problema ou uma solução envol- quer, mas isso o fará infeliz a sair para jogar. Ainda
ve conflito intrínseco. afinal”. assim, Ricardo sai mais
uma vez no dia seguin-
Fonte: Adaptado a partir de PAPALIA, OLDS, FELDMAN (2006, p. 532). te. Beatriz irá cumprir a
promessa?”
Para Kuenzer (2000), anteriormente, o profissional só precisava apresentar alguns conheci- Discuta no fórum como
mentos específicos e habilidades mecanizadas em seu ambiente de trabalho. Hoje, habilidades responderão um “pré-a-
dolescente”, a “maioria
cognitivas superiores devem ser estimuladas e uma das alternativas que influencia esse desen- dos adolescentes” e
volvimento é uma boa formação escolar. Berger (2013) relata que o ingresso na faculdade acelera “adolescentes e adultos
o desenvolvimento cognitivo. O jovem adulto se depara com situações as quais antes conside- mais maduros”, de
rava de simples resposta, mas que agora, com a mente mais aberta, encontra novas soluções. acordo com o desen-
Apesar dessa certeza de que o ensino superior provoca a evolução do pensamento, não se sabe volvimento cognitivo
de cada um deles.
ao certo qual é o aspecto que causa esse crescimento, ou seja, se é o trabalho acadêmico, a dis-
cussão com os colegas ou outra situação.
71
UAB/Unimontes - 3º Período
De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2006), é na vida adulta que as situações de vida co-
locam à prova a inteligência emocional do indivíduo. Conectada diretamente com o pensamento
pós-formal, essa é uma das variáveis que leva o ser ao sucesso profissional e se refere à capacida-
de de reconhecer suas próprias emoções, assim como as dos outros.
Goleman (1996) menciona que vida emocional e inteligência acadêmica são duas coisas
muito diferentes, uma vez que uma pessoa pode possuir inteligência óbvia (alto Quociente de
Inteligência – Q. I.) e ser burra por não ter controle de suas emoções. O autor acredita que Q. I. só
contribui com 20% para os fatores determinantes de sucesso de vida, ficando uma maioria abso-
luta (80%) para outras forças, que podem variar de classe social a sorte.
Papalia, Olds e Feldman (2006) afirmam que apenas algumas inteligências diminuem na ter-
ceira idade, uma vez que o desempenho cognitivo é irregular na vida adulta. Enquanto que, para
alguns, certas capacidades se aperfeiçoam com o decorrer do tempo; para outros, os intelectos
se mantêm estáveis. A variação vai depender das situações com que o indivíduo se depara.
72
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Gardner (1999) afirma que só se pode medir as inteligências múltiplas através de métodos Atividade
inteligentemente justos, citando como exemplo que, para a análise da capacidade Musical, o
Pesquise um pouco
candidato deve ser exposto a uma nova canção, ou melodia, e assim é observado em quanto mais sobre a Teoria das
tempo ele é capaz de reconhecê-la, cantar, colocar a sua característica própria etc. Inteligências Múltiplas
Gáspari e Schwarts (2002) fazem uma tradução das Inteligências Múltiplas ao defenderem e, no fórum de discus-
que a Lógico-Matemática se refere à Resistência; a Linguística se refere à Simbiose; a Naturalista é são, cite exemplos de
análoga à Ecológica; a Interpessoal pode ser entendida como a Unicidade; a Intrapessoal diz res- profissionais em cada
um dos intelectos.
peito à Essencialidade; a Espacial seria a Catarse; a Corporal-Cinestésica se refere à Superação; e a Exemplo: Garrincha se
Musical pode ser traduzida como Sensitividade. destaca na Inteligência
Na visão de Stehl (2005), um conjunto de capacidades de resolução de problemas compõe a Cinestésica-corporal.
competência do intelecto humano, sendo que os aspectos individuais se diferem culturalmente,
por isso a necessidade de se enfrentar novos problemas, pois, dessa forma, novos conhecimen-
tos são adquiridos e a cognição é desenvolvida. As potências intelectuais devem ser referencia-
das de acordo com o seu contexto.
73
UAB/Unimontes - 3º Período
QUADRO 12
Modelo de Traços baseado em Cinco Fatores
Fator Característica
Na abordagem de Modelos Tipológicos, três tipos de perfil surgiram com base em estudos:
“ego-resiliente”, categoria de pessoas que se adaptam bem, são independentes, autoconfiantes,
prestativas e focadas; “supercontroladas”, que são aquelas pessoas mais sossegadas devido a sua
timidez, o que as tornam mais reservadas com relação ao que pensam, mas ao mesmo tempo
ansiosas; e “subcontroladas”, grupo composto por aqueles indivíduos mais intensos e que se dis-
traem facilmente (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
74
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Dentre os Modelos de Crises Normativas, existe o proposto por Erikson, que discorre sobre
“Intimidade x Isolamento”. A fase jovem adulta exige do indivíduo um relacionamento mais pro-
fundo com as pessoas, mas ao mesmo tempo ele precisa de um tempo isolado para refletir so-
bre sua vida. Nesse cenário, a conduta e a identidade vão sendo desenvolvidas (PAPALIA; OLDS;
FELDMAN, 2006).
Papalia, Olds e Feldman (2006) fazem uma crítica ao Modelo de Crises Normativas. Eles dis-
correm sobre a previsibilidade questionável do desenvolvimento do indivíduo, que seguiria o
avanço da sua faixa etária. Nas crianças, a teoria talvez se aplique, já que o estágio é marcado
pelo primeiro dente, pelos primeiros passos etc. No entanto, o mesmo não se pode afirmar para
os jovens adultos, que são mais afetados psicossocialmente do que os bebês.
O Modelo de Momento de Ocorrência de Eventos simplesmente considera o desenvolvi-
mento psicossocial de acordo com os eventos vividos e esperados no decorrer da vida. Casar-se,
ter filhos e se aposentar são considerados normativos quando acontecem no momento previsto.
Caso um evento ocorra em uma época atípica, como, por exemplo, casar-se aos 45 em vez de 30,
ele passa a ser considerado não normativo. Da mesma forma que o indivíduo se satisfaz ao con-
cluir os objetivos almejados, mesmo que tardios, encontra-se em estresse quando não consegue
realizar algum deles ou é surpreendido por um evento inesperado, como a morte do parceiro(a)
(PAPALIA, OLDS, FELDMAN, 2006).
Contudo, Raposo e Gunther (2008) relataram em seu estudo que um evento não normativo
pode ter consequências positivas posteriormente. A título de exemplo, com uma separação pre-
coce, o indivíduo tende a fazer uma espécie de atualização naqueles valores que foram sufoca-
dos devido ao matrimônio. Ingressar no curso superior é uma das atitudes comuns e geram con-
sequências positivas diretas na autoestima, nas fases jovem adulto, meia-idade e terceira idade.
Porém, o estudo desses autores evidenciou diferenças entre os gêneros masculino e feminino,
visto que nos homens o impacto emocional não é tão forte quanto nas mulheres, que parecem
renascer em seu meio social, familiar e no trabalho.
A classificação de um acontecimento varia de acordo com a cultura. Já houve uma época
em que ter filhos aos 20 estava “dentro do prazo”. Porém, conforme a mulher foi conquistando
seu espaço e passando a trabalhar, os casais passaram a ter filhos mais tarde (PAPALIA; OLDS;
FELDMAN, 2006).
Papalia, Olds e Feldman (2006) enfatizam a importância de se manter relacionamentos ínti-
mos na fase adulta, mesmo sem contato sexual, já que prolonga a vida e mantém o físico e o men-
tal saudáveis. Amizades entre as mulheres são mais íntimas, pois sentem uma necessidade maior
de desabafar do que os homens, que optam por guardar segredo sobre coisas pessoais. No amor,
geralmente, a mulher tem a visão idealizada de que encontrará seu “príncipe encantado”.
Referências
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76
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Resumo
Unidade 1
Unidade 2
77
UAB/Unimontes - 3º Período
Unidade 3
Unidade 4
78
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Referências
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Complementares
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81
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
Atividades de
Aprendizagem - AA
1) Estabeleça qual a teoria do desenvolvimento humano é inerente a cada pesquisador citado
abaixo e em seguida, descreva os estágios de cada uma delas:
• Sigmund Freud
• Erik Erikson
• Jean Piaget
3) Na primeira infância, especificamente nos dois primeiros anos de vida, as crianças crescem em
média quantos centímetros por ano?
4) Assinale a alternativa que possui uma alternativa falsa com relação à segunda infância:
a) A comunicação entre os dois lados do cérebro torna-se mais eficiente nessa fase, permitindo
que a criança coordene as funções que envolvem ambos os lados do corpo e do cérebro.
b) A segunda infância é marcada pelo pensamento pré-operacional, o qual envolve sentimentos
de egocentrismo, atribuição de vida aos objetos e a ideia de que as ações não podem ser reverti-
das.
c) O Hemisfério Esquerdo do cérebro é responsável pelo reconhecimento de formas visuais e so-
frem impulsos entre os 4 e 5 anos; e o Hemisfério Direito é responsável pelas principais habilida-
des de linguagem.
d) As crianças na segunda infância possuem o raciocínio transdutivo. Um exemplo dessa caracte-
rística é quando a irmã é malvada com o irmão e este adoece. Assim, a criança conclui (erronea-
mente) que ela fez o irmão ficar doente.
6) Acerca do desenvolvimento motor da criança, o reflexo que pode ser provocado pressionando
os polegares contra a parte de trás dos dedos do pé do bebê é chamado de:
a) Reflexo de Amortecimento e de Apoio.
b) Reflexo Palmar de Preensão.
c) Reflexo de Preensão Plantar.
d) Reflexo de Moro e Choque.
83
UAB/Unimontes - 3º Período
( ) Entre 10 e 12 anos, as moças são maiores que os rapazes, sendo que eles atingem a mesma
altura somente no final da adolescência, por volta dos 20 anos de idade.
( ) A espermarca é a primeira ejaculação do homem, a qual ocorre por volta dos 10 anos de
idade. A menarca é a primeira menstruação da mulher, a qual acontece somente a partir dos 15
anos.
( ) O crescimento de pelos e a alteração na voz são mudanças vistas nos dois sexos.
( ) Entre os aspectos imaturos do pensamento adolescente, propostos por Elkind, está a da Au-
toconsciência, a qual diz respeito à posição imutável que os adolescentes adotam com relação a
seus gostos e personalidade.
( ) De acordo com a autora Berger (2013), atualmente, o índice de suicídio na adolescência é
menor que o dos adultos.
84
Educação Física - Crescimento e Desenvolvimento Humano
85