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Universidade Pedagógica
Maputo
2012
Arão da Cruz Zunguza
Universidade Pedagógica
Maputo
2012
i
Índice
Dedicatória........................................................................................................................................... vii
Agradecimentos ..................................................................................................................................viii
Resumo ................................................................................................................................................. ix
1. Introdução .......................................................................................................................................... 1
3. Metodologia..................................................................................................................................... 11
4. Resultados........................................................................................................................................ 20
4.3.1.Comparação dos pesos das espécies comuns nos Centros de Pesca ................................... 24
4.4.1. Comparação dos Comprimentos das Espécies comuns nos Centros de Pesca.................. 26
5. Discussão ......................................................................................................................................... 32
5.3. Comprimento e Peso das espécies mais capturadas no rio Umbelúzi .................................. 35
6. Conclusão ........................................................................................................................................ 38
8. Bibliografia ...................................................................................................................................... 40
Anexos ................................................................................................................................................. 48
iii
Lista de Figuras
Figura 1: Ilustração da Bacia do Rio Umbelúzi no território nacional (Cenacarta). ..................... 12
Figura 2: Mapa de localização dos centros de pesca do rio Umbelúzi, distrito de Boane,
província de Maputo. .......................................................................................................................... 15
Figura 3: Medição do CT de um peixe com auxílio do ictiómetro ................................................. 16
Figura 4: Abundância das espécies capturadas no rio Umbelúzi.................................................... 22
Figura 5: Número de Indivíduos capturados por centro de pesca................................................... 22
Figura 6: Comparação dos Pesos médios por centro de pesca........................................................ 25
Figura 7: Comparação dos Pesos médios por centro de pesca........................................................ 28
Figura 8: Índice de Constância de Ocorrência das espécies ........................................................... 29
iv
Lista de Tabelas
Tabela 1: Espécies de peixes identificadas no rio Umbelúzi por centro de pesca……...............20
Tabela 3: Pesos médios das espécies colectadas por centro de pesca e o seu desvio padrão
(Sd)………………………………………………………………...……………………………..23
Tabela 4: Comparação dos comprimentos médios de cada espécie por centro de pesca e o seu
desvio padrão (Sd)……………………………………………………………………………….26
Declaração de honra
Declaro por minha honra que o presente trabalho de culminação de curso é resultado da minha
pesquisa pessoal e das orientações dos supervisores, feita segundo os critérios em vigor na
Universidade Pedagógica. O seu conteúdo é original, verídico e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no relatório e na referência bibliografia do mesmo.
Declaro também que este trabalho não foi apresentado em nenhuma Instituição para obtenção de
qualquer Grau Académico ou para fins avaliativos.
________________________________________
Arão da Cruz Zunguza
vii
Dedicatória
Aos meus pais Amadeu Arnaldo Zunguza e Francisca Cruz M. C. Zunguza, por serem grandes
educadores, que sempre me apoiaram e encorajaram a prosseguir com os meus estudos, fizeram
de tudo, sem medir esforço para garantir a minha educação e formação; dedico todo esforço
empreendido na realização deste trabalho e na minha formação.
viii
Agradecimentos
Os meus agradecimentos são endereçados em 1º lugar a Deus pela vida e pela saúde que tem me
concedido sempre nos meus estudos.
Agradeço aos meus pais Amadeu Arnaldo Zunguza e Francisca Cruz M. C. Zunguza, pela
educação, atenção e apoio que sempre tem me proporcionado. Aos meus irmãos Dimas e Níçia
pelo apoio que sempre me tem dado. Aos meus tios Abel, André, Jerry, Martins, Mónica e Pedro
por tudo que tem feito por mim.
Ao meu supervisor Professor Doutor Cristiano Pires, pelo acompanhamento, críticas, sugestões
dadas na realização do trabalho.
Ao meu co-supervisor dr. Santos Mucave (UEM), pelo acompanhamento, apoio, criticas
sugestões e paciência incansável demonstrada na realização do trabalho.
A minha co-supervisora drª. Eunice Leong (IIP) pelo material disponibilizado, transporte,
acompanhamento e especialmente pelas críticas e sugestões no trabalho.
A todos funcionários do Instituto de Investigação Pesqueira – Matola, por tudo que fizeram por
mim. Ao Sr. Ben Lot (motorista do IIP) pela companhia e ajuda na colecta de dados. Ao Cardoso
(funcionário do IIP) pela companhia e ajuda na medição e pesagem do peixe.
Ao dr. Cucu e dr. Osvaldo Chacate pela disponibilização de laboratório e balanças do IIP
(Maputo).
Aos pescadores do rio Umbelúzi, em especial Sr. Remígio, Sumbane, Magaia e Sra. Madalena
Magaia.
Ao Departamento de Biologia – UP (Sede) na pessoa de drª. Evelina Sambana, dr. Juvêncio, dr.
Machava, e dr. Pita Sitoe.
Ao tio Enoque Muabsa, pelos conselhos, pela ajuda prestada no desenho do mapa e obtenção das
coordenadas dos centros de pesca.
Ao Sr. Levi da ARA – Sul (Barragem dos Pequenos Libombos) pela disponibilização de
informações referentes a Barragem dos Pequenos Libombos.
Aos meus amigos Virgílio Cossa, Ana Teresinha, Marcos André, Marcelo Chaca entre outros que
me ajudaram na realização do trabalho, conselhos, sugestões e mais.
A todos que tem me ajudado na minha careira estudantil, que de certa forma estiveram em
alguma fase ou contribuíram com algo…
A todos Agradeço Imensamente!
ix
Resumo
O presente estudo realizou-se em três centros de pesca do rio Umbelúzi, no Distrito de Boane,
Província de Maputo. O estudo tinha como objectivo identificar a fauna ictiológica pescada nos
centros de pesca do rio Umbelúzi.
O trabalho realizou-se entre os meses de Fevereiro a Julho de 2011, nos centros de pesca de
Mazambanine, BPL e Mahanhane, tendo sido feitas 6 colectas. Elas eram feitas no período da
manha, logo após o desembarque dos pescadores, consistindo na compra do pescado.
Os resultados obtidos foram organizados no Microsoft Excel, tendo se usado o índice de
constância de ocorrência, dominância de Berger-Parker, diversidade de Simpson e o pacote SPSS
17 para a analise dos dados.
Identificaram-se 12 espécies de peixes nomeadamente Ambassis natalensis, Bagrus meridionalis,
Brycinus imberi, Clarias gariepinus, Glassogobius giurius, Labeo rudi, Lisa macrolepis,
Oreochromis mossambicus, Oreochromis niloticus, Shielbe intermedius, Synodontis zambensis e
Tilapia rendalli, as quais pertencem a 10 famílias. Elas foram pescadas com redes de malha
2,1/4; 2,5; 3 e 3,5 polegadas. As espécies mais pescadas no rio Umbelúzi são a Oreochromis
mossambicus, Oreochromis niloticus e Tilapia rendalli. Dessas três espécies a mais abundante é a
Oreochromis niloticus. A abundância da família Ciclidae deve-se ao facto de as espécies desta
família adaptarem-se facilmente nos ambientes onde se encontram e possuírem poucas exigências
para o seu desenvolvimento.
As espécies identificadas no centro de Mazambanine apresentaram valores de comprimento e
peso relativamente maiores comparando com os outros centros de pesca. Duma forma geral as
espécies pescadas no rio Umbelúzi possuem tamanho menores comparadas com mesmas espécies
pescadas em outros rios de Moçambique e de África.
O índice de diversidade revelou existir muita diversidade no rio Umbelúzi, e o número de
espécies identificadas no estudo corresponde ao número total de espécies identificadas na
província.
1. Introdução
Os peixes exibem uma vasta diversidade na sua morfologia, nos habitats que ocupam e na sua
biologia, o que, em parte, torna difícil entender a sua história evolutiva e estabelecer a sua
classificação (NELSON, 2006).
Eles compõem o grupo vertebrado mais representativo, tanto em termos quantitativos, como
qualitativos sendo constituídos por cerca de 25 mil espécies (NELSON, 1994; DORIT,
WALKER & BARNES, 1991), dividas em duas classes principais, Chondrichthyes (mais de 750
espécies) e Osteichthyes (mais de 24 mil espécies) (DORIT, WALKER & BARNES, 1991),
constituindo cerca de metade do total de aproximadamente 56 mil espécies de vertebrados vivos
(NELSON, 2006). Anualmente, novas espécies de peixes são descritas, excedendo o número de
tetrapodes descritos (NELSON, 2006 & ABELL et al, 2008).
Os peixes distribuem-se em ambientes de água doce e marinhos, sendo mais numerosos no mar
(mais de 14 mil espécies) do que na água doce (mais de 10 mil espécies) (NELSON, 1994). Em
termos de habitats ocupados os peixes são divididos em 58% no mar, 1% passa parte do ciclo de
vida no mar e no rio e 41% das espécies ocupa a água doce (JOSSEP, 1998).
As espécies da água doce são no total cerca de 14 mil espécies a nível Mundial (SKELTON et al,
2009), a nível Africano aproximadamente 3 mil espécies (ADALBERTO L. VAL et al, 2008), e
a nivel Moçambicano de uma forma geral são cerca de 2 mil espécies (SCHNEIDER, et al,
2005), das quais 5 são ou quase endémicas, 68 ameaçadas e protegidas e 13 introduzidas.
A introdução de peixes na água doce em novas regiões resulta da acção humana de forma
intencional, por exemplo: pela aquacultura e destruição de aquários; por outro lado pela
introdução não intencional, por exemplo: pela água de lastro e esquemas de transferência entre
bacias (MARR et al, 2010).
As espécies ameaçadas e protegidas, ocorrem ao longo dos principais rios como Zambeze,
Pungué, Buzi, Save e com densidades mais altas nos sistemas dos rios Limpopo e Incomáti e a
distribuição das mesmas parece estar correlacionada as concentrações humanas (SCHNEIDER,
et al, 2005).
Os ambientes de água doce são ameaçados por vários factores entre os quais se destacam a
poluição por lançamentos de resíduos de fonte industrial, o aumento da acidificação do solo
causada pelos resíduos de fertilizantes e pesticidas (DE JESUS & SAMPAIO, 2007), a poluição
por metais pesados como o Cu, Zn e Pb, (WHITTON & SAY 1975, citados por MARTINS,
2007), os elevados valores de argilas, de matérias orgânicas, bem como os poluentes persistentes
(SWECO, 2004).
Outra importante modificação é ocasionada pela construção de barragens, que alteram a estrutura
dos rios (DE JESUS & SAMPAIO, 2007), que desencadeia uma série de processos
biogeoquímicos que resultam em interferências nas características do meio aquático, destacando-
se a instabilidade dos factores físicos e químicos, e alterações da comunidade biológica, na
montante e na jusante (DE FELIPPO, 1999 citado por CANTON, 2010). A maior parte dos
processos ecológicos é alterada através de modificações no fluxo de água, sedimento, nutrientes,
energia e biota (ALLAN, 1995; LIGON et al, 1995 citados por CANTON, 2010).
O impacto da construção de barragens tem se feito sentir em Moçambique como em outras partes
do mundo, particularmente os associados a construção da barragem de Cahora Bassa e Kariba no
Rio Zambeze. Os impactos notáveis da construção dessas barragens partem da perda de
biodiversidade, erosão costeira, perda de espécies de peixes e perda da produtividade agrícola
(LEGRAND, 2009).
Por isso, é importante conhecer a fauna aquática, pois, os peixes são muito sensíveis a
modificações do meio em que vivem (PAIVA, 1983 citado por MARTINS, 2011) indicando o
estado do ambiente onde estão inseridos (GARCÍA, CUTTELOD & MALAK, 2010), dai, a
necessidade de se fazer diagnósticos correctos dos factores que influenciam as comunidades e
estudos aprofundados de como elas se comportam (HOFFMANN et al, 2005), permitindo
contudo conhecer a diversidade de espécies que existem nesses ambientes.
Este cenário verifica-se também na ictiofauna Moçambicana que é pouco conhecida, existindo
conhecimentos profundos de certas áreas protegidas como Delta do Zambezi, Rio Lugenda, Rio
Rovuma, Reserva de Niassa, Reservar especial de Maputo, Rio Buzi na fronteira de
Chimanimani e Parque Nacional de Banhine (SKELTON et al, 2009). Porém existe falta de
conhecimento da ictiofauna de outros rios como o Umbelúzi. Neste sentido, o presente trabalho
surge com o propósito principal de identificar a ictiofauna do rio Umbelúzi e contribuir para o
conhecimento da diversidade piscicula lá existente.
1.2. Justificativa
Vários estudos têm sido feitos no Rio Umbelúzi, no tocante a hidrografia, a geologia, ao solo e
caudal ecológico da bacia, existindo rara informação documentada sobre a identificação como a
descrição das espécies existentes no rio Umbelúzi.
Ecossistemas fluviais como o Rio Umbelúzi estão sujeitos a muitas ameaças antropogénicas
(MARR et al, 2010), como sobre exploração, poluição, introdução de espécies exóticas,
fragmentação, alteração hidrológica (DUDGEON et al, 2006 citado por MARR, et al, 2010 &
SCHNEIDER et al, 2005). Estes aspectos exercem influência directa na ictiofauna que é o mais
importante produto aquático na escala global providenciando proteína animal para 1 bilião de
pessoas no mundo, rendimento para muitas famílias, emprego, nutrição essencial para as
comunidades pobres (FAO, 2002 citado por SKELTON et al, 2009). A ictiofauna é importante
também porque se considera boa indicadora do estado de conservação do ambiente (GARCÍA,
CUTTELOD & MALAK, 2010).
Segundo SKELTON et al (2009) são necessárias muitas pesquisas para a descrição da ictiofauna
Moçambicana, determinando o estado destas espécies. Neste sentido, o presente estudo reveste-
se de grande relevância, pois vem responder a esta questão, contribuindo para o conhecimento da
ictiofauna do rio Umbelúzi em particular e de Moçambique em geral.
1.4. Hipóteses
H1: No Rio Umbelúzi pescam-se espécies de peixe como: Clarias gariepinus, Oreochromis
mossambicus e Oreochromis niloticus.
H0: Espécies como Labeo ruddi, Oreochromis placidus e Tilapia rendalli podem ser pescadas no
rio Umbelúzi.
H2: A espécie Oreochromis mossambicus é que mais abunda nos centros de pesca do rio
Umbelúzi.
H0: A espécie Oreochromis rendalli, encontra-se em maior número em todos os centros de pesca
do rio Umbelúzi.
H3: Existe muita variação no comprimento e peso das espécies pescadas no rio Umbelúzi.
H0: existe pouca variação no comprimento e peso das espécies de peixe pescadas no rio
Umbelúzi.
2. Revisão Bibliográfica
Ictiologia
É a parte da zoologia que se dedica no estudo científico dos peixes. O termo provem da palavra
ichthyes que significa peixe em grego (STORER et al, 2003).
Peixes não seriam bem diversificados e sucedidos sem os estudos dos ictiólogos, e o que
sabemos sobre a sua diversidade e produto do esforço e trabalho mundial dos mesmos ao longo
de vários séculos (JESSOP, 1998).
Estudos Ictiologicos datam de milénios, historiadores naturais em muitas culturas tem estudado
os peixes por milénios, desde os antigos egípcios, indianos, chineses, gregos e romanos
(CUVIER, 1828 citado por FROESE & PAULY, 1999). A ciência moderna geralmente atribui
sua raiz nos trabalhos de Carl Linne (Linnaeus). Linnaeus produziu a primeira tentativa real de
um sistema organizado de classificação (JESSOP, 1998). Os Zoólogos aceitaram a sua décima
edição do seu Systema Naturae (1758) como ponto inicial da nossa classificação actual.
Linnaeus não lidou muito com os peixes, mas sua classificação ictiologica actual é largamente
baseada nos esforços de Peter Artedi, reconhecido como “Pai da Ictiologia” (JESSOP, 1998).
Nos meados de 1800, o grande anatomista francês Georges Cuvier junto com o Achille
Valenciennes produziram a primeira lista completa dos peixes do mundo.
Alberto Günter produziu o multivolume Catalogue of Fishes in the British Museum. Os esforços
do Linnaeus, Artedi, Cuvier, Vaenciennes e Günter, foram importantes para a classificação dos
peixes, no entanto não foram suficientes, Charles Darwin com a sua obra On the origin of
Species em 1859 deu um passo importante para a classificação dos peixes e de outros organismos
(JESSOP, 1998).
Depois dele vários cientistas (ictiólogos) como David Starr Jordan, B. W. Evermann, Leo S.
Berg, P. Humphry Greenwood, entre outros tem trabalhado ate hoje, no sentido de enriquecer os
conhecimentos existentes sobre os peixes.
Peixes
O termo “Peixes” geralmente refere a vertebrados que possuem barbatanas que não estão
adaptados a vida terrena e possuem guelras (HELFMAN, SCOLLETTE & FACEY, 1997).
Segundo UHLENBROEK (2008), peixes são animais vertebrados que estão adaptados a viver,
nadar, e respirar na água doce ou salgada. Eles são os mais números e diversificados animais na
terra e podem ser encontrados em todos habitats aquáticos concebíveis (UHLENBROEK, 2008).
Peixes da água doce são aquelas espécies que vivem em águas com baixo nível de salinidade
(VICKIE, 2002), como rios, correntes de água, riacho, lagos, tanques e reservas. Para SKELTON
et al (2009), define como sendo aqueles que passam todo ou parte crítica do seu ciclo de vida na
água doce.
Os peixes incluem quatro grupos de vertebrados que são diferentes uns dos outros como
mamíferos, répteis, e aves. O maior grupo é dos peixes ósseos, que inclui espécies familiares
como bacalhau, salmão, e truta. Tubarões, raias, e quimeras fazem parte do segundo grupo, os
peixes cartilaginosos. Os restantes dois pequenos grupos são do peixe bruxa e das lampreias
(UHLENBROEK, 2008).
copulatório chamado de clasper e as fêmeas parem crias ou depositam volumosos ovos. Possuem
um órgão de sentido, designado ampola de loremzini, que permite aos peixes cartilaginosos
localizar outros animais detectando seu campo eléctrico (UHLENBROEK, 2008).
A classe Osteichthyes (Gr. Osteon, osso; ichthys, peixes) está dividida em três subclasses: Os
Acanthodii (um grupo já extinto), os Actinopterygii (percas e espécies assemelhadas) e os
Sarcopterygii (peixes pulmonados e crossopterígios) (STORER et al, 2003).
Subclasse Actinopterygii (Gr. Aktin, raio; pterygion, barbatana) peixes com barbatanas de raios.
Barbatanas pares, suportados por espinhos ósseos radiantes (DORIT, WALKER & BARNES,
1991). Esta subclasse esta divida em 5 infraclasses, compostas por 30 ordens.
Subclasse Sarcopterygii (Gr. Sarkodes, gordo, carnudo, musculoso; pterygon, barbatana) peixes
com barbatanas lobadas (DORIT, WALKER & BARNES, 1991). Apresenta narinas geralmente
comunicadas com a cavidade bucal; cada barbatana possui um par com grande lobo mediano
contendo esqueleto articulado e músculos (STORER et al, 2003). Esta subclasse possui duas
ordens: ordem Crossopterygii – peixes com barbatanas lobadas e ordem Dipnoi – peixes
pulmonados.
3. Metodologia
3.1. Descrição da Área Estudo
O estudo realizou-se na bacia do Rio Umbelúzi situada à Sul da Província de Maputo (Figura 1),
entre os paralelos 25°40’22” e 26°16’47” de latitude Sul e pelos meridianos 31°55’43” e
32°29’01” de longitude Este (IID, 2010).
A bacia hidrográfica do Rio Umbelúzi possui uma área total de cerca de 5.600 km2, dos quais
3.140 km2 estão localizados no Reino da Suazilândia, 2.380 km2 na República de Moçambique e
80 km na República da África do Sul (ARA-SUL, 2010 & IID, 2010).
A Barragem dos Pequenos Libombos construída sobre o Rio Umbelúzi entre 1983 e 1987 fica
situada a 40 km da cidade de Maputo e a 10 km da vila de Boane (ARA – Sul, 2011), entre as
latitudes 25º40’ e 26º20’ sul e entre as longitudes 32º12’ e 32º20’ Este. Localiza-se na parte
baixa da bacia do rio Umbelúzi (MUANDO, 2000).
Segundo MUANDO (2000) a Barragem dos Pequenos Libombos possui uma Área de 42 Km2,
um volume médio do reservatório de 386 M/m3, uma profundidade média de 10,5 m, um nível
médio das águas de 47m, uma linha da costa de 3,9 km, uma área máxima de armazenamento de
43 Km2, entradas médias de águas (estimadas) de 7,0 m3/s, saídas médias de águas (estimadas):
4,0 m3/s e tempo médio de retenção da água de 1,3 anos.
Legenda:
1
2
1 – Albufeira dos
Pequenos
Libombos
2 – Rio Umbelúzi
a)Hidrografia
O Rio Umbelúzi nasce na Suazilândia a uma altitude de 1680 m e corre para Este, entrando no
território nacional pela vila fronteiriça de Goba. Os principais afluentes são os rios Black
M´buluzi e o White M´buluzi, que confluem com o rio principal aproximadamente a 22 Km² da
fronteira da Localidade Goba no Posto Administrativo de Changalane, Distrito de Namaacha por
onde o rio entra em Moçambique. Os seus principais afluentes em território nacional são: o rio
Calichane que aflui no Umbelúzi na barragem dos Pequenos Libombos e o rio Movene a jusante
da barragem (ARA-SUL, 2010 & IID, 2010).
b) Clima
De acordo com a classificação de KOPPEN, citado por IID (2010), predomina na zona Sul da
bacia o tipo climático seco de estepe com excepção da zona de Goba que é tropical chuvoso de
savana, na zona Norte o tipo seco de estepe com estação seca no Inverno e na zona ocidental
numa pequena mancha o tipo temperado húmido sem estação seca. A temperatura média anual
varia entre 20°C a 25°C.
c) Precipitação
A precipitação média cresce da costa até aos Pequenos Libombos, partindo de 600 mm e
atingindo 900 mm, decresce no flanco ocidental da cordilheira dos Pequenos Libombos para
600/700 mm, aumentando depois sucessivamente até aos 1300 mm na região mais ocidental da
bacia (IID, 2010).
3.2. Materiais
a) Para colecta de dados:
Avental/ Bata;
Balança electrónica ou dinamómetro;
Esferográficas;
Ficha de colecta de dados;
GPS (GPS 72);
Guias de campo e livros de identificação de espécies de peixes;
Luvas de algodão;
Luvas descartáveis;
Maquina Fotográfica (Kodak EasyShare C813);
Sacos plásticos; e
Ictiómetros.
3.3. Métodos
3.3.1. Período de Amostragem
O trabalho de campo realizou-se entre os meses de Fevereiro a Junho, tendo sido feitas 6 colectas
que consistiram na compra do pescado junto dos pescadores nos centros de pesca locais.
O pescado foi adquirido no período da manhã das 8:30h às 9:30h, período em que os pescadores
recolhem diariamente suas redes e seguidamente voltam a arma-las depois da sua limpeza.
Figura 2: Mapa de localização dos centros de pesca do rio Umbelúzi, distrito de Boane,
província de Maputo.
As medições nos peixes são feitas, por convenção, sobre o seu lado esquerdo (figura 3). O peixe
é deitado sobre o seu lado direito, com a cabeça voltada para a esquerda, com a boca fechada e o
focinho encostado à antepara do ictiómetro (pressionar ligeiramente sem forçar) (DIAS, 2007).
Fez-se a medição do comprimento total (CT) por indivíduo de cada espécie, ainda frescos,
imediatamente após a sua morte. Não se devem medir durante o rigor mortis (rigidez pós-morte).
Neste caso é preciso relaxar primeiro a musculatura do corpo do peixe, flectindo-o várias vezes
(DIAS, 2007).
Após a medição de cada peixe com o ictiómetro, o peixe passou por um processo de pesagem
para obtenção do peso total (PT) por indivíduo.
Foram usadas balanças de precisão, para a extracção do PT de cada indivíduo. A medida que se
fazia a pesagem, os peixes eram fotografados ainda frescos, no laboratório.
Os peixes ficaram nas garrafas de vidro (é obrigatório que as tampas das garrafas sejam plásticas
para evitar a oxidação) por um período de dois meses, depois foram colocados em garrafas de
vidro contendo álcool a 70%, para conserva-los, pois o formol descalcifica-os. Os frascos devem
ter tampas plásticas de modo a não se oxidarem com o tempo.
O cálculo de Constância de Ocorrência (C) das diferentes espécies foi realizado, segundo
DAJOZ (1983) citado por SARMENTO-SOARES et al (2009) a partir da equação abaixo:
= ×
Usou-se o índice de Simpson (S’) para o cálculo da Diversidade. Esse índice fornece a ideia da
probabilidade de se colectar aleatoriamente dois indivíduos da comunidade e, obrigatoriamente,
pertencerem a mesma espécie. O valor calculado de S’ ocorre na escala de 0 a 1, sendo que os
valores próximos de 1 indicam menor diversidade (GOMES & FERREIRA, 2004).
Este índice foi obtido através da equação abaixo (GOMES & FERREIRA, 2004; SOUTHWOD
& HENDERSON, 2000):
’=
A dominância foi calculada usando o índice de Berger-Parker, obtido pela equação abaixo, que
expressa a importância relativa das espécies mais abundantes (MAGURRAN, 1989 citado por
BOANE, 2008). É considerado simples quando comparado com o índice de dominância de
Simpson (RODRIGUES, 2007), porém eficiente. Considera a maior proporção da espécie com
maior número de indivíduos.
Foram usados testes estatísticos LSD usando-se a variância simples (ANOVA one-way), para se
calcular a Relação entre os pesos das espécies e os centros de pesca, comprimento das espécies e
centros de pesca, para observar se existiam diferenças significativas dos comprimentos e pesos
das espécies capturadas nos centros de pesca do rio Umbelúzi. O pacote estatístico usado foi
SPSS (versão 17).
4. Resultados
4.1. Espécies de peixe identificadas no rio Umbelúzi
Foram colectadas e identificadas nos três centros de colecta (BPL, Mahanhane e Mazambanine)
doze (12) espécies de peixes pertencentes a dez (10) famílias. A família mais representada foi a
Ciclidae com três (3) espécies identificadas (Tabela 1). As outras famílias tiveram apenas uma
(1) espécie identifica por família. Das doze (12) espécies colectadas (anexo 3), as espécies
Oreochromis niloticus e Oreochromis mossambicus estiveram presentes nos três (3) locais de
colecta (Tabela 1).
O índice de diversidade de Simpson teve como resultado 0,2254 que segundo a interpretação de
(GOMES & FERREIRA, 2004) os valores ocorrem na escala de 0 a 1, sendo que os valores
próximos de 1 indicam menor diversidade. Neste sentido, o valor obtido revelou que no Rio
Umbelúzi, existe muita diversidade de espécies de peixe.
Em todos os centros a espécie Oreochromis niloticus teve maior índice de dominância. O centro
de Mahanhane teve uma percentagem 71% totalizando 116 indivíduos capturados, no centro da
BPL a percentagem foi de 81% igual a 110 indivíduos capturados, a mesma espécie dominou no
centro de Mazambanine com a percentagem de 42%, cerca de 31 indivíduos capturados. O centro
da BPL teve o maior índice de dominância comparando com os outros centros de pesca (gráfico
5).
200
150
100
15%
50 9%
1% 1% 1% 1% 2% 1%
0
140
116
110
120
100
80
60
40 29 31 27
21 Mahanhane
20 6 51 23 6
1 32 2 2 2 2 1 1 BP L
0
Mazambanine
Dominância Dominância
Dominância total Mahanhane Dominância BPL Mazambanine
0,69 0,71 0,81 0,42
Tabela 3: Pesos médios (em gramas) das espécies colectadas por centro de pesca e o seu desvio
padrão (Sd)
Tilapia rendalli
Synodontis zambensis
Shielbe intermedius
Oreochromis niloticus
Oreochromis mossambicus
Lisa macrolepis
Mazambanine
Clarias gariepinus
Brycinus imberi
Bagrus meridionalis
Ambassis natalensis
O teste estatístico LSD obtido (LSD 95%; F= 1,651; P>0.05) revelou que não existem diferenças
significativas em termos de valores de pesos das espécies entre os centros de pesca.
Tabela 4: Comparação dos comprimentos médios (em cm) de cada espécie por centro de pesca e
o seu desvio padrão (Sd)
4.4.1. Comparação dos Comprimentos das Espécies comuns nos Centros de Pesca
A espécie Oreochromis mossambicus e Oreochromis niloticus identificadas em todos os centros,
possuem maiores valores de comprimentos médios no centro BPL, que nos outros centros de
pesca. Os menores valores de comprimentos médios foram observados em Mahanhane (Figura
O teste LSD obtido (LSD 95%; F=0,139 P˃0.05) revelou não existirem diferenças significativas
em termos de valores de comprimento entre os centros de pesca.
Tilapia rendalli
Synodontis zambensis
Shielbe intermedius
Oreochromis niloticus
Oreochromis mossambicus
Lisa macrolepis
Mazambanine
Labeo rudi Mahanhane
BP L
Glassogobius giurius
Clarias gariepinus
E Brycinus imberi
Bagrus meridionalis
Ambassis natalensis
O cálculo de Constância de Ocorrência (C) das diferentes espécies mostrou que não existem
espécies ocasionais no rio Umbelúzi (Figura 8), pois nenhuma espécie teve um índice de
ocorrência menor que 25. Das espécies identificadas sete (7) (Bagrus meridionalis, Clarias
120,00
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
O que revela que os centros de pesca do rio Umbelúzi são similares, no que concerne aos pesos e
comprimentos das espécies pescadas nos centros, existindo apenas uma relativa diferença das
espécies pescadas em cada centro.
5. Discussão
5.1. Espécies de peixe identificadas no rio Umbelúzi
No presente estudo foram identificadas 12 espécies de peixes, que é igual ao número total de
espécies identificadas nas albufeiras, lagoas e rios da província de Maputo (IIP, 2008), o que
indica que no rio Umbelúzi existe uma rica diversidade de espécies de peixes. Um número
superior foi identificado na província de Gaza, 15 espécies de peixes (IIP, 2008). No estudo feito
por CABANELAS (2005), na Albufeira de Cahora Bassa foram identificadas 19 espécies
pertencentes a 9 famílias, um número superior as espécies identificadas no rio Umbelúzi, onde
identificou-se um número de 10 famílias (CABANELAS, 2005).
Num estudo similar feito na Província de Gaza foram identificadas as espécies Oreochromis
mossambicus, Oreochromis niloticus, Tilapia rendalli, Brycinus imberi, Synodontis zambensis,
Labeo altives, Clarias ngamensis, Clarias gariepinus, Shielbe intermedius, Hypophthalmichths
molitrix, Cyphomyrus discorhynchus, Sillago sihama, Ambassis ambassis, Mugil cephalus e
Hidrocynus vittatus (IIP, 2008), essas espécies são semelhantes as identificadas na província de
Maputo, observando-se maior parte das espécies identificadas nos três centros de pesca do rio
Umbelúzi no presente estudo.
No estudo realizado por CHAÚCA (1998), na Barragem dos Pequenos Libombos foram
identificadas apenas 5 espécies (Amphilus uranoscopus, Eutropius depressirostris, Labeo rudi,
Oreochromis placidus e Tilapia rendalli), no presente estudo foram identificadas também apenas
5 espécies na Barragem dos Pequenos Libombos (Bagrus meridionalis, Oreochromis
mossambicus, Oreochromis niloticus, Shielbe intermedius, e Tilapia rendalli). Das espécies
identificadas por CHAÚCA (1998), somente 2 (Labeo rudi e Tilapia rendalli) foram
identificadas no presente estudo, as restantes não foram identificadas.
Todas estas espécies identificadas no presente estudo são consideradas típicas da região sul de
África e dos rios africanos, por fazerem parte de famílias como a Bagridae, Characidae, Ciclidae,
Cyprinidae, Claridae, Gobiidae, Mochokidae e Schilbidae, que são nativas dos principais rios
africanos (SKELTON, 1988).
No rio Limpopo e Lagoa Chuáli as espécies mais importantes do ponto de vista comercial (mais
pescadas), são as tilápias Oreochromis mossambicus e Tilapia rendalli, o peixe preto Clarias
gariepinus, a carpa comum Carpio carpio e a carpa do limo Carpio idella (BOANE, 2008).
No estudo similar realizado por SALES (2000), na lagoa do Bilene identificou 4 espécies mais
pescadas Oreochromis mossambicus, Mugil cephalus, Pomadasys commersonni e Siganus sutor.
Apenas a espécie Oreochromis mossambicus, é comum das espécies mais abundantes no
presente estudo com o de SALES, a mesma espécie é abundante na Barragem dos Pequenos
Libombos, o que pode ser motivado pelo facto dela desenvolver-se melhor em águas paradas e
não em águas correntes (SKELTON, 1993).
Estas três espécies (Oreochromis Mossambicus, Oreochromis niloticus e Tilapia rendalli) são as
mais importantes da região, do ponto de vista económico. As mesmas espécies junto da
Oreochromis aureus, Oreochromis maccrochir, Oreochromis galilaeus e a Tilapia zillii são as
espécies mais criadas comercialmente na África e no mundo (EL-SAYED, 1999 citado por
BOSCOLO et al, 2001; CHANGADEYA, MALEKANO & AMBALI, 2003).
De acordo com LOVSHIN (1997) citado por BOSCOLO et al (2001), a distribuição das tilápias
no mundo começou com o intuito da criação de peixes para a subsistência em países em
desenvolvimento.
De acordo com o mesmo autor, a primeira espécie introduzida em outros países foi a
Oreochromis mossambicus, porém esta mostrou-se de baixo desempenho para a aquacultura
tendo sido substituída no final dos anos 70, pela Oreochromis niloticus que demonstrou alto
potencial para a aquacultura, em vários sistemas de criação.
A abundância das tilápias no rio Umbelúzi está aliada ao facto de ocorrerem em climas tropicais,
ocuparem vários habitats como rios, lagos, canais de irrigação (LART & GREEN, 2011),
aceitarem uma variedade de alimentos, alimentarem-se dos itens básicos da cadeia trófica
(NOGUEIRA, 2007), serem bastante resistentes a doenças virais, bacterianas e parasitárias
(POPMA & MASSER, 1999; NOGUEIRA, 2007), tolerarem baixa qualidade de água, altos
níveis de variação de salinidade, altas temperaturas aquáticas, pouco nível de oxigénio dissolvido
e altas concentrações de amónia (POPMA & MASSER, 1999; LART & GREEN, 2011), estes
atributos contribuem significativamente para o sucesso das tilápias nos ambientes onde se
encontram.
A Oreochromis niloticus foi a espécie mais abundante de todas as espécies. Ela é invasiva nos
rios Moçambicanos (SKELTON, 2003), em todos ambientes onde ela se encontra facilmente
adapta-se competindo com as espécies nativas. No oriente africano ela contribuiu para a extinção
de cerca de 200 espécies (DARWALL et al, 2005), fenómenos como o sucedido ocorrem porque
espécies exóticas tem capacidade de competir com as nativas ou modificar a ecologia local
(TIMBERLAKE, 2000).
Segundo MARSHAL 1994 citado por BUQUE (2007), em muitos lagos africanos como Kainji,
Victoria, Kariba, Kafue, Limpopo que recebem a espécie Oreochromis niloticus houve mudanças
na estrutura ecológica local, e ela passou a ser a espécie mais pescada e as tilapias nativas
passaram a ser menos pescadas. Segundo BUQUE (2007), o desaparecimento das mesmas pode
estar relacionado com a competição entre elas pode estar relacionado com a competição por
alimento, áreas de reprodução, habitat entre outros.
No estudo feito na Albufeira de Massingir o comprimento das três espécies mais capturadas
(Oreochromis mossambicus, Oreochromis niloticus e Tilapia rendalli) variou de 13 a 44cm. O
comprimento médio da Oreochromis mossambicus foi de 29,3cm (Sd = 7,3), de Oreochromis
niloticus foi de 24cm (Sd = 4,3) e de Tilapia rendalli foi de 20,4 (Sd = 3,2) (IIP, 2009), estes
valores foram relativamente elevados comparando com os obtidos no presente estudo.
Os menores tamanhos e pesos registados no rio Umbelúzi, podem estar relacionados com os
tamanhos de algumas malhas (2,1/4; 2,5 e 3 polegadas) que são usadas para a captura das
espécies, são malhas pequenas e que não são recomendadas para a efectivação da actividade
pesqueira porque não são selectivas, arrastando no acto da pesca peixes juvenis
maioritariamente. No estudo feito por BUQUE (2007), na Albufeira de Cahora Bassa 84,5% dos
indivíduos capturados da espécie Oreochromis niloticus tiveram tamanhos compreendidos entre
30cm a 50cm, que são tamanho de indivíduos adultos desta espécie, tendo se usado para o estudo
redes com malhas de 4 a 6 polegadas, comparando com o presente estudo o tamanho máximo da
Oreochromis niloticus obtido foi 27,1cm, o que leva a concluir que no rio Umbelúzi pescam-se
peixes pequenos.
A Ambassis natalensis ocorre nos estuários, ao longo da costa desde África do sul até a zona
central de Moçambique, Madagáscar e Maurícias (ANDERSON & HEEMSTRA, 2003). A
jusante localiza-se próximo do estuário, SKELTON (2003) afirma que espécies dos estuários
podem tolerar a variação da salinidade. Segundo o mesmo autor Ciclideos como Oreochromis
mossambicus, suportam uma grande variação de níveis de salinidade o mesmo verifica-se com
Ambassis natalensis, o que justifica a sua ocorrência nestes ambientes. Gobideos como
Glassogobius giurius podem ser encontrados em estuários (SKELTON, 2003 e ROBERTS,
1978) em lugares calmos com águas escuras, estas características verificam-se no centro de
Mazambanine. Os Mugilis (Mugilidae) como Lisa macrolepis passam parte do seu ciclo de vida
no rio e no estuário (SKELTON, 2003), esta espécie está distribuída desde a costa da África do
Sul, Kwazulu-Natal até Moçambique e é muito abundante em Moçambique. Estas características
justificam a ocorrência destas espécies na jusante da barragem do rio Umbelúzi.
(LINDER, 1997), o mesmo autor afirma que membros da família Bagridae podem ser
encontrados em toda África, Ásia e Médio Oriente. O mesmo ocorre com os membros da família
Schilbeidae, eles encontram-se distribuídos em muitos rios e lagos africanos (AYOADE,
FAGADE & ADEBISI, 2008).
As características da região com a temperatura média que varia entre 20 a 25ºC favorecem o
desenvolvimento destas espécies.
A Clarias gariepinus é uma espécie que habita em rios, lagos, pântanos, nas regiões de mangal,
estuários, mas também pode viver em águas salobras, correntes, e até em locais inundados
(ANONIMO, 2011; DE GRAAF & JANSSEN, 1996), estes aspectos justificam a ocorrência
destas espécies neste local.
6. Conclusão
Dos dados obtidos no presente estudo foi possível concluir que:
Nos três centros de pesca do rio Umbelúzi (Mazambanine, BPL e Mahanhane) foram
identificadas 12 espécies de peixe pertencentes a 10 famílias, as quais foram identificas em
estudos similares em rios e lagos da zona sul de Moçambique;
As espécies menos abundantes foram Ambassis natalensis, Labeo rudi e Lisa macrolepis;
Os maiores comprimentos e pesos máximos das espécies do rio foram obtidos no centro de
Mazambanine;
7. Limitações e Recomendações
7.1. Limitações
Foi difícil a aquisição dos peixes no centro de Mazambanine, porque os pescadores são
nómadas e colocavam barreiras por vezes.
7.2. Recomendações
Na perspectiva de melhor caracterizar a ictiofauna do rio Umbelúzi, suas interacções tróficas e o
estado de conservação, devem se fazer estudos sobre:
Relação entre as acções antropogénicas e a conservação da ictiofáuna local;
Estudos sobre a diversidade da ictiofauna em diferentes estações do ano e em mais centros de
pesca, nos quais poderão se identificar mais espécies;
Estudos que abordam o impacto (negativo e positivo) da Barragem dos Pequenos Libombos
para a actual distribuição das espécies;
Estudos que expliquem o impacto da introdução de espécies exóticas no ecossistema do rio
Umbelúzi; e
Estudos que determinem a relação entre os tamanhos de peixes capturados e as malhas das
redes usadas pelos pescadores.
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publicado em 2010 e capturado em 06 de Dezembro de 2010.
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capturado em Junho de 2011.
Anexos
Anexo 1
1
2
Legenda
1 – Mahanhane
2 – BPL
3 – Mazambanine
3
Anexo 2
Dados do Pescado
Anexo 3
Anexo 4
Anexo 5
900
800
700
600
500
BPL Min
400
300 BPL Max
200 Mahanhane Min
100
Mahanhane Max
0
Mazambanine Min
Mazambanine Max
Anexo 6
40
35
30
25
20 BPL Min
15
BPL Max
10
5 Mahanhane Min
0 Mahanhane Max
Mazambanine Min
Mazambanine Max
Anexo 7
Espécies p P C=(p/P)*100
Ambassis natalensis 1 3 33,33
Bagrus meridionalis 2 3 66,67
Brycinus imberi 1 3 33,33
Clarias gariepinus 2 3 66,67
Glassogobius giurius 1 3 33,33
Labeo rudi 1 3 33,33
Lisa macrolepis 1 3 33,33
Oreochromis mossambicus 3 3 100,00
Oreochromis niloticus 3 3 100,00
Shielbe intermedius 2 3 66,67
Synodontis zambensis 2 3 66,67
Tilapia rendalli 2 3 66,67
NB: As espécies são consideradas constantes quando apresentaram C ≥ 50, acessórias quando 25
≤ C < 50 e ocasionais quando C < 25.
120,00
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
Anexo 8
Anexo 9
Índice de dominância das espécies mais capturadas por centro de pesca e de todos os centros de
pesca, calculado segundo a fórmula
Dominância Dominância
Dominância total Mahanhane Dominância BPL Mazambanine
0,69* 0,71 0,81 0,42
Anexo 10
[$DataSet]
Between-Subjects Factors
Mahanhane 164
Mazambanine 73
Espécie Ambassis natalensis 1
Bagrus meridionalis 5
Brycinus imberi 2
Clarias gariepinus 4
Glassogobius giurius 2
Labeo rudi 1
Lisa macrolepis 1
Oreochromis 56
mossambicus
Shielbe intermedius 6
Synodontis zambensis 5
Tilapia rendalli 33
Local
Multiple Comparisons
Comprimento
LSD
Anexo 11
[$DataSet]
Between-Subjects Factors
Mahanhane 164
Mazambanine 73
Espécie Ambassis natalensis 1
Bagrus meridionalis 5
Brycinus imberi 2
Clarias gariepinus 4
Glassogobius giurius 2
Labeo rudi 1
Lisa macrolepis 1
Oreochromis 56
mossambicus
Synodontis zambensis 5
Tilapia rendalli 33
Local
Multiple Comparisons
Peso
LSD