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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÓMICAS

Maneio integrado de pragas na cultura de couve Tronchuda

Bernardino Bernardo Sidónio Mazive

Cuamba, Junho de 2023


MANEIO INTEGRADO DE PRAGAS NA CULTURA DE COUVE TRONCHUDA

BERNARDINO BERNARDO SIDÓNIO MAZIVE

O presente trabalho é submetido a


Universidade Católica de Moçambique
,Faculdade de Ciências Agronómicas de
Cuamba como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestrado em Solos e
Agricultura Sustentável.

Supervisor: Dr. António Chamuene

Cuamba, Junho de 2023


Índice
I. Introdução .......................................................................................................................................................... 2
1.1. Maneio Integrado de Pragas .......................................................................................................................... 3
1.2. Cultura de Couve............................................................................................................................................ 3
1.2.1. Origem da cultura ....................................................................................................................................... 3
1.2.2. Taxonomia da cultura.................................................................................................................................. 4
1.2.3. Produção da couve em Moçambique e no Mundo .................................................................................... 4
1.2.4. Utilização e Composição da Cultura .......................................................................................................... 4
1.3. Necessidade e importância do MIP na cultura de Couve ............................................................................ 5
1.4. Objectivos de MIP na cultura de Couve ....................................................................................................... 5
2. Avaliação do Agro-ecossistema (Diagnose) ...................................................................................................... 6
2.1. Pragas chaves .................................................................................................................................................. 6
Traça-da-couve Plutella xylostella L. (Lepidoptera: Yponomeutidae) .............................................................. 6
1.Características .................................................................................................................................................... 6
2.Sintomas .............................................................................................................................................................. 6
3.Biologia ................................................................................................................................................................ 6
b. Afídios-da-couve Brevicoryne brassicae L. e Lipaphis erysimi Kalten. (Homoptera: Aphididae) ............. 7
1.Características .................................................................................................................................................... 7
2.Sintomas .............................................................................................................................................................. 7
Percevejo-da-couve Bagrada hilaris (Hemíptera: Pentatomidae) ..................................................................... 7
1.Características .................................................................................................................................................... 7
2.Sintomas .............................................................................................................................................................. 7
e. Lagartas-da-couve ............................................................................................................................................. 7
Crocidolomia binotalis (Lepidoptera: Pyralidade) ............................................................................................. 7
1.Características .................................................................................................................................................... 8
2.Sintomas .............................................................................................................................................................. 8
2.2.4 Traça-da-couve (Plutella xylostella L.) ....................................................................................................... 8
1. Origem e Distribuição ....................................................................................................................................... 8
Biologia ................................................................................................................................................................... 8
a. Ovo ...................................................................................................................................................................... 8
b. Larva .................................................................................................................................................................. 9
c. Pupa .................................................................................................................................................................... 9
Adulto ..................................................................................................................................................................... 9
Ciclo de Vida .......................................................................................................................................................... 9
f. Danos ................................................................................................................................................................. 10
2.2. Pragas secundarias ....................................................................................................................................... 10
2.3. Inimigos naturais .......................................................................................................................................... 10
Predadores............................................................................................................................................................ 11
Joaninhas.............................................................................................................................................................. 11
Sirfídeos ................................................................................................................................................................ 12
Louva-a-deus........................................................................................................................................................ 12
Percevejos predadores ......................................................................................................................................... 12
3. Tomada de decisão ........................................................................................................................................... 13
3.1 Amostragem ................................................................................................................................................... 13
3.2. Índices de Tomada de decisão ...................................................................................................................... 13
4. Estratégias de Maneio ..................................................................................................................................... 14
5. Táticas ou Métodos de Maneio de .................................................................................................................. 14
Lagartas – Plutella xylostella, Ascia monuste orseis, Trichoplusia ni e Agrotis ipsilon ................................. 14
Pulgões – Breviroryne brassicae, Myzus persicae e Lipaphis erysimi ............................................................ 15
Uso de plantas resistentes.................................................................................................................................... 15
Métodos culturais ................................................................................................................................................ 16
6. CONCLUSÃO ................................................................................................................................................. 17
Resumo

A produção da cultura de couve em Moçambique é feita pêlo sector familiar nas baixas ou
sistemas de Regadios com Objectivo de consumo e venda em mercados locais. Brássica
oleácea, é de extrema importância para os produtores de baixa escala, por ser fonte de renda e
nutrição e por fazer com que os agricultores permaneçam financeiramente viáveis
especialmente na agricultura periurbana ao longo de todo tempo do ano. (Haber 2015).

A FAO define o MIP como: “Um sistema que, no contexto do ambiente associado e a dinâmica
da população de espécies de pragas, utiliza todas as técnicas adequadas da maneira mais
compatível possível, e mantém a população de praga a um nível abaixo daquele que causa
dano económico”.

A espécie Brássica olerácea L. é extremamente polimórfica. Admite-se que o antepassado das


actuais brássicas hortícolas seja originário das zonas costeiras da Europa temperada e
mediterrânica e distribuída actualmente em muitas regiões tropicais e subtropicais (Almeida,
2006). O mesmo autor, admite que a couve-tronchuda, resultou provavelmente da hibridação
entre formas de couves de repolho e formas de couves de folhas e foi seleccionado na Península
Ibérica.

1
TEMA: MANEIO INTEGRADO DE PRAGAS NA CULTURA DE COUVE
TRONCHUDA

I. INTRODUÇÃO

A produção da cultura de couve em Moçambique é feita pêlo sector familiar nas baixas ou
sistemas de Regadios com Objectivo de consumo e venda em mercados locais. Brássica
oleácea, é de extrema importância para os produtores de baixa escala, por ser fonte de renda e
nutrição e por fazer com que os agricultores permaneçam financeiramente viáveis
especialmente na agricultura periurbana ao longo de todo tempo do ano. (Haber 2015).

A traça da Couve, (Plutella xylostella. L), é considerada como principal praga desta cultura.
Um total de 1 bilhão de dólares por ano estimam-se ser necessários para a sua monitoria a nível
mundial (Talekar e Shelton, 1993). Os danos são causados por uma lagarta verde-clara com a
cabeça de cor parda cujo tamanho do corpo varia entre 7 a 10 mm de comprimento (Carneiro,
1983).

Em Africa, os agricultores dependem quase inteiramente no uso de pesticidas – muitas vezes


aplicados na base de calendário – para o controlo de pragas. O controlo destas pragas esta se
tornando cada vez mais difícil, economicamente insustentável e danoso ao meio ambiente.
Pragas importantes tais como a traça da couve, desenvolveram resistência a um grupo muito
grande de pesticidas comumente usados. Ademais, a incidência da virose do mosaico, que e
transmitida por afídeos, aumentou nos últimos anos na Africa oriental. Como resultado, muitos
agricultores começaram a fazer mistura de vários pesticidas e aumentaram a frequência de
aplicação. (Cardoso, 2010).

Este facto levou ao aumento do nível de contaminação do ambiente dos campos de produção;
altos níveis de resíduos de pesticidas nos produtos; riscos de saúde dos trabalhadores do campo
e dos consumidores; e aumento dos custos de produção. Há, no entanto, uma necessidade
urgente opções alternativas de controlo, de forma a reduzir a dependência aos pesticidas
sintéticos. Vários países da Asia desenvolveram e implementaram estratégias do Maneio
Integrado de Pragas (MIP) baseado no controlo biológico da traça da couve e afídeos da couve.

Com o aumento que se tem destacado de produção de Couve Tronchuda em Moçambique, A


Traça da Couve constitui um dos problemas principais para os Agricultores Em

2
Moçambiquetida como uma das alternativas de disponibilizar o alimento em todas épocas do
ano (Caniço et al, 2013).

1.1. Maneio Integrado de Pragas

A FAO define o MIP como: “Um sistema que, no contexto do ambiente associado e a dinâmica
da população de espécies de pragas, utiliza todas as técnicas adequadas da maneira mais
compatível possível, e mantém a população de praga a um nível abaixo daquele que causa
dano económico”. A definição implica que o MIP e uma estratégia de maneio de pragas que
focaliza a prevenção e supressão de problemas de pragas a longo termo através da combinação
de técnicas tais como o controlo biológico, uso de variedades resistentes ou tolerantes, e
adopção de práticas culturais para tornar o habitat pouco conducente ao desenvolvimento de
pragas e doenças. Basicamente, isto significa que integramos tantos métodos quantos forem
possíveis para minimizar os problemas causados por pragas artrópodes, nemátodos, doenças e
infestantes.
Estes métodos incluem o controlo cultural, mecânico, físico, ambiental, pesticidas (bio
pesticidas e moléculas sintéticas) e controlo biológico (inimigos naturais de pragas).

O MIP não proíbe o uso de pesticidas. Porem, advoga o uso de pesticidas apenas quando for
absolutamente necessário e na base da informação de monitoria. Os benefícios do uso reduzido
de pesticidas apenas quando for necessário são: (Cardoso, 2010).
➢ Custos de produção reduzidos
➢ Risco reduzido de exposição a produtos tóxicos por parte dos trabalhadores
➢ Risco reduzido de resíduos de pesticidas nos produtos
➢ Risco reduzido de contaminação/poluição ambiental
➢ Risco reduzido de matar insectos benéficos tais como os polinizadores, inimigos
naturais, e organismos aquáticos tais como os peixes
➢ Risco reduzido de ocorrência de resistência aos pesticidas e ressurgimento de pragas

1.2. Cultura de Couve

1.2.1. Origem da cultura

A espécie Brássica olerácea L. é extremamente polimórfica. Admite-se que o antepassado das


actuais brássicas hortícolas seja originário das zonas costeiras da Europa temperada e
mediterrânica e distribuída actualmente em muitas regiões tropicais e subtropicais (Almeida,
3
2006). O mesmo autor, admite que a couve-tronchuda, resultou provavelmente da hibridação
entre formas de couves de repolho e formas de couves de folhas e foi seleccionado na Península
Ibérica.

De acordo com Tindall (1993) citado por Leão (2006), a couve é cultivada no Este e Oeste de
África, Sudeste da Ásia, incluindo Sul da China, Indonésia e Malásia, Oeste da Índia e muitas
áreas tropicais onde é tratado e propagado.

A couve tronchuda foi domesticada a cerca de 5000 anos e agora é cultivada em todo o mundo,
embora nos trópicos o seu cultivo seja maioritariamente restrito a elevações. Provavelmente é
a primeira cultura das couves a ser praticada e o mais importante vegetal de folhas nas terras
do Quénia e países vizinhos.

1.2.2. Taxonomia da cultura

O género Brássica encontra-se na tribo Brassiceae da família Brassicaceae. Sob a designação


genérica de couves de folhas consideram-se duas variedades botânicas da espécie (Almeida,
2006):
1. Brassica oleracea var. acepala DC., onde se inclui a couve-galega, também cultivares de
couves ornamentais e de couves forrageiras.
2. Brassica oleracea var. costata DC (sin. B. oleracea var. tronchuda L.H. Bailey), a que
pertencem as cultivares de couve-tronchuda, também designada por couve-penca ou couve-
portuguesa. (Carvalho, 2004).

1.2.3. Produção da couve em Moçambique e no Mundo

As couves são uma das principais culturas hortícolas a nível mundial. O leste de Europa (Rússia,
Polónia, Ucrânia, Roménia), o Leste da Asia (China, Japão, e Coreia do Sul) e os EUA são
importantes produtores de couves (Almeida, 2006).

1.2.4. Utilização e Composição da Cultura

Em relação às couves de repolho, as couves de folhas tendem a ter maior teor de clorofila e
carotenoides, sendo mais ricas em provitamina A vitamina C, B1, B2, ferro, magnésio, potássio
e em cálcio de elevada biodisponibilidade (Almeida, 2006; Rau, s/d). É ainda rica em proteína
de elevado valor biológico, com uma quantidade importante dos aminoácidos que contêm
enxofre, metionina e cisteína (Moreira, 2014).
4
Do ponto de vista “funcional”, o consumo de couves é importante por prevenir a incidência de
certos tipos de cancro, devido à presença nas plantas de glucosinolatos, metabolitos secundários
que, para além de determinarem o aroma característico destas plantas, previnem a iniciação
daquela doença (Moreira, 2014).

1.3. Necessidade e importância do MIP na cultura de Couve

O Maneio Integrado de Pragas (MIP) na cultura de Couve constitui um plano de medidas


voltadas para diminuir o uso de agrotóxicos na produção convencional, buscando promover o
equilíbrio nas plantas e monitorar as pragas evitando, ao máximo, o uso desses produtos no
sistema. Assim, existe uma necessidade em se utilizar agrotóxicos apenas quando a população
dos organismos que causam problemas nas plantações atingir um nível de dano econômico (em
que as perdas de produção gerem prejuízos econômicos significativos), diminuindo a
contaminação do ambiente.

O manejo integrado de pragas é importante porque:

➢ Controla pragas da lavoura;


➢ Mantém a biodiversidade do agroecossistema;
➢ Preserva inimigos naturais;
➢ Otimiza a utilização de inseticidas químicos;
➢ Diminui o impacto ambiental;
➢ Preserva a biotecnologia no campo;
➢ Reduz perdas da lavoura;
➢ Aumenta a produtividade.

1.4. Objectivos de MIP na cultura de Couve

O objetivo do maneio integrado de pragas na cultura de Couve é minimizar danos e controlar


os níveis aceitáveis de infestação em vez de erradicar todas as populações indesejadas.
Anteriormente, o maneio integrado de pragas dependia principalmente de pesticidas sintéticos.
No entanto, os produtos químicos prejudicam fortemente as pessoas e a natureza, bem como
desenvolvem resistência em organismos-alvo Por isso, é importante entender quais medidas são
justificadas em cada caso e usar as agressivas somente quando outras técnicas de manejo
integrado não funcionam. (Carvalho, 2004).

5
2. Avaliação do Agro-ecossistema (Diagnose)

2.1. Pragas chaves

As pragas que comprometem a produção de brócolis e couve-flor interferem também nos


aspectos relacionados à qualidade desses produtos. “Independentemente do sistema de
produção adotado, vários insetos e moluscos utilizam os brócolis e a couve-flor como planta
hospedeira, desde a fase de produção de mudas em viveiro até a colheita

A traça-das-crucíferas, os pulgões e a largarta-falsa-medideira enquadram-se entre as principais


pragas encontradas nas lavouras de brócolis e couve-flor, visto que ocorrem na maioria das
regiões produtoras dessas hortaliças e, frequentemente, provocam danos econômicos que
exigem adoção criteriosa e integrada de medidas de controle.

Traça-da-couve Plutella xylostella L. (Lepidoptera: Yponomeutidae)

1.Características

Em Moçambique, as traças encontram-se distribuídas em quase todo País. Os adultos,


facilmente são visíveis quando se agitam as plantas muito atacadas. São pequenas traças de 7-
8 mm, de côr castanho-prateada. As lagartas têm 12 mm quando atingem o comprimento
máximo e são de côr verde-clara. (Carvalho, 2004).

2.Sintomas

As lagartas permanecem, de preferência, na página inferior das folhas, onde fazem pequenos
furos de 2-10 mm de diâmetro. As pupas fixam-se nas folhas dentro de um invólucro de seda
solta. (Carvalho, 2004).

3.Biologia

O ciclo de vida dura entre 25 e 50 dias e depende muito da temperatura. Podem desenvolver-se
várias gerações numa cultura se não forem combatidas. As fêmeas põem nas folhas 50-150 ovos
isoladamente ou em pequenos grupos.

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b. Afídios-da-couve Brevicoryne brassicae L. e Lipaphis erysimi Kalten. (Homoptera:
Aphididae)

1.Características

Os afídios são pequenos insectos redondos de 1-2mm, com a côr verde (L. erysimi) ou verde-
acinzentada e, às vezes, cobertos por substância cerosa branca (B. brassicae). Vivem agrupados
em ambos os lados da folha. Em Moçambique, os afídios encontram-se distribuídos em todo
País.

2.Sintomas

As plantas gravemente afectadas murcham.

Percevejo-da-couve Bagrada hilaris (Hemíptera: Pentatomidae)

1.Características

O adulto é um percevejo de 5-7 mm de comprimento, de forma oval, de côr preta, com manchas
vermelho-claras. Tem aparelho bucal sugador. As ninfas têm 3-5 mm de comprimento, são
redondas e de côr preta. (Carvalho, 2004).

Em Moçambique, os percevejos encontram-se distribuídas em todo País.

2.Sintomas

Tanto as ninfas como os adultos são encontrados nas folhas ou no solo por baixo das plantas.
Sugam a seiva das folhas, murchando-as. As plântulas nos viveiros ficam deformadas, murcham
e morrem. (Carvalho, 2004).

Biologia

Os ovos, de côr laranja, são postos em pequenos grupos nas folhas ou no solo. O crescimento
das ninfas leva 2 a 3 semanas, e os adultos também 2 e 3 semanas. (Carvalho, 2004).

e. Lagartas-da-couve

Crocidolomia binotalis (Lepidoptera: Pyralidade)

Athalia flacca (Hymenoptera: Noctuidade)

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Spodoptora littoralis (Lepidoptera: Noctuidade)

1.Características

As lagartas têm 20-40 mm, são de côr verde-escura com listras claras e cabeças de côr castanho
clara (C. binotalis), ou com pontos pretos em cada segmento (S. littorallis). As larvas de A.
flacca têm 10-20 mm, são verde-escuras e têm 8 pares de patas abdominais.

Em Moçambique, as lagartas encontram-se distribuídas em todo País.

2.Sintomas

As folhas são totalmente roídas e cobertas por teias com os excrementos das lagartas (C.
binotalis) que vivem agrupadas e destroem toda cabeça do repolho. As lagartas de S. littorallis
vivem isoladamente, ou em pequenos grupos, provocando furos nas folhas.

As larvas-do-vespão (A. flacca) vivem em grupos nas folhas novas, onde provocam grandes
estragos, deixando apenas as nervuras principais.

2.2.4 Traça-da-couve (Plutella xylostella L.)

1. Origem e Distribuição

A traça-da-couve provavelmente é de origem europeia mas actualmente é encontrado ao longo


das Américas, Sudeste da Ásia, Austrália, e Nova Zelândia. Foi observada pela primeira vez na
América do norte em 1854, em Illinois, tendo-se disseminado para a Flórida e Montanhas
Rochosas antes de 1883, e foi relatada na Colômbia Britânica antes de 1905. Na América do
Norte, a traça-da-couve é registada em todos locais que possuem Brássicas (Capinera, 2012).

Biologia

a. Ovo

Os ovos da traça-da-couve são ovais e aplanados, e medem 0.44 mm de comprimento e 0.26


mm de largura. Possuem a côr verde-amarelada ou pálida, e são depositados isoladamente ou
em pequenos grupos de dois a oito ovos em depressões na superfície da folha, ou
ocasionalmente em outras partes de planta. As fêmeas podem depositar 250 a 300 ovos, mas a
produção comum dos ovos provavelmente é de 150 ovos. O tempo de desenvolvimento calcula-
se que seja em média 5-6 dias (Capinera, 2012).
8
b. Larva

A larva da traça-de-couve tem quatro instares. Em média o tempo de desenvolvimento e


aproximadamente: 1º estágio - 4,5mm (3-7), 2º estágio – 4mm (2-7), 3º estágio – 4mm (2-8), e
4º estágio – 5mm (2-10) dias, respectivamente (Capinera, 2012).

Ao longo do seu desenvolvimento, as larvas permanecem bastante pequenas e activas. O


comprimento global de cada instar raramente excede 1.7, 3.5, 7.0, e 11.2 mm, respectivamente,
para instars 1 a 4. As larvas são incolores no primeiro instar, mas depois são de côr verde
podendo medir 12 mm de comprimento (Capinera, 2012).

Estas lagartas alimentam-se das folhas, fazendo pequenos furos de 2-10 mm de diâmetro. Ficam
de preferência na página inferior das folhas protegidas por uma leve tela de seda. As larvas ao
fim do seu desenvolvimento fixam-se nas folhas dentro de um invólucro de seda solto e
transformam-se em pupas dentro deste casulo (Massimo, 2006).

c. Pupa

A Pupa desenvolve-se em um casulo de seda solta, normalmente formado nas mais baixas ou
exteriores folhas. Em couve-flor e brócolos, as pupas podem desenvolver no flósculo. A pupa
mede cerca de 7 a 9 mm em comprimento. A duração do casulo calcula-se em média aproximada
de 8,5 dias num intervalo que pode variar de 5 a 15 dias e o período pupal dura 5-10 dias
(Capinera, 2012).

Adulto

O adulto é uma traça pequena, esbelta, cinzenta-marrom com antena pronunciada, asas
anteriores que têm 3 linhas claras triangulares ao longo da margem interna podendo medir
aproximadamente 6 mm de comprimento, e marcado com uma nata larga ou faixa de marrom
clara ao longo da parte de trás. A faixa às vezes é constringida para formar um ou mais
diamantes com luz-colorida na parte de trás que é a base para o nome comum deste insecto.
Quando observado de lado, podem ser vistas as gorjetas das asas que ficam na face superior
ligeiramente (Capinera, 2012).

Ciclo de Vida

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Figura 1: Ciclo de vida da Plutella xylostella L

Fonte: Vacari (2009)

Os machos adultos e fêmeas vivem 12 a 16 dias, respectivamente, onde as fêmeas depositam


ovos durante aproximadamente 10 dias. As traças voam dentro de 2 m do chão, e não voando
distâncias longas. Porém, elas são levadas facilmente pelo vento (Capinera, 2012).

f. Danos

Os danos na planta são causados através da alimentação larval. Embora as larvas são muito
pequenas, elas podem ser bastante numerosos, resultando em remoção completa do tecido
folhar com excepção das veias da folha. Também danifica particularmente as mudas, e pode
romper

2.2. Pragas secundarias

São aquelas que raramente atingem o nível de controle.

Entre as pragas secundárias de Couve tronchuda, que são aquelas que ocasionalmente provocam
prejuízos em áreas localizadas e em período restrito, estão: mosca-branca, curuquerê-da-couve,
formiga-cortadeira, grilo, broca-da-couve, tripes, vaquinha, lesma, caracóis, e algumas espécies
de lagartas como a Helicoverpa.

2.3. Inimigos naturais

Os inimigos naturais (organismos vivos que andam nas culturas e antagonistas que

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atacam os patogenos) estao geralmente presentes nos campos de brassicas e incluem

predadores, parasitoides e patogenos.

Predadores

Os predadores muitas vezes alimentam-se de varios estagios do hospedeiro (praga): ovos,


larvas, pupas e adultos. Para atingir a maturidade, cada predador requer um determinado
numero de individuos da presa. Os principais predadores incluem:

Joaninhas

Figura 1. (a) (b) (c) (d)


(a) Joaninha adulta
(b) Ovos de Joaninha
(c) Larva de Joaninha
(d) Pupa de Joaninha
Joaninhas adultas sao pequenas, de forma oval a quase esferica, com antenas curtas. Geralmente
sao coloridas com pintas pretas. Os ovos sao alongados, geralmente de cor amarela a laranja.
Sao geralmente depositados em grupos perto das colonias de afideos. As larvas sao de corpo
mole e geralmente compridas e achatadas. A cor das joaninhas varia de preto a castanho escuro
com varios tipos de marcas. Os adultos e as larvas da maioria das joaninhas sao importantes
predadores de afideos, chochonilhas e acaros. Entretanto, eles sao mais abundantes quando a
populacao da presa e elevada, altura em que a cultura ja esta danificada. Varias especies de
Cheilomenes e Hippodamia sao comumente encontrados em plantas de quiabo infestadas por
afideos. (Filgueira, 2008).

Nota: Há várias especies de joaninhas que se alimentam de plantas (particularmente as da


subfamília Epilachninae). Tanto adultos como larvas alimentam-se de folhas e frutos, e podem
ser pragas de culturas como o tomate, batata e cucurbitáceas.

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Sirfídeos

Figura 2. (a) (b) (c) (d)


(a) Sirfídeo adulto
(b) Ovos de Sirfídeo
(c) Larva de Sirfídeo
(d) Pupa de Sirfídeo
Adultos de sirfideos sao geralmente coloridos com bandas amarelo-acastanhadas ou pretas. Os
ovos sao brancos, cilindricos e com 1-2 mm de comprimento. As larvas sao geralmente
esverdeadas ou acastanhadas com uma a tres bandas brancas ao longo do corpo. Eles se
assemelham a vermes e sao muitas vezes confundidos com lagartas, porem, eles nao tem cabeca
ou patas distintas como as lagartas. As pupas apresentam a forma de pera e podem ser verdes
ou castanhas. Os adultos alimentam-se de nectar de plantas com flor e podem ser vistos
sobrevoando as flores. As larvas se alimentam de afideos e de pequenas lagartas. (Filgueira,
2008).

Louva-a-deus

As ninfas e os adultos possuem patas dianteiras tipicas que lembram a posicao de adoracao ―

dai o seu nome comum ― que sao usadas para capturar as presas. As ninfas sao semelhantes
aos adultos mas sao pequenas e inicialmente sem asas. As asas desenvolvem-se gradualmente
com a idade da ninfa. Os ovos sao depositados num saco contendo espuma endurecida. Tanto
ninfas como adultos alimentam-se de lagartas, moscas, grilos.

Percevejos predadores

O principal grupo de percevejos predadores inclui percevejos anthocorid, percevejos nabid e


percevejos assassinos. Outras familias de percevejos incluem os fitofagos como percevejos
lygaeid, percevejos mirid e percevejo escudo tambem contem especies predadoras. As ninfas
dos percevejos sao semelhantes aos adultos quanto a forma, mas sao mais pequenas e variam
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de cor. As ninfas jovens nao possuem asas, mas as asas vao se desenvolvendo gradualmente e
podem ser vistas com o desenvolvimento das ninfas. Os percevejos Anthocorid, ou percevejos
piratas, sao insectos minusculos (ate 2-3 mm de comprimento). As ninfas sao castanhas, pretas
ou alaranjadas, enquanto que os adultos sao pretos com bandas brancas e pretas nas suas asas.
Os adultos e ninfas de Orius e Anthocoris spp. sao predadores importantes de trips, acaros,
afideos, ovos de insectos e pequenas lagartas. (Filgueira, 2008).

Figura 3. (a) Percevejo Anthocorid (b) Ninfa de percevejo anthocorid (c) Percevejo
assassino

3. Tomada de decisão

3.1 Amostragem

A mostragem é realizada para verificar-se o nível das populações de pragas e dos inimigos
naturais nas lavouras. A amostragem deve ser representativa da realidade, barata, rápida (deve-
se gastar no máximo uma hora/talhão), de fácil obtenção (o agricultor deve executá-la
facilmente) e barata (não deve representar aumento significativo no custo de produção). Para
geração de planos de amostragem é necessário estudos intensos em campos de cultivo (lavouras
comerciais) para se obter a forma mais adequada de amostragem. Existem dois tipos de planos
de amostragem: os convencionais e os seqüenciais. (Filgueira, 2008).

3.2. Índices de Tomada de decisão

Deve-se tomar decisões de controle artificial quando: a população da praga é alta (acima do
nível de dado ou do nível de controle) e a população dos inimigos naturais é baixa (abaixo do
nível de mão acção). (Bento, 2007).

Uma vez inspecionado o campo, o agricultor deve decidir o que fazer para optimizar a
producao. Para tomar uma decisao valida e informada, o agricultor deve considerar o seguinte:

➢ Condições de tempo prevalecentes


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➢ Estágio de crescimento da cultura
➢ Rendimento potencial
➢ Estágio da praga ou doença
➢ Danos da praga ou doença
➢ Registos anteriores do campo
➢ Resultados das intervenções já implementadas
➢ Presença e actividade de artrópodes benéficos tais como abelhas, joaninhas, ácaros
predadores, etc.

4. Estratégias de Maneio

5. Táticas ou Métodos de Maneio de

O sucesso de programas de manejo de pragas está associado a uma etapa de grande importância,
que diz respeito ao monitoramento sistemático dos cultivos, o qual permite detectar as
infestações das pragas desde seu início, inclusive identificando o local de entrada das pragas no
cultivo e sua densidade populacional. (Bento, 2007).

Com o intuito de facilitar a aplicação das ações de controle, visando ao manejo das diversas
espécies de pragas que atacam as brássicas, a seguir serão descritos os métodos de amostragem
ou de inspeção dos cultivos, bem como as diferentes táticas ou técnicas que podem ser utilizadas
no manejo dessas pragas. (Bento, 2007).

É importante salientar que apenas se devem utilizar agrotóxicos registrados no Ministério da


Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle dos insetos-praga de brássicas
e, somente, quando as demais táticas de controle mostrarem-se ineficientes no combate a esses
insetos. (Bento, 2007).

Lagartas – Plutella xylostella, Ascia monuste orseis, Trichoplusia ni e Agrotis ipsilon

O controle dessas lagartas, notadamente da lagarta-rosca, pode ser realizado de forma


preventiva, por meio de aração profunda (controle mecânico) na área de cultivo, de três a seis
semanas antes do plantio, contribuindo assim para diminuir sua infestação. Além disso, deve-
se manter a área livre de plantas daninhas e de restos de cultura, após a aração e plantio, mas,
também, durante toda a estação de cultivo, evitando-se o uso de cobertura morta ou restos de
capina na área. (Bento, 2007).

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Ainda preventivamente, recomenda-se utilizar mudas sadias, vigorosas e isentas de ovos e/ou
de pequenas lagartas, o que evitará uma infestação durante a fase inicial de desenvolvimento
das plantas, momento em que as plantas são mais suscetíveis à desfolha e ao broqueamento do
ponteiro. (Filho, 2002).

Deve-se, também, dar preferência para a utilização de cultivares (variedades) que apresentem
ciclo curto e melhor adaptadas a determinada época e região de cultivo, de modo a proporcionar
o escape da cultura a possíveis picos populacionais dessas pragas. Vale ressaltar, por exemplo,
que períodos com predominância de temperaturas elevadas e de estiagem prolongada são
favoráveis à ocorrência da traça-das-crucíferas e, consequentemente, a maiores perdas devido
ao ataque dessa praga. (Filho, 2002).

Pulgões – Breviroryne brassicae, Myzus persicae e Lipaphis erysimi

Alternativamente, pode-se realizar o monitoramento de adultos migrantes (alados) por meio do


emprego de cartolinas, lonas, plásticos ou etiquetas de coloração amarelo-ouro, untadas com
óleo (mineral ou vegetal) ou com cola entomológica, ou mesmo por meio do uso de armadilhas
adesivas industrializadas, as quais devem ser fixadas em estacas de madeira ou em hastes
metálicas, acima do topo das plantas (figura 4). (Filho, 2002).

Figura 4. Armadilha adesiva amarela para monitoramento dos


pulgões Breviroryne brassicae, Myzus persicae e Lipaphis erysimi.

Além disso, a utilização de armadilhas do tipo Moericke (bandeja amarela ou pintada de


amarelo, contendo água e algumas gotas de detergente), dispostas sobre o solo (Figura 8), entre
os canteiros de cultivo das brássicas, servem ao mesmo propósito, ou seja, identificar o
momento da chegada dos primeiros adultos no cultivo dessas hortaliças, bem como a como
localização dos focos de infestação. (Filho, 2002).

Uso de plantas resistentes

A escolha da variedade da cultura e uma decisao crucial dado que pode determinar se as pragas
e doencas irao tornar-se ou nao um problema serio. Algumas variedades tem resistencia natural
ao ataque de pragas e doencas. Tanto podem produzir substancias quimicas que funcionam
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como toxinas ou repelentes as pragas ou ter estruturas fisicas que desencorajam as pragas (pelos
nas folhas ou substancias pegajosas na folha ou na superficie do caule). Outras variedades
produzem substancias quimicas que suprimem os agentes causadores de doencas. (Filho, 2002).

Métodos culturais

Envolvem alteracao na maneira como se faz o cultivo ou o seu habitat para prevenir e/ou reduzir
os danos devido a pragas. (Filho, 2002).

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6. CONCLUSÃO

O número de informações disponíveis sobre a espécie ainda é relativamente pequeno. Nota-se


que, atualmente, a couve Tronchuda é uma hortaliça de grande importância para os agricultores
familiares, que, normalmente, cultivam pequenas áreas com essa espécie ao longo do ano, por
ser cultura lucrativa e exigente em mão-de-obra.

No entanto, o cultivo da espécie é bastante técnico, pois a planta necessita tratos culturais
freqüentes, e é sensível às condições climáticas, necessitando adequada escolha do material
genético a ser cultivado, visando obter um produto final de boa qualidade comercial

Limpeza das instalações constitui o meio mais eficiente de controle preventivo. A área ao redor,
instalações e os equipamentos devem ser mantidos limpos.

Os métodos devem ser selecionados com base em parâmetros técnicos (eficácia),


econômicos (maior lucro), ecotoxicológicos (preservação do ambiente e da saúde humana) e
sociológicos (adaptáveis ao usuário).

As informações sobre as principais características e sintomas e as medidas de manejo


para as pragas quarentenárias (insetos, patógenos e plantas daninhas) de importância
para a China, bem como as informações sobre os dos eventos transgênicos liberados
para uso em milho no Brasil e na China, foram reunidas nesta publicação.

Com as informações contidas no presente documento, o MAPA, por parte de seus técnicos e
colaboradores, pode acompanhar, orientar e inspecionar as empresas interessadas em
exportar milho para a China em todas as etapas de produção no campo e na pós-colheita
dos grãos, de modo a adequar o milho brasileiro aos padrões fitossanitários
estabelecidos pelo protocolo de exportação entre Brasil e China. Ressalta-se a
importância de se orientar as empresas e/ou produtores a buscar sempre a integração de
todas as boas práticas de produção sustentáveis disponíveis, incluindo aquelas
relacionadas ao controle de pragas.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, 2008. 421 p.
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