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29/05/2023 21:54 Cultivar de capim-elefante rende 30% a mais e é adotada em todas as regiões do País - Portal Embrapa

Cultivar de capim-elefante rende 30% a mais e é adotada


em todas as regiões do País

Foto: Marcos Lafalce

 
Versátil, capim pode ser usado no cocho ou na forma de silagem

Menos de três anos após seu lançamento, em outubro de 2016, a cultivar de capim-elefante BRS Capiaçu já é
cultivada em todas as regiões brasileiras e está na mira de países vizinhos da América Latina. A variedade
desenvolvida pela Embrapa Gado de Leite (MG) é versátil, pode ser usada no cocho ou na forma de silagem, e
seu rendimento é 30% superior ao de outras cultivares disponíveis no mercado, gerando cerca de 50 toneladas
de matéria seca por hectare ao ano.

A alta produtividade da nova cultivar faz jus ao nome: “Capiaçu”, que em tupi-guarani, significa “capim grande”,
podendo chegar a cinco metros de altura. Para o pesquisador Francisco Lédo, que participou do
desenvolvimento da nova cultivar, “a BRS Capiaçu é o maior lançamento da história do programa de
melhoramento de capim-elefante da Embrapa”. Ele destaca o fato de ela poder ser utilizada para silagem a um
baixo custo.

Além disso, se adapta aos


diferentes tipos de solo e tolera as
variações climáticas, diminuindo os
riscos na alimentação do rebanho.
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“A BRS Capiaçu é bastante


O que é a cultivar BRS Capiaçu?
eficiente no uso da água e é
tolerante a veranicos”, diz Lédo.  É um clone de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum) de
propagação vegetativa. Apresenta porte alto e se destaca pela alta
Essas características favorecem
produtividade e pelo valor nutritivo da forragem, quando comparada a outras
sua adoção em diferentes regiões
cultivares de capim-elefante.
do País. Caracteriza-se por apresentar touceiras densas e colmos eretos (facilitando a
colheita mecânica), folhas longas, largas e de cor verde. Possui boa tolerância
Por enquanto, a cultivar foi ao estresse hídrico, mas é susceptível às cigarrinhas das pastagens.
registrada no Ministério da É recomendada para cultivo de capineiras, visando a suplementação
Agricultura Pecuária e volumosa na forma de silagem ou picado verde.
Abastecimento (Mapa) apenas Devido ao seu elevado potencial de produção, que chega a 50 t de matéria
seca por hectare por ano, pode também ser utilizada para a produção de
para uso no bioma Mata Atlântica.
biomassa energética.
No entanto, há produtores Lançada no final de 2016, com a disponibilização das primeiras mudas aos
utilizando o capim próximo aos interessados em 2017, a cultivar despertou enorme interesse dos produtores
biomas Caatinga, Amazônia e, de todo o Brasil.
principalmente, Cerrado. A tecnologia BRS Capiaçu é voltada a todos os produtores de leite ou de
carne, que façam uso de volumoso conservado em forma de silagem ou
O chefe-adjunto de Transferência fornecido fresco. Também está sendo empregada na criação de equinos.

de Tecnologia da Embrapa Gado


de Leite, Bruno Carvalho, informa que já estão em andamento os ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU)
para que seja recomendada também para uso no Cerrado. “Há ainda demanda para que o capim seja
implantado em outros países da América Latina, com estudos avançados na República Dominicana”, revela
Carvalho.

“A alta capacidade de produção de biomassa é o principal diferencial, no meu ponto de vista”, observa o
pesquisador da Embrapa Antônio Vander Pereira, que coordenou o desenvolvimento da BRS Capiaçu. Pereira
ressalta também o elevado teor de proteína da gramínea (veja tabela abaixo).

Utilizado para cultivo de capineiras e fornecido como picado verde, o capim apresenta maior valor nutritivo,
conforme explica Mirton Morenz, outro pesquisador da instituição. “Cortado aos cinquenta dias, pode chegar a
10% de proteína bruta. Mas para a produção de silagem, é preciso que o material seja cortado com idade entre
90 e 100 dias, o que implica redução dos teores de proteína para aproximadamente 6%” (veja tabela ao lado).
“Embora apresente menor valor nutritivo quando comparada à silagem de milho, a silagem da BRS Capiaçu é
de baixo custo, sendo uma alternativa para a alimentação do rebanho leiteiro”, analisa Morenz.

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A palavra de quem usa


Há no WhatsApp um grupo de produtores que trocam informações sobre a cultivar. São 256 inscritos, número
máximo permitido pelo aplicativo. Wellington José Brandão, um dos administradores do grupo, diz que há
produtores do Rio Grande do Sul a Rondônia participando, e tem sempre gente querendo entrar nas
discussões. Brandão, junto com a esposa, Dayane Savagin, possui uma propriedade de cinco hectares em
Sengés, cidade paranaense próximo a Castro (PR), município que mais produz leite no Brasil.

Entre vacas secas e em lactação, o rebanho de Brandão é formado por 56 animais em regime de
confinamento, que produzem uma média de 500 litros de leite por dia. Os gastos com a alimentação do
rebanho giram em torno de R$ 30 mil por ano. Segundo ele, com as altas e baixas no preço do leite, fica difícil
alimentar as vacas com silagem de milho.

Para contornar o problema, pretende cultivar a BRS Capiaçu e fornecer como verde picado e na forma de
silagem. “Confiamos tanto na produção de leite que minha esposa abriu mão de trabalhar como farmacêutica
para me ajudar na propriedade”, diz Brandão, que já encomendou as primeiras mudas da nova cultivar.

Victor Hugo Ventura tem uma propriedade em Santo Antônio do Aventureiro (MG). O relevo bastante irregular
da região de montanhas, com várzeas encharcadas, dificultava a cultura do milho. Ventura, que começou na
atividade há cerca de 15 anos, tinha poucas vacas (16) e picava capim todos os dias para tratar do rebanho.
Antes de utilizar a BRS Capiaçu, ele testou algumas alternativas para aumentar a produção. Investiu em

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piquete rotacionado e comprou vacas. Mas o piquete, com cana-de-açúcar e ureia, não era suficiente e ele
sempre tinha que comprar silagem de milho para inteirar a alimentação do rebanho. Chegou a melhorar os
resultados da propriedade produzindo o capim-elefante Cameron, com o qual também fazia silagem.

Recentemente, Ventura deu uma guinada no projeto inicial, investindo em compost barn (veja aqui) e adotando
a BRS Capiaçu. Hoje, possui 120 vacas em lactação (98 delas no compost barn) produzindo, cada uma delas,
uma média de 30 litros de leite por dia em três ordenhas. Várias vacas do seu primeiro lote chegam a produzir
50 litros diários de leite. “Essa história de que silagem de capim é para vacas de pequena produção é folclore”,
afirma Ventura. O projeto dele para o ano que vem é ter 200 vacas em lactação, produzindo seis mil litros de
leite diários (500 litros/hectare/dia). Para sustentar essa produção, serão cultivados doze hectares de BRS
Capiaçu.

Segundo Ventura, a produção por hectare de milho gira em torno de 80 toneladas por ano. Com o capim
Cameron, a produção sobe para 180 toneladas anuais. “Já, com a BRS Capiaçu, é possível colher 280
toneladas a cada ano”, comemora. O custo do plantio é de R$ 3 mil por hectare e, quando bem manejada, a
lavoura chega a durar cerca de 15 anos.

A receita de Ventura para a silagem de Capiaçu:

- O ponto de corte do capim, grande responsável pela conversão da silagem em leite, é entre 90 e 100 dias.

- No preparo da silagem, são adicionados 8% de fubá. Ventura explica: “A silagem de capim costuma ser mais
úmida e o fubá contribui para reduzir essa umidade; além disso, o fubá entra na dieta como ‘grão úmido’,
melhorando a qualidade da forragem”.

- Deve ser usado inoculante para evitar a proliferação de bactérias e o material precisa ser muito bem
compactado no silo.

Foto: Marcos Lafalce

 
 

Tecnologia democrática
O pesquisador Antonio Vander Pereira explica que o
custo elevado da silagem de milho é o que a torna
inacessível a muitos produtores. Por outro lado, o custo
viável da BRS Capiaçu a faz atender grandes e
pequenos produtores. “Podemos dizer que acertamos
em cheio com a cutivar que é, no mínimo, 30% mais
produtiva do que as outras variedades e a chave do seu
sucesso é a versatilidade”, afirma Pereira.

Mas esse sucesso tem cobrado um preço: a pirataria.


Por ser de propagação vegetativa (reprodução
assexuada feita por meio do plantio de pequenas
estacas do caule da planta), o produto tem sido
pirateado com facilidade. Viveiristas não cadastrados
pela Embrapa têm anunciado o produto em sites de

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vendas online. “Em condições assim, não há certeza de


Como adquirir mudas da BRS
que o comprador está adquirindo o produto correto”,
Capiaçu
adverte o chefe de Transferência de Tecnologia da
Embrapa Gado de Leite, Bruno Carvalho. Ele ratifica que Há pessoas não autorizadas que utilizam a
a Embrapa só garante a procedência do produto por internet para vender mudas piratas da BRS
viveiristas credenciados. Veja no quadro abaixo no fim Capiaçu e o produtor corre o risco de comprar
deste texto a relação dos viveiristas credenciados pela capim de qualidade inferior. A Embrapa só
Embrapa. garante a procedência do produto quando
adquirido de viveiristas credenciados. São sete os
  viveiristas autorizados a comercializar a cultivar
no Brasil. Veja onde eles estão e o telefone para
contato:

- ES – Água Doce do Norte: (27) 9-9605-8500

- MG – Lavras (Promudas): (35) 9-9817-0001/


Pará de Minas (Agromudas): (37) 9-9997-6652 /
Teófilo Otoni (AGS): (33): 9-9110-0172

- RS – Santa Cruz do Sul (Afubra): (51) 9-9812-


4641

- SP – São José dos Campos (Mater Genética):


(12) 9-8820-6224 /  Vargem Grande do Sul
(Recando da Prainha): (19) 9-9267-0498

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