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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Agronómicas de Cuamba


Licenciatura em Administração Pública

Trabalho em individual

TEMA:
CONVOCATÓRIA

Discentes: Docente:
Olga Mónica Dr. Marcelino Fernando

Cuamba, Maio de 2022


Reforma do Sector Publico

TEMA:
Estado: Princípios da Reforma, Capacidade do Estado e Governação

Este trabalho é de carácter avaliativo da cadeira de


Reforma do Sector Publico dado pelo docente.
Cuamba, Fevereiro de 2021

Índice
Introdução..................................................................................................................................... 4

Objectivos do trabalho.................................................................................................................. 5

Objectivo Geral..............................................................................................................................5

Objectivo específico...................................................................................................................... 5

Contexto da Reforma..................................................................................................................... 5

Razões da Reforma........................................................................................................................ 6

As características da Reforma........................................................................................................7

A natureza da Reforma.................................................................................................................. 7

Estado............................................................................................................................................ 7

Governação.................................................................................................................................... 9

Boa governação na lógica do banco mundial...............................................................................10

A governação na lógica da União Europeia.................................................................................10

A governação na lógica do PNUD...............................................................................................11

A governação na lógica da NEPAD.............................................................................................11

Conclusão.................................................................................................................................... 12

Referencias Bibliográficas...........................................................................................................13

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Introdução

As reformas que a administração pública tem conhecido desde os anos 1980 e as mudanças nos
modelos de gestão pública adotados em vários países do mundo inteiro repercutem em análises
teóricas e práticas administrativas consideradas inovadoras para as formas de organização e
funcionamento da administração pública. A necessidade de se constituir uma administração
pública cada vez mais capacitada para responder às solicitações da sociedade e a prestação de
serviços públicos com maior qualidade, assim como a elevação do desempenho das instituições
do Estado se tornaram de forma rápida e intensa numa "bandeira" fundamental da teoria e da
prática da gestão pública na contemporaneidade.

As concepções da New Public Management (Nova Gestão Pública) surgidas no contexto


internacional durante a década de 1980 que, por um lado, estiveram voltadas às críticas ao
modelo do estado de bem-estar e à administração pública baseada nos princípios da
racionalidade burocrática, sugeriram novas formas de gestão, como mencionam Hughes (2010) e
Jones e Kettl (2003), promovendo dessa forma novos valores resultantes de um conjunto de
técnicas e padrões de gestão pública.
Objectivos do trabalho

Objectivo Geral

 Analisar os princípios da reforma do sector público em Moçambique

Objectivo específico
 Identificar a Natureza da Reforma do Sector Publico;
 Descrever as razoes da Reforma do Sector Publico; e
 Conhecer as Características da Reforma.

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Contexto da Reforma
O contexto da reforma global do sector público, pode ser caracterizado, nas suas vertentes
política, económica, social e institucional actual, do seguinte modo:
• A transformação do modelo de economia centralizada com base na iniciativa do Estado para
uma economia de mercado e a adopção de programas macroeconómicos de reabilitação
económica e social.
• O desenvolvimento do sistema político multipartidário implantado a partir do início da década
de noventa, com a reforma constitucional de 1990 e legislação subsequente sobre partidos
políticos, sistema eleitoral, funcionamento da Assembleia da República e participação das
comunidades.
• A implementação gradual do processo de descentralização e desconcentração da administração
do Estado, bem como a consolidação da valorização da participação dos cidadãos e dos
instrumentos de políticas de geração e melhor distribuição da riqueza.
• A reconstituição gradual do tecido social, profundamente afectado pelos anos de guerra de
desestabilização, a prossecução da superação do défice social através de programas de
desenvolvimento da área social.
• O desenvolvimento e melhoria das relações regulares entre o executivo e o parlamento,
designadamente em matéria de aprovação e controlo dos planos e orçamento do Estado.
• O desenvolvimento de um sistema de planificação e orçamento abrangendo planos e
orçamentos anual e plurianuais, assim como os vários níveis de administração, em que se passou
a aplicar uma metodologia de planificação a partir da base, com enfoque no distrito.
• A realização de reformas parciais no sector público, através da sistematização das funções do
governo aos vários níveis, na sequência das reformas económicas e das eleições de 1994 e de
1999.
• A definição e implementação de um sistema nacional de gestão de recursos humanos, de um
sistema de carreiras e remuneração da função pública, do sistema de informação de pessoal e do
sistema de formação em administração pública, bem como a regulamentação dos concursos
públicos e a actualização do estatuto geral dos funcionários do Estado. (CIRESP, 2001)
Neste contexto, erradicar a pobreza absoluta e tornar o país competitivo no processo de
globalização, em que, inevitavelmente se insere, são desafios que presentemente se impõem ao
governo.
O que se pode fazer para abraçar a causa da restruturação para melhoria da Administração dos
recursos públicos e desta forma se juntar ao inevitável processo de globalização que todos países
estão envolvidos, Moçambique esta se arrastar da sua forma. Isto porque cada país tem suas
políticas e eficiência na sua aplicabilidade, isso é que nos poe nesse caminho onde estamos, com
vários obstáculos como a instabilidade que o país enfrenta concretamente a Guerra em Cabo
Delgado e Ataques no Centro do país.
Portanto, isso tudo vem criar uma serie de desafios nesse ramo de Reforma, sem se esquecer de
mencionar aqui a Corrupção que precisa ser combatida.

Razões da Reforma
As razões de uma Reforma global do sector público são;
A necessidade de adequar o conjunto das organizações que integram o sector público para fazer
face aos desafios que se colocam ao Estado Moçambicano.
A permanente legitimação do Estado de Direito nas suas relações com a sociedade como factor
de garantia da soberania, da moçambicanidade e do progresso nacional. (CIRESP, 2001)

As características da Reforma
A Reforma tem como características essenciais:
• Alto grau de coerência entre as suas componentes, metodologias e estruturas;
• Condução estratégica da mudança fundamentada em acções de alta potencialidade de
multiplicação com impactos significativos de médio e longo prazo;
• Enraizamento numa ampla base de apoio por meio da institucionalização de mecanismos de
participação da sociedade através de processos contínuos de consulta e prestação de contas;
• Permanente busca de resultados concretos que tornem claro aos cidadãos que a Reforma,
realmente “faz a diferença”;
• Manutenção de uma abordagem selectiva pela definição de áreas prioritárias e respectiva
hierarquização;

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• Adopção de uma agenda dinâmica, sem que se alterem seus princípios básicos;
• Continuidade para além de cada período de mandato de governo;
• Ênfase na profissionalização e modernização do sector público.

A natureza da Reforma
A Reforma é o conjunto de acções de carácter transversal ou horizontal e processos de mudanças
que devem ser empreendidos para que os serviços públicos prestados nos diferentes sectores
sejam melhorados. Quem implementa as reformas são os próprios sectores.
A Reforma desejada vai para além das simples mudanças nas estruturas do Aparelho do Estado e
no fluxo de papéis. O principal desafio da reforma, refere-se à mudança da função dos serviços
públicos e sobretudo à mudança da cultura, da atitude e do comportamento dos funcionários
públicos perante o seu trabalho. (CIRESP, 2001)
A reforma, pretende que os serviços públicos sejam mais operacionais, orientados para
resultados e com enfoque no cidadão. Este, deverá estar no centro das atenções, pelo que o sector
público deverá estar mais voltado para fora e não para dentro de si mesma.

Estado
O Estado é a organização burocrática que possui o poder de legislar e tributar sobre a população
de um determinado território; é a única estrutura organizacional que possui o “pode rextroverso”,
ou seja, o poder de constituir unilateralmente obrigações para terceiros, com extravasamento dos
seus próprios limites.

Moraes (2010) Estado é forma histórica de organização jurídica, limitado a um determinado


território, com população definida e dotado de soberania, que, em termos gerais e no sentido
moderno, configura-se como um poder supremo no plano interno e um poder independente no
plano internacional.

Estado é a nação politicamente organizada, é o organismo político-administrativo que, como


nação soberana ou divisão territorial, ocupa um território determinado, é dirigido por governo
próprio e se constitui pessoa jurídica de Direito Público, internacionalmente reconhecida
(Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2003).
Estado é a organização político-jurídica de uma nação para a promoção do bem-estar de todos.
No Estado, apenas algumas pessoas o dirigem/controlam “com base em valores reais ou
socialmente reconhecidos e, se necessário, na força” ou no dizer de Duguit “onde os mais fortes
impõem aos mais fracos sua vontade”. Outra forma de compreender os conceitos de Estado é
fragmentando-os:
• No sentido lato – Estado é a nação politicamente organizada; é quem detém o poder soberano:
independência externa e soberania interna.

• No sentido jurídico – Estado é a pessoa jurídica de Direito Público Interno responsável pelos
atos de seus agentes ou pessoa jurídica de Direito Público Internacional no trato com os demais
países.

• No sentido social – Estado é um agrupamento de pessoas que residem num determinado


território e se sujeitam ao poder soberano, em que apenas alguns exercem o poder.

• No sentido político/administrativo – Estado é o exercício efetivo do poder através do


Governo/administração, em prol do bem comum.

O Estado é composto: pelas entidades estatais, pelo aparelho (Governo e Administração) e pelo
sistema constitucional-legal, que regula a população nos limites de um território e lhe concede o
monopólio e a legitimidade do uso da força.

A estrutura do Estado pode ser assim compreendida:


• Estrutura política: os três níveis (União, Estados-membros, Municípios e Distrito Federal); os
três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).

• Estrutura física/geográfica: Estados, Municípios e Distrito Federal.


• Estrutura administrativa: Governo e Administração.
• Estrutura jurídica: sistema constitucional-legal.

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Governação
Derivam já de longa data: filósofos gregos como Platão, os Clássicos como Hobbes, Maquiavel,
entre outros, que tentaram em suas perspectivas defini-la. O conceito de governação, tratando-se
de um conceito social e humano, não tem ainda como vários outros conceitos sociais, uma
definição geral e aceite por todos os investigadores ou peritos na área.

Enquanto Governação é um conceito positivista, ao analisar “o que é”, a Boa Governação é um


conceito normativo, preocupa-se em analisar “o que deve ser”.

Ainda que organizações internacionais particulares como as Nações Unidas, a NEPAD, e a


OCDE se tenham excedido em fornecer bastantes definições abstractas das características da
“Boa Governação”, pensamos que este conceito é altamente dependente do contexto.

O Banco Mundial é uma agência do sistema das Nações Unidas (NU), fundada a 1 de Julho de
1944 por uma conferência de representantes de 44 governos em BrettonWoods, New Hampshire,
EUA.

O BM é composto por 184 países membros e a sua sede é em Washington DC, EUA. A sua
missão inicial era financiar a reconstrução dos países devastados durante a Segunda Guerra
Mundial.

Actualmente, sua missão principal é a luta contra a pobreza, através de financiamento e


empréstimos aos países em desenvolvimento. Seu funcionamento é garantido por quotas
definidas e reguladas pelos países membros.

Em 1992, especialistas e policymakers do BM, conceituaram governação como sendo um dos


mecanismos através do qual é feita a gestão dos recursos públicos cujo objectivo último é
influenciar o desenvolvimento e crescimento económico.

Para Canhanga (2010) a boa governação, seria caracterizado pela existência de instituições e
regras que assegurassem o desenvolvimento da capacidade humana e institucional através da
melhoria da qualidade de sector público; pelaaccountability, isto é normas e transparência no
processo de tomada de decisões.

Boa governação na lógica do banco mundial


A Boa Governação é entendida como um componente fundamental nos processos de
desenvolvimento. Refere-se à forma como as decisões são tomadas e implementadas, sendo
constituída por um conjunto de 6 indicadores a saber:

(i) Participação dos cidadãos;

(ii) Respeito pela lei;

(iii) Transparência;

(iv) Orientação para consensos;

(v) Equidade e inclusão de todos os grupos;

e(vi) Efectividade, eficiência e responsabilização.

A governação na lógica da União Europeia


Para a União Europeia (2000), a governação reproduz um ambiente num contexto político e
institucional que preserva os direitos humanos e se rege pelos princípios democráticos e a
observância das leis (rule oflaw).

Para este organismo, os indicadores principais da governação resumem-se em:

(i) Transparência; e
(ii) Gestão responsável dos recursos humanos, naturais e económicos.

A governação na lógica do PNUD


Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, é o órgão da Nações Unidas (NU) que
tem por mandato promover o desenvolvimento e eliminar a pobreza no mundo.

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Entre outras actividades, o PNUD produz relatórios e estudos sobre o desenvolvimento humano
sustentável e as condições de vida das populações, bem como executa projectos que contribuam
para melhorar essas condições de vida, nos 166 países onde possui representação.

Para o PNUD (1992), a governação traduz o processo de participação, transparência, e


responsabilização no exercício da autoridade política e administrativa, devendo ter o fim a
promoção do Estado de direito.

Para este organismo existem três elementos essenciais para suportar o desenvolvimento humano:
(i) o Estado ao criar um ambiente político e legal propício à observância das leis;

(iii) O sector privado ao gerar emprego e rendimentos; e


(iv) A sociedade ao facilitar a interação social.

Na lógica do PNUD, os indicadores chaves da boa governação são:

(i) A participação pública;


(ii) A observância das leis; e
(iii) A responsabilidade (accountability, normas

A governação na lógica da NEPAD


NEPAD (New Partnership for África'sDevelopment) – Nova Parceria para o Desenvolvimento da
África, foi criada no dia 23 de Outubro de 2001, em Abuja. Ela consiste numa série de propostas
de políticas e programas sobre como o continente pode se livrar do peso da pobreza e
subdesenvolvimento.

O documento da NEPAD propõe três iniciativas para criar condições para o desenvolvimento
sustentável. Estas iniciativas são:

(i) Iniciativa da Paz, Segurança e Governação Política;


(ii) Iniciativa Económica e Governação Corporativa Conjunta; e
(iii) Abordagens Sub-regionais e regionais para o desenvolvimento.
Para a NEPAD, governação é um processo de tomada de decisão e o processo pelo qual as
decisões são implementadas.

Deste modo, na lógica da NEPAD, a boa governação envolve os seguintes indicadores:

(i) Participação;
(ii) Accountability, normas
(iii) Responsabilidade;
(iv) Transparência;
(v) Instituições efectivas e eficientes;
(vi) A observância das leis; e
(vii) Consenso.

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Conclusão
Chegado ao fim deste grande trabalho e de muita importância que teve como tema; Estado:
Princípios da Reforma, Capacidade do Estado e Governação, o grupo chegou de forma
minuciosa concluir que falar de Princípios da Reforma, Capacidade do Estado e Governação é
mesmo que falar da transformação do modelo de economia centralizada com base na iniciativa
do Estado para uma economia de mercado e a adopção de programas macroeconómicos de
reabilitação económica e social.
O Estado é a organização burocrática que possui o poder de legislar e tributar sobre população de
um determinado território;

As reformas que a administração pública tem-se conhecido desde os anos 1980 as mudanças nos
modelos de gestão pública adoptados em vários países do mundo inteiro repercutem em análises
teóricas e práticas administrativas consideradas inovadoras para as formas de organização e
funcionamento da administração pública.
Referencias Bibliográficas
CIRESP. (25 de Junho de 2001). Estratégia Global Da Reforma Do Sector Público, Maputo.

MORAES (2010). Alexandre. Direito Constitucional, 26. ed. São Paulo: Atlas,.

DICIONÁRIO AURÉLIO. 3a ed., rev.e atual. Curitiba: Positivo, 2004.

Barreto, António et al. (2001). Globalização, Desenvolvimento e Equidade. 1ª Edição, Lisboa:


Publicações Dom Quixote.

Brochado, Ana Oliveira et al. (2013). Desafios da Globalização: Caso de estudo,


Empreendedorismo, Comunicação, Estudo de Marca, Estudos de Mercado, Reputação e Gestão
de Mudança, Ferramenta de Apoio à Gestão, O Marketing e as PME. Editora: Lisboa.

Canhanga, N. J. V. (S/a). Boa Governação: Contexto, teoria, prática e desafios para a


implementação da monitoria da acção governativa. Maputo.

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Gomes, J. S. (2000). “Qualidade da Regulação Jurídica e Redefinição Estratégica da Gestão
Pública”. Separata da Revista de Administração Local, n.º 179, Lisboa.

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