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O sector público tem merecido um destaque de reflexão, sobre como deve estar organizado
para responder os anseios da sociedade em resposta ao desenvolvimento económico e social
dos países; os Estados devem saber assumir o seu papel na provisão dos bens e serviços
públicos. Assim, falar da reforma do sector público significa algo que não esta bem na
provisão de bens e serviços ao cidadão, apesar dos esforços que os governos têm envidado de
modo geral, o sector público tem operado com níveis baixos de eficiências e efetividade,
assim como uma reduzida qualidade de serviços prestados ao público.
Durante vários anos que tem se verificado profundas mudanças para se ajustar o sector
público á evolução e as alterações dos modelos sócios- económicos de cada País. Quando se
verifica esse desenquadramento, os Governos portanto, concluem a necessidade de lançar
uma reforma no sector público, que seja global, integrada e participativa e que responda os
problemas imediatos, de médio e longo prazos que se apresentam como desafios
fundamentais do momento e do futuro.
Para o presente estudo o grupo vai debruçar-se sobre as questões das tendências da reforma
do sector público; questões e tensões na reforma do sector público; a reforma do sector
público em Moçambique; a estratégia global da reforma do sector público (2001-2005);
falaremos também dos Modelos organizacionais e reformas da Administração pública.
Problema
A administração pública tem sido alvo de uma revisão total, com o objectivo de fazer com
que sirva melhor os interesses do governo/ Cidadão e da sociedade em geral. Na prática, isto
envolve a descentralização das novas formas de organização e gestão dos órgãos públicos,
bem como a melhoria do seu desempenho, o que é geralmente referido como a nova gestão
pública (NGP). Dada a enormidade dos problemas de resistência a mudança e a falha na
gestão, o aumento cada vez maior dos funcionários e o declínio dos recursos, bem como a
aspiração do país de seguir o ritmo do desenvolvimento.
Objectivos
Objectivo geral
Objectivos específicos:
Metodologia
Revisão da literatura
A onda atual das reformas do setor público surge da necessidade de resolução da crise fiscal e
da insatisfação em relação á prestação dos serviços público da administração pública. Isto
contribui para a crescente importância da NGP na agenda da reforma, trazendo uma
abordagem na gerência da sector público. Contudo, a implementação bem sucedida da NGP
depende da existência de um serviço público profissional, que é mais a excepção que a regra
em muitos países em desenvolvimento que implementam as reformas do setor público.
Modelo de Reforma no Sector Público (segundo Secchi)
No entanto, desde o século XVI o modelo burocrático já era bastante difundido nas
administrações públicas, nas organizações religiosas e militares, especialmente na Europa.
Outro valor implícito na ideia de burocracia é a equidade, pois ela é desenhada para dar
tratamento igualitário aos trabalhadores que desempenham tarefas iguais (tratamento, salários
etc.)
Após a II Guerra Mundial uma onda de confrontação intelectual contra o modelo burocrático
foi liderada por Simon (1949), Waldo (1948) e Merton (1949).
Robert Merton (1949), elaborou a crítica mais incisiva e directa ao modelo burocrático,
analisando os seus efeitos negativos sobre as organizações e outras esferas da vida. Esses
efeitos negativos foram chamados de disfunções burocráticas: O impacto da prescrição estrita
de tarefas sobre a motivação dos trabalhadores, resistência às mudanças e o desvirtuamento
de objectivos provocados pela obediência a crítica às normas. Outro aspecto levantado por
Merton (1949) é o abuso da senioridade como critério para promoção funcional que, segundo
o pesquisador, pode frear a competição entre funcionários e fomentar um senso de
integridade e corporativismo entre os funcionários, causando um destacamento dos interesses
dos destinatários/clientes dos serviços da organização. Ademais, a impessoalidade levada ao
pé da letra pode levar a organização a não dar atenção a peculiaridades das necessidades
individuais. O autor ainda enumera a arrogância funcional em relação ao público destinatário,
em especial no serviço público, pois, em muitos casos, o funcionalismo público goza de
situação de monopólio na prestação de serviços. Tais disfunções podem ser ainda mais
prejudiciais em organizações que dependem de criatividade e da inovação.
Modelo gerencial
Hood e Jackson (1991), defendem que a APG um argumento administrativo ou uma filosofia
de administração, na qual eficiência e desempenho são valores que prevalecem. Essa filosofia
de administração é baseada em um conjunto de doutrinas e justificativas.
Fazendo uso de uma linguagem prescritiva, Osborne e Gaebler (1992) sintetizaram em uma
lista de 10 mandamentos a receita para transformar uma organização pública burocrática em
uma organização pública racional e eficaz. Os dez mandamentos do GE são apresentados de
forma resumida a seguir:
Governo catalisador- os governos não devem assumir o papel de implementador de políticas
públicas sozinhos, mas sim harmonizar a acção de diferentes agentes sociais na solução de
problemas colectivos;
Governo que pertence à comunidade- os governos devem abrir-se á participação dos cidadãos
no momento de tomada de decisão;
Governo orientado por missões- os governos devem deixar de lado a obsessão pelo
seguimento de normativas formais e migrar a atenção na direcção da sua verdadeira missão;
Governo dos resultados- Os governos devem substituir o foco no controlo de inputs para o
controlo de outputs e impactos de suas acções, e para isso adoptar a administração por
objectivos;
Governo empreendedor- os governos devem esforçar-se a aumentar seus ganhos por meio de
aplicações financeiras e ampliação da prestação de serviços;
Governança pública
Teorias de desenvolvimento tratam a governança como um conjunto adequado de práticas
democráticas e de gestão que ajudam os países a melhorar suas condições de
desenvolvimento económico e social. “Boa governança” é, portanto, a combinação de boas
práticas de gestão pública.
Embora as politicas visando a melhoria eficiência do sector publico tenham sido adoptadas
muitos Governos, o processo em si não está livre de tensões, envolvendo principalmente as
questões politicas e de gestão, conforme será desenvolvido a seguir.
Questões
Apesar da sua ambiquidade, a onda da reforma do sector publico teve algumas criticas
relacionadas com o ambiente internacional e nacional em que as reformas são
implementadas. Nesta linha, polidano (2001) destaca três aspectos que podem ser críticos no
processo das reformas:
Os críticos argumentam que um dos principais factores que contribuem para o fracasso tem sido a
abordagem ‘tecnocrática’ adoptada pelos implementadores das reformas, ignorando as
circunstâncias socio-culturais e políticas em África, (Awortwi, 2007:32).
Para Abrúcio (1996), e Pereira (2003) a relação entre reformas da NGP e o neoliberalismo,
ou crescente gerencialismo no sector publico, é mais histórica do que lógica. Abrúcio defende
a ideia de que a crescente proeminência do gerencialismo tem mais a ver com uma crise do
modelo Weberiano de administração publica e com necessidade de reorganização do sector
público em linhas pos-burocraticas, do que com simples aplicação das soluções neoliberais ao
sector público. A ligação aparente ao neoliberalismo, de acordo com os autores supracitados,
foi favorecida pela ascensão dos Governos de direita nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha
nos anos oitenta, nomeadamente os de Ronald Reagan e de Margaret Thateher. Estes
Governos chegaram ao poder num momento de críticas fortes ao funcionamento do sector
público, que era visto como o principal responsável da crise fiscal do Estado.
Tensões
A actual onda de reformas, ao colocar uma forte ênfase nos aspectos da NGP, acaba
produzindo tensões com outros aspectos do processo da reforma, nomeadamente a
necessidade de combinar o desenvolvimento de capacidades e a abordagem gerencial, bem
como a dinâmica politica em que o governo e os gestores da reforma estão inseridos com
particular destaque com a questão da devolução e o ciclo politico. Estes pontos são
desenvolvidos a seguir: Perspectivas Africanas Sobre a Nova Gestão Pública.
Abordagem gerencial x desenvolvimento de capacidades
Em muitos sistemas políticos existe uma grande demanda de partilha de poder através da
descentralização da autoridade para os níveis locais da estrutura governativa.
Descentralização pode ajudar a resolver alguns problemas de accountability
(responsabilização e prestação de contas) política, trazendo os representantes para perto dos
cidadãos, mas não implica necessariamente uma resposta eficaz e eficiente às necessidades
destes. Isto porque muitas vezes a fase inicial da descentralização implica numa certa
centralização ao nível local, devido a falta de capacidade, bem como o facto de o processo de
aprendizagem ser gradual, o que pode fazer com que as autoridades locais sejam relutantes
em delegar os seus poderes aos gestores. Esta complementaridade e as tensões possíveis entre
as questões políticas e organizacionais /gerenciais fazem parte da relação entre Governação e
Nova Gestão Pública.
A aplicação da NGP pressiona os gestores governamentais, que não só devem fazer mais
com menos dinheiro público, mas também estabelecer uma nova capacidade para gerir
actores não estatais de forma nunca antes feita. Construir uma Função Pública competente e
eficaz é um pré-requisito vital para a implementação bem-sucedida da NGP. Estes elementos
são muitas vezes negligenciados na pressa de adoptar novos modelos de Gestão Pública,
(awortwi, 2007:58).
As organizações do sector público nos países menos desenvolvidos deverão aprender a ‘andar
antes de correr’, estabelecendo princípios burocráticos sólidos como uma primeira etapa
essencial do seu desenvolvimento, a qual seguir-se-á um período de consolidação, passando
depois para as reformas mais ambiciosas da NGP.
Isto não sugere, de forma alguma, que os países africanos tenham necessidade de passar pela
mesma trajectória e tempo. Com a ajuda das tecnologias de informação e comunicação, o
mundo avança agora mais rápido do que nos tempos de Weber. Não precisamos de andar
antes de correr. Também não se sugere que a estrada não tenha lombas. O grande desafio é
aproveitar os erros como oportunidades de aprendizagem, ao invés de usar estereótipos
culturais como desculpa para atrasar as reformas, (Tayor, 2001 citado por Awortwi, 2007:60)
Uma reforma do sector público que não leva em conta o contexto político não é sustentável
(Veja Kirago e Mukandala, 2005), Isto quer dizer que as medidas relacionadas com a NGP
devem estar em conformidade com os objetivos político do Governo, bem como dos autores
políticos relevantes afetadas por essas medidas. O ciclo político, em particular o ciclo
eleitoral, pode influenciar as decisões tomadas na implementação da reforma, fazendo com
que os políticos dediquem mais atenção aos custos envolvidos. A ideia aqui é que as
mudanças radicais que fazem parte da implementação da NGP podem transformar a matriz de
benefícios dos diferentes actores, que podem afetar o apoio ao governo e criar a possibilidade
de perda de eleições. Isto é mais crítico nas situações em que o estado desempenha um papel
importante no mercado laboral com o principal empregador e em que o aparelho do é
atribulado por problemas como patrimonialismo, clientelismo politico e corrupção. Uma
abordagem mais gerencial pode resultar em medidas impopulares, tais como a redução de
pessoal, combinada com outras decisões que afetam consideravelmente o espaço de manobra
dos políticos. Isto pode resultar numa redução do apoio ao governo por parte das suas
próprias coalizão e dos cidadãos