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TÓPICO

A IMPORTÂNCIA DO PARTIDO POLÍTICO NO ESTADO DIREITO


DEMOCRÁTICO DE TIMOR LESTE

INDICE
AGRADECIMENTO
CAPÍTULO I – OS SISTEMAS DO PARTIDO POLÍTICO
1.1 Origem dos Partidos Políticos.........................................................................................
1.2 Conceito do Partido Político............................................................................................
1.3 Objectivo da Criação do Partido Político.......................................................................
1.4 Função do Partido Político no regime democrático......................................................

CAPÍTULO II – CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DE TIMOR – LESTE

2.1 Noção do Estado e as suas funções..................................................................................


2.2 Estado de Direito e Estado democrático de direito.......................................................
2.3 Estado de Timor-leste e a sua Constituição...................................................................
2.4 Timor – Leste como Estado Democrático......................................................................

CAPÍTULO III – PRINCÍPIO DO ESTADO DE DIREITO DEMOCRÁTICO DE


TIMOR – LESTE
3.1 Timor Leste Como Estado de Direito e os seus princípios.....................................
3.2 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana..........................................................
3.3 O Princípio da Juridicidade e da constitucionalidade...........................................
3.4 O Princípio da Separação de Poder......................................................................
3.5 O Princípio da Segurança Jurídica e da Proteção da Confiança............................
3.6 O Princípio da Igualdade.....................................................................................
3.7 O Princípio da Proporcionalidade........................................................................

1
CAPÍTULO IV – FORMAS DA DEMOCRÁCIA

4.1 Conceito e as suas Funções da Democrácia....................................................................


4.2 A Democrácia Representativa e a Eleição.....................................................................
4.3 As formas Democráticas do Governo de Timor- Leste.................................................
4.4 A Democrácia Participativa e os Partidos Políticos......................................................
4.5 O Direito dos Partidos Políticos na Constituição em Timor Leste..............................

CAPÍTULO IV – FASE FINAIS

5.1 Conciderações Finais .......................................................................................................

AGRADECIMENTO

2
Agradeço principalmente a Deus, pelo suporte fundamental e psíquico constante
na minha vida. Tenho a certeza de que a presença dele é um dos aspectos que muito
tranquilizam a minha alma.

A Universidade Nacional de Timor Loro Sa’e pela oportunidade de fazer o curso.

Ao meu professor e orientador, Doutor Isidoro Viana da Costa, cujos


conhecimento e paciência são exemplo de gesto da nossa faculdade pelo presto profunda
gratidão e admiração. A ele sou grato, não apenas pelo papel fundamental na
orientação deste trabalho como também, pelas boas discuções, conversas e sugestões
genorosas durante esta longa caminhada na produção deste documento.

Aos meus país, José António Freitas e Terezinha de Carvalho Gomes, pelo amor,
incentivo e apoio incondicional que me deram.

Obrigado meus irmãos, primos, subrinhos e tias, que nos momentos de minha
ausência dedicados ao estudo superior, sempre fizerem entender que o futuro é feito a
partir da constante dedicação no presente.

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu


muito obrigado.

Moto;
Lutar sempre, vencer talvez, mais desistir nunca.

CAPÍTULO I

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OS SISTEMAS DE PARTIDO POLÍTICO

1.1 Origem do Partido Político

Na Gréçia e Roma antigas, dava-se o nome do Partido a um grupo sociais de


seguidores voluntárias de uma ideia, doutrina ou pessoa “que pode ser definido como o
conjunto de princípios e valores que servem de base a um sistema político e filosófico”.
Mas, o grupo social voluntária iniciava-se na Inglatera, no século XVIII, e criou pela
primeira vez, instituições de direito privado “que se refere ao conjunto de normas
jurídicas para regular as relações privadas”, com o objetivo de congregar partidários
de ideia política. Naquele momento surgiu o partido high e tory.

O Partido High (Reino unido), é partido político britânico entre os séculos XVII a
XVIII, modernamente os liberais, isto é, significa a sua filosofia política e moral baseada
na liberdade, consentimento dos governados e igualidade diante da lei. Os liberais
defendem ampla gama de ponto de vista, dependendo da sua compreensão desses
princípios, mas em geral, apoiam ideias como um governo limitado, direito individuais
(incluindo direitos civis e direitos humanos), livre mercado, democracia, igualidade de
gênero, igualidade racial, liberdade expressão, liberdade de imprensa e liberdade
religiosa, e também nos Estados Unidos entre 1834 – 1856. Enquanto, o partido Tory é o
nome do antigo partido de tendência conservadora do Reino Unido, que reunia
aristocracia britânico. A palavra aristocracia tem origem grega e significa “aristos”
melhor e “cracia”, poder. Desta maneira, aristocracia significa, literalmente, o
“governo dos melhores”. Portanto, no princípio, tinha conotações depreciativas, já que
procede da palavra Irlandesa Thairide ou Tóraighe, que significava bandoleiro, homem
armado que se dedicava ao roubo e a pilhagem, mas que pode ser traduzido apenas por
“que pertence a um bando”.

4
De fato, a ideia de organizar e dividir os políticos em partidos se alastrou muito, no
mundo todo, a partir da segunda metade do século XVIII, e, sobretudo, depois da
revolução Francesa e da Independência dos Estados Unidos. Até porque, a partir daí, a
própria percepção da natureza da comunidade política se transforma
democraticamente.1

1
VIANA 2003
2. “Partido nell Enciclopedia Treccani”
www.treccani.it (em italiano).
Consultado em 22 de agusto de 2017
3. MICHELS 198

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1.2 Conceito dos Partidos Políticos

Etimologicamente, o termo partido é o participo pasado do verbo “partir” que


nesta acepção tem o sentido de dividir. Por extensão de sentido, partido significa parte
da sociedade representada por um grupo. Os Partidos Políticos são organizações sociais,
voluntárias, com carácter de permanência e de duração razoável, que lutam pela
aquisação e exercicio do poder político, através de meios legais e democráticos, ou seja,
Partido político é um grupo organizado, legalmente formado uma entidade, significa
tem de ser registada perante o notário para que possa ter a capacidade e personalidade
jurídica como uma organização legalmente existe dentro de um Estado, com base em
formas voluntárias de participação do cidadão numa organização orientada para
ocupar o poder político através de processos democráticos. Este conceito também está
previsto no artigo 1o da lei no 3/2004 de 14 de Abril, sobre o Partido Político, que
descreve, “Os partidos políticos são organizações de cidadãos de carácter permanente,
com o objectivo de participar democráticamente na vida do país e de concorrer para a
formação e expressão da vontade política do povo, em conformidade com as leis e com os
respectivos estatutos e programas, intervindo nomeadamente no processo eleitoral
mediante a apresentação ou o patrocínio de candidaturas”.

Na difinição jurídica, os partidos políticos são organizações de direito privado que,


no sentido moderno da palavra, pode ser difinido como uma “união voluntária de
cidadãos com afinidades ideológicas e políticas, organizados e com disciplina, visando a
disputa do poder político.” Enquanto, a difinição sociológico entre os diversos
socioólogos e cientistas políticos que estudaram e teorizaram os partidos políticos.
Segundo o sociólogo, Nildo Viam, os partidos políticos atuais são organizações onde
predomina a burocracia na sua estrutura e que se fundamentam na ideologia da
representação política, com o objetivo conquistar o poder político estatal. Segundo
sociólogo, Nildo Viam, a burocracia é uma organização ou estrutura organizativa
caracterizada por regras e procedimentos, divisão de responsabilidades e especialização
do trabalho, hierarquia e relações impessoais. Em princípio, o termo pode referir-se a

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qualquer tipo de organização como empresas públicos, privadas e sociais. Porque, a
burocracia como a organização, poder e controle das actividades públicas e privadas
através da competência e eficiência no serviço ou seja divisão da responsabilidade e
especialização do trabalho em sua função. A lei sobre os Partidos políticos, n o 3/2004,
regula o funcionamento interno dos partidos, exigindo o respeito de regras
democráticas básicas, como a enunciação transparente dos seus fins e programa, a
eleição dos órgãos de dirreção por voto direto e secreto e o funcionamento e
apresentação de contas por parte dos partidos. No n o 3 do artigo 46o CRDTL refere-se
especificamente da constituição e a organização dos partidos políticos reguladas por
lei. O partido político adquire personalidade jurídica no momento de registo em livro
próprio existente no Tribunal competente. A inscrição de um partido tem de ser
requerida por, pelo menos mil e quinhentos cidadãos (1.500) maiores de 17 anos, no
pleno gozo dos seus direitos civis e políticos e distribuído proporcionamente pelo país,
nos termos do artigo 11o no 2 e o artigo 13o no 1 da lei dos partidos políticos. Os Partidos
políticos devem ter a sede nacional que se situa na capital do país. A denominação,
siglas, bandeira, emblema e o hino de um partido não podem ser idênticos ou
semelhantes a de quaisquer outros partidos anteriormente existentes, segundo o artigo
11o no 3 e o artigo 12o no 1 da lei dos partido políticos. Os partidos políticos têm os seus
direitos e deveres. Os direitos dos partidos políticos, nos termos da lei dos partidos
políticos são os seguintes: Prosseguir livre e publicamente os objectivos para que foram
constituídos; Divulgar livre e publicamente a sua linha política e ideológica através dos
meios de comunicação social e quaisquer outros permitidos por lei; Concorre a eleição
dentro das condições fixadas na lei eleitoral e difinir e divulgar os seus projectos e
programas de governação; Apreciar criticamente os actos do governo e da
administração pública e quaisquer outros consagrados na lei. Aos deveres específicos
dos partidos políticos, promover o diálogo e a colaboração entre sí, com vista a defesa
dos interesses nacionais e o respeito a constituição e as leis vigentes.2
2
NILDO, 2005
MICHELS, 1998
Teoria e Filosofia Política, Partido Político, Rio de Janeiro, Vicente de Paulo

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1.3 Objectivos dos Partidos Políticos

Teoricamente, os partidos políticos têm por fim auxiliar os eleitores a tomarem


decisões, perante as diversas opções políticas, esclarecendo-os politicamente, guiando-os
na escolha dos que melhor podem governar, pelo que desempenham um papel
intermediário entre os instituições democráticas do Estado.

Os partidos políticos têm como objectivos específicos promover e garantir as


aspirações dos seus membros e dos cidadãos no contexto da vida social. Os partidos
políticos catalizam e organizam a participação dos cidadãos na vida política do país e é
hoje inquestionável que o multipartidarismo constitui uma das traves mestras da
democracia contemporânea. Porque, o sistema multipartidário seria mais própicio à
democracia contemporânea, que tem como um de seus fundamentos o pluralismo
politico, a diversidade de ideias e opiniões. O multipartidarismo é um sistema de
partidos em que, existem mais de dois partidos com capacidade para lutar e concorrer
pelo poder.

Os partidos políticos continuam a ser nas democracias contemporânea o


instrumentos mais eficaz para garantir o pluralismo político, a diversidade de opiniões,
a crítica e a oposição a ação do Governo, a formulação de políticas alternativas e a
própria alternância no exercício do poder. Por isso, no n o 2 do artigo 7o da CRDTL, diz
o Esatdo valoriza a sua contribuição, enquanto agentes da expressão organizada da
vontade popular e mediadores da partipação democrática do cidadão na governação do
país. Isto é quer dizer a sufrágio universal e multipartidarismo, segundo o artigo 7 o da
CRDTL, sublinha a importância do pluralismo partidário a que se associam a
liberdade de associação e reunião e o direito de todo o cidadão de constituir e participar
em partidos políticos. O artigo 46o no 2 da CRDTL, diz que a lei deve regular no artigo
46o no 3 da CRDTL, por forma a assegurar a democraticidade da sua organização e
funcionamento e a sua conformidade com o interesse público e valores constitucionais.

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A participação dos cidadãos na vida política tem expressão particular no
exercício do direito de voto. No texto da Constituição, a única condição explícita, que
tem de ser cumprida para se poder exercer o direito é ser maior de 17 anos, mediante o
artigo 47o no 1 da CRDTL. Porque, o direito de sufrágio pressupõe o prévio
recenseamento dos cidadãos com capacidade eleitoral, bem como a inscrição destes nós
cadernos eleitorais que deverão manter-se atualizados. O direito de sufrágio tem de ser
pesoalmente exercido sem que exista a possibilidade do seu exercício através de
representante, por procuração ou qualquer outra forma de mediação.

Neste contexto, importa definir as regras de ações partidária de forma a


garantir o correto funcionamento dos partidos políticos do país. Portanto, os partidos
políticos têm de entre outros os seguintes objectivos: Defender os interesses nacionais e
debater os problemas da vida nacional e internacional e tomar posição perante eles;
Contribuir para o exercício dos direitos políticos do cidadão e para a determinação da
política nacional designadamente através da participação em eleições ou através de
outros meios democráticos; Promover a educção cívica e o esclarecimento e doutrinação
políticos do cidadãos ao contribuir em geral para o desenvolvimento das instituições
políticas; Participar na actividade dos órgãos de Estado e dos órgãos locais e difinir
programas do governo e da administração público.

3
Cfr. livro como título : INTRODUÇÃO À CIÊNCIA POLÍTICA e Lei dos partidos políticos, 3/2004
Teorias, Métodos e Temáticas
Autor : António José Fernandes
Capa : Pedro Monteiro
Editor : Porto Editora.
Pag. 192-194

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1.4 Função do Partido Político no Regime Democrático

O regime democrático revela-se como fonte de legitimidade dos governos, porque,


tendo por adquerido que o governo legítimo tem de ter por base nas eleições
democráticas, isto é, os povos exercem os cívicos e politicos através das eleições de
forma livre, igual, direito, secreto e periódica, nos termos da constituição, artigo 7 o
número 1. Desta forma, a legitimidade de um governo pressupõe a existência de um
consenso entre os membros da comunidade para aceitar a sua autoridade, pelo que um
determinado poder para ser considerado legítimo tem de ter a aceitação ou
comfirmação do cidadãos; nesse contexto a presença de partidos políticos torna-se
significativa, pois atua como intermediário entre o povo é o Estado, reunindo em torno
de si pessoas que compartilhem sua ideologia e programa. Busca-se discutir a função do
partido político numa democracia, tomando-se por base a participação política dos
cidadãos através nas decisões políticas e democráticos. Verificou-se que a principal
função do partido político é atuar na interface entre o cidadão e o governo, isto é, os
partidos politicos, nas principais nações democráticas atuam como âmbito no que os
indivídous participam da formação da vontade do Estado, uma vez que os candidatos
no sistema representativo estão vinculados aos partidos na atuação do indivíduo por seu
intermédio no processo de tomada de decisão.

O Governo é a organização que é a autoridade governante de uma unidade política,


o poder de regrar uma sociedade política ou o aparelho pelo qual o corpo  governante
funciona e exerce autoridade. O governo é, usualmente, utilizado para designar a
instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida como um órgão
executivo de um Estado ou uma nação. Os Estados podem ter vários níveis de Governo
conforme a organização política daquele país, como por exemplo os Governos locais, os
regionais e nacional. No direito administrativo contemporâneo, Governo é a expressão
que define o núcleo diretivo do Estado, alterável por eleições e responsável pela

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gerência dos interesses estatais e pelo exercício do poder político. Enquanto, Partido
político é um grupo organizado, legalmente formado, com base em formas voluntárias
de participação numa associação orientada para ocupar o poder político. Sendo assim,
o partido politico exerceu o papel fundamental do processo da constituição do govermo
através da democracia política que os povos depositam as confianças no sufrágio. Sem o
partido politico não podemos constituir o governo

Portanto, Observando que o sistema partidário timorense necessita ser aperfeiçoado


para que esta actividade representativa dos partidos políticos de fato ocorra. Portanto,
os partidos políticos detêm um papel fundamental na esfera jurídica e política. Entre as
suas funções distinguem-se as seguintes: Concorrem para a livre formação e o
pluralismo de expressão da vontade popular e para a organização do poder político,
com o respeito pelos princípio da independência, da unidade do Estado e democracia
política; Criação de programas governativas que representem as propostas
apresentadas ao eleitorado.

No entanto, a formulação de programas não deve ser considerada a função mais


importante e específica dos partidos enquanto recetores das exigências programáticos
provinientes de outros organizações da sociedade que eles consideram dignas da sua
atenção pelos votos que podem trazer; Recrutamento de novos membros e seleção dos
mais competentes para os cargos diretivos e públicos, de maneira a manter o bom
funcionamento do partido e do Estado; Colocação de membros dirigentes do partido
em cargos governativos, garantido uma boa representação dos ideas do partido;
Organização parlamentar e de oposição, ou seja, os representantes dos partidos
tambêm desenvolvem uma atividade de extraordinária importância na oposição,
apresentado alternativas políticas, programáticas e mesmo de estilo aos governos e aos
governantes em função; Transmissão de informação, de forma a aumentar o nível de
conhecimento políticos da população. 4

4
AIETA, Vania Siciliana. Partido Político. Rio de Janeiro ; LumenJuris, 2006. Barreto, Vicente de Paulo.

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CAPÍTULO II

ESTADO DE TIMOR LESTE

2.1 A origem histórica do Estado, noção do Estado e as suas funções

A história do surgimento de Estado veio de muito longe, na grécia do século XIII.


Naquela época, os futuros Estados eram chamados de “ Polis ”, habitado por
moradores, cidadãos políticos executores da actividade cívica. Elas eram autônomas e
construiram a sua organização política. Era a “ Polis “, dos gregos, e a República, dos
romanos, que traduziam a ideia de Estado, principalmente pelo aspecto do vínculo
comunitário de ordem política e de cidadania. Três aspectos interessantes devem ser
considerados sobre a origem do Estado: O aspecto sociológico, que diz respeitos aos
elementos da sociedade política criada pelo homem. O aspecto histórico, que encara o
Estado como um fator social em evolução. Os aspectos doutrinários, que analisa o
Estado do ponto de vista filosófico. O Estado passou por três fases de transição, o
Estado na Antiguidade Clássica, o Estado Feudal, e o Estado moderno. O Estado na
antiguidade clássica teve uma variedade de formas. Houve monarquias onde o poder era
baseado na religião do rei e do seu controle de um exército centralizado. Houve também
grandes impérios, como o Império Romano, que não dependia muito da função religiosa,
era mais centralizado sobre militares. As cidades – Estados passaram a existir nessa
época, onde as cidades ganharam cidadania à população. Assim esse direito foi
combinado com uma democracia do governo. No Estado feudal e o Estado Moderno
destacou-se o crescimento do ramo industrial. Na época do feudo, a forma de negócio e

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trabalho nas indústrias eram totalmente rurais, com novos equipamentos, criados pelas
pessoas da época. É possível notar também a comunicação na época do feudo era
escassa, enquanto que no Estado Moderno tudo ficou mais comunicativo, até chegar aos
dias de hoje.

Uma primeira aproximação à essência da natureza estadual implica que dela se


possa formular uma definição conceptual. O Estado é o conjunto de instituições
politicamente organizado com estrutura próprio que controlam e administram uma nação,
ou seja, é uma entidade com poder soberano para governar um povo dentro de uma área
territorial delimitada. O Estado tradicionalmente como sociedade política, tem as suas
funções que englobam três domínos: Poder legislativo, executivo e judiciário. Poder
legislativo é o poder que tem a função de elaborar e aprovar as leis. Poder executivo é o
poder que tem a função administrar o estado visando seus objectivos concretos e o
Poder judiciário, tem a função principal de intrepretar e aplicar a lei, em sintese, aplicar
o direito. Numa Nação, o Estado desempenha funções políticas, sociais e econômicos.
Portanto, as funções do Estado são todas as ações necessárias a execução do bem
comum ao benefício do cidadão. O Estado, enquanto sociedade política, tem um fim
geral, constituindo-se em meio para que os indivídous e as demais da sociedades,
situadas num determinado território, possam atingir seus respectivos fins, “ Manter a
ordem, assegurar a defesa, promover o bem estar e o progresso da sociedade ”. Assim,
conclui – se que o fim do Estado é o bem comum, entendido como conjunto de todas as
condições de vida que possibilitam e favoreçem o desenvolvimento integral da
personalidade humana dentro de um determinado sociedade.

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2.2 Estado de Direito e Estado Democrático de Direito

O Estado de Direito teve início depois da Revolução Francesa , que marcou o fim


do absolutismo e a instauração de um sistema de governo
parlamentarista . Durante o antigo regime – o absolutismo -, o governante detinha
poder máximo e, dessa forma, não precisava respeitar nenhuma lei vigente.
Contudo, com o fim desse regime e com o advento do parlamentarismo, passou a
vigorar o que chamamos de Estado de Direito. Essa forma de Estado foi
justificada pelo teórico John Locke em seu livro “Segundo Tratado sobre o
Governo”. Para ele, o estado de natureza do ser humano não era um estado de
ausência absoluta de leis como para Hobbes, mas, sem que houvesse um Estado
para mediar os conflitos, o homem usaria a força para satisfazer seus interesses
próprios. No momento que isso acontecesse, entraríamos em um estado de guerra
que só teria fim com o estabelecimento de um contrato em que as pessoas
renunciassem seus direitos de aplicar a leis para o Estado, para que este, por sua
vez, distribuísse com equidade os direitos de cada um. O ponto que vale ressaltar
aqui está relacionado ao fato de que, em um  Estado de Direito, o governante não
detém poder absoluto. Nesse caso, a figura do soberano como governante  é
substituída (absolutismo), sendo soberana, apenas a lei que está acima de todos,
estando acima até mesmo dos governantes que, no caso da França pós-revolução,
são os parlamentares.

Estado de Direito é aquele que tem como actuação, regras de Direito, criação e
prescrição de formas e de procedimentos de Direito. O Estado está subordinado ao
Direito e o Poder Político está vinculado ao Direito. No Estado de direito
obrigatoriamente todos os direitos fundamentais do homem devem ser protegidos pelo
Estado: tanto os direitos políticos, como os sociais e os econômicos. O Direito, atraves
da legislação, vai difinir o que pode ou não pode ser feito, tanto em relação aos
governantes como em relação aos cidadãos. No Estado de direito uma decisão não pode
ser contrária à legislação, ou seja, a lei não pode ser violada. O conceito de Estado de
direito se refere ao poder de decisão dos governantes, ou seja, no Estado de direito
nenhuma ação ou decisão deve ir contra as leis que existe é um território. Da mesma

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forma os cidadãos devem se submeter às leis como forma de viver em uma sociedade
organizada, o poder do Estado também é submetido ao direito.
No Estado de direito o poder tem a sua limitação. O limite de poder existe para garantir
que o mais importante em um Estado seja a vontade e a garantia dos direitos dos
cidadãos. É por esse motivo a lei não permite que os governantes tenham liberdade
absoluta em suas decisões. O conceito de Estado de direito é normalmente relacionado a
um dos princípios básicos do direito: o princípio da legalidade. De acordo com esse
princípio ninguém pode ser obrigado a fazer algo ou a deixar de fazer algo, a menos
que exista uma previsão da lei sobre o assunto.
Por outro lado, Estado Democrático de Direito é um Estado em que existe o respeito
pelos Direitos Humanos e pelas garantias fundamentais. Num Estado, deve existir as
garantias dos Direitos individuais e colectivos, dos Direitos Sociais e Direitos politicos.
Isto quer dizer que, para que o Estado atinja o objectivo de ser considerado um Estado
Democrático de Direito, todos os Direitos dos cidadãos devem ter protecção jurídica e
serem garantidos pelo Estado, através das suas instituições. Assim, no Estado
Democrático de Direito, todos, tanto os cidadaõs civís, os governantes, as organizações
sociais e instituições democráticos devem respeito ao que está previsto nas leis, ou seja,
deve ser respeitados e cumprido o que é definido pela lei. Isto significa que as decisões
não podem ser contrárias ao que diz a lei e, dessa maneira, os Direitos fundamentais
dos cidadão em relação aos Direitos Sociais e Políticos são protegidos perante a lei.
Depois de uma jornada pela história do Estado, chegamos finalmente ao termo
que representa a forma como o Estado Democrático de Direito é diferente do
Estado de Direito pela soberania do que chamamos de “vontade geral” , conceito
que é trabalhado pelo teórico Rousseau em seu livro “O contrato social”. Sendo
assim, a vontade geral é o atendimento do interesse comum da sociedade, obtido
por meio do consenso das partes. Portanto, a diferença entre o Estado de direito e o
Estado democrático de direito é ligada à proteção dos valores e princípios que são
garantidos aos cidadãos pela constituição e as leis. No Estado democrático de direito,
assim como acontece no Estado de direito, as decisões dos governantes devem ser
tomadas com base na lei e dentro dos limites que são estabelicidos pela legislação do
país. Entertanto, a difernça entre eles é que no Estado democrático de direito os direitos
fundamentais protegidos pela constituição devem ser levados em consideração nas
decisões com o objetivo de proteger os direitos dos cidadãos.

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5

2.3 Estado de Timor-leste e a sua Constituição

Em termos constituicionais, o Estado de Timor – Leste é auto – referenciado com


uma ampla difinição que, pela sua centralidade, vale a pena transcrever o citado do
artigo 1o no 1 CRDTL “A República Democrática de Timor – Leste é um estado de direito
democrático, soberano, independente e unitário, baseado na vontade popular e no respeito
pela dignidade da pessoa humana ”. No entanto, são vários os princípios constituicionais
que configuram o Estado de Timor – Leste na sua carácterização jurídica
constituicional, os quais cumpre elencar, como Estado Republicano, Estado de Direito,
Estado Democrático, Estado Soberano, Estado Independente e Estado Unitário. O
preceito em questão ainda acresenta mais duas referencias ao facto de o Estado de
Timorense se fundar na vontade popular e na dignidade da pessoa humana. A vontade
popular e a dignidade da pessoa humana são os fundamentos do Estado de direito
democrático, orientadores da ação e condições da sua própria legitimidade. São os polos
indissociávies da permanente tensão entre a vontade da maioria e a liberdade
individual, entre o bem comum e a subjetividade, o público e o privado. Estão
vastamente concretizados pela Constituição, designadamente, nos preceitos que
consagram o sufrágio universal (art. 7.0), a proteção dos direitos fundamentais (arts.
16.o e ss.) e toda a organização do poder político (arts. 62.o e ss)

O Estado de Timor – Leste é considerado um sistema semi – presidencialista,


democracia pluralista e separação dos poderes. Num sistema semi – presidencialista de

5
BIGOTTE CHORÃO, Mário
 Introdução ao Direito. O Conceito de Direito, Coimbra, 2000, vol.I
BATISTA MACHADO, João
 Introdução ao Direito e ao Discurso Legitimador, 6a Reimpressão, Coimbra, Almedina, 1993
Estado de Direito, https://www.significados.com.br

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Timor – Leste existe um Presidente República e um Parlamento Nacional eleito pelo
povo através do sufrágio universal, livre, igual, directo, secreto e periodica, das demais
formas prevista na constituição nos termos do artigo 7 0 no 1 CRDTL, enquanto, a
democracia pluralista, em política, é o reconhecimento de que vários partidos possuem
igual direito ao exercício do poder político segundo procedimento eleitorais claramente
definidos. Separação dos poderes é um dos princípio do Esatdo de direito democrátivo
de Timor – Leste, que define os órgãos de soberania, nas suas relações recíprocas e no
exercício das suas funções, interdependência dos poderes estabelecidos na constituição,
mediante o artigo 69o CRDTL. E os órgãos da soberania são o Presidente da República,
o Parlamento Nacional, o Governo e os Tribunais, conforme o artigo 67o CRDTL

Realmente, no nosso sistema, o Presidente da República é o chefe do Estado,


símbolo e garante da independência nacional, da unidade do Estado e do regular
funcionamento das instituições democráticas, mediante o artigo 74o no 1 CRDTL.
Enquanto, o Parlamento Nacional é órgão de soberania da república democrática de
Timor – Leste, representativo de todos cidadãos timorenses com poder legislativo, de
fiscalização e de decisão política, nos termos do artigo 92 o CRDTL. De acordo com o
artigo 95o de constituição, ele propõe e aprova normas que promovam os intereses da
política interna e externa do povo timorense. E o governo e um dos órgãos de soberania
do Estado de Timor – Leste, juntamente com o Presidente, o Parlamento Nacional e os
Tribunais. O governo detém o poder executivo, sendo responsável pela condução e
execução da políca geral do pais, nos termos do artigo 103 o CRDTL. E os tribunais são
órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo,
conforme o artigo 118o no 1.

Os Tribuanis asseguram de que as leis aprovados pelo Parlamento Nacioanal e


governo não são violados. Para esse fim, a função básica dos tribuanis é a de preservar
o Estado de Direito.

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Mas a caracterização geral do Estado Timor – Leste também passa pelos respectivos
símbolos, os quais recebem uma direta proteção constitucional; que os símbolos
nacionais da República Democrática de Timor – Leste são a Bandeira, o Emblema e o
Hino Nacional, mediante o artigo 14o no 1 CRDTL.

A constituição da República Democrática de Timor – Leste entra em vigor a 20 de


maio de 2002, mediante o artigo 170o da Constituição da República, o que determina a
extinção da administração transitória das nações unidas (UNTAET), instituída em
setembro de 1999 pela resolução do conselho de segurança das nações unidas n o 1272,
de 25 de outubro de 1999. Mantém-se em funções o II governo transitório (artigo 168 o)
até a nomeação e empossamento do I governo constitucional pelo Presidente da
República, eleito ainda no período transição (Regumaento UNTAET n o 2002/01), o
qual, nesse momento, “assume as competências e cumpre o mandato” previsto na
Constituição artigo 169o.

Com a entra em vigor da lei fundamental, a assembleia constituinte converte-se em


órgão legislativo ordinário (Parlamento Nacional) como previsto no artigo 167o
CRDTL. A organização judiciária herdada da UNTAET “ mantém-se em
funcionamento até a instalação e início” de funções do novo sistema judiciário, nos
termos do artigo 163o CRDTL.

A contituição de Timor – Leste é uma norma fundamental que estabelece os direitos


básicos do cidadãos timorense e impõem limites para atuação do governo. É
essencialmente um plano de como o Estado deve funcionar. A criação de uma
constituição reflete os valores e creanças de Timor – Leste. O respeito a esses valores e
creanças podem ser percebido em diversos momentos. Por exemplo, quando os
funcionários do Estado sào emposados, o juramento que prestam inclui a promessa de
defenderem os principios constitucionais e quando o Parlamento Nacional cria novas
leis têm de avaliar se o projeto de lei viola a constituição.

18
6

2.4 Timor Leste como Estado Democrático

A natureza democrática do Estado de Timor Leste, não sucitando qualquer espécie


de dúvida, não deixa de ser solenemente proclamada nos preceitos iniciais do respectivo
articulado constitucional. Recorde-se, de resto, que a profusão de indicações
constitucionais a este respeito nem se quer pode causar qualquer estranheza se
tomarmos nota do facto do ter sido em nome da democracia que precisamente se lutou
pela independência de Timor Leste em 1975 e em 1999. Portanto, o princípio
democrático na Constituição de Timor Leste, assume como um princípio geral do
Direito Constitucional, o qual atravessa todo o seu texto.

As indicações constitucionais começam logo no preȃmbulo da Constituição de


Timor Leste, que alude a construção de um Estado Democrático: Plenamente
concientes da necessidades de se erigir uma cultura democrática e institucional própria

6
Para uma caracterização geral do estado de Timor – Leste,
v. JORGE BARCELAR GOUVEIA,
A primeira constituição no livro direito constitucional de Timor-Leste..., pp. 306 e ss., Manual...,I, pp. 366 e ss
e a Constituição da República Democrática de Timor Leste.
Legislação da UNTAET: Regulamento UNTAET no 2001/01, de 19 de Setembro
Doutrina: Jorge MIRANDA 132o (2000), III-IV
Direito Internacional: Magna Carta (1215); constituição de Estados Unidos da América (1787); Constituição
Revolução Frances e Cabo Verde

19
de um Estado de Direito onde o respeito pela constituição, pelas leis e pelas instituições
democraticamente eleitas sejam a sua base inquestionável.”; Reafirmam solenemente a
sua determinação em combater todas as formas de tirania, opressão, dominação e
segregação social, cultural ou religiosa, defender a independencia nacional, respeitar e
grantir os Direitos Humanos e os Direitos fundamentais do cidadão, assegura o
princípio da separação dos poderes na organização do Estado e estabelecer as regras
essenciais da democracia pluralista, temdo em vista a construção de um país justo e
próspero e o desenvolvimento de uma sociedade solidária e fraternal”.

Os preceitos da Parte I da CTL, por seu turno, também se monstram da máxima


importância, com várias alusões: A República Democrática de Timor Leste é um
Estado de Direito Democrática, conforme artigo 1 o no 1 da CRDTL, a soberania reside
no povo, que a exerce nos termos da Constituição, mediante o artigo 2o no 1 da CRDTL e
defender e garantir a democracia política e a participação popular na resolução dos
problemas nacionais, nos termos do artigo 6o alinea C da CRDTL. Sendo assim, várias
referências a Direito do cunho político como o Direito de Participação política, Direito
de Sufrágio e Direito de petição.

A expressão, Estado de direito democrático, soberano, independente insere a


República timorense na família das modernas democracias constitucionais: a
subordinação do poder ao Direito e à vontade popular, o exercício autónomo da criação
e aplicação das suas próprias normas jurídicas, o relacionamento em pé de igualidade
com os demais Estados membros da comunidade internacional. O conceito de Estado
“unitário” exclui o federalismo e qualquer outra modalidade de organização de Estados
compostos, sem prejuízo do princípio da separação dos poderes (art. 69. 0), da
descentralização administrativa (art. 5.0) e do reconhecimento das “normas” e “usos
costumeiros” (art. 2.0, n.o 4).

O n.o 1 do artigo 2o da CRDTL, reafirma o princípio da soberania popular e o


princípio democrático, já implicados no artigo 1o no 1 na última parte, vontade popular

20
segundo o qual o povo, enquanto conjunto ou coletividade de todos os cidadãos, é o
titular da soberania. A soberania é exercida em comformidade com os valores e
interesses constitucionalmente estabelecidos e nos termos da Constituição, ou seja, de
acordo com as modalidades e os procedimentos constitucionalmente previstos para a
manifestação da vontade política do povo, como são as eleições (art. 65. 0) e o referendo
(art. 66.0), e segundo as regras fixadas pela própria Constituição – por exemplo, as
regras do sufrágio (art. 7.0), da representação proporcional (art. 65.0, n.o 4) e do
procedimento eleitoral justo (art. 65.0, n.o 2).

Valoriza – se o papel da democracia política e da participação popular, na alinea


C do artigo 6o da CRDTL , para conseguir a mobilização e o empenhamento de todos os
cidadãos nos processos de decisão política conducentes à resolução dos enormes
desafios que o Estado soberano tem de enfrentar e visa a garantia e promoção dos
direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e o respeito pelos princípios do Estado
de direito democrático. A Democracia e o Estado de direito são os princípios
conformadores de um modelo de convivência cívica que é o ambiente próprio para o
livre exercício das liberdades individuais. As duas dimensões – a subjetividade e a
comunidade são portanto indissociáveis. São finalmente visíveis as normas que
pretendem conservar os traços fundamentais do regime democrático, que bem se
expressam em alguns dos limites materiais da revisão constituicional, porquanto as “leis
de revisão constituicional terão de respeitar” : Os direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos, o multipartidarismo e o direito de oposição democrática, o sufrágio livre,
universal, direito, secreto e periódico dos titulares dos orgãos de soberania, bem como o
sistema de representação proporcional. Numa ponto de vista constitucional, o limite do
sufrágio universal é para conseguir limitar as tentações de manipulação da vontade do
povo historicamente identificadas e para que os resultados sejam aceites
consensualmente, tem de ser livre, igual, direto, secreto e periódico.

A variedade de alusões à forma democrática de governo, através da exaltação do


princípio da soberania popular, revela-se no plano da verificação das três modalidades

21
que pudemos salientar, que se encontram todas presentes, sendo elas gradações da
intervenção popular no sistema político: A dimensão representativa, a dimensão
referendária (ou semidirecta) e a dimensão participativa. Vejamos separadamente a
importância que cada uma dessas modalidades de democracia que o Direito
Constitucional Timorense defende.

CAPÍTULO III
PRINCÍPIO DO ESTADO DE DIREITO DEMOCRÁTICO DE TIMOR – LESTE

3.1 Timor Leste como Estado de Direito e os seus princípios

O princípio do Estado de Direito constitucionalmente relevante na CTL apresenta-


se com múltplas facetas, em grande parte mercê do desenvolvimento que o conceito foi
beneficiando desde que surgiu, pela primeira vez, no século XIX, sendo hoje
7
Cfr. ROBERT A DAHL, Democracia, pp. 55 e ss.
Cfr. AAVV, Constituição Anotada ..., pp. 39 e 40.
11.0 do preâmbolo da CTL.
13.0 do preâmbolo da CTL.

Art. 1.0 , n. 0 1, primeira parte, da CTL


Art. 2. 0 , n. 0 1, da CTL, que depois se reforça pelo art. 62. 0 da CTL
“O poder político radica no povo e é exercido nos termos da Constituição”.
Art. 6. 0 , al. c), da CTL.
Art. o art. 46. 0 da CTL.
Cfr. o art. 47. 0 da CTL
Cfr. o art. 48. 0 da CTL
Art. 156. 0 , n. 0 1, al. b), da CTL

22
praticamente total a sua positivação. A ideia básica da subordinação do Estado ao
Direito, com exclusão do arbítrio, encontra-se expressa no preâmbulo e num dos
preceitos constitucionais iniciais. No preâmbulo, ao dizer-se que “Pleneamente
conscientes da necessidades de se erigir uma cultura democrática e institucional
própria de um Estado de Direito onde o respeito pela constutuição, pelas leis e pelas
instituisões democraticamente eleitas sejam a sua base inquistionável”; Num dos
preceitos iniciais, com a epígrafe “A República”, ao estipular-se que “A República
Democrática de Timor-Leste é um Estado de Direito Democrático”.

A consideração conjunta das diversas dimensões que o princípio do Estado de


Direito foi integrando, no seu percurso ao longo de dois séculos de Constitucionalismo,
e na passagem do Estado Liberal ao Estado Social, permite sintetizar aos seguintes sub-
princípios que melhor o densificam: O princípio da dignidade da pessoa humana, o
princípio da jurudicidade e da constitucionalidade, o princípio da separação de
poderes, o princípio da segurança jurídica e da proteção da confiança, o princípio da
igualdade e o princípio da proporcionalidade.

3.2 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

O princípio da dignidade da pessoa humana, como relevante manifestação material


do princípio do Estado de Direito, significa, de um modo geral, que a pessoa é colocada
como o fim supremo do Estado e do Direito. Esta conceção geral visivelmente encontra
nos direitos fundamentais a sua grande consagração, dado ser esta categoria o
instrumento técnico-jurídico que melhor se adequa à garantia dos valores que ela

23
transporta. A dignidade humana como critério de fundamentação do Direito em Geral,
e dos direitos fundamentais em particular, parte das características da (i) liberdade e
da (ii) racionalidade da pessoa, antropologicamente sustentada numa (iii) inserção
social, garantido o seu (iv) desenvolvimento pessoal.

Essa é uma resposta que pode ser melhor conferida no seio de uma mais vasta
conceção jusnaturalista do Direito, a qual se assume como decorrendo da objetividade
da natureza humana não voluntariamente criada e, por isso, imutável em face de
circunstancialismos de tempo e de lugar. O ideal de justiça que o Direito Positivo deve
alcançar acarreta que o desrespeito daquele determine a desobrigação perante tal lei,
assim considerada injusta.

3.3 Princípio da Juridicidade e da Constitucionalidade

O princípio da juridicidade, com o que se monstra a vertente normativa do


princípio do Estado de Direito, implica que a estruturação do Ordenamento Jurídico
fique obedecendo a três características essenciais : Ser um sistema jurídico, organizado
e não caótico, dotado de unidade intrínseca; Ser um sistema jurídico escalonado ou
hierarquizado, encimado pelo texto constitucional; e Ser um sistema jurídico
apetrechado com mecanismos de verificação das relações desconformidade com
parâmetros superiores, podendo elimina-los.

A aplicação do princípio da jurudicidade ao contexto do Direito Constitucional


ainda evidencia o princípio da constitucionalidade como seu sub-princípio, realçando
uma peculiar relação entre a Constituição e a restante Ordem Jurídica.

O primeiro aspeto do princípio da juridicidade explicita o sentido sistemático da


Ordem Jurídica como conjunto de normas e princípios, revelados através das fontes do
Direito, sublinhando-se a sua organização interna, qual “cosmos jurídico” dotado de
coerência intrínseca. É por isso que este aspeto do princípio da juridicidade requer que

24
uma íntima integração e adequação sistemática ocorra no relacionamento entre os
diversos componentes da Ordem Jurídica, sem nunca excluir o Ordenamento
Constitucional como sua parcela cimeira.

3.4 Princípio da Separação de Poderes

O princípio da separação de poderes, numa das mais antigas projeções do princípio


do Estado de Direito numa perspetiva organizatória, é dos poucos temas que o tempo e
o uso não tornaram gastos e, ao invés, se tem mantido atuante no pensamento político e
nos textos constitucionais dis séculos XIX e XX.

Esse percurso não se fez, contudo, sem que assinaláveis mudanças se dessem na
transição do Estado Liberal para o Estado Social, fundamentalmente cimetadas pela
progressão verificada na proteção dos direitos fundamentais, bem como no
alargamento das tarefas materiais do Estado e do poder púlbico em geral.

A conceção da teoria da separação de poderes ficou a dever-se a dois autores que, no


século XVIII, definitivamente a popularizariam, ainda que se possam anotar
apreciáveis diferenças entre si: JOHN LOCKE e CHARLES SECONDAT DE
MONTESQUIEU. Segundo JOHN LOCKE, o poder político devia repartir-se por
quatro distintas funções: O poder legislativo, enquanto capacidade para emitir leis, a
ser entregue ao parlamento como assembleia de representantes; O poder executivo,
enquanto faculdade de aplicação das leis aos casos concretos, através da administração
e através do tribunais, a confiar-se ao rei governo; O poder federativo, enquanto setor
de gestão das relações internacaionais do Estado, bem como atinente à segurança do
Estado, também a ser cometido ao rei e ao seu governo; e a “prerrogativa”, não se
inserindo neste esquema, que funcionaria como poder residual e ilimitado do rei, para
defesa do Estado perante situações anormais.

25
Para JOHN LOCKE, o poder legislativo do Estado, o poder supremo, deveria,
por seu lado, submeter-se a quatro limites: A igualidade de aplicação sem variação de
casos particulares, como o rico ou o pobre, o cortesão ou o campesino; A vinculação das
leis ao bem do povo; A necessidade do consentimento do Povo no aumento dos
impostos; e a impossiblidade da atribuição de poderes legislativos a órgão diverso do
Parlamento.

De acordo com o entendimento de CHARLES LOUIS DE SECONDAT, barão


de MONTESQUIEU e de BREDE, adotando também uma separação material das
funções do Estado, haveria que numericamente equacionara a existência de três
poderes, embora subtância diferentes do proposto por JOHN LOCKE : O poder
legislativo, próximo do de JOHN LOCKE, a atribuir ao Parlamento, segundo o qual se
emitiriam os atos legislativos; O poder executivo, nele se incorporando o poder
federativo de JOHN LOCKE, que se traduziria na capacidade de administração
interna e externa do Estado, a ser desenvolvido pelo rei e seu governo; e o poder
judicial, distinto do poder executivo de JOHN LOCKE, pelo qual se aplicaria o Direito,
entregue aos tribunais.

3.5 Princípio da Segurança Jurídica e da Proteção da Confiança

O princípio da segurança jurídica e da proteção da confiança, a despeito do seu


extenso conteúdo, é também chamado a integrar o princípio do Estado de Direito,
devendo ser desdobrado em duas distintas vertentes :

O princípio da segurança jurídica, exigindo a publicidade nos atos do poder público,


assim com a clareza e a determinabilidade das fontes do Direito. E o princípio da
proteção da confiança, requerendo que o quadro normativo vigente não mude de modo
a frustar as expectativas geradas nos cidadãos acerca da sua continuidade, com a
proibição de uma intolerável retroatividade das leis, assim como a necessidade da sua

26
alteração em comformidade com as expectativas que sejam constitucionalmente
tuteladas.

O princípio da segurança jurídica implica a necessidade da publicitação das


desisões jurídico-públicas, não podendo haver decisões de supresa, pricípio que assim
“proíbe os atos normativos secretos contra os quais (os cidadãos) não se podem
defender”. Para além disso, com a publicação, cumpre-se também outra vertente da
segurança jurídica, não já a da publicidade da regulação jurídica, mas a da clareza e da
certeza do sentido dessa regulação, assim se tornando mais objectivo o sentido das
fontes do Ordenamento jurídico.

Nem sequer deixa de ser curioso veerificar que a temática da publicitação dos atos
de poder público marcou bem a História das Fontes do Direito em dois momentos
decisivos. Primeiro, na estruturação do Estado Romano, no qual e elaboração da Lei
das XII Tábuas representou a passagem de um Ordenamento Jurídico de tipo civil,
social e conhecido. Depois, na construção do Estado Contemporâneo, no qual a
publicitação dos atos de poder público desempenhou um papel determinante na ereção
do Estado de Direito contra o arbítrio, permitindo a inteira previsibilidade nos
comportamentos juridicamente relevantes.

3.6 Princípio da Igualidade

O princípio da igualidade é ainda realidade forçosamente presente no amplo


princípio do Estado de Direito, desta feita voltando a ter uma incidência material. Só
que o princípio da igualdade em muito transcende a dimensão constitucional, situando-
se como um dos princípios constitutivos da ideia de sistema jurídico, sem a qual o
mesmo nem sequer poderia conceber-se. De resto, a CTL, não obstante a localização
sistemática da formulação do princípio da igualdade na Parte II relativa aos direitos

27
fundamentais, acaba por lhe dar essa mesma genérica relêvancia, ao referir-se a
quaisquer situasões jurídicas, mesmo que não jurídico-constitucionais.

O princípio da igualdade reside numa relação triângular, na qual se confrontam as


realidades em comparação, sob o prisma da disciplina jurídica que se quer estabelecer.
Nestes termos, o princípio da igualdade vai assumir duas dimensões distintas, mas
absolutamente complementares : Uma dimensão igualizadora: tratar igualmente o que
é igual e a uma dimensão diferecionadora, tratar diferenciadamente o que é desigual

O ponto focal do princípio da igualdade reside na apreciação material da diferença


ou da identidade das situasões sob o ponto de vista da disciplina jurídica a que ficam
sujeitas, devendo surgir justificada numa apreciação valorativa e não meramente
naturalística.

3.7 Princípio da Proporcionalidade

O princípio da proporcionalidade não pode finalmente ser postergado dentro da


ideia geral do princípio do Estado de Direito como mais uma dimensão material do
mesmo. A configuração do princípio da proporcionalidade assenta numa discricionário,
contendo os efeitos excessivos que eventualmente se apresentem na edição das
providências de poder público de cariz ablatório para os respetivos destinatários.

O princípio da proporcionalidade começou por ser apenas uma orientação


constrigente das atuações agressivas do poder público no âmbito da esfera dos
cidadãos, fornecendo um esquema intelectual-jurídico de aferição do cumprimento de
determinados requisitos e estruturando- se sobretudo no âmbito do Direito
Administrativo de Polícia. Mas rapidamente tal princípio se expanderia para outros
setores da atuação jurídico-administrativa, não só na administração constitutiva como
tambêm ao nível dos diversos órgãos do poder público.

28
Só recentemente, porém, é que o princípio da proporcionalidade veria a luz do dia
na Teoria do Direito Constitucional, aí contudo desempenhado um papel decisivo,
sobretudo na temática dos limites aos direitos fundamentais. O estádio atual do
desenvolvimento do princípio da proporcionalidade como elemento decisivo do
princípio do Estado de Direito, insuflando, no fim de contas, todo o Direito Público,
aceita-se segundo um conjunto de progressivas generalizaões que é mister mencionar.

Indubitável é, neste contexto, reconhecer a enorme transcendência da respetiva


descoberta científica para a limitação do exercício do poder público, ficando patente,
até certo ponto, a própria coerência global do Ordenamento Jurídico. A
proporcionalidade de um efeito jurídico no seio da Ordem Jurídica carece, como
pressuposto essencial, de uma ponderação entre os meios que esses efeitos representam
e as finalidades que se assinalam à respetiva consecução. Um ato do poder público é
proporcionado se a finalidade que a Ordem Constitucional lhe comete se afigura
cabalmente medida no confronto com as opções de seleção e de modelação de
intervenção prática que esse meio oferece.

8
11.0 do preâmbulo da CTL
Art. 1. 0 , n. 0 1, parte inicial , da CTL.
NUNO PIÇARRA, A separação dos poderes na Constituição., p. 163, e separação dos poderes, p. 706
Cfr. as críticas de OTTO BACHOF, Jueces., pp. 57 e ss.

29
CAPÍTULO IV

FORMAS DE DEMOCRÁCIA

4.1 Conceito e as suas Funções da Democrácia

O conceito democrácia foi evoluindo com o passar do tempo, e apartir de 1688,


em Inglatera, a democrácia era baseada na liberdade de discussão dentro do
parlamento. Este sistema de gorverno foi desenvolvido em Atenas, “ uma das principais
cidade da Grécia Antigas”. Embora tenha sido o berço da democracia, nem todos
podiam participar nesta cidade. Mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não
participavam das decisões políticas da cidade. Portanto, esta forma antiga de
democracia era bem limitada. De acordo como alguns filósofos e pensadores de século
XVIII, a democrácia era o direito do povo de escolher e controlar o governo de uma
nação. Atualmente a democracia é exercida, na maioria dos paises, de forma mais
participativa. É uma forma de governo do povo e para o povo.

Democrácia é o regime político em que a soberania exercida pelo povo. A


palavra democrácia tem origem no grego “demokratía” que é composto por demos ,
“que significa o povo” e “kratos” que significa “poder”.

Neste sistema político, o poder exerce pelo povo através do sufrágio universal. É
um regime do governo em que todas as importantes decisões políticas estão com o povo,
que elegem seus representantes por meio de voto.

Uma das pricipais funções da democrácia é a proteção dos direitos humanos


fundamentais, como as liberdades da expressão, de religião, a proteção legal, e as

30
oportunidades da participação na vida política, econômica e cultural da sociedade. Os
cidadãos tem os direitos expressos, e os deveres de participar do sistema político que vai
proteger seus direitos e sua liberdade. Portanto, a democácia é a única forma do
governo que respeita plenamente a dignidade humana que o próprio constituição de
Timor – Leste garante, nos termos do artigo 1o número 1 na última parte e permite aos
seus cidadãos desenvolver ao máximo as suas potencialidades. É o respeito pela
dignidade humana, resultado de um desenvolvimento de séculos, e a raiz da democrácia
por isso, os valores da democrácia exigem reconhecer a importância de que o cidadão
reforce o seu poder pela participação nas instituicões democráticas, reconhecer os
direitos e deveres fundamentais da cidadania e paticipação na vida democrática, tem
capacidade de envolvimento em mecanismo de deliberação, discução e discurso político
e desenvolver o sentido da responsabilidade pela construção do bem comum em cede
das instituições políticas e democráticas. Também, os valores da democrácia exigem
entender o pluralismo e a toleráncia como desafios cruciais a uma inserção comunitaria
saudavel e desenvolver o pensamento crítico sobre a situações da vida social, numa
perspectiva de impulso à participação na procura de soluções para as comunidades,
comforme o artigo 6o alinha B e C da Constituição República Democrática de Timor –
Leste.

9 1
Estudo publicado no Boletim da Faculdade de Direito, Coimbra, em 1930 (vol.xii), como conclusão de
uma série de reflexões sobre o mesmo tema, ocorridas numa troca de impressões, no ano de 1929, com o
ilustre escritor António Sérgio.
Hoje, como então, este estudo outra coisa não pretende ser senão um ponto de partida provisório,
sem carácter dogmático, para o ataque a uma temática e uma problemática filosóficas que continuam em
aberto.
2
Nação Portuguesa, série v, fascs. 9-11 e 1 da série vi, e supra, pp. 31-136 do presente volume.
3
Cf. Hermann Heller, Die politischen ideenkreise der Gegenwart, pp. 9 e 12. “Toda a discussão das
diferentes ideologias deve ser precedida da fixação daquilo que mais ou menos lhes pode ser comum no seu
subsolo histórico-filosófico”.

31
4.2 A Democrácia Representativa e a Eleição

A democracia representativa é uma forma de governo em que o povo elege


representatntes que possam defender, gerir, estabelecer e executar todos os interesses
da população através de eleição. A principal base da democracia representativa é o voto
direto, ou seja, o meio pelo qual a população pode apreciar todos os candidatos a
representantes do povo e escolher aqueles que consideram mais aptos para representá-
lo. A democracia é representativa quando o povo elege, através do voto direto,
representantes que possam desempenhar os cargos públicos e que se reúnam em espaço
de discussão, como parlamento nacional com o objectivo de debater questões de
interesse da população em geral. Teoricamente, a função das pessoas que foram eleitas
é representar os direitos e interesses daqueles que os elegeram. No entanto, para que
haja a eficiência do regime democrático representativo, todas as pessoas que ocupam os
cargos públicos do poder legislativo e executivo e que tenham sido eleitas pelo povo,
devem ser constantemente renovados, ou seja, são estipulados períodos fixados para
que hajam novas eleições. As eleições são processos pelo qual escolhem os
representantes por meio de votação para ocupar cargos públicos, ou seja, Sufrágio
Universal.

A importância da eleição em qualquer democracia também se afere pelo


conjunto de fontes normativas que integram o direito Eleitoral, ramo do Direito
Constitucional que especificamente visa a definição o respetivo regime. Ao texto da
Constituição de Timor - Leste se comete a tarefa, em preceito próprio, sob a epígrafe
“Eleições”, de fixar essas coordenadas fundamentais. De acordo com o artigo 65. o da

32
CRDTL , Os orgãos eleitos de soberania e do poder local são escolhidos através de
eleições, mediante sufrágio universal, livre, direito, secreto, pessoal e periódico.

Depois, há uma imensidão de leis e de fontes normativas menores – que


infelizmente nunca chegou a ser codificada-que concretizam e desenvolvem aquelas
orientações constitucionais, designadas por “leis eleitorais” ou, em geral, por
“legislação eleitoral”, nas quais se pode incluir a Lei eleitoral para o Presidente da
Repúplica, Lei no 7/2006, de 28 de Desembro e Lei eleitoral para o Parlamento
Nacional, Lei no 6/2006, de 28 de Desembro .

De acordo com a Constituição de Timor – Leste, o princípio democrático, como


não podia deixar de ser, insufla as escolhas dos governantes, sendo estes dois órgãos de
Estado cujos titulares são selecionados com base no sufrágio popular: o Presidente da
República e o Parlamento Nacional. De todos aqueles temas, cujo estudo completo neste
contexto é verdadeiramente impossível, é de privilegiar as opçoes que o Direito
Eleitoral Timorense firmou sob o prisma destes três principais pontos de vista, que
traduzem a essência de elição: o recenseamento eleitoral, a caracterização do sufrágio, o
procedimento eleitoral. O Recenseamneto eleitoral espelha uma existencial necessidade
de disciplina do procedimento de votação, na medida em que corporiza uma
permanente e prévia certificação formal acerca da qualidade de cada cidadão como
eleitor. Para que o cidadão possa votar, é forçoso que esteja inscrito nos cadernos
eleitorais, o que se explica pela conveniência de evitar fraudes, que assim se consegue
pelo prévio conhecimento de quem tem capacidade eleitoral ativa devidamente
reconhecida.

O Sufrágio, terminologicamente herdeiro do ius sufragii romano, é outro eixo


fundamental do Direito Eleitoral Timorense e exprime os termos por que a vontade
individual dos cidadãos eleitores se pode expressar numa vontade coletiva declarada no
dia das eleições. De acordo com a Constituição de Timor – Leste, numa célebre fórmula

33
várias vezes repetida no seu articulado, o sufrágio é definido como sendo” universal,
livre, igual, direto, secreto e periódico ”, num conjunto de sete características, a saber:

 Sufrágio universal: o voto é todos, não se aceitando qualquer exclusão no


conjunto daqueles que, tendo idade acima de 17 anos, devem possuir capacidade
eleitoral ativa, assim se prescrevendo o sufrágio restrito, seja capacitário (por
não se possuir certas habilatações literárais), seja censitário (por nãose atingir
um patamar mínimo de rendimentos), seja por qualquer outra razão
descriminatória (por não se permitir o voto da mulheres ou de outros grupos
minoritários, em nome de pseudo–justificacões raciais, religiosas ou outras);

 Sufágio livre: o voto, sendo sagrado em Democracia, deve ser exercido sem
qualquer coação na escolha, ao mesmo não podendo aplicar – se qualquer
sanção em relação à opção escolha do votante;

 Sufrágio igual: o voto, sendo de todos, deve valer exatamente o mesmo entre si,
proibindo – se a ponderação dos votos no sentido de alguns poderem valer mais
do que o de outros, numa outra garantia paralela da plenitude do sufrágio
(ainda que em associações de Direito Privado essa seja uma prática possível);

 Sufrágio direito: o voto projeta – se na escolha dos candidatos que se


apresentam ou das das decisões a tomar, não havendo qualquer esquema de
mediação na relevância que se atribui aos respetivos efeitos, tornando a vontade
expressa muito mais genuína e pura;

 Sufrágio secreto: o voto é formulado na intimidade do votante, sem que em


qualquer momento seja forçado a relevar em quem votou, nem o podendo fazer
nas imediações da assembleia de voto, assim se alcançado uma maior liberdade

34
de expressão e assim se evitando constrangimentos sobre certos eleitores por
parte dos candidatos;

 Sufrágio pessoal: o voto é determinado pelo votante, não sendo suscetível de


qualquer fenómeno de representação, voluntária ou necessária, mesmo em
situações de impossibilidade daquele, com isso se assegurando que a vontade do
cidadão jamais seja adulterada, o que não impede que, em certos casos, o voto
possa ser enviado por correpondência, derrogando – se o princípio geral da
presencialidade do sufrágio;

 Sufrágio periódico: o voto é repetido nos períodos previamente estabelecidos na


lei na exata medida em que os cargos políticos são temporários, devendo aqueles
que são eletivos ser escolhidos por nova eleição, o que também se filia
diretamente numa exigência do princípio republicano.

A dimensão representativa da democrácia relaciona-se com a designação dos


titulares dos orgãos públicos, principalmente do Estado, que desempenham os
mandatos em nome da comunidade política. Os interesses prosseguidos através da sua
atividade são os intereses gerais, e não os interesses particulares, devendo para isso
possuir a confiança política dos cidadãos que assim mediatamente definem aqueles
interesses gerais. A ponte que permite a ligação entre os governantes e os governados,
no momento da sua escolha, é construída pelo fenómeno da representação política. É
daqui que surge o mandato político, que na respetiva modelação se afirmou em duas
vertentes distintas, com base em opostos pressupostos democráticos:

O mandato Imperativo, defendido por JEAN-JACQUES ROUSSEAU, tributário


da democracia direta, em que os eleitos teriam de submeter-se á vontade geral, podendo
ser destituídos em consequência da sua violação; e o mandato Representativo,
propugnado por EMMANUEL SIEYÈS, no qual os eleitos, ainda que genericamente
submetidos ao interesse público, teriam a faculdade de agir – maxime através do seu

35
voto parlamentar – de maneira diversa dos interesses particulares da sua circunscrição
ou do grupo de eleitores que os elegeu, conservando-se o seu mandato mesmo na
situação de perda daquela confiança política.

O Direito Constitucional Timorense dá-nos conta da preponderância desta


dimensão representativa, sendo vários os órgãos de cunho eletivo, não só ao nível do
Estado, mas também no plano das entidades públicas infraestaduais. Que assim é, esta
um dos preceitos iniciais da CTL a demonstrá – lo: “O povo exerce o poder político
através do sufrágio universal, livre, igual, direito, secreto e periódico”. A eleição, nos
regimes democráticos, cristalizou-se como o fundamental modo de designção dos
titulares dos cargos públicos, no qual participam, através do voto, os cidadãos ativos de
certa comunidade estadual. Com a eleição acorre a escolha de tais titulares, seja através
de uma designação mediatizada pelos partidos políticos.

A importância que se tem atribuído à eleição – assim como ao colégio de


eleitores que subjectivamente a leva a cabo – tem inclusivamente suscitado questões
complexas ao nível da colocação do ato eleitoral no próprio plano dos atos jurídico –
públicos, neste caso do Estado – Comunidade, podendo mesmo enquadrar um outro
poder público, o poder eleitoral, como foi tão bem teorizado, v.g pelo português
SILVESTER PINHEIRO FERREIRA, no século XIX. Se a delimitação da eleição
enquanto manifestação do poder eleitoral, protogonizado pelo povo, não suscita muitas
dúvidas conceptuais, não é de excluir a respetiva distribuição por tantas modalidades
quantos ou úteis critérios de classificação que lhe têm sido apostos: Eleições política,
legislativas, administrativas ou internacionais, comforme a natureza do órgão, nas
funções que exerce, que vai sr escolhido; Eleições externas e eleições internas, comforme
a escolha eleitoral seja feita pelo povo ou por orgãos políticos já previamente escolhidos
por eleição e as Eleições gerais e eleições intercalares, comforme a escolha eleitoral seja
feita pelo povo ou por orgãos que integram uma instituição ou apenas aconteçam num
dos seus orgãos, por razões particulares de ser necessário prover os respetivos titulares.

36
O desenvolvimento do ato eleitoral, valendo bem pelo ato final que desemboca
na eleição produzida (o rezultado eleitoral) está longe de poder ser explicado na
produção de um ato instantâneo, traduzindo-se num procedimento, em que se sucedem
vários atos parcelares ordenados à emisssão do ato final: a eleição propriamente dita ou
stricto sensu. É assim possível descotinar as diversas fases de progressão do
procedimento eleitoral, a culminar com a decisão eleitoral : a) O registo do colégio
eleitoral através do recenseamento; b) A marcação das eleições, seja por fim do
mandato, seja por dissolução,com eleições antecipadas; c) A apresentação das
candidaturas levadas a escrutínio; d) O exercício da campanha eleitoral de
esclarecimento; e) A votação eleitoral; f) O apuramento dos resultados; g) O
contencioso eleitoral e; h) A publicitação dos resultados eleitorais.

Em matéria de sisema de partidos, a Ciência Política, em conjunto com o Direito


Constitucional, tem ensaiado a elaboração de leis explicativas das relações mais ou
menos constantes que se assinalam entre a escolha de certo sistema eleitoral e o
funcionamento, diretamente, do sistema de partidos e, indiretamente, do sistema de
governo.

Ficaram famosas, a este propósito, as leis de MAURICE DUVERGER, que em


1951 as formulou do seguinte modo : A representação maioritária a uma volta origina o
bipartidarismo perfeito; A representação maioritária a duas voltas conduz ao
multipartidarismo polarizado; e a representação proporcional favorece o
multipartidarismo perfeito.

37
10

4.3 As Formas Democráticas do Governo de Timor- Leste

As democracias, opostas às ditaduras, representam organizações de poder


público em que os governados influenciam a actividade e o percurso dos governantes,
sobre eles exercendo um efetivo controlo. Portanto, a democracia designa-se ao poder
público através de decisão do povo. A concretização da forma política democrática nos
testos constitucionais faz-se também como apelo ao princípio da soberania popular, na
titularidade do povo e dela emanando o critério de escolha e de actividade do Estado-
Poder. Deste modo, a democracia significa que o poder público postula uma relação do
confiança com a comunidade política, em que o respectivo exercício se submete a
diversos controlos, jurídicos e políticos.

A operacionalização da democracia depende da regra da maioria, segundo a


qual a decisão corresponde à vontade popular se determinada por um conjunto de
cidadãos em número superior ao daqueles que têm uma opinião contrária, regra da
maioria que se fundamenta precisamente na igualdade da internação da cada um desses
cidadãos. O funcionamento da democracia com base na regra da maioria não pode

10
Cfr. REINHOLD ZIPPELIUS, Teoria., pp. 230 e ss.; JORGE BACELAR GOUVEIA, Manual., II, pp. 876 e 877.
Cfr. REINHOLD ZIPPELIUS, Teoria., pp. 265 e ss.
Cfr. REINHOLD ZIPPELIUS, Teoria., pp. 234 e ss.
Art. 7.0 , n.o 1, primeira parte, da CTL.
Sobre a eleiçãopolítica em geral, v. MARCELO REBELO DE SOUSA, Direito Constitucional., pp. 286 e ss.;
JORGE MIRANDA, Ciência política, Lisboa, 1992, pp. 201 e ss., Direito Constitucional III, Lisboa, 2003, pp. 5 e
ss., e manual de direito Constitucional, VII, Coimbra, 2007, pp. 11 e ss.; ANTÓNIO NADAIS, Eleição, in DJAP, IV,
Lisboa, 1991, pp. 205 e ss.; REINHOLD ZIPPELIUS, Teoria., pp. 253 e ss.; DIETER NOHLEN, Sistemas electorales y
partidos políticos, 2a ed., cidade do México, 1998, pp. 11 e ss.; JORGE BACELAR GOUVEIA, Manual., II, pp. 876
Cfr. JORGE BACELAR GOUVEIA, Manual., II, p. 878.
Cfr. JORGE BACELAR GOUVEIA, Manual., II, p. 878.
Cfr. JORGE BACELAR GOUVEIA, Manual., II, p. 879 e 880.
Quanto a estas diversas opções, v. DIETER NOHLEN, Sistemas electorales., pp. 91 e ss.

38
querer dizer que as minorias – ou seja, aqueles que têm opinião contrária ou mesmo
nenhuma opinião – se consideram excluídas do sistema político ou, numa visão menos
drástica, apenas se limitem a esperar a oportunidade de passarem a maioria política.

Em Timor – Leste, a democracia, num determinado debate que se tem


recentemente revalorizado, é também deferente para com as minorias políticas, na
medida em que são partes integrantes do sistema político, numa lógica heraclitiana –
entre a afirmação e o seu contrário, entre o ser e o não ser – em que só pela dialética
discursiva e pelo contraditório político – ideológico se pode verdadeiramente legitimar
a decisão politica. É assim que a aplicação do princípio da maioria vai sofrer algumas
reduções, quer porque se reconhecem situações de decisão com maioria agravada, quer
porque as minorias podem ter votos de bloqueio.

Só que este entendimento já mais pode levar à equivalência da maioria e da


minoria no sistema político porque isso seria, desde logo, antidemocrático : mas pelo
menos chama a atenção para a importȃncia de a proteção das minorias permitir a
preservação da própria democracia, mostrando a alternativa futura e evitando que a
maioria degenere numa ditadura.

Na prática, a concretização da relação entre os governados e os governantes, em


regime democrático, pode desdobrar-se à luz de dois importantes óticas : A democracia
representativa, caso em que os governantes mandam em nome do povo e tem a sua
confiança política; e a democracia participativa, situação em que o exercício de direitos
políticos, que formam a opinião pública, contribui, ainda que informalmente, para a
limitação do poder público e a sua democratização.

As vantagens da democracia como modalidade de forma institucional de


governo, a despeito do enorme consenso em seu redor, podem ser sistematizadas, de
acordo com ROBERT A. DAHL, com bases na seguintes ideias – força : a) Ajuda a
evitar a governação por autocratas cruéis e viciosos; b) Garante aos cidadãos um
conjunto mínimo de direitos fundamentais impossíveis em sistemas ditatoriais; c)

39
Assegura uma maior margem de liberdade pessoal; d) Auxilia os cidadãos na proteção
dos seus intereses fundamentais; e) Proporciona o exercício do autogoverno, permitindo
a escolha democráticas das leis; f) Favorece a oportunidade do exercício de uma
responsabilidade moral; g) Encoraja o desenvolvimento humano na coletividade; h)
Ajuda o clima de paz em relação a outras democracias e; i) Auxilia o aumento da
riqueza nacional.

11

4.4 A Democrácia Participativa e os Partidos Políticos

Democracia participativa, por sua vez, é quando cada cidadão tem a sua
participação direta nas escolhas e decisões de seu interesse, ou seja, é um modelo de
exercício de poder, onde a população participa ativamente na tomada das principais
decisões políticas. A democracia participativa se desenvolve a partir da democracia
representativa nós últimos anos do século XX, sendo um modelo que faz com os
cidadãos possam interferir em alguns questões políticas de modo mais ativo, através de
referendos ou audiências públicas. O objectivo principal da democracia particiaptiva é
fazer com que todas as variedades de grupos sociais que convivem dentro de uma
mesma comunidade possam ser ouvidos e, consequentemente, que se desenvolvam ações
para atender as necessidades de todos.

11
HANS KELSEN, Teoria Geral do Direito e do Estado, p. 432, Cfr. JORGE BACELAR GOUVEIA, Manual., II, p.872
Quanto ao sentido etimológico da democrácia, v. JORGE BACELAR GOUVEIA, O princípio democrático
no novo Direito Constitucional Moçambicano, in RFDUL, vol. XXXVI, n. 0 2 de 1995, pp. 465 e ss., e manual., II, p.
869; ROBERT A. DAHL, Democracia, Lisboa, 2000, p. 19;; DALMO DE ABREU DALLARI, O aparato jurídico da
democracia , in DeC, ano VI, n.0 19, Janeiro a Abril de 2004, pp. 133 e ss.
Numa perspetiva histórica quanto à evolução da ideia de democracia, v., por todos, LUCIANO
CANFORA, A Democracia – História de uma ideologia, Lisboa, 2007, pp. 11 e ss.

40
A dimensão participativa da democracia, menos orgȃnica e mais informal, é a
que se liga ao exercício dos direitos de natureza política que permitem a expressão da
opinião pública, que indiretamente influencia as decisões políticas tomadas pelos
governantes, opinião pública que se constrói com base nas opiniões individuais
livremente produzidas no espaço público.

Isto quer dizer que a vontade popular que qualquer sistema político deve
apreciar não se vai confirmar àquilo que é transmitido no momento da eleição ou do
referendo – é do mesmo modod relevante o sentido dos cidadãos que se possa
manifestar entre aqueles momentos formais – decisórios, dando assim substȃncia a uma
cultura democrática e a uma intensa intervenção da sociedade nos assuntos do política.

Esta outra vertente da democracia não se exerce contra e muito menos em


substituição da democracia representativa: mas claramente que a complementa,
assinalando uma saudável “vigilȃncia democrática” sobre aquilo que vai sendo o
quotidiano da governação.

É relevante apreciar as duas principais funções que a opinião pública exerce em


democrática : a) Uma função de legitimação: é a função que permite a aceitação, fáctica
e ética, da atuação dos governantes, uma vez que estes podem absorver as conceções
siciais dominantes que se exprimem através da opinião pública, não divorciando o
Estado da Sociedade e; b) Uma função de controlo: é a função que determina a
limitação do poder público, na medida em que, diversamente da teoria da arcana rei
publicae do Estado Absoluto, se exige que os eleitores avaliem os meandros das decisões
políticas, assim melhor julgando os governantes nos momentos eleitorais, ao mesmo
tempo que estes se sentem condicionados pelo escrutínio da opinião pública.

Os instrumentos que se colocam ao serviço desta democracia participativa estão


todos em concordancia com os direitos políticos, os quais integram um ideal de status
político, de cidadania ativa na participação do espaço público, de contrução da opinião

41
pública. São vários os direitos fundamentais que podem exemplificar essa ideia, assim
substanciando uma opinião pública, que, sendo sofre, fortalece a democracia
participativa, que é componente essencial de um Estado Democrático avançado e
amadurecido :

A liberdade de opinião (expressão e informação): a faculdade de os cidadãos


livremente exprimirem os seus pontos de vista, sem coração, consura ou descriminação,
a respeito dos mais variados assuntos, conforme o artigo 40o da CRDTL; A liberdade de
imprensa: a faculdade de os cidadãos poderem exprimir as suas opiniões livres usando
os meios de comunicação social – a imprensa escrita, o mais antigo, o rádio e a televisão
– e também a faculdade, que se integra neste direito fundamental, de criação desses
meios de comunicação social, direito que se estende aos jornalistas enquanto seus
profissionais, conforme o artigo 41o da CRDTL; A liberdade de reunião: a faculdade de
as pessoas livremente se juntarem, para entre si tocarem opiniões ou levarem a cabo
projetos, conforme o artigo 42o n 1 da CRDTL; A liberdade de manifestacão: a
faculdade de as pessoas livremente se juntarem no sentido de exteriorizarem, para fora
do agrupamento, os seus pontos de vista, conforme o artigo 42 o no 2 da CRDTL; A
liberdade de associação: a faculdade de as pessoas livrementes criarem pessoas
jurídicas coletivas associativas, não carecendo de qualquer autorização pública, na
exercício da sua autonomia privada, conforme o artigo 43 o da CRDTL; A liberdade de
criação e de militȃncia nos partidos políticos: a faculdade de as pessoas livremente
criarem partidos políticos, bem como neles desenvolverem a sua atividade de
militȃncia, participando na respetiva vida instituicional, liberdade que se comunica aos
partidos políticos como pessoas associativas especiais, conforme o artigo 46o e 47o da
CRDTL; e o direito de petição perante orgãos público: a faculdade de as pessoas fazerem
chegar às autoridades públicas pedidos, representações, reclamações ou queixas a
respeito dos seus direitos, da juridicidade em geral ou para a melhor prosssecução de
interesse público, conforme o artigo 48o da CRDTL.

42
De todos os direitos fundamentais de intervenção política, um peculiar realce
deve ser conferido à liberdade de associação partidária, o mesmo é dizer, ao fenómeno,
nas suas diversas implicações, dos partidos políticos, ainda que a liberdade de
comunicação social, na sociedade de informação de hoje, igualmente não possa ser
menosprezada. A difinição de partidos políticos tem sido tentada pelos mais diversos
autores, a partir de diferentes critérios, mas a opção da LPP afigura-se satisfatória :
“Os Partidos Políticos são Organizações de cidadãos de caráter permanante, com o
objetivo de participar democraticamente na vida do país e de concorrer para a
formação e expressão da vontade política do povo”.

4.5 O Direito dos Partidos Políticos na Constituição em Timor Leste

O reconhecimento normativos do Partido Político é hoje um dado inequívoco


nas Ordens Jurídicas dos vários Estado, quer ao nivel da Legislação ordinária, que ao
nível dos textos constitucionais. É isso o que também se poder colher da leitura do texto
da constituição de timor Leste, a qual dedicauma disposição central e autónomia á

43
materia dos Partidos Políticos, nos termos do artigo 70 o 1 e 2 CRDTL. No Direito
Timorense vigente, este acolhimento constitucional dos Partidos Polítiicos foi seguido
pela elaboração da Lei dos Partidos Políticos, que nos seus 32 artigos estabelece a
disciplina legal da matéria, em cinco capítulo como disposições gerais, Direitos e
Deveres dos Partidos, Funcionamento interno financiamento do Partido Político e
apresentação das contas. A leitura do preceito transcrito e de outros preceitos da
Constituição de Timor Leste permite concluir que este texto constitucional teve a
precupação fundamental de constitucionalizar o estatuto dos Partidos Políticos,
aceitando o seu papel no sistema político. Em diversos perceitos constitucionais, nas
principais partes regulativas da constituição de Timor-Leste nos principio
constitucionais, nos direitos fundamentais e na organização do poder político. A título
ilustrativo, podemos ainda mencionar outros preceitos que genericamente enquadram a
função dos partidos políticos no sistema constitucional timorense :

a. Um preceito inserto nos Principios Fundamentais, no qual se afirma que “O


Estado valoriza o contributo dos partidos políticos para a expressão
organizada da vontade popular e para a participação democrática do
cidadão na governação do país”.
b. Duas outros disposições integradas nos Direitos, liberdades e garantias
pessoais, em que se pode ler: “Todo o cidadão tem o direito de constituir e
de participar em partidos políticos”, “A constituição e a organização dos
patidos políticos são reguladas por lei”.

Os traços principais desse regime constituicional são, em sintese, dois ;

44
a. Por um lado, apenas se admite uma fiscalização externa da actividade dos
partidos e não um qualquer controlo do seu programa ou estatutos, sendo
aquela fiscalização atribuída aos tribunais.
b. Por outro lado, como se pode verificar das disposições citadas anteriormente,
a CTL reconhece os fins e funções partidárias no ȃmbito do sistema político
estatuído, designadamente e função representativa e de titularidade do poder
político, bem como a importante função de contibuir para a formação da
“vontade popular”.

Comprovando a importȃncia do estatuto constitucional dos partidos políticos


estão muitas das disposições da LPP, a começar logo pelo seu preceito inicial, que em
boa medida reproduz a sua função constitucional, deferindo-lhes o papel de “participar
democraticamente na vida do país e de concorrer para a formação e expressão da
vontade política do povo, em conformidade com as leis e com os respetivos estatutos e
programas, intervindo nomeadamente no processo eleitoral mediante a apresentação ou
o patrocínio de candidaturas”.

Muitos dos outros princípios fundamentais constantes da LPP se alinham neste


mesmo propósito : a) O princípio da duração indeterminada; b) O princípio da
liberdade, quer na sua constituição, quer no desenvolvimento da sua atividade; c) O
princípio demorcático na sua organização interna; d) O princípio da unicidade da
condição de militante; e) O princípio da transparência quanto às suas atividades e; f) O
princípio do caráter nacional.

No que toca à sua constituição, a orientação geral que decorre do princípio da


liberdade é a de que o nascimento dos partidos políticos não fica depedente de
qualquer autorização pública: “A criação dos partidos políticos não carece de
autorização”.

Não obstante, são formuladas algumas exigêencias formais para que o partido
político se constitua, sob pena de tal vicissitude não poder sequer operacionalizar-se: a

45
apresentaçãode um requerimento, subscrito por um mínimode 1500 cidadãos,
acompanhado pelo projeto de estatutos, da declaração de princípios ou programa
político, bem como da denominação e símbolos partidários.

A personalidade jurídica dos partidos políticos, assim como o início da sua


atividade, surgem com a sua atividade, surgem com a sua inscrição junto do supremo
tribunal de justiça, num regime de declaração prévia por mero registo, a qual pode não
ser aceite perante o incumprimento de qualquer um dos requesitos formais enunciados.

A LPP também evidencia a matéria do estatuto dos filiados dos partidos


políticos, estabelecendo um significativo conjunto de regras a respeito das suas relações
com as estruturas partidárias.

A relevȃncia dos filiados partidários é enorme porque são eles que integram o
substrato do partido, tanto no momento inicial em que se agrupam e organizam de
modo a formar um novo partido como quando, após a constituição, são estes filiados
que, pela ação política desenvolvida e pela determinação da doutrina e programa
adotados, vivificam o partido e asseguram a sua continuidade no quadro do sistema
político instituído.

A liberdade de associação partidária, se costuma ser vista institucionalmente do


ponto de vista dos partidos políticos, igualmente se assinala numa perspetiva individual,
na relação de cada cidadão com cada partido político: “A adesão a um partido político
é voluntária, sendo cada cidadão livre de se filiar ou não num partido político”.

A filiação partidária, mesmo se concebida com a máxima liberdade, vai


comportar limites, como a impossibilidade de dupla filiação partidária: os filiados num
partido não podem estar filiados, ao mesmo tempo, em qualquer outro partido.

O filiado em partido político integra o estatuto que confere vários direitos


políticos de participação, mas também se encontra vinculado a um conjunto de deveres,
com proteção de cunho disciplinar.

46
No que se refere à estrutura interna, vigora a liberdade geral da organização, o
que integra, no plano institucional, o princípio da liberdade de associação partidária.
Contudo, a LPP estabelece algumas regras importantes, nalguns casos aplicando-lhes
regras gerais dos órgãos públicos.

No plano dos órgãos internos, ali importa dissociar entre o órgão representativo,
o órgão de direção política e o órgão de jurisdição. No plano das eleições internas,
vogora a regra do sufrágio pessoal e secreto.

CAPÍTULO V

FASE FINAIS

47
5.1 Cosiderações Finais

A medida que os partidos foram sendo constituisionalmente reconhecidos a


partir do século XX, coube-lhes a especial tarefa de realizar a reprezentaçào política.

Desta forma, o comprimicio com a relizaçào da democrácia passou a ser objeto


programático intrínseco as determinadas organizações partidárias. Só os partidos
políticos podem “ converter as necessidades expressas ou latentas e os dejesos mais ou
menos difusos de parcelas da população em pretensões precisas e concretas”, a serem
realizadas pelos poderes públicos. Nessa tarefa de representar, exige-se, no entanto, que
os partidos apresentem uma organização sólida e um programa bem difinido. São essas
as condições básicas para que elas possam realizar, na medida do possível, a vontade de
seus eleitores, bem como cumprir exigências e requisitos da democracia em uma época
em que prevalece a participação das massas. Nesse contexto, portanto, pode-se falar em
democracia representativa dos partidos, já que lhes cabe a tarefa de mobilizar e
viavilizar os individous para a participação e integração no processo democrático.

No entanto, Estado de Direito é aquele que tem como actuação, regras de


Direito, cria e prescreve formas e procedimento de Direito. O Estado está subordinado
ao Direito e Poder Político esta vinculado ao Direito. Por outro lado, Estado de Direito
Democrático é um Estado em que existe o Respeito pelo Direitos Humanos e pelas
Garantia Fundamentais. Deve existir a garantia dos Direitos Individuais e Colectivos,
dos Direitos Sociais e Direitos politicos. Isto quer dizer que, para que o Estado atinja o
objectivo de ser considerado um Estado Democrático de Direito, todos os Direitos dos
Cidadãos devem ter protecção jurídica e ser garantido pelo Estado,através dos seus
Governos. Em termos constitucionais, o Estado de Timor Leste é auto-referenciado com
uma ampla difinição que pela sua centralidade, vale a pena transcrever mediante o
artigo 1o CRDTL; “ A República Democrática de Timor Leste é um Estado de Direito
Democrático, soberano, independente e unitário, baseado na vontade popular e no respeito
pela dignidade da pessoa humana”. No entanto, são vários os princípios constitucionais

48
que configuram o Estado de Timor Leste na sua Carácterização Jurídica
Constitucional, os quais cumpre elencar; como Estado Republicano, Estado de Direito,
Esatdo Democrático, Estado Soberano, Estado Independente e Estado Unitário. O
preceito em questão ainda acresenta mais duas referências ao facto de o Estado de
Timorense se fundar na vontade popular e na dignidade da pessoa humana.

Assim, no Estado Democrático de Direito, todos, tantos os Cidadaõs Civís, os


Governantes, as Organizações Sociais e Instituições Democráticos devem respeito ao
que é previsto nas leis, ou seja, deve ser respeitados e cumprido o que é definido pela lei.
Isto significa a decisão não pode ser contrárias ao que diz a lei e, dessa maneira, os
Direitos Fundamentais dos Cidadão em relação com Direito Sociais e Políticos são
protegidos perante a lei. Por conseguinte, pode, pois dizer-se que os Partidos Políticos
são Organizações Sociais, Voluntárias, com carácter de permanência e duração
razoável, que lutam pela aquisação e exercicio do poder, através de meios legais e
democráticos, ou seja, Partido político é um grupo organizado, legalmente formado
uma entidade, com base em formas voluntárias de participação do Cidadão numa
Organização orientada para ocupar o poder político através no processo
Democratização, que esse conceito previsto no artigo 1 o da lei n 3/2004 de 14 de Abril,
sobre o Pertido Político, “Os partidos políticos são organizações de cidadãos de carácter
permanente, com o objectivo de participar democráticamente na vida do país e de
concorrer para a formação e expressão da vontade política do povo, em conformidade
com as leis e com os respectivos estatutos e programas, intervindo nomeadamente no
processo eleitoral mediante a apresentação ou o patrocínio de candidaturas.
Deste modo, retomando características dos Partidos Políticos como
Organizações duráveis cuja esperança política deve ser` superior á dos dirigentes
ocasionais, junto a uma implantação local generalizada, com uma vontade deliberada
de ocupar e exercer o poder, e que procuram o apoio popular através de eleições ou de
quaisquer outros meios disponíveis.

49
Portanto, a natureza Democrático do Estado de Timor Leste, não sucitando
qualquer espécie de dúvida, não deixa de ser solenemente proclamada nos preceitos
iniciais do respectivo articulado constitucional.

Recorde-se de resto que a profusão de indicações constitucionais a este respeito


nem sequer pode causar qualquer estranheza se tomarmos nota do facto de ter sido em
nome da Democrácia que precisamente se lutou pela independencia de Timor Leste, em
1975 e em 1999. Logo, o princípio Democrático, na Constituição de Timor Leste,
assume como o princípio geral de Direito Constitucional, o qual atravessa todo o seu
texto. As indicações constitucionais começa logo no preambulo da Constituição Timor
Leste, que alude a construção de um Estado Democrático. Em vista disso, plenamente
concientes da necessidade de se erigir uma cultura Democrática e Institucional própria
de um Estado de Direito onde respeito pelo Constituição, pelas leis e pelas instituições
democraticamente eleitas sejam a sua base inquestionável. A dimensão participativa da
Democrácia, menos organica e mais informal, ea que se liga ao exercicio dos Direitos de
natureza política que permitem a espressão da opinião pública, que indiretamente
influencia as decisões políticas tomadas pelos governantes, opinião pública que se
constrói com base nas opinão individuais livremente produzidas no espaço público. Isto
quer dizer que avontade popular que qualquer sistema politico deve apreciar não se vai
confinar aquilo que é transmitido no momento da eleição, é do mesmo modo relavante o
sentido do Cidadãos que se possa manifestar entre aqueles momentos formais
decisórios, dando assim substância a uma cultura Democrática e a uma intensa
intervenção das sociedade nos assuntos da política. O reconhecimento normative dos
Partidos Políticos é hoje um dado inequívoco nas Ordens Jurídica dos Vários Estados,
quer ao nível da legislação ordinária, quer ao nível dos textos constitucionais. E isso o
que também se pode cplher da leitura do texto da Constituição de Timor Leste, a qual
dedica uma disposição central e autónoma a material dos Partidos Políticos, nos termos
do artigo 70o número 1 e 2 da CRDTL;” 1. Os Partido Políticos participam nos órgãos do
Poder Político de acordo com a sua representatividade democratica, baseada no sufrágio

50
universal e direto. E número 2. É reconhecido aos Partidos Políticos o Direito a Oposição
democratica, assim como o Direito a serem imformados, regular e diretamente, sobre o
andamento dos principais assuntos de interesse nacional. No Direito Timorense vigente,
este acolhimento constitucional dos Partidos Políticos foi seguido pela elaboração da Lei
dos Partidos Políticos – L n. o 3/2004, de 14 de Abril, que nos seus 32 artigos estabelece
a disciplina legal da material, em cinco capítulo. Capítulo I- Disposições Gerais,
Capítulo II- Direitos e Deveres dos Partidos, Capítulo III- Funcionamento Interno,
Capítulo IV- Financiamento de Partido Políticos e apresentação de contas e Capítulo V-
Disposições finais.

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