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Artiel Silva Silvestre

Danilo Mutualibo

Dercio Antonio Murruco

Ivone da Marcia Gove

Omar Ibraimo Nordine

Partidos políticos e sistemas partidários

Licenciatura em Direito

Universidade Save

Maxixe

2022
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Artiel Silva Silvestre

Danilo Mutualibo

Dercio Antonio Murruco

Ivone da Marcia Gove

Omar Ibraimo Nordine

Partidos políticos e sistemas partidários

Trabalho de investigação a apresentar


na cadeira de Ciências Politicas e
Direito Constitucional I para efeito
avaliativo

Docente: Dr. Leonardo Macuácua

Universidade Save

Maxixe

2022
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Introdução

O presente trabalho tem como tema o estudo dos partidos políticos e sistemas
partidários onde se observaraa as características de um modelo político partidário que
constituem o arcabouço sobre o qual se sustenta a democracia de qualquer nação, eis
que a essência do citado regime reside em dois postulados fundamentais: o voto e os
partidos políticos. Deveras, quando nascem a liberdade e a democracia, aparecem os
partidos políticos, símbolos da participação do povo na soberania do Estado. Os
partidos servem para exprimir e para formar a opinião pública. Constituem foco
permanente de difusão do pensamento político, além de estimular os indivíduos a
manter, exprimir e defender suas opiniões.

Define-se os partidos políticos, como um fenómeno ligado ao constitucionalismo


moderno. Portanto os partidos políticos, não surgiram, todavia de imediato. E que a
ideia de organizar e dividir os políticos em partidos, se alastrou muito no mundo todo, a
partir da segunda metade do século XVIII e, sobretudo depois da revolução francesa e
da independência dos Estados unidos.

Objectivo geral

 Conhecer o histórico dos partidos políticos e os sistemas partidários

Objectivos específicos

 Definir partidos políticos e sistemas partidários;


 Desenvolver sobre o princípio democrático e os sistemas partidários;
 Enumerar as dimensões constitucionais do sistema partidário;
 Fundamentar sobre o sistema e a história do pluripartidarismo moçambicano.
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Partidos políticos e sistemas partidários

Partidos políticos

Os partidos políticos, são um fenómeno ligado ao constitucionalismo moderno. Portanto


os partidos políticos, não surgiram, todavia de imediato.

De facto, a ideia de organizar e dividir os políticos em partidos, se alastrou muito no


mundo todo, a partir da segunda metade do século XVIII e, sobretudo depois da
revolução francesa e da independência dos Estados unidos.

Antes da revolução francesa, designadamente, não terá havido, senão clubes políticos
(Girondinos, Jacobinos e outros).

Os precursores dos partidos terão sido, os Tories e os Whigs na Inglaterra dos séculos
XVIII e os grupos de federalistas e de republicanos formados nos Estados Unidos após
a independência. Os partidos vão entretanto, aparecendo em todos os países com
regimes liberais, dotados de estruturas mais ou menos sólidas ou mais ou menos frágeis
consoantes as estruturas económicas, sociais, culturais e politicas respectivas.

Relativamente a ideia de partido, tem como objectivo a concorrência na disputa de


poder e sucessão ou alternância no exercício deste, consoante os resultados das eleições.
As ditaduras posteriores a 1977 recusam a legitimidade eleitoral; e os partidos de
vocação totalitária, quando alcançam o governo, destroem todos os outros. Hoje, porem,
depois da vicissitude dos últimos anos, o regime de partido único está manifestamente
em crise em todo mundo.

Regimes pluralistas: os partidos exprimem-se simultaneamente o princípio da


liberdade política, o reconhecimento da diversidade de correntes de opinião pública e a
solidariedade dos indivíduos ao exercer direitos políticos.

Regimes totalitários: as liberdades públicas e a ordem político-constitucional esgotam-


se no partido único; só se concebe expressão de ideias no interior dele; as decisões
fundamentais do estado demandam do aparelho do partido e não do aparelho formal do
Estado; a interpretação da constituição faz-se segundo as suas directrizes. Ao meio
caminho ficam os regimes autoritários.
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As estruturas e as funções dos partidos afectam os regimes e as formas de governo,


directamente.

O cerne da democracia representativa e liberal, consiste no direito de todos os partidos


de chegarem ao poder, mediante eleições, e no reconhecimento da liberdade de acção
política da oposição. A maioria constitui então o governo e a minoria fica na oposição
para a fiscalização; mas a minoria de hoje pode vir a ser a maioria de amanha, e vice-
versa.

O funcionamento do sistema de governo em cada pais depende do sistema de partidos,


em relação com um sistema eleitoral-relação, é recíproca e não no sentido único, pois a
escolha deste ou daquele sistema eleitoral faz-se em razão do sistema de partidos
preexistentes ou do que se pretende, vir a construir.

Sistemas partidários

Sistema de partido único: apenas um partido existe e tem permissão para existir. É
assim porque este partido veta, tanto de direito como facto, qualquer tipo de pluralismo
partidário. Os sistemas de partido único são mais frequentes em regimes totalitários e
vão na contra mão da essência do sistema democrático, uma vez que anula o pluralismo
político.

As ditaduras do século XX, com raras excepções fizeram porem do partido único o
instrumento máximo de conservação de poder, sufocando, pela interdição ideológica, o
pluralismo politico sem o qual a liberdade se instigue (BONAVIDES, 2000, p.475).

Sistema de partido hegemónico: o partido hegemónico não permite uma competição


formal ou pelo poder. Outros partidos podem existir, mas como segunda classe, como
partidos tolerados, pois não tem autorização para competir com o partido hegemónico
em termos antagónicos ou bases iguais. Apesar da existência de outros partidos, não há
alternância ou rotação no poder.

Sistemas de partidos predominantes: este partido existe na medida em que, e


enquanto, seu partido é apoiado de maneira constante, por uma maioria vencedora (a
maioria absoluta de cadeiras) dos eleitores. Por isso, neste sistema também não ocorre à
rotação no poder.
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Sistema de dois partidos ou bipartidários: os dois partidos competem por uma


maioria absoluta, que esta ao alcance de ambos. As condições flexíveis para um sistema
que funciona de acordo com as regras de bipartidarismo, seriam as seguintes: dois
partidos estão em condições de competir pela maioria absoluta de cadeiras; um dos
partidos consegue, na prática, conquistar uma maioria parlamentar suficiente; esse
partido dispõe-se a governar sozinho; alteração ou rotatividade no poder continua sendo
uma expectativa possível.

Sistema multipartidário: seria mais propício à democracia, que tem como um dos seus
fundamentos o pluralismo político, a diversidades de ideias e opiniões. O grande
problema para alguns autores reside precisamente ai, pois o multipartidarismo conduz
inevitavelmente às coligações eleitorais, de composição bastante heterogénea, sujeito a
inúmeras variações e ate mesmo pulverização de ideias e instabilidade, o que pode
ocasionar o enfraquecimento do regime político e ate mesmo seu colapso.

Princípio democrático e sistema partidário

O pluralismo partidário é um elemento constitutivo do princípio democrático e da


própria ordem constitucional (cfr, arts, 2º, 10º/2 e 51º.) a ponto de construir um limite
material de revisão (art.288º./h). O pluralismo partidário, é assim, construído a princípio
constitutivo de identidade constitucional.

Ora, é este pluralismo partidário que esta sujacente a varias decisões constituicionais
como, por exemplo, a formação de governos de minoria ou de maioria relativa
(cfr.art.195.º), a proibição de cláusulas barreiras (cfr.art.149.º/1) e o alargamento do
princípio geral da representação proporcional (cfr.art.113.º/5) às próprias eleições locais
(arts.239.º/2).

As dimensões constituicionais do sistema partidário

Essas dimensões, apontam as características da natureza e posição jurídico-


constituicional do sistema partidário na ordem constitucional portuguesa,
nomeadamente:

Os partidos políticos como direito constitucional formal

A constituição de 1976 deu substantividade normativa à completa substituição do


regime autoritário, antipartidario e antipluralista simbolizado pela constituição de 1933.
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Entretanto, a constituição de 1976 constituí os partidos como realidade constitucional e


direito constitucional e direito constitucional formal (arts. 10.º/2.º, 40.º, 51.º, 114.º,
151.º, 180.º, 288.º/i). Esta decisão não foi apenas reflexo da realidade.

O princípio democrático, não assenta numa unidade imposta ou pressuposta, mas sim no
pluralismo político e social. Consequentemente, a democracia só podia ser democracia
com partidos e o Estado constitucional só podia caracterizar-se como um Estado
constitucional de partido.

Os partidos como associações privadas com funções constitucional

A constitucionalização dos partidos ou incorporação constitucional dos partidos


implicaria que eles deixassem de ser apenas uma realidade sociológico-politico para
passarem a ser entidade jurídico-constitucional relevante. Portanto, o reconhecimento de
relevância jurídico-constituicnal corresponde a sua estabilização. Isto deriva
fundamentalmente do facto de os partidos terem um estatuto constitucional configurado
como direito subjectivo, direito politico e liberdade fundamental.

Liberdade interna e liberdade Externa dos partidos políticos

Relativamente aos partidos, a liberdade externa dos partidos reconduz-se


fundamentalmente à liberdade de fundação de partidos políticos (art. 51.º) e à liberdade
de actuação partidária. Como consequência de liberdade de fundação de partidos, será
inconstitucional qualquer regime prévio de autorização ou licença (cf. Art. 46.º/1).

A liberdade de fundação de partidos não tem apenas uma dimensão negativa:


positivamente, a associação partidária é um verdadeiro direito subjectivo dos cidadãos
(art. 51.º/1).

A liberdade interna pressupõe duas questões fundamentais, nomeadamente: sobre os


partidos não pode haver qualquer controlo ideológico-programático; não é admissível
um controlo sobre a organização interna do partido (cfr. Art.51.º/3). Isto significaria a
exclusão de qualquer controlo quanto à democraticidade interna ou ideológica de um
partido.
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A Igualdade de oportunidades de partidos

Os partidos políticos devem ter oportunidades iguais, sob pena de ser inconstitucional
qualquer regime jurídico que prevê o contrário. Portanto, a liberdade partidária e a
igualdade de oportunidades no desenvolvimento da actividade politica, são duas
dimensões da liberdade partidária, isso significa a proibição de ingerência positiva e
negativa dos poderes públicos na fundação e existência ou desenvolvimento dos
partidos. Por um lado os partidos são desiguais quanto a inserção politica, a implantação
eleitoral e popular, à capacidade de mobilização, à organização e recursos materiais.

Por outra, a igualdade de oportunidades reconduz-se em geral, a uma igualdade jurídica


e não a uma igualdade qualitativa.

Em suma os partidos politicos possuem varias igualidades e oportunidades,


designadamente:

 Igualdade de oportunidades e concorrência eleitoral: esta foi um dos


primeiros dominineos onde se começou a tentar dar operactividade pratica ao
principio da igualidade de oportunidades através da definição de regras relativas
ao direito de voto, ao sistema eleitoral e à camapnha eleitoral.
 Igualidade de oportunidades e financiamento dos partidos: o financiamento
publico, diz respeito ao principio de igualidade de oportunidades de todos os
partidos politicos. O financiamento dos partidos politicos, não diz apenas
respeito ao financiamento público, mas também aos financiamentos privados dos
partidos.
 Destinatário constitucional da igualdade de oportunidades: não é isento de
dificuldades o problema de identificação do destinatário da imposição
constitucional da igualdade de oportunidades, pois ela se dirige ao Estado e a
quaisquer outros poderes públicos

Prestacao de contas dos partidos

Os partidos políticos estão constitucionalmente obrigados a tomar públicos os


respectivos patrimónios e contas (CRP, art 51.º/6). O princípio da publicidade
neutraliza o anonimato dos eventuais patrocinadores. Portanto no ordenamento
jurídico português, incumbe ao Tribunal Constitucional apreciar o cumprimento ou
incumprimento das obrigações constitucionais e legais (cf.L 2/2003, art.18.º/1/e)
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referentes à apresentação de contas dos partidos (cf. Acs. TC arts. 103.º -A e 103.º -
B, Leis 56/98, de 17/08,23/2000 de 23/8). Entretanto, a prestação de contas é
obrigatória para todos os partidos inscritos e registados no Tribunal Constitucional,
independentemente do exercício ou não de actividade politica, do recebimento ou
não de verbas públicas, ou de sua dimensão politica, ou da existência ou não de
representação parlamentar (cf.Acs,TC 522/98, 36/2000, 551/2000).

Direito de oposição democrática

O direito de oposição democrática é um direito imediatamente decorrente da


liberdade de opinião e da liberdade de associação partidária (cfr. Art.114.º/2).

Segundo o Tribunal Constitucional Alemão, a oposição exerce-se não apenas à


maioria parlamentar mas também face à maioria parlamentar e o governo.

Oposição extraparlamentar: conexiona-se, de resto, com outros direitos


fundamentais como, por exemplo, os direitos de reunião e manifestação (art.45.º), e
com o próprio princípio democrático, que postulara mesmo a oposição
extraparlamentar quando a oposição parlamentar deixar de ter expressão
significativa, como é o caso das grandes coligações formadas por todos ou pelos
principais partidos com assento no parlamento.

Oposição parlamentar: é o direito à informação regular e directa sobre o andamento


dos principais assuntos de interesse publico (art.114.º/3), o direito de fiscalização e
de critica no âmbito da Assembleia da Republica, o direito de participação na
organizacao e funcionamento do próprio parlamento e o direito de antena.
Particularmente relevante, é o direito de consulta previa (cf.Lei nº 24/98, art.5º)
sobre questões politicas importantes.

Sistema Partidário Moçambicano

Moçambique ganhou a independência em 1975, no seguimento dos Acordos de


Lusaka assinados entre o governo de transição português e a Frelimo a 7 de
Setembro de 1974. A Frelimo foi a única força política moçambicana que participou
nas negociações; não houve consulta pública ou eleições (Krennerich 1999a; Brito
2009).
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As eleições multipartidárias em Moçambique

As primeiras eleições gerais moçambicanas foram realizadas entre os dias 27 e 29


de Outubro de 1994 e desde então, quatro actos eleitorais adicionais ocorreram, em
1999, 2004, 2009, 2014 e 2019. Nestas duas últimas, em particular, para além de
elegerem os deputados e o Presidente da República, os cidadãos puderam ainda
escolher os membros das Assembleias Provinciais. No entanto, as eleições de 2004
desafiaram claramente a ideia de uma bipolarização política e territorial, com a
Frelimo a conseguir a maioria dos votos nos distritos habituais da Renamo. Esta
tendência tornar-se-ia, de resto, ainda mais evidente nas eleições seguintes. Com
efeito, os resultados eleitorais têm demonstrado um crescente domínio da Frelimo e
um enfraquecimento da Renamo em termos de votos e de mandatos quer a nível
nacional quer sub-nacional. Para além da Renamo, apenas um terceiro partido
político conseguiu eleger deputados: o Movimento Democrático de Moçambique
(MDM) em 2009 e 2014.
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Conclusão

Durante o trabalho concluímos que falar dos partidos políticos e sistemas partidários
é abordar sobre o tema com grande enfase no desenvolvimento de um Estado
democrático. Portanto, a ideia de partido, tem como objectivo a concorrência na
disputa de poder e sucessão ou alternância no exercício deste, consoante os
resultados das eleições. As ditaduras posteriores a 1977 recusam a legitimidade
eleitoral; e os partidos de vocação totalitária, quando alcançam o governo, destroem
todos os outros. Hoje, porem, depois da vicissitude dos últimos anos, o regime de
partido único está manifestamente em crise em todo mundo.

Concluímos também que o pluralismo partidário é um elemento constitutivo do


princípio democrático e da própria ordem constitucional (cfr, arts, 2º, 10º/2 e 51º.) a
ponto de construir um limite material de revisão (art.288º./h). O pluralismo
partidário, é assim, construído a princípio constitutivo de identidade constitucional.
Em Mocambique vigora o pluralismo partidário, onde observou-se que primeiras
eleições gerais moçambicanas foram realizadas entre os dias 27 e 29 de Outubro de
1994.
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Referências bibliográficas

———. 2009. «O Sistema Eleitoral: Uma Dimensão Crítica da Representação


Política em Moçambique.» In Desafios Para Moçambique 2010, eds. Luís de Brito,
Carlos Nuno Castel-Branco, Sérgio Chichava, and António Francisco. Maputo:
IESE, 17–30.

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