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INTERDISCIPLINAR - CIÊNCIAS SOCIAIS

SUMÁRIO
MÓDULO 03

UNIDADE DE APRENDIZAGEM 2......................................97

2. Poder e política nas sociedades modernas............97

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INTERDISCIPLINAR - CIÊNCIAS SOCIAIS

MÓDULO
UNIDADE DE APRENDIZAGEM 2

2. Poder e política nas sociedades modernas

OBJETIVOS

1 Discutir o poder no contexto das democracias modernas


03
2 Compreender as crises e desafios das democracias na atualidade

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Nesta unidade de aprendizagem entramos para valer nas questões debatidas em nos-
sos dias. As democracias pelo mundo afora tem passado por testes severos e não é dife-
rente no Brasil. Vamos examinar com cuidado os desafios da atualidade em torno do tema.
Ao final, lançaremos um olhar socioteológico sobre a democracia.

Bons estudos.

A democracia como modo moderno de fazer política e dividir o poder

Ao longo da história os povos organizaram uma variedade de sistemas políticos e não


se pode dizer que o sistema democrático seja o destino da humanidade. Entretanto, apesar
dos solavancos em algumas nações democráticas na última década, as sociedades com
os melhores índices de desenvolvimento humano têm modernas caminhado na direção
de sistemas democráticos, muitas vezes conciliando o sistema democrático com outras
tradições políticas. Mas antes de mergulharmos nos assuntos próprios da democracia, ve-
jamos a democracia ao lado de outros sistemas políticos que se desenvolveram ao longo
da história.

Monarquia: forma de governo na qual um único indivíduo, geralmente chamado de mo-


narca (rei, rainha, imperador ou imperatriz), reina como chefe de Estado. O poder do monar-
ca dentro das monarquias, geralmente, é vitalício e hereditário, ou seja, o poder do monarca
estende-se durante toda a sua vida, sendo transmitido apenas com sua morte ou com sua
renúncia à posição de monarca. Existem dois tipos de monarquia vigentes atualmente: a
monarquia constitucional e a monarquia absoluta.

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DOIS TEÓLOGOS QUE FALARAM SOBRE DEMOCRACIA

VOCÊ SABIA
Reinhold Niebuhr (1892-1971) “A capacidade humana de fazer
justiça torna a democracia possível; porém, a inclinação huma-
na para a injustiça torna a democracia necessária. Uma vez
que o poder irresponsável e não sujeito a nenhum controle é a
maior fonte de injustiça”

C.S. Lewis (1898-1963) “Sou democrata por acreditar na queda do homem… o ser hu-
mano é tão depravado que não é possível confiar a ninguém um poder irrestrito sobre
os demais” (KOYZIS, 2014, p.152)

Democracia: regime de governo baseado no poder do povo, que atua diretamente ou


indiretamente, através de eleições ou representantes. A democracia tem como princípios
fundamentais: liberdade do indivíduo perante os representantes do poder político, especial-
mente face ao Estado; liberdade de opinião e de expressão da vontade política; multiplicida-
de ideológica; liberdade de imprensa; acesso à informação; igualdade dos direitos e opor-
tunidades favoráveis para que o povo e os partidos se pronunciem sobre todas as decisões
de interesse geral; alternância do poder conforme os interesses dos cidadãos. A demo-
cracia pode ser dividida em democracia representativa: forma de governo em que o povo
elege representantes para que estes possam defender, gerir, estabelecer e executar todos
os interesses da população. A principal base da democracia representativa é o voto direto,
ou seja, o meio pelo qual a população pode apreciar todos os candidatos a representantes
do povo e escolher aqueles que consideram mais aptos para representá-los. Os represen-
tantes eleitos através do voto podem ser vereadores, deputados estaduais, deputados es-
taduais, senadores, governadores e etc. Teoricamente, a função das pessoas que foram
eleitas é representar os direitos e interesses daqueles que os elegeram. A outra divisão da
democracia é chamada de participativa: modelo de exercício de poder no qual a população
participa ativamente na tomada das principais decisões políticas. Inspirada na Grécia anti-
ga este modelo tem sido redescoberto nos últimos anos do século XX, em resposta à crise
de algumas democracias representativas. A ideia da democracia participativa está direcio-
nada à participação e comunicação de todos os diferentes grupos e movimentos sociais
que habitam uma mesma sociedade, com a intenção de terem as suas demandas ouvidas
e que, consequentemente, se desenvolvam ações para atender as necessidades de todos.
Nesse tipo de democracia há uma ênfase maior nas alternativas para consultas à opinião
da população sobre assuntos, principalmente os mais polêmicos e divisivos. Nestes casos

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são feitos referendos e plebiscitos e realizadas audiências públicas para ouvir os cidadãos.

Autoritarismo: O autoritarismo é um sistema de liderança no qual uma pessoa, ge-


ralmente um líder ou governante, detém poder absoluto e toma decisões sem consultar
ou considerar a opinião dos outros. Nesse sistema, a autoridade do líder é suprema, e as
pessoas têm pouca ou nenhuma participação nas decisões políticas ou sociais. O autori-
tarismo é caracterizado por um poder central, onde o líder é o superior e nada está acima
dele, e pela repressão das liberdades individuais dos cidadãos, a fim de manter a ordem na
sociedade. Se compararmos os estados autoritários com as democracias veremos que a
participação popular é restringida ou severamente reprimida. No autoritarismo as necessi-
dades e interesses do Estado ganham prioridade sobre os cidadãos e não existe nenhum
mecanismo legal de resistência ao governo e nem para deposição do governante em casos
de insatisfação popular. (Giddens, A. 2005, p. 344)

Nas democracias o poder é dividido

Nas democracias modernas o poder de governar é estabelecido pela divisão entre os


poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário. Outra característica importante dos governos
democráticos é que o acesso aos dois primeiros – legislativo e executivo – ocorre por meio
de eleições periódicas, promovendo por meio da competição rodízio permanente entre os
políticos que ocupam tais posições. Na busca por equilíbrio no exercício do poder, fica
acertado que aqueles que fazem as leis (legislativo) não executam ou administram os bens
públicos, tarefa que cabe ao poder executivo, e, ao lado de ambos, o judiciário opera de
modo técnico para julgar com base na Constituição que rege o país e outros códigos feitos
em conformidade com ela – tanto a edição de novas leis quanto os atos administrativos do
poder executivo.

A LONGA BATALHA DAS MULHERES PELO DIREITO AO VOTO


VOCÊ SABIA

NO BRASIL

A luta pelo sufrágio feminino no Brasil tem uma história rica e


complexa. No final do século XIX, a Lei Saraiva foi promulgada
em 1880, trazendo grandes modificações para o sistema elei-
toral do Brasil. Essa lei permitia que todo brasileiro com título
científico pudesse votar e, aproveitando-se disso, a cientista
Isabel de Souza Mattos exigiu na Justiça o direito ao voto.

No começo do século XX, a resistência em conceder esse direito às mulheres era


muito grande. O crescimento da causa do voto feminino resultou no surgimento de

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associações, instituições e até partidos em defesa dessa pauta. Um exemplo foi o sur-
gimento do Partido Republicano Feminino, criado em 1910 pela professora Leolinda
de Figueiredo Daltro.

Em 1920, uma das associações mais importantes para a causa foi fundada e, assim,
surgiu a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher (LEIM). Dois anos depois, essa
associação teve seu nome modificado para Federação Brasileira pelo Progresso Femi-
nino. Essa associação era liderada pela feminista Bertha Lutz, um dos grandes nomes
na luta pela equiparação dos direitos de homens e mulheres no Brasil1.

Finalmente, durante a presidência de Getúlio Vargas, as mulheres tiveram seu direito


ao voto garantido. O voto feminino no Brasil passou a ser permitido oficialmente a
partir do Código Eleitoral de 19321. Somente em 1946 o sufrágio passou a ser obriga-
tório também para as mulheres. Em 1988, a Constituição estendeu o direito de votar a
homens e mulheres analfabetos.

Hoje, as mulheres representam mais da metade dos brasileiros aptos a votar e têm o
poder de definir uma eleição. Em 2015, foi instituída a Lei 13.086, em que foi decreta-
do o Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil, celebrado todo dia 24 de fevereiro.

Sob o ponto de vista do interesse da sociedade, tão importante quanto os chamados


três poderes é a liberdade de seus cidadãos para se organizarem buscando influenciar di-
reção de políticas públicas que julguem importantes e para fiscalizar os atos praticados
por seus representantes. A liberdade de imprensa é essencial para o bom funcionamento
das democracias modernas. Profissionais qualificados e treinados na arte da apuração e
comunicação das informações são imprescindíveis para a saúde de regimes democráticos.

A democracia moderna possui o sistema de freios e contrapesos, meios para impedir


que o Estado, representado por qualquer um dos seus poderes, se transforme em um gover-
no ditatorial que aja em benefício dos governantes de plantão e em prejuízo para os cidadãos.

Embora a desconfiança dos governados em relação aos go


CURIOSIDADE

vernantes seja uma característica das democracias modernas,


esse “pé atrás” já estava presente no Antigo Testamento na Pa
rábola do Espinheiro. Veja

Avisado disto, Jotão foi, e se pôs no cimo do monte Gerizim, e


em alta voz clamou, e disse-lhes: Ouvi-me, cidadãos de Siquém,

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e Deus vos ouvirá a vós outros. 8 Foram, certa vez, as árvores ungir para si um rei e
disseram à oliveira: Reina sobre nós. 9 Porém a oliveira lhes respondeu: Deixaria eu o
meu óleo, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores? 10 En
tão, disseram as árvores à figueira: Vem tu e reina sobre nós. 11 Porém a figueira lhes
respondeu: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto e iria pairar sobre as árvores?
12 Então, disseram as árvores à videira: Vem tu e reina sobre nós. 13 Porém a videira
lhes respondeu: Deixaria eu o meu vinho, que agrada a Deus e aos homens, e iria pairar
sobre as árvores? 14 Então, todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu e reina
sobre nós. 15 Respondeu o espinheiro às árvores: Se, deveras, me ungis rei sobre vós,
vinde e refugiai-vos debaixo de minha sombra; mas, se não, saia do espinheiro fogo que
consuma os cedros do Líbano. (Almeida Revista e Atualizada) Juízes 9:7-15

A política pode se tornar um terreno fértil para pessoas que nada tem a oferecer para a
coletividade. Buscam o poder para o enriquecimento e para obtenção de salvo-conduto
para a prática de crimes de toda sorte. Entretanto, Jotão deixa claro que isso só é pos
sível porque os bons cidadãos, representados pela oliveira, figueira e videira, descuidam
dos interesses coletivos julgando que é suficiente cumprir suas obrigações individuais.

Em resumo, a vida em sociedade pressupõe a organização do Estado/Governo, en


tretanto, a vigilância e os controles devem ser permanentes sobre aqueles exercem
o poder em nome dos cidadãos. Um recurso que governantes muitas vezes lançam
mão para obtenção de legitimidade e, mais do isso, de apoio irrestrito dos cidadãos é
o uso do nome de Deus.

Os paradoxos do advento da internet às redes sociais: fortalecimento e enfraqueci-


mento das democracias

O paradoxo do advento da internet é: por um lado, a internet tem fortalecido a partici-


pação democrática, mas por outro lado, o surgimento de redes sociais e a disseminação de
fake news têm ameaçado a integridade das democracias.

A internet tem o potencial de ampliar a participação social em sistemas democráticos,


permitindo mais acesso à informação e maior participação dos cidadãos. A internet pode
fortalecer comunidades, chamar a atenção para os problemas reais enfrentados por elas
e favorecer mecanismos de governança pública como transparência e responsabilidade.
No entanto, a internet é um meio e não um fim em si mesma. As ferramentas produzidas a
partir da internet só terão efeito democrático se o contexto social e político fora do mundo
virtual oferecer condições para uma participação social efetiva e plena.

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Por outro lado, as redes sociais e a disseminação de fake news têm se mostrado uma
ameaça à integridade das democracias. As fake news podem influenciar o resultado de
votações, especialmente em disputas muito concorridas. Além disso, a disseminação de
desinformação pode minar a confiança nas instituições democráticas, como a imprensa,
o governo e o sistema judicial. A proliferação incontrolável de fake news tem provocado
impactos negativos nas relações sociais e políticas. Informações falsas são jogadas no
mundo virtual para abalar instituições, agentes públicos e polarizar ideologias.

Portanto, enquanto a internet tem o potencial de fortalecer a democracia, também


apresenta desafios significativos que precisam ser abordados para garantir a integridade
das democracias modernas. A imprensa (jornais e redes de televisão) foi apontada como
“quarto poder” nas democracias. Usando essa figura seria o caso de se perguntar se a re-
des sociais se tornaram “o poder fora de controle”?

COLETIVO BEREIA
VOCÊ SABIA

No meio cristão pululam fake news. Isso desafio um grupo de


cristãos à criação de uma agência de checagem de notícias.
Trata-se do coletivo Bereia. Eles se apresentam da seguinte for-
ma: (https://coletivobereia.com.br/)
Bereia – Informação e Checagem de Notícias. Separar o Joio.
Guardar o trigo.
Uma iniciativa de organizações, profissionais, pesquisadores e estudantes de comuni-
cação dedicados à compreensão dos processos informacionais nos espaços digitais
religiosos.
Os de Bereia dedicaram-se a avaliar se tudo correspondia à verdade. – Atos 17:11
Conhecer e comunicar a verdade é urgente em um tempo marcado pela chamada
“pós-verdade” (prática de formação da opinião pública nos quais os fatos objetivos
têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais) e pela ampla
circulação de fake news (notícias falsas), de desinformação e de informação manipu-
lada, em especial com objetivos políticos. Nesse sentido, a verdade liberta pessoas e
grupos das amarras de conteúdos mentirosos, caluniosos e promotores de intolerân-
cia em todas as suas formas.
O nome Bereia tem um caráter simbólico e faz parte de uma narrativa bíblica do Novo
Testamento. Conforme o livro de Atos dos Apóstolos 17.10-15, a mensagem de Paulo
e seus companheiros foi bem recebida na sinagoga judaica de Bereia, localizada na

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Grécia, na região da Macedônia. O texto registra um elogio aos bereanos, homens e


mulheres, que mantiveram não apenas uma abertura em ouvir as Escrituras, mas de
examiná-la.
“Os judeus que moravam em Bereia tinham a mente mais aberta que os de Tessalô-
nica e ouviram a mensagem de Paulo com grande interesse. Todos os dias, exami-
navam as Escrituras para ver se Paulo e Silas ensinavam a verdade. Como resultado,
muitos judeus creram, assim como vários gregos de alta posição, tanto homens como
mulheres.”
Nesse espírito e a partir da iniciativa da organização Paz e Esperança Brasil, um grupo
de jornalistas se reuniu e criou o Coletivo Bereia, responsável por este site (Bereia –
Informação e Checagem de Notícias) e pelas contas associadas nas redes sociais.
Importantes parcerias institucionais foram estabelecidas no processo de construção
dessa proposta.
Objetivo
Checar fatos publicados diariamente em mídias religiosas e em mídias sociais brasi-
leiras que abordem conteúdos sobre religiões e suas lideranças no Brasil e no exterior.
Bereia oferecerá pluralidade de pontos de vista e transparência, com base em sua
política editorial, para que o/a leitor/a tenha condições de avaliar se a informação está
correta e contextualizada com a realidade dos fatos. Não serão checadas opiniões ou
material analítico, apenas material informativo (notícias).
Metodologia de Checagem
Diariamente, a equipe do Bereia acompanha sites e portais (agências) de notícias gos-
pel. Acompanha também pronunciamentos e declarações de políticos e autoridades
cristãs de expressão nacional (líderes da Bancada Religiosa e Ministros de Estado)
veiculados pelas mídias noticiosas, pelas mídias sociais destas personagens e/ou
expostos no Parlamento. Será verificado se os conteúdos veiculados são informativos
(verdadeiros) ou desinformativos (imprecisos, enganosos, inconclusivos e falsos).
Para isso, adotamos um protocolo com cinco passos de checagem:
1. Identificação de matérias e pronunciamentos ou declarações veiculados em mí-
dias e expostos no Parlamento que, pelas características do título e da chamada, de-
mandam verificação (afirmações absolutas, ufanismo, casos inusitados) por repre-
sentarem relevância (interesse público, ou que afetem o maior número de pessoas
possível) relacionada à presença de grupos religiosos no espaço público e/ou tenham
tido destaque nas mídias noticiosas.

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2. Pesquisa sobre a fonte original (quando existir).


3. Pesquisa sobre o que foi publicado sobre o assunto/tema.
4. Pesquisa em fontes oficiais e alternativas (incluindo pessoas, grupos, institui-
ções/organizações/associações/movimentos sociais citados) para confirmação,
identificação de lacunas e de distorções ou para refutação do conteúdo. Tudo será
relatado no texto a ser produzido pela equipe do Bereia com a devida indicação do
acesso dos leitores/as a estas fontes.
5. Contextualização do conteúdo checado, com busca de referencial bibliográfico e
contato com especialistas, quando for o caso.
6. Classificação do conteúdo como Verdadeiro, Impreciso, Enganoso, Inconclusivo
ou Falso:
VERDADEIRO
A notícia, o pronunciamento ou a declaração são corretas e coerentes com os fatos
apurados.
IMPRECISO
A notícia, o pronunciamento ou a declaração oferecem conteúdos verdadeiros, mas
não oferecem dados comprováveis, não consideram diferentes perspectivas e não
contextualizam a situação em questão. Isto pode levar o público a julgamentos er-
rôneos sobre determinados casos, pessoas, grupos, instituições/organizações/asso-
ciações/movimentos sociais. É desinformação e necessita de complementações e
contextualização.
ENGANOSO
A notícia, o pronunciamento ou a declaração oferecem conteúdos de substância
verdadeira, mas a apresentação deles é desenvolvida para confundir. Os títulos e
imagens que não correspondem ao que é exposto na íntegra, teores distorcidos que
instigam julgamentos negativos de uma pessoa, de um grupo ou de instituição/or-
ganização/associação/movimentos sociais, ou invocam sensacionalismo para con-
quista de audiência. Representa desinformação e necessita de correções, substân-
cia e contextualização.
INCONCLUSIVO
A notícia, o pronunciamento ou a declaração oferecem conteúdos de substância
informativa mas não apresentam todos os elementos necessários para serem clas-

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sificados como verdadeiros. Além disso, trazem evidências na redação para serem
avaliados como desinformação. São matérias que demandam cuidado, atenção e
acompanhamento em torno da conclusão.
FALSO
A notícia, o pronunciamento ou a declaração não oferecem informações, não têm
substância factual, caracterizando-se como boato, conteúdo fabricado para parecer
informação. Os dados disponíveis sobre a situação em questão contradizem objetiva-
mente o que é apresentado. É desinformação.

Como morrem as democracias

Esse é o título do instigante livro escrito pelos cientistas políticos Steven Levitsky e Da-
niel Ziblatt. O livro foi publicado em 2018 e analisa os ataques aos regimes democráticos
em diversos países, durante diferentes períodos históricos. A tese central do livro é que a
morte das democracias pós-Guerra Fria ocorre predominantemente pelas mãos de líderes
eleitos e não pela via dos golpes de Estado clássicos, como o Golpe de 1964 no Brasil. Os
autores argumentam que o retrocesso democrático hoje começa nas urnas, com líderes
descritos como outsiders ganhando relevância caso encontrem algum tipo de apoio em
partidos políticos do establishment. Em vez de defensores da democracia, tais partidos
políticos acabam contribuindo para a legitimação de um candidato a ditador.

Para prevenir a ascensão de “demagogos”, os autores propõem uma lista de verifica-


ção do comportamento autoritário, que inclui: rejeição das regras democráticas do jogo,
negação da legitimidade dos oponentes políticos, tolerância ou encorajamento à violência,
propensão a restringir liberdades civis dos oponentes, inclusive a mídia. Seguindo esses
critérios não é difícil perceber que tanto Donald Trump, nos Estados Unidos, quanto Jair
Bolsonaro, no Brasil, seguiram rigorosamente todos esses passos. O ataque ao Capitólio
dos Estados Unidos ocorreu em 6 de janeiro de 2021, e o ataque ao Congresso Nacional e
ao Supremo Tribunal Federal, em 8 de janeiro de 2022, foram embalados na cantilena apon-
tada acima.

Importante salientar ainda que, segundo os autores, os retrocessos democráticos se


dão como erosões das regras que regem os sistemas políticos, especialmente das normas
não escritas (grades de proteção) que permitem a convivência de partidos adversários. A
sustentação dos regimes democráticos, inclusive nos EUA, teria em normas sedimentadas
pelos costumes da luta política (regras não-escritas) um poderoso reforçamento das cons-
tituições (regras escritas).

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Os autores também apontam presidentes de viés totalitários como Chaves na Venezue-


la, Erdogan na Turquia e Orbán na Hungria que começaram a governar por meio de eleição
e, com discursos de força, guinaram rumo ao autoritarismo, abandonando a ação democrá-
tica para governar de forma autoritária.

ANTES DE VIRAR A PÁGINA

Vimos os paradoxos do advento da internet às redes sociais tanto no fortalecimento


e quanto no enfraquecimento das democracias na atualidade. Tome um tempo para
pensar e responder para si as seguintes questões:

Como eu me informo sobre política?

Conheço as fontes das informações que leio ou assisto?

Com que frequência leio um texto ou assisto um vídeo que se opõe às minhas convicções?

Além do conteúdo que circula na internet, mantenho conversas face a face sobre as-
suntos políticos com pessoas que pensam diferente de mim?

Essas perguntas são apenas um ponto de partida e têm por objetivo ajudá-lo na re-
flexão sobre a importância de se informar com fontes confiáveis e não substituir o
contato face a face com aqueles dos quais discordamos.

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