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PARTE UM: A CRISE DA DEMOCRACIA LIBERAL


1. Democracia sem direitos
2. Direitos sem democracia
3. A democracia está se desconsolidando

PARTE DOIS: ORIGENS


4. As mídias sociais
5. Estagnação econômica
6. Identidade

PARTE TRÊS: REMÉDIOS


7. Domesticar o nacionalismo
8. Consertar a economia
9. Renovar a fé cívica

Conclusão — Lutar por nossas convicções

Notas
Créditos das
figuras
Agradecimentos
Créditos
A perda das ilusões

Até há pouco tempo, a democracia liberal reinava absoluta. A despeito de


todas as suas deficiências, a maioria dos cidadãos parecia profundamente
comprometida com sua forma de governo. A economia estava em
crescimento. Os partidos radicais eram insignificantes.

Então o futuro chegou — e se revelou, na verdade, bem diferente.

 Hoje, o populismo autoritário cresce no mundo todo, da América à


Europa e da Ásia à Austrália.
 Não é de hoje que os eleitores repudiam esse ou aquele partido, político
ou governo; agora, muitos deles parecem estar fartos da democracia
liberal em si.
Impressionados com a 6
Liberalismo e democracia, assim pensamos por muito tempo, compõem
um todo coeso.

1. Temos de reformar a política econômica, no país e no exterior, para


diminuir a desigualdade e cumprir a prometida elevação rápida do
padrão de vida.
2. Segundo essa visão, vai além da mera justiça distributiva; é uma
questão também de estabilidade política.
3. Por fim, precisamos aprender a resistir ao impacto transformativo
da internet e das mídias sociais. Com a disseminação dos discursos
de ódio e das fake news.

Nova paisagem política :


1. A democracia liberal está se decompondo em suas partes integrantes,
ensejando a ascensão da democracia iliberal de um lado e do
liberalismo antidemocrático de outro.
2. Sustento que o profundo desencanto com nosso sistema político
oferece um risco existencial à própria sobrevivência da democracia
liberal.
3. Explico as raízes dessa crise.
4. Apresento o que podemos fazer para resgatar o que é realmente
valioso em nossa ameaçada ordem social e política.

A CRISE DA LIBERAL DEMOCRACIA

Liberal é alguém comprometido com valores básicos como a liberdade de


expressão, a separação de poderes ou a proteção dos direitos individuais.

Segundo o cientista político Robert Dahl, por exemplo, os “minimalistas


procedimentais” definem democracia como qualquer sistema que
apresente:

•Eleições livres, justas e competitivas;


•Sufrágio adulto pleno;
•Proteção ampla das liberdades civis, incluindo liberdade de expressão,
de imprensa e de associação; e
• Ausência de autoridades “tutelares” não eleitas (por exemplo, militares,
monarquias, grupos religiosos) que restrinjam a capacidade de governar dos
representantes eleitos.

• A democracia é um conjunto de instituições eleitorais com poder de lei


que traduz as opiniões do povo em políticas públicas.
• As instituições liberais efetivamente protegem o Estado de direito e
garantem os direitos individuais — como a liberdade de expressão, de
religião, de imprensa e de associação — para todos os seus cidadãos
(incluindo as minorias étnicas e religiosas).
•A democracia liberal é simplesmente um sistema político ao mesmo tempo
liberal e democrático — um sistema que tanto protege os direitos
individuais como traduz a opinião popular em políticas públicas.

As democracias liberais :

 Democracias podem ser iliberais.

 Regimes liberais podem ser antidemocráticos.

Em sua esteira, duas novas formas de regime ganham projeção: a


democracia iliberal, ou democracia sem direitos, e o liberalismo
antidemocrático, ou direitos sem democracia.

1. Democracia sem direitos


“O ímpeto antidemocrático”, não é “o excesso, mas a falta de poder
popular”.

É fácil para os governantes iliberais fazer a transição do populismo para a


ditadura.
Para entender a natureza do populismo, ele é tanto democrático como
iliberal — que ele busca tanto expressar a frustração do povo como minar as
instituições liberais.

a polítICA é sImplES (E QuEm DIz QuE NÃO é mENTIROSO)

Na maior parte das vezes os populistas fazem as duas acusações.

O dinheiro que (supostamente) é a grande prioridade dos políticos ;


O s políticos defendem interreses próprios, Eu sou sua voz (E OS Outros
são uns traIDORES)
Ataques contra a liberdade de imprensa.
2. Direitos sem democracia

os lImITES DAS INSTITuIçõES ElEITORAIS

a cooptação das instituições eleitorais

A democracia está se desconsolidando

Por toda a América do Norte e a Europa Ocidental, em suma, os cidadãos


passaram a confiar menos nos políticos. Eles estão perdendo a confiança nas
instituições democráticas.

O adversário é alguém que você quer derrotar. O inimigo é alguém que


você quer destruir.”

partE DOIS ORIgENS

As mídias sociais
a aSCENSÃO DOS TECNO-OTImISTAS

Os efeitos positivos da tecnologia digital também foram cada vez mais


sentidos no país. Como afirmou Clay Shirky em Lá vem todo mundo: O poder
de organizar sem organizações, mesmo em países como os Estados Unidos, a
capacidade da comunicação muitos-para-muitos facilitou demais a
coordenação dos ativistas.
“Está na hora”, escreveu Farhad Manjoo, no New York Times, alguns dias
após a eleição,
de começar a reconhecer que as redes sociais estão na verdade se
tornando as forças de sublevação que seus entusiastas há muito
prometeram que seriam — e de ficarmos apreensivos, mais do que
extasiados, com as gigantescas mudanças sociais que podem
desencadear. […] De certa forma, vivemos hoje numa espécie de
versão bizarra da utopia que algumas pessoas do universo da
tecnologia um dia imaginaram que seria trazida pelas mídias sociais.24

— estabilizando a democracia liberal. Em uma autocracia, isso pode


significar a censura às críticas contra o ditador — desse modo defendendo-
se da democracia liberal.

3. Estagnação econômica

4. Identidade

 A imigração ocupa hoje o topo das preocupações entre os eleitores


europeus.

E mesmo assim, numa pesquisa feita em maio de 2016 pelo Eurobarômetro, 73% dos
estonianos mencionaram a imigração como um dos dois problemas mais importantes
enfrentados pela União Europeia. O outro, segundo 46% dos estonianos consultados, era
o terrorismo.

partE TRêS rEméDIOS


Domesticar o nacionalismo

Mas a antiga esperança de que blocos regionais como a UE talvez um dia


ofusquem a primazia política, cultural ou emocional da nação agora parece
estranhamente anacrônica.

O RESSurgImENTO DO NACIONAlISmO EXCluDENTE

É compreensível que membros de grupos que sofreram injustiças


históricas e continuam a ser vítimas de discriminação às vezes se sintam
incomodados quando estranhos imitam aspectos de suas culturas. Além
disso, há casos específicos de apropriação cultural que são mesmo
moralmente censuráveis

Mas, longe de celebrar o modo como diferentes culturas podem se


inspirar umas nas outras, os opositores da apropriação cultural pressupõem
implicitamente que as culturas são puras; que são propriedade eterna de
grupos específicos; e que deveria haver limites rígidos sobre o grau de
influência que exercem mutuamente. Em outras palavras, no fundo, sua
forma de pensar a cultura de grupos identitários específicos é bem parecida
com a postura dos xenofóbicos de direita, sempre prevenidos contra
influências estrangeiras sobre a cultura nacional.
É por isso que a aceitação cega dos medos quanto à apropriação cultural
seria tão nociva ao ideal de sociedade cujos cidadãos partilham experiências
comuns que cruzam fronteiras raciais e culturais: ou aceitamos a influência
mútua de culturas diferentes como elemento indispensável (e ademais
desejável) de qualquer sociedade diversa — ou vamos nos defender dela
erguendo redomas separadas para cada grupo cultural e étnico.

Fingir que a realidade atual é racialmente neutra é ser politicamente


covarde e intelectualmente desonesto.
N O autor defende um mundo em que as pessoas não precisem
a insistir em suas diferenças étnicas e culturais e possam se definir
c
i por serem todas parte da raça humana;
o
n
a Apesar de todos os receios bem fundamentados acerca do
L
i nacionalismo, não nos resta muita alternativa senão domesticá-
s
m
lo o melhor possível.
o

Consertar a economia

 Hoje em dia, em contrapartida, a experiência da estagnação econômica


deixa a maioria dos cidadãos apreensiva quanto ao futuro.
 As pessoas observam com enorme preocupação as forças da globalização

tornarem cada vez mais difícil que os Estados fiscalizem suas fronteiras ou
implementem suas políticas econômicas.
— Enquanto os empregos que outrora pareciam estáveis são despachados

para o exterior ou se tornam supérfluos por conta da tecnologia -e fábricas


célebres fecham as portas ao passo que sindicatos perdem seu poder de
influência —, o trabalho já não proporciona mais uma posição segura na
sociedade.
— Portanto, quando clamam por “Fazer a América Grande Novamente” ou

“Retomar o Controle”, as pessoas querem mais que um contracheque mais


polpudo. Longe de serem motivadas por mero consumismo, elas anseiam
por um senso de otimismo que lhes garanta a posição que ocupam em um
mundo em rápida transformação.
— Uma década de austeridade teve um enorme impacto no sistema de

proteção das pessoas contra grandes riscos da vida e deteriorou os serviços


públicos que têm à disposição.
— Mas, embora as tendências subjacentes de fato escapem ao controle de

governos nacionais, os efeitos corrosivos que tiveram no bolso e na postura de


cidadãos comuns são resultados do fracasso da política. Sim, a tecnologia
está afetando muitas profissões tradicionais, porém o Estado poderia fazer
muito mais para garantir que as pessoas mais atingidas por essas mudanças
tenham uma vida material digna.
— A questão, portanto, não é se podemos interromper as megatendências

econômicas das últimas décadas, mas como utilizá-las de forma mais justa.

tr IButaçãO- Trata-se de restaurar os elementos básicos do Estado de bem- estar


social. Trata-se de investir em áreas — como infraestrutura, pesquisa e educação — em que o gasto público
assegura um retorno positivo a longo prazo em vez de cortar despesas em todas as áreas do orçamento .

habitação - Em suma, o preço exorbitante da habitação é agora uma das razões mais
importantes para a estagnação do padrão de vida na América do Norte e na Europa Ocidental. Se a derrota
do populismo depende em certa medida de deixar os cidadãos mais otimistas quanto ao futuro, a
reorientação radical das políticas de habitação é uma necessidade urgente.

Produtividade -Em boa parte dos debates econômicos recentes, a necessidade de


aumentar a produtividade e a necessidade de diminuir a desigualdade são tratadas implicitamente como
dois objetivos conflitantes. Na verdade, seria mais proveitoso considerá-los complementares. Afinal, a
baixa produtividade e a alta desigualdade tendem a se reforçar mutuamente: trabalhadores com pouca
qualificação não têm muito poder de barganha. Esse fator, por sua vez, deprime os salários e aumenta a
probabilidade de que os filhos dos trabalhadores também não consigam obter habilidades suficientes para
serem bem-sucedidos.

um estado de bem-estar social moderno- Um sistema


tributário modernizado pode arrecadar o recurso de que os Estados precisam para cumprir suas
obrigações e manter o controle de suas prioridades orçamentárias. Mas, para serem inclusivas bem como
pulsantes, as economias desenvolvidas também têm que preservar uma de suas maiores conquistas
históricas: a capacidade de proteger os cidadãos mais vulneráveis dos grandes riscos da vida, da doença à
miséria.

trabalho com propósito- Quando as pessoas perdem empregos bem


remunerados e sindicalizados, não perdem somente sua posição na classe média: também podem perder
todo um conjunto de vínculos sociais que estruturam suas vidas e lhes dão sentido. Já que a identidade
“conquistada” lhes escapa por entre os dedos, é provável que recorram a uma identidade “atribuída” —
tornando sua etnia, religião e nacionalidade mais centrais à sua visão de mundo.
Renovar a fé cívica

1. É impossível entender a política atual sem entender a natureza


transformadora da internet.
Reconstruindo a confiança na política= Em suma, teorias da conspiração há muito
são uma realidade contumaz da política. No entanto, o papel delas era mais
marginal na maioria das democracias liberais. As razões para isso vão muito além
da ascensão das mídias sociais: a difusão de teorias da conspiração era refreada,
em certa medida, porque o governo era muito mais transparente e a maioria dos
cidadãos tinha muito mais confiança nos políticos.
 Um meio eficaz contra a propagação de teorias da conspiração,
portanto, é restabelecer formas tradicionais de boa governança.
 Mas, conforme constatam sistematicamente os cientistas políticos, a
sobrevivência de democracias estáveis sempre dependeu da boa
vontade dos principais atores políticos em agir segundo as regras
básicas do jogo.
 CRIANDO CIDADÃOS

“Pessoas que têm a intenção de governar a si mesmas”, reiterou James


Madison poucos anos depois, “devem munir-se do poder que o
conhecimento oferece.”

Conclusão
Lutar por nossas convicções

Quando um sistema político perdura por décadas ou séculos, é fácil


resumir que ele seja imutável.
Por todos esses motivos, não me considero um estoico. Longe de ficar
indiferente a coisas que fogem ao meu controle, eu as valorizo tanto que me
disponho — com gosto, até — a entrelaçar o bem-estar delas com o meu.
Estar contente enquanto tudo ao meu redor desaba não me parece ser a
vida de um filósofo evoluído, mas sim a de um cínico ou de um sociopata.

Se é para fazer a coisa certa no momento decisivo, temos que estar


dispostos a fazer sacrifícios.

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