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Montesquieu

Origem do poder – popular, através dos súbditos, o direito divino provém dos
reis;
Conceção do poder – o rei está para o reino, como Deus está para o universo;
Teoria Política – tese descendente ou ascendente;
Formas de Governo – monarquia, aristocracia ou democracia;
Melhor forma de governo – monarquia, governo de um só;
Limite do Poder – lei natural, lei divina;
Funções do Estado – paz e segurança, garantir os interesses individuais;

Montesquieu e a Teoria da separação de poderes


A sua maior obra é o “Espírito das leis”, onde existe uma separação de poderes
dos organismos do Estado – legislativo (assembleia nacional, com câmara alta
e câmara baixa), executivo (rei) e judicial (juízes); defendia a liberdade contra a
escravatura e cada poder era independente e ao mesmo tempo fiscal do outro
(cada um controlava a atividade do outro, já que as funções vão ao encontro
umas das outras).
Adepto de uma tolerância religiosa, da liberdade e da democracia, defendia a
ideia de que um sistema político estável assentava num desenvolvimento
económico e social e até determinantes geográficas e climáticas, já que estes
fatores influenciavam decisivamente a forma de governo.
Rejeita o despotismo e afirma que a democracia só é viável com repúblicas de
pequenas dimensões territoriais, decidindo-se em favor da monarquia
constitucional.
Defende ainda a redação daquilo que viria a ser a constituição – magna carta.

Montesquieu e a teoria dos regimes

Montesquieu compreende a democracia como uma forma de governo


republicano, como aquele no qual o povo, no seu todo, ou apenas uma parte,
possui o poder soberano – diferencia assim a democracia da aristocracia.
O papel do povo no governo republicano democrático constitui-se como
soberano e, ao mesmo tempo, súbdito. A sua soberania está diretamente
ligada ao poder das suas vontades, ou seja, o sufrágio.
Diferencia ainda a democracia da monarquia, uma vez que num Estado
monárquico aqueles que excutam as leis posicionam-se acima delas e num
Estado democrático as leis devem ser executadas tendo como finalidade a
manutenção do bem comum.
O seu amor à república está diretamente relacionado ao seu amor pela
democracia que por sua vez se encontra ligada ao amor pela igualdade.
A corrupção de qualquer governo deve-se à corrupção dos deus princípios.
Desta forma, a democracia corrompe-se quando o princípio da igualdade é
abandonado.

Montesquieu e a posteridade

As teorias de Montesquieu exerceram influência no pensamento político


moderno; inspirou a construção dos Estados Unidos que adotou o modelo
presidencialista; exerceu uma influência decisiva sobre os liberais que levaram
a cabo a Revolução Francesa; e influenciou a construção de regimes
constitucionais por toda a Europa.
Tocqueville

Escreveu duas obras muito importantes: “O antigo regime e a revolução” e “A


democracia na América”. Com estas obras, procedeu a uma análise da
Revolução Francesa, da democracia americana e da evolução das democracias
ocidentais no geral. Pensou sobre a possível evolução da democracia em
direção a uma ditadura da maioria em nome da igualdade e rejeita claramente
qualquer orientação socialista. Nestas obras, realçou o papel fundamental dos
organismos intermédios e na descentralização dos poderes.
Defendeu ainda, a liberdade individual e a igualdade na política – dois
conceitos para ele inseparáveis.

Individualismo

A igualdade de condições é um dos valores que define a democracia, dando à


vontade política uma direção certa.
Para Tocqueville, à medida que a igualdade se fortalece, o individualismo
manifesta-se, de forma lenta e gradual, pondo em risco a democracia – isolar
cada cidadão do resto dos seus semelhantes faz com que se isole com a sua
família e amigos. Como cada classe se aproxima da outra e se mistura, os
seus membros tornam-se indiferentes e como que estranhos uns aos outos.
À medida que vão abandonando os seus interesses políticos, os cidadãos
acabam por possibilitar, o estabelecimento de um Estado que aos poucos
tornará para si todas as atividades e irá também intervir nas liberdades
fundamentais.
Apenas a atividade política do cidadão, por meio de organização de
associações políticas, que defendam a cidadania, pode dificultar o surgimento
de um Estado autoritário.

Liberdade e democracia

Para Tocqueville, a igualdade não é apenas o bem superior, mas também o


valor, quando realizado, que possibilitou a reivindicação efetiva da liberdade.
Nos EUA, os hábitos do novo país, fundamentais para criar uma cultura
político-social que estimula a liberdade e a descentralização do poder.
Há terra para todos, o que impede a criação de uma aristocracia. As leis são
respeitadas e fundamentam direitos como a liberdade de expressão e a
liberdade de voto. Aos olhos de Tocqueville, a sociedade norte-americana tem a
receita ideal para a construção de uma democracia liberal – era um regime
capaz de igualizar as condições dos cidadãos onde todos são iguais perante a
lei.
Na França, as caraterísticas do liberalismo pós-revolucionário é conciliar a
igualdade civil e a liberdade política, com a possibilidade de um regime
representativo constitucional.
É necessário entender a revolução não como um movimento de rutura, mas
como parte de um processo harmonioso com o desenvolvimento progressivo
das instituições e da sociedade.
A revolução aumentou a igualdade de condições e introduziu na lei a doutrina
da igualdade. O poder central havia-se tornado apropriado pela administração
local; a revolução tornou-se esse poder mais hábil, mais forte, mais
empreendedor – os franceses conheceram, antes e mais claramente que todos,
a ideia democrática da liberdade.
Benjamin Constant

Destacou-se com a sua obra sobre “A liberdade dos antigos comparada com a
dos modernos”, na qual contrapunha a liberdade dos indivíduos em relação ao
Estado, à liberdade dos indivíduos no Estado – distinguiu entre a liberdade
dos antigos e a liberdade dos modernos.

A liberdade dos antigos

A liberdade dos Antigos era participativa, uma liberdade republicana, a qual


dava aos cidadãos o direito de influenciar diretamente as políticas, mediante
debates e o voto em assembleias públicas.
Esta também era limitada a sociedades relativamente pequenas e
homogéneas, nas quais o povo podia reunir-se convenientemente num local
para tratar de questões públicas. Consistia ainda em exercer coletiva, mas
diretamente, várias partes da soberania, ao deliberar em praça pública, sobre
questões como a guerra e a paz.

A liberdade dos modernos

A liberdade dos modernos, em contraste, era baseada na posse de liberdades


civis, na regência do rei e na proteção contra os excessos ou abusos de poder
do Estado.
Os votantes elegeriam representantes que deliberariam no parlamento,
baseados na vontade popular e salvariam o povo da necessidade de
envolvimento político diário.
Constant acreditava que se a liberdade estava focada a ser findada nos finais
da revolução, então a liberdade dos Antigos deveria ser abandonada em favor
da prática e alcançável liberdade dos modernos.
A Inglaterra, desde a Revolução Gloriosa, demonstrou a praticabilidade da
liberdade moderna, mantendo em mente que a Inglaterra é uma monarquia
constitucional.
Para o autor, há fatores culturais, históricos e sociais determinantes para a
distinção dos dois conceitos de liberdade em questão e tais fatores envolvem,
basicamente, extensão territorial, transição da guerra ao comércio e mudança
de uma sociedade esclavagista, para uma não esclavagista.
A liberdade dos modernos consiste no direito de cada um manifestar a sua
opinião, a escolher o seu trabalho e a exercê-lo, a dispor da sua propriedade,
de ir e vir sem necessitar de permissão – valorização da liberdade individual. A
perda da soberania de tomar decisões políticas diretas.
O poder neutro

O poder neutro constituía um poder intermédio entre o poder legislativo e o


executivo, visava um entendimento mais rígido da teoria de separação de
poderes. Um poder neutro é justificado pela falência do sistema representativo
e da soberania popular; destinava-se também a evitar conflitos que
enfraquecessem ou paralisassem a atuação do poder. Carateriza-se por ser
independente e com funções de arbitragem política.
Influencia o constitucionalismo luso-brasileiro dos séculos dezanove e vinte,
em especial através da figura do poder “real”, “neutro”, ou como viria ser
designado na Carta Constitucional, moderador.
Contemporâneo de Jacobino, tem consciência da dificuldade de manter um
governo, calcado na soberania popular, sem medidas arbitrárias – medidas
que violem os direitos dos indivíduos – quando é agitado pelas opiniões do
momento.
Não basta a separação de poderes e uma arquitetura que proíba um mesmo
indivíduo de acumular o exercício de dois deles ou mais, é preciso limitar a
soma de todo o poder para evitar abusos e garantir a liberdade política.
Defende a necessidade de uma lei fundamental que afirme e especifique os
limites de todas as outras normas e poderes.
Para garantir um governo moderado, é preciso um poder neutro, um poder à
parte dos demais, capaz de articulá-los e impedir que grupos subvertam o
sistema político e se apossem do governo e se tornem déspotas.
Umas das críticas efetuadas pelo liberalismo é o reconhecimento de que a
retórica e a ação do governo jacobino corromperam os conceitos de Rousseau
de vontade popular e soberania do povo.
Karl Marx – ditadura do proletariado
 
Toda a história é a história da luta de classes. Por exemplo, na sociedade pré-
capitalista, as sociedades são divididas com base em status, riqueza ou
controlo social da produção e respetiva distribuição – clero, nobreza e povo.
Havia ainda luta entre ordens na antiguidade clássica e revoltas populares na
Europa Medieval tardia. Nas sociedades capitalistas, o conflito é dentro do
capitalismo “classe” é visto essencialmente por algo inerente à burguesia e
proletariado.

Para Marx e Engels, há uma contradição interna no sistema capitalista. Os


trabalhadores/ proletariado são os produtores de tudo pela força do seu
trabalho, mas excluídos do sistema educativo, de saúde e de segurança. Os
trabalhadores produzem, mas não têm controlo sobre o que produzem. Já a
burguesia, na ótica do proletariado, não trabalha, apenas administra aquilo
que o proletariado produz, disfrutando do que rende desse trabalho.

Segundo Karl Marx, só uma revolução política violenta, onde o proletariado


passa a deter o poder, podia destruir a sociedade capitalista e o Estado
Burguês – havendo assim, um domínio do proletariado sobre a burguesia.

A revolução do proletariado tem como objetivo suprimir a resistência dos


exploradores burgueses que controlam todas as estruturas do Estado. O
domínio do proletariado sobre a burguesia assenta em três tarefas – vencer a
resistência dos latifundiários e dos capitalistas expropriados pela revolução;
esmagar as tentativas de toda a espécie para restaurar o poder do capital;
organizar a forma de como os trabalhadores se agrupam em torno proletariado
e desenvolver esta obra para preparar a liquidação, a supressão de classes; e
armar a revolução e organizar o exército da revolução para a luta contra os
inimigos externos, para a luta contra o imperialismo.

A ditadura do proletariado só pode emergir de uma revolução violenta, da


demolição da máquina estatal burguesa- não há uma mudança de Estado,
mas uma nova criação. A ditadura do proletariado é imposta depois do
proletariado derrubar a burguesia – substituição da democracia burguesa,
pela democracia proletária – de modo a alcançar o socialismo.

O socialismo científico procura, de um modo racional e metódico, analisar as


condições para a implementação de uma sociedade sem classes. Segundo
Marx, para alcançar a igualdade, era necessária uma reforma social por meio
da luta armada. O socialismo científico propunha uma visão mais ativa e
menos idealizada do que o socialismo utópico – por utopia entenda-se uma
sociedade ideal, imaginária e inalcançável; foi a primeira fase do pensamento
socialista.

O socialismo científico/marxista foi criado por Karl Marx e Engels, este baseia-
se na crítica ao capitalismo e na sua análise científica. Marx criticava o modelo
utópico, uma vez que este não se focava nos meios para se atingir a sociedade
ideal; era um socialismo fundamentado em ideias fantasiosas e burguesas.

Estado bem-estar social


 

O Estado de bem-estar social é um tipo de organização política, económica e


sociocultural que coloca o Estado como agente da promoção social e
organizador da economia. Assim, o Estado é o agente regulador de toda a vida
social, política e económica do país, em parceria com empresas privadas e
sindicatos, em níveis diferentes de acordo com o país em questão. Compete ao
Estado de bem-estar social, garantir serviços públicos e proteção à população,
assegurando dignidade aos cidadãos.

O Estado de bem-estar social moderno nasceu no ano de 1880, na Alemanha,


com Bismarck, como alternativa ao socialismo e aos liberalismos económicos.
Introduziu os primeiros programas obrigatórios de assistência social à escala
nacional, um seguro de saúde (1883), indeminizações aos trabalhadores
(1884) e pensões de velhice e invalidez (1889).

De acordo com os princípios do Estado de bem-estar social, todo o indivíduo


tem direito desde o seu nascimento até à sua morte, a um conjunto de bens e
serviços, assegurados pelo Estado, direta ou indiretamente, consoante o poder
de regulamentação sobre a sociedade civil. As prestações positivas ou direitos
de segunda geração passam pela gratuidade e universalidade do acesso à
educação, à assistência médica, ao apoio aos desempregados, à aposentadoria
e à proteção maternal, infantil e sénior.

Por um lado, os apoiantes deste tipo de Estado apontam o sucesso do Estado


de bem-estar social aos países nórdicos. Por outro lado, críticos alegam que
pode haver compreensão equivocada do funcionamento do modelo nórdico e
alegam que os defensores do Estado de bem-estar social noutros lugares
tentam apenas copiar os direitos e não as obrigações daqueles países.

Através do Índice de Desenvolvimento Humano é possível comprovar a


eficiência desse modelo de dignidade universal que, ao contrário do senso
comum, não elimina a possibilidade de enriquecimento, apenas diminui a
pobreza através da redistribuição de recursos.

O liberalismo social é defensor dos direitos humanos e das liberdades civis, os


partidos e respetivos ideais que seguem o liberalismo social são consideradas
de centro ou de cento esquerda.

Os Estados de bem-estar social diferem de país, para país. Segundo Esping-


Andersen, existem três variedades de capitalismo de bem-estar social/
assistencialista – as versões “sociais democratas”, na Escandinávia, com
tributos altos e benefícios universais, os anglo-americanos com tributos baixos
e que enfatizam a garantia de um mínimo existencial e sem benefícios
universais; e os modelos mistos, como os da Alemanha, que foram construídos
em torno do princípio contributivo. A social democracia tende em defender o
Modelo nórdico, enquanto o sistema anglo-americano é preconizado pelos
conservadores liberais.

Os defensores do modelo nórdico, argumentam que este traz menos


desigualdade e mais mobilidade social. Já os proponentes do modelo anglo-
americano argumentam que o aumento de benefícios e as redes de proteção
universais afetam os investimentos.

Gunnar Myrdal foi um intelectual do movimento que se propagou nos anos 50


e 60 em prol do desenvolvimento das nações mais pobres; foi convidado pelas
Nações Unidas para investigar a situação social e económica nos vários
continentes. Este fez um duro diagnóstico sobre as desigualdades presentes
nos vários países e compreendeu a tendência para o seu aumento de as
políticas não tivessem o objetivo de alavancar o crescimento económico entre
as nações mais empobrecidas – é defensor do compromisso social do Estado.

Segundo este, as políticas socias modernas seriam eficientes e produtivas


devido à sua ação preventiva, uma vez que evitam o surgimento de problemas
nos organismos político-sociais e da pobreza e aumentam a riqueza.

Friedrich Hayek foi defensor do liberalismo clássico, emergiu com a


preocupação de evitar que as democracias ocidentais fossem contaminadas
pelo intervencionismo do Estado, que identificava tanto no socialismo como no
nazismo, que considerava um “socialismo de direita”. Este concordava que
todos os governos modernos têm organismos de previdência para os
indigentes, os incapacitados e os deficientes e cuidam de áreas como saúde e
difusão de conhecimentos. A sua tese central é a de que a tentativa de
planificação socialista da sociedade e da economia tem como consequência a
pobreza e a tirania política.

O Estado de bem-estar social passou por um tempo de crise, onde o ponto de


partida para as reflexões sobre o Estado passou a ser a crise do modelo social-
democrata com duas versões preponderantes – crise fiscal decorrente das
dificuldades de financiamento da rede de segurança social e a crise da
legitimação das funções sociais desempenhadas por um aparato burocrático.
As versões de direita indicavam um Estado intervencionista, dispendioso e
ineficiente, enquanto que versões de esquerda criticavam a progressiva
burocratização.

Jurgen Habermas reafirma a vertente social-democrata, defensora do Estado


de bem-estar social, aliando-se à realização de processos cada vez mais
efetivos de democracia política. O modelo proposto consiste em justiça social e
democracia política, dependendo mutuamente um do outro. Reabilita ainda a
social-democracia e combate ferozmente o neoliberalismo.

 
Abordagens contemporâneas para o estudo do Estado
 

Existem quatro abordagens contemporâneas para o estudo do Estado – o


pluralismo, marxismo, institucionalismo e anarquismo.

O pluralismo tornou-se muito popular nos Estados Unidos. Robert Dahl vê o


Estado como: uma área neutra para a resolução de litígios entre grupos de
interesses e ao mesmo tempo um conjunto de agentes que agem simplesmente
como um outro conjunto de grupos de interesse.

Com o poder difundido em toda a sociedade, entre muitos grupos


concorrentes, a política estatal é um produto da constante negociação. Apesar
da existência de desigualdade, o pluralismo afirma que todos os grupos têm
oportunidade de pressionar o Estado. Esta abordagem sugere então que no
Estado moderno democrático, as ações são resultados de pressões aplicadas
por uma variedade de interesses organizados – Dahl chama a este tipo de
Estado, Estado poliarca.

O Marxismo é uma teoria de Karl Marx e Engels. Segundo esta teoria, o papel
dos Estados modernos é relativo ao seu papel nas sociedades capitalistas,
concordando com Max Weber no papel crucial na definição de coerção do
Estado.

Contrariamente à visão pluralista, o Estado não é uma mera arena neutra


para a resolução de litígios, uma vez que tende sempre a apoiar um particular
grupo de interesses – os capitalistas.

A tarefa do Estado capitalista é a de proteger direitos de propriedade sobre os


meios de produção. Na teoria marxista, a propriedade dos meios de produção
dá, a uma minoria, poder de explorar e dominar a classe operária, ou seja, a
maioria social não possui os meios de produção. Em vez de servir os interesses
da sociedade como um todo, nesta perspetiva o Estado serve somente os
interesses de uma minoria de produção.

Dentro dos marxistas existem os instrumentalistas e os estruturalistas.


Segundo os instrumentalistas o poder executivo do Estado moderno é apenas
um comité para gerir os assuntos comuns de toda a burguesia – é dominado
por uma elite capitalista. Já os estruturalistas ressaltam a atividade das
estruturas do papel do Estado – os Estados capitalistas nem sempre agem em
nome da classe dominante e procura assegurar que os interesses do capital,
sejam sempre os interesses dominantes.

Para os institucionalistas, o Estado controla os meios de coerção e distinguem


“Estados fortes” de “Estados fracos”, dependendo do grau de “autonomia
relativa” do Estado em relação a pressões da sociedade.

Os Estados fortes têm uma autonomia relativa do Estado em relação a


pressões da sociedade civil. Os Estados fracos definem um Estado cujas
principais funções que passam por questões como segurança, serviços básicos
e legitimidade são ténues. Um Estado fraco, não é um Estado falhado, estes
últimos são caraterizados por uma completa falta de legitimidade do governo.

O Anarquismo converge em vários pontos com o marxismo e divergem quanto


à questão do Estado e da “ditadura do proletariado” – para o anarquismo o
Estado não é necessário para a libertação das classes subalternas; o Estado
deve ser eliminado, juntamente com o poder do capital; tem como objetivo
viver um socialismo livre de qualquer tipo de coerção superior.

Existe ainda o anarcopacifismo onde permanece a rutura do sistema


capitalista, mas através da consciencialização das massas e de uma revolução
não violenta, de modo a não prejudicar as engrenagens do sistema.

 
Neoinstitucionalismo
 

O neoinstitucionalismo recoloca o Estado como foco analítico privilegiado. O


Estado, ao contrário do que defendem os pluralistas e marxistas, não se
submete simplesmente a interesses localizados na sociedade, sejam das
classes ou dos grupos de interesse. As ações do Estado, implementadas por
seus funcionários, obedecem à lógica de procurar reproduzir o controlo de
suas instituições sobre a sociedade, reforçando a sua autoridade, o seu poder
político e a sua capacidade de ação e controlo sobre o ambiente que o envolve.
A burocracia estatal, especialmente a de carreira, estabelece políticas de longo
prazo diversas das demandadas pelos atores sociais. Suas ações buscam
propor visões abrangentes sobre os problemas com que se defrontam. As
decisões públicas trazem, portanto, a marca dos interesses e das perceções
que a burocracia tem da realidade. O Estado aparece como variável
independente, dotado de autonomia de ação. Porém, cada Estado tem a sua
capacidade dada por uma série de requisitos próprios. Esses requisitos são
historicamente condicionados: os instrumentos de políticas estatais não são
criações deliberadas de curto prazo, mas sim dependentes da história de cada
nação. O poder político dos grupos de interesse e das classes depende, em
grande medida, das estruturas e capacidades do Estado. E só o exame de cada
caso específico pode definir o grau de “insulamento” que cada Estado possui.

No caso do modelo marxista, pode-se afirmar que reduzir a explicação das


políticas públicas aos problemas de luta de classes leva, no mínimo, a
desconsiderar aspetos essenciais para o seu entendimento. A perceção da
estratificação social adotada pela teoria de classes tem dificuldade em
incorporar a fragmentação de interesses e o grau de diferenciação social
característicos das sociedades atuais. Por outro lado, a teoria pluralista,
amplamente difundida nos estudos empíricos de políticas públicas, é
insuficiente para os estudos de caso. A ação dos grupos de interesses, apesar
de fundamental, não é suficiente como fator explicativo. O pluralismo tem
dificuldade de incorporar as instituições públicas e os seus funcionários nas
suas análises, como bem mostra a perspetiva neoinstitucionalista.

Por fim, ao contrário das teorias como o marxismo, que abordam realidades
concretas partindo de uma construção teórica que pretende explicar certos
fatos a partir de um mecanismo causal que envolve todos os eventos, centrado
na luta de classes, o neoinstitucionalismo propõe uma teoria de médio
alcance, voltada para os estudos empíricos. O modelo neoinstitucional,
juntamente com o pluralismo, abre-se para uma variedade de identidades,
podendo em cada caso examinado considerar questões de gênero, raça,
religião, classe social ou qualquer outro fator de agregação de interesses.
Apresenta assim uma ferramenta adequada para os estudos de caso. Porém
vai além do pluralismo já que retoma a importância analítica do papel das
instituições políticas e sua influência sobre os grupos sociais.
O institucionalismo e o neoinstitucionalismo são distintos na utilização do
conceito de ambiente. O velho institucionalismo utiliza abordagens em
ambientes de pequenas comunidades, enquanto que o novo opta por
ambientes mais amplos, abrangendo populações de organizações, como
setores industriais, profissões e entidades governamentais.

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