Você está na página 1de 11

Democracia e instituições democráticas

Na teoria da democracia confluem três tradições históricas do pensamento político:

A teoria clássica, divulgada como teoria aristotélica, das três formas de governo, segundo
qual a democracia, como governo do povo, de todos os cidadãos, ou seja, de todos aqueles
que gozam dos direitos de cidadania, se distingue da monarquia, como governo do povo:

Teoria Medieval., de origem romana, apoiada na soberania popular, na base da qual há


contraposição de uma concepção ascendente a uma concepção descendente da soberania
conforme o poder supremo deriva do povo e se torna representativo ou deriva do príncipe e se
transmite por delegação do superior para o inferior.

A teoria moderna, conhecida como teoria de Maquiavel, nascida com o Estado moderno na
forma das grandes monarquias, segundo a qual as formas históricas de governo são
essencialmente duas: a monarquia e a república, e a antiga democracia nada mais é que uma
forma de república (a outra é a aristocracia), onde se origina o intercâmbio característico do
período pré-revolucionário entre ideias democráticos e ideais republicanos e o governo
genuinamente popular.

A tradição aristotélica das três formas de governo

Uma das primeiras disputas de que se tem notícia em torno das três formas de governo é
narrada por Heródoto (III, 80-83.

Otane, Megabizo e Dário discutem sobre a futura forma de governo da Pérsia. Enquanto
Megabizo defende a aristocracia e Dário a monarquia, Otane toma a defesa do governo
popular, que segundo o antigo uso grego chama de isonomia, ou igualdade das leis, ou
igualdade diante a lei.

Das cincos formas de governo descritas por Platão na República, aristocracia, timocracia,
oligarquia, Democracia e tirania, só uma dela, a aristocracia é boa.

Nas, na tripartição clássica entra a bipartição (que depois de Maquiavel nos habituamos a
chamar de moderna) entre as duas “ matrizes das formas de governo”, que são a monarquia
cujo protótipo é o estado persa e a democracia cujo protótipo é a cidade de Atenas. Ambas
são, se bem que por razões opostas, mas, uma, por excesso de autoridade e outra por excesso
de liberdade. Até na variedade das classificações, a democracia uma vez mais, é objurgada
como o regime da “liberdade bem desenfreada”.

Na tipologia aristotélica, que distingue três formas puras e três formas corruptas, conforme o
detentor do poder governa no interesse geral ou no interesse próprio, o “ o governo da
maioria” ou “ da multidão”, distinto do governo de um só ou de poucos, é chamado “ politia”,
enquanto o nome Democracia é atribuído à forma corrupta, sendo a mesma definida com o
governo de vantagem para o pobre” contraposta ao “ governo de antem para o monarca”
(tirano) e ao “ governo de vantagem para os ricos” (oligarquia).

A tradição romano-medieval da soberania popular

O primeiro passo serviu para demonstrar que, fosse qual o efectivo detentor do poder
soberano, a fonte originaria deste poder seria sempre o povo e abriu o caminho para a
distinção entre a titularidade e o exercício do poder, que teria permitido, no decorrer da longa
história do estado democrático, salvar o principio democrático não obstante a sua corrupção
pratica.

Segundo passo permitiu verificar que, nas comunidades onde o povo transferiu para outros o
poder originário de fazer as leis, sempre conservara, apesar de tudo, o poder de criar direito
através da tradição.

Esta teoria, assim já esta laborada por Marsílio, segundo qual, dos dois poderes fundamentais
do Estado, o legislativo e o executivo, o primeiro enquanto pertença exclusiva do povo é o
poder principal, enquanto o segundo, que o povo delega a outros sob forma de mandato
revogável, é poder derivado, e um dos pontos cardeais das teorias politicas dos escritores dos
séculos XVII e XVIII.

Há apesar de tudo, entre Locke e Rousseau, uma diferença essencial na maneira de conceber
o poder legislativo: para Locke, este deve ser exercido por representantes, enquanto para o
Rousseau deve ser assumido directamente pelos cidadãos.

A doutrina da soberania popular não deve ser confundida com a doutrina contratualista, seja
porque a doutrina contratualista nem sempre teve êxitos democráticos (pense-se em Hobbes,
para dar um exemplo comum, mas não se esqueça Kant que é contratualista mas não
democrático). Do mesmo modo que nem todo o contratualismo é democrático, assim nem
todo o democratismo é contratualista. Isto é certo na medida em contratualismo representa,
em algumas das suas mais conhecidas expressões, um dos grandes filões do pensamento
democrático moderno.

A tradição Republicana Moderna

O desenvolvimento da história romana repropõe ao pensamento político, mais do que o tema


da tripartição (que foi talvez representado na teorização da república romana como Governo
misto), o tema da contraposição entre reino e república ou entre república ou principado.

Certamente foi a meditação da história da república romana, unida às considerações sobre as


coisas do próprio tempo, que fez escrever a Maquiavel, no início da obra que ele dedicou ao
principado, que “ todos os estados, todos os domínios que tiveram e têm império sobre
homens, foram e são república ou principados”.

Se bem que a república, em sua contraposição à monarquia, não se identifique com a


democracia, com o “ governo popular”, até porque nas repúblicas democráticas existem
repúblicas aristocráticas (para não falar do governo misto que o próprio Maquiavel vê como
um exemplo perfeito na república na república romana), na noção idealizada da república que
de Maquiavel passará através dos escritores radicais dos séculos XVII e XVIII até à
revolução Francesa, entendida em sua oposição ao governo real, como aquela forma de
governo em que o poder não está concentrado nas mãos de um só mas é distribuído
variadamente por diversos órgãos colegiados.

Esta modelada sobre exemplo das repúblicas antigas e modernas, é, na realidade, uma
democracia igualitária, não só formalmente, fundada que é sobre a rotação das magistraturas
que acontece através das eleições livres dos cidadãos, mas também, e substancialmente,
porque é regida por uma férrea lei agraria, que prevê a distribuição equitativa de terras de
modo que ninguém seja tão poderoso que possa oprimir o outro.

Das três formas de governo descritas por Montesquieu, república, monarquia e depotismo, a
forma republicana democrática de governo compreende tanto a república democrática como a
aristocracia, quase sempre tratadas separadamente.

Quando o discurso visa os princípios de um governo, o princípio próprio da república, a


virtude, é o princípio clássico da Democracia e não da aristocracia.

O estado que ele (Rousseau) constrói, é uma democracia mas prefere chama-lo, seguindo a
doutrina mais moderna das formas de “Governo”, de “República”. Mas segundo Bodin entre
forma de Estado e a forma de Governo, Rousseau enquanto chama República à forma de
estado ou de corpo político.

Democracia e Liberalismo

No que se refere a concepção liberal do Estado, o ponto de partida foi o celebre discurso de
Benjamin Costant A liberdade dos antigos comparados com a dos modernos. Para Constant, a
liberdade dos modernos, que deve ser promovida e desenvolvida, é a liberdade individual em
sua relação com o Estado, aquela liberdade de que são manifestações concretas as liberdades
civis e a liberdade política (ainda que não necessariamente estendida a todos os cidadãos)
enquanto a liberdade dos antigos, que a expansão das relações tornou impraticável, e até
danosa, é a liberdade entendida como participação directa na formação das leis através do
corpo político cuja máxima expressão está na assembleia dos cidadãos.

A democracia é propriamente dita sem outra especificação, como a democracia directa, que
era o ideal do próprio Rosseau, foi-se afirmando, através dos escritores liberais, de constant e
tocqueville e John Stuart Mill, a ideia que a única forma de democracia compatível com o
Estado liberam, isto é, com o Estado que reconhece e garante alguns direitos fundamentais,
como são os direitos de liberdade de pensamento, de Religião, de imprensa, de Reunião, etc.

Nesta concepção liberal da democracia a participação do poder político, que sempre foi
considerada o elemento caracterizante do regime democrático, é resolvida através de uma das
muitas liberdades individuais que o cidadão reivindicou e conquistou contra o Estado
absoluto. A participação é também redefinida como manifestação daquela liberdade
particular que indo além do direito de exprimir a própria opinião, de reunir-se ou de associar-
se para influir na política do país, compreende ainda o direito de eleger representantes para o
parlamento e de ser eleito.

Deste ponto de vista, se é verdade que não pode chamar-se, propriamente, liberal, um Estado
que não reconheça o princípio democrático da soberania, ainda que limitado ao direito de
uma parte (mesmo restrita) dos cidadãos darem vida a um corpo representativo, é ainda mais
verdadeiro que segundo a concepção liberal do Estado não pode existir Democracia senão
onde forem reconhecidos alguns direitos fundamentais de liberdade que tornam possível uma
participação política guiada por uma determinação da vontade autónoma de cada individuo.

Em geral, a linha de desenvolvimento da Democracia nos regimes representativos pode


figurar-se basicamente em duas direcções:
No alargamento gradual do direito do voto, que inicialmente era restrito a uma exígua parte
dos cidadãos com base em critérios fundados sobre o censo, a cultura e o sexo e que depois se
foi estendendo, dentro de uma evolução constante, gradual e geral, para todos os cidadãos de
ambos os sexos que atingiram um certo limite de idade (sufrágio universal):

Na multiplicação dos órgãos representativos (isto é, dos órgãos composto de representativos


eleitos), que num primeiro tempo se limitaram a uma das duas assembleias, legislativas, e
depois se estenderam, aos poucos outra assembleia, aos órgãos do poder local, ou, na
passagem da monarquia para a república, ao chefe do Estado.

Democracia e Socialismo

NO que diz respeito ao socialismo, nas suas diferentes versões, o ideal democrático
representa um elemento integrante e necessário, mas não constituitivo, integrante porque uma
das metas que se propuseram os teóricos do socialismo foi o reforço da base popular do
Estado, necessário, porque sem este esforço não seria jamais alcançada aquela profunda
transformação da sociedade que os socialistas das diversas correntes sempre tiveram como
perspectiva. Por outro lado, o ideal democrático não é constituitivo do socialismo, porque a
essência do socialismo sempre foi a ideia da revolução das relações económicas e não apenas
das relações politicas, da emancipação social, como disse Marx, e não apenas da
emancipação política do homem. O que muda na doutrina do socialismo a respeito da
doutrina liberal é o modo de entender o processo de democratização do Estado.

Na teoria marxista-engelsiana, para falar apenas desta, o sufrágio universal, que para o
liberalismo em seu desenvolvimento histórico é o ponto de chegado do processo de
democratização do Estado, constitui apenas o ponto de partida. Além do sufrágio universal, o
aprofundamento do processo de democratização da parte das doutrinas socialistas acontece de
dois modos: através da critica da democracia apenas representativa e da consequente
retomada de alguns temas da democracia directa e através da solicitação de que a participação
popular e também o controle do poder a partir de baixo se estenda dos órgãos de decisão
económica, de alguns centros do aparelho estatal até a empresada sociedade política até à
sociedade civil pelo que se vem falando de democracia económica, industrial ou da forma
efectiva de funcionamento dos novos órgãos de controlo (chamados “ conselhos operários”,
colegial, e da passagem do auto governo para a autogestão.
As caracteristicas distintivas desta nova forma de Estado com respeito ao regime
representativo são principalmente quantos (4):

a) Enquanto o regime representativo se funda sobre a distinção entre poder


executivo e poder legislativo, o novo Estado da comuna deve ser “ não um
órgão parlamentar, mas de trabalho, executivo e legislativo, ao mesmo tempo;
b) Enquanto o regime parlamentar inserido no tronco dos velhos Estados
absolutistas deixou sobreviver consigo órgãos não representativos e
relativamente autónomos, os quais, desenvolvidos anteriormente na instituição
parlamental, continua a fazer parte essencial do aparelho estatal, como
exercito a magistratura e a burocracia, a comuna estende o sistema eleitoral de
todas as partes.
c) Enquanto representação nacional característica de sistema representativo é
inteiramente distinta da proibição de mandato autoritário, cuja consequência é
a irrevogabilidade do cargo durante toda a duração legislatura, a comuna “ é
composta de conselheiros municipais eleitos por sufrágio universal nas
diversas circunscrições de pais, responsáveis e revogáveis em qualquer
momento.
d) Enquanto o sistema parlamentar não conseguiu destruir a centralização
política e administrativa dos velhos estados, antes, pelo contrário, confirmou
através de instituição de um parlamento nacional.

Democracia e Elitismo

A crítica que de um lado o liberalismo faz à democracia directa, e a crítica, que de outro lado
o socialismo move à democracia representativa, são conscientemente inspiradas em certos
pressupostos ideológicos relacionados com diversas orientações ligadas aos valores últimos.

No final do século passado, contra a democracia, entendida exactamente em seu sentido


tradicional de doutrina da soberania popular, se formulou uma crítica que pretendeu ao
contrário, ao contrário, fundar-se exclusivamente sobre a observação dos factos: uma crítica
não ideológica, mas especifica, pelo menos na temática, da parte dos teóricos das minorias
governamentais, ou como será chamada mais tarde, com um nome que fará fortuna, da parte
de elites com Ludwig Gumplowicz, Gaetano Mosca e Vilfredo pareto.
Segundo estes escritores, a soberania popular é um ideal-limite e jamais correspondeu ou
poderá corresponder a uma realidade de fato, porque em qualquer regime político, qualquer
que seja a “ fórmula política” sob a qual os governantes e seus ideológicos o representem, é
sempre uma minoria de pessoas, que Mosca chama de “ classe política” aquela que detém o
poder efectivo.

Com esta teoria se conclui a longa e afortunada história de três formas de governo, que, como
se viu, está na origem da história do conceito da democracia desde que, em toda a sociedade,
de todos os tempos e em todos os níveis de civilização, o poder está nas mãos de uma
minoria, não existe outra forma de Governo senão a Oligarquia.

O que não implica que todos os regimes sejam iguais, mas simplesmente que se uma
diferença pode ser destacada, esta não pode depender de um critério extrínseco como o de
número de governantes (um pouco, muitos), mas dos vários modos com que uma classe
política se forma, se reproduz, se renova, organiza e exerce o poder.

Alargando e precisando esta, uma definição da democracia que quisesse levar em conta a
ineliminável presença de mais classes políticas em concorrência entre si deveria
compreender, pelo menos, o exame de três pontos: recrutamento, extensão e fonte do poder
da classe política.

Com respeito ao recrutamento, uma classe se política pode chamar-se democrática quando o
seu pessoal é escolhido através de uma competição eleitoral livre e não através de
transmissão hereditária ou de coopta.

Com respeito à extensão, aquando o pessoal de uma classe política é tão numeroso que se
divide, de maneira estável, em classe política de governo e classe política de oposição e
consegue cobrir a área do governo central e do governo local em suas diversas articulações e
não é, por outra parte, constituído de um grupo tão pequeno e fechado que dirige um país
inteiro através de comissários ou funcionários dependentes.

Com respeito à fonte de poder, quando este é exercido por uma classe política representativa,
com base numa delegação periodicamente renovável e fundada sobre uma declaração de
confiança, e no âmbito de regras estabelecidas (constituição) e não em virtude de dotes
carismáticos do chefe ou como consequência da tomada violenta do poder (Golpe de estado,
revolta militar, revolução, etc.,.) (v. também, ELITES, TEORIAS DAS).
O significado Formal de Democracia

Considerando de um lado, o modo como doutrina oposta a respeito dos valores fundamentais,
doutrinas liberais e doutrinas socialistas consideraram a Democracia não incompatível com
os próprios princípios e até como uma parte integrante do próprio credo, é perfeitamente
correcto falar de liberalismo democrático e de socialismo democrático, e é crível que um
liberalismo sem democracia não seria considerado hoje um “ verdadeiro” liberalismo e um
socialismo sem democracia, um “verdadeiro” socialismo.

Na teoria contemporânea, mais em prevalência nos países de tradição democrático liberal, as


definições de democracia tendem a resolver-se e a esgotar-se num elenco mais ou menos
amplo, segundo autores, de regras de jogo, ou, como também se diz, de procedimentos
universais, Entre estas:

1) Órgão político máximo, a quem é assinalada a função legislativa, deve ser


composto de membros directa ou indirectamente eleitos pelo povo, em
eleições de primeiro ou de segundo grau.
2) Junto do supremo órgão legislativo devera haver outras instituições com
dirigentes eleitos, como os órgãos da administração local ou o chefe de Estado
(tal como acontece nas repúblicas);
3) Todos os cidadãos que tenham atingido a maioridade, sem distinção de raça,
de religião, de censo e possivelmente do seco, devem ser eleitores;
4) Todos os eleitores devem ter voto igual;
5) Todos os eleitores devem ser livres em votar segundo a própria opinião
formada o mais livremente possível, isto é, numa disputa livre de partidos
políticos que lutam pela formação de uma representação nacional;
6) Devem ser livres também no sentido em que devem ser postos em condição de
ter reais alternativas (o que exclui como democrática qualquer eleição de lista
única ou bloqueada);
7) Tanto para as eleições dos representantes como para as decisões do órgão
político supremo vale o principio da maioria numérica, se bem que podem ser
estabelecidas varias formas de maioria segundo critérios de oportunidades não
definidos de uma vez para sempre;
8) Nenhuma decisão tomada por maioria deve limitar os direitos da minoria, de
modo especial o direito de tornar-se maioria, em paridade de condições;
9) O órgão do governo deve gozar de confiança do parlamento ou do chefe do
poder executivo, por sua vez eleito pelo povo.

Como se vê, todas estas regras estabelecessem como se deve chegar à decisão
política e não o que decidir.

Do ponto de vista do que decidir, o conjunto de regras do jogo democrático não estabelece
nada, salvo a exclusão das decisões que de qualquer modo contribuiriam param tornar vãs
uma ou mais regras do jogo. Além disso, como para todas as regras, também para as regras
do jogo democrático se deve ter em conta a possível diferença entre a enunciação do
conteúdo e o modo como são aplicadas.

IX. Algumas tipologias dos regimes democráticos

A multiplicidade das tipologias depende da variedade dos critérios adoptados para a


classificação das diversas formas de Democracia.

Apresentaremos a lista de algumas, tomando por base a profundidade do nível de estrutura


social global em que elas se integram.

A nível mais superficial se coloca a distinção fundada sobre o critério jurídico-institucional


entre regime presidencial e regime parlamental, a diferença entre os dois regimes está na
relação diferente entre legislativo e executivo, enquanto no regime parlamental a
democraticidade do executivo depende do fato de que ele é uma emanação do legislativo, o
qual, por sua vez, se baseia no voto popular, no regime presidencial, o chefe do executivo é
eleito directamente do povo. Em consequência disso ele presta contas de sua acção não ao
parlamento mas aos eleitores que podem sancionar sua conduta política negando-lhe a
reeleição.

A segunda variante, introduzida por Giovanni Sartori oferece, em relação à relação à anterior,
pelo menos, duas vantagens:

a) Permite levar em conta alianças de partidos com a consequência de que um sistema


multipartidário pode ser bipolar e portanto, pode ter as mesmas características de um
sistema multipartidário;
b) Permite uma ulterior distinção entre sistemas polarizados e sistemas não polarizados
no caso de haver nas duas extremidades franjas que tendam à ruptura do sistema
(partidos anti-sistema).

Tendo em conta, além do sistema de partidos, também o sistema o sistema da cultura política,
Arend lijphart distinguiu os regimes democráticos com base na maior ou menor fragmentação
da cultura política em centrífugos e centrípetos (distinção que corresponde, grosso modo, à
precedente entre regimes polarizados e não polarizados,

A democracia consoativa tem seus maiores exemplos na Áustria, suíça, Holanda e Bélgica e
foi chamada, tendo em vista especialmente o caso suíço, de concordante (concordant
democracy, konkordanz demokratie) e definida como o tipo de Democracia em que
acontecem entendimentos de cúpula entre líderes de subculturas rivais para a formação de um
governo estável.

Descendo a nível ainda mais profundo, que é o nível das estruturas da sociedade inferior,
Gabriel Almond distinguiu três tipos de democracia:

a) A Democracia de alta autonomia dos subsistema (Inglaterra e Estados Unidos),


entendendo-se por subsistemas os partidos, os sindicatos e os grupos de pressão, em
geral;
b) Democracia de autonomia limitado dos subsistemas (França da III República, Itália
depois da segunda guerra mundial e Alemanha do Weimar);
c) Democracia de autonomia dos subsistemas (México);

Modelos ideais mais do que tipos históricos são três formas de democracia analisadas por
Robert Dahl no seu livro A prefacie to democratic theory (1956):

a) Democracia madisoniana que consiste sobre tudo nos mecanismos de freio do poder e
coincide com o ideal constitucional do estado limitado pelo direito ou pelo governo da
lei contra o governo dos homens (no qual sempre se manifesta historicamente a
tirania);
b) Democracia populista, cujo princípio fundamental é a soberania da maioria;
c) Democracia poliàrquica que busca as condições da orem democrática não em
expedientes de carácter constitucional, mas em pré-requisitos sociais, isto é, no
funcionamento de algumas regras fundamentais que permitem e garante livre
expressão do voto, a prevalência das decisões mais votadas, o controle das decisões
por parte dos eleitores, etc.

Democracia formal e democracia substancial

Chama-se democracia formal a primeira porque é caracterizada pelos chamados “


comportamento universais” (universal procedural), mediante o emprego dos quais podem ser
tomadas decisões de conteúdo diverso (como mostra a co-presença de regimes liberais e
democráticos ao lado dos regimes socialistas e democráticos.

Chama-se democracia substancial à segunda porque faz referência prevalentemente e certos


conteúdos inspirados em ideias característicos da tradição do pensamento democrático, com
relevo para o igualitarismo. Segundo uma velha formula que considera democracia como
governo do povo para o povoa democracia formal é mais um governo para o povo.

Também foi observado (Macpherson) que o conceito de democracia atribuído aos Estados
unidos socialistas e aos Estados do terceiro mundo espelha mais fielmente o significado
aristotélico antigo da Democracia. Segundo este conceito a Democracia é o governo de
pobres contra os ricos, isto é, é um estado de classe, tratando-se de classes dos pobres, é
governo da classe mais numerosa ou da maioria (e é esta a razão pela qual a Democracia foi
mais exercada do que exaltada no decurso dos séculos.

Para quem como Macpherson defende que o discurso em torno da democracia não se resolve
em definir uma palavra que pelo seu significado eu lógico é referida a coisas diferentes, o
negócio deve ser determinado em torno de um conceito geral de democracia dividido

Você também pode gostar