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Democracia

Democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis


participam igualmente — directamente ou através de representantes eleitos —
na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo
o poder da governação através do sufrágio universal. Ela abrange as condições
sociais, económicas e culturais que permitem o exercício livre e igual
da autodeterminação política.
O termo origina-se do grego antigo δημοκρατία (dēmokratía ou "governo do
povo"), que foi criado a partir de δῆμος (demos ou "povo") e κράτος (kratos ou
"poder") no século V a.C. para denotar os sistemas políticos então existentes
em cidades-Estados gregas, principalmente Atenas; o termo é
um antónimo para ἀριστοκρατία (aristokratia ou "regime de uma aristocracia"
como seu nome indica). Embora, teoricamente, estas definições sejam
opostas, na prática, a distinção entre elas foi obscurecida historicamente. No
sistema político da Atenas Clássica, por exemplo, a cidadania democrática
abrangia apenas homens, filhos de pai e mãe atenienses, livres e maiores de
21 anos, enquanto estrangeiros, escravos e mulheres eram grupos excluídos
da participação política. Em praticamente todos os governos democráticos em
toda a história antiga e moderna, a cidadania democrática valia apenas para
uma elite de pessoas, até que a emancipação completa foi conquistada para
todos os cidadãos adultos na maioria das democracias modernas através de
movimentos por sufrágio universal durante os séculos XIX e XX.
O sistema democrático contrasta com outras formas de governo em que o
poder é detido por uma pessoa — como em uma monarquia absoluta — ou em
que o poder é mantido por um pequeno número de indivíduos — como em
uma oligarquia. No entanto, essas oposições, herdadas da filosofia grega, são
agora ambíguas porque os governos contemporâneos têm misturado
elementos democráticos, oligárquicos e monárquicos em seus sistemas
políticos. Karl Popper definiu a democracia em contraste
com ditadura ou tirania, privilegiando, assim, oportunidades para as pessoas de
controlar seus líderes e de tirá-los do cargo sem a necessidade de
uma revolução.
Diversas variantes de democracias existem no mundo, mas há duas formas
básicas, sendo que ambas dizem respeito a como o corpo inteiro de todos os
cidadãos elegíveis executam a sua vontade. Uma das formas de democracia é
a democracia directa, em que todos os cidadãos elegíveis têm participação
directa e activa na tomada de decisões do governo. Na maioria das
democracias modernas, todo o corpo de cidadãos elegíveis permanece com
o poder soberano, mas o poder político é exercido indirectamente por meio de
representantes eleitos, o que é chamado de democracia representativa. O
conceito de democracia representativa surgiu em grande parte a partir de
ideias e instituições que se desenvolveram durante períodos históricos como
a Idade Média europeia, a Reforma Protestante, o Iluminismo e as
revoluções Americana e Francesa.
Características
Não existe consenso sobre a forma correta de definir a democracia, mas a
igualdade, a liberdade e o Estado de direito foram identificadas como
características importantes desde os tempos antigos. Estes princípios são
reflectidos quando todos os cidadãos elegíveis são iguais perante a lei e têm
igual acesso aos processos legislativos. Por exemplo, em uma democracia
representativa, cada voto tem o mesmo peso, não existem restrições
excessivas sobre quem quer se tornar um representante, além da liberdade de
seus cidadãos elegíveis ser protegida por direitos legitimados e que são
tipicamente protegidos por uma constituição.
Uma teoria sustenta que a democracia exige três princípios fundamentais: 1) a
soberania reside nos níveis mais baixos de autoridade; 2) igualdade política e
3) normas sociais pelas quais os indivíduos e as instituições só consideram
aceitáveis actos que reflectem os dois primeiros princípios citados.
O termo democracia às vezes é usado como uma abreviação para
a democracia liberal, que é uma variante da democracia representativa e que
pode incluir elementos como o pluralismo político, a igualdade perante a lei,
o direito de petição para reparação de injustiças sociais; devido processo
legal; liberdades civis; direitos humanos; e elementos da sociedade civil fora do
governo. Roger Scruton afirma que a democracia por si só não pode
proporcionar liberdade pessoal e política, a menos que as instituições da
sociedade civil também estejam presentes.

Em muitos países, como no Reino Unido onde se originou o Sistema


Westminster, o princípio dominante é o da soberania parlamentar, mantendo a
independência judicial. Nos Estados Unidos, a separação de poderes é
frequentemente citada como um atributo central de um regime democrático.
Na Índia, a maior democracia do mundo, a soberania parlamentar está sujeita a
uma constituição que inclui o controle judicial. Outros usos do termo
"democracia" incluem o da democracia directa. Embora o termo "democracia"
seja normalmente usado no contexto de um Estado político, os princípios
também são aplicáveis a organizações privadas.
O regime da maioria absoluta é frequentemente considerado como uma
característica da democracia. Assim, o sistema democrático permite
que minorias políticas sejam oprimidas pela chamada "tirania da maioria"
quando não há protecções legais dos direitos individuais ou de grupos. Uma
parte essencial de uma democracia representativa "ideal"
são eleições competitivas que sejam justas tanto no plano material, quanto
processualmente. Além disso, liberdades como a política, de expressão e de
imprensa são consideradas direitos essenciais que permitem aos cidadãos
elegíveis serem adequadamente informados e aptos a votar de acordo com
seus próprios interesses.
Também tem sido sugerido que uma característica básica da democracia é a
capacidade de todos os eleitores de participar livre e plenamente na vida de
sua sociedade. Com sua ênfase na noção de contrato social e da vontade
colectiva de todos os eleitores, a democracia também pode ser caracterizada
como uma forma de colectivismo político, porque ela é definida como uma
forma de governo em que todos os cidadãos elegíveis têm uma palavra a dizer
de peso igual nas decisões que afectam as suas vidas.
Enquanto a democracia é muitas vezes equiparada à forma republicana de
governo, o termo república classicamente abrangeu democracias e
aristocracias. Algumas democracias são monarquias constitucionais muito
antigas, como é o caso de países como o Reino Unido e o Japão.

História
Origens na antiguidade

O termo "democracia" apareceu pela primeira vez no antigo pensamento


político e filosófico grego na cidade-Estado de Atenas durante a antiguidade
clássica. Liderados por Clístenes, os atenienses estabeleceram o que é
geralmente tido como a primeira experiência democrática em 508-507 a.C.
Clístenes é referido como "o pai da democracia ateniense".
A democracia ateniense tomou a forma de uma democracia directa e tinha
duas características distintivas: a selecção aleatória de cidadãos comuns para
preencher os poucos cargos administrativos e judiciais existentes no
governo[24] e uma assembleia legislativa composta por todos os cidadãos
atenienses.[25] Todos os cidadãos elegíveis eram autorizados a falar e votar na
assembleia, que estabelecia as leis da cidade-Estado. No entanto, a cidadania
ateniense excluía mulheres, escravos, estrangeiros (μέτοικοι, metoikoi), os que
não eram proprietários de terras e os homens com menos de 20 anos de idade.
Dos cerca de 200 a 400 mil habitantes de Atenas na época, havia entre 30 mil
e 60 mil cidadãos. A exclusão de grande parte da população a partir do que era
considerada cidadania está intimamente relacionada com a antiga
compreensão do termo. Durante a maior parte da antiguidade, o benefício da
cidadania era associado à obrigação de lutar em guerras.
O sistema democrático ateniense não era apenas dirigido no sentido de que as
decisões eram tomadas pelas pessoas reunidas na assembleia, mas também
era mais directo no sentido de que as pessoas, através de assembleias e
tribunais de justiça, controlavam todo o processo político e uma grande
proporção dos cidadãos estavam envolvidos constantemente nos assuntos
públicos. Mesmo com os direitos do indivíduo não sendo garantidos pela
constituição ateniense no sentido moderno (os antigos gregos não tinham uma
palavra para "direitos"), os atenienses gozavam de liberdades não por conta do
governo, mas por viverem em uma cidade que não estava sujeita a outro poder
e por não serem eles próprios sujeitos às regras de outra pessoa.

A votação por pontos apareceu em Esparta já em 700 a.C. A Apela era uma


assembleia do povo, realizada uma vez por mês. Nessa assembleia, os líderes
espartanos eram eleitos e davam seu voto gritando. Todos os cidadãos do
sexo masculino com mais 30 anos de idade podiam
participar. Aristóteles chamava esse sistema de "infantil", em oposição a algo
mais sofisticado, como a utilização de registos de voto em pedra, como os
usados pelos atenienses. No entanto, em termos, Esparta adoptou esse
sistema de votação por causa da sua simplicidade e para evitar qualquer tipo
de viés de votação.
Mesmo que a República Romana tenha contribuído significativamente com
muitos dos aspectos da democracia, apenas uma minoria dos romanos eram
considerados cidadãos aptos a votar nas eleições para os representantes. Os
votos dos poderosos tinham mais peso através de um sistema
de gerrymandering, enquanto políticos de alto gabarito, incluindo membros
do senado, vinham de algumas famílias ricas e nobres. No entanto, muitas
excepções notáveis ocorreram. Além disso, a República Romana foi o primeiro
governo no mundo ocidental a ter uma república como um Estado-nação,
apesar de não ter muitas características de uma democracia. Os romanos
inventaram o conceito de "clássicos" e muitas obras da Grécia antiga foram
preservadas. Além disso, o modelo romano de governo inspirou muitos
pensadores políticos ao longo dos séculos e democracias representativas
modernas imitam mais o modelo romano do que os gregos porque era um
Estado em que o poder supremo era realizado pelo povo e por seus
representantes eleitos, e que tinha um líder eleito ou nomeado. A democracia
representativa é uma forma de democracia em que as pessoas votam em
representantes que, em seguida, votam em iniciativas políticas; enquanto uma
democracia directa é uma forma de democracia em que as pessoas votam em
iniciativas políticas directamente.
Era contemporânea

As transições do século XX para a democracia liberal vieram em sucessivas


"ondas" de democracia, diversas vezes resultantes de guerras,
revoluções, descolonização e por circunstâncias religiosas e económicas.
A Primeira Guerra Mundial e a subsequente dissolução dos
impérios Otomano e Austro-Húngaro resultou na criação de novos Estados-
nação da Europa, a maior parte deles, pelo menos nominalmente,
democráticos.
Na década de 1920 a democracia floresceu, mas a Grande Depressão trouxe
desencanto e a maioria dos países da Europa, América Latina e Ásia viraram-
se para regimes autoritários. O fascismo e outros tipos
de ditaduras floresceram na Alemanha nazista, na Itália, na Espanha e
em Portugal, além de regimes não-democráticos terem surgidos nos países
bálticos, nos Balcãs, no Brasil, em Cuba, na China e no Japão, entre outros.
A Segunda Guerra Mundial trouxe uma reversão definitiva desta tendência
na Europa Ocidental. A democratização dos sectores Estadunidense, britânico
e francês da Alemanha ocupada (disputado), da Áustria, da Itália e do Japão
ocupado pelos Aliados serviu de modelo para a teoria posterior de "mudança
de regime". No entanto, a maior parte da Europa Oriental, incluindo o sector
soviético da Alemanha, caiu sob a influência do bloco soviético não-
democrático. A guerra foi seguida pela descolonização e, novamente, a maioria
dos novos estados independentes tiveram constituições nominalmente
democráticas. A Índia emergiu como a maior democracia do mundo e continua
a sê-lo.
Em 1960, a grande maioria dos Estados-nação tinham, nominalmente, regimes
democráticos, embora a maioria das populações do mundo ainda vivesse em
países que passaram por eleições fraudulentas e outras formas de subterfúgios
(particularmente em nações comunistas e em ex-colónias). Uma onda posterior
de democratização trouxe ganhos substanciais para a verdadeira democracia
liberal para muitas nações. Espanha, Portugal (1974) e várias das ditaduras
militares na América do Sul voltaram a ser um governo civil no final dos anos
1970 e início dos anos 1980 (Argentina em 1983, Bolívia e Uruguai em 1984,
o Brasil em 1985 e o Chile no início de 1990). Isto foi seguido por nações
do Extremo Oriente e do Sul da Ásia no final da década de 1980.
O mal-estar económico na década de 1980, juntamente com o ressentimento
da opressão soviética, contribuiu para o colapso da União Soviética, o
consequente fim da Guerra Fria e a democratização e liberalização dos antigos
países do chamado bloco oriental. A mais bem-sucedida das novas
democracias eram aquelas geográfica e culturalmente mais próximas da
Europa Ocidental e elas são agora, em sua maioria, membros ou membros
associados da União Europeia. Alguns pesquisadores consideram que
a Rússia contemporânea não é uma verdadeira democracia e, em vez disso, se
assemelha a uma forma de ditadura.[40]
A tendência liberal se espalhou para alguns países da África na década de
1990, sendo o exemplo mais proeminente a África do Sul. Alguns exemplos
recentes de tentativas de liberalização incluem a Revolução Indonésia de 1998,
a Revolução Bulldozer na antiga Iugoslávia, a Revolução Rosa na Geórgia,
a Revolução Laranja na Ucrânia, a Revolução dos Cedros no Líbano,
a Revolução das Tulipas no Quirguistão e da Revolução de
Jasmim na Tunísia (parte da chamada "Primavera Árabe").
De acordo com a organização Freedom House, em 2007, havia 123
democracias eleitorais (acima das 40 registadas em 1972).[41] De acordo com o
Fórum Mundial sobre a Democracia, as democracias eleitorais agora
representam 120 dos 192 países existentes e constituem 58,2 por cento
da população mundial. Ao mesmo tempo, as democracias liberais, ou seja, os
países que a Freedom House considera livre e que respeitam os direitos
humanos fundamentais e o Estado de direito são 85 e representam 38 por
cento da população global.[42]
Em 2010, as Nações Unidas declararam 15 de Setembro o Dia Internacional da
Democracia.
É possível destacar ainda, que durante toda sua trajectória, mas principalmente
na era contemporânea, a democracia tem uma relação directa com a
educação, com a escola e com os modelos de ensino que determinada
sociedade estabelece. Dessa forma a democracia moderna como conhecemos
hoje, está intimamente vinculada com a educação dos territórios que a elegem
enquanto forma de governo.

Tipos
A democracia tem tomado diferentes formas de governo, tanto na teoria quanto
na prática. Algumas variedades de democracia proporcionam uma melhor
representação e maior liberdade para seus cidadãos do que outras. No
entanto, se qualquer democracia não está estruturada de forma a proibir o
governo de excluir as pessoas do processo legislativo, ou qualquer agência do
governo de alterar a separação de poderes em seu próprio favor, em seguida,
um ramo do sistema político pode acumular muito poder e destruir o ambiente
democrático.

Países do mundo de acordo com sua forma de governo em 2011:


  Repúblicas presidencialistas1
  Repúblicas semipresidencialistas1
  Repúblicas parlamentaristas1
  Estados unipartidários
  Monarquias constitucionais parlamentares
  Monarquias absolutas
  Ditaduras militares
  Monarquias constitucionais onde o monarca exerce poder pessoalmente
  Repúblicas com um presidente executivo dependente do parlamento
  Países que não se encaixam em nenhum dos sistemas políticos acima

Vários Estados constitucionalmente considerados repúblicas multipartidárias são amplamente


1

descritos pela comunidade internacional como países autoritários. Este mapa apresenta apenas a
forma de governo de jure e não o grau de democracia de facto de cada país.

Directa

Democracia directa refere-se ao sistema onde os cidadãos decidem


directamente cada assunto por votação.
A democracia directa tornou-se cada vez mais difícil, e necessariamente se
aproxima mais da democracia representativa, quando o número de cidadãos
cresce. Historicamente, as democracias mais directas incluem o encontro
municipal de Nova Inglaterra (dentro dos Estados Unidos), e o antigo sistema
político de Atenas. Nenhum destes se enquadraria bem para uma grande
população (embora a população de Atenas fosse grande, a maioria da
população não era composta de pessoas consideradas como cidadãs, que,
portanto, não tinha direitos políticos; não os tinham mulheres, escravos e
crianças).
É questionável se já houve algum dia uma democracia puramente directa de
qualquer tamanho considerável. Na prática, sociedades de qualquer
complexidade sempre precisam de uma especialização de tarefas, inclusive
das administrativas; e portanto uma democracia directa precisa de oficiais
eleitos. (Embora alguém possa tentar manter todas as decisões importantes
feitas por voto directo, com os oficiais meramente implementando essas
decisões). Exemplos de democracia directa que costumavam
eleger Delegados com mandato imperativo, revogável e temporário podem ser
encontrados em sedições e revoluções de cunho anarquista como a Revolução
Espanhola, a Revolução Ucraniana e no levante armado da EZLN, no estado
de Chiapas.
Contemporaneamente o regime que mais se aproxima dos ideais de
uma democracia directa é a democracia semidirecta da Suíça.
Uma democracia semidirecta é um regime de democracia em que existe a
combinação de representação política com formas de Democracia directa
(Benevides, 1991, p. 129).]
A Democracia semidirecta, conforme Bobbio (1987, p. 459), é uma forma de
democracia que possibilita um sistema mais bem-sucedido de democracia
frente as democracias Representativa e Directa, ao permitir um equilíbrio
operacional entre a representação política e a soberania popular directa. A
prática desta acção equilibrante da democracia semidirecta, segundo
Bonavides (2003, p. 275), limita a “alienação política da vontade popular”, onde
“a soberania está com o povo, e o governo, mediante o qual essa soberania se
comunica ou exerce, pertence ao elemento popular nas matérias mais
importantes da vida pública”.
Representativa

Em democracias representativas, em contraste, os cidadãos elegem


representantes em intervalos regulares, que então votam os assuntos em seu
favor. Do mesmo modo, muitas democracias representativas modernas
incorporam alguns elementos da democracia directa, normalmente referendo.
Nós podemos ver democracias directas e indirectas como os tipos ideais, com
as democracias reais se aproximando umas das outras. Algumas entidades
políticas modernas, como a Suíça ou alguns estados norte-americanos, onde é
frequente o uso de referendo iniciada por petição (chamada referendo por
demanda popular) ao invés de membros da legislatura ou do governo. A última
forma, que é frequentemente conhecida por plebiscito, permite ao governo
escolher se e quando manter um referendo, e também como a questão deve
ser abordada. Em contraste, a Alemanha está muito próxima de uma
democracia representativa ideal: na Alemanha os referendos são proibidos —
em parte devido à memória de como Adolf Hitler usou isso para manipular
plebiscitos em favor do seu governo.]
O sistema de eleições que foi usado em alguns países capitalistas de Estado,
chamado centralismo democrático, pode ser considerado como uma forma
extrema de democracia representativa, onde o povo elegia representantes
locais, que por sua vez elegeram representantes regionais, que por sua vez
elegiam a assembleia nacional, que finalmente elegia os que iam governar o
país. No entanto, alguns consideram que esses sistemas não são democráticos
na verdade, mesmo que as pessoas possam votar, já que a grande distância
entre o indivíduo eleitor e o governo permite que se tornasse fácil manipular o
processo. Outros contrapõem, dizendo que a grande distância entre eleitor e
governo é uma característica comum em sistemas eleitorais desenhados para
nações gigantescas (os Estados Unidos e algumas potências europeias, só
para dar alguns exemplos considerados inequivocamente democráticos, têm
problemas sérios na democraticidade das suas instituições de topo), e que o
grande problema do sistema soviético e de outros países comunistas, aquilo
que o tornava verdadeiramente não-democrático, era que, em vez de serem
escolhidos pelo povo, os candidatos eram impostos pelo partido dirigente.

Direito ao voto

O voto, também chamado de sufrágio censitário, é típico do Estado


liberal (século XIX) e exigia que os seus titulares atendessem certas exigências
tais como pagamento de imposto directo; proprietário de propriedade fundiária
e usufruir de certa renda.
No passado muitos grupos foram excluídos do direito de voto, em vários níveis.
Algumas vezes essa exclusão é uma política bastante aberta, claramente
descrita nas leis eleitorais; outras vezes não é claramente descrita, mas é
implementada na prática por meios que parecem ter pouco a ver com a
exclusão que está sendo realmente feita (p.ex., impostos de voto e
requerimentos de alfabetização que mantinham afro-americanos longe das
urnas antes da era dos direitos civis). E algumas vezes a um grupo era
permitido o voto, mas o sistema eleitoral ou instituições do governo eram
propositadamente planejadas para lhes dar menos influência que outros grupos
favorecidos.
Hoje, em muitas democracias, o direito de voto é garantido sem discriminação
de raça, grupo étnico, classe ou sexo. No entanto, o direito de voto ainda não é
universal. É restrito a pessoas que atingem uma certa idade, normalmente 18
(embora em alguns lugares possa ser 16— como no Brasil — ou 21). Somente
cidadãos de um país normalmente podem votar em suas eleições, embora
alguns países façam excepções a cidadãos de outros países com que tenham
laços próximos (p.ex., alguns membros da Comunidade Britânica e membros
da União Europeia).
A prática do voto obrigatório remonta à Grécia Antiga, quando o legislador
ateniense Sólon fez aprovar uma lei específica obrigando os cidadãos a
escolher um dos partidos, caso não quisessem perder seus direitos de
cidadãos. A medida foi parte de uma reforma política que visava conter a
radicalização das disputas entre facções que dividiam a pólis. Além de abolir a
escravidão por dívidas e redistribuir a população de acordo com a renda, criou
também uma lei que impedia os cidadãos de se absterem nas votações da
assembleia, sob risco de perderem seus direitos.
Critérios
Muitas sociedades no passado negaram a pessoas o direito de votar baseadas
no grupo étnico. Exemplo disso é a exclusão de pessoas com ascendência
africana das urnas, na era anterior à dos direitos civis, e na época
do apartheid na África do Sul. A maioria das sociedades hoje não mantêm essa
exclusão, mas algumas ainda o fazem. Por exemplo, Fiji reserva um certo
número de cadeiras no Parlamento para cada um dos principais grupos
étnicos; essas exclusões foram adoptadas para barrar a maioria dos indianos
em favor dos grupos étnicos fijianos. Até o século XIX, muitas democracias
ocidentais tinham propriedades de qualificação nas suas leis eleitorais, o que
significava que apenas pessoas com um certo grau de riqueza podiam votar.
Hoje essas leis foram amplamente abolidas.
Outra exclusão que durou muito tempo foi a baseada no sexo. Todas as
democracias proibiam as mulheres de votar até 1893, quando a Nova
Zelândia se tornou o primeiro país do mundo a dar às mulheres o direito de
voto nos mesmos termos dos homens. No Brasil, pela constituição de 1822 e
suas emendas antes dessa data, permitiu-se o direito de voto feminino, desde
que pertencesse à classe determinada dos fazendeiros e fosse
alfabetizada. Isso aconteceu devido ao sucesso do movimento feminino pelo
direito de voto, tanto na Nova Zelândia como no Brasil, sendo que houve
participações parlamentares já no Brasil depois dessa época. Hoje
praticamente todos os Estados permitem que mulheres votem; as únicas
excepções são sete países muçulmanos do Oriente Médio: Arábia
Saudita, Barém, Brunei, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã.
O direito de voto normalmente é negado a prisioneiros. Alguns países também
negam o direito a voto para aqueles condenados por crimes graves, mesmo
depois de libertados. Em alguns casos (p.ex. em muitos estados dos Estados
Unidos) a negação do direito de voto é automático na condenação de qualquer
crime sério; em outros casos (p.ex. em países da Europa) a negação do direito
de voto é uma penalidade adicional que a corte pode escolher por impor, além
da pena do aprisionamento. Existem países em que os prisioneiros mantêm o
direito de voto (por exemplo Brasil e Portugal).

Problemas

Os pensadores italianos do século XX Vilfredo Pareto e Gaetano


Mosca (independentemente) argumentaram que a democracia era ilusória, e
servia apenas para mascarar a realidade da regra de elite. Na verdade, eles
argumentaram que a oligarquia da elite é a lei inflexível da natureza humana,
em grande parte devido à apatia e divisão das massas (em oposição à
unidade, a iniciativa e a unidade das elites), e que as instituições democráticas
não fariam mais do que mudar o exercício do poder de opressão à
manipulação. Como Louis Brandeis uma vez postulou, "Podemos ter
democracia ou podemos ter riqueza concentrada nas mãos de uns poucos,
mas não podemos ter as duas coisas".
Hoje todos os partidos políticos no Canadá são cautelosos sobre as críticas de
alto nível de imigração, porque, como observou The Globe and Mail, "no início
de 1990, o antigo Partido da Reforma foi marcado como 'racista' por sugerir
que os níveis de imigração deveriam ser reduzidos de 250 mil a 150
mil.". Como o professor de Economia Don J. DeVoretz destacou: "Em uma
democracia liberal como o Canadá, o seguinte paradoxo persiste. Mesmo que
a maioria dos entrevistados respondendo sim à pergunta: 'Há muitas imigrantes
chegando a cada ano?' números de imigrantes continuam a subir até que um
conjunto crítico de custos económicos apareçam'".
A ideia de “crise da democracia” vem ganhando repercussão na Teoria Política
Contemporânea. Desde a década de 1970, autores da vertente partipacionista
associam a legitimidade dos regimes democráticos a factores que vão além da
mera possibilidade de exercício livre do voto. A demanda, nesse sentido, é por
efectiva actuação na concepção das políticas públicas, o que causa resistência
em agentes representativos receosos de compartilhar o poder que
o design institucional moderno lhes conferiu.

O que é democracia resumo?


O termo democracia tem origem grega, podendo ser etimologicamente
dividido da seguinte maneira: demos (povo), kratos (poder). Em
geral, democracia é a prática política de dissolução, de alguma maneira, do
poder e das decisões políticas em meio aos cidadãos.

O que é democracia de exemplo?


Países democráticos são aqueles que possuem liberdade de imprensa;
possibilidade de voto e de participação da vida pública de todos os cidadãos
(elegibilidade); liberdade de associação política; acesso à informação; e
constituição de eleições idóneas, imparciais e observadas por organismos
internacionais.
O que é democracia nos dias de hoje?
Desde a Proclamação da República, o Brasil tem sido governado por três
poderes, o Legislativo, o Judiciário e o Executivo, em que o chefe é o
presidente da República, eleito a cada quatro anos pelo voto popular em
eleições directas, desde 1989. O regime de governo vigente no Brasil é o
presidencialismo.
O que é uma sociedade democrática?
Uma sociedade democrática, tenha ela, um governo mais à esquerda ou à
direita, é aquela em que o poder está claramente repartido pelas suas várias
instituições democráticas (executivas, legislativas ou judiciais) tendo a
Sociedade Civil múltiplas formas de expressão e de intervenção

Quem inventou a democracia?

Clístenes
Foi durante a gestão de Clístenes como legislador em Atenas que uma série de reformas
foi realizada em 514 a.C. As reformas de Clístenes são consideradas como as
responsáveis pelo nascimento da democracia enquanto sistema que amplia a
participação popular dentro da política.
Onde surgiu a ideia de democracia?
O termo democracia surgiu na Antiguidade clássica, em Atenas, na Grécia,
para designar a forma de governo que caracterizava a administração política
dos interesses colectivos dos habitantes das cidades-estados.

Qual é a origem da palavra democracia?


A palavra democracia é formada por dois vocábulos gregos que, juntos,
implicam uma concepção singular de relações entre governados e
governantes: “demos” significa povo ou muitos, enquanto “kracia” quer dizer
governo ou autoridade; assim, em contraposição à prática política adoptada até
então, ou seja, o governo de um

O que era antes da democracia?


A democracia na Grécia Antiga foi um fenómeno que ocorreu na cidade de
Atenas, resultado de uma série de transformações na economia e sociedade
ateniense que levou a reformulações na forma de organização do poder. Até os
séculos VII e VI a.

Qual e a maior democracia do mundo?


Na avaliação mais recente, divulgada em Fevereiro de 2022, o Democracy
Index 2021 reportou que a Noruega marcou um total de 9.75 em uma escala de
0 a 10, que foi o maior resultado (1º país no ranking geral), enquanto o
Afeganistão teve a pior nota, com 0.32.

Qual a diferença entre a democracia directa e indirecta?

Pode ser directa (em que os cidadãos decidem sobre questões relacionadas a


criações de leis, orçamento, etc.); ou indirecta / representativa (em que a
população escolhe representantes para que tomem decisões em seu nome).
Quem foram os pais da democracia?
De tal maneira, por volta de 510 a.C. a democracia surge em Atenas através
da vitória do político aristocrata grego Clístenes. Considerado o "Pai da
Democracia", ele liderou uma revolta popular contra o último tirano grego,
Hípias, que governou entre 527 a.C. e 510 a.C..

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