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Iluminismo

 Corrente filosófica que se desenvolveu na Europa do século XVIII e que se


caracterizou por uma crítica à autoridade política e religiosa e por uma
afirmação da liberdade, da confiança na razão e no progresso da ciência,
como meios de atingir a felicidade humana.

 Mais do que uma filosofia, o iluminismo constituía uma mentalidade, uma


concepção unitária do mundo e da vida cujo aspeto fundamental consistia numa
fé extraordinária na razão.

 A “deusa” razão seria capaz de resolver definitivamente os problemas da vida,


da ciência e do homem e se o homem não a usasse nunca seria autónomo.

 O iluminismo defendia que se tinha de cultivar tudo o que esclarecesse o homem


e lhe desse consciência do seu mundo.

 A razão crítica seria a principal responsável pela condução do espírito em


direcção às grandes verdades.

Montesquieu
 Charles-Louis de Secondat, senhor de La Brède ou barão de Montesquieu foi um
aristocrata que nasceu no castelo de La Brède, próximo de Bordéus em 18 de
janeiro de 1689 e faleceu em Paris, a 10 de fevereiro de 1755.

 A sua teoria política está exposta na obra L' Esprit des Lois datada de 1748 e
inspirada em Locke e no estudo das instituições políticas inglesas.

 A obra está dividida em 6 partes, cada qual com vários livros, composta de
muitos capítulos.
 O livro fala das instituições e das leis e tenta compreender as diversas
legislações existentes em diferentes lugares e épocas – influência de Aristóteles -
mas já com marcas da investigação ou análise sociológica devido ao rigor do
método que é comparativo-indutivo e ainda hoje é dominante na Ciência
Política.

 Esta obra tornou-se a fonte de todo o pensamento político liberal e do


constitucionalismo monárquico que assenta na separação dos poderes
legislativo, executivo e judicial.

Principais ideias:

 As leis escritas ou não que governam os povos não são fruto do capricho ou do
arbítrio de quem legisla. Ao contrário, decorrem da realidade social e da História
concreta própria do povo considerado.
 Não existem leis justas ou injustas. O que existe são leis mais ou menos
adequadas a um determinado povo e a uma determinada circunstância de época
ou lugar (relativismo histórico).
 O autor procura estabelecer a relação das leis com as sociedades, ou ainda, com
o espírito dessas.
 Para a Sociologia jurídica não interessa a perspectiva da letra da lei, mas sim o
seu espírito e as consequências que as formas políticas, económicas e sociais
exercem sobre o Direito. Por isso, não interessa estudar as leis em si mesmas.

 Montesquieu chamou a atenção para a influência que o clima e a dimensão do


território têm no homem.

 Segundo ele, os climas frios faziam as fibras do corpo aproximarem-se e o


homem ficava mais forte, confiante e dinâmico. Os climas quentes funcionavam
em sentido inverso.
 Ainda segundo Montesquieu, um território pequeno governava-se mais
facilmente de forma democrática enquanto um território vasto exigia regimes
despóticos porque o Estado tem de ser forte para evitar a divisão ou o
fraccionamento do país.

O princípio e a natureza de um governo


 Natureza: aquilo que faz um governo ser o que é, determinado pela quantidade
daqueles que detêm a soberania;
 Princípio: o que põe esse governo em movimento, o princípio motor em
linguagem filosófica, constituído pelas paixões e necessidades dos homens.
Formas de governo:
 República – Natureza: soberania nas mãos de muitos. Se for de todos é a
democracia e se for só de alguns é a aristocracia. O princípio da República é a
virtude;
 Monarquia – Natureza: soberania nas mãos de um só – o rei – segundo leis
positivas. O seu princípio é a honra;
 Despotismo – Natureza: soberania nas mãos de um só segundo o arbítrio deste.
O seu princípio é o medo.
Forma ideal:
 República Ideal - combina o conceito de república democrática e aristocrática
com a existência de uma monarquia, como acontecia na Inglaterra.

Princípio da separação dos poderes

 Garantir a liberdade individual a todos os homens dando-lhes dois direitos: o


direito de fazerem tudo aquilo que as leis permitem e o direito de não fazerem
nada que as leis não imponham.

 Estes direitos exigem que o poder político esteja limitado pelo Direito e
repartido por vários órgãos.

 Os abusos do poder resultam do facto de quem tem poder o usar até onde
encontrar limites.
 É necessário que o poder trave o poder.

 Os poderes devem estar separados para que se impeçam mutuamente de cometer


abusos.

 Para Montesquieu existem três poderes: executivo (ao qual juntou o federativo
de Locke), legislativo e judicial.

 Estes três poderes não podem estar reunidos numa pessoa porque conduziria a
abusos de poder.

 Se um órgão ou pessoa tiver poder executivo e legislativo pode fazer leis


tirânicas e executá-las de forma tirânica.

 O poder judicial não poderá estar ligado ao executivo para o juiz não se tornar
um opressor e não pode estar unido ao legislativo para que o juiz não seja o
legislador porque isso levaria a que a vida e a liberdade dos cidadãos não
estivessem salvaguardadas.

 O executivo compete ao rei e ao governo; o legislativo ao parlamento ou


assembleia e o judicial aos tribunais.

 Cada um dos poderes tem duas faculdades.


 A faculdade de estatuir ou seja tomar decisões no âmbito da sua esfera de
competências.
 A faculdade de impedir, isto é, de travar a acção dos outros poderes.
 Desta forma, existe um sistema de controlo recíproco que, no entanto, não leva
ao conflito porque “pelo movimento necessário das coisas, eles são
constrangidos a actuar, terão forçosamente que actuar de acordo”.
 A doutrina de Montesquieu deu origem ao sistema norte-americano que ainda
vigora – checks and balances (freios e contrapesos)

 O modelo inglês, até às penúltimas eleições, não era o da separação de poderes


mas de colaboração de poderes porque devido ao bipartidarismo o governo
emana do partido que é maioritário no parlamento.

- Frase: "Quanto menos os homens pensam, mais falam".

Jean-Jacques Rousseau
 Nasceu a 28 de Junho de 1712, em Genebra e morreu a 2 de Julho de 1778 em
Ermenonville, perto de Paris. Era filho de um relojoeiro calvinista descendente
de um huguenote que tinha fugido da França para Genebra durante a perseguição
ao protestantismo em França.

 As principais obras são: O Contrato Social e Discurso sobre a Origem e os


Fundamentos da Desigualdade entre os Homens – publicada no ano da morte de
Montesquieu.

 Na primeira, procura um Estado social legítimo, próximo da vontade geral e


distante da corrupção.

 A soberania do poder deve estar nas mãos do povo, através do corpo político dos
cidadãos e a população tem que tomar cuidado ao transformar seus direitos
naturais em direitos civis porque o homem nasce bom e é a sociedade que o
corrompe.

 Em Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os


Homens contesta a sociedade tal como estava organizada e defende que a
desigualdade e a injustiça são consequência da competição e da hierarquia
vigentes.
 A partir de Rousseau, o critério de legitimidade do poder deixará de ser
procurado do lado do governante, da sua força, da sua virtude, da sua pertença
a uma linhagem dinástica investida do direito divino de mandar.

 Passa a ser do lado dos governados, no consentimento livre e racional dos


súbditos ou cidadãos.

 A política deixa de ser vista na óptica de quem manda e passa a ser encarada na
ótica dos governados porque a política passa a assentar na igualdade de todos
perante a lei, ou seja, o princípio da soberania popular.

 Rousseau é associado frequentemente às ideias anticapitalistas e considerado um


antecessor do socialismo e comunismo porque foi um dos primeiros autores
modernos a atacar a propriedade privada.

 "Tudo está bem ao sair das mãos do autor das coisas; tudo degenera entre as
mãos do homem".

 A natureza, criada por Deus, é a expressão da felicidade, igualdade, bondade e


verdade.

 A civilização, criada pelos homens, é a expressão da infelicidade,


desigualdades, injustiças, artifícios e falsidades.

 Rousseau defende o regresso à natureza, baseado no reconhecimento da


igualdade dos direitos naturais dos homens.

 Frase: "As injúrias são as razões dos que não têm razão".

 O contrato social é celebrado entre o povo para tentar preservar o que for
possível da liberdade primitiva.

 Só o povo é soberano – soberania popular.


 O homem aliena a sua liberdade ao Estado, mas não deixa de ser livre
porque obedecer a todos não é obedecer a ninguém.

 O Estado surgiu do contrato social para que os homens não se destruam uns
aos outros quando passam a viver em sociedade.

 Pelo contrato social o Estado tem personalidade e unidade porque é o eu


comum.

 A soberania não se aliena nem se delega e, por isso, não pode haver
representação política.

 Na democracia representativa o povo só é livre quando escolhe os ditos


representantes.

 Não há democracia representativa, mas apenas directa.

 Os deputados funcionam como comissários, preparam as leis, mas não as


aprovam porque só o povo o pode fazer.

 As leis têm de ser submetidas a referendo.

 O seu sistema de governo preferido é aquele em que o povo escolhe uma


assembleia, a qual nomeia uma comissão delegada para exercer o poder
executivo – que é delegado do legislativo.

 Os órgãos do poder têm competências delegadas e que lhe podem ser


retiradas a todo o momento.

 A maioria tem sempre razão e a minoria tem de ser obrigada pela força a
obedecer.
 Quando alguém em minoria é obrigado a obedecer estamos a obrigá-lo a ser
livre – «democracia» totalitária.

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