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Direito Constitucional

Categorias e descrição da política por Aristóteles, 20/09/23.

A política de Aristóteles- primeiro instante da linguagem política


Política: pólis, organização da pólis, quem governa a pólis

Aristóteles vai tentar sistematizar a linguagem usada no seu tempo:


-Classificação das constituições e dos regimes políticos

Diferentes cidades têm diferentes modos de organização, descritos de


maneiras diferentes:
 Monarquias (um só), aristocracias (poucos e excelentes ),
politeias/republica(muitos e livres)- regimes puros

 Tiranias (um só), oligarquias(poucos), democracias/demagógicos


(muitos)- regimes desviados/impuros

Justiça absoluta: exercício do governo no interesse de todos e no respeito


pelas leis dos Homens e dos deuses, critério herdado da cultura homérica
(justiça dos deuses que se encontra disseminada na dimensão grega)

Justiça relativa:

Virtude e dducação cívica: bom cidadão é aquele que se integra no conceito de


justiça da comunidade

Estes mesmos regimes (puros) são sempre justos na perspetiva relativa dos
Homens, a cada regime existe um ponto de vista interno entre governadores e
governados que o leva a aceitar o regime.
A cada regime está presente um critério de justiça aceito por governantes e
governados, e também um ponto de vista.

Numa democracia os livres (não escravos) pensam que são iguais, embora não
tenham qualquer qualidade para o efeito da política.

Elemento externo: quem governa (poucos, muitos ou bastantes)


Elemento interno: critério de justiça aceite por governantes e governados,
critério próprio da pólis e essencial ao Homem

Os seres humanos vão ditar o seu comportamento e sentido de orientação na


política, onde age segundo aquilo que considera bom e justo.

A cada pólis existe um critério de justiça. A justiça é sempre igualdade porque


trata de maneira igual o que é igual e desigual o que é desigual. O critério de
justiça vai-nos dar o critério de igualdade e desigualdade.
Reflexão da Républica Romana- Cícero

Politeia- Républica (tradução romana), o governo dos muitos é um governo


institucionalizado (acompanhado de instituições), um governo de muitos
limitado por instituições.
Roma é uma república, governada pelo povo, mas uma instituição, o Senado,
representa a população.
SPQR- Senado e Povo de Roma (de 510 a.C ao séc.I a.C)

 Senado (muitos- aristocratas)


 Assembleias Populares (bastantes-população)
 Cônsules (poucos-“monarcas”)

Conceito de Juris, de Cícero, designado nas instituições de Roma. Segundo


Cícero, se a virtude (virílis: ser-se bom cidadão de Roma, no sentido cívico e
militar) dos romanos desaparecer, a república morre.

Não há política sem justiça.

22/09/23.
Segunda grande teoria dos regimes políticos: Montesquieu- Modernidade (séc.
XVIII)

A teoria de Montesquieu é um segmento da de Aristóteles


Os regimes também se desdobram
Natureza-externo
Princípio de ação-elemento interno
Os seres humanos são determinados pela honra, virtude, medo, ambição, etc.
A natureza humana varia no contexto em que o homem se desenvolve,
podendo assim determinar-se por várias determinantes. A cada regime político
vais corresponder um princípio de ação.
Repúblicas: governo de muitos acompanhados pelos poucos- princípio de ação
é a virtude
Monarquias: governo de um só acompanhado por corpos intermédios: honra
Despotismo: medo

Repúblicas da antiguidade: de pequena escala

Na modernidade não pode ser restaurada uma república igual as antigas


Razoes:
 As antigas são de pequena escala, enquanto agora seriam de grande,
pois o princípio seria a virtude/o amor à cidade. Seria de ser compatível
com unidades de pequena escala, e não de larga escala.
 Relação entre religião e política. Em Roma não havia cisão entre religião
e política, respeitar os deuses era um dever cívico. Já o cristianismo vê
uma cisão entre a política e a religião. O bom cristão não tem devoção
pela república como os antigos. A cisão permite construir uma critica,
permite questionar através da religião as ações políticas, já se estado e
religião estivessem unidos, as ações políticas seriam religiosas e vice-
versa, não levando a crítica e ponderação.

República: a virtude seria o amor à cidade


Monarquias: a honra na monarquia seria um amor próprio preso a posições de
estatuto numa sociedade hierarquizada. Porém a honra modera, porque à
honra está ligado o comprimento de deveres, caso não cumpridos leva à
desonra.

Despotismo: assente no medo, não havendo moderação

Inglaterra é uma república segundo Montesquieu, com várias instituições: como


o parlamento. Ainda que acompanhado por elementos monárquicos e
elementos aristocráticos. Esta república corresponde a uma república moderna.
O que a distingue uma antiga de uma moderna é que o princípio de ação dos
ingleses não é a virtude, mas a ambição. O que permitiria ela não colapsar na
ambição seria as instituições, colocando ambições contra ambições (poderes
contra poderes), fazendo com que certa ambição não ultrapasse outra.

“O poder limita o poder para que a liberdade seja preservada.”

Montesquieu é acompanhado de David Hume e depois por James Madison


(Revolução Americana)
Hume diz-nos quanto maior a unidade política mais provável é a instituição de
uma república moderna.

Os americanos são guiados pelo interesse e não virtude, levando à criação de


grupos impolíticos (segundo Madison). Então é necessário criar instituições
para as ambições controlarem as ambições: Congresso, Presidente e o seu
gabinete, Tribunais.
O que garante a moderação de um governo são as instituições.

27/09/23
Nova linguagem política do estado: Direito político/ Direito do Estado
Tem por objetivo o poder do estado, distinguindo se da linguagem de
Aristóteles através do termo política, já não e uma reverencia a uma linguagem
de justiça, mas sim o poder. O termo político passa a ser um termo qualificativo
de um poder do estado.

Linguagem política situada no poder do estado, desenvolvida nos séculos XVI


e XVII. A nova linguagem é prescritiva, diferente de Aristóteles que é descritiva.
Esta linguagem é uma criação intelectual que se tornou estruturante do mundo
ocidental.
Tudo começa com O Príncipe de Maquiavel. Antes a palavra estado era
diretamente associado a posse. Maquiavel usa-a para falar de poder. É
príncipe aquele que saiba ganhar e manter esse poder. Antes o estado era uma
derivação do governante, um estatuto patrimonial, agora o príncipe passa a ser
uma extensão do estado, um poder impessoal e publico. O poder do estado
corresponde agora a um poder publico. Quem quer ser príncipe tem de cumprir
esse papel. Alguém e transformado de privado a príncipe, quando cumpre o
papel (Maquiavel, capítulo VI de O Príncipe).
Os homens são mortais, mas o estado/o poder é imortal. O poder é soberano e
define o papel que aquele que e investido na soberania, deve exercer. Para
alem de perpétuo, é absoluto, seja, supremo. Não derivando, também, de outro
poder.
Hobbes diz que este poder equivale a uma pessoa artificial que representa um
povo.
No sentido aristotélico, um regime era uma estrutura de organização de poder
com uma conceção de justiça. O regime político agora é uma forma de poder.
Este poder pode ser detido titular por um só, poucos ou muitos. O estado é
uma realidade abstrata que se define pelo seu poder.
A racionalidade do estado tem haver com a utilidade, uma racionalidade
instrumental. Uma racionalidade é uma logica de ação, uma lógica interiorizada
que leva a tomar decisões. A logica de ação já não é uma de justiça
(Aristóteles), a logica vais ser de utilidade, age bem aquele que age segundo
os bens de utilidade.
Guerra civil determinada por motivos religiosos.

Lei soberana: deve ser geral


29/09/23

Linguagem política Hobbesiana (Hobbes)

Constitucionalismo que sucede à linguagem Hobbesiana.


Ao estado corresponde uma pessoa artificial, um soberano que representa um
povo. Garante assim as suas utilidades- relação de proteção entre o soberano
e de obediência do governado.

Se em Hobbes o estado corresponde a uma pessoa artificial, agora essa


pessoa é mais complexa, uma abstração pura, que se desdobra nos poderes
previstos na constituição. Cada vez que os poderes agem, o representante do
estado age e assim também o povo. Em Hobbes a pessoa artificial representa
o povo, agora a pessoa jurídica representa uma nação (corpo de cidadãos com
direitos), pessoa que se desdobra em órgãos de ação previstos na constituição,
para haver a desejada separação de poderes. A isto chamamos Linguagem
Constitucionalista.
Surgimento a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789),
fazendo surgir a nova linguagem constitucionalista: artigo 2º, 3º, 16º
3º-A nação é soberana, mas ninguém tem a soberania da nação.
A nação soberana é uma associação política que existe na linguagem
constitucionalista, que visa preservar os direitos dos cidadãos, ganhando
existência quando esta linguagem e internalizada pelas pessoas, onde se
entendem como cidadãos desta nação soberana.
A nação existe na linguagem, como princípio, não em mais lado nenhum.
Nenhum individuo se poderá dizer soberano.
O estado deve deixar a sociedade funcionar segundo a sua dinâmica própria.
Constitucionalismo liberal e Liberalismo Económico
O constitucionalismo é um seguimento da linguagem Hobbesiana, estruturando
se em logica contratualista. Absorve também os pressupostos do liberalismo
económico. Mantem também a racionalidade instrumental do discurso
Hobbesiano.
A legitimidade do poder é uma qualidade que o torna aceitável, um conceito
relacional em que o poder é concebido como uma relação aos quais se dirige,
conformando-se no âmbito dessa relação.
Max Vember(problema da legitimidade):
Legitimidade carismática
Legitimidade tradicional: o poder e legitimo porque e exercido como sempre foi-
racionalidade valorativa, traduz valores que se encontram aceites na
comunidade política correspondente
Legitimidade legal racional: poder é legitimado por ser exercido nas normas da
constituição.
04/10/23

Existem várias linguagens constitucionalistas

Constitucionalismo revolucionário francês


Constitucionalismo britânico
Constitucionalismo americano

Sucedeu ao francês um constitucionalismo liberal, por sua vez o liberal


correspondeu a um constitucionalismo normativo.
Há quem defenda que estamos por outro constitucionalismo, o
Neoconstitucionalismo.

Constitucionalismo britânico

Os britânicos não vêm a constituição como produto da razão, mas sim da


história. Assim a constituição é um produto histórico que se desenvolveu ao
longo dos séculos.
Magna Carta: conjunto de garantias/leis aprovadas pelo rei
O que está em causa é que o poder político aqui não é visto de forma moderna,
em termos não patrimonialistas, defende-se em termos impessoais/públicos
(poder da coroa).
A magna carta confere o poder do rei em conselho

Os ingleses vêm a constituição por documentos e práticas/costumes que foram


seguidas ao longo de gerações na convicção de obrigatoriedade.
O poder político em Inglaterra é o do rei e o do parlamento.

06/10/23

Primeira Linguagem do constitucionalismo moderno:


 Constitucionalismo britânico – constituição histórica, que se desenvolveu
ao longo dos séculos;
 Não escrita, sendo a sua fonte o costume;
 Flexível– alterada por lei pelo parlamento

Instituições do parlamento:
 Rei
 Parlamento (Câmara dos Comuns e Câmara dos Lordes)
 Gabinete

O rei age a conselho do primeiro-ministro.


O gabinete depende da maioria que existe, ou não, no parlamento. O gabinete
forma-se na sequência de eleições para a Câmara dos Comuns. A câmara dos
comuns é o elemento de legitimidade do gabinete.
O rei tem o poder de dissolução do parlamento.
Sistema de governo parlamentar:
 Executivo-dualista: responde a duas cabeças- chefe de estado (rei) e
chefe de governo (primeiro-ministro)
 Responsabilidade política: o governo ou o gabinete dependem da
confiança do parlamento – através da noção de censura e noção de
confiança
 Poder de dissolução: caso o parlamento seja politicamente irracional,
este pode ser dissolvido (mecanismo de contrapeso ao poder
parlamentar)

Constitucionalismo americano:
Oposta à britânica
Associada à constituição de 1787 e à declaração de direitos humanos
É uma constituição
 racionalista (de razão política) e não histórica.
 Escrita e concebida num só documento
 Rígida e Normativa – não pode ser alterada com facilidade

República moderna corresponde a um arranjo constitucional na medida da


separação e moderação de poderes, mesmo que se pressuponha que os
homens prosseguem as suas ambições e interesses de modo virtuoso. Mas os
homens não se determinam segundo a sua virtude, é assim, através deste
arranjo, que se evita que o regime caía em tirania.

Come se assegura a limitação de poderes?

 Presidente da República: poder executivo


 Congresso: poder legislativo –Câmara dos Representantes e Senado
 Tribunais: poder judicial – fiscalização da constitucionalidade das leis

Sistema de governo:
Executivo-monista: chefe de estado e chefe de governo (presidente)
Independência política: recíproca entre os dois principais órgãos (presidente e
congresso) acompanhada por “freios e contrapesos”
11/10/23

Constitucionalismo francês: linguagem sumarizada na Declaração dos Direitos


Homem e do Cidadão – linguagem contratualista.
A soberania nacional está prevista na constituição.

Define constituição (Constituição de 1791– primeira constituição francesa) em


termos:
 Racionalistas
 Escritos
 Rígida -no sentido em que a sua alteração não será idêntica à
aprovação das leis ordinárias
 Não é normativa – investe o legislador na tarefa de criador do direito (a
lei é a expressão da vontade geral);

Neste constitucionalismo a separação de poderes sem freios e contrapesos.

Na constituição francesa de 1791, o estado equivale a uma pessoa jurídica


desdobrada nos órgãos previstos na constituição (teoria formulada por Siéyès).
Mas ao longo de 200 anos esta linguagem foi sendo refinada.

Princípio da soberania nacional: a constituição é uma criação da nação


soberana

O grande adversário desta linguagem é a linguagem do Antigo Regime. Os


Jacobinos (fação mais violenta e revolucionária da Revolução Francesa)
consideravam esta linguagem inadequada.

Se o povo é soberano e concreto não há formas de o limitar, qualquer


soberania do povo existe fora da linguagem que lhe compete~

Não há povo que tenha poder fora dos termos da constituição. A soberania é
nacional, mas o sufrágio é universal.

1791 (primeira); 1793 (Jacobinos); 1814(pós napoleão); 1875 (pós napoleão II);
1958 (pós 2ª guerra mundial)

Esquema Jacobino:
Soberania nacional =/= Soberania popular
Soberania Popular+
Unidade de Poder
O estado identifica-se como o povo

13/10/23

Constitucionalismo francês (1789-1791): soberania nacional; estado = pessoa


jurídica (constituição); separação de poderes;

Antigo regime (esquema de 1814-1830): linguagem do estado real


 linguagem de soberania do rei (por graça de Deus) – ressurge em
França na primeira década do século XIX com a queda de Napoleão I.
 O rei outorga uma carta constitucional – document estruturante dos
poderes do estado outorgado por um monarca soberano (uma
autolimitação do monarca). Tudo aquilo que não esteja revisto na carta é
de propriedade do rei.
 Quatro poderes- legislativo, executivo, judicial, moderador (pertence ao
rei e também é chefe do poder legislativo) – a lei resulta de um concurso
de poderes entre o poder legislativo e o moderador. Não se pode assim
falar de separação de poderes

Portugal – Revolução liberal de 1820


A linguagem de 1820-1822 equivale à linguagem de 1789-1791
A linguagem de 1826 equivale à linguagem de 1814-1830

Alemanha – Constitucionalismo do século XIX


Linguagem constitucionalista da Alemanha afirma-se como teórica. Os autores
Constitucionalistas da Alemanha do século XIX afirmam-se como Positivistas.

18/10/23

Francês:
soberania nacional
Estado como pessoa jurídica- estado enquanto desdobrado pelos poderes na
constituição
Separação de poderes- rígida em França
1789- Monarquia constitucional e linguagem da soberania nacional
1793- República Linguagem da soberania popular
Linguagem restauracionista de 1814- constituição monárquica

1875 – Terceira república a francesa e sistema Parlamentar de assembleia e


não de Gabinete- foram aprovadas três leis constitucionais, mas não houve
nova constituição.
Soberania nacional enquanto soberania da constituição
A constituição vigora quando ao estado corresponde uma pessoa jurídica com
os poderes previstos na constituição.

1958 – Constituição gaulista; não admitiu a fiscalização judicial da


constitucionalidade das leis.

A lei é a expressão da vontade geral, sendo assim soberana.

Constitucionalismo na europa continental:


Primeiro: constitucionalismo revolucionário
Segundo: constitucionalismo normativo
Terceiro: constitucionalismo contemporâneo (constituição vigente em Portugal
de 1976)

O constitucionalismo normativo também tem as características do


revolucionário, mas a lei é entendida como subordinada à constituição.

Pirâmide de Kelsen (constitucionalismo normativo)


1º grau: constituição
2º grau: lei
3º grau: regulamentos da administração

À constituição corresponde uma força jurídica superior.

Quando validamos a lei e a constituição não vamos referir isto a qualquer


conceção de justiça, pois não há acordo quanto a essas conceções sobre as
melhores decisões.

Constitucionalismo autoritário: Constituição de 1933


Nação: associação civil composta por indivíduos que tem assegurados os seus
direitos
No constitucionalismo autoritário, a nação não corresponde a um corpo de
cidadãos com direitos e deveres, corresponde a uma realidade histórica
hierarquizada: Salazar (noção contrarrevolucionária de nação).
Os homens são criaturas integradas num todo orgânico onde exercem as suas
funções.
20/10/23

O estado corresponde a uma ordem política


Características do estado:
 Soberano – perpétuo (no tempo) e absoluto; poder originário (não
deriva de nenhum outro, é soberano porque lhe corresponde uma ordem
originária) e supremo (porque não se subordina a nenhum outro). Este
poder originário e supremo configura-se como soberania nacional que se
exprime na constituição originária e suprema. É assim soberano quando
lhe corresponde uma constituição originária (título de validade não se
encontra em nenhuma outra constituição e de ela ser expressão da
soberania nacional) e suprema (corresponde ao patamar superior da
hierarquia normativa, não há normas superiores as normas
constitucionais)
 Secular – relevante entre a separação de estado e religião/igreja;
atributo essencial e necessário desta ordem política, o estado
desenvolve-se enquanto forma de garantir a paz e segurança num
senário de fragmentação moral e religiosa; a racionalidade do estado
não pode ser moral ou religiosa, não será valorativa, mas será
instrumental; a legitimidade não será valorativa, mas legal-racional.
 Territorial – o estado moderno é uma ordem política territorialmente
circunscrita
 Nacional – o estado moderno é nacional, não no sentido cultural, mas
no sentido de nação-contrato (cidadãos com direitos e deveres iguais
correspondentes na constituição– identificam-se com os seus direitos
políticos referentes ao estado)

Teoria dos tipos históricos de estado de Jellinek

Tipos históricos de estado moderno:


 linguagem do estado absoluto – monarca; concentração de poderes; os
cidadãos são configurados como súbditos

 linguagem do estado constitucional – soberania nacional exprime-se na


constituição que prevê os poderes do estado; separação dos poderes;
cidadãos já não são súbditos, configuram-se como cidadãos com
direitos
–Estado liberal (direitos negativos e de defesa, à abstenção do estado na
interferência na vida do cidadão, permitindo exercer os seus direitos livremente;
separação de poderes negativa)
–Estado social (os direitos são positivos, direitos de prestações do estado;
separação de poderes positiva)

25/10/2023

O estado antes de ser uma realidade jurídica é uma realidade social.


O estado é soberano, territorial e nacional.
Soberania nacional que se exprime na constituição originária e suprema.

O estado que permanece o poder de Competência das competências,


permanece soberano. Os estados convencionam o exercício comum dos
poderes de soberania.

Controlo ultra vires:


O estado é soberano na ordem interna e internacional

Internacionalmente: ius tractum (tratados); ius representationis (representação);


ius belli (guerra)

Estados vassalos (Madeira): os exercícios destes poderes encontram-se


dependente da autorização de outro estado
Estado exíguo: esta dependente de um estado
Estado confederado (Texas): exerce em comum o ius belli

27/10/2023

Não há poderes do estado fora da constituição

Órgão: centro institucionalizado de decisão/formação de vontade do estado


A vontade do PR conta como vontade do estado

Instituição: caráter do órgão enquanto realidade jurídica que persiste para alem
daqueles que em cada momento são titulares
Titular: conjunto de indivíduos que em cada momento desempenham o papel
institucional correspondente ao órgão
Cargo/mandato: estatuto jurídico dos titulares; modo de designação, tempo em
que o são os titulares, possibilidade de o serem outra-vez ou não;
possibilidades limitadas ou não limitadas; direitos e deveres funcionais
inerentes; nomeação (designação por outro órgão); inerência- designação do
titular por virtude de ser titular de outro; cooptação (designação de um titular
pelos outros membros do mesmo órgão);
Cargos vitalícios- titular é designado até à morte
Cargo temporário: período pré-determinado (118º/1 da CRP)
Cargos de renovação limitada
Competência: poder funcional e funcionalizado ao interesse público,
encontrando-se necessariamente visto por norma constitucional; a competência
não é renunciável; poder necessariamente previsto (principio da prescrição da
normativa da competência); pode ser delimitada em função do tempo, definida
em função do território;
Competências reservadas: atribuída em exclusivo a um orgão
Competência Concorrente: atribuída a mais do que um órgão
Competências originárias: oriundas diretamente da norma
Delegadas/derivadas: oriundas
Constitucionais ou legais:

Classificações de órgãos:
 quanto à previsão constitucional (constitucionais ou não constitucionais–
órgãos de soberania)
 órgãos singulares (apenas um titular) ou colegiais (tem mais do que um
titular) – regras fundamentais dos colegiais à maioria e ao quórum
(número mínimo de membros que tem de estar presente para o órgão
deliberar- 116º/2 CRP)
órgão simples: um órgão
complexo: mais do que um órgão se divide em outros órgãos (governo por
exemplo)
órgãos deliberativos ou consultivos
órgão primários (competências em períodos normais de funcionamento)
vicários (competências de substituição)
órgãos governativos, legislativos, administrativos e jurisdicionais

todos os órgãos previstos na constituição têm legitimidade legal-racional; tem


de ser também democrática

tribunal constitucional: tem legitimidade legal-racional

03/11/2023

Elementos do estado: o povo e o território

O estado é uma congregação de indivíduos que se juntam em torno de um


poder político que não conhece poder maior por referência a um determinado
território (elemento agregador desses indivíduos). O estado é a organização
pessoa/territorial.

Estado: pessoa coletiva com poderes consagrados na constituição


População e território são a meteria existencial sobre qual o estado se organiza

Povo: entronca historicamente na organização de tribo circunscrita a um


território. A ideia de povo que se consolida nos impérios e reino é herdeiro da
ideia de tribo, mas o povo desde sempre é um conjunto de pessoas
qualificadas dentro das comunidades que o perseguem historicamente.
Quer à luz do direito internacional quer do estado, ele conhece como
elementos do seu posso os respetivos cidadãos, aqueles que à partida estão
aptos a fruir de todos os direitos e dever inerentes à soberania.

Critérios de pertença a um estado como cidadão:


 Nascimento no território do estado: território do ius soli
 Critério da filiação ou descendência de outras pessoas que sejam
cidadãos a outro estado (critério do sangue – ius sanguinis)

Apátrida: quem não tem nação ou pátria


Uma vez que a cidadania é uma porta aberta à titularidade de direitos e
deveres, a apatridia é uma limitação à obtenção de direitos e deveres.

A cidadania tanto pode ser atribuída pelo nascimento (originários) como no


pós-nascimento (não originários).

Cidadania: Inerente à adoção, casamento e por efeito da naturalização (o


estado português concede o estatuto de cidadão fruto de ligação forte essas
pessoas tenha adquirido a Portugal)
Nacionalidade: apela ao conceito de nação enquanto entidade histórico-cultural
Cidadania: conceito de cidadão

A cidadania adquirida não permite a candidatura à presidência

Diferença entre povo e população


População: conjunto de habitantes no território do estado, nem todos os
habitantes detêm o alcance máximo de direitos e deveres que os cidadãos
detêm.
O estrangeiro tem os mesmos direitos e deveres dos portugueses. A exceção
situa-se ao nível de direitos políticos e no plano no exercício de funções
publicas (juízes, policias, militares).
Os estados têm uma preocupação extrema em evitar fenómenos de emigração
clandestina.
O povo do estado não se encontra só no território do estado. Um emigrante
português no estrangeiro continua a ser português. Tal como a população de
um eatdo não se esgota no povo e compreende cidadãos ditos estrangeiros.
Segundo o direito internacional, pede-se que a cidadania seja cada vez mais
uma questão não de nascimento, mas de destino e de escolha.

08/11/2023
Duas constituições que preveem as mesmas instituições políticas. O reino
unido é um estado composto.
Um estado unitário regional como Portugal só tem uma constituição. O que
acontece em Inglaterra um fenómeno de devolução de poderes, foi aprovada
pelo parlamento face às constituições inglesa e escocesa. Ao reino unido não
corresponde um estado unitário regional, mas uma união real de um fenómeno
de descentralização política.
Quanto à federação o que temos são diferentes estados a que pertencem
constituições originárias supremas (caso das 13 colónias originárias). Num
estado federal temos uma constituição suprema sobreposta às constituições
dos vários estados federados – supremacia da constituição federal. Os estados
federados não são soberanos, mas sim o federal (pois implica uma constituição
originária e suprema).
Os estados federados não têm direito de cessação, a união é perpétua (caso
dos EUA).
A supremacia da constituição federal é garantida pelos tribunais. Aos estados
federados correspondem constituições originárias, mas não supremas, assim
não são soberanos.
À forma de estado federal corresponde uma estrutura de sobreposição, traduz-
se em cada cidadão estar sujeito a duas constituições; e uma estrutura de
participação (convenção que aprovou a criação de um estado federal segundo
os vários estados). A participação permanece nas instituições políticas do
estado federal (os estados federados estão representados no Senado) -
federalismo perfeito (há participação dos estados)
Princípios fundamentais do federalismo perfeito:
 autonomia de cada estado nos limites da constituição federal
 igualdade jurídica entre os estados
 especialidade das atribuições federais - as atribuições que não
competem ao federal compete aos federados
 cabe à federação definir as atribuições dos fedrados

No federalismo imperfeito, não há participação dos estados, é o caso do Brasil.

Estados unitários/simples
Pode ser descentralizado ou não, regionais ou não. A descentralização traduz-
se na existência de unidade de população e território (regiões autónomas- que
gozam de poderes ao nível administrativo, político e legislativo- decretos
legislativos regionais).
A descentralização implica a existência de poderes às várias funções, tem
órgãos de governo próprios (231º CRP). As regiões autónomas não são
estados, logo não têm constituições. As regiões autónomas são resultantes de
um fenómeno de descentralização. Portugal é um estado unitário regional
parcial, porque apenas parte do território está dividido em regiões autónomas.
Também é um estado unitário regional homogéneo, todas as regiões têm os
mesmos poderes.
A regiões autónomas não tem tribunais próprios.

10/11/2023
Sistemas de governo
Sistemas eleitorais: conversão de votos em resultados
Círculos uninominais: eleito um candidato, um mandato por cada círculo
Círculos Plurinominais: mais do que um mandato

Sistemas eleitorais maioritário, potenciam a formação de maiorias


parlamentares estáveis. Nos de representação proporcional há
correspondência entre o número de votos em cada lista e nº de mandatos
parlamentares

Maioritários implicam uninominais (a uma volta- apenas uma votação e ganha o


deputado com mais votos- britânico; duas voltas:)
Os maioritários tendem a ser criticados porque beneficiam os maiores e
prejudicam os menores, especialmente nos de uma volta.

Nos sistemas plurinominais. Os sistemas de representação plurinominais


implicam proporcionalidade. A vantagem é que garantem uma maior
representatividade proporcional, onde existe maior correspondência entre votos
e mandatos. Como desvantagem gera instabilidade política

Método D’Hondt

Sistemas mistos: há círculos uninominais e círculos nacionais plurinominais


(Alemanha)
Cláusula barreira: os partidos só elegem no caso de terem 5%

Em Portugal é um sistema proporcional com círculos plurinominais em que é


usando o método D’Hondt. Na versão atual, o artigo 149º ca CRP permite outra
solução, como o misto.

Relações entre sistemas eleitorais e de partido: Leis de Duverger


1-O sistema maioritário a uma volta gera bipartidarismo
2-O sistema uninominal a duas voltas gera unipartidarismo
3-

15/11/2023
Sistema parlamentar: executivo dualista; responsabilidade política; poder de
dissolução
Presidencial: características opostas; executivo-monista; independência política
Diretório (independência recíproca)

Sistema parlamentar de:


 Gabinete- a centralidade politica transfere-se para o gabinete (chefe de
governo como chefe da maioria parlamentar)
 Assembleia- não há maiorias estáveis no parlamento; marcados por
instabilidade governativa; o poder de dissolução está paralisado em falta
de legitimidade do chefe de estado;
 Racionalizados- constituição alemã do pós 2ª guerra; moção de censura
construtiva- a votação só faz cair o governo no caso de ser designado
um novo primeiro ministro que vai formar um novo governo

Constitucionalismo português: temos um presidente eleito com poderes


efetivos que age por conta própria sem conselho de ministros.
Dupla responsabilidade política: o governo não responde só ao parlamento,
mas ao presidente também. (não é o caso de Portugal)

17/11/2023

Constituição e poderes constituídos são conceitos históricos

Constituição: lei fundamental primeira da nação; força jurídica superior à


supremacia das leis regulares
Francês: expressão da soberania nacional

Constitucionalismo Ocidental: traduz-se na limitação do poder e na garantia


dos direitos dos cidadãos

Características da constituição: Sentido material e sentido formal


O conceito de constituição foi instrumentalizado nos âmbitos dos regimes
autoritários e ditatoriais – o conceito de constituição desmaterializou-se
decorrido da transposição do sentido de constituição assente na separação de
poderes à concentração deles num só (no caso da separação de poderes)

Constituições
 normativas (vivida pelos seus destinatários como constituição
conformadora- aplicada em conformidade com um regime politici,
assumida como dever ser- assumida como conformadora desse
processo político)
 Nominais- assumida como conformadora do processo político, não logra
efetivamente conformar esse processo; “facto que se quer usar, mas
está guardado no armário
 Semânticas- nem se quer assumidas como conformadoras
Poder constituinte: equivale a soberania nacional, manifestando-se na vigência
de uma constituição com as características previstas no artigo 16º da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

Autoridade constituinte: aprovar uma constituição em sentido formal material


Distingue-se de uma autoridade de revisão constitucional (poder constituído
previsto na constituição)

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