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Os limites da cidadania no Brasil: Nos anos 1990, pensava-se que o fato de termos reconquistado
o direito de eleger nossos prefeitos, governadores e presidente da República seria garantia de liberdade, de
participação, de segurança, de desenvolvimento, de emprego, de justiça social. De liberdade, ele foi. A
manifestação do pensamento é livre, a ação política e sindical é livre. De participação também. O direito do
voto nunca foi tão difundido. Mas as coisas não caminharam tão bem em outras áreas. Pelo contrário. Já 15
anos passados desde o fim da ditadura, problemas centrais de nossa sociedade, como a violência urbana, o
desemprego, o analfabetismo, a má qualidade da educação, a oferta inadequada dos serviços de saúde e
saneamento, e as grandes desigualdades sociais e econômicas ou continuam sem solução, ou se agravam, ou,
quando melhoram, é em ritmo muito lento.
Em consequência, os próprios mecanismos e agentes do sistema democrático, como as eleições, os
partidos, o Congresso, os políticos, se desgastam e perdem a confiança dos cidadãos. Não há indícios de que
a descrença dos cidadãos tenha gerado saudosismo em relação ao governo militar, do qual a nova geração
nem mesmo se recorda. Nem há indicação de perigo imediato para o sistema democrático. No entanto, a falta
de perspectiva de melhoras importantes a curto prazo, inclusive por motivos que têm a ver com a crescente
dependência do país em relação à ordem econômica internacional, é fator inquietante, não apenas pelo
sofrimento humano que representa de imediato como, a médio prazo, pela possível tentação que pode gerar
de soluções que signifiquem retrocesso em conquistas já feitas.
É importante, então, refletir sobre o problema da cidadania, sobre seu significado, sua evolução
histórica e suas perspectivas. Será exercício adequado para o momento da passagem dos 500 anos da
conquista dessas terras pelos portugueses. Início a discussão dizendo que o fenômeno da cidadania é
complexo e historicamente definido. A breve introdução acima já indica sua complexidade. O exercício de
certos direitos, como a liberdade de pensamento e o voto, não gera automaticamente o gozo de outros, como
a segurança e o emprego. O exercício do voto não garante a existência de governos atentos aos problemas
básicos da população. Dito de outra maneira: a liberdade e a participação não levam automaticamente, ou
rapidamente, à resolução de problemas sociais. Isto quer dizer que a cidadania inclui várias dimensões e que
algumas podem estar presentes sem as outras.
Uma cidadania plena, que combine liberdade, participação e igualdade para todos, é um ideal
desenvolvido no Ocidente e talvez inatingível. Mas ele tem servido de parâmetro para o julgamento da
qualidade da cidadania em cada país e em cada momento histórico. Tornou-se costume desdobrar a
cidadania em direitos civis, políticos e sociais. O cidadão pleno seria aquele que fosse titular dos três
direitos. Cidadãos incompletos seriam os que possuíssem apenas alguns dos direitos. Os que não se
beneficiassem de nenhum dos direitos seriam não-cidadãos.
Esclareço os conceitos. Direitos civis são os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à
propriedade, à igualdade perante a lei. Eles se desdobram na garantia de ir e vir, de escolher o trabalho, de
manifestar o pensamento, de organizar-se, de ter respeitada a inviolabilidade do lar e da correspondência, de
não ser preso a não ser pela autoridade competente e de acordo com as leis, de não ser condenado sem
processo legal regular. São direitos cuja garantia se baseia na existência de uma justiça independente,
eficiente e acessível a todos. São eles que garantem as relações civilizadas entre as pessoas e a própria
existência da sociedade civil surgida com o desenvolvimento do capitalismo.
É possível haver direitos civis sem direitos políticos. Estes se referem à participação do cidadão no
governo da sociedade. Seu exercício é limitado a parcela da população e consiste na capacidade de fazer
demonstrações políticas, de organizar partidos, de votar, de ser votado. Em geral, quando se fala de direitos
políticos, é do direito do voto que se está falando. Se pode haver direitos civis sem direitos políticos, o
contrário não é viável. Sem os direitos civis, sobretudo a liberdade de opinião e organização, os direitos
políticos, sobretudo o voto, podem existir formalmente mas ficam esvaziados de conteúdo e servem antes
para justificar governos do que para representar cidadãos. Os direitos políticos têm como instituição
principal os partidos e um parlamento livre e representativo. São eles que conferem legitimidade à
organização política da sociedade.
Atividade 3 - produção textual: elabore um texto discutindo o conceito de cidadania e sua
aplicabilidade no Brasil contemporâneo. Mostre os limites e possibilidades de exercício da cidadania plena,
bem como as diferenças entre direitos básicos garantidos pela constituição e a efetividade dessa cidadania no
nosso país. Mínimo 30 linhas.
Atividade 4 - pesquisa: procure informações sobre direitos políticos, sistema eleitoral e direito ao
voto no Brasil de acordo com a constituição de 1824.
Atividade 5 – produção textual: elabore um texto argumentativo apresentando uma proposta de
intervenção sobre como se exercer efetivamente a cidadania no Brasil. Entre 20 e 30 linhas.
Uma República sem povo Assim como a emancipação política, a Proclamação da República
brasileira apresentou características sui generis ao ser instituída, haja vista o seu caráter golpista e elitista. O
povo, por sua vez, não só não participou como foi tomado de surpresa com a proclamação do novo regime.
A frase de Aristides Lobo é bastante elucidativa, neste sentido: “O povo assistiu àquilo bestializado,
atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma
parada militar” (Lobo). Sobre o caráter golpista da Proclamação da República, assim também se expressa
Murilo de Carvalho: “Além disso, o ato da proclamação em si foi feito de surpresa e comandado pelos
militares que tinham entrado em contato com os conspiradores civis poucos dias antes da data marcada para
o início do movimento”. A participação política da população durante os períodos imperial e republicano foi
insignificante.
De 1822 até 1881 votavam apenas 13% da população livre. Em 1881 privou-se o analfabeto de
votar. De 1881 até 1930 – fim da Primeira República –, os votantes não passavam de 5,6% da população.
Foram 50 anos de governo, imperial e republicano, sem povo. Assim, até o final da República Velha (1930),
a participação política popular foi restrita. Não havia propriamente um povo politicamente organizado, nem
mesmo um sentimento nacional consolidado. Os grandes acontecimentos na arena política eram
protagonizados pela elite, cabendo ao povo o papel de mero coadjuvante, assistindo a tudo sem entender
muito bem o que se passava.
A constituição de 1891: não trouxe ampliação da cidadania. Apenas homens maiores de 18 anos,
na aparência era justa, liberal e equilibrada, já que excluía o voto censitário, marcou o fim do autoritarismo
do imperador e garantiu algumas liberdades individuais. Mas na pratica era excludente e favoreceu aos
cafeicultores: estabeleceu a autonomia dos estados através do federalismo, sustentou o coronelismo e
mulheres, mendigos e analfabetos não votavam;
Mesmo durante a Era Vargas a situação de apatia do povo nas eleições irá continuar. Vejamos: “Há
outras razões fortes para promover a participação da população em eleições. Grande parte dela,
particularmente os mais pobres, esteve sempre alijada do processo eleitoral no Brasil, não somente nos
períodos ditatoriais, mas também nos democráticos. Na eleição de 1933, por exemplo, apenas 3,3% da
população do país votaram. Em 1945, com a volta da democracia, foram parcos 13,4%. Em 1962, só 20%
dos brasileiros foram às urnas”. O baixo índice de participação popular em eleições nos períodos
mencionados ocorria em função da Interdição das pessoas analfabetas que passou a ser uma realidade por
quase um século depois da proclamação da republica.
O federalismo é a grande inovação da Constituição de 1891; mais até que o individualismo. Isso
porque a inspiração liberal do individualismo político e econômico, ascendente nas primeiras décadas
do século XIX e no auge ao final do século, já deixara sua marca na nossa primeira Constituição, a de
1824. Nesse aspecto, a Constituição dos Estados Unidos funcionará menos como uma inovação e mais
como reforço para justificar e consolidar o individualismo que se reafirma na primeira Constituição da
República. O federalismo, implantado em substituição ao centralismo do Império, dá aos estados uma
grande soma de poder, que se distribui entre o estado e os municípios. Sobre esse princípio edifica-se
a força política dos coronéis no nível municipal e das oligarquias nos níveis estadual e federal
O federalismo, tal como proposto na Constituição de 1891, deixa aos estados, recém-criados, uma
margem de autonomia significativa. Pela Constituição, eles detêm a propriedade das minas e das
terras devolutas situadas em seus respectivos territórios e podem realizar entre si ajustes e convenções,
sem caráter político (art. 62). Podem legislar, também, sobre qualquer assunto que não lhes for negado,
expressa ou implicitamente, pelos princípios constitucionais da União (art. 63 - Cada Estado reger-
se-á pela Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios constitucionais da
União). Esse dispositivo permite aos estados, por exemplo, cobrar impostos interestaduais, decretar
impostos de exportação, contrair empréstimos no exterior, elaborar sistema eleitoral e judiciário próprios,
organizar força militar, etc.
Os vícios das instituições e da cultura política brasileira: Outro aspecto da vida política
brasileira que marcou não apenas o período colonial e republicano, mas, de certa forma, nossa história
política atual, está ligado aos “males” ou “vícios”, como o patrimonialismo, o coronelismo, o clientelismo, o
populismo e o personalismo das nossas instituições e lideranças políticas. Esses vícios dificultaram a
execução da cidadania plena pois criou entraves a inserção de grupos no exercício do poder em diversas
instancias. Por exemplo, segundo Da Matta, o populismo está vivo, não apenas no Brasil, mas em toda a
América Latina. As lideranças políticas carregam consigo, além do personalismo, uma boa dose do elemento
messiânico. Vive-se ainda esperando que algum “herói sagrado”, ou um “salvador da pátria” apareça.
“O Estado português delegou poderes da metrópole, preferiram manter a vinculação patrimonial a
rebelar-se [...]. O patrimonialismo também não sofreu contestação no momento da independência, graças à
natureza do processo de transição”. Da mesma forma, para Raymundo Faoro, o patrimonialismo é um dos
principais eixos da cultura política brasileira. Com a instituição do capitalismo, surgiu um Estado de
natureza patrimonial, cuja estrutura estamental gerou uma elite dissociada da nação: o patronato político
brasileiro, que atua levando em conta os interesses particulares do estamento burocrático ou dos “donos do
poder”. O sistema patrimonial coloca os empregados em uma rede patriarcal na qual eles representam a
extensão da casa do soberano. Para Raimundo Faoro, esta estrutura política e social tem permanecido na
política brasileira desde o Estado Novo.
O clientelismo não foi uma prática recorrente apenas do Brasil Colonial. Encontramos tal vício em
diferentes momentos do cenário político, evidenciado, inclusive nas últimas eleições gerais. Esse fenômeno é
mais amplo e atravessa toda a história política do país. É um tipo de relação que envolve a concessão de
benefícios públicos entre atores políticos. O clientelismo aumentou com o fim do coronelismo, quando a
relação passa a ser diretamente entre políticos e setores da população, sem a intermediação do coronel, que
perdeu sua capacidade de controlar os votos da população. Na vigência do coronelismo o controle do cargo
público era visto como importante instrumento de dominação e não como simples empreguismo. O emprego
público irá adquirir importância como fonte de renda nas relações clientelistas.
A questão do coronelismo, outra característica da política brasileira, foi analisada por Victor Nunes
Leal na obra Coronelismo, enxada e voto, publicada em 1948. Na concepção de Leal, o coronelismo é visto
como um sistema político, uma complexa rede de relações que vai desde o coronel até o presidente da
República, envolvendo compromissos recíprocos. Tal ocorria na estrutura de poder montada pelos paulistas
na politica dos governadores. Leal se expressa da seguinte forma: o que procurei examinar foi, sobretudo, o
sistema. O coronel entrou na análise por ser parte do sistema, mas o que mais me preocupava era o sistema, a
estrutura e as maneiras pelas quais as relações de poder se desenvolviam na República, a partir do município.
O autor tratou da relação entre o poder local e o poder nacional, na qual o coronelismo estava
inserido. Em seu entendimento, o coronelismo surge dentro de um contexto histórico específico, incrustado
na conjuntura política e econômica do Brasil no período da República Velha (1889- 1930). No âmbito
político cria-se o federalismo, instituído em substituição ao centralismo imperial. A partir do federalismo
originou-se um novo ator político com amplos poderes, o presidente de Estado. No âmbito econômico,
segundo Leal, vivia-se a decadência dos fazendeiros, que também é comentada por Carvalho: esta
decadência acarretava enfraquecimento do poder político dos coronéis em face de seus dependentes e rivais.
A manutenção desse poder passava, então, a exigir a presença do Estado, que expandia sua influência na
proporção em que diminuía a dos donos de terra.
Leal seguiu a definição de Basílio de Magalhães para explicar a origem do conceito de coronelismo
no Brasil: O tratamento de um “coronel” começou desde logo a ser dado pelos sertanejos a todo e qualquer
chefe político, a todo e qualquer potentado, até hoje recebem popularmente o tratamento de “coronéis” os
que têm em mãos o bastão de comando da política edilícia ou os chefes de partidos de maior influência na
comuna, isto é, os mandões dos corrilhos de campanário. Leal acredita que o mandonismo, o filhotismo, o
falseamento do voto e a desorganização dos serviços públicos locais sejam características próprias do
coronelismo. Junto ao coronel está ligado o voto de cabresto e a capangagem.
Os trabalhadores rurais, desprovidos de qualquer estrutura que lhes possibilitasse mudança de vida,
eram dependentes do coronel: “completamente analfabeto, ou quase, sem assistência médica, não lendo
jornais, nem revistas, nas quais se limita a ver as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos,
tem o patrão na conta de benfeitor. E é dele, na verdade, que recebe os únicos favores que sua obscura
existência conhece”. A troca de favores era a essência do compromisso coronelista, que consistia em apoiar
os candidatos do oficialismo nas eleições estaduais e federais: “enquanto que, da parte da situação estadual,
vinha carta branca ao chefe local governista (de preferência o líder da facção local majoritária) em todos os
assuntos relativos ao município, inclusive na nomeação de funcionários estaduais do lugar”.
A ação dos senhores das terras enfraquecem a participação popular na cidadania politica: É grande
o poder do estado e o dos municípios. Nestes dominam de forma absoluta os coronéis, assim designados
por associação com o mais alto posto da Guarda Nacional, instituição já decadente a partir da década
de 1870. São eles grandes proprietários de terras que assumem a chefia da política municipal.
Com variantes, a doutrina do municipalismo, baseada no princípio "o município está para o estado
assim como o estado está para a União", impõe-se na maioria dos estado. Segundo Guimaraes, os
municípios são a questão central na organização de uma estrutura federativa, pois sem "municípios bem
organizados não pode haver federação". A autonomia dos municípios, porém, ficou prejudicada pela livre
interpretação do que seria "peculiar interesse dos municípios". No âmbito municipal verifica-se o
surgimento de um poder privado local, redefinido em função do federalismo; tal como instituído
ordenamento político republicano, trata-se do coronelismo.
Fenômeno novo na política brasileira, o coronelismo não se confunde com as práticas
históricas - mandonismo local e lutas de famílias - de exercício do poder privado no Brasil. Essas
são práticas tradicionais, melhor dizendo, atemporais, que atravessam a história do Brasil colônia e
monárquico. O coronelismo demarca uma mudança significativa na tradicional dominação do poder
privado. Muito embora seja também uma forma de exercício de poder privado, ele não é uma prática. O
coronelismo tem as suas especificidades, constitui um sistema político e é um fenômeno temporal. O
coronel, segundo Carone, o "fenômeno do coronelismo tem suas leis próprias e funciona na base da
coerção da força e da lei oral, bem como de favores e obrigações. Esta interdependência é
fundamental: o coronel é aquele que protege, socorre, homizia e sustenta materialmente os seus
agregados; por sua vez, exige deles a vida, a obediência e a fidelidade.
É por isso que coronelismo significa força política e força militar." Palmério retrata a ação
política de um coronel. João Santos estava com a razão: política só se ganha com muito dinheiro. A
começar com o alistamento, que é trabalhoso e caro: tem-se que ir atrás de eleitor por eleitor, convencê-los
a se alistarem e ensinar tudo, até a copiar o requerimento. Cabo de enxada engrossa as mãos - o laço de
couro cru, machado e foice também. Caneta e lápis são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta
pesada, de sol a sol, nos campos e nos currais [...]. Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a
eleição vem aí e o alistamento rende a estima do patrão, a gente vira pessoa. Essa ascendência do
coronel resulta, segundo Leal "da sua qualidade de proprietário rural", pois a massa humana que vive
no mais "lamentável estado de pobreza, ignorância e abandono" retira a sua subsistência de suas
terras, sendo portanto dependente dele.
Diante dessa massa, o coronel é rico. Inaugurado com a República, o coronelismo
sobrevive sem percalços até a Revolução de 1930, quando o centralismo de Vargas impõe-se, pela
nomeação de homens de sua confiança para interventores nos estados. A esses, por sua vez, cabe a
nomeação dos responsáveis pelas prefeituras de cada município. O coronelismo sofrerá mais um
duro golpe com a ultracentralização imposta por Getúlio Vargas, o Estado Novo, em 1937. No entanto
o fenômeno irá se reatualizar e sobreviverá em alguns rincões do país. Os estudos sobre coronelismo
têm sua matriz na obra clássica de Victor Nunes Leal, Coronelismo, enxada e voto, publicada no
final da década de 1940.
Para Leal, o coronelismo é um fenômeno que só pode ser entendido a partir da marca
histórica do antigo e exorbitante poder privado; da estrutura agrária latifundiária que fornece a base de
sustentação para as diferentes formas de manifestação do poder privado; da superposição de formas
de sistema representativo a uma estrutura econômica e social, basicamente rural, que permite o
controle de uma vasta população em posição de dependência direta do latifúndio; e de um sistema
de compromissos, uma troca de proveitos, entre um poder público fortalecido e um poder privado já em fase
de enfraquecimento. O poder do coronel se impõe, quase sempre, por meio de confronto com
poderosos rivais. Vencida a luta, ele assume a chefia da política municipal, o que, entretanto, muitas
vezes, não é inconteste.
O mais comum é a existência, quase permanente, de um clima de tensão representada por
outro potentado local à espera de uma oportunidade para desalojá-lo da liderança municipal. Ocupada a
liderança no seu município, o coronel, de quem todos dependem, tem sua base de poder local
estruturada a partir de alianças com alguns outros coronéis, geralmente líderes nos distritos
municipais, com as pessoas importantes das localidades - médicos, advogados, funcionários públicos,
comerciantes e padres, entre outros -, além de uma guarda pessoal, formada por capangas e
jagunços. Quando há necessidade, ele organiza milícias privadas temporárias, mobilizadas em situações
de confronto armado com lideranças rivais e mesmo contra governantes de seus estados. Parte do sistema,
capangas, jagunços e cangaceiros desempenham um papel importante nas lutas políticas municipais. O
coronel exerce uma ampla jurisdição sobre seus dependentes: serve como árbitro em desavenças em
sua área de influência; reúne nas mãos funções policiais, impondo-se muitas vezes pela pura ascendência
social, ou com auxílio de capangas e jagunços e manipula a polícia e a justiça.
Atividade de produção textual nº 12 – elabore um texto argumentativo sobre os vícios presentes
na politica durante a constituição do estado nacional, mostre como esses vícios dificultaram a ampliação da
cidadania no Brasil. Mínimo 30 linhas. No caderno
Imaginário republicano: no decorrer dos debates sobre o ideário republicano, surgiram vários
grupos de intelectuais defendendo uma concepção. A maioria delas estava atrelada a ideia do estado
oligárquico, ou seja, monopolizado por grupos sociais com controle sobre as instituições políticas e avessas
aos interesses de construção de uma democracia efetiva. Com isso, o positivismo e o federalismo foram as
duas matrizes mais influentes nesse momento, cuja base de pensamento acaba reduzindo a participação
popular nos assuntos do estado. A cidadania, no brasil, então, já nasce limitada pela ação dessas ideológias
burguesas. A despeito da concepção da cultura política no Brasil, Carvalho, em “A Formação das
Almas: o imaginário da República no Brasil”, considera, diante dos apontamentos históricos, três
linhas de ideias que se fizeram presentes no pensamento intelectual e que culminaram numa singela
disputa para a implantação de uma República no Brasil, foram elas: o liberalismo à americana, o
jacobinismo à Revolução Francesa e o Positivismo.
Na possibilidade de cada pensamento, pelo menos três deles, arguiamos atores, numa “batalha pela
criação do imaginário popular”, com divergências e tendências ideológicas, consideravam o indivíduo
autônomo, capaz de superar o próprio Estado, articulando-se nas questões econômicas e sociais
(Liberalismo), a democracia direta idealizada na democracia clássica (Jacobinismo), e a ideia da
reorganização da sociedade baseada num contínuo progresso (Positivismo).
O autor destaca uma questão bastante peculiar experimentada pelo país nesse contexto e
aponta para uma descoberta interessante desses grupos, descoberta que mais a frente orientaria o mais forte a
se impor no cenário político. O discurso republicano, como pensado e idealizado por uma elite, deveria
atender a um discurso acessível, que alcançasse aqueles (classe) que não pertenciam ao círculo dos
privilégiossociais,demodoclaro,umpúblicoquenãotinhaeducaçãoformal. Logo, este discurso só poderia se
realizar mediante “sinais universais”, símbolos, bandeira e mito. Esse ensaio dos grupos resume, o que
podemos dizer, a necessidade de legitimação política, “uma batalha em torno da imagem do novo regime,
cuja finalidade era atingir o imaginário popular dentro dos valores republicanos”.
Contudo, apenas uma corrente venceu a batalha, pois duas delas não cabiam, nem mesmo se
encaixavam, dentro do cenário histórico e social brasileiro, e é a partir dessa compreensão que
faremos um estudo rápido dos porquês. À princípio, a maior influência ocidental foi a dos franceses,
porém o jacobinismo não venceu, não ganhou muita força, nem mesmo tantos adeptos, a explicação está
na permanência de um Brasil autoritário e que sempre concentrou o poder nas mãos dos senhores,
eliminando, de certo modo, a participação popular. Então, foi a filosofia positiva que restou como linha
de atuação do pensamento político, e a resposta para tal apontamento é simples. Dentre suas
concepções, três aspectos primordiais se encaixavam nos “desejos” da elite política do Brasil: I)
condenação à monarquia; II) separação entre Igreja e Estado; III) a ideia de uma sociedade em
progresso. “Progresso e ditadura, o progresso pela ditadura, pela ação do Estado, e isum ideal de
despotismo ilustrado que tinha longas raízes na tradição luso-brasileira desde os tempos pombalinos do
século XVIII.”.
E o liberalismo à americana? O autor ressalta que este “não estava interessado em promover uma
república popular” e partilhava de ações e repreensões que caracterizavam o darwinismo social. É possível,
então, saber como as coisas se encaminharam nas propostas do Novo Regime e, talvez, nem mesmo pela
maior força de um ou menor força de outro, mas a própria estrutura histórica do país já predestinava o
seu rumo de pensamento político para a implantação da República.
O estudo das ideias desse autor desvendam algumas questões bem curiosas, como a de que “a
aceitação ou rejeição dos símbolos propostos poderá revelar as raízes republicanas preexistentes no
imaginário popular”, e isso só ajuda a confirmar ainda mais o que foi antes dito. Outro dado curioso foi o
fato de certa contradição imperar na adoção da República positiva, pois a filosofia renegava a participação
militar no governo, ou um governo militar. Entretanto, como no Brasil os que possuíam "formação" política
eram os militares, foi necessário um rearranjo, uma adaptação das ideias positivas, pois a elite civil era de
formação literária. Existem algumas considerações que ainda nos confundem, como o fato do “país” rejeitar
a monarquia e, ao mesmo tempo, manter características culturais bem notáveis de uma sociedade
extremamente conservadora e autoritária. É necessário considerar que o positivismo se encaixou no
pensamento político brasileiro porque propôs a “reorganização da sociedade” e entendia que só haveria um
caminho natural na história da Humanidade, “O Progresso”.
Atividade de produção textual 13 - elabore um texto sobre o imaginário de republica no Brasil,
destacando as características de cada grupo social e suas ideias. Mostre os limites impostos pelo estado a
implementação de uma republica verdadeiramente popular no Brasil. Entre 20 e 30 linhas.
A revolução de 1930?
O significado e as leituras acerca da Revolução de 1930: Mas, afinal, diante desse cenário de
transformações, como se deu o fim da Primeira República, que marcou a chegada de Getúlio Vargas ao
poder? Os estudiosos do período têm compreensões distintas sobre aquele processo histórico. Dessa forma,
podemos considerar que o movimento de 1930 ou “a Revolução”, como alguns historiadores consideram,
tem um sentido bastante singular: ao mesmo tempo, foram destruídas as estruturas arcaicas e esgotadas da
Primeira República, permitindo assim maior participação política de setores sociais mais amplos e
descompromissados com os esquemas oligárquicos tradicionais. Por outro lado é questionável a ideia de
revolução a esse movimento, visto por outros como apenas um golpe liderado por Vargas.
A visão de Boris Fausto: Boris Fausto aborda a ascensão de Vargas ao poder, em 1930 e inseriu-se
no debate historiográfico da esquerda da década de 1960 a respeito da caracterização da Revolução de 1930
como uma revolução burguesa. A tese predominante nos anos 60, defendia a existência de dois setores
contraditórios entre si, um setor “semifeudal” (ligado a republica velha) e um capitalista, postulava que a
Revolução de 1930 teria representado uma ruptura revolucionária, com a substituição no poder da classe
agrário-exportadora, ancorada no latifúndio “semifeudal” e aliada ao imperialismo, pela burguesia industrial,
aliada às classes médias e aos militares, já inserida no modo de produção capitalista e interessada no
desenvolvimento da indústria nacional com base no mercado interno.
Tal tese, segundo Boris Fausto, se mostra equivocada na medida em que não havia contradição
necessária entre os setores agrário-exportadores e o desenvolvimento industrial. Também é falsa a tese de
que a revolução tenha sido feita em nome dos interesses das classes médias, uma vez que a representação
dessas classes pelos militares não se deu de forma mecânica, tendo estes se motivado por fatores próprios,
como a defesa nacional e a influência de ideologias antiliberais entre os tenentes.
Boris Fausto defende em sua tese que com a derrubada da burguesia cafeeira, dada a incapacidade
das demais frações de classe de estabelecerem sua hegemonia, criou-se um Estado de compromisso, que se
caracterizou pela centralização do poder e intensificação de sua intervenção no domínio econômico, e pela
subordinação e intermediação das oligarquias tradicionais, bem como das demais classes, dentro do Estado.
Embora a análise do processo demonstre serem falsas as teses da ascensão ao poder da burguesia industrial
ou da “revolução pelo alto”, a nova forma do Estado possibilitou o desenvolvimento industrial e autônomo.
Ao tomar o poder através de um golpe, nenhum setor do grupo “revolucionário” não tinha forças
para assumir o controle politico o que configurou-se no chamado vazio de poder. Com esse vazio, segundo
Boris Fausto, Vargas foi nomeado para mediar as classes sociais no poder e o resultado disso foi a instalação
de um estado que procurou se colocar como mediador dos interesses – o estado de compromisso.
Nesta perspectiva, muito se falou do estabelecimento, no imediato pós 1930, de um “Estado de
Compromisso” (WEFFORT) entre as frações/segmentos vitoriosos no movimento de outubro. Os anos
posteriores a 1930, segundo o historiador Boris Fausto, foram caracterizados como: Um período em que
nenhum dos grupos participantes pôde oferecer ao Estado as bases de sua legitimidade: as classes médias,
porque não tinham autonomia frente aos interesses tradicionais [oligárquicos] em geral, os interesses do
café, porque diminuídos em sua força e representatividade política por efeito da "Revolução" [de 1930], da
segunda derrota em 1932 e da depressão econômica que se prolongara por quase um decênio; os demais
setores agrários, porque menos desenvolvidos e menos vinculados com as atividades de exportação que
ainda eram básicas para o equilíbrio do conjunto da economia (FAUSTO).
Um pequeno impulso na cidadania, enfim: O ano de 1930 foi um divisor de águas na história do
país. A partir dessa data, houve aceleração das mudanças sociais e políticas, a história começou a andar mais
rápido. No campo que aqui nos interessa, a mudança mais espetacular verificou-se no avanço dos direitos
sociais. Uma das primeiras medidas do governo revolucionário foi criar um Ministério do Trabalho,
Indústria e Comercio. A seguir, veio vasta legislação trabalhista e previdenciária, completada em 1943 com a
Consolidação das Leis do Trabalho. A partir desse forte impulso, a legislação social não parou de ampliar
seu alcance, apesar dos grandes problemas financeiros e gerenciais que ate hoje afligem sua implementação.
Os direitos políticos tiveram evolução mais complexa. O país entrou em fase de instabilidade, alternando-se
ditaduras e regimes democráticos.
A fase propriamente revolucionária durou ate 1934, quando a assembléia constituinte votou nova
Constituição e elegeu Vargas presidente. Em 1937, o golpe de Vargas, apoiado pelos militares, inaugurou
um período ditatorial que durou ate 1945. Nesse ano, nova intervenção militar derrubou Vargas e deu inicio
a primeira experiência que se poderia chamar com alguma propriedade de democrática em toda a história do
país. Pela primeira vez, o voto popular começou a ter peso importante por sua crescente extensão e pela
também crescente lisura do processo eleitoral. Foi o período marcado pelo que se chamou de política
populista, um fenômeno que atingiu também outros países da América Latina. A experiência terminou em
1964, quando os militares intervieram mais uma vez e implantaram nova ditadura. Os direitos civis
progrediram lentamente. Não deixaram de figurar nas três constituições do período, inclusive na ditatorial de
1937. Mas sua garantia na vida real continuou precária para a grande maioria dos cidadãos. Durante a
ditadura, muitos deles foram suspensos, sobretudo a liberdade de expressão do pensamento e de organização.
O regime ditatorial promoveu a organização sindical mas o fez dentro de um arcabouço corporativo, em
estreita vinculação com o Estado.
Rupturas e continuidades na era vargas: Ao lançarmos luz sobre as mudanças políticas e
institucionais ocorridas na década de 1930, faz-se premente o retorno, mesmo que breve, ao movimento
consagrado pela historiografia como “Revolução de 30”. As aspas nos chamam atenção; se não fora, como já
vimos, uma “Revolução” de acordo com o significado aclamado pelo liberalismo, tampouco podemos
qualificá-la como um mero levante das elites civis “dissidentes”, conjugadas com segmentos militares
insatisfeitos com a ordem oligárquica, então vigente na Primeira República.
É fato consumado, no entanto, que o ano de 1930, em especial, o movimento de “outubro de 1930”
foram momentos de ruptura na história republicana brasileira. A nova ordem política a ser instituída a partir
da “Revolução” de outubro de 1930, por motivos óbvios, deveria ser a negação do que havia sido
anteriormente. Mudanças e permanências foram se conjugando naquela nova etapa histórica. As alterações
institucionais seriam visíveis ao longo da década de 1930. A ruptura da legalidade constitucional foi
sucedida pela imediata destituição dos presidentes estaduais (os governadores na época). Na visão de alguns
grupos que conduziram o vitorioso movimento “revolucionário”, “tenentes” e seus aliados civis, tal medida
se fazia necessária, a fim de que se alcançasse o desmantelamento dos alicerces do poder oligárquico.
O sistema de interventorias criado se constituía, segundo as palavras da historiadora Maria do
Carmo Campello de Souza, “num importante instrumento de controle do poder central na política local”. Os
interventores eram, de forma geral, militares indicados e subordinados diretamente a Vargas. Com exceção
dos estados de Pernambuco e da Paraíba, todos os interventores das regiões Norte e Nordeste eram militares
submetidos de forma direta à supervisão do tenente Juarez Távora, cuja tarefa era coordenar as interventorias
do Acre à Bahia. Seu poder era de tal monta, nas regiões supracitadas, que Távora ganhara a alcunha de
“vice-rei do Norte” (PANDOLFI).
A nomeação do tenente pernambucano João Alberto, por exemplo, irritou as elites locais do estado
mais poderoso da Federação e melindrou o Partido Democrático, um dos pilares de apoio à Aliança Liberal
nas eleições presidenciais de 1930 e no golpe de outubro, em São Paulo. Mesmo com a substituição de João
Alberto pelo paulista Laudo Camargo, em junho de 1931, as dificuldades não arrefeceram em São Paulo,
estado que viria a ser o tradicional reduto da oposição a Vargas. De forma habilidosa, no entanto, o chefe do
governo provisório, ao mesmo tempo que fazia concessões às elites locais, pressionava-as com medidas cada
vez mais centralizadoras. Restringia de forma crescente a autonomia dos estados, criando, por exemplo, em
agosto de 1931, o Código dos Interventores.
O controle federal sobre as forças armadas estaduais era questão crucial para o estabelecimento e
consolidação da nova ordem política. O inimigo a ser combatido era o exacerbado federalismo político
característico da “carcomida” Primeira República; sendo assim, a nacionalização das Forças Armadas era
condição sine qua non para a diminuição do poder das oligarquias estaduais.
Do ponto de vista social houve a inserção de novos grupos no exercício do poder através de eleições
representativas ou mesmo através de concursos públicos. A diminuição da ação dos coronéis em instancias
locais rurais, favoreceu a atividade de ministérios mais transparentes como a justiça trabalhista e eleitoral. O
que permitiu uma cidadania menos mutilada. Na politica do estado ficou claro que as elites agraria teriam
menor espaço de atuação, embora ainda continuassem a participar. O estado passou a atuar como mediador
das classes, integrando-as na maquina publica. O forte intervencionismo estatal principalmente na economia
foi outra marca, diversificando produtos agrícolas para dar maior dinâmica desenvolvimentista.
Atividade de produção textual nº 22 – elabore um texto dissertativo argumentativo sobre as
características do novo momento histórico vivido após 1930, no Brasil. entre 20 e 30 linhas. No caderno
Atividade de produção textual nº 23 – elabore um texto argumentativo sobre a visão de Boris
Fausto sobre os eventos ligados ao movimento de 1930. Entre 20 e 30 linhas. No caderno
Populismo no Brasil
Populismo, paternalismo e autoritarismo Marcadas historicamente pela desigualdade social e
pela concentração de renda, as nações latino-americanas se caracterizaram, no decorrer do século XX, pela
instabilidade institucional e pela fragilidade de suas experiências democráticas. Essa conjuntura levou a
maioria desses países a sofrer golpes de Estado, que instituíram regimes autoritários, alguns dos quais se
apoiavam em uma política de mobilização das massas. Países latino-americanos como Argentina e Brasil
entraram no século XX marcados pelo atraso econômico e pela exclusão social de amplas camadas da
população. O poder era controlado pelas oligarquias agrárias, que utilizavam diversos estratagemas,
incluindo fraudes eleitorais, para fazer valer seus interesses. A economia era baseada principalmente na
exportação de commodities como carne e grãos na Argentina, café e borracha no Brasil.
A industrialização em ambos os países era incipiente e os trabalhadores urbanos não contavam com
direitos trabalhistas garantidos por lei. Essa situação foi propícia para a emergência de movimentos políticos
nacionalistas e populistas. A crise econômica mundial iniciada com a queda da bolsa de Nova York em 1929
teve efeitos dramáticos em ambos os países, restringindo mercados para seus produtos e, consequentemente,
reduzindo a entrada de capitais. As oligarquias se enfraqueceram politicamente e foram responsabilizadas
pela crise. Isso levou, na Argentina, ao golpe de Estado liderado por Juan Domingo Perón em 1930 e, no
Brasil, à Revolução de 1930 chefiada pelo político gaúcho Getúlio Vargas.
Conceito de populismo [...] Convém destacar, como componentes que virão a ser fundamentais no
populismo, a personalização do poder, a imagem (meio real e meio mística) da soberania do Estado sobre o
conjunto da sociedade e a necessidade da participação das massas populares urbanas. Nessa nova estrutura, o
chefe de Estado assume a posição de árbitro e está aí uma das raízes de sua força pessoal. Por outro lado,
nessa condição de árbitro sua pessoa tenderá a confundir-se com o próprio Estado como instituição, pois
ambos tendem a distanciar-se da determinação dos interesses imediatos que, em última instância,
representam. Contudo, uma situação desse tipo não poderia ser durável e a manifesta instabilidade dos
primeiros anos do novo regime [de João Goulart] denunciava claramente a precariedade desse equilíbrio
entre interesses diferentes e algumas vezes contrários. WEFFORT, Francisco Corrêa. O populismo na
política brasileira.
Construção da identidade nacional na Era Vargas Getúlio Vargas criou em 1940 o programa
“Marcha para o Oeste” a fim de promover a integração do território brasileiro. Esse avanço em direção ao
interior do país foi feito por meio de incentivos à migração e à expansão das fronteiras agrícolas. Para a
região amazônica, promoveu-se a campanha dos “soldados da borracha”, que acabou levando milhares de
brasileiros, a maioria nordestinos, para trabalhar na exploração do látex. Segundo o próprio Vargas, a
população nativa que habitava a região deveria ser incorporada economicamente aos projetos nacionais.
Com o discurso de integração, o governo de Vargas pretendeu submeter o modo de viver e a cultura
dos povos indígenas do Norte ao ideal de uma identidade nacional fundamentada na modernização e no
trabalho. Assim, o Estado considerou os indígenas grupos sociais incapazes e dependentes de tutela e
implementou um novo povoamento da região à custa da destruição de povos e culturas indígenas.
Do ponto de vista musical, o governo abriu espaço para a cultura popular. Um dos gêneros mais
utilizados para conquistar as camadas populares e aumentar a audiência das rádios difusoras foi o samba.
Identificado como transgressor da ordem no início da década de 1920, esse estilo passou a ser considerado “a
música nacional”, popularizado até mesmo entre as elites. Entretanto, o samba do período padecia de forte
controle e censura: as letras deveriam exaltar o trabalho, a ordem e a figura do trabalhador. Para assegurar a
difusão dos valores do Estado e a construção e o fortalecimento da identidade nacional de acordo com a
política do governo, o que não estivesse de acordo com seus princípios era censurado.
O futebol Nos anos 1930, o futebol já era um fenômeno de massas que levava milhares de
torcedores aos estádios e paralisava outros milhares de ouvintes diante dos rádios para a narração das
partidas. De forma semelhante ao que ocorreu com o samba, a popularização e o controle do futebol foram
determinantes na política cultural do governo de Getúlio Vargas.
Nas celebrações cívicas, eram comuns demonstrações esportivas que enalteciam a força e a
disciplina dos jovens atletas, valores que Vargas defendia como os mais importantes para o fortalecimento
da nacionalidade brasileira, e nas comemorações do Primeiro de Maio, no estádio São Januário, o presidente
fazia discursos grandiosos para anunciar novas medidas e leis, como o aumento de salário mínimo ou a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que beneficiavam os trabalhadores.
Atividade de produção textual nº 32 – elabore um texto argumentativo sobre o processo de
construção da identidade pelo estado varguista, apontando suas estratégias para atingir a esse objetivo. Entre
20 e 30 linhas. No caderno.
A VEZ DOS DIREITOS Políticos (1945-1964) Após a derrubada de Vargas, foram convocadas
eleições presidenciais e legislativas para dezembro de 1945. As eleições legislativas destinavam-se a
escolher uma assembleia constituinte, a terceira desde a fundação da República. O presidente eleito, general
Eurico Gaspar Dutra, tomou posse em janeiro de 1946, ano em que a assembleia constituinte concluiu seu
trabalho e promulgou a nova constituição. O país entrou em fase que pode ser descrita como a primeira
experiência democrática de sua história, após a superação da ditadura fascista do estado novo. No período da
republica velha havia eleições para cargos majoritários como presidente da republica e presidente dos
estados (governadores) e prefeitos, mas eram eleições manipuladas e o voto controlado nos currais eleitorais,
o que dificulta enquadrar numa efetiva democracia. Em 1930 considera-se o governo Vargas ate 1934 como
uma experiência democrática que visava superar o poder das oligarquias do café com leite, porem, Vargas
não havia sido eleito pelo voto popular. Então a primeira democracia legitimada pelas leis foi a republica
democrática populista (1946-1964), na qual os presidentes foram eleitos pelo voto direto e com efetiva
participação das instituições democráticas. Essa republica durou ate o golpe de 1964.
A primeira experiência democrática: A Constituição de 1946 manteve as conquistas sociais do
período anterior e garantiu os tradicionais direitos civis e políticos. Ate 1964, houve liberdade de imprensa e
de organização política. Apesar de tentativas de golpes militares nos anos 1950, houve eleições regulares
para presidente da República, senadores, deputados federais, governadores, deputados estaduais, prefeitos e
vereadores. Vários partidos políticos nacionais foram organizados e funcionaram livremente dentro e fora do
Congresso, a exceção do Partido Comunista, que teve seu registro cassado em 1947. Uma das poucas
restrições serias ao exercício da liberdade referia-se ao direito de greve. Greves so eram legais se autorizadas
pela justiça do trabalho.
Após 1945, o ambiente internacional era novamente favorável a democracia representativa, e isto
se refletiu na Constituição de 1946, que, nesse ponto, expandiu a de 1934. O voto foi estendido a todos os
cidadãos, homens e mulheres, com mais de 18 anos de idade. Era obrigatório, secreta e direto. Permanecia,
no entanto, a proibição do voto do analfabeto. A limitação era importante porque, em 1950, 57% da
população ainda era analfabeta. Como o analfabetismo se concentrava na zona rural, os principais
prejudicados eram os trabalhadores rurais. Outra limitação atingia os soldados das forças armadas, também
excluídos do direito do voto. A Constituição confirmou também a justiça eleitoral, constituída de um
Tribunal Superior Eleitoral na capital federal, e tribunais regionais nas capitais dos estados. Cabia a justiça
eleitoral decidir sobre todos os assuntos pertinentes a organização de partidos políticos, alistamento, votação
e reconhecimento dos eleitos. Todo o processo ficava, assim, nas mãos de juízes profissionais, reduzindo,
embora não eliminando, as possibilidades de fraude.
A forma de maior participação do povo na política foi o populismo, uma política de aproximação
entre o chefe político e as massas, que desejavam maior engajamento na política, principalmente através do
voto. O populismo tem um caráter de massa dominantemente urbano, diferentemente do coronelismo, que
domina as massas rurais até 1937 e que persiste mesmo depois da revolução em regiões do país até a
Constituinte de 1946, quando os coronéis passam a ter representação política no Senado. Ele se enraíza,
sobretudo, nas cidades de maior ritmo de crescimento, onde se dão com mais força o desenvolvimento
industrial e as migrações. Estas últimas originam uma urbanização notável ao favorecer uma situação de
disponibilidade relativa das massas populares para participação, ou seja, elas aparecem como condição de
possibilidade para formas de compromisso político que abrem uma opção por parte dos indivíduos.
Apesar das limitações, a partir de 1945 a participação do povo na política cresceu
significativamente, tanto pelo lado das eleições como da ação política organizada em partidos, sindicatos,
ligas camponesas e outras associações. O aumento da participação eleitoral pode ser demonstrado pelos
números que se seguem. Em 1930, os votantes não passavam de 5,6% da população. Na eleição presidencial
de 1945, chegaram a 13,4%, ultrapassando, pela primeira vez, os dados de 1872. Em 1950, já foram 15,9%,
e em 1960, 18%. Em números absolutos, os votantes pularam de 1,8 milhão em 1930 para 12,5 milh6es em
1960. Nas eleições legislativas de 1962, as ultimas antes do golpe de 1964, votaram 14,7 milh6es.
Atividade de produção textual 33 – elabore um texto argumentativo sobre a nova realidade vivida
no Brasil após 1945 e as caracteristiscas da nova organização politica com a queda do estado novo,
alinhando-se ao modelo democrático e liberal. Mínimo 30 linhas
Atividade nº 34 - Pág. 57 questões 1,2,3,4
Atividade nº 35 - Pág. 74-75 questão 8
Atividade nº 36 - Pág. 82 questões 1,2,3,4,5
Atividade nº 37 - Pág. 87 questões 1,2,3,4
Atividade nº 38 - Pág. 93 um outro olhar questões 1,2,,3,4
Atividade nº 39 - Pág. 93 verificação da leitura questões 1,2,3,4,5,6
Atividade nº 40 - Pág. 96 questão 8