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HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos
e a Constituição Federal de 1988
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Sumário
Fabrício Missorino
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988......................... 5
1. Conceito, Terminologia, Estrutura Normativa, Fundamentação. . ...................................... 5
2. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. . ....................................................................... 10
2.1. Documentos Históricos Brasileiros e a Proteção dos Direitos Humanos. . ..................13
3. Classificação e Características dos Direitos Humanos no Direito Internacional.........16
4. Contextualização dos Direitos Humanos na Constituição Federal de 1988................. 23
5. Os Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil..................................... 25
6. Os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos na Constituição Federal de 1988......... 32
7. Os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais na Constituição Federal de 1988............ 38
8. Das Regras Atinentes à Nacionalidade Previstas na Constituição Federal de 1988.. 43
9. Os Direitos Políticos na Constituição Federal de 1988. . .................................................... 47
10. O Status Normativo dos Tratados e Convenções Internacionais de Direitos
Humanos...........................................................................................................................................51
10.1. Controle de Convencionalidade......................................................................................... 54
11. Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos (Regras de
Mandela).......................................................................................................................................... 55
12. A Declaração Universal dos direitos Humanos (DUDH)....................................................61
13. O Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH 3 (Decreto n. 7.037, de 21 de
Dezembro de 2009)....................................................................................................................... 70
14. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).82
Resumo............................................................................................................................................. 93
Questões de Concurso................................................................................................................ 103
Gabarito...........................................................................................................................................118
Gabarito Comentado.................................................................................................................... 119
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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino
Apresentação
Prezado(a) candidato(a)!
Estou aqui para auxiliá-lo(a) na caminhada para a aprovação no próximo concurso público.
Meu objetivo é auxiliá-lo(a) a ganhar tempo nos estudos e focar nos pontos que realmente
importam nessa trajetória cheia de dificuldades, mas, ao mesmo tempo, muito gratificante na
medida que os obstáculos são vencidos e o candidato avança para o próximo nível dos estudos.
A estratégia para essas provas deve ser muito bem planejada, eis que a disputa tende a ser
muito mais acirrada.
Pois bem, meu(minha) caro(a), você com certeza já deve ter ouvido de muitos professores
e palpiteiros de plantão dicas e mais dicas sobre o que “deve” ou “não deve” fazer um(a) con-
curseiro(a) e coisa e tal. Não pretendo entrar nessa seara, porém, não posso deixar de dividir
com você um ensinamento que guardei com muito carinho e respeito de um antigo professor
aqui de Brasília, um juiz de direito que ministrava aulas num cursinho preparatório para carrei-
ras jurídicas. Logo no primeiro dia de aula ele chegou e já foi bem direto: “se vocês querem in-
gressar em alguma carreira jurídica, duas coisas são essenciais e imprescindíveis: RENÚNCIA
e DISCIPLINA”.
Sem perder muito tempo, com base nesse breve relato, tenho a dizer a você que a trajetória
do candidato(a), para qualquer carreira, diga-se de passagem, vai certamente exigir uma com-
binação quase que perfeita desses dois elementos no dia a dia da pessoa, por um lado abrindo
mão de certas atividades ou programações do cotidiano e, o mais importante, cravar a questão
da rotina, da disciplina, do atingimento das metas de estudo.
Esse vai ser o grande ponto, pois, como você já deve saber, o maior concorrente do(a)
candidato(a) é ele mesmo, eis que o diferencial vai ser percebido no quanto ele(a) consegue
prosseguir diante de todos os incentivos negativos que o(a) permeiam e, ao mesmo tempo,
o quanto ele(a) consegue abstrair isso tudo e se fixar nos incentivos positivos da carreira, do
sonho a ser alcançado.
Dito isso, nossa conversa nesta AULA 1 será sobre DIREITOS HUMANOS, com foco basica-
mente nos temas previstos na doutrina, na jurisprudência dos organismos internacionais, bem
como nos instrumentos e normas internacionais de direitos humanos. Para tanto, farei uma
apresentação teórica, com a utilização de pontos de maior atenção oriundos de concursos an-
teriores a respeito do tema, em especial na abordagem de questões aplicadas em concursos
de várias carreiras atinentes à matéria. Além disso, um resumo será disponibilizado no fim da
aula com os principais tópicos abordados e mais algumas questões aplicadas.
Em suma, tenho a dizer que o nosso estudo será sistematizado, seguindo uma lógica de
estruturação que permita abordar o percurso da efetivação dos direitos humanos no Brasil e
no mundo, bem como analisar os principais instrumentos e normas de direitos humanos (a
exemplo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, das Regras de Mandela, do Programa
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Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3 e do Pacto de San José da Costa Rica) com enfoque
especial na contextualização e nas regras de proteção de direitos humanos presentes na Cons-
tituição Federal de 1988.
Por fim, gostaria de pedir a você que ao final do estudo deixe sua avaliação sobre a aula.
Suas críticas e sugestões de melhoria sinceramente só me farão empreender esforços para
tornar essa nossa experiência cada vez melhor para os colegas que buscam conhecimento e
preparação para atingir seus objetivos. Conto com você! É rápido e fácil. Muito obrigado! Va-
mos para a nossa aula!!!
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progresso da humanidade, bem como da concessão de asilo político; princípios esses também
intrinsecamente alinhados com a proteção dos direitos humanos.
Sendo assim, podemos afirmar que os direitos humanos representam um apanhado de
normas jurídicas internas e externas que visam proteger a pessoa humana, ou seja, um con-
junto de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade o respeito à sua dignidade,
capazes de protegê-lo do arbítrio do poder estatal, garantindo-lhe condições mínimas de so-
brevivência e desenvolvimento de sua personalidade.
Quanto à sua conceituação, de uma forma bem didática, na lição de André Ramos de Car-
valho1 podemos dizer que os direitos humanos são todos aqueles direitos considerados in-
dispensáveis a uma vida em sociedade, pautada na liberdade, na igualdade e na dignidade.
Do ponto de vista formal, os direitos humanos seriam aqueles positivados em instrumentos
internacionais, a exemplo da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH).
Valério de Oliveira Mazzuoli, por sua vez, conceitua direitos humanos2 como, in verbis:
Direitos protegidos pela ordem internacional (especialmente por meio de tratados multilaterais, glo-
bais ou regionais) contra as violações e arbitrariedades que um Estado possa cometer às pessoas
sujeitas à sua jurisdição. São direitos indispensáveis a uma vida digna e que, por isso, estabelecem
um nível protetivo (standard) mínimo que todos os Estados devem respeitar, sob pena de responsa-
bilidade internacional.
Diante disso, meu caro, podemos observar que o conceito de direitos humanos gira em
torno dos vetores da dignidade e das boas condições de vida em sociedade.
Ainda a respeito da conceituação, observamos que do ponto de vista do direito internacio-
nal, os direitos humanos representam aqueles direitos essenciais para que o ser humano seja
tratado com dignidade, fazendo jus a eles todos aqueles da espécie humana. Já sob a pers-
pectiva constitucionalista, os direitos humanos seriam o conjunto de garantias do ser humano
em face do poder estatal, com vistas à proteção de sua dignidade e de sua liberdade, também
chamados, nessa perspectiva, de direitos humanos fundamentais.
No tocante à terminologia, importante destacar a diferença conceitual na relação existen-
te entre os direitos humanos, os “direitos do homem” e os “direitos fundamentais”. Algumas
literaturas abordam os direitos humanos como sinônimo de direitos fundamentais, bem como
tratam os direitos do homem como sinônimo de direitos humanos.
Porém, para melhor compreensão, temos que a expressão “direitos do homem” tem cunho
jusnaturalista, relacionada aos direitos inerentes à condição humana, mas vinculada à vontade
divina. Trata-se, pois, nessa concepção, de um direito que não necessita de positivação, eis que
diz respeito ao “direito natural”.
1
RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 24.
2
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direitos humanos. 4ª edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Método,
2017. p. 22.
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Pois bem, de acordo com a doutrina a respeito da matéria, a questão está correta, conside-
rando a diferença conceitual existente entre Direitos Humanos (que engloba direitos previstos
em instrumentos internacionais) e Direitos Fundamentais (que engloba direitos previstos nas
Constituições dos países), ou seja, a chave para a diferenciação está na positivação).
Certo.
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Quanto à estrutura normativa, o doutrinador André de Carvalho Ramos refere-se aos direi- 3
Por fim, quanto à fundamentação dos direitos humanos, a doutrina majoritária destaca as
correntes Jusnaturalista, Positivista e Moralista. Para a primeira, os direitos humanos seriam
os direitos tidos como básicos e inalienáveis a todos os homens, independente de positiva-
ção. Seriam aqueles direitos chamados de naturais, concebidos pela inspiração divina ou pela
razão humana. Seriam os direitos inerentes ao homem e não positivados em nenhum ordena-
mento jurídico.
Para os positivistas, os direitos humanos seriam aqueles direitos concebidos pelo Estado
aos seres humanos, de forma institucionalizada, positivados no ordenamento jurídico. Em con-
traponto aos jusnaturalistas, os positivistas não acreditam na existência de direitos preexisten-
tes aos já positivados e reconhecidos pelo Estado.
Quanto aos moralistas, percebe-se a defesa da teoria de que os direitos são direitos morais
da coletividade humana, fundamentados não apenas de forma jurídica, mas sim em valores da
sociedade.
Caro(a) candidato(a), acerca da importância dos direitos naturais, cumpre ressaltar o posicio-
namento do Supremo Tribunal Federal na ocasião do julgamento da Ação Direta de Inconsti-
tucionalidade n. 595/ES, de relatoria do Ministro Celso de Mello (julgamento realizado no ano
de 2002):4
(...) cabe ter presente que a construção do significado de Constituição permite, na elaboração des-
se conceito, que sejam considerados não apenas os preceitos de índole positiva, expressamente
3
RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 38-41
4
Supremo Tribunal Federal STF – Ação direta de Inconstitucionalidade: ADI 595 ES. Disponível em: < https://stf.jusbrasil.
com.br/jurisprudencia/14815695/acao-direta-de-inconstitucionalidade-adi-595-es-stf>.
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proclamados em documento formal (que consubstancia o texto escrito da Constituição), mas, so-
bretudo, que sejam havidos, igualmente, por relevantes, em face de sua transcendência mesma, os
valores de caráter supra positivo, os princípios cujas raízes mergulham no direito natural e o próprio
espírito que informa e dá sentido à Lei Fundamental do Estado.
Diante disso, é importante compreender que todas essas teorias da fundamentação dos
direitos humanos foram importantes e ainda são reportadas como fundamentais para a base
da nossa disciplina no direito contemporâneo. Assim, todas as teorias não devem ser com-
preendidas isoladamente, ou seja, não se fala em direitos humanos sem falar da contribuição
jusnaturalista para a concretização do direito contemporâneo.
Como leciona André de Carvalho Ramos 5:
Os direitos humanos representam valores essenciais, que são explicitamente ou implicitamente re-
tratados nas Constituições ou nos tratados internacionais. A fundamentalidade dos direitos huma-
nos pode ser formal, por meio da inscrição desses direitos no rol de direitos protegidos nas Consti-
tuições e tratados, ou pode ser material, sendo considerado parte integrante dos direitos humanos
aquele que – mesmo não expresso – é indispensável para a promoção da dignidade humana.
Assim, concluímos que o fundamento formal diz respeito à incorporação dos direitos es-
senciais à condição humana nas Constituições ou nos tratados; e o fundamento material diz
respeito ao direito inato, inerente à condição humana para a efetivação de uma vida digna.
5
RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 22.
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Ultimamente as provas estão vindo muito bem elaboradas e exigindo bastante conteúdo do(a)
candidato(a). Entretanto, ainda é comum verificar algumas “cascas de banana” nos concursos,
ou seja, é frequente aparecerem questões consideradas fáceis, mas que o(a) candidato(a) erra
por descuido. Dessa forma, eu quis trazer essa questão para mostrar que mesmo candidatos
(as) de alto nível podem cair nessas ciladas. De início, observe o item I, notadamente em rela-
ção à expressão “seres vivos”. Aí está o erro, pois se compreende como “seres vivos” tanto os
humanos como os animais. Portanto, as alternativas corretas seriam somente a II e III.
Letra c.
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res atinentes ao respeito à dignidade da pessoa humana, impostos a todos os poderes consti-
tuídos, oficiais ou não.
Vale aqui ressaltar, ainda, o percurso histórico dos direitos humanos ao longo da evolução
da humanidade, desde as primeiras instituições que passaram a limitar o poder político na
Idade Média, a estruturação das monarquias no século XI, as lutas em face dos abusos verifi-
cados na reconstrução da unidade política, com destaque para as chamadas “rebeldias”, que
deram ensejo à edição da Magna Carta, de 21 de junho de 1215, que elencou prerrogativas aos
súditos da monarquia inglesa, reconhecendo-lhes direitos e garantias específicas em caso de
não observância dos limites estabelecidos à realeza.
Nesse momento passa a despontar a garantia da judicialidade, um dos princípios do Es-
tado de Direito, que exigia o crivo de um juiz nos casos que envolvessem a prisão de homens
livres. Ainda na Magna Carta destacou-se a previsão de outras garantias fundamentais, como
a liberdade de locomoção, a propriedade privada, a graduação da pena estritamente relaciona-
da à gravidade do delito praticado, dentre outras.
Sendo assim, podemos afirmar que a liberdade despontou como um dos direitos huma-
nos inicialmente positivados, notadamente aquelas liberdades específicas em prol das classes
superiores da sociedade da época, infelizmente ainda dotadas de concessões mínimas em
benefício do povo.
Após a Idade Média, em um período marcado pelo recrudescimento da concentração dos
poderes, a chamada era das monarquias absolutistas, merece registro a tentativa do Parla-
mento Inglês de limitar o poder real, especialmente o poder de prender os opositores políticos
sem submetê-los a um processo criminal regular. Nasceria, nesse contexto, a Lei de Habeas-
-Corpus, em 1679, uma garantia judicial criada para proteger a liberdade de locomoção tanto
nos casos de prisão efetiva como nos casos de simples constrangimento à liberdade individu-
al de ir e vir, vindo a se tornar a matriz de outras liberdades fundamentais.
A promulgação dessa lei reforçou ainda mais o combate aos regimes monárquicos absolu-
tistas, crescendo entre os ingleses a ideia de separação dos poderes de forma permanente no
Estado. Alguns anos depois, em 1689, foi promulgada a Declaração de Direitos – Bill of Rights
– pondo fim à monarquia absolutista.
Prezado(a) candidato(a), muita atenção no que concerne à Declaração de Direitos (Bill of Ri-
ghts), eis que embora não sendo uma declaração de direitos humanos nos moldes das que
viriam a ser aprovadas um século depois nos Estados Unidos, essa Declaração de Direitos
criou o instituto que se chamaria mais tarde “garantia institucional”, ou seja, uma forma de or-
ganização do Estado cuja função é a proteção dos direitos fundamentais da pessoa humana.
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Essa questão está marcada pelo grande potencial de gerar confusão no(a) candidato(a), eis
que o Bill Of Rights constitui uma declaração de direitos de liberdade (de expressão, política e
de tolerância religiosa) promulgada no Reino Unido em 1689 e que alcançou grande relevân-
cia na afirmação histórica dos direitos humanos. Contudo, não é desse documento que trata
a questão. Trata-se do Bill of Rights dos Estados Unidos da América, nomenclatura dada às
primeiras 10 (dez) emendas à Constituição dos EUA de 1787. Esse documento caracteriza-se
por conter direitos básicos do cidadão em face do Estado, porém não se confunde com o Bill
of Rigths inglês.
Letra c.
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como o primeiro documento político que reconhece a legitimidade da soberania popular bem
como a existência de direitos intrínsecos a todo o ser humano, independentemente das dife-
renças de sexo, raça, religião, cultura ou posição social.
Todos esses movimentos históricos certamente influenciaram a promulgação da Declara-
ção dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, reafirmando as ideias de liberdade e igual-
dade dos seres humanos. Anos mais tarde, em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, soma-se a tais conquistas, dentre outras, o reconhecimento da fraternidade, ou seja,
a exigência de uma organização solidária das pessoas na vida em comum.
Acerca da Declaração Universal dos Direitos Humanos, convido você a ler, mais à frente,
um item específico de nossa aula a esse respeito.
Sendo assim, no tocante à afirmação histórica dos direitos humanos, podemos inferir que
os grandes registros envolvendo restrições de direitos e violência contra as pessoas foram
determinantes nas tomadas de decisão por parte da sociedade no tocante à necessidade de
evolução dos direitos do ser humano.
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setembro de 1.850, conhecida como “Lei Eusébio de Queiroz”, que estabelecia medidas para
a repressão do tráfico de africanos no Império, ao prever a apreensão de embarcações brasi-
leiras encontradas em qualquer parte, bem como embarcações estrangeiras encontradas nos
portos, enseadas, ancoradouros, ou mares territoriais do Brasil, que tivessem a bordo escravos
ou que mostrassem sinais da prática de tráfico de escravos, passando a ser consideradas
como importadoras de escravos.
De acordo com a mencionada lei, todos os escravos apreendidos seriam reexportados por
conta para os portos de origem dos navios ou para qualquer outro ponto fora do Império, sen-
do que enquanto essa reexportação não se executasse, seriam os mesmos empregados em
trabalho debaixo da tutela do Governo, não sendo em caso algum concedidos os seus serviços
a particulares.
Posteriormente, no mesmo contexto de proteção dos direitos humanos, mereceu destaque
a Lei n. 2.040, de 28 de setembro de 1.871, mais conhecida como “Lei do Ventre Livre”, que
declarava de condição livre os filhos de mulher escrava que nascessem desde a data de pro-
mulgação da lei.
Nos termos da lei, dentre outras regras, merece destaque a possibilidade de os filhos me-
nores ficarem em poder ou sob a autoridade dos senhores de suas mães, com a obrigação de
cria-los e tratá-los até a idade de oito anos completos. Após essa idade, o senhor da mãe teria
a opção ou de receber do Estado uma indenização em dinheiro ou de utilizar dos serviços do
menor até a idade de 21 anos completos.
Outras duas situações chamavam atenção na mencionada lei, sendo a primeira delas a
obrigação de entrega dos filhos nos casos em que a mulher escrava obtivesse liberdade, e a
segunda a obrigação de que os filhos menores de 12 anos acompanhassem a mãe escrava em
caso de alienação.
Na mesma seara de proteção dos direitos humanos, a Lei n. 3.270, de 28 de setembro
de 1.885, conhecida como “Lei dos Sexagenários”, que previa, dentre outras regras, a realiza-
ção de matrícula dos escravos com declaração do nome, nacionalidade, sexo, filiação, se for
conhecida, ocupação ou serviço em que for empregado idade e uma tabela de valor de cada
escravo organizada por idade, além de conceder liberdade aos escravos com mais de 60 anos
de idade. O contexto dessa lei sempre foi muito criticado, pois naquela época os escravos que
chegassem até essa idade já não tinham mais condições de trabalho, vindo a ser interpretada
como uma lei que beneficiava os senhores de escravos ao lhes possibilitar se desfazer das
pessoas pouco produtivas. A mencionada lei ainda permitia o absurdo de obrigar o escravo
que atingisse os 60 anos de idade a trabalhar por mais 3 anos, de forma gratuita, para seu
proprietário.
Mais de três décadas depois da acima mencionada Lei n. 581 (tráfico de escravos), surge
no nosso ordenamento pátrio um dos mais importantes registros normativos da história do
país, a Lei n. 3.353, de 13 de maio de 1.888, amplamente conhecida como “Lei Áurea”, que
declarou extinta a escravidão no Brasil.
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Quanto às penas aplicáveis a tais condutas, a lei estabeleceu a prisão simples como regra,
variando entre períodos que se estendiam de 15 (quinze) dias a 03 (três) meses ou de 03 (três)
meses a 01 (um) ano, incluindo-se multa, aplicando, ainda, uma pena de perda do cargo nos
casos que se configurasse a obstrução do acesso de alguém a qualquer cargo público civil
ou militar.
Esses seriam, portanto, os registros mais antigos de normativos promulgados no Brasil
que traziam em seu contexto a proteção dos direitos humanos, verificando-se nas décadas
mais atuais a influência dessa matéria em inúmeros normativos brasileiros, com destaque
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para a Constituição Federal de 1988, a primeira constituição da história do Brasil que estabele-
ceu objetivamente a prevalência dos Direitos Humanos como preceito fundamental do Estado,
no sentido de reger o país no que diz respeito às relações internacionais.
A partir daí o Estado Brasileiro comprometeu-se a contribuir na promoção de Direitos Hu-
manos em caráter mundial, respeitando todos os povos e suas diferenças e reconhecendo os
direitos fundamentais previstos em tratados internacionais. Vale lembrar que, ainda que as
previsões constantes de tratados internacionais não produzam direitos já assegurados pela
Constituição Federal, o Brasil reconhece e incorpora tais direitos em seu ordenamento jurídico,
como veremos adiante no item 10 desta aula.
Inicialmente, vale registrar que algumas doutrinas mais clássicas mencionam a “classifi-
cação” dos direitos humanos também sob a nomenclatura de “dimensões” de direitos huma-
nos ou “gerações” de direitos humanos, inspiradas nos ideais da Revolução Francesa (liberté,
igualité e fraternité), dividindo-se o conteúdo dos Direitos Humanos em 3 (três) dimensões (ou
gerações):
• PRIMEIRA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a LIBERDADE (direitos de defesa). Trata-se
das liberdades públicas, consistentes nos direitos civis (direito à vida, à liberdade, à pro-
priedade privada etc.) e políticos (direito de votar e ser votado). Aqui, é importante que
vocês entendam que são direitos subjetivos, pois são direitos tutelados por todos os
indivíduos e impõem o dever de não fazer do Estado, de cunho negativo/
• SEGUNDA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a IGUALDADE (direitos de prestação). Trata-
-se dos direitos econômicos, sociais e culturais, tais como direito à moradia, previdência
social, educação etc. São direitos de aplicabilidade progressiva e impõem o dever de
fazer do Estado, de cunho positivo;
• TERCEIRA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a SOLIDARIEDADE ou FRATERNIDADE (di-
reitos difusos e coletivos). Trata-se do direto à paz, autodeterminação dos povos, direito
ao desenvolvimento, ao meio ambiente etc. Aqui os direitos tutelados destinam-se à pro-
teção de grupos de indivíduos, diferentemente das primeiras dimensões que seu titular
era o indivíduo.
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Constituição do México
(1917); Revolução
Momento Revoluções Liberais do Pós Segunda Guerra
Russa (1918);
Histórico Séc. XVIII Mundial.
Constituição de Weimar
(1919).
Prezado(a) candidato(a), a doutrina clássica a respeito dos direitos humanos aborda a clas-
sificação até a assim chamada “terceira dimensão”, porém, é importante compreender que o
direito contemporâneo estendeu essa classificação para mais 03 (três) gerações/dimensões.
Sendo assim, FIQUE ATENTO, pois para a doutrina clássica a classificação dos direitos huma-
nos se ENCERRA na terceira dimensão. Mas, para um estudo mais completo, é importante que
vocês saibam das outras três dimensões estabelecidas pelas doutrinas mais modernas:
• QUARTA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é o POVO (direito dos povos). Trata-se da pro-
teção de interesses que têm como objetivo a preservação do ser humano em virtude
de direitos que podem colocar em risco a existência do homem. Na visão de Norberto
Bobbio, referem-se à biossegurança, ao biodireito, às pesquisas biológicas e à manipu-
lação do patrimônio genético das pessoas, à proteção em face de uma globalização que
comprometa o direito à democracia e à inclusão digital;
• QUINTA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a PAZ. Para Paulo Bonavides, a paz advém do
reconhecimento universal como requisito da convivência humana, da conservação da
espécie, garantindo segurança aos direitos, eis que somente se efetiva a dignidade da
pessoa humana se a paz vier a ser elevada a direito de quinta geração.
Alguns autores mencionam a possibilidade de uma sexta dimensão, cujo valor tutelado
seria a DEMOCRACIA. Para Paulo Bonavides, seria o direito à democracia, à informação e ao
pluralismo, resultantes da globalização. A doutrina a esse respeito argumenta que a própria De-
claração Universal dos Direitos do Homem prevê que toda pessoa tem o direito de tomar parte
no governo de seu país, quer de forma direta, quer por meio de seus representantes livremente
escolhidos. Dessa forma, democracia e direitos fundamentais estão estreitamente ligados,
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pois o objetivo central do Estado Democrático de Direito reside na busca da proteção dos di-
reitos fundamentais, por meio da observância e preservação da dignidade da pessoa humana.
Entretanto, a maioria gritante dos autores classificam os direitos humanos até a 5ª dimensão.
Vale frisar que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal reconhece a classificação
tradicional das gerações (ou dimensões) de direitos. O julgamento da Ação Direta de Incons-
titucionalidade (ADI) n. 1856/RJ, que abordou a inconstitucionalidade da Lei n. 2.895/1998
do RJ que versa sobre prática de briga de galos, decidiu-se pela violação do direito de terceira
geração (solidariedade)6. Já na ocasião do julgamento da Medida Cautelar na ADI n. 3540/DF,
o STF entendeu que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de
terceira geração.7
Em resumo, assim se manifestam as doutrinas clássica e moderna a respeito das dimen-
sões/gerações dos direitos humanos:
Dito isso, prezado(a) candidato(a), vejamos agora como a banca a seguir abordou
essa temática.
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Trata-se de uma questão relativamente fácil, ainda mais se o(a) candidato(a) adotar a técnica
da exclusão, ou seja, as alternativas “a” e “b” mencionam a dimensão dos direitos de liberdade,
porém, confundem o candidato(a) em relação à identificação das dimensões. A alternativa “c”
diz respeito à segunda dimensão de direitos humanos, porém, a banca procura confundir iden-
tificando como primeira geração de direitos; o mesmo ocorrendo com a alternativa “d”, com
menção equivocada em relação à geração de direitos de fraternidade. Sendo assim, por exclu-
são, temos a alternativa “e” como a única que traz argumentação coerente com a identificação
da dimensão específica de direitos humanos.
Letra e.
Pois bem, vencida essa primeira fase de classificação dos direitos humanos, vejamos ago-
ra de maneira bem objetiva as características próprias desses direitos, eis que se trata de um
tema bem recorrente em provas de concurso.
De início, duas características iniciais se destacam quando falamos sobre direitos huma-
nos. Trata-se da “Historicidade” e da “Universalidade”. Acerca da historicidade, estamos nos
referindo a todo o contexto histórico no qual se balizou a construção e a evolução dos direitos
humanos ao longo do tempo. Cumpre salientar que na esfera internacional, os Direitos Huma-
nos começaram a se desenvolver efetivamente em 1919 com o surgimento da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), tendo grandes avanços registrados após a Segunda Guerra
Mundial, em 1945, com o surgimento das Organizações das Nações Unidas (ONU). Percebe-se,
pois, a partir da nossa discussão sobre a afirmação histórica dos direitos humanos, que sua
evolução se dá a partir de um processo histórico gradual, representado pelas transformações
políticas, sociais e econômicas que atingem diretamente a humanidade.
Quanto à característica de universalidade, podemos dizer que se refere ao fato de que to-
das as pessoas humanas são titulares dos direitos humanos, tanto na esfera nacional como
na internacional, sem nenhuma distinção que se refira à sua condição humana. Entretanto, é
importante frisar que ser “universal” não significa ser “absoluto”. A universalidade dos direitos
humanos se faz presente nos artigos I e II da Declaração Universal dos Direitos Humanos de
1948, vejamos:
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Artigo I
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo II
1 – Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta De-
claração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
Prezado(a) candidato(a), algumas doutrinas apontam uma divergência entre relativismo e uni-
versalidade dos direitos humanos, mas, por hora, é importante que você tenha em mente que
a Declaração de Viena de 1993 foi pronunciada com base em uma forte universalidade dos
direitos humanos, dando pouca margem para o relativismo.
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disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, com objetivo científico ou altruísti-
co. Nesse sentido, veda-se a alienabilidade da dignidade para auferir lucro, garantindo-se que
a disposição do corpo após a morte somente ocorra de forma gratuita.
Quanto à característica da relatividade, a premissa utilizada pela doutrina é a de que os di-
reitos humanos podem sofrer limitações para adequá-los a outros valores coexistentes na or-
dem jurídica. Dessa forma, entende-se que em caso de conflito entre princípios que garantem a
proteção aos direitos humanos, o aplicador do direito terá o desafio de relativizar um princípio
para que o outro se sobreponha. Um dos exemplos mais claros diz respeito à possibilidade de
relativização do princípio da liberdade em algumas circunstâncias, como, por exemplo, no caso
de condenação criminal ou nas hipóteses em que é admitida a prisão privativa do acusado.
Dentre as diversas modalidades de crimes previstos no Código Penal Brasileiro, percebe-se
que uns violam bens e valores tão caros à sociedade que, quando confrontados com o prin-
cípio da liberdade individual, permitem por certo período de tempo a restrição à liberdade da
pessoa, adequando-se a outros valores coexistentes na ordem jurídica.
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Trata-se de uma questão que aborda as características dos Direitos Humanos, em especial a
historicidade (no caso, a alternativa “a” equivocadamente afirma que a historicidade pressupõe
a supressão de direitos), a universalidade (a alternativa “b” equivocadamente remete a uma
relação direta entre a universalidade e a aplicação igualitária dos direitos humanos), a irrenun-
ciabilidade (a alternativa “c” aponta a possibilidade de restrições de direitos humanos por via
de lei ordinária), a imprescritibilidade (que se manifesta sobre o direito humano em si e não
sobre o ajuizamento de ações judiciais), bem como a indivisibilidade dos direitos fundamen-
tais, lastreados no princípio da proteção da dignidade da pessoa humana, objeto de análise na
alternativa “d”.
Letra d.
Por fim, vale mencionar uma característica de suma importância dos direitos humanos,
qual seja, o instituto que prevê a proibição do retrocesso em matéria de direitos humanos.
Por força da historicidade dos Direitos Humanos, entende-se que a proteção à dignidade da
pessoa humana é expansiva, ou seja, está sempre em progresso, não sendo permitidos retro-
cessos em relação aos avanços já conquistados pela humanidade.
Exemplo claro disso é a vedação à tortura, que se constitui em um direito humano absolu-
to, decorrente dos graves acontecimentos registrados em guerras mundiais e em movimentos
ditatoriais. Em razão desses eventos, a comunidade internacional voltou-se contra tal prática
e, atualmente, defende que a vedação à tortura é absoluta e universal. Assim, qualquer ato ou
norma de Estado que viole a dignidade da pessoa humana consistente em provocar sofrimen-
to a alguém de forma deliberada constitui violação aos Direitos Humanos e não poderá ser
permitido, sob pena de retrocesso de todas as conquistas registradas até aqui.
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Trata-se de questão relativamente fácil, eis que a redação dos itens I, III, IV e V se coadunam
com os ditames gerais da temática que envolve os princípios fundamentais da República, entre
eles, autodeterminação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os Estados, concessão de
asilo político. Frisa-se, ainda, a confusão acerca da redação do item II da questão, consideran-
do que os princípios surtem efeitos diretamente no ordenamento jurídico interno.
Letra d.
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a) I, III e IV.
b) II e III.
c) I, II e III.
d) I e IV.
e) II, III e IV.
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Nesse sentido, podemos afirmar que são princípios fundamentais que sustentam o orde-
namento jurídico brasileiro, revelando-se de extrema importância o estudo desses institutos
consubstanciados nos quatro primeiros artigos da Constituição Federal.
Antes de adentrarmos na seara relativa aos conceitos individuais principiológicos, é impor-
tante que o(a) candidato(a) entenda que os quatro primeiros artigos da Constituição Federal
são genericamente classificados como Princípios Fundamentais, contudo, de forma específica
e como a própria letra da CF/1988 apresenta, eles se classificam em: Fundamentos da Repú-
blica Federativa do Brasil, Tripartição dos Poderes, Objetivos Fundamentais e Princípios que
regem o Brasil em suas relações internacionais. Vejamos alguns detalhes a respeito de cada
grupo de “princípios fundamentais”:
a) Fundamentos da República Federativa do Brasil (artigo 1º, CF/1988):
Princípio Republicano: importante alicerce que garante a condução das ações do Estado
de acordo com os interesses do povo, caracterizado pelo trinômio eletividade (a eletividade
dos chefes dos poderes Legislativo e Executivo garante que o povo esteja sempre bem repre-
sentado na elaboração das normas e administração do Estado), temporariedade (estabelece
um prazo limite para a duração do mandato, fazendo com que a rotatividade assegure a reno-
vação dos ideais que devem reger o Estado) e responsabilidade (caracteriza-se pela neces-
sidade de prestação de contas pela administração pública, fazendo com que a transparência
nos assuntos do governo se torne fundamental para que o povo fiscalize as ações das autori-
dades por ele eleitas).
Princípio Federativo: Art. 1º (...) formada pela união indissolúvel dos Estados e Municí-
pios e do Distrito Federal (...) – É a forma de Estado. Como princípio fundamental, o federa-
lismo é responsável pela indissolubilidade do vínculo entre União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.
Princípio do Estado Democrático de Direito: Art. 1º (...) constitui-se em Estado Democrático
de Direito (...) – Por meio desse princípio, a República Federativa do Brasil é reconhecida como
de ordem estatal justa, mantenedora das liberdades públicas e do regime democrático9.
Princípio da Soberania: (art.1º, I) – Traz como característica a independência do país quan-
to a tomada de decisões, sem interferência externa. É denominado como “poder máximo”, um
atributo do Estado que confere a ele poder de decisão. É uma das características estatais que
é sempre acompanhada de dois requisitos básicos: o povo e o território, sem os quais o Estado
não conseguiria exercer sua soberania.
Princípio da Cidadania: (art. 1º, II) – É o vínculo jurídico-político que o cidadão possui com
o Estado. É a possibilidade que o cidadão tem de exercer seus direitos políticos.
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: (art. 1º, III) – Esse é um dos princípios que
mais se encaixa no contexto da defesa dos Direitos Humanos. Significa que todos devem ser
tratados de maneira digna, respeitosa e honrosa. Esse princípio aplica-se a diversas questões
9
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 6ª ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2011).
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Ainda sobre a Tripartição dos Poderes é importante frisar que o Estado possui a função
primária exercida pelo Legislativo, que tem a competência para criar leis que regem o Estado;
a função subsidiária, que pertence ao Judiciário na aplicação das leis elaboradas pelo legisla-
tivo; e a função complementar, a qual cabe ao Poder Executivo gerar situações concretas para
garantir a exequibilidade das leis.
10
OLIVEIRA, Sônia dos Santos. O Princípio da Livre Iniciativa. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 4, no 147. Disponível em:
<https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/artigo/851/o-principio-livre-iniciativa> Acesso em: 10 mai. 2018.
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por parte do Estado, preocupação essa muito presente no “Estado Democrático de Direito”, eis
que além do poder de decisão continuar a ser limitado pela lei, o Estado também deve levar em
consideração os valores sociais e os princípios fundamentais da Constituição.
Garantir o Desenvolvimento Nacional (art.3º, II): Deve ser entendido como um processo de
transformação da sociedade voltado para a realização da justiça social, que alcança a nação
brasileira em sua complexidade total, identidade coletiva e peculiaridades culturais. Trata-se
de uma das premissas mais distantes a serem atingidas no Brasil, considerando que o de-
senvolvimento social é medido por índices que se encontram em patamares inferiores aos
parâmetros estabelecidos pela comunidade internacional como, p.ex., a mortalidade infantil, a
geração de empregos, a alfabetização, dentre outros.
Erradicar a Pobreza e a Marginalização e Reduzir as Desigualdades Sociais e Regionais
(art.3º, III): A fome e a pobreza no nosso país ainda demandam muitos desafios para a Re-
pública, de modo que uma das formas de desenvolvimento social é a eliminação da pobreza
generalizada no país. Ainda temos um longo caminho pela frente. O mais importante é que
esse objetivo permaneça com status constitucional, influenciando cada vez mais não apenas
o nosso ordenamento jurídico, mas também as políticas públicas nas esferas federal, estadual,
municipal e distrital.
Promover o Bem de Todos, Sem Preconceitos de Origem, Raça, Sexo, Cor, Idade e Quais-
quer Outras Formas de Discriminação Regionais (art.3º, IV): Objetivo intrínseco idealizador da
igualdade formal, onde todos são iguais em direitos e deveres.
Ao estipular essas metas, a Constituição Brasileira automaticamente reconhece que o país
ainda possui muitos problemas, mas que ainda há tempo de mudar, mandando uma mensa-
gem muito clara aos representantes do povo de que esses objetivos não devem ser perdidos
de vista pelo país.
d) Princípios que regem o Brasil em suas relações internacionais (artigo 4º):
Independência Nacional (Art. 4º, I): Ligado à ideia de Estado Soberano, ou seja, a capaci-
dade que um Estado tem de assumir relações, por sua própria vontade, com outros países e
Organismos Internacionais.
Prevalência dos Direitos Humanos (Art. 4º, II): Para a Constituição Federal de 1988, os
Direitos Humanos não podem ser afrontados por qualquer relação comercial, tratado ou con-
venções assinadas.
Autodeterminação dos povos (Art. 4º, III): Princípio também vinculado à soberania, que
confere aos povos o direito de autogoverno e de decidirem livremente a sua situação política,
bem como aos Estados o direito de defender a sua existência e condição de independente. Os
povos, principais destinatários do princípio, são, do ponto de vista da Sociologia, conjuntos
de pessoas unidas por laços de sentimento de pertencerem a um mesmo grupo, laços estes
motivados por fatores em comum, que podem ser objetivos (cultura, religião, história, etnia,
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Concessão de Asilo Político (Art. 4º, X): Nas relações internacionais, o asilo político é
ferramenta utilizada com base no princípio da solidariedade como meio de proteção à pes-
soa humana, concedido a quem esteja sendo perseguido por motivos políticos, religiosos ou
de opinião.
Formação de uma Comunidade Latino-Americana de Nações (Art. 4º § único): A Repúbli-
ca Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos
da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Por
meio desse princípio é que o Brasil tem a missão de se integrar econômica, política, social e
culturalmente a outros países da América Latina.
Pois bem, como já abordado anteriormente, os princípios fundamentais garantem a apli-
cação das normas de forma a asseverar direitos que outrora poderiam ser maculados por im-
posições estatais. É por meio da aplicação dos princípios que são asseguradas a observância
dos direitos da pessoa humana em casos de violação por terceiros.
Vejamos como as bancas a seguir abordaram esse tema.
Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca do texto expresso
do art. 1º da CF/1988: “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito
e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político”.
Letra d.
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Trata-se de questão relativamente fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento básico acer-
ca dos princípios do juiz natural (prevê que qualquer pessoa possui a garantia de ser julgado
pelo Poder Judiciário por meio de um juiz competente, investido de jurisdição e imparcial) e do
promotor natural (prevê que ninguém será processado senão pelo órgão do Ministério Público,
dotado de amplas garantias pessoais e institucionais, de absoluta independência e liberdade
de convicção e com atribuições previamente fixadas e conhecidas).
Letra b.
O Título II da Constituição Federal de 1988, que trata dos Direitos e Garantias Fundamen-
tais, estabelece em seu Capítulo I os normativos garantidores dos Direitos Individuas e Coleti-
vos que cada cidadão brasileiro ou residente no Brasil dispõe.
É bem sabido que a Constituição Federal, se inspirou na Declaração Universal dos Direitos
Humanos para construir o caput do art. 5º, apresentando um texto com enormes semelhanças
daquele preconizado no art. 1º daquele documento, vejamos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade (...).
Art. 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e
consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Importante frisar a estrutura didática proposta por José Afonso da Silva11 a respeito dos
direitos fundamentais no tocante ao seu conteúdo, vejamos:
11
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional. 37ª ed. São Paulo: Malheiros, 2014. p. 186.
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Quanto ao inciso I do art. 5º, vale frisar que somente a Constituição pode estabelecer distin-
ções entre homens e mulheres, não se permitindo que leis ordinárias comprometam o direito
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constitucional à igualdade. Pode haver regulamentações via lei ordinária (CLT, serviço militar,
entre outras situações), contanto que a possibilidade de regulamentação esteja prevista na
Constituição, garantindo-se a eficácia e a aplicabilidade da norma constitucional.
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Outrossim, sempre que falamos em direitos e deveres individuais e coletivos, o(a) candida-
to(a) deve ficar atento uma vez que o rol do art. 5º é meramente exemplificativo, tendo em vista
que os direitos e deveres individuais e coletivos garantidos pela ordem jurídico-constitucional
brasileira não se resumem aos constantes somente do artigo 5º da Constituição, assim como
vimos anteriormente.
Um exemplo que podemos levantar sobre as questões inerentes à preservação dos direitos
e garantias fundamentais, aplicadas em legislação infraconstitucionais, é o caso da vedação
ao aborto, que também vem a ser uma garantia de proteção à inviolabilidade do direito à vida
e está previsto pelo Código Penal Brasileiro.
Nesse sentido, ressalta-se que o mesmo artigo 5º aplica a extensão do rol dos direitos e
garantias individuais no texto do § 2º, onde preconiza que os direitos e garantias expressos na
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Merece destaque no estudo do art. 5º da CF/1988 a previsão dos remédios constitucionais
para a defesa de direitos e garantias individuais e coletivas, em apertada síntese, a saber:
• Habeas Corpus (art. 5º, LXVIII): trata-se de instituto pertinente às violações de liberdade
de locomoção (ir, vir e permanecer), nos seguintes termos: “conceder-se-á habeas cor-
pus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”;
• Habeas Data (art. 5º, LXXII): trata-se de instituto de proteção à informação sobre a pes-
soa requerente e, em caso de informações incorretas, a adequação de sua veracidade,
nos seguintes termos: “conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento
de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos
de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”;
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• Mandado de Segurança (art. 5º, LXIX): em linhas gerais, instituto utilizado para amparar
situações envolvendo direitos líquidos e certos não alcançáveis via habeas corpus ou ha-
beas data, nos seguintes termos: “conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o res-
ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”;
• Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI): trata-se de instituto que garante a observância do
direito na ausência de regulamentação por parte do Poder Público, nos seguintes ter-
mos: “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentado-
ra torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”; e
• Ação Popular (art. 5º, LXXII): trata-se de instrumento direcionado às lesões ao patrimô-
nio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural, nos seguintes termos: “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Es-
tado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência”.
Diante de todo o exposto, entende-se que garantir os deveres e direitos individuais e co-
letivos assegura ao cidadão a possibilidade de uma vida digna, livre e igualitária, e ainda que
não estejam explicitamente aplicadas na própria constituição brasileira, o Estado não retira o
mérito de existência de outras garantias fundamentais existentes, conforme estabelece o §2º
do art. 5º como já citado anteriormente.
Recomenda-se, assim como em relação aos instrumentos de proteção dos direitos humanos,
a leitura na íntegra do artigo 5º da CF/1988, justamente para se ter uma completa noção dos
direitos ali previstos, que vão desde a garantia de igualdade entre homens e mulheres até o
direito de realização de reunião pacífica, passando por direitos religiosos, políticos, sociais,
culturais, econômicos, de liberdade, de dignidade, de integridade física, dentre outros.
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Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca do texto expresso
do inciso XL do art. 5º da CF/1988: “XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
Letra d.
Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca do texto expresso
do inciso XL do art. 5º da CF/1988: “XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;”.
Letra d.
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c) O cidadão que, naturalizado brasileiro, cometer crime comum em viagem a seu país de ori-
gem retornar ao Brasil poderá ser extraditado, bastando que haja solicitação do país da nacio-
nalidade anterior.
d) Servidor público que cometer crime no exercício da função não poderá ser condenado, na
esfera penal, a partir de prova obtida por meio ilícito; no entanto, essa mesma prova, comple-
mentada por outras provas lícitas, poderá ser utilizada para aplicar penalidade em eventual
processo administrativo movido contra o servidor.
e) O profissional que, trabalhando com divulgação de informações, veicular, em seu nome,
notícia de fonte sigilosa não estará sujeito a responder por eventuais prejuízos que essa divul-
gação causar a outrem.
Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca do texto expres-
so do inciso VIII do art. 5º da CF/1988: “VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;”.
Letra a.
A Constituição Federal de 1988 conjuga os direitos civis e políticos com expressões do tipo
“direitos sociais”, “bem-estar” e “desenvolvimento” associando-os à busca por uma sociedade
fraterna, justa, pluralista e sem preconceitos, valores esses consagrados na Declaração Uni-
versal dos Direitos Humanos, evidenciando a importância dos direitos econômicos, sociais e
culturais.
Tanto é assim que o art. 1º da CF/1988 prevê que os “valores sociais do trabalho” se apre-
sentam como fundamentos do Estado Democrático de Direito, assim como os art. 3º mencio-
na expressões do tipo “solidariedade”, “desenvolvimento nacional”, “erradicação da pobreza e
da marginalização”, redução de desigualdades sociais e regionais”, todas assumindo o pata-
mar de objetivos fundamentais da nossa República.
Nesse sentido também aparecem com destaque na CF/1988 os direitos sociais, com es-
pecial ênfase aos direitos à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao trans-
porte, ao lazer, à segurança, à previdência social, à maternidade e à infância e à assistência aos
desamparados, nos termos do art. 6º da Constituição, direitos esses detalhados no Título X da
CF (“Da Ordem Social”), nos seguintes termos:
(i) Direito à educação: detalhado por meio dos artigos 205 a 214 da CF/1988, trazendo
proposições e compromissos do Estado e da sociedade brasileira, visando o pleno desen-
volvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
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A previdência social, pelo viés constitucional, deve ser organizada sob a forma de regime
geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial, atendendo, nos termos da lei, a cobertura de doenças, morte
e idade avançada; a proteção à maternidade, especialmente à gestante; a proteção ao traba-
lhador em situação de desemprego involuntário; o salário-família e auxílio-reclusão para os
dependentes dos segurados de baixa renda; pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
ao cônjuge ou companheiro e dependentes (art. 201, CF/1988).
Já a assistência social, de acordo com o texto constitucional, deve ser prestada a quem
dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, tendo por objetivos a
proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças
e adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação e
reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida co-
munitária; bem como a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção
ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei (art. 203, CF/1988).
(iii) Proteção à família: prevista com especial ênfase no art. 7º da CF/1988 na esteira das
garantias de trabalho do homem e da mulher (salário, salário-família, licença maternidade e
paternidade, assistência gratuita em creches e pré-escolas a filhos e dependentes até cinco
anos de idade, a proteção do mercado de trabalho à mulher etc.), combinados a outros direitos
previstos nos artigos 226 a 230 da CF/1988, como as garantias do casamento civil; união es-
tável; proteção da criança, do adolescente e do idoso, dentre outros.
(iv) Proteção dos trabalhadores: previstos nos artigos 7º, 8º e 9º da CF/1988, consubstan-
ciando-se numa consolidação de direitos aos trabalhadores urbanos e rurais, com destaque
para a proteção da relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem justa causa; o segu-
ro-desemprego em caso de desemprego involuntário; o fundo de garantia do tempo de serviço;
salário mínimo nacionalmente unificado; décimo terceiro salário; proibição de diferença de
salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
estado civil; igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e
o trabalhador avulso; dentre outros.
(v) Direitos culturais: previstos nos artigos 215 e 216 da CF/1988, o pleno exercício dos
direitos culturais devem ser garantido pelo Estado, bem como o acesso às fontes da cultura
nacional, mediante apoio e incentivo à valorização e a difusão das manifestações culturais,
com especial proteção às manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras,
e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
Todos esses institutos previstos em nossa Constituição certamente sofreram influência di-
reta do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, adotado pela Reso-
lução n. 2.200-A, na XXI Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 19 de dezembro
de 1966, somente entrando em vigor dez anos depois, em 1976, tendo sido aprovado no Brasil
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Artigo 2º
1. Cada um dos Estados Partes no presente Pacto compromete-se a agir, quer com o seu próprio es-
forço, quer com a assistência e cooperação internacionais, especialmente nos planos econômico e
técnico, no máximo dos seus recursos disponíveis, de modo a assegurar progressivamente o pleno
exercício dos direitos reconhecidos no presente Pacto por todos os meios apropriados, incluindo em
particular por meio de medidas legislativas.
Sobre os aspectos da progressividade, vale frisar que a razão de sua existência se dá pelo
fato de que o reconhecimento de direitos de tamanha envergadura não se dá num curto es-
paço de tempo, demonstrando a necessidade de flexibilidade na identificação das situações
concretas e da efetivação dos direitos. Impõe-se, ao mesmo tempo, uma ação flexível e ágil
do Estado-parte na adoção de medidas para a efetivação dos direitos econômicos, sociais e
culturais dos indivíduos.
Assim como no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, o exercício dos direitos
previstos no Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais deve se dar
sem discriminação de qualquer natureza.
Um dos destaques do pacto também é o direito à autodeterminação dos povos, garan-
tindo-se que as pessoas determinem livremente seu estatuto político, assegurando seu livre
desenvolvimento econômico, social e cultural, bem como estabelecendo que os povos podem
dispor livremente de suas riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo das obrigações
decorrentes da cooperação econômica internacional, não podendo, em nenhuma hipótese, que
os povos se privem de seus meios de subsistência.
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Recomenda-se, assim como em relação aos outros instrumentos de proteção dos direitos hu-
manos, a leitura na íntegra do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Cultu-
rais, justamente para se ter uma completa noção dos direitos ali reconhecidos, que vão desde
a garantia de igualdade entre homens e mulheres no gozo de todos os direitos econômicos,
sociais e culturais; até o direito à educação, à gratuidade de educação primária; passando pelo
direito de fundar sindicatos, direito de greve, direito à previdência e seguro social, direito de
proteção à família, dentre outros.
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Muito embora o § 2º do art. 12 da CF/88 tenha sido claro ao prever que “A lei não poderá
estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados”, o próprio § 2º faz a ressalva de
que a Constituição Federal estabelece alguns casos em que ocorre o tratamento diferenciado
entre ambos.
Um exemplo claro de distinção é a ocupação de cargos públicos, tornando-se expressa a
vontade da sociedade brasileira que os cargos elencados nos incisos do § 3º do art. 12 são
privativos de brasileiros natos, como é o caso do Presidente e do Vice-Presidente da República,
estendendo-se a outras autoridades que ocupam a linha sucessória temporária da Presidência
da República em casos de afastamento do titular do cargo.
Outro exemplo claro de distinção é a possibilidade, para o brasileiro naturalizado, de ser
extraditado, em determinadas situações (art. 5º, LI, CF/88), o que é completamente vedado ao
brasileiro nato.
A partir dessas noções iniciais, podemos então dizer que no Brasil temos dois tipos de
nacionalidade:
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cumprindo missão oficial em nome do Brasil. Frisa-se que a expressão “esteja a serviço da
República Federativa do Brasil” significa dizer que o mesmo deva estar exercendo atividade
relacionada à Administração pública direta ou indireta em todas as suas esferas, inserindo-se
as atividades consulares, diplomáticas, bem como os serviços prestados por autarquias, em-
presas públicas e sociedades de economia mista.
c) art. 12, I, “c”: regra do “ius sanguinis” (critério sanguíneo) c/c critério residencial c/c
opção confirmativa: de acordo com essa regra, considera-se brasileiro nato o indivíduo que
nascer em território estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registra-
dos em repartição brasileira competente ou venham a residir no Brasil e optem, em qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
As hipóteses de aquisição da nacionalidade secundária, por meio da naturalização, es-
tão previstas nas alíneas “a” e “b” do inciso II do art. 12 da CF/88, apresentando-se na ver-
dade como regras mediante as quais os indivíduos podem ser considerados brasileiros na-
turalizados.
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Ainda no tocante aos direitos de nacionalidade, a Constituição Federal de 1988 prevê ex-
pressamente as hipóteses em que pode ser declarada a perda da nacionalidade de um brasi-
leiro, de acordo com as situações previstas nos incisos I e II do § 4º do art. 12, vejamos:
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Ainda sobre os direitos de nacionalidade, o art. 13 da CF/88 estabelece que a “língua por-
tuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil”, assim como o § 1º estabelece
que “São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo na-
cionais.” e o § 2º estabelece que “Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter
símbolos próprios.”
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Podemos dizer que direitos políticos são prerrogativas constitucionais ou direitos públicos
subjetivos que representam a medida de participação dos cidadãos no cenário governamen-
tal do Estado, refletindo o modo de atuação da soberania popular prevista no § único do art.
1º da CF/88.
A CF/88 trata os direitos políticos com enfoque na participação do processo eleitoral, iden-
tificando-se daí dois grupos que a doutrina classifica como direitos políticos positivos e direi-
tos políticos negativos, a saber:
Tratando-se inicialmente dos direitos políticos positivos, pode-se dizer que estes represen-
tam o conjunto de normas que asseguram a participação do povo no cenário eleitoral do Esta-
do, sendo também chamados de direitos cívicos, eis que garantem ao cidadão a participação
no processo político do país.
Nos termos do quadro acima, a essência dos direitos políticos positivos engloba o direito
de sufrágio em seus aspectos ativo (direito de votar) e passivo (direito de ser votado), os siste-
mas eleitorais (nas modalidades majoritário, proporcional e misto) e o procedimento eleitoral.
A CF/88, em seu art. 14, prevê que a “(...) soberania popular será exercida mediante o sufrá-
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos (...)”.
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Trata-se, pois, o sufrágio universal, do direito de votar e de ser votado, do exercício da ca-
pacidade eleitoral ativa e passiva de forma ampla e irrestrita, observando-se certos requisitos
gerais (p. ex., nacionalidade, idade, capacidade) e requisitos de forma (p.ex., a necessidade de
alistamento eleitoral), regramento esse previsto nos §§ 1º a 9º do art. 14 da CF/88.
Poderíamos aqui tecer várias considerações sobre as espécies de sufrágio e suas caracte-
rísticas, mas acredito que o foco deve ser o edital e o mesmo deve se concentrar nos direitos
políticos previstos na CF/88, o que nos remete a centralizar no sufrágio universal, no voto di-
reto e secreto, no alistamento eleitoral, nas condições de elegibilidade, bem como na perda ou
suspensão de direitos políticos.
Pois bem, falávamos do sufrágio universal, que, do ponto de vista da igualdade, classifica-
-se em igual (direito reconhecido a todos, com os mesmos pesos e medidas) ou desigual (uma
mesma pessoa pode votar mais de uma vez e o seu voto tem mais valor do que o dos outros).
Obviamente, como dito anteriormente, nos termos do caput do art. 14 da CF/88, o Brasil adota
o sufrágio universal por meio do voto direto e secreto com valor igual para todos.
É importante frisar que o art. 14 da CF/88 trata da soberania popular exercida pelo sufrágio
universal, pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, mediante as modalidades de
plebiscito, referendo e iniciativa popular, fazendo alusão à necessidade de lei para tratar dos
detalhes de sua implementação.
Quanto ao alistamento eleitoral e o voto, o § 1º do art. 14 da CF/88 prevê que ambos são
OBRIGATÓRIOS para maiores de 18 (dezoito) anos e FACULTATIVOS para analfabetos, maio-
res de 70 (setenta) anos e maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito) anos.
A CF/88 ainda prevê no § 2º do art. 14 a impossibilidade de alistamento eleitoral para
estrangeiros e para os conscritos, durante o período de serviço militar obrigatório, entenden-
do-se como conscritos aqueles convocados a prestar o serviço militar.
Retomando a lógica do nosso quadro acima, a essência a essência dos direitos políticos
positivos ainda engloba o direito de sufrágio em seu aspecto passivo, ou seja, o direito de ser
votado. A CF/88 traz no § 3º do art. 14 as condições de elegibilidade, que necessitam de lei
para tratar dos detalhes de sua implementação, vindo a compor os requisitos legais e cons-
titucionais que tornam o cidadão apto a pleitear cargos com mandatos políticos, sendo elas:
• A nacionalidade brasileira;
• O pleno exercício dos direitos políticos;
• O alistamento eleitoral;
• O domicílio eleitoral na circunscrição;
• A filiação partidária;
• A idade mínima de:
− 35 (trinta e cinco) anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
− 30 (trinta anos) para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
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− 21 (vinte e um) anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,
Vice-Prefeito e juiz de paz;
− 18 (dezoito) anos para Vereador.
Vale lembrar que a filiação partidária é regulamentada pela Lei n. 9.096, de 19 de setem-
bro de 1995, e suas alterações posteriores, estando a referida lei sendo objeto de discussão
judicial via Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI n. 5398) no âmbito do Supremo Tribunal
Federal, proposta pelo partido político Rede Sustentabilidade.
Ao mesmo tempo em que a CF/88 traz as condições para a elegibilidade dos cidadãos, o
mesmo diploma constitucional prevê em seu § 4º do art. 14º que serão inelegíveis os inalistá-
veis e os analfabetos, entendendo-se como inalistáveis aqueles que não reúnem as condições
de alistamento eleitoral.
Em relação aos cargos políticos com mandatos eletivos, a CF/88 traz situações específi-
cas nos §§ 5º a 7º do art. 14, vejamos:
CARGOS REGRAS
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protegidos, os direitos enunciados nos tratados internacionais de direitos humanos nos quais
o Brasil seja signatário, atribuindo a eles uma hierarquia de norma constitucional.
Ocorre que nem sempre foi esse o entendimento majoritário. O Supremo Tribunal Federal
entendia que os tratados internacionais de direitos humanos eram recepcionados no ordena-
mento interno com status de lei ordinária, entendimento esse confirmado inclusive na vigência
da atual Constituição Federal.
O cenário muda a partir da entrada em vigor da Emenda Constitucional n. 45/2004, que
incluiu o § 3º na redação do art. 5º da CF/1988, nos seguintes termos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regi-
me e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (g.n.)
Nesse sentido, pode-se afirmar que o Poder Constituinte, a partir da inclusão desse dis-
positivo, atribuiu aos tratados e convenções internacionais de proteção dos direitos humanos
equivalência às emendas constitucionais, passando a alcançar status de norma formal e ma-
terialmente constitucional.
A partir desse entendimento, a primeira conclusão foi de que a respeito dos demais trata-
dos que não tratassem de direitos humanos, o Supremo Tribunal Federal manteve o entendi-
mento de que seriam recepcionados na ordem interna com status de leis ordinárias.
Firmou-se entendimento também de que os tratados internacionais de direitos humanos
seriam recepcionados na ordem interna com status supralegal, ou seja, numa hierarquia “kel-
seniana” entre a Constituição e as leis ordinárias.
Já quanto aos tratados internacionais de direitos humanos aprovados nos termos do § 3º do
art. 5º da CF/1988, ou seja, após a entrada em vigor da Emenda Constitucional n. 45/2004, es-
ses seriam recepcionados com status de emendas constitucionais e, portanto, com hierarquia
de norma constitucional, desde que observado o procedimento de aprovação, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros.
A importância desse status se mostra ainda mais relevante no tocante à impossibilidade
de denúncia desses tratados internacionais, eis que adquirem contorno formal e materialmen-
te constitucional, passando a compor o texto constitucional, não sendo permitido que um ato
isolado (p.ex., denúncia) do Poder Executivo subtraia esses direitos da sociedade em geral.
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Sendo assim, confirmando esse entendimento, o STF passou a adotar em suas decisões
a teoria do duplo status dos tratados e convenções internacionais de direitos humanos, da
seguinte forma:
(i) Status Constitucional para os tratados que se submetem ao rito do § 3º do art. 5º da
CF/1988, a exemplo da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu
Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007 e incorporados
ao ordenamento via Decreto Legislativo n. 186/2008; promulgada via Decreto n. 6.949, de
25 de agosto de 2009. A respeito, Flávia Piovesan atribui a esses tratados a nomenclatura
de “Tratados
(ii) Status Supralegal para os tratados aprovados antes da Emenda Constitucional n.
45/2004 e mesmo os posteriores que não observarem o rito do § 3º do art. 5º da CF/1988,
posicionando-se abaixo da Constituição Federal, porém, acima da legislação ordinária interna.
Pois bem, dito isso, vejamos como a banca a seguir abordou esse tema.
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13
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Teoria Geral do Controle de Convencionalidade no Direito Brasileiro. Magistratura: Temas
Aprofundados. Salvador: Jus Podium, 2013.
14
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p
280-283.
15
GUERRA, Sidney. Curso de Direitos Humanos. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 178.
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Para Valério Mazzuoli16, “deve a lei ser compatível com a Constituição e com os tratados
internacionais (de direitos humanos e comuns) ratificados pelo governo. Caso a norma esteja
de acordo com a Constituição, mas não com eventual tratado já ratificado e em vigor no plano
interno, poderá ela ser considerada vigente (pois, repita-se, está de acordo com o texto cons-
titucional e não poderia ser de outra forma) – e ainda continuará perambulando nos compên-
dios legislativos publicados -, mas não poderá ser tida como válida, por não ter passado imune
a um dos limites verticais materiais agora existentes: os tratados internacionais em vigor no
plano interno”.
Bem, após nossa conversa sobre os direitos humanos e os direitos fundamentais na Cons-
tituição Federal de 1988, vamos partir agora para outros pontos também de extrema relevância
do edital: as Regras Mínimas da ONU para o Tratamento de Pessoas Presas (Regras de Man-
dela), a Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) e o Programa Nacional de Direitos
Humanos (Decreto n. 7.037/2009 e suas alterações). Não desanime, é a nossa reta final.
16
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Teoria Geral do Controle de Convencionalidade no Direito Brasileiro. Magistratura: Temas
Aprofundados. Salvador: Jus Podium, 2013. p. 382.
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cação em todos os locais do mundo, e após profunda análise acerca das normas existentes
sobre o tratamento de pessoas em privação de liberdade, a Comissão sobre Prevenção ao
Crime e Justiça Criminal, recomendou ao Conselho Econômico e Social a aprovação, via As-
sembleia Geral, de Resolução com vistas a estabelecer regras mínimas das Nações Unidas
para o tratamento de reclusos, vindo a ser aprovada em 17 de dezembro de 2015 a Resolução
70/175, passando a ser conhecida como “Regras de Mandela”, inspirada nos ditames previstos
na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Trata-se de documento que não tem a pretensão de descrever um modelo de sistema pri-
sional, buscando somente estabelecer bons princípios e práticas no tratamento de presos e
na gestão prisional, servindo como estímulo para o constante empenho das autoridades na
superação das dificuldades de implementação da política prisional.
Uma primeira observação a ser feita quanto ao escopo das regras diz respeito ao âmbito de
sua aplicação, considerando que as “Regras de Mandela” não buscam regular a gestão de ins-
tituições reservadas para jovens em conflito com a lei, tais como as unidades de internação
e semiliberdade, podendo apenas serem levadas em consideração quanto aos seus aspec-
tos gerais. Uma das razões para tanto seria o fato de que a categoria de presos juvenis deve
compreender pelo menos todos os jovens que estão sob a jurisdição das cortes juvenis, não
cabendo, em tese, para tais jovens, condenação a penas de reclusão.
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Um dos grandes destaques entre os princípios básicos é a Regra 4, que trata dos objetivos
da pena de prisão:
Regra 4
1. Os objetivos de uma pena de prisão ou de qualquer outra medida restritiva da liberdade são, prio-
ritariamente, proteger a sociedade contra a criminalidade e reduzir a reincidência. Estes objetivos só
podem ser alcançados se o período de detenção for utilizado para assegurar, sempre que possível,
a reintegração destas pessoas na sociedade após a sua libertação, para que possam levar uma vida
autossuficiente e de respeito para com as leis.
2. Para esse fim, as administrações prisionais e demais autoridades competentes devem proporcio-
nar educação, formação profissional e trabalho, bem como outras formas de assistência apropria-
das e disponíveis, incluindo aquelas de natureza reparadora, moral, espiritual, social, desportiva e de
saúde. Estes programas, atividades e serviços devem ser facultados de acordo com as necessida-
des individuais de tratamento dos reclusos.
Tais princípios também se referem à imparcialidade na aplicação das regras, aos objeti-
vos de uma sentença de encarceramento ou de medida restritiva de liberdade, bem como às
particularidades que envolvem os presos portadores de deficiências físicas, mentais ou outra
incapacidade.
As regras de aplicação geral também apresentam questões atinentes ao registro dos pre-
sos em locais de encarceramento, à obrigatoriedade de que a admissão de pessoa a um esta-
belecimento prisional seja condicionada à apresentação de uma ordem de detenção válida, à
necessidade de separação das pessoas em categorias de presos (homens e mulheres, jovens
e adultos, presos preventivos e presos condenados, presos por dívidas e presos por infrações
criminais), às acomodações da unidade prisional, à higiene pessoal e vestuário dos presos, à
alimentação e serviços de saúde e esporte.
Também fazem parte do escopo de regras de aplicação geral aquelas atinentes à discipli-
na e sanções em casos de infração disciplinar, aos instrumentos de restrição de liberdade ou
de locomoção (correntes, imobilizadores de ferro – desde que seu uso não importe em ações
degradantes ou dolorosas aos presos), às revistas íntimas e inspeção em celas, ao recebimen-
to de informações e direito de queixa por parte dos presos, à garantia de contato dos presos
com o mundo exterior, à garantia de acesso a livros, ao exercício da religião, à garantia de que
os pertences (dinheiro, objetos de valor, roupas etc.) dos presos seja retidos e mantidos em
segurança.
Outra garantia de extrema importância se refere ao direito do preso informar imediata-
mente a sua família, ou qualquer outra pessoa designada como seu contato, sobre seu encar-
ceramento, ou sobre sua transferência para outra unidade prisional, ou, ainda, sobre qualquer
doença ou ferimento graves.
As regras de aplicação geral também apresentam questões atinentes às investigações
internas no âmbito da unidade prisional, à remoção de presos entre unidades prisionais, à
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Seção C
Reclusos detidos ou a aguardar julgamento
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A Resolução também prevê que o serviço de saúde das instituições prisionais deve propor-
cionar tratamento psiquiátrico a todos os prisioneiros que necessitarem.
No mesmo contexto das regras aplicáveis a categorias especiais, a Seção C diz respeito
aos presos sob custódia ou aguardando julgamento, trazendo dispositivos que garantem trata-
mento diferenciado aos presos nessas condições, reservando o tratamento a estes como “pre-
sos não julgados”, garantindo-lhes a presunção de inocência; a acomodação em instalações
separadas dos presos condenados; a possibilidade de acesso a alimentação proveniente de
ambiente externo à unidade prisional; a possibilidade de utilizar suas próprias roupas; o direito
de ter à sua disposição material para escrever, a fim de preparar os documentos relacionados
à sua defesa; o direito de ser imediatamente informado das razões de sua detenção e sobre
quaisquer acusações que pesem contra ele, dentre outras garantias.
Ainda no tocante às regras aplicáveis a categorias especiais, a Seção D diz respeito aos
chamados “presos civis” (Regra 121), entendendo-se por aquelas privações de liberdade oriun-
das de dívidas ou por ordem judicial referente a processo não criminal. Nesses casos, a reso-
lução prevê que os reclusos não devem ser submetidos a maiores restrições nem ser tratados
com maior severidade do que for necessário para manter a segurança e a ordem; garantindo-
-se, ainda, que o “(...) seu tratamento não deve ser menos favorável do que o dos detidos preven-
tivamente, sob reserva, porém, da eventual obrigação de trabalhar”.
Por fim, as regras aplicáveis a categorias especiais fazem alusão às pessoas presas ou
detidas sem acusação (Seção E – Regra 122), tratando-se de garantias aplicáveis a indivíduos
presos ou detidos sem acusação nas mesmas proporções dos presos sob custódia ou aguar-
dando julgamento, em especial no tocante à presunção de inocência, garantindo-se que não
sejam tomadas medidas que impliquem na reeducação ou reabilitação de indivíduos que não
foram condenados por qualquer crime.
Prezado(a) candidato(a), com vistas a tentar contribuir um pouco com o seu estudo sobre
as Regras de Mandela, preparei um quadro que relaciona as Regras da Resolução 70/175 com
as temáticas às quais estão vinculadas, recomendando-se, como sempre, a leitura na íntegra
do documento, eis que as bancas podem vir a explorar o conhecimento do(a) candidato(a)
acerca do texto original. Vale uma atenciosa leitura para uma boa fixação e um bom direciona-
mento do estudo:
Resolução 70/175 da Assembleia Geral – Regras Mínimas das Nações Unidas
para o Tratamento de Reclusos (Regras de Mandela)
PARTE I – REGRAS DE APLICAÇÃO GERAL
Princípios básicos Regras 1 a 5
Registros de reclusos Regras 6 a 10
Separação de categorias de reclusos Regra 11
Alojamento Regras 12 a 17
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Seção C
Reclusos detidos ou a aguardar julgamento
Presunção de inocência Regra 111
Separação dos reclusos condenados Regra 112
Regra de pernoite Regra 113
Alimentação diferenciada Regra 114
Vestuário Regra 115
Trabalho Regra 116
Acesso a livros, jornais, material para
Regra 117
escrever e outros meios de ocupação
Visitação e tratamento médico Regra 118
Informações sobre as razões de sua
detenção e as acusações contra si, bem Regras 119 e 120
como acesso a advogado
Seção D – Presos Civis
Prisão por dívidas ou oriundas de processo
não criminal – reclusos não submetidos
Regra 121
a maiores restrições, nem a tratamentos
severos
Seção E – Pessoas presas ou detidas sem acusação
Presunção de inocência e outras garantias
Regra 122
aplicáveis a reclusos preventivos
Muito bem, finalizamos por aqui os assuntos pertinentes às Regras Mínimas das Nações
Unidas para o Tratamento de Reclusos, conhecidas como “Regras de Mandela”, com a suges-
tão de que você leia com atenção a íntegra dos dispositivos, para uma visão mais completa
desse normativo.
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A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) representa um ato de organização in-
ternacional, de modo que prescinde de incorporação ao direito interno, como se exige para
tratados ordinários de direitos humanos.
Com texto extremamente amplo, a DUDH compreende e reconhece vários direitos e facul-
dades sem os quais uma pessoa, independentemente de sua raça, religião ou sexo, não poderia
desenvolver sua personalidade física, moral e intelectual, reforçando, assim, a característica de
universalidade do documento, seja qual for o regime político do território em que for aplicado.
Quanto ao seu conteúdo, possui 30 (trinta) artigos inspirados em duas dimensões dos
direitos humanos, com ênfase na universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direi-
tos humanos:
• Direitos de 1ª dimensão (direitos civis e políticos): materializados nos artigos I a XXI;
• Direitos de 2ª dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais): materializados nos
artigos XXII a XXX.
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No tocante ao seu preâmbulo, vale frisar que seu texto significa um fundamento referencial
deste diploma, sendo inclusive utilizado como referência para edições de outros diplomas de
direitos humanos, também merecendo destaque o texto que proclama a declaração, vejamos:
A ASSEMBLÉIA GERAL
proclama
A PRESENTE DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS HUMANOS
como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que
cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce,
através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconheci-
mento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros,
quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
Nesse sentido, a partir dessas premissas, é possível verificar que desde seu preâmbulo a
DUDH reforça o conceito da dignidade como característica inerente a todo ser humano e que
em razão disso torna-se igualmente titular de direitos que deles não se pode alienar. Essa ve-
rificação é possível quando constatamos a utilização das expressões “todos” e “ninguém” no
texto da Declaração, reforçando sua característica universalista, pautada na dignidade como
grande fundamento dos direitos humanos.
A Declaração também aborda, na lição da Profa. Flávia Piovesan17 a característica contem-
porânea da indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos, trazendo em seu conteú-
do de maneira conjugada direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, inaugurando
uma importante inovação no contexto dos direitos humanos, eis que a fruição de um passa a
estar atrelada à do outro.
A partir então da perspectiva contemporânea da DUDH, passa-se a ser possível inferir que
os direitos humanos são universais, eis que todos os seres humanos são seus titulares, ou
seja, a condição para usufruir de tais direitos seria a condição de ser uma pessoa e, ainda, a
dignidade humana passa a ser o fator que torna a todos igualmente sujeitos dos mesmos di-
reitos e obrigações. Ao mesmo tempo, a contemporaneidade possibilita inferir que os direitos
17
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o direito constitucional internacional. 7ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2006. p. 151.
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humanos são interdependentes e indivisíveis, uma vez que não seria possível conceber a ga-
rantia de um direito isoladamente, reforçando-se que a efetividade dos direitos civis e políticos
somente ocorre a partir da efetividade dos direitos econômicos, sociais e culturais.
O Prof. Celso Lafer, ao refletir sobre a fundamental importância do princípio da isonomia como
critério de organização do Estado-nação18, em contraponto à redação do Artigo I da Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH), argumenta não ser verdade que “todos os homens
nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, afirmando que nós não nascemos iguais, mas
“(...) nós nos tornamos iguais como membros de uma coletividade em virtude de uma decisão
conjunta que garante a todos direitos iguais”. Segundo o aludido autor, a igualdade não é um
dado, “(...) Ela é um construído, elaborado convencionalmente pela ação conjunta dos homens
através da organização da comunidade política”.
A partir dessa reflexão do Prof. Celso Lafer, é possível pensar a característica de indisso-
lubilidade dos direitos humanos, é possível refletir o direito individual do cidadão de autode-
terminar-se politicamente, de exercer seus direitos políticos, dentre outras reflexões possíveis.
Prezado(a) candidato(a), é muito comum verificar que algumas bancas trazem questões
com assertivas retiradas exatamente do corpo de texto das normas internacionais. Sendo as-
sim, preparei um quadro que relaciona os artigos da DUDH com as temáticas às quais estão
vinculados. Vale uma atenciosa leitura para uma boa fixação:
18
LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 1988. p. 150.
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Trata-se de questão relativamente fácil, bastando ao(à) candidato(a) se atentar para o texto
da Declaração Universal dos Direitos Humanos, especificamente para a redação do item 1 do
Artigo XXVI.
Letra c.
Trata-se de questão relativamente fácil, bastando ao(à) candidato(a) se atentar para o texto
da Declaração Universal dos Direitos Humanos, especificamente para a redação do item 2 do
Artigo XVII.
Letra b.
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Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de fortalecimen-
to da democracia participativa.
Objetivo estratégico I: Garantia da participação e do controle social das políticas públicas em Direi-
tos Humanos, em diálogo plural e transversal entre os vários atores sociais.
Objetivo estratégico II: Ampliação do controle externo dos órgãos públicos.
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Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das políticas públi-
cas e de interação democrática.
Objetivo estratégico I: Promoção dos Direitos Humanos como princípios orientadores das políticas
públicas e das relações internacionais.
Objetivo estratégico II: Fortalecimento dos instrumentos de interação democrática para a promoção
dos Direitos Humanos.
Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informação em Direitos Humanos e construção
de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação.
Objetivo estratégico I: Desenvolvimento de mecanismos de controle social das políticas públicas de
Direitos Humanos, garantindo o monitoramento e a transparência das ações governamentais.
Objetivo estratégico II: Monitoramento dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado
brasileiro em matéria de Direitos Humanos.
Nos anos 1990, firmaram-se como sujeitos na formulação e monitoramento das políticas
públicas, desempenhando papel fundamental na resistência a todas as orientações do ne-
oliberalismo de flexibilização dos direitos sociais, privatizações, dogmatismo do mercado e
enfraquecimento do Estado. Com as eleições de 2002, a sociedade civil organizada pautou rei-
vindicações históricas acumuladas, passando a influenciar diretamente a atuação do governo.
Uma das finalidades do PNDH-3 é dar continuidade à integração e ao aprimoramento dos
mecanismos de participação existentes, bem como criar novos meios de construção e moni-
toramento das políticas públicas sobre Direitos Humanos no Brasil. Frisa-se, também, a possi-
bilidade de ampliação das conquistas na área dos direitos e garantias fundamentais, eis que
o Programa internaliza a diretriz segundo a qual a primazia dos Direitos Humanos constitui
princípio transversal a ser considerado em todas as políticas públicas.
A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo II (Desenvolvimento e Direitos Humanos) se
justifica em virtude do tema se mostrar multidisciplinar e bastante debatido, pressupondo que
engloba temáticas referentes à livre determinação dos povos, ao reconhecimento de soberania
sobre seus recursos e riquezas naturais, ao respeito pleno à sua identidade cultural e à busca
de equidade na distribuição das riquezas.
O Eixo Orientador II se subdivide em 03 (três) Diretrizes que também se subdividem em
objetivos estratégicos, a saber:
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Objetivo estratégico I: Garantia da participação e do controle social nas políticas públicas de desen-
volvimento com grande impacto socioambiental.
Objetivo estratégico II: Afirmação dos princípios da dignidade humana e da equidade como funda-
mentos do processo de desenvolvimento nacional.
Objetivo estratégico III: Fortalecimento dos direitos econômicos por meio de políticas públicas de
defesa da concorrência e de proteção do consumidor.
Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos, incluindo as gera-
ções futuras como sujeitos de direitos.
Objetivo estratégico I: Afirmação dos direitos ambientais como Direitos Humanos
Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, assegu-
rando a cidadania plena.
Objetivo estratégico I: Universalização do registro civil de nascimento e ampliação do acesso à do-
cumentação básica.
Objetivo estratégico II: Acesso à alimentação adequada por meio de políticas estruturantes.
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Objetivo estratégico III: Garantia do acesso à terra e à moradia para a população de baixa renda e
grupos sociais vulnerabilizados.
Objetivo estratégico IV: Ampliação do acesso universal a sistema de saúde de qualidade.
Objetivo estratégico V: Acesso à educação de qualidade e garantia de permanência na escola.
Objetivo estratégico VI: Garantia do trabalho decente, adequadamente remunerado, exercido em
condições de equidade e segurança.
Objetivo estratégico VII: Combate e prevenção ao trabalho escravo.
Objetivo estratégico VIII: Promoção do direito à cultura, lazer e esporte como elementos formadores
de cidadania.
Objetivo estratégico IX: Garantia da participação igualitária e acessível na vida política.
Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento integral,
de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação.
Objetivo estratégico I: Proteger e garantir os direitos de crianças e adolescentes por meio da conso-
lidação das diretrizes nacionais do ECA, da Política Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos
Direitos da Criança e do Adolescente e da Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU
Objetivo estratégico II: Consolidar o Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes,
com o fortalecimento do papel dos Conselhos Tutelares e de Direitos.
Objetivo estratégico III: Proteger e defender os direitos de crianças e adolescentes com maior vul-
nerabilidade.
Objetivo estratégico IV: Enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes.
Objetivo estratégico V: Garantir o atendimento especializado a crianças e adolescentes em sofri-
mento psíquico e dependência química.
Objetivo estratégico VI: Erradicação do trabalho infantil em todo o território nacional.
Objetivo estratégico VII: Implementação do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Si-
nase).
Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais.
Objetivo estratégico I: Igualdade e proteção dos direitos das populações negras, historicamente
afetadas pela discriminação e outras formas de intolerância.
Objetivo estratégico II: Garantia aos povos indígenas da manutenção e resgate das condições de
reprodução, assegurando seus modos de vida.
Objetivo estratégico III: Garantia dos direitos das mulheres para o estabelecimento das condições
necessárias para sua plena cidadania.
Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade.
Objetivo estratégico I: Afirmação da diversidade para a construção de uma sociedade igualitária.
Objetivo estratégico II: Proteção e promoção da diversidade das expressões culturais como Direito
Humano.
Objetivo estratégico III: Valorização da pessoa idosa e promoção de sua participação na sociedade.
Objetivo estratégico IV: Promoção e proteção dos direitos das pessoas com deficiência e garantia
da acessibilidade igualitária.
Objetivo estratégico V: Garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero.
Objetivo estratégico VI: Respeito às diferentes crenças, liberdade de culto e garantia da laicidade do
Estado.
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Com base na justificativa para o Eixo III, o Programa assimila os grandes avanços con-
quistados ao longo dos últimos anos tanto nas políticas de erradicação da miséria e da fome,
quanto na preocupação com a moradia e saúde, e aponta para a continuidade e ampliação do
acesso a tais políticas, fundamentais para garantir o respeito à dignidade humana e preconizar
a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência dos Direitos Humanos.
Vejamos como a banca a seguir abordou os temas relacionados a esse eixo do programa.
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Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança pública e justiça criminal.
Objetivo estratégico I: Publicação de dados do sistema federal de segurança pública.
Objetivo estratégico II: Consolidação de mecanismos de participação popular na elaboração das
políticas públicas de segurança.
Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e profissionalização da investigação de atos
criminosos.
Objetivo estratégico I: Ampliação do controle de armas de fogo em circulação no país.
Objetivo estratégico II: Qualificação da investigação criminal.
Objetivo estratégico III: Produção de prova pericial com celeridade e procedimento padronizado.
Objetivo estratégico IV: Fortalecimento dos instrumentos de prevenção à violência.
Objetivo estratégico V: Redução da violência motivada por diferenças de gênero, raça ou etnia, idade,
orientação sexual e situação de vulnerabilidade.
Objetivo estratégico VI: Enfrentamento ao tráfico de pessoas.
Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução da
letalidade policial e carcerária.
Objetivo estratégico I: Fortalecimento dos mecanismos de controle do sistema de segurança pública.
Objetivo estratégico II: Padronização de procedimentos e equipamentos do sistema de segurança
pública.
Objetivo estratégico III: Consolidação de política nacional visando à erradicação da tortura e de ou-
tros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
Objetivo estratégico IV: Combate às execuções extrajudiciais realizadas por agentes do Estado.
Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas.
Objetivo estratégico I: Instituição de sistema federal que integre os programas de proteção.
Objetivo estratégico II: Consolidação da política de assistência a vítimas e a testemunhas ameaçadas.
Objetivo estratégico III: Garantia da proteção de crianças e adolescentes ameaçados de morte.
Objetivo estratégico IV: Garantia de proteção dos defensores de Direitos Humanos e de suas ativi-
dades.
Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medi-
das alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário.
Objetivo estratégico I: Reestruturação do sistema penitenciário.
Objetivo estratégico II: Limitação do uso dos institutos de prisão cautelar.
Objetivo estratégico III: Tratamento adequado de pessoas com transtornos mentais.
Objetivo estratégico IV: Ampliação da aplicação de penas e medidas alternativas.
Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a
garantia e a defesa dos direitos.
Objetivo estratégico I: Acesso da população à informação sobre seus direitos e sobre como garan-
ti-los.
Objetivo estratégico II: Garantia do aperfeiçoamento e monitoramento das normas jurídicas para
proteção dos Direitos Humanos.
Objetivo estratégico III: Utilização de modelos alternativos de solução de conflitos.
Objetivo estratégico IV: Garantia de acesso universal ao sistema judiciário.
Objetivo estratégico V: Modernização da gestão e agilização do funcionamento do sistema de justiça.
Objetivo estratégico VI: Acesso à Justiça no campo e na cidade.
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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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Em linhas gerais, o PNDH-3, na perspectiva do Eixo IV, aponta para a necessidade de ampla
reforma no modelo de polícia e propõe o aprofundamento do debate sobre a implantação do
ciclo completo de policiamento às corporações estaduais. Prioriza transparência e participa-
ção popular, instando ao aperfeiçoamento das estatísticas e à publicação de dados, assim
como à reformulação do Conselho Nacional de Segurança Pública. Contempla a prevenção da
violência e da criminalidade como diretriz, ampliando o controle sobre armas de fogo e indican-
do a necessidade de profissionalização da investigação criminal.
Nesse sentido, em relação ao Eixo IV, o PNDH-3 apresenta propostas para que o Poder Pú-
blico se aperfeiçoe no desenvolvimento de políticas públicas de prevenção ao crime e à violên-
cia, reforçando a noção de acesso universal à Justiça como direito fundamental, e sustentando
que a democracia, os processos de participação e transparência, aliados ao uso de ferramen-
tas científicas e à profissionalização das instituições e trabalhadores da segurança, assinalam
os roteiros mais promissores para que o Brasil possa avançar no caminho da paz pública.
A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo V (Educação e cultura em Direitos Humanos)
se justifica em virtude da necessidade de uma nova mentalidade coletiva para o exercício da
solidariedade, do respeito às diversidades e da tolerância, em plena sintonia com o Plano Na-
cional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH).
O Eixo Orientador V se subdivide em 05 (cinco) Diretrizes que se subdividem em objetivos
estratégicos, a saber:
Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação em Direitos
Humanos para fortalecer cultura de direitos.
Objetivo estratégico I: Implementação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.
Objetivo Estratégico II: Ampliação de mecanismos e produção de materiais pedagógicos e didáticos
para Educação em Direitos Humanos.
Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de
educação básica, nas instituições de ensino superior e nas instituições formadoras.
Objetivo Estratégico I: Inclusão da temática de Educação e Cultura em Direitos Humanos nas esco-
las de educação básica e em instituições formadoras.
Objetivo Estratégico II: Inclusão da temática da Educação em Direitos Humanos nos cursos das
Instituições de Ensino Superior (IES).
Objetivo Estratégico III: Incentivo à transdisciplinaridade e transversalidade nas atividades acadêmi-
cas em Direitos Humanos.
Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como espaço de defesa e promoção dos Di-
reitos Humanos.
Objetivo Estratégico I: Inclusão da temática da educação em Direitos Humanos na educação não
formal.
Objetivo estratégico II: Resgate da memória por meio da reconstrução da história dos movimentos
sociais.
Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no serviço público.
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Objetivo Estratégico I: Formação e capacitação continuada dos servidores públicos em Direitos Hu-
manos, em todas as esferas de governo.
Objetivo Estratégico II: Formação adequada e qualificada dos profissionais do sistema de segurança
pública.
Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para a conso-
lidação de uma cultura em Direitos Humanos.
Objetivo Estratégico I: Promover o respeito aos Direitos Humanos nos meios de comunicação e o
cumprimento de seu papel na promoção da cultura em Direitos Humanos.
Objetivo Estratégico II: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação.
Acerca do tema central tratado nesse eixo, vale frisar que a educação em direitos humanos
articula, entre outros elementos: a) a apreensão de conhecimentos historicamente construídos
sobre Direitos Humanos e a sua relação com os contextos internacional, regional, nacional e lo-
cal; b) a afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos Direitos
Humanos em todos os espaços da sociedade; c) a formação de consciência cidadã capaz de
se fazer presente nos níveis cognitivo, social, ético e político; d) o desenvolvimento de proces-
sos metodológicos participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais
didáticos contextualizados; e) o fortalecimento de políticas que gerem ações e instrumentos
em favor da promoção, da proteção e da defesa dos Direitos Humanos, bem como da repara-
ção das violações.
A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo VI (Direito à Memória e à Verdade) se justifica
em virtude da importância de investigar o passado para uma melhor construção da cidadania,
resgatando a verdade e reforçando a memória individual e coletiva.
O Eixo Orientador VI se subdivide em 03 (três) Diretrizes que se subdividem em objetivos
estratégicos, a saber:
Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como Direito Humano da cidadania e dever
do Estado.
Objetivo Estratégico I: Promover a apuração e o esclarecimento público das violações de Direitos
Humanos praticadas no contexto da repressão política ocorrida no Brasil no período fixado pelo
artigo 8º do ADCT da Constituição, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e pro-
mover a reconciliação nacional.
Diretriz 24: Preservação da memória histórica e a construção pública da verdade.
Objetivo Estratégico I: Incentivar iniciativas de preservação da memória histórica e de construção
pública da verdade sobre períodos autoritários.
Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com a promoção do direito à memória e à ver-
dade, fortalecendo a democracia.
Objetivo Estratégico I: Suprimir do ordenamento jurídico brasileiro eventuais normas remanescentes
de períodos de exceção que afrontem os compromissos internacionais e os preceitos constitucio-
nais sobre Direitos Humanos.
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Vale frisar que a compreensão do passado por intermédio da narrativa da herança histórica
e pelo reconhecimento oficial dos acontecimentos possibilita aos cidadãos construírem os
valores que indicarão sua atuação no presente. O acesso a todos os arquivos e documentos
produzidos durante o regime militar, p. ex., é fundamental no âmbito das políticas de proteção
dos Direitos Humanos.
As ações programáticas deste eixo orientador têm como finalidade assegurar o processa-
mento democrático e republicano de todo um período da história brasileira, para que se viabili-
ze o desejável sentimento de reconciliação nacional.
No tocante à implementação do Programa, o Decreto instituiu o Comitê de Acompanha-
mento e Monitoramento do PNDH-3, com a finalidade de promover a articulação entre os ór-
gãos e entidades envolvidos na implementação das suas ações programáticas; elaborar os
Planos de Ação dos Direitos Humanos; estabelecer indicadores para o acompanhamento, mo-
nitoramento e avaliação dos Planos de Ação dos Direitos Humanos; acompanhar a implemen-
tação das ações e recomendações; e elaborar e aprovar seu regimento interno.
Quanto à representatividade, vale frisar a previsão constante do Decreto acerca da possibi-
lidade de que o Comitê convide representantes dos demais Poderes, da sociedade civil e dos
entes federados para participarem de suas reuniões e atividades.
Vejamos como as bancas a seguir abordaram os temas relacionados ao Programa.
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Muito bem, finalizamos por aqui nossa abordagem aos principais pontos do PNDH-3, com
a reiteração da sugestão de que você leia com atenção todos os dispositivos do Programa (di-
retrizes, objetivos estratégicos, eixos orientadores etc.), para uma visão mais completa desse
normativo.
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conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, entrou em vigor no dia 18 de julho de 1978,
tendo sido aprovada no Brasil por meio do Decreto Legislativo n. 27, de 26 de maio de 1992.
Trata-se de um dos principais instrumentos, se não for o principal, de implementação de
direitos humanos no âmbito do Sistema Regional Interamericano, tendo como propósito a con-
solidação, dentro do quadro das instituições democráticas, de um regime de liberdade e de
justiça, instituído por meio do respeito aos princípios basilares dos direitos humanos.
Quanto ao objeto, versa sobre a proteção aos direitos civis e políticos, ou seja, direitos de
1ª Dimensão, indicando logo em seu Artigo 1º19 um comando de obrigação aos Estados-Mem-
bros no respeito aos direitos ali consagrados. Esse artigo é o vetor dos documentos interna-
cionais de direitos humanos, impondo respeito estatal aos direitos e liberdades reconhecidos,
sem discriminações que importam na não efetivação e a não proteção desses direitos ineren-
tes à condição de pessoa humana.
Quanto ao dever de adotar disposições de direito interno, o Artigo 2 prevê que os referidos
direitos consagrados na Convenção devem ser adotados e protegidos por Estados-membros
em cada ordenamento jurídico pátrio20. Nesse sentido, a partir do momento em que o Estado
se torna parte, ele assume o compromisso previsto no Pacto.
A esse respeito, na lição de Fabiano Melo21, se os direitos consagrados não estiverem ga-
rantidos em seu ordenamento jurídico ou demandarem ajustes, o Estado Parte deve adotar
as medidas necessárias para a proteção, promoção e exercício das obrigações previstas no
Pacto. Compromete-se, ainda, o Estado-Membro, a não editar leis que atentem ou restrinjam o
gozo dos direitos humanos ali consagrados.
Com base no mesmo argumento anterior, tomei a liberdade de preparar um quadro que
relaciona os Artigos 3 a 25 do Pacto com as temáticas às quais estão vinculados (em conjunto
com os Artigos 1 e 2, representam direitos de 1ª dimensão). Vale uma atenciosa leitura para
uma boa fixação:
19
Artigo 1, item 1: Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhe-
cidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma
por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social,
posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social.
20
Artigo 2: Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legis-
lativas ou de outra natureza, os Estados Partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas constitucionais
e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar
efetivos tais direitos e liberdades.
21
OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalvez de. Direitos humanos. São Paulo: Método. 2016. p. 165.
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22
Art. 4: 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o
momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. 2. Nos países que não houverem abolido a pena
de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e
em conformidade com lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá
sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente. 3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a
hajam abolido. 4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos, nem por delitos comuns conexos
com delitos políticos. 5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do delito, for menor de
dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez. 6. Toda pessoa condenada à morte tem direito
a solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a
pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente.
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Acerca da aplicação das normas, são competentes para conhecer dos assuntos relaciona-
dos com o cumprimento dos compromissos assumidos pelos Estados Partes na Convenção: a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
A Comissão representa todos os membros da Organização dos Estados Americanos, ten-
do como mote a promoção da observância e da defesa dos direitos humanos, com as seguin-
tes funções e atribuições:
Artigo 41
A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos direitos humanos e,
no exercício do seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:
a. estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América;
b. formular recomendações aos governos dos Estados-membros, quando o considerar conveniente,
no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos humanos no âmbito de suas
leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como disposições apropriadas para promover o
devido respeito a esses direitos;
c. preparar os estudos ou relatórios que considerar convenientes para o desempenho de suas fun-
ções;
d. solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe proporcionem informações sobre as medi-
das que adotarem em matéria de direitos humanos;
e. atender às consultas que, por meio da Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos,
lhe formularem os Estados-membros sobre questões relacionadas com os direitos humanos e, den-
tro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que eles lhe solicitarem;
f. atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua autoridade, de confor-
midade com o disposto nos artigos 44 a 51 desta Convenção; e
g. apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos.
Vale frisar que qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legal-
mente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização dos Estados America-
nos, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação
desta Convenção por um Estado Parte, tendo como pressupostos, nos termos do Artigo 46:
a. que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os prin-
cípios de direito internacional geralmente reconhecidos;
b. que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido preju-
dicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;
c. que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de solução
internacional; e
d. que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e
a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a petição.
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Não se aplicarão as disposições contidas nas alíneas “a” e “b” acima mencionadas quando
(i) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a
proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados; (ii) não se houver permitido
ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou
houver sido ele impedido de esgotá-los; e (iii) houver demora injustificada na decisão sobre os
mencionados recursos.
Recomenda-se, assim como em relação aos outros instrumentos de proteção dos direitos hu-
manos, a leitura na íntegra da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, também conhe-
cida como Pacto de San José da Costa Rica, justamente para se ter uma completa noção dos
direitos ali reconhecidos.
Pois bem, vejamos como as bancas a seguir abordaram as temáticas trazidas no Pacto.
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Muito bem, finalizamos por aqui os assuntos pertinentes à Convenção Americana sobre
Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), com a reiteração da sugestão de que
você leia com atenção todos os dispositivos, para uma visão mais completa desse normativo.
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RESUMO
Prezado(a), após nossa análise acerca do percurso da efetivação dos direitos humanos
no Brasil e no mundo, bem como dos principais instrumentos e normas de direitos humanos
com enfoque na proteção constitucional destes direitos, em especial, a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, o PNDH-3, as “Regras de Mandela”, além da verificação de algumas
abordagens das bancas a respeito desses temas, chegou a hora de fazermos um compilado
de lembretes pra fixação da matéria que acabamos de estudar:
• Nos regimes democráticos, toda e qualquer pessoa deve ter a sua dignidade respeitada
independentemente de sua origem, etnia, raça, convicção econômica, orientação políti-
ca, classe social, idade, identidade sexual, orientação ou credo religioso;
• No Brasil, com vistas a garantir essa gama de direitos, o constituinte materializou na
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 um modelo de ordenamento
jurídico que tem como um de seus pilares a dignidade da pessoa humana, ao lado da
soberania, da cidadania, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e do plura-
lismo político;
• Cada Estado incorpora no seu ordenamento jurídico os direitos humanos mais próximos
aos seus próprios valores, aos valores de sua sociedade, decidindo quais serão consti-
tucionalizados (ou seja, quais alçarão a categoria de “direitos fundamentais”), bem com
quais pertencerão ao nível infraconstitucional dentro do ordenamento;
• Podemos afirmar que os direitos humanos representam um apanhado de normas jurídi-
cas internas e externas que visam proteger a pessoa humana, ou seja, um conjunto de
direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade o respeito à sua dignidade,
capazes de protegê-lo do arbítrio do poder estatal, garantindo-lhe condições mínimas de
sobrevivência e desenvolvimento de sua personalidade;
• No tocante à terminologia, temos que a expressão “direitos do homem” tem cunho jus-
naturalista, relacionada aos direitos inerentes à condição humana, mas vinculada à von-
tade divina. Trata-se, pois, nessa concepção, de um direito que não necessita de positi-
vação, eis que diz respeito ao “direito natural”. Já a expressão “direitos fundamentais”
diz respeito diretamente àqueles direitos positivados na Constituição Federal ou na Car-
ta Constitucional de determinado país;
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limitam, por razões humanitárias, o direito das partes de escolher livremente os méto-
dos e os meios utilizados na guerra, evitando que sejam afetadas as pessoas e os bens
legalmente protegidos;
• Criada em 1919 pelo Tratado de Versalhes, a Organização Internacional do Trabalho
aparece no cenário de proteção dos direitos humanos com o objetivo de promover a
universalização dos direitos sociais nas searas trabalhista e previdenciária, visando à
melhoria de vida do trabalhador em total equilíbrio com o desenvolvimento econômico;
• A OIT desenvolve um sistema de normas internacionais que abrange todas as matérias
relacionadas com o trabalho, formalizadas por meio de convenções e recomendações
internacionais. As convenções da OIT se equiparam a tratados internacionais sujeitos a
ratificação pelos Estados-Membros da Organização;
• Somente após a Segunda Grande Guerra, grande marco na história do Direito Internacio-
nal, criou-se, na ocasião da Conferência de São Francisco, em 1945, a Organização das
Nações Unidas (ONU), a fim de evitar novas guerras e situações de conflitos, bem como
criar condições para que a sociedade caminhasse na orientação das diretrizes dos Di-
reitos Humanos;
• A Constituição Federal de 1988 conjuga os direitos civis e políticos com expressões do
tipo “direitos sociais”, “bem-estar” e “desenvolvimento” associando-os à busca por uma
sociedade fraterna, justa, pluralista e sem preconceitos, valores esses consagrados na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, evidenciando a importância dos direitos
econômicos, sociais e culturais;
• Nesse sentido também aparecem com destaque na CF/1988 os direitos sociais, com
especial ênfase aos direitos à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia,
ao transporte, ao lazer, à segurança, à previdência social, à maternidade e à infância e
à assistência aos desamparados, nos termos do art. 6º da Constituição, direitos esses
detalhados no Título X da CF (“Da Ordem Social”);
• No nosso ordenamento jurídico, pode-se dizer que “nacionalidade”, na lição de Pontes
de Miranda, é o “vínculo jurídico-político de direito público interno, que faz da pessoa um
dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado”;
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DIREITOS HUMANOS
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mas internacionais que consagrem direitos humanos, pairam discussões quanto à sua
posição na ordem normativa, considerando as interpretações acerca de seu status cons-
titucional ou infralegal;
• A Constituição Federal de 1988 inovou ao incluir, dentre os direitos constitucionalmente
protegidos, os direitos enunciados nos tratados internacionais de direitos humanos nos
quais o Brasil seja signatário, atribuindo a eles uma hierarquia de norma constitucional;
• O STF passou a adotar em suas decisões a teoria do duplo status dos tratados e con-
venções internacionais de direitos humanos, da seguinte forma:
− (i) Status Constitucional para os tratados que se submetem ao rito do § 3º do art. 5º
da CF/1988, a exemplo da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007
e incorporados ao ordenamento via Decreto Legislativo n. 186/2008; promulgada via
Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009. A respeito, Flávia Piovesan atribui a esses
tratados a nomenclatura de “Tratados;
− (ii) Status Supralegal para os tratados aprovados antes da Emenda Constitucional
n. 45/2004 e mesmo os posteriores que não observarem o rito do § 3º do art. 5º da
CF/1988, posicionando-se abaixo da Constituição Federal, porém, acima da legisla-
ção ordinária interna;
• A impossibilidade de denúncia acaba por atingir apenas os tratados e convenções inter-
nacionais submetidos ao regime de aprovação previsto no § 3º do art. 5º da CF/1988,
restando aos tratados de direitos fundamentais que não se submeteram ao mencionado
regime a possibilidade de denúncia, por não alcançarem status de norma constitucional,
nem sob o aspecto formal, nem sob o aspecto material, não havendo óbice, portanto, à
denúncia desses instrumentos internacionais;
• O Controle de Convencionalidade permite a verificação de compatibilidade das leis inter-
nas com os tratados e convenções internacionais, no nosso caso, aqueles que envolvem
a proteção de direitos humanos;
• Alguns doutrinadores como Valério de Oliveira Mazzuoli, André de Carvalho Ramos e
Sidney Guerra, relacionam duas formas de exercício do controle de convencionalidade:
− (i) Controle de convencionalidade internacional: atribuído a órgãos internacionais, a
exemplo da Corte Interamericana de Direitos Humanos, da Corte Europeia de Direitos
Humanos e da Corte Africana de Direitos Humanos: no sistema interamericano, o
controle internacional permite que a Corte Interamericana interprete e aplique o Pac-
to de São José da Costa Rica por meio de um exame de confrontação com o direito
interno (lei, ato administrativo, jurisprudência, práticas administrativas e judiciais, in-
clusive a própria Constituição), permitindo-se que um Estado-parte seja condenado a
revogar leis incompatíveis com o Pacto, bem como a adaptar sua legislação por meio
de reformas constitucionais, garantindo-se a tutela dos direitos humanos no ordena-
mento interno;
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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino
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• Tais princípios também se referem à imparcialidade na aplicação das regras, aos ob-
jetivos de uma sentença de encarceramento ou de medida restritiva de liberdade, bem
como às particularidades que envolvem os presos portadores de deficiências físicas,
mentais ou outra incapacidade;
• O Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH 3 está estruturado em 06 (seis) Ei-
xos Orientadores, a saber:
− Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil;
− Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos;
− Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades;
− Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência;
− Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos;
− Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade;
• A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo I (Interação democrática entre Estado e
sociedade civil) se justifica em virtude do avanço da democratização do País, notada-
mente com o surgimento e institucionalização de vários movimentos sociais, com cada
vez mais expressão política na sociedade, a ponto de influenciar diretamente a etapa de
elaboração da Constituição Federal de 1988, transformando-se em um dos pilares da
nossa democracia;
• A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo II (Desenvolvimento e Direitos Humanos)
se justifica em virtude do tema se mostrar multidisciplinar e bastante debatido, pressu-
pondo que engloba temáticas referentes à livre determinação dos povos, ao reconhe-
cimento de soberania sobre seus recursos e riquezas naturais, ao respeito pleno à sua
identidade cultural e à busca de equidade na distribuição das riquezas;
• A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo III (Universalizar direitos em um contexto
de desigualdades) se justifica em virtude da Declaração Universal dos Direitos Huma-
nos afirmar, em seu preâmbulo, que o “reconhecimento da dignidade inerente a todos os
membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da
liberdade, da justiça e da paz no mundo”;
• A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo IV (Segurança Pública, Acesso à Justiça e
Combate à Violência) se justifica em virtude das tentativas de reduzir o distanciamento
entre a militância em direitos humanos e as políticas de segurança pública. A intenção
do Programa, nesse sentido, em apertada síntese, é fomentar que as articulações da so-
ciedade civil se aproximem cada vez mais dos debates que envolvam segurança pública;
• A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo V (Educação e cultura em Direitos Huma-
nos) se justifica em virtude da necessidade de uma nova mentalidade coletiva para o
exercício da solidariedade, do respeito às diversidades e da tolerância, em plena sintonia
com o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH);
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Pois bem, fixados esses pontos, seguidos de uma leitura detida dos textos originais dos
instrumentos de proteção dos direitos humanos aqui destacados e do conteúdo da nossa
AULA 1, passamos agora para o nosso bloco de exercícios.
Boa sorte!!!
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA/PC-AL/CESPE-CEBRASPE/2021) À luz da Convenção Ameri-
cana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
A apologia ao ódio religioso que constitua incitação à hostilidade deve ser vedada por lei.
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dos seus direitos humanos. Os avanços trazidos pela edição das regras são muito importantes
para garantir que os presos tenham, por exemplo, as mesmas condições de atendimento à
saúde que pessoas livres. Com referência às Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos,
julgue o item que se segue.
Considere que determinado preso ainda não julgado estivesse realizando tratamento dentário
e, em razão de uma complicação em um procedimento de restauração dentária, necessitasse
continuar o tratamento com seu próprio dentista. Nesse caso, o Estado deveria arcar com as
despesas decorrentes desse tratamento, uma vez que o preso se encontra sob sua custódia.
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do presídio. Com base nessas informações, não se pode afirmar que, nessa situação, a demora
da comunicação contraria as regras mínimas da ONU para o tratamento de pessoas presas,
uma vez que não há prazo estabelecido para tal comunicação.
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sioneiros são seres humanos, nascidos com dignidade e com direito à segurança e proteção
dos seus direitos humanos. Os avanços trazidos pela edição das regras são muito importantes
para garantir que os presos tenham, por exemplo, as mesmas condições de atendimento à
saúde que pessoas livres. Com referência às Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos,
julgue o item que se segue.
Considere que Bianca, condenada à pena de reclusão, tenha sido selecionada para realizar,
como parte do seu processo de reabilitação, atividades na oficina de corte e costura do pre-
sídio feminino onde é interna. Nessa situação hipotética, antes do início das atividades, a ap-
tidão física e mental de Bianca para o exercício dessa atividade deverá ser determinada por
médico ou outro profissional de saúde qualificado.
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d) Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até
que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual
lhe tenha sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
e) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio censitário, por voto secreto ou processo equiva-
lente que assegure a liberdade de voto.
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tação histórica de que se formara, enfim, em âmbito universal, o reconhecimento dos valores
supremos da igualdade, da liberdade e da fraternidade. Em decorrência disso, os direitos fun-
damentais expressos na Constituição Federal de 1988:
a) como na Declaração Universal dos Direitos Humanos, esses direitos fundamentais são con-
siderados uma recomendação sem força vinculante, uma etapa preliminar para ulterior imple-
mentação na medida em que a sociedade se desenvolver.
b) não consideram as diferenças humanas como fonte de valores positivos a serem protegidos
e estimulados, pois, ao criar dispositivos afirmativos legais, as diferenças passam a ser trata-
das como deficiências.
c) obrigam que o princípio da solidariedade seja interpretado com a base dos direitos econô-
micos e sociais, que são exigências elementares de proteção às classes ou aos grupos sociais
mais fracos ou necessitados.
d) tratam a liberdade como um princípio político e não individual, pois o reconhecimento
de liberdades individuais em sociedades complexas esconde a dominação oligárquica dos
mais ricos.
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d) Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até
que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual
lhe tenha sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
e) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio censitário, por voto secreto ou processo equiva-
lente que assegure a liberdade de voto.
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GABARITO
1. C 37. d
2. c 38. a
3. E 39. d
4. E 40. E
5. E
6. C
7. C
8. E
9. a
10. C
11. e
12. d
13. c
14. b
15. a
16. a
17. d
18. c
19. d
20. b
21. c
22. b
23. d
24. b
25. d
26. a
27. c
28. e
29. d
30. a
31. c
32. d
33. b
34. a
35. c
36. d
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GABARITO COMENTADO
001. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA/PC-AL/CESPE-CEBRASPE/2021) À luz da Convenção Ameri-
cana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
A apologia ao ódio religioso que constitua incitação à hostilidade deve ser vedada por lei.
Na análise desta questão, basta que o(a) candidato(a) se atente para a redação do item 5 do
Artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos: “Artigo 13. 5. A lei deve proibir
toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso
que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência”.
Certo.
O(a) candidato(a) praticamente chega ao resultado dessa questão (alternativa “c”) a partir da
exclusão das demais opções, eis que a alternativa “a” diz respeito ao artigo 13 da Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH), a alternativa “b” diz respeito ao artigo 8º da DUDH,
a alternativa “d” diz respeito ao artigo 14 da DUDH e a alternativa “e” diz respeito ao artigo
16 da DUDH.
Letra c.
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A Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência (e seu Protocolo Faculta-
tivo) foi ratificada pela República Federativa do Brasil (Decreto n. 6.949/2009) seguindo o pro-
cedimento estabelecido pelo art. 5º, §3º, da CF/88: “Os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais”. Nesse sentido, a recepção da aludida Convenção em nosso ordenamento
jurídico se deu em nível de emenda constitucional e não em nível supraconstitucional, como
previsto na questão, justificando, dessa forma, o gabarito da banca.
Errado.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), em seu preâmbulo, prevê expressamen-
te que os povos das Nações Unidas proclamam sua fé nos direitos fundamentais do Homem,
na dignidade e no valor da pessoa humana, declarando-se resolvidos a instaurar melhores
condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla. Além disso, logo em seu artigo 3º, a
DUDH prevê que “Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”. Nesse
sentido, não há previsão de aplicação de pena de morte na DUDH, independente do tipo de
crime praticado ou da existência de julgamento justo e imparcial.
Errado.
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Considere que determinado preso ainda não julgado estivesse realizando tratamento dentário
e, em razão de uma complicação em um procedimento de restauração dentária, necessitasse
continuar o tratamento com seu próprio dentista. Nesse caso, o Estado deveria arcar com as
despesas decorrentes desse tratamento, uma vez que o preso se encontra sob sua custódia.
A assertiva diz respeito a regras gerais aplicáveis a categorias especiais de reclusos, no caso
os “reclusos detidos ou a aguardar julgamento”, fazendo alusão à Regra de Mandela n. 118,
pela qual, a pessoa detida preventivamente deve “(...) ser tratada pelo seu médico pessoal ou
dentista se existir motivo razoável para o seu pedido e puder pagar quaisquer despesas em que
incorrer”, não havendo, per se, obrigação do Estado no custeio do seu tratamento.
Errado.
Sobre essa assertiva, é importante frisar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
reconhecida como um dos documentos mais relevantes para a proteção dos seres humanos,
logo em seu Preâmbulo considera que “(...) o reconhecimento da dignidade inerente a todos os
membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento
da liberdade, da justiça e da paz no mundo”, bem como em seu art. 1º reconhece que “Todos
os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos (...)”, justificando, em linhas
gerais, o gabarito da questão.
Certo.
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Medida adotada por alguns países de limitar a população em unidades prisionais fechadas
a quinhentos detentos está alinhada ao entendimento de que essas unidades não devem ser
grandes demais a ponto de impossibilitar o tratamento individualizado dos presos.
A assertiva diz respeito aos princípios gerais aplicáveis a categorias especiais de reclusos, os
“reclusos condenados”, fazendo alusão à Regra de Mandela n. 89, que trata da exigência de
individualização do tratamento por meio de um sistema flexível de classificação dos reclusos
por grupos, de preferência em estabelecimentos separados, para que cada grupo possa rece-
ber seu tratamento da maneira mais adequada. Para tanto, a Regra n. 89 recomenda “(...) que a
população destes estabelecimentos não deve ultrapassar os quinhentos. Nos estabelecimentos
abertos, a população deve ser tão reduzida quanto possível”.
Certo.
A assertiva diz respeito às restrições, disciplina e sanções das regras de aplicação geral, fazen-
do alusão à Regra de Mandela n. 46, pela qual, os profissionais de saúde “(...) devem transmitir
ao diretor, sem demora, qualquer efeito colateral causado pelas sanções disciplinares ou outras
medidas restritivas à saúde física ou mental do recluso submetido a tais sanções ou medidas
e devem aconselhar o diretor se considerarem necessário interrompê-las por razões físicas ou
psicológicas”.
Errado.
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recusado a restituir ao Juízo, quando intimado, um veículo que havia sido, após penhorado e
removido, depositado em sua confiança. Fundamentou em sua decisão, o Juízo que a Cons-
tituição Federal prevê em seu art. 5º, LXVII, a possibilidade de prisão civil do depositário infiel
e que não houve, desde 1988, emenda à constituição que revogasse referido texto, estando,
portanto, em pleno vigor. A respeito desse caso hipotético e considerando a interpretação e a
aplicabilidade dos tratados sobre direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro, assina-
le a alternativa correta.
a) Está incorreto o Juiz. O direito brasileiro não admite a prisão civil do depositário infiel, mes-
mo estando essa hipótese expressamente prevista na Constituição, já que esta perdeu aplica-
bilidade diante do caráter supralegal do artigo 7, n. 7, da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, que proíbe qualquer prisão civil por dívida, salvo a proveniente de obrigação alimen-
tar, impedindo, assim, a eficácia das disposições infraconstitucionais brasileiras que previam
a prisão civil do depositário infiel.
b) Está correto o Juiz, uma vez que os tratados de direitos humanos são internalizados por
legislação ordinária e as disposições neles contidas que contrariem expressamente o texto
constitucional brasileiro são ineficazes em relação à jurisdição nacional.
c) Está correto o Juiz. É lícita a prisão civil do depositário infiel, já que a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos não fora submetida ao rito do art. 5º, §3º, da CFB (1988) e possui sta-
tus de legislação ordinária, continuando em pleno vigor e aplicável o art. 5º, LXVII, da CF/88, e
eficazes as leis infraconstitucionais que preveem a prisão civil do depositário infiel.
d) Está incorreto o Juiz. Os tratados sobre direitos humanos aprovados no Brasil antes da EC
45, de 2004, automaticamente receberam status de Emenda constitucional, já que, à época,
não se exigia o procedimento hoje previsto no art. 5º, §3º, da CFB (1988). Assim, é inconstitu-
cional a prisão civil do depositário infiel que fora revogada pela Convenção Americana sobre
Direitos Humanos.
e) Está incorreto o Juiz. Com base na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o Supre-
mo Tribunal Federal do Brasil decidiu pela inconstitucionalidade da expressão “e a do depositá-
rio infiel” prevista na parte final do art. 5º, LXVII, da CFB (1988), optando pela redução do texto
constitucional, pelo que é inconstitucional a prisão civil do depositário infiel.
Para o(a) candidato(a) que acompanha com atenção a consolidação da jurisprudência do Su-
premo Tribunal Federal (STF), essa questão pode até ser julgada como “muito fácil”, pois a
alternativa “a” diz respeito exatamente ao direito fundamental previsto no inciso LXVII do artigo
5º da CF/88 (“não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”), combinado ao con-
teúdo da Súmula Vinculante n. 25 do STF (“É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer
que seja a modalidade do depósito”).
Letra a.
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A alternativa “d” diz respeito aos exatos termos do item 1 do Artigo XI da Declaração Universal
dos Direitos Humanos: “Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser
presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em
julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à
sua defesa”.
Letra d.
A questão, incluindo o gabarito apontado pela banca (alternativa “c”), diz respeito à regra pre-
vista no § 5º do Art. 109 da CF/88: “§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos,
o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá
suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, inci-
dente de deslocamento de competência para a Justiça Federal”.
Letra c.
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A alternativa “b” diz respeito à regra incluída pela Emenda Constitucional n. 45/2004 acerca da
incorporação dos tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento jurídico brasi-
leiro, expressa no § 3º do Art. 5º da CF/88: “§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas consti-
tucionais”.
Letra b.
A alternativa “a” diz respeito ao direito garantido no Artigo V da Declaração Universal dos Direi-
tos Humanos: “Artigo V –Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes”.
Letra a.
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A alternativa “a” traz a expressão “sem qualquer distinção”, idêntica à utilizada na redação
do Artigo VII da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Artigo VII – Todos são iguais
perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a
igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer
incitamento a tal discriminação”.
Letra a.
Considerando que o enunciado busca a alternativa incorreta, a assertiva “d” traz uma interpre-
tação equivocada sobre a efetividade na aplicação dos tratados de direitos humanos, eis que a
atuação do Poder Público deve ser no sentido de garantir a efetivação dos direitos humanos e
das garantias fundamentais, até por mecanismos coercitivos, pois assim prevê a Constituição
Federal, não se satisfazendo tais direitos com o simples reconhecimento abstrato.
Letra d.
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Dentre as alternativas possíveis, a “c” é a que mais deixa claro o comando constitucional da
CF/88 em relação ao princípio da solidariedade e sua relação com o princípio fundamental da
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), bem como com o objetivo fundamental da República
Federativa do Brasil de erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades so-
ciais e regionais (art. 3º, III).
Letra c.
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A alternativa “d” é a que mais se aproxima da redação original do Artigo XXIV da Declaração
Universal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a
limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas”.
Letra d.
A alternativa “b” é a que indica exatamente o direito que todo ser humano tem com base no
Artigo XII da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Ninguém será sujeito à interferência
em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataque à sua
honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou
ataques”. (g.n.)
Letra b.
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d) condição econômica.
e) ideologia.
A alternativa “c” é a que complementa o enunciado para formar a redação do Artigo XIX da De-
claração Universal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e
expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber
e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”. (g.n.)
Letra c.
Dentre as alternativas possíveis, a “b” é a que indica a dignidade da pessoa humana, princípio
fundamental da República Federativa do Brasil de grande expressão na Declaração Universal
dos Direitos Humanos.
Letra b.
A alternativa “d” se alinha ao enunciado da questão, que pede a classificação dos direitos hu-
manos de acordo com sua finalidade e, neste sentido, estes direitos podem ser classificados
em “direitos propriamente ditos”, ou seja, dispositivos normativos que visam o reconhecimento
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jurídico da dignidade de todos os seres humanos. As demais alternativas dizem respeito, se-
gundo boa parte da doutrina, à classificação dos direitos humanos em relação às suas funções.
Letra d.
A alternativa “b” é a que reproduz a redação original do item 1 do Artigo II da Declaração Uni-
versal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor,
sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra condição”.
Letra b.
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A alternativa “d” é a que indica exatamente a regra prevista no § 3º do art. 5º da CF/88 (“Os
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais”).
Letra d.
A alternativa “a” é a que indica exatamente o direito que toda criança tem com base no item 2
do Artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Artigo XXV – 2. A maternidade
e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou
fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social”.
Letra a.
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A alternativa “c” é a que demonstra a relação direta entre a escravidão e a Declaração Universal
dos Direitos Humanos que, em seu Artigo IV, apresenta a seguinte redação: “Artigo IV – Nin-
guém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proi-
bidos em todas as suas formas”.
Letra c.
A alternativa “e” indica exatamente a relação existente entre os Itens II, III e IV, respectivamente,
com os Artigos V, VI e IX da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “V – Ninguém será
submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. VI – Todo
ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.
IX – Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado”. Podemos verificar, ainda, que o
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Item I traz um erro de redação em relação ao Artigo XIII da Declaração Universal dos Direitos
Humanos: “XIII – Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das
fronteiras de cada Estado”. (g.n.)
Letra e.
A alternativa “d” diz respeito ao direito garantido no Artigo XIV da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, de que “Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar
e de gozar asilo em outros países”; entretanto, a redação da alternativa se equivoca ao afirmar
que esse direito persiste ainda que a perseguição seja legitimamente motivada por crimes de
direito comum, afirmação contrária à redação do item 2 do Artigo XIV da DUDH: “Este direito
não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito
comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas”.
Letra d.
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A alternativa “a” diz respeito ao direito garantido no Artigo XVIII da Declaração Universal dos
Direitos Humanos: “Artigo XVIII – Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de
consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção,
assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em
público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos”.
Letra a.
A alternativa “c” diz respeito ao direito garantido pelo item 1 do Artigo XI da Declaração Univer-
sal dos Direitos Humanos: “Artigo XI – 1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-
-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo
público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas”.
Letra c.
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c) Após a entrada em funções e ao longo da sua carreira, o pessoal deve conservar e melhorar
os seus conhecimentos e competências profissionais, seguindo cursos de aperfeiçoamento
organizados periodicamente.
d) Nos estabelecimentos prisionais sempre deve incluir-se no pessoal um número suficiente
de especialistas, tais como psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, professores e instru-
tores técnicos.
e) Todos os membros do pessoal devem, em todas as circunstâncias, comportar-se e desem-
penhar as suas funções de maneira a que o seu exemplo tenha boa influência sobre os reclu-
sos e mereça o respeito destes.
A alternativa “d” diz respeito ao item 1 da Regra n. 78 das Regras Mínimas das Nações Unidas
para o Tratamento de Reclusos (Regras de Mandela): “Regra 78 – 1. Na medida do possível, a
equipe prisional deve incluir um número suficiente de especialistas tais como psiquiatras, psicó-
logos, assistentes sociais, professores e instrutores técnicos”.
Letra d.
A alternativa “b” é a que indica exatamente o enunciado do Artigo XXIX da Declaração Univer-
sal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o
livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível”.
Letra b.
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aprovada em cada Casa do Congresso Nacional em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros. Por fim, após o depósito do instrumento de ratificação, foi promulgada
na ordem interna pelo Presidente da República.
À luz da sistemática constitucional, a referida Convenção, na ordem jurídica interna, tem natu-
reza jurídica equivalente:
a) à emenda constitucional;
b) à lei ordinária;
c) à lei complementar;
d) à lei delegada;
e) ao decreto autônomo.
A alternativa “a” é a que indica exatamente a regra prevista no § 3º do art. 5º da CF/88 (“Os
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais”).
Letra a.
A alternativa “c” traz a regra da promulgação, via Decreto Presidencial (art. 84, VIII, CF/88), dos
tratados internacionais de direitos humanos referendados pelo Congresso Nacional (art. 5º, §
3º, CF/88).
Letra c.
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A alternativa “d” relaciona as 07 (sete) Diretrizes que compõem o Eixo Orientador IV do Progra-
ma Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3: “Diretriz 11: Democratização e modernização do
sistema de segurança pública; Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de
segurança pública e justiça criminal; Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e pro-
fissionalização da investigação de atos criminosos; Diretriz 14: Combate à violência institucio-
nal, com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carcerária; Diretriz
15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas; Diretriz
16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medidas
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A alternativa “d” é a que indica exatamente o direito de asilo previsto no item 2 do Artigo XIV
da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Este direito não pode ser invocado em caso
de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos
objetivos e princípios das Nações Unidas”.
Letra d.
A alternativa “a” é a que indica exatamente o direito previsto no item 1 do Artigo XIII da Decla-
ração Universal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção
e residência dentro das fronteiras de cada Estado”.
Letra a.
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A alternativa “d” diz respeito ao direito garantido pelo item 1 do Artigo XI da Declaração Univer-
sal dos Direitos Humanos: “Artigo XI – 1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-
-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo
público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas”.
Letra d.
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