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DIREITOS

HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos
e a Constituição Federal de 1988

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988

Sumário
Fabrício Missorino

Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988......................... 5
1. Conceito, Terminologia, Estrutura Normativa, Fundamentação. . ...................................... 5
2. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. . ....................................................................... 10
2.1. Documentos Históricos Brasileiros e a Proteção dos Direitos Humanos. . ..................13
3. Classificação e Características dos Direitos Humanos no Direito Internacional.........16
4. Contextualização dos Direitos Humanos na Constituição Federal de 1988................. 23
5. Os Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil..................................... 25
6. Os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos na Constituição Federal de 1988......... 32
7. Os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais na Constituição Federal de 1988............ 38
8. Das Regras Atinentes à Nacionalidade Previstas na Constituição Federal de 1988.. 43
9. Os Direitos Políticos na Constituição Federal de 1988. . .................................................... 47
10. O Status Normativo dos Tratados e Convenções Internacionais de Direitos
Humanos...........................................................................................................................................51
10.1. Controle de Convencionalidade......................................................................................... 54
11. Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos (Regras de
Mandela).......................................................................................................................................... 55
12. A Declaração Universal dos direitos Humanos (DUDH)....................................................61
13. O Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH 3 (Decreto n. 7.037, de 21 de
Dezembro de 2009)....................................................................................................................... 70
14. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).82
Resumo............................................................................................................................................. 93
Questões de Concurso................................................................................................................ 103
Gabarito...........................................................................................................................................118
Gabarito Comentado.................................................................................................................... 119

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

Apresentação
Prezado(a) candidato(a)!
Estou aqui para auxiliá-lo(a) na caminhada para a aprovação no próximo concurso público.
Meu objetivo é auxiliá-lo(a) a ganhar tempo nos estudos e focar nos pontos que realmente
importam nessa trajetória cheia de dificuldades, mas, ao mesmo tempo, muito gratificante na
medida que os obstáculos são vencidos e o candidato avança para o próximo nível dos estudos.
A estratégia para essas provas deve ser muito bem planejada, eis que a disputa tende a ser
muito mais acirrada.
Pois bem, meu(minha) caro(a), você com certeza já deve ter ouvido de muitos professores
e palpiteiros de plantão dicas e mais dicas sobre o que “deve” ou “não deve” fazer um(a) con-
curseiro(a) e coisa e tal. Não pretendo entrar nessa seara, porém, não posso deixar de dividir
com você um ensinamento que guardei com muito carinho e respeito de um antigo professor
aqui de Brasília, um juiz de direito que ministrava aulas num cursinho preparatório para carrei-
ras jurídicas. Logo no primeiro dia de aula ele chegou e já foi bem direto: “se vocês querem in-
gressar em alguma carreira jurídica, duas coisas são essenciais e imprescindíveis: RENÚNCIA
e DISCIPLINA”.
Sem perder muito tempo, com base nesse breve relato, tenho a dizer a você que a trajetória
do candidato(a), para qualquer carreira, diga-se de passagem, vai certamente exigir uma com-
binação quase que perfeita desses dois elementos no dia a dia da pessoa, por um lado abrindo
mão de certas atividades ou programações do cotidiano e, o mais importante, cravar a questão
da rotina, da disciplina, do atingimento das metas de estudo.
Esse vai ser o grande ponto, pois, como você já deve saber, o maior concorrente do(a)
candidato(a) é ele mesmo, eis que o diferencial vai ser percebido no quanto ele(a) consegue
prosseguir diante de todos os incentivos negativos que o(a) permeiam e, ao mesmo tempo,
o quanto ele(a) consegue abstrair isso tudo e se fixar nos incentivos positivos da carreira, do
sonho a ser alcançado.
Dito isso, nossa conversa nesta AULA 1 será sobre DIREITOS HUMANOS, com foco basica-
mente nos temas previstos na doutrina, na jurisprudência dos organismos internacionais, bem
como nos instrumentos e normas internacionais de direitos humanos. Para tanto, farei uma
apresentação teórica, com a utilização de pontos de maior atenção oriundos de concursos an-
teriores a respeito do tema, em especial na abordagem de questões aplicadas em concursos
de várias carreiras atinentes à matéria. Além disso, um resumo será disponibilizado no fim da
aula com os principais tópicos abordados e mais algumas questões aplicadas.
Em suma, tenho a dizer que o nosso estudo será sistematizado, seguindo uma lógica de
estruturação que permita abordar o percurso da efetivação dos direitos humanos no Brasil e
no mundo, bem como analisar os principais instrumentos e normas de direitos humanos (a
exemplo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, das Regras de Mandela, do Programa

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Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3 e do Pacto de San José da Costa Rica) com enfoque
especial na contextualização e nas regras de proteção de direitos humanos presentes na Cons-
tituição Federal de 1988.
Por fim, gostaria de pedir a você que ao final do estudo deixe sua avaliação sobre a aula.
Suas críticas e sugestões de melhoria sinceramente só me farão empreender esforços para
tornar essa nossa experiência cada vez melhor para os colegas que buscam conhecimento e
preparação para atingir seus objetivos. Conto com você! É rápido e fácil. Muito obrigado! Va-
mos para a nossa aula!!!

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Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

ASPECTOS GERAIS DOS DIREITOS HUMANOS E A


CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
1. Conceito, Terminologia, Estrutura Normativa, Fundamentação
Prezado(a) candidato(a), iniciamos nossa conversa sobre Direitos Humanos a partir do
pressuposto de que tais direitos pertencem à categoria de direitos essenciais à pessoa huma-
na, que visam resguardar a solidariedade, a igualdade, a fraternidade, a liberdade, a dignidade
da pessoa humana.
Nos regimes democráticos, toda e qualquer pessoa deve ter a sua dignidade respeitada in-
dependentemente de sua origem, etnia, raça, convicção econômica, orientação política, classe
social, idade, identidade sexual, orientação ou credo religioso. No Brasil, com vistas a garantir
essa gama de direitos, o constituinte materializou na Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988 um modelo de ordenamento jurídico que tem como um de seus pilares a digni-
dade da pessoa humana, ao lado da soberania, da cidadania, dos valores sociais do trabalho e
da livre iniciativa e do pluralismo político.
Dessa forma, podemos dizer que a proteção aos direitos do homem, quando materializa-
das em ordenamentos jurídicos, garantem o desenvolvimento da personalidade humana em
total consonância com os conceitos de justiça, igualdade e democracia. É o que se espera
entre os membros de qualquer sociedade, bem como entre os indivíduos e seu relacionamento
com o Estado.
A partir dessas premissas podemos dizer que cada Estado incorpora no seu ordenamen-
to jurídico os direitos humanos mais próximos aos seus próprios valores, aos valores de sua
sociedade, decidindo quais serão constitucionalizados (ou seja, quais alçarão a categoria de
“direitos fundamentais”), bem com quais pertencerão ao nível infraconstitucional dentro do
ordenamento.
O Brasil, por exemplo, ao estabelecer os princípios fundamentais de sua República Fede-
rativa, preferiu deixar expresso na Constituição Federal como objetivos fundamentais a cons-
trução de uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, II); a erradicação da pobreza e da mar-
ginalização, bem como a redução das desigualdades sociais e regionais (art. 3º, III); e, ainda,
a promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação (art. 3º, IV); objetivos esses completamente alinhados com as
doutrinas nacionais e internacionais de proteção dos direitos humanos.
Quis o legislador constituinte, ainda, registrar na Carta Constitucional (art. 4º) que a Re-
pública Federativa do Brasil reger-se-ia nas suas relações internacionais pelos princípios da
independência nacional, da prevalência dos direitos humanos, da autodeterminação dos po-
vos, da não intervenção, da igualdade entre os Estados, da defesa da paz, da solução pacífica
dos conflitos, do repúdio ao terrorismo e ao racismo, da cooperação entre os povos para o

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progresso da humanidade, bem como da concessão de asilo político; princípios esses também
intrinsecamente alinhados com a proteção dos direitos humanos.
Sendo assim, podemos afirmar que os direitos humanos representam um apanhado de
normas jurídicas internas e externas que visam proteger a pessoa humana, ou seja, um con-
junto de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade o respeito à sua dignidade,
capazes de protegê-lo do arbítrio do poder estatal, garantindo-lhe condições mínimas de so-
brevivência e desenvolvimento de sua personalidade.
Quanto à sua conceituação, de uma forma bem didática, na lição de André Ramos de Car-
valho1 podemos dizer que os direitos humanos são todos aqueles direitos considerados in-
dispensáveis a uma vida em sociedade, pautada na liberdade, na igualdade e na dignidade.
Do ponto de vista formal, os direitos humanos seriam aqueles positivados em instrumentos
internacionais, a exemplo da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH).
Valério de Oliveira Mazzuoli, por sua vez, conceitua direitos humanos2 como, in verbis:

Direitos protegidos pela ordem internacional (especialmente por meio de tratados multilaterais, glo-
bais ou regionais) contra as violações e arbitrariedades que um Estado possa cometer às pessoas
sujeitas à sua jurisdição. São direitos indispensáveis a uma vida digna e que, por isso, estabelecem
um nível protetivo (standard) mínimo que todos os Estados devem respeitar, sob pena de responsa-
bilidade internacional.

Diante disso, meu caro, podemos observar que o conceito de direitos humanos gira em
torno dos vetores da dignidade e das boas condições de vida em sociedade.
Ainda a respeito da conceituação, observamos que do ponto de vista do direito internacio-
nal, os direitos humanos representam aqueles direitos essenciais para que o ser humano seja
tratado com dignidade, fazendo jus a eles todos aqueles da espécie humana. Já sob a pers-
pectiva constitucionalista, os direitos humanos seriam o conjunto de garantias do ser humano
em face do poder estatal, com vistas à proteção de sua dignidade e de sua liberdade, também
chamados, nessa perspectiva, de direitos humanos fundamentais.
No tocante à terminologia, importante destacar a diferença conceitual na relação existen-
te entre os direitos humanos, os “direitos do homem” e os “direitos fundamentais”. Algumas
literaturas abordam os direitos humanos como sinônimo de direitos fundamentais, bem como
tratam os direitos do homem como sinônimo de direitos humanos.
Porém, para melhor compreensão, temos que a expressão “direitos do homem” tem cunho
jusnaturalista, relacionada aos direitos inerentes à condição humana, mas vinculada à vontade
divina. Trata-se, pois, nessa concepção, de um direito que não necessita de positivação, eis que
diz respeito ao “direito natural”.

1
RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 24.
2
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direitos humanos. 4ª edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Método,
2017. p. 22.

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Já a expressão “direitos fundamentais” diz respeito diretamente àqueles direitos positiva-


dos na Constituição Federal ou na Carta Constitucional de determinado país.

Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 podemos verificar a existência das


duas expressões: direitos humanos e direitos fundamentais. Entretanto, nas passagens em
que consta a expressão “direitos humanos”, verifica-se que o legislador constituinte se refe-
re a direitos previstos na ordem internacional e, nas passagens em que consta a expressão
“direitos fundamentais”, percebe-se que o legislador se refere a direitos positivados na ordem
interna, ou seja, direitos fundamentais na ordem jurídica brasileira.

Nesse sentido, vejamos o quadro a seguir:

Direitos Humanos → Previstos no ordenamento internacional


Ausência expressa em textos normativos, seja na
Direitos do Homem→
ordem interna ou internacional
Direitos Fundamentais→ Previstos em textos constitucionais.
Para memorizar melhor esse tema, vejamos como a banca a seguir abordou essa temática.

001. (PROMOTOR DE JUSTIÇA-VESPERTINA/MPE-SC/MPE-SC/2016) Conceitualmente, os


direitos humanos são os direitos protegidos pela ordem internacional contra as violações e
arbitrariedades que um Estado possa cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. Por sua
vez, os direitos fundamentais são afetos à proteção interna dos direitos dos cidadãos, os quais
encontram-se positivados nos textos constitucionais contemporâneos.

Pois bem, de acordo com a doutrina a respeito da matéria, a questão está correta, conside-
rando a diferença conceitual existente entre Direitos Humanos (que engloba direitos previstos
em instrumentos internacionais) e Direitos Fundamentais (que engloba direitos previstos nas
Constituições dos países), ou seja, a chave para a diferenciação está na positivação).
Certo.

Dito isso, até o momento, podemos inferir que:


• A essência dos Direitos Humanos é a dignidade humana;
• A diferença de Direitos Humanos e Direitos Fundamentais está em sua positivação;
• Direitos Humanos: direitos reconhecidos na ordem internacional;
• Direitos Fundamentais: direitos positivados na ordem interna de cada Estado, ou seja,
em suas Constituições.
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Quanto à estrutura normativa, o doutrinador André de Carvalho Ramos refere-se aos direi- 3

tos humanos como:


• Direito-pretensão – dever: consiste na exigibilidade de um bem ou de uma conduta, ge-
rando do outro lado da relação o dever de fornecer esse bem ou adotar tal conduta. Ex.:
direito à educação. Exige esse bem e do outro lado surge o dever de fornecer esse bem;
• Direito-liberdade – ausência de direito. Consiste na faculdade de agir, gerando no outro
polo a ausência de direitos. Ex. liberdade de expressão que impõe uma abstenção do
outro lado, Estado ou particulares, em respeitar aquela liberdade;
• Direito-poder – sujeição: Ex.: direito à assistência de advogado e da família no momento
da prisão. O sujeito passivo pode exigir que o sujeito ativo adote uma medida de sujei-
ção, de submissão a esse direito;
• Direito-imunidade – incompetência: Afasta a atuação dos agentes públicos em relação
ao titular do direito, gerando a esses agentes públicos uma situação de impossibilidade
de agir. Ex.: prisão somente em flagrante ou por mandado judicial.

Por fim, quanto à fundamentação dos direitos humanos, a doutrina majoritária destaca as
correntes Jusnaturalista, Positivista e Moralista. Para a primeira, os direitos humanos seriam
os direitos tidos como básicos e inalienáveis a todos os homens, independente de positiva-
ção. Seriam aqueles direitos chamados de naturais, concebidos pela inspiração divina ou pela
razão humana. Seriam os direitos inerentes ao homem e não positivados em nenhum ordena-
mento jurídico.
Para os positivistas, os direitos humanos seriam aqueles direitos concebidos pelo Estado
aos seres humanos, de forma institucionalizada, positivados no ordenamento jurídico. Em con-
traponto aos jusnaturalistas, os positivistas não acreditam na existência de direitos preexisten-
tes aos já positivados e reconhecidos pelo Estado.
Quanto aos moralistas, percebe-se a defesa da teoria de que os direitos são direitos morais
da coletividade humana, fundamentados não apenas de forma jurídica, mas sim em valores da
sociedade.

Caro(a) candidato(a), acerca da importância dos direitos naturais, cumpre ressaltar o posicio-
namento do Supremo Tribunal Federal na ocasião do julgamento da Ação Direta de Inconsti-
tucionalidade n. 595/ES, de relatoria do Ministro Celso de Mello (julgamento realizado no ano
de 2002):4

(...) cabe ter presente que a construção do significado de Constituição permite, na elaboração des-
se conceito, que sejam considerados não apenas os preceitos de índole positiva, expressamente

3
RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 38-41
4
Supremo Tribunal Federal STF – Ação direta de Inconstitucionalidade: ADI 595 ES. Disponível em: < https://stf.jusbrasil.
com.br/jurisprudencia/14815695/acao-direta-de-inconstitucionalidade-adi-595-es-stf>.

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proclamados em documento formal (que consubstancia o texto escrito da Constituição), mas, so-
bretudo, que sejam havidos, igualmente, por relevantes, em face de sua transcendência mesma, os
valores de caráter supra positivo, os princípios cujas raízes mergulham no direito natural e o próprio
espírito que informa e dá sentido à Lei Fundamental do Estado.

Diante disso, é importante compreender que todas essas teorias da fundamentação dos
direitos humanos foram importantes e ainda são reportadas como fundamentais para a base
da nossa disciplina no direito contemporâneo. Assim, todas as teorias não devem ser com-
preendidas isoladamente, ou seja, não se fala em direitos humanos sem falar da contribuição
jusnaturalista para a concretização do direito contemporâneo.
Como leciona André de Carvalho Ramos 5:

Os direitos humanos representam valores essenciais, que são explicitamente ou implicitamente re-
tratados nas Constituições ou nos tratados internacionais. A fundamentalidade dos direitos huma-
nos pode ser formal, por meio da inscrição desses direitos no rol de direitos protegidos nas Consti-
tuições e tratados, ou pode ser material, sendo considerado parte integrante dos direitos humanos
aquele que – mesmo não expresso – é indispensável para a promoção da dignidade humana.

Assim, concluímos que o fundamento formal diz respeito à incorporação dos direitos es-
senciais à condição humana nas Constituições ou nos tratados; e o fundamento material diz
respeito ao direito inato, inerente à condição humana para a efetivação de uma vida digna.

002. (AGENTE DE SEGURANÇA/ITAIPU BINACIONAL/SENAI-PR/2016) Em relação aos Di-


reitos Humanos, analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta:
I – Direitos Humanos são os direitos básicos de todos os seres vivos.
II – Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de
razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
III – Os direitos humanos são direitos inerentes a cada pessoa por ela simplesmente ser
um humano.
a) Apenas II está correta.
b) Apenas III está correta.
c) Apenas II e III estão corretas.
d) Apenas I e II estão corretas.
e) I, II e III estão corretas.

5
RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 22.

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Ultimamente as provas estão vindo muito bem elaboradas e exigindo bastante conteúdo do(a)
candidato(a). Entretanto, ainda é comum verificar algumas “cascas de banana” nos concursos,
ou seja, é frequente aparecerem questões consideradas fáceis, mas que o(a) candidato(a) erra
por descuido. Dessa forma, eu quis trazer essa questão para mostrar que mesmo candidatos
(as) de alto nível podem cair nessas ciladas. De início, observe o item I, notadamente em rela-
ção à expressão “seres vivos”. Aí está o erro, pois se compreende como “seres vivos” tanto os
humanos como os animais. Portanto, as alternativas corretas seriam somente a II e III.
Letra c.

2. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos


Bem, para melhor compreender o transcurso histórico dos direitos humanos, uma das con-
dições imprescindíveis é compreender o que vem a ser dignidade da pessoa humana, notada-
mente levando em consideração todo o percurso da humanidade no que se refere às violações
físicas e aos sofrimentos morais, eis que o surgimento de novas regras de convivência digna
quase sempre foram precedidas de períodos de violência, de massacres coletivos, torturas,
dentre outros acontecimentos que aviltavam a convivência digna entre as pessoas.
Sendo assim, a evolução dos direitos humanos se desenvolve a partir dos acontecimentos
históricos que registraram graves restrições de direitos, grandes batalhas, surtos de violência
coletiva etc. A cada registro de atrocidades, destacava-se a compreensão por parte da socie-
dade no tocante à necessidade de afirmação e evolução dos direitos do ser humano. A lado
disso, registra-se também a contribuição significativa das grandes descobertas científicas ou
invenções técnicas no avanço das garantias dos indivíduos que tal evolução acompanhou.
A explosão da consciência histórica dos direitos humanos somente aconteceu após exten-
so trabalho preparatório, centralizado na limitação do poder político. O reconhecimento de que
as instituições governamentais devem estar a serviço dos governados e não para o benefício
pessoal dos governantes foi um primeiro passo decisivo na aceitação de direitos que, intrínse-
cos à própria condição humana, devem ser reconhecidos a todos e não podem ser tidos como
mera concessão dos que estão no poder.
A partir dessa relação direta entre acontecimentos brutais e avanços na proteção dos indi-
víduos, como estabelecer o caráter de obrigatoriedade desses direitos frente a sociedade? A
resposta a essa indagação, contribuição da doutrina jurídica alemã, diz respeito à positivação
dos direitos do ser humano em normas internas dos Estados (constituições, leis esparsas),
bem como em normativos de alcance internacional (tratados internacionais).
Atualmente, reconhece-se a validade dos direitos humanos independentemente de positi-
vação em Constituições, leis e tratados internacionais, justamente pela concretização de valo-

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res atinentes ao respeito à dignidade da pessoa humana, impostos a todos os poderes consti-
tuídos, oficiais ou não.
Vale aqui ressaltar, ainda, o percurso histórico dos direitos humanos ao longo da evolução
da humanidade, desde as primeiras instituições que passaram a limitar o poder político na
Idade Média, a estruturação das monarquias no século XI, as lutas em face dos abusos verifi-
cados na reconstrução da unidade política, com destaque para as chamadas “rebeldias”, que
deram ensejo à edição da Magna Carta, de 21 de junho de 1215, que elencou prerrogativas aos
súditos da monarquia inglesa, reconhecendo-lhes direitos e garantias específicas em caso de
não observância dos limites estabelecidos à realeza.
Nesse momento passa a despontar a garantia da judicialidade, um dos princípios do Es-
tado de Direito, que exigia o crivo de um juiz nos casos que envolvessem a prisão de homens
livres. Ainda na Magna Carta destacou-se a previsão de outras garantias fundamentais, como
a liberdade de locomoção, a propriedade privada, a graduação da pena estritamente relaciona-
da à gravidade do delito praticado, dentre outras.
Sendo assim, podemos afirmar que a liberdade despontou como um dos direitos huma-
nos inicialmente positivados, notadamente aquelas liberdades específicas em prol das classes
superiores da sociedade da época, infelizmente ainda dotadas de concessões mínimas em
benefício do povo.
Após a Idade Média, em um período marcado pelo recrudescimento da concentração dos
poderes, a chamada era das monarquias absolutistas, merece registro a tentativa do Parla-
mento Inglês de limitar o poder real, especialmente o poder de prender os opositores políticos
sem submetê-los a um processo criminal regular. Nasceria, nesse contexto, a Lei de Habeas-
-Corpus, em 1679, uma garantia judicial criada para proteger a liberdade de locomoção tanto
nos casos de prisão efetiva como nos casos de simples constrangimento à liberdade individu-
al de ir e vir, vindo a se tornar a matriz de outras liberdades fundamentais.
A promulgação dessa lei reforçou ainda mais o combate aos regimes monárquicos absolu-
tistas, crescendo entre os ingleses a ideia de separação dos poderes de forma permanente no
Estado. Alguns anos depois, em 1689, foi promulgada a Declaração de Direitos – Bill of Rights
– pondo fim à monarquia absolutista.

Prezado(a) candidato(a), muita atenção no que concerne à Declaração de Direitos (Bill of Ri-
ghts), eis que embora não sendo uma declaração de direitos humanos nos moldes das que
viriam a ser aprovadas um século depois nos Estados Unidos, essa Declaração de Direitos
criou o instituto que se chamaria mais tarde “garantia institucional”, ou seja, uma forma de or-
ganização do Estado cuja função é a proteção dos direitos fundamentais da pessoa humana.

Vejamos como a banca a seguir abordou esse tema.

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003. (PROCURADOR DO TRABALHO/MPT/MPT/2015) Sobre a evolução histórica dos direi-


tos humanos, assinale a alternativa CORRETA:
a) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América consiste em um rol de direitos fundamentais
inserido na Declaração de Independência proclamada por Thomas Jefferson em 1776, poste-
riormente incorporado aos Artigos da Confederação.
b) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América constitui-se de normas originárias constan-
tes da Constituição aprovada na Convenção da Filadélfia em 1787.
c) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América foi inserido somente em 1791 na Constitui-
ção americana, sob a forma de emendas constitucionais.
d) O Bill of Rights formalmente não é uma norma federal nos Estados Unidos da América, mas
sim uma interpretação extensiva da Declaração de Direitos da Virginia promovida pela jurispru-
dência da Suprema Corte americana.
e) Não respondida.

Essa questão está marcada pelo grande potencial de gerar confusão no(a) candidato(a), eis
que o Bill Of Rights constitui uma declaração de direitos de liberdade (de expressão, política e
de tolerância religiosa) promulgada no Reino Unido em 1689 e que alcançou grande relevân-
cia na afirmação histórica dos direitos humanos. Contudo, não é desse documento que trata
a questão. Trata-se do Bill of Rights dos Estados Unidos da América, nomenclatura dada às
primeiras 10 (dez) emendas à Constituição dos EUA de 1787. Esse documento caracteriza-se
por conter direitos básicos do cidadão em face do Estado, porém não se confunde com o Bill
of Rigths inglês.
Letra c.

De fato, o mencionado documento ao estabelecer a separação dos poderes, declarou que


o Parlamento passaria a ser um órgão com o dever primeiro de defender os súditos perante o
Rei, não mais submetendo-se aos seus arbítrios. O Bill of Rights passa a fortalecer a instituição
do júri, reafirmando os direitos fundamentais dos cidadãos, expressos até hoje nas Constitui-
ções modernas, a exemplo da proibição de penas cruéis, do direito de petição, dentre outros.
Merece registro, nessa linha, a Declaração da Virgínia, promulgada em 16 de junho de 1776,
constituindo-se como um dos primeiros reconhecimentos formais de que todos os homens,
pela sua natureza, são igualmente livres e independentes, e possuem certos direitos inatos
nunca afastáveis mesmo fazendo parte de uma sociedade, a exemplo da fruição da vida e da
liberdade, da aquisição de propriedade, da garantia de segurança e, ainda, da busca pela felici-
dade. Nessa esteira, a Declaração de Independência dos Estados Unidos passa a ter destaque

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como o primeiro documento político que reconhece a legitimidade da soberania popular bem
como a existência de direitos intrínsecos a todo o ser humano, independentemente das dife-
renças de sexo, raça, religião, cultura ou posição social.
Todos esses movimentos históricos certamente influenciaram a promulgação da Declara-
ção dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, reafirmando as ideias de liberdade e igual-
dade dos seres humanos. Anos mais tarde, em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, soma-se a tais conquistas, dentre outras, o reconhecimento da fraternidade, ou seja,
a exigência de uma organização solidária das pessoas na vida em comum.
Acerca da Declaração Universal dos Direitos Humanos, convido você a ler, mais à frente,
um item específico de nossa aula a esse respeito.
Sendo assim, no tocante à afirmação histórica dos direitos humanos, podemos inferir que
os grandes registros envolvendo restrições de direitos e violência contra as pessoas foram
determinantes nas tomadas de decisão por parte da sociedade no tocante à necessidade de
evolução dos direitos do ser humano.

2.1. Documentos Históricos Brasileiros e a Proteção dos Direitos


Humanos
Na mesma linha do que aconteceu em diversos países, os registros da evolução dos direi-
tos humanos no Brasil remontam-se aos registros de acontecimentos históricos que represen-
taram graves restrições de direitos e severas violações à dignidade humana.
Nesse sentido de proteção dos registros históricos brasileiros em direitos humanos, me-
rece destaque o trabalho desenvolvido pela Comissão de Direitos Humanos da Universidade
de São Paulo, criada com o intuito de estimular a observância dos princípios básicos da de-
fesa dos direitos humanos, rejeitando valores como o egoísmo, a corrupção, a violência e a
competição, colaborando para que as novas gerações se desenvolvam dentro de princípios
humanistas que englobem os direitos humanos, a democracia, a tolerância, a solidariedade e
a aspiração a uma sociedade mais ética, honesta, justa, igualitária e fraterna, fundada na afir-
mação da dignidade humana.
Além da sua missão de guarda de registros históricos por meio da Biblioteca Virtual de
Direitos Humanos, a Comissão tem por objetivos a promoção de um sistema integrado de pes-
quisa, reflexão, informação, documentação e difusão no campo dos direitos individuais e cole-
tivos; a colocação da competência universitária, notadamente nas áreas de educação, saúde,
habitação, humanidades, assistência jurídica e social, em prol da inclusão social e da garantia
da democracia; a promoção de eventos, fóruns e outras formas de atividades para discussão
e busca de soluções de importantes questões relacionadas com a concretização dos Direitos
Humanos no país e em todos os seus níveis; dentre outros.
Com especial ênfase na temática da escravidão, um dos primeiros documentos históricos
brasileiros que trazia o contexto de proteção dos direitos humanos foi a Lei n. 581, de 04 de

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setembro de 1.850, conhecida como “Lei Eusébio de Queiroz”, que estabelecia medidas para
a repressão do tráfico de africanos no Império, ao prever a apreensão de embarcações brasi-
leiras encontradas em qualquer parte, bem como embarcações estrangeiras encontradas nos
portos, enseadas, ancoradouros, ou mares territoriais do Brasil, que tivessem a bordo escravos
ou que mostrassem sinais da prática de tráfico de escravos, passando a ser consideradas
como importadoras de escravos.
De acordo com a mencionada lei, todos os escravos apreendidos seriam reexportados por
conta para os portos de origem dos navios ou para qualquer outro ponto fora do Império, sen-
do que enquanto essa reexportação não se executasse, seriam os mesmos empregados em
trabalho debaixo da tutela do Governo, não sendo em caso algum concedidos os seus serviços
a particulares.
Posteriormente, no mesmo contexto de proteção dos direitos humanos, mereceu destaque
a Lei n. 2.040, de 28 de setembro de 1.871, mais conhecida como “Lei do Ventre Livre”, que
declarava de condição livre os filhos de mulher escrava que nascessem desde a data de pro-
mulgação da lei.
Nos termos da lei, dentre outras regras, merece destaque a possibilidade de os filhos me-
nores ficarem em poder ou sob a autoridade dos senhores de suas mães, com a obrigação de
cria-los e tratá-los até a idade de oito anos completos. Após essa idade, o senhor da mãe teria
a opção ou de receber do Estado uma indenização em dinheiro ou de utilizar dos serviços do
menor até a idade de 21 anos completos.
Outras duas situações chamavam atenção na mencionada lei, sendo a primeira delas a
obrigação de entrega dos filhos nos casos em que a mulher escrava obtivesse liberdade, e a
segunda a obrigação de que os filhos menores de 12 anos acompanhassem a mãe escrava em
caso de alienação.
Na mesma seara de proteção dos direitos humanos, a Lei n. 3.270, de 28 de setembro
de 1.885, conhecida como “Lei dos Sexagenários”, que previa, dentre outras regras, a realiza-
ção de matrícula dos escravos com declaração do nome, nacionalidade, sexo, filiação, se for
conhecida, ocupação ou serviço em que for empregado idade e uma tabela de valor de cada
escravo organizada por idade, além de conceder liberdade aos escravos com mais de 60 anos
de idade. O contexto dessa lei sempre foi muito criticado, pois naquela época os escravos que
chegassem até essa idade já não tinham mais condições de trabalho, vindo a ser interpretada
como uma lei que beneficiava os senhores de escravos ao lhes possibilitar se desfazer das
pessoas pouco produtivas. A mencionada lei ainda permitia o absurdo de obrigar o escravo
que atingisse os 60 anos de idade a trabalhar por mais 3 anos, de forma gratuita, para seu
proprietário.
Mais de três décadas depois da acima mencionada Lei n. 581 (tráfico de escravos), surge
no nosso ordenamento pátrio um dos mais importantes registros normativos da história do
país, a Lei n. 3.353, de 13 de maio de 1.888, amplamente conhecida como “Lei Áurea”, que
declarou extinta a escravidão no Brasil.

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Posteriormente, já no século XX, ganhou destaque a Lei n. 1.390, de 3 de julho de 1951,


conhecida como “Lei Afonso Arinos”, que incluiu entre as contravenções penais a prática de
atos resultantes de preconceitos de raça ou de cor, passando a constituir contravenção penal
a recusa por parte de estabelecimento comercial ou de ensino de hospedar, servir, atender ou
receber clientes, compradores ou alunos em virtude de preconceito de raça ou de cor. A con-
figuração da contravenção também se estendia aos casos em que se obstasse o acesso de
alguém a qualquer cargo do funcionalismo público ou ao serviço em qualquer ramo das Forças
Armadas, por preconceito de raça ou de cor.
Outro normativo que ganhou destaque foi a Lei n. 7.437, de 20 de dezembro de 1.985, co-
nhecida como “Lei Carlos Alberto de Oliveira Caó”, que incluiu entre as contravenções penais
a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil, dando
nova redação à Lei n. 1.390, de 3 de julho de 1951, prevendo um rol de condutas consideradas
como ilegais, tais como:
• a recusa de hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou estabelecimento de mesma
finalidade, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil;
• a recusa da venda de mercadoria em lojas de qualquer gênero ou o atendimento de
clientes em restaurantes, bares, confeitarias ou locais semelhantes, abertos ao público,
por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil;
• a recusa da entrada de alguém em estabelecimento público, de diversões ou de esporte,
por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil;
• a recusa da entrada de alguém em qualquer tipo de estabelecimento comercial ou de
prestação de serviço, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil;
• a recusa da inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau,
por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil;
• a obstrução do acesso de alguém a qualquer cargo público civil ou militar, por preconcei-
to de raça, de cor, de sexo ou de estado civil;
• a negativa de emprego ou trabalho a alguém em autarquia, sociedade de economia mis-
ta, empresa concessionária de serviço público ou empresa privada, por preconceito de
raça, de cor, de sexo ou de estado civil.

Quanto às penas aplicáveis a tais condutas, a lei estabeleceu a prisão simples como regra,
variando entre períodos que se estendiam de 15 (quinze) dias a 03 (três) meses ou de 03 (três)
meses a 01 (um) ano, incluindo-se multa, aplicando, ainda, uma pena de perda do cargo nos
casos que se configurasse a obstrução do acesso de alguém a qualquer cargo público civil
ou militar.
Esses seriam, portanto, os registros mais antigos de normativos promulgados no Brasil
que traziam em seu contexto a proteção dos direitos humanos, verificando-se nas décadas
mais atuais a influência dessa matéria em inúmeros normativos brasileiros, com destaque

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para a Constituição Federal de 1988, a primeira constituição da história do Brasil que estabele-
ceu objetivamente a prevalência dos Direitos Humanos como preceito fundamental do Estado,
no sentido de reger o país no que diz respeito às relações internacionais.
A partir daí o Estado Brasileiro comprometeu-se a contribuir na promoção de Direitos Hu-
manos em caráter mundial, respeitando todos os povos e suas diferenças e reconhecendo os
direitos fundamentais previstos em tratados internacionais. Vale lembrar que, ainda que as
previsões constantes de tratados internacionais não produzam direitos já assegurados pela
Constituição Federal, o Brasil reconhece e incorpora tais direitos em seu ordenamento jurídico,
como veremos adiante no item 10 desta aula.

3. Classificação e Características dos Direitos Humanos no Direito In-


ternacional

Inicialmente, vale registrar que algumas doutrinas mais clássicas mencionam a “classifi-
cação” dos direitos humanos também sob a nomenclatura de “dimensões” de direitos huma-
nos ou “gerações” de direitos humanos, inspiradas nos ideais da Revolução Francesa (liberté,
igualité e fraternité), dividindo-se o conteúdo dos Direitos Humanos em 3 (três) dimensões (ou
gerações):
• PRIMEIRA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a LIBERDADE (direitos de defesa). Trata-se
das liberdades públicas, consistentes nos direitos civis (direito à vida, à liberdade, à pro-
priedade privada etc.) e políticos (direito de votar e ser votado). Aqui, é importante que
vocês entendam que são direitos subjetivos, pois são direitos tutelados por todos os
indivíduos e impõem o dever de não fazer do Estado, de cunho negativo/
• SEGUNDA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a IGUALDADE (direitos de prestação). Trata-
-se dos direitos econômicos, sociais e culturais, tais como direito à moradia, previdência
social, educação etc. São direitos de aplicabilidade progressiva e impõem o dever de
fazer do Estado, de cunho positivo;
• TERCEIRA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a SOLIDARIEDADE ou FRATERNIDADE (di-
reitos difusos e coletivos). Trata-se do direto à paz, autodeterminação dos povos, direito
ao desenvolvimento, ao meio ambiente etc. Aqui os direitos tutelados destinam-se à pro-
teção de grupos de indivíduos, diferentemente das primeiras dimensões que seu titular
era o indivíduo.

O quadro a seguir demonstra de maneira didática essa classificação, relacionando os res-


pectivos momentos históricos:

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Direitos de Primeira Direitos de Segunda Direitos de Terceira


Direitos
Geração (ou Geração (ou Geração (ou
Humanos
dimensão) dimensão) dimensão)
Econômicos, Sociais e
Direitos Civis e políticos Difusos
Culturais
Valor Liberdade Igualdade Fraternidade

Titular Homem-indivíduo Homem-indivíduo Grupos humanos

Constituição do México
(1917); Revolução
Momento Revoluções Liberais do Pós Segunda Guerra
Russa (1918);
Histórico Séc. XVIII Mundial.
Constituição de Weimar
(1919).

Prezado(a) candidato(a), a doutrina clássica a respeito dos direitos humanos aborda a clas-
sificação até a assim chamada “terceira dimensão”, porém, é importante compreender que o
direito contemporâneo estendeu essa classificação para mais 03 (três) gerações/dimensões.
Sendo assim, FIQUE ATENTO, pois para a doutrina clássica a classificação dos direitos huma-
nos se ENCERRA na terceira dimensão. Mas, para um estudo mais completo, é importante que
vocês saibam das outras três dimensões estabelecidas pelas doutrinas mais modernas:
• QUARTA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é o POVO (direito dos povos). Trata-se da pro-
teção de interesses que têm como objetivo a preservação do ser humano em virtude
de direitos que podem colocar em risco a existência do homem. Na visão de Norberto
Bobbio, referem-se à biossegurança, ao biodireito, às pesquisas biológicas e à manipu-
lação do patrimônio genético das pessoas, à proteção em face de uma globalização que
comprometa o direito à democracia e à inclusão digital;
• QUINTA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a PAZ. Para Paulo Bonavides, a paz advém do
reconhecimento universal como requisito da convivência humana, da conservação da
espécie, garantindo segurança aos direitos, eis que somente se efetiva a dignidade da
pessoa humana se a paz vier a ser elevada a direito de quinta geração.

Alguns autores mencionam a possibilidade de uma sexta dimensão, cujo valor tutelado
seria a DEMOCRACIA. Para Paulo Bonavides, seria o direito à democracia, à informação e ao
pluralismo, resultantes da globalização. A doutrina a esse respeito argumenta que a própria De-
claração Universal dos Direitos do Homem prevê que toda pessoa tem o direito de tomar parte
no governo de seu país, quer de forma direta, quer por meio de seus representantes livremente
escolhidos. Dessa forma, democracia e direitos fundamentais estão estreitamente ligados,

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pois o objetivo central do Estado Democrático de Direito reside na busca da proteção dos di-
reitos fundamentais, por meio da observância e preservação da dignidade da pessoa humana.
Entretanto, a maioria gritante dos autores classificam os direitos humanos até a 5ª dimensão.
Vale frisar que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal reconhece a classificação
tradicional das gerações (ou dimensões) de direitos. O julgamento da Ação Direta de Incons-
titucionalidade (ADI) n. 1856/RJ, que abordou a inconstitucionalidade da Lei n. 2.895/1998
do RJ que versa sobre prática de briga de galos, decidiu-se pela violação do direito de terceira
geração (solidariedade)6. Já na ocasião do julgamento da Medida Cautelar na ADI n. 3540/DF,
o STF entendeu que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de
terceira geração.7
Em resumo, assim se manifestam as doutrinas clássica e moderna a respeito das dimen-
sões/gerações dos direitos humanos:

1ª DIMENSÃO → Direitos Civis e Políticos


2ª DIMENSAO → Direitos Sociais, Econômicos e Culturais
3ª DIMENSÃO → Direitos de Solidariedade ou Fraternidade
4ª DIMENSÃO → Direitos dos Povos
5ª DIMENSÃO → Direito à Paz

Dito isso, prezado(a) candidato(a), vejamos agora como a banca a seguir abordou
essa temática.

004. (ANALISTA DE PROMOTORIA/MPE-SP/VUNESP/2015) Assinale a alternativa que corre-


tamente disserta sobre aspectos conceituais dos direitos humanos em sua evolução histórica.
a) Os direitos humanos da terceira dimensão marcam a passagem de um Estado autoritário
para um Estado de Direito e, nesse contexto, o respeito às liberdades individuais, em uma pers-
pectiva de absenteísmo estatal, fruto do pensamento liberal-burguês do século XVIII.
b) Os direitos de quarta dimensão, ou direitos de liberdade, têm como titular o indivíduo, são
oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa e ostentam uma
subjetividade que é seu traço mais característico, sendo, assim, direitos de resistência ou opo-
sição ao Estado.
c) Os direitos fundamentais da primeira dimensão são marcados pela alteração da sociedade
por profundas mudanças na comunidade internacional, identificando-se consequentes altera-
ções nas relações econômico-sociais, sobretudo na sociedade de massa, fruto do desenvolvi-
mento tecnológico e científico.
6
STF, ADI 1856/RJ, Tribunal Pleno, Rel. Min. Celso de Mello, j. 26.5.2011, DJe 14.10.2011
7
STF, ADI 3540-MC/DF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Celso de Melo, j. 01.9.2005, DJ 03.2.2006.

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d) Os direitos da quinta dimensão são direitos transindividuais que transcendem os interesses


do indivíduo e passam a se preocupar com o gênero humano, com altíssimo teor de humanis-
mo e universalidade, inserindo-se o ser humano em uma coletividade que passa a ter direitos
de solidariedade ou de fraternidade.
e) A evidenciação de direitos sociais, culturais e econômicos, correspondendo aos direitos
de igualdade, sob o prisma substancial, real e material, e não meramente formal, mostra-se
marcante nos documentos pertencentes ao que se convencionou classificar como segunda
dimensão dos direitos humanos.

Trata-se de uma questão relativamente fácil, ainda mais se o(a) candidato(a) adotar a técnica
da exclusão, ou seja, as alternativas “a” e “b” mencionam a dimensão dos direitos de liberdade,
porém, confundem o candidato(a) em relação à identificação das dimensões. A alternativa “c”
diz respeito à segunda dimensão de direitos humanos, porém, a banca procura confundir iden-
tificando como primeira geração de direitos; o mesmo ocorrendo com a alternativa “d”, com
menção equivocada em relação à geração de direitos de fraternidade. Sendo assim, por exclu-
são, temos a alternativa “e” como a única que traz argumentação coerente com a identificação
da dimensão específica de direitos humanos.
Letra e.

Pois bem, vencida essa primeira fase de classificação dos direitos humanos, vejamos ago-
ra de maneira bem objetiva as características próprias desses direitos, eis que se trata de um
tema bem recorrente em provas de concurso.
De início, duas características iniciais se destacam quando falamos sobre direitos huma-
nos. Trata-se da “Historicidade” e da “Universalidade”. Acerca da historicidade, estamos nos
referindo a todo o contexto histórico no qual se balizou a construção e a evolução dos direitos
humanos ao longo do tempo. Cumpre salientar que na esfera internacional, os Direitos Huma-
nos começaram a se desenvolver efetivamente em 1919 com o surgimento da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), tendo grandes avanços registrados após a Segunda Guerra
Mundial, em 1945, com o surgimento das Organizações das Nações Unidas (ONU). Percebe-se,
pois, a partir da nossa discussão sobre a afirmação histórica dos direitos humanos, que sua
evolução se dá a partir de um processo histórico gradual, representado pelas transformações
políticas, sociais e econômicas que atingem diretamente a humanidade.
Quanto à característica de universalidade, podemos dizer que se refere ao fato de que to-
das as pessoas humanas são titulares dos direitos humanos, tanto na esfera nacional como
na internacional, sem nenhuma distinção que se refira à sua condição humana. Entretanto, é
importante frisar que ser “universal” não significa ser “absoluto”. A universalidade dos direitos
humanos se faz presente nos artigos I e II da Declaração Universal dos Direitos Humanos de
1948, vejamos:

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Artigo I
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo II
1 – Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta De-
claração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Prezado(a) candidato(a), algumas doutrinas apontam uma divergência entre relativismo e uni-
versalidade dos direitos humanos, mas, por hora, é importante que você tenha em mente que
a Declaração de Viena de 1993 foi pronunciada com base em uma forte universalidade dos
direitos humanos, dando pouca margem para o relativismo.

Outras características dos direitos humanos são apontadas na doutrina e jurisprudência


dos organismos internacionais, como é o caso da “Irrenunciabilidade”, da “Indisponibilidade”,
da “Inalienabilidade”, da “Relatividade” e da “Imprescritibilidade”.
De maneira bem sucinta, a característica da irrenunciabilidade denota a importância dos
direitos humanos no sentido de sua não abdicação, da impossibilidade de recusa, podendo ser
nula de pleno direito qualquer manifestação que contrarie esta característica. Nos dizeres de
Mazzuoli, a irrenunciabilidade “se traduz na ideia de que a autorização de seu titular não justi-
fica ou convalida qualquer violação do seu conteúdo”.8
Temos, portanto, uma relação lógica dessa característica com a dignidade da pessoa hu-
mana, eis que, sendo humano, sua dignidade deve ser respeitada. Logo, pela característica
da irrenunciabilidade, entende-se que a pessoa não pode dispor sobre a proteção à sua inte-
gridade, à sua dignidade, sendo que eventual renúncia a qualquer direito humano é nula, não
possuindo validade jurídica.
Quanto à indisponibilidade, esta característica se aproxima muito da irrenunciabilidade,
eis que os direitos humanos são indisponíveis de renúncia, e mesmo que a doutrina considere
como renunciáveis alguns direitos como da privacidade e intimidade, estes somente serão dis-
poníveis por um determinado tempo, desde que tal disposição não se contraponha à dignidade
da pessoa humana.
No tocante à inalienabilidade, as doutrinas também relacionam tal característica com a
irrenunciabilidade. Trata-se da impossibilidade de que os direitos humanos possam ser de al-
guma forma alienados, eis que representa afronta à dignidade da pessoa humana. Em outras
palavras, o titular do direito não poderá dispor de seus direitos humanos. Exemplo claro nesse
sentido é a impossibilidade de retirada de órgão humano vital para fins de lucro. Por conta
disso, inclusive, prevê o art. 14 do Código Civil que somente é válida, para depois da morte, a
8
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de direitos humanos. 4ª edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Método,
2017. p. 33.

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disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, com objetivo científico ou altruísti-
co. Nesse sentido, veda-se a alienabilidade da dignidade para auferir lucro, garantindo-se que
a disposição do corpo após a morte somente ocorra de forma gratuita.
Quanto à característica da relatividade, a premissa utilizada pela doutrina é a de que os di-
reitos humanos podem sofrer limitações para adequá-los a outros valores coexistentes na or-
dem jurídica. Dessa forma, entende-se que em caso de conflito entre princípios que garantem a
proteção aos direitos humanos, o aplicador do direito terá o desafio de relativizar um princípio
para que o outro se sobreponha. Um dos exemplos mais claros diz respeito à possibilidade de
relativização do princípio da liberdade em algumas circunstâncias, como, por exemplo, no caso
de condenação criminal ou nas hipóteses em que é admitida a prisão privativa do acusado.
Dentre as diversas modalidades de crimes previstos no Código Penal Brasileiro, percebe-se
que uns violam bens e valores tão caros à sociedade que, quando confrontados com o prin-
cípio da liberdade individual, permitem por certo período de tempo a restrição à liberdade da
pessoa, adequando-se a outros valores coexistentes na ordem jurídica.

As doutrinas a respeito dos direitos fundamentais apontam a existência de direitos humanos


absolutos, sobre os quais não é possível em hipótese alguma aplicar qualquer relativização.
São eles a vedação à tortura e a vedação à escravidão.

No que se refere à imprescritibilidade dos direitos humanos, tal característica se pauta na


premissa de que as normas de Direitos Humanos não se esgotam, nem se consomem com o
passar do tempo. O instituto jurídico da prescrição (perda da capacidade de exercer o direito
ou de manifestar a pretensão, em determinado lapso de tempo), dessa forma, não se aplica às
questões que envolvam direitos humanos, direitos fundamentais.
Outra característica de suma importância é a interdependência entre os direitos humanos
protegidos por diplomas constitucionais e internacionais. Em função da natureza da matéria, é
muito comum que um direito se vincule ao outro, de forma complementar. Um exemplo muito
típico dessa relação de interdependência se verifica na análise do direito fundamental de liber-
dade de associação (garantia de que as pessoas possam se associar a algum grupo com fins
lícitos) em relação ao reconhecimento do direito de associação profissional ou sindical (garan-
tia de que os trabalhadores possam se reunir em associações para a defesa de seus direitos).
Vejamos como a banca a seguir abordou esse tema.

005. (DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO/DPE-MA/FMP/2015) Sobre as características dos


direitos humanos, é CORRETO afirmar que:

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a) o historicismo é característica inerente aos direitos humanos, o qual determina a possibili-


dade de que tais direitos sejam reconhecidos e, posteriormente, suprimidos, conforme a evolu-
ção do pensamento humano.
b) a defesa da característica da universalidade dos direitos humanos contempla a proibição de
tratamento diferenciado a determinados grupos sociais ou culturais, em qualquer circunstância.
c) a irrenunciabilidade reconhecida aos direitos humanos significa a impossibilidade de que o
seu titular abra mão de direitos previstos em tratados internacionais, os quais, entretanto, po-
dem sofrer restrições por lei ordinária, conforme o ordenamento jurídico de cada país.
d) os direitos humanos são caracterizados pela indivisibilidade e complementariedade, de for-
ma que compõem um único conjunto de direitos, cuja observância deve ser sistêmica e lastre-
ada no princípio da dignidade da pessoa humana.
e) a imprescritibilidade dos direitos humanos determina a inexistência de prazo para ajuiza-
mento de ações em face do Estado a respeito de eventuais violações desses direitos.

Trata-se de uma questão que aborda as características dos Direitos Humanos, em especial a
historicidade (no caso, a alternativa “a” equivocadamente afirma que a historicidade pressupõe
a supressão de direitos), a universalidade (a alternativa “b” equivocadamente remete a uma
relação direta entre a universalidade e a aplicação igualitária dos direitos humanos), a irrenun-
ciabilidade (a alternativa “c” aponta a possibilidade de restrições de direitos humanos por via
de lei ordinária), a imprescritibilidade (que se manifesta sobre o direito humano em si e não
sobre o ajuizamento de ações judiciais), bem como a indivisibilidade dos direitos fundamen-
tais, lastreados no princípio da proteção da dignidade da pessoa humana, objeto de análise na
alternativa “d”.
Letra d.

Por fim, vale mencionar uma característica de suma importância dos direitos humanos,
qual seja, o instituto que prevê a proibição do retrocesso em matéria de direitos humanos.
Por força da historicidade dos Direitos Humanos, entende-se que a proteção à dignidade da
pessoa humana é expansiva, ou seja, está sempre em progresso, não sendo permitidos retro-
cessos em relação aos avanços já conquistados pela humanidade.
Exemplo claro disso é a vedação à tortura, que se constitui em um direito humano absolu-
to, decorrente dos graves acontecimentos registrados em guerras mundiais e em movimentos
ditatoriais. Em razão desses eventos, a comunidade internacional voltou-se contra tal prática
e, atualmente, defende que a vedação à tortura é absoluta e universal. Assim, qualquer ato ou
norma de Estado que viole a dignidade da pessoa humana consistente em provocar sofrimen-
to a alguém de forma deliberada constitui violação aos Direitos Humanos e não poderá ser
permitido, sob pena de retrocesso de todas as conquistas registradas até aqui.

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4. Contextualização dos Direitos Humanos na Constituição Federal de


1988
Prezado(a) candidato(a), nessa aula iremos tratar a matéria de Direitos Humanos no con-
texto constitucional do tema, considerando que a Constituição Federal de 1988 (CF/1988) pri-
vilegia a temática dos Direitos Humanos desde os primeiros capítulos dispostos no diploma,
principalmente no que diz respeito aos direitos e garantias fundamentais.
A Carta Constitucional de 1988 foi a primeira constituição da história do Brasil que esta-
beleceu objetivamente a prevalência dos Direitos Humanos como preceito fundamental do
Estado, no sentido de reger o país no que diz respeito às relações internacionais.
A partir daí o Estado Brasileiro comprometeu-se a contribuir na promoção de Direitos Hu-
manos em caráter mundial, respeitando todos os povos e suas diferenças e reconhecendo os
direitos fundamentais previstos em tratados internacionais. Vale lembrar que, ainda que as
previsões constantes de tratados internacionais não produzam direitos já assegurados pela
Constituição Federal, o Brasil reconhece e incorpora tais direitos em seu ordenamento jurídico,
como veremos adiante no item 6 desta aula.
Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 consagra um universo de princípios que fun-
damentam a República Federativa do Brasil (soberania, cidadania, dignidade da pessoa huma-
na, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e pluralismo político), privilegiando, ainda, as
bases que orientam o Brasil no cenário internacional, nos termos do artigo 4º, que vem a ser
um dispositivo orientador do país para a prevalência dos direitos humanos, da autodetermina-
ção dos povos, do repúdio ao terrorismo e ao racismo e da cooperação entre os povos para o
progresso da humanidade.
Deste modo, a CF/1988, esquematizada em títulos balizadores de princípios, de garantias
e direitos, de organização, de ordem social e econômica, entre outros, é modelo de respeito,
igualdade e liberdade, constituída na intenção de que fossem abordadas questões inerentes
à proteção da dignidade da pessoa humana, estabelecendo, de forma ampla, a garantia de
direitos fundamentais.
Dito isso, partimos agora para um detalhamento desses princípios fundamentais da nossa
República, seguindo após para uma abordagem dos nossos direitos e deveres individuais e
coletivos, direitos civis e políticos, bem como dos nossos direitos econômicos, sociais e cul-
turais; linhas norteadoras que a nossa Constituição Federal traz para inspirar o ordenamento
jurídico pátrio.
Vejamos como as bancas a seguir abordaram esse tema.

006. (AGENTE DE POLÍCIA/PC-SC/ACAFE/2014) A Constituição brasileira inicia com o Título


I dedicado aos “princípios fundamentais”, que são as regras informadoras de todo um siste-

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ma de normas, as diretrizes básicas do ordenamento constitucional brasileiro. São regras que


contêm os mais importantes valores que informam a elaboração da Constituição da República
Federativa do Brasil.
Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e assinale a alternativa correta.
I – Nas relações internacionais, a República brasileira rege-se, entre outros, pelos seguintes
princípios: autodeterminação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os Estados, conces-
são de asilo político.
II – Os princípios não são dotados de normatividade, ou seja, possuem efeito vinculante, mas
constituem regras jurídicas efetivas.
III – Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer, pois implica
ofensa a todo o sistema de comandos.
IV – São princípios que norteiam a atividade econômica no Brasil: a soberania nacional, a fun-
ção social da propriedade, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a propriedade privada.
V – A diferença de salários, de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
civil a qualquer dos trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualdade do caput do
art. 5º da Constituição Federai.
a) Apenas I, II, III estão corretas.
b) Apenas II e IV estão corretas.
c) Apenas III e V estão corretas.
d) Apenas I, III, IV e V estão corretas.
e) Todas as afirmações estão corretas.

Trata-se de questão relativamente fácil, eis que a redação dos itens I, III, IV e V se coadunam
com os ditames gerais da temática que envolve os princípios fundamentais da República, entre
eles, autodeterminação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os Estados, concessão de
asilo político. Frisa-se, ainda, a confusão acerca da redação do item II da questão, consideran-
do que os princípios surtem efeitos diretamente no ordenamento jurídico interno.
Letra d.

007. (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-AM/FCC/2018) O dever ou obrigação dos Estados-Partes


de realização progressiva dos direitos humanos foi consagrado expressamente nos seguintes
tratados internacionais:
I – Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
II – Protocolo de São Salvador.
III – Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
IV – Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos.
Está correto o que se afirma APENAS em

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a) I, III e IV.
b) II e III.
c) I, II e III.
d) I e IV.
e) II, III e IV.

Trata-se de questão relativamente fácil, exigindo do(a) candidato(a) o conhecimento de que a


Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o Protocolo de São Salvador e o Pacto Inter-
nacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais consagrem o dever ou obrigação dos
Estados-Partes de realização progressiva dos direitos humanos.
Letra c.

5. Os Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil


O Título I da Constituição da República Federativa do Brasil abarca os princípios fundamen-
tais imprescindíveis à configuração do Estado, de forma a determinar a estrutura do Estado
Democrático de Direito. Tais princípios são qualificados como fundamentais tendo em vista
apresentarem alicerce basilar do enorme arcabouço constitucional, de forma a garantir a Uni-
dade da Constituição Brasileira; a orientação de ações dos Poderes e a preservação do Estado
Democrático de Direito.
Os artigos 1º a 4º da Constituição Federal de 1988 preconizam os fundamentos da Re-
pública Federativa do Brasil como regras gerais do nosso ordenamento jurídico. São esses
princípios que estruturam todo o normativo constitucional, em harmonia com a norma infra-
constitucional vigente, funcionando basicamente como linhas norteadoras fundamentadoras,
interpretativas e supletivas (ou complementares), assim delineadas:
• Função Fundamentadora: os princípios exercem a importante função de fundamentar
a ordem jurídica em que se insere, fazendo com que todas as relações jurídicas que
adentram ao sistema busquem na principiologia constitucional a base das estruturas e
instituições jurídicas;
• Função Interpretativa: as normas devem ser interpretadas de acordo com os princípios
constitucionalmente apresentados, é a partir dos princípios que as normas ganham sen-
tido necessário ao alcance da finalidade almejada no momento da sua aplicação;
• Função Supletiva ou Complementar: da função complementar extraímos o princípio da
derivação, que nada mais é que o princípio constitucional sendo utilizado como funda-
mento de legitimidade para outras normas infraconstitucionais. No mesmo viés a fun-
ção supletiva tem o encargo de compor o ordenamento jurídico, preenchendo eventuais
intervalos jurídicos que se apresentem.

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Nesse sentido, podemos afirmar que são princípios fundamentais que sustentam o orde-
namento jurídico brasileiro, revelando-se de extrema importância o estudo desses institutos
consubstanciados nos quatro primeiros artigos da Constituição Federal.
Antes de adentrarmos na seara relativa aos conceitos individuais principiológicos, é impor-
tante que o(a) candidato(a) entenda que os quatro primeiros artigos da Constituição Federal
são genericamente classificados como Princípios Fundamentais, contudo, de forma específica
e como a própria letra da CF/1988 apresenta, eles se classificam em: Fundamentos da Repú-
blica Federativa do Brasil, Tripartição dos Poderes, Objetivos Fundamentais e Princípios que
regem o Brasil em suas relações internacionais. Vejamos alguns detalhes a respeito de cada
grupo de “princípios fundamentais”:
a) Fundamentos da República Federativa do Brasil (artigo 1º, CF/1988):
Princípio Republicano: importante alicerce que garante a condução das ações do Estado
de acordo com os interesses do povo, caracterizado pelo trinômio eletividade (a eletividade
dos chefes dos poderes Legislativo e Executivo garante que o povo esteja sempre bem repre-
sentado na elaboração das normas e administração do Estado), temporariedade (estabelece
um prazo limite para a duração do mandato, fazendo com que a rotatividade assegure a reno-
vação dos ideais que devem reger o Estado) e responsabilidade (caracteriza-se pela neces-
sidade de prestação de contas pela administração pública, fazendo com que a transparência
nos assuntos do governo se torne fundamental para que o povo fiscalize as ações das autori-
dades por ele eleitas).
Princípio Federativo: Art. 1º (...) formada pela união indissolúvel dos Estados e Municí-
pios e do Distrito Federal (...) – É a forma de Estado. Como princípio fundamental, o federa-
lismo é responsável pela indissolubilidade do vínculo entre União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.
Princípio do Estado Democrático de Direito: Art. 1º (...) constitui-se em Estado Democrático
de Direito (...) – Por meio desse princípio, a República Federativa do Brasil é reconhecida como
de ordem estatal justa, mantenedora das liberdades públicas e do regime democrático9.
Princípio da Soberania: (art.1º, I) – Traz como característica a independência do país quan-
to a tomada de decisões, sem interferência externa. É denominado como “poder máximo”, um
atributo do Estado que confere a ele poder de decisão. É uma das características estatais que
é sempre acompanhada de dois requisitos básicos: o povo e o território, sem os quais o Estado
não conseguiria exercer sua soberania.
Princípio da Cidadania: (art. 1º, II) – É o vínculo jurídico-político que o cidadão possui com
o Estado. É a possibilidade que o cidadão tem de exercer seus direitos políticos.
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: (art. 1º, III) – Esse é um dos princípios que
mais se encaixa no contexto da defesa dos Direitos Humanos. Significa que todos devem ser
tratados de maneira digna, respeitosa e honrosa. Esse princípio aplica-se a diversas questões

9
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 6ª ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2011).

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como proibição ao racismo, aplicação indiscriminada dos direitos e garantias fundamentais,


proibição de exploração do homem pelo homem, proibição de ofensas e abusos, dentre outras.
Valores sociais do trabalho e a livre iniciativa: (art. 1º, IV) – ao inserir esse princípio no ar-
tigo 1º, o constituinte buscou proteger o trabalhador das arbitrariedades ao mesmo tempo em
que buscou valorizar o trabalho do homem em relação à economia de mercado, eis que a livre
iniciativa é considerada como fundamento da ordem econômica e atribui à iniciativa privada o
papel primordial na produção ou circulação de bens ou serviços, constituindo-se como a base
sobre a qual se constrói a ordem econômica, cabendo ao Estado uma função supletiva, ou
seja, a exploração direta da atividade econômica quando necessária à segurança nacional ou
relevante interesse econômico10.
O Pluralismo Político: (art. 1º, V) – Significa que a sociedade tem participação plural na
formação da vontade política nacional, consagrando a diversidade de opinião e a formação de
grupos representativos de diversos segmentos sociais e ou ideológicos.
Princípio representativo: (art. 1º, § único) – Todo o poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição) – É o vetor
representativo, eis que o governo pertence ao povo, para o povo, pelo povo e em benefício do
povo, de forma que os escolhidos para governar o Estado representam a vontade do povo,
como se estivessem em seu próprio lugar.
b) Tripartição dos poderes (artigo 2º):
Princípio da separação dos Poderes: (Art. 2º – São Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.) – O dispositivo apresenta a inde-
pendência e autonomia que cada um dos poderes goza, considerando, entretanto, a adminis-
tração compartilhada e a hegemonia do interesse público, com decisões tomadas de maneira
interligada e de forma harmônica.

Prezado(a) candidato(a), é importante ressaltar que a independência entre os Poderes não


é absoluta, tendo em vista que o equilíbrio das funções de cada poder prescinde do sistema
de freios e contrapesos (checks and balances) como mecanismo de controle recíproco entre
os poderes.

Ainda sobre a Tripartição dos Poderes é importante frisar que o Estado possui a função
primária exercida pelo Legislativo, que tem a competência para criar leis que regem o Estado;
a função subsidiária, que pertence ao Judiciário na aplicação das leis elaboradas pelo legisla-
tivo; e a função complementar, a qual cabe ao Poder Executivo gerar situações concretas para
garantir a exequibilidade das leis.

10
OLIVEIRA, Sônia dos Santos. O Princípio da Livre Iniciativa. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 4, no 147. Disponível em:
<https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/artigo/851/o-principio-livre-iniciativa> Acesso em: 10 mai. 2018.

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c) Objetivos da República Federativa do Brasil (artigo 3º):


Os objetivos elencados no artigo 3º correspondem às metas a serem alcançadas pelo
Estado e que o Poder Constituinte entendeu como fundamentais para a República Federativa
do Brasil.
Esses objetivos vêm sempre representados por verbos no infinitivo e são definidos da se-
guinte forma:
Construir uma sociedade livre, justa e solidária (art.3º, I): É a meta prioritária do Estado
Democrático de Direito, buscando sempre os ideais de liberdade, justiça e solidariedade.
Acerca do Estado Democrático de Direito, vale frisar que se trata de um conceito que desig-
na qualquer Estado que preza por garantir o respeito às liberdades civis, aos direitos humanos
e às garantias fundamentais por meio de um sistema de proteção jurídica que proteja o exercí-
cio dos direitos individuais e coletivos, dos direitos sociais e dos direitos políticos.
Em um Estado de Direito, as próprias autoridades políticas estão sujeitas ao respeito das
regras de direito, ou seja, os governantes devem respeito ao que é previsto nas leis, fazendo
com que decisões não sejam contrárias ao que diz a lei, protegendo, dessa maneira, os direitos
fundamentais dos cidadãos.
Outro ponto que merece destaque são as características do Estado Democrático de Direi-
to, a saber:
• soberania popular: de acordo com o § único do art. 1º da CF/88, o controle sobre o
poder político é exercido pelo povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente;
• importância da Constituição Federal: a Constituição é chamada de “Lei Maior” porque é
a lei que estabelece quais são os princípios fundamentais que devem orientar o sistema
jurídico e as decisões no país;
• a ação e as decisões dos governantes devem sempre levar em consideração o que a lei
estabelece: no Estado Democrático de Direito, a lei coloca limites ao poder de decisão
dos governantes, fazendo com que suas ações dos governos sejam voltadas ao respeito
e à satisfação dos direitos dos cidadãos, garantindo a justiça social no país;
• divisão entre os três Poderes que fazem parte do Estado: o Estado Democrático de
Direito garante que os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário sejam independentes,
com funções específicas, de modo que o Legislativo se torne responsável por aprovar
leis que permitam ao Executivo a tomada de decisões, garantindo ao Judiciário a inde-
pendência para julgar de maneira imparcial os conflitos sociais.

Prezado(a) candidato(a), embora existam semelhanças entre as definições de “Estado de Di-


reito” e “Estado Democrático de Direito”, é importante saber que esses dois institutos não apre-
sentam o mesmo conceito. A principal diferença entre os conceitos é que no “Estado de Direi-
to” não existe a preocupação com a garantia dos direitos fundamentais e sociais dos cidadãos
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por parte do Estado, preocupação essa muito presente no “Estado Democrático de Direito”, eis
que além do poder de decisão continuar a ser limitado pela lei, o Estado também deve levar em
consideração os valores sociais e os princípios fundamentais da Constituição.

Garantir o Desenvolvimento Nacional (art.3º, II): Deve ser entendido como um processo de
transformação da sociedade voltado para a realização da justiça social, que alcança a nação
brasileira em sua complexidade total, identidade coletiva e peculiaridades culturais. Trata-se
de uma das premissas mais distantes a serem atingidas no Brasil, considerando que o de-
senvolvimento social é medido por índices que se encontram em patamares inferiores aos
parâmetros estabelecidos pela comunidade internacional como, p.ex., a mortalidade infantil, a
geração de empregos, a alfabetização, dentre outros.
Erradicar a Pobreza e a Marginalização e Reduzir as Desigualdades Sociais e Regionais
(art.3º, III): A fome e a pobreza no nosso país ainda demandam muitos desafios para a Re-
pública, de modo que uma das formas de desenvolvimento social é a eliminação da pobreza
generalizada no país. Ainda temos um longo caminho pela frente. O mais importante é que
esse objetivo permaneça com status constitucional, influenciando cada vez mais não apenas
o nosso ordenamento jurídico, mas também as políticas públicas nas esferas federal, estadual,
municipal e distrital.
Promover o Bem de Todos, Sem Preconceitos de Origem, Raça, Sexo, Cor, Idade e Quais-
quer Outras Formas de Discriminação Regionais (art.3º, IV): Objetivo intrínseco idealizador da
igualdade formal, onde todos são iguais em direitos e deveres.
Ao estipular essas metas, a Constituição Brasileira automaticamente reconhece que o país
ainda possui muitos problemas, mas que ainda há tempo de mudar, mandando uma mensa-
gem muito clara aos representantes do povo de que esses objetivos não devem ser perdidos
de vista pelo país.
d) Princípios que regem o Brasil em suas relações internacionais (artigo 4º):
Independência Nacional (Art. 4º, I): Ligado à ideia de Estado Soberano, ou seja, a capaci-
dade que um Estado tem de assumir relações, por sua própria vontade, com outros países e
Organismos Internacionais.
Prevalência dos Direitos Humanos (Art. 4º, II): Para a Constituição Federal de 1988, os
Direitos Humanos não podem ser afrontados por qualquer relação comercial, tratado ou con-
venções assinadas.
Autodeterminação dos povos (Art. 4º, III): Princípio também vinculado à soberania, que
confere aos povos o direito de autogoverno e de decidirem livremente a sua situação política,
bem como aos Estados o direito de defender a sua existência e condição de independente. Os
povos, principais destinatários do princípio, são, do ponto de vista da Sociologia, conjuntos
de pessoas unidas por laços de sentimento de pertencerem a um mesmo grupo, laços estes
motivados por fatores em comum, que podem ser objetivos (cultura, religião, história, etnia,

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idioma, entre outros) e subjetivos (vontade de conviver juntos e a consciência de pertencerem


ao mesmo grupo onde o Estado possui a liberdade e a independência de estabelecer sua pró-
pria organização política).
Não intervenção (Art. 4º, IV): Garante que nenhum Estado poderá intervir em assuntos de
natureza interna do Brasil. O princípio da não intervenção tem relação direta com o princípio da
independência nacional, e é a regra de que cada País se desenvolve da forma que lhe convier,
sendo soberano, e não sujeito a sofrer intervenção de qualquer outro país, seja ele qual for.
Igualdade entre os Estados (Art. 4º, V): Esse princípio foi trazido à Constituição Brasileira
pelo posicionamento apresentado em 1972 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, por
meio da Carta de Direitos e Deveres Econômicos dos Estados (ONU – Resolução n. 3.281, de
12 de dezembro de 1974) a qual afirma que “todo Estado tem direito soberano e inalienável
de eleger seu sistema econômico, assim como seus sistemas político, social e cultural, de
acordo com a vontade de seu povo, sem ingerência, coação e nem ameaças externas de ne-
nhuma classe”.
Defesa da Paz (Art. 4º, VI): É a forma de atuação do país com relação a conflitos externos,
na qual o Estado explicitamente recorre à solução pacífica de conflitos. É um princípio univer-
sal e supremo entre os Estados, como se verifica em um dos propósitos fundamentais das
Nações Unidas: “Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são: 1. Manter a paz e a segurança
internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à
paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pací-
ficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou
solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da paz”.
Solução Pacífica de Conflitos (Art. 4º, VII): Seguindo o mesmo fundamento do princípio
inerente à Defesa da Paz, o Brasil busca banir do seu ordenamento medidas violentas ou coa-
tivas a fim de assegurar a prevalência dos direitos humanos e a paz entre os povos. Em regra,
busca-se soluções pacíficas a conflitos e divergências, seja de ordem política, jurídica, diplo-
mática ou jurisdicional. Porém, se ocorrer uma situação internacional em que não seja possível
a solução pacífica, os meios coercitivos e de guerra serão admitidos pela própria Constituição.
Repúdio ao Terrorismo e ao Racismo (Art. 4º, VIII): A CF/1988 busca assegurar o direito à
liberdade pública, enfatizando ainda, em sua estrutura, que todos são iguais etnicamente. Este
princípio tem como característica a eliminação de qualquer tipo de discriminação nas relações
internacionais, além do combate e repúdio a essas ações discriminatórias, por se constituírem
em desrespeito aos direitos humanos e à dignidade da pessoa humana.
Cooperação Entre os Povos Para o Progresso da Humanidade (Art. 4º, IX): O auxílio mútuo
entre as nações e o dever de solidariedade são características indispensáveis para aplicação
de ações visando o progresso da humanidade. Um dos reflexos desse princípio é a participação
do Brasil em diferentes esforços internacionais no sentido de desenvolver novas tecnologias.

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Concessão de Asilo Político (Art. 4º, X): Nas relações internacionais, o asilo político é
ferramenta utilizada com base no princípio da solidariedade como meio de proteção à pes-
soa humana, concedido a quem esteja sendo perseguido por motivos políticos, religiosos ou
de opinião.
Formação de uma Comunidade Latino-Americana de Nações (Art. 4º § único): A Repúbli-
ca Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos
da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Por
meio desse princípio é que o Brasil tem a missão de se integrar econômica, política, social e
culturalmente a outros países da América Latina.
Pois bem, como já abordado anteriormente, os princípios fundamentais garantem a apli-
cação das normas de forma a asseverar direitos que outrora poderiam ser maculados por im-
posições estatais. É por meio da aplicação dos princípios que são asseguradas a observância
dos direitos da pessoa humana em casos de violação por terceiros.
Vejamos como as bancas a seguir abordaram esse tema.

008. (AGENTE DE POLÍCIA CIVIL/PC-SC/FEPESE/2017) Com base na Constituição Federal,


a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
1. a autonomia.
2. a cidadania.
3. a dignidade da pessoa humana.
4. o pluralismo político.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca do texto expresso
do art. 1º da CF/1988: “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito
e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político”.
Letra d.

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009. (AGENTE DE POLÍCIA CIVIL/PC-AC/IBADE/2017) Leia a seguir os seguintes artigos


enunciados pela CRFB/88 e, a partir dos respectivos conteúdos, responda.
1. Artigo 5º, XXXVII: “Inexiste juízo ou tribunal de exceção”.
2. Artigo 5º, LIII: “Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente”.
Qual princípio a seguir melhor sintetiza o conteúdo?
a) Razoabilidade.
b) Do juiz e do promotor natural.
c) Ampla Defesa.
d) Contraditório.
e) Duplo grau de jurisdição.

Trata-se de questão relativamente fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento básico acer-
ca dos princípios do juiz natural (prevê que qualquer pessoa possui a garantia de ser julgado
pelo Poder Judiciário por meio de um juiz competente, investido de jurisdição e imparcial) e do
promotor natural (prevê que ninguém será processado senão pelo órgão do Ministério Público,
dotado de amplas garantias pessoais e institucionais, de absoluta independência e liberdade
de convicção e com atribuições previamente fixadas e conhecidas).
Letra b.

6. Os Direitos e Deveres Individuais e Coletivos na Constituição Federal


de 1988

O Título II da Constituição Federal de 1988, que trata dos Direitos e Garantias Fundamen-
tais, estabelece em seu Capítulo I os normativos garantidores dos Direitos Individuas e Coleti-
vos que cada cidadão brasileiro ou residente no Brasil dispõe.
É bem sabido que a Constituição Federal, se inspirou na Declaração Universal dos Direitos
Humanos para construir o caput do art. 5º, apresentando um texto com enormes semelhanças
daquele preconizado no art. 1º daquele documento, vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade (...).
Art. 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e
consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Importante frisar a estrutura didática proposta por José Afonso da Silva11 a respeito dos
direitos fundamentais no tocante ao seu conteúdo, vejamos:
11
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional. 37ª ed. São Paulo: Malheiros, 2014. p. 186.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

• direitos fundamentais do homem-indivíduo (direitos individuais) – art. 5º da CF/1988:


liberdade, igualdade, segurança, propriedade, dentre outros;
• direitos fundamentais do homem-nacional – art. 12 da CF/1988: nacionalidade e suas
particularidades;
• direitos fundamentais do homem-cidadão (direitos políticos) – artigos 14 a 17 da
CF/1988: participação política, p. ex., votar e ser votado;
• direitos fundamentais do homem-social (direitos sociais) – art. 6º e artigos 193 a 230
da CF/1988: educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segu-
rança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desam-
parados, dentre outros;
• direitos fundamentais do homem-membro da coletividade (direitos coletivos) – art. 5º
da CF/1988: acesso à informação, locomoção, liberdade de reunião pacífica, dentre ou-
tros;
• direitos fundamentais do homem-solidário – artigos 3º e 225 da CF/1988: direito à paz,
ao desenvolvimento, ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, dentre outros.

A respeito do art. 5º da CF/1988, podemos mencionar a preocupação do Constituinte com


05 (cinco) “macrodireitos civis e políticos” elencados no caput do dispositivo: vida, liberdade,
igualdade, segurança e propriedade. Quanto ao direito à vida, podemos destacar uma dupla
acepção (nascer e permanecer vivo; e viver com dignidade), desdobrando-se nas garantias con-
tra a pena de morte, contra trabalho forçado, tortura, tratamento desumano ou degradante etc.
Quanto à liberdade, podemos destacar que o art. 5º prevê diversas modalidades desse
direito, desdobrando-se em liberdade de locomoção; de consciência e crença; do exercício de
cultos religiosos; de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação;
de exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão; de associação para fins lícitos, vedada a
de caráter paramilitar; dentre outras.
Quanto à igualdade na CF/1988, podemos destacar dois desdobramentos: a igualdade for-
mal e a igualdade material (ou substancial). A igualdade formal se refere ao tratamento a todos
de maneira igualitária, ou seja, diante de uma determinada situação, não poderá haver distinção
de tratamento, p. ex., pessoas que desempenham o mesmo labor com as mesmas condições
devem receber o mesmo salário. A igualdade substancial ou material consiste no tratamento
de forma desigual os desiguais, aqueles que merecem um tratamento diferenciado em virtude
de suas particularidades (hipossuficientes; crianças e adolescentes; mulheres; idosos, pes-
soas com deficiência etc.), geralmente as pessoas para as quais são direcionadas as ações
afirmativas do Estado, com vistas a corrigir irregularidades históricas e preservar direitos.

Quanto ao inciso I do art. 5º, vale frisar que somente a Constituição pode estabelecer distin-
ções entre homens e mulheres, não se permitindo que leis ordinárias comprometam o direito

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DIREITOS HUMANOS
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constitucional à igualdade. Pode haver regulamentações via lei ordinária (CLT, serviço militar,
entre outras situações), contanto que a possibilidade de regulamentação esteja prevista na
Constituição, garantindo-se a eficácia e a aplicabilidade da norma constitucional.

Quanto à segurança, podemos inicialmente destacar que do ponto de vista do art. 5º o


instituto mencionado é a segurança jurídica, e do ponto de vista do caput do art. 6º o instituto
mencionado é a segurança pública. Acerca da segurança jurídica, um dos desdobramentos do
art. 5º é a previsão de que a lei não prejudicará o direito adquirido (aquele que já se incorporou
ao seu titular), o ato jurídico perfeito (há que se preservar a manifestação de vontade de quem
editou algum ato ou por meio dele baseou suas consequências, desde que ele não atente con-
tra a lei, a moral e os bons costumes) e a coisa julgada (a imutabilidade de uma decisão que
impede que a mesma questão seja debatida novamente pela via processual).
Quanto ao macrodireito de propriedade, destacamos os incisos XXII (“é garantido o direito
de propriedade” e o inciso XXIII (“a propriedade atenderá a sua função social”). A função social
da propriedade se manifesta como um complemento do direito de propriedade, eis que o uso
da propriedade demanda a observância de inúmeras circunstâncias (respeito ao meio ambien-
te, não utilização de trabalho forçado, respeito às regras de edificação etc.). Outro desdobra-
mento do direito de propriedade é a garantia prevista no inciso XI do art. 5º, pela qual a casa é
asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial.
Além dos macrodireitos acima mencionados, também merecem destaque, à luz da Cons-
tituição Federal de 1988, algumas garantias fundamentais previstas no art. 5º da nossa Carta
Constitucional, a saber:
• Legalidade (art. 5º, II) – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei”: trata-se de princípio com duplo vértice, dirigindo-se tanto ao
Poder Público em sua atuação comissiva ou omissiva vinculada à legalidade de suas
ações, como ao particular quanto à autonomia da vontade e quanto à salvaguarda con-
tra atos arbitrários do poder estatal;
• Dignidade da pessoa humana (art. 5º, III e XLIII) – “III –ninguém será submetido a tortura
nem a tratamento desumano ou degradante; XLIII – a lei considerará crimes inafian-
çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entor-
pecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;”:
considerando o fato da tortura se apresentar como uma prática atentatória à dignidade
humana, a CF/1988 a considera como um crime hediondo e inafiançável;
• Vida privada (art. 5º, X, XI e XII) – “X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material

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ou moral decorrente de sua violação; XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém


nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante de-
lito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; XII
– é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e
das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses
e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces-
sual penal;”: tratam-se de dispositivos de proteção à vida privada, compreendendo a
inviolabilidade da casa, o sigilo das correspondências até a proteção da privacidade e
intimidade, cuja violação enseja a responsabilização civil e penal do infrator, garantindo-
-se o direito à indenização nos atentados contra a honra, a vida privada, a intimidade e à
imagem das pessoas.

Outrossim, sempre que falamos em direitos e deveres individuais e coletivos, o(a) candida-
to(a) deve ficar atento uma vez que o rol do art. 5º é meramente exemplificativo, tendo em vista
que os direitos e deveres individuais e coletivos garantidos pela ordem jurídico-constitucional
brasileira não se resumem aos constantes somente do artigo 5º da Constituição, assim como
vimos anteriormente.
Um exemplo que podemos levantar sobre as questões inerentes à preservação dos direitos
e garantias fundamentais, aplicadas em legislação infraconstitucionais, é o caso da vedação
ao aborto, que também vem a ser uma garantia de proteção à inviolabilidade do direito à vida
e está previsto pelo Código Penal Brasileiro.
Nesse sentido, ressalta-se que o mesmo artigo 5º aplica a extensão do rol dos direitos e
garantias individuais no texto do § 2º, onde preconiza que os direitos e garantias expressos na
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Merece destaque no estudo do art. 5º da CF/1988 a previsão dos remédios constitucionais
para a defesa de direitos e garantias individuais e coletivas, em apertada síntese, a saber:
• Habeas Corpus (art. 5º, LXVIII): trata-se de instituto pertinente às violações de liberdade
de locomoção (ir, vir e permanecer), nos seguintes termos: “conceder-se-á habeas cor-
pus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”;
• Habeas Data (art. 5º, LXXII): trata-se de instituto de proteção à informação sobre a pes-
soa requerente e, em caso de informações incorretas, a adequação de sua veracidade,
nos seguintes termos: “conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento
de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos
de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”;

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• Mandado de Segurança (art. 5º, LXIX): em linhas gerais, instituto utilizado para amparar
situações envolvendo direitos líquidos e certos não alcançáveis via habeas corpus ou ha-
beas data, nos seguintes termos: “conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o res-
ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”;
• Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI): trata-se de instituto que garante a observância do
direito na ausência de regulamentação por parte do Poder Público, nos seguintes ter-
mos: “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentado-
ra torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”; e
• Ação Popular (art. 5º, LXXII): trata-se de instrumento direcionado às lesões ao patrimô-
nio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural, nos seguintes termos: “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Es-
tado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência”.

Diante de todo o exposto, entende-se que garantir os deveres e direitos individuais e co-
letivos assegura ao cidadão a possibilidade de uma vida digna, livre e igualitária, e ainda que
não estejam explicitamente aplicadas na própria constituição brasileira, o Estado não retira o
mérito de existência de outras garantias fundamentais existentes, conforme estabelece o §2º
do art. 5º como já citado anteriormente.

Recomenda-se, assim como em relação aos instrumentos de proteção dos direitos humanos,
a leitura na íntegra do artigo 5º da CF/1988, justamente para se ter uma completa noção dos
direitos ali previstos, que vão desde a garantia de igualdade entre homens e mulheres até o
direito de realização de reunião pacífica, passando por direitos religiosos, políticos, sociais,
culturais, econômicos, de liberdade, de dignidade, de integridade física, dentre outros.

Vejamos como as bancas a seguir abordaram esse tema.

010. (AGENTE DE POLÍCIA CIVIL/PC-SC/FEPESE/2017) Assinale a alternativa correta a res-


peito dos direitos e deveres individuais e coletivos previstos no texto constitucional.
a) Não se admite ação privada nos crimes de ação pública, ainda que esta não seja intentada
no prazo legal.
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b) São admissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.


c) A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de deten-
ção, nos termos da lei.
d) A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
e) O preso não possui direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu inter-
rogatório policial.

Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca do texto expresso
do inciso XL do art. 5º da CF/1988: “XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
Letra d.

011. (AGENTE DE POLÍCIA CIVIL/PC-AP/FCC/2017) A Constituição Federal de 1988, ao tra-


tar dos direitos e deveres individuais e coletivos,
a) assegura-os aos brasileiros residentes no País, mas não aos estrangeiros em trânsito pelo
território nacional, cujos direitos são regidos pelas normas de direito internacional.
b) prescreve que a natureza do delito praticado não pode ser critério para determinar o estabe-
lecimento em que a pena correspondente será cumprida pelo réu.
c) atribui ao júri a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, asseguran-
do a plenitude de defesa, a publicidade das votações e a soberania dos veredictos.
d) excepciona o princípio da irretroatividade da lei penal ao permitir que a lei seja aplicada aos
crimes cometidos anteriormente a sua entrada em vigência, quando for mais benéfica ao réu,
regra essa que incide, inclusive, quando se tratar de crime hediondo.
e) determina que a prática de crime hediondo constitui crime inafiançável e imprescritível.

Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca do texto expresso
do inciso XL do art. 5º da CF/1988: “XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;”.
Letra d.

012. (AGENTE DE POLÍCIA/PC-PE/CESPE/2016) À luz das disposições da CF, assinale a op-


ção correta acerca dos direitos e garantias individuais.
a) O Estado pode impor prestação alternativa fixada em lei ao indivíduo que, alegando conflito
com suas convicções políticas, se recusar a cumprir obrigação legal a todos imposta, desde
que a prestação seja compatível com suas crenças. Em caso de recusa em cumpri-la, o indiví-
duo poderá ser privado de seus direitos.
b) Diante de indícios veementes da prática de ilícitos no interior de determinada residência, o
agente de polícia poderá realizar busca de provas no local sem o consentimento do morador e
sem mandado judicial, desde que o faça durante o dia.

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c) O cidadão que, naturalizado brasileiro, cometer crime comum em viagem a seu país de ori-
gem retornar ao Brasil poderá ser extraditado, bastando que haja solicitação do país da nacio-
nalidade anterior.
d) Servidor público que cometer crime no exercício da função não poderá ser condenado, na
esfera penal, a partir de prova obtida por meio ilícito; no entanto, essa mesma prova, comple-
mentada por outras provas lícitas, poderá ser utilizada para aplicar penalidade em eventual
processo administrativo movido contra o servidor.
e) O profissional que, trabalhando com divulgação de informações, veicular, em seu nome,
notícia de fonte sigilosa não estará sujeito a responder por eventuais prejuízos que essa divul-
gação causar a outrem.

Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca do texto expres-
so do inciso VIII do art. 5º da CF/1988: “VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;”.
Letra a.

7. Os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais na Constituição Federal


de 1988

A Constituição Federal de 1988 conjuga os direitos civis e políticos com expressões do tipo
“direitos sociais”, “bem-estar” e “desenvolvimento” associando-os à busca por uma sociedade
fraterna, justa, pluralista e sem preconceitos, valores esses consagrados na Declaração Uni-
versal dos Direitos Humanos, evidenciando a importância dos direitos econômicos, sociais e
culturais.
Tanto é assim que o art. 1º da CF/1988 prevê que os “valores sociais do trabalho” se apre-
sentam como fundamentos do Estado Democrático de Direito, assim como os art. 3º mencio-
na expressões do tipo “solidariedade”, “desenvolvimento nacional”, “erradicação da pobreza e
da marginalização”, redução de desigualdades sociais e regionais”, todas assumindo o pata-
mar de objetivos fundamentais da nossa República.
Nesse sentido também aparecem com destaque na CF/1988 os direitos sociais, com es-
pecial ênfase aos direitos à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao trans-
porte, ao lazer, à segurança, à previdência social, à maternidade e à infância e à assistência aos
desamparados, nos termos do art. 6º da Constituição, direitos esses detalhados no Título X da
CF (“Da Ordem Social”), nos seguintes termos:
(i) Direito à educação: detalhado por meio dos artigos 205 a 214 da CF/1988, trazendo
proposições e compromissos do Estado e da sociedade brasileira, visando o pleno desen-
volvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

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trabalho, trazendo como princípios a igualdade de condições para o acesso e permanência na


escola; a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e
privadas de ensino; a gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; a valorização
dos profissionais da educação escolar; a gestão democrática do ensino público, na forma da
lei; a garantia de padrão de qualidade; bem como o piso salarial profissional nacional para os
profissionais da educação escolar pública.
A CF/1988 alçou o ensino fundamental como obrigatório e gratuito, assim como um direito
público subjetivo, abrindo caminho para a universalização do ensino médio, assim como, por
meio de um plano nacional de educação, estabeleceu alguns objetivos a serem seguidos: a er-
radicação do analfabetismo; a universalização do atendimento escolar; a melhoria da qualida-
de do ensino; a formação para o trabalho; a promoção humanística, científica e tecnológica do
País; assim como o estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação
como proporção do produto interno bruto (art. 214).
(ii) Direito à Seguridade Social: previsto nos artigos 194 a 204 da CF/1988, compreen-
dendo a tríade da saúde, da previdência social e da assistência social, em observância aos
seguintes objetivos: universalidade da cobertura e do atendimento; uniformidade e equivalên-
cia dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; seletividade e distributividade
na prestação dos benefícios e serviços; irredutibilidade do valor dos benefícios; equidade na
forma de participação no custeio; diversidade da base de financiamento; caráter democrático
e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos tra-
balhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
Nesse sentido, a saúde se apresenta como direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação (art. 196 da CF/1988), com destaque constitucional para a instituição do Sistema
Único de Saúde (SUS) com as seguintes competências: controlar e fiscalizar procedimentos,
produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos,
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; executar as ações de vigi-
lância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; ordenar a formação
de recursos humanos na área de saúde; participar da formulação da política e da execução das
ações de saneamento básico; incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento cientí-
fico e tecnológico e a inovação; fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de
seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; participar do controle
e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoa-
tivos, tóxicos e radioativos; colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho; dentre outros.

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A previdência social, pelo viés constitucional, deve ser organizada sob a forma de regime
geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial, atendendo, nos termos da lei, a cobertura de doenças, morte
e idade avançada; a proteção à maternidade, especialmente à gestante; a proteção ao traba-
lhador em situação de desemprego involuntário; o salário-família e auxílio-reclusão para os
dependentes dos segurados de baixa renda; pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
ao cônjuge ou companheiro e dependentes (art. 201, CF/1988).
Já a assistência social, de acordo com o texto constitucional, deve ser prestada a quem
dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, tendo por objetivos a
proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças
e adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação e
reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida co-
munitária; bem como a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção
ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei (art. 203, CF/1988).
(iii) Proteção à família: prevista com especial ênfase no art. 7º da CF/1988 na esteira das
garantias de trabalho do homem e da mulher (salário, salário-família, licença maternidade e
paternidade, assistência gratuita em creches e pré-escolas a filhos e dependentes até cinco
anos de idade, a proteção do mercado de trabalho à mulher etc.), combinados a outros direitos
previstos nos artigos 226 a 230 da CF/1988, como as garantias do casamento civil; união es-
tável; proteção da criança, do adolescente e do idoso, dentre outros.
(iv) Proteção dos trabalhadores: previstos nos artigos 7º, 8º e 9º da CF/1988, consubstan-
ciando-se numa consolidação de direitos aos trabalhadores urbanos e rurais, com destaque
para a proteção da relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem justa causa; o segu-
ro-desemprego em caso de desemprego involuntário; o fundo de garantia do tempo de serviço;
salário mínimo nacionalmente unificado; décimo terceiro salário; proibição de diferença de
salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
estado civil; igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e
o trabalhador avulso; dentre outros.
(v) Direitos culturais: previstos nos artigos 215 e 216 da CF/1988, o pleno exercício dos
direitos culturais devem ser garantido pelo Estado, bem como o acesso às fontes da cultura
nacional, mediante apoio e incentivo à valorização e a difusão das manifestações culturais,
com especial proteção às manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras,
e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
Todos esses institutos previstos em nossa Constituição certamente sofreram influência di-
reta do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, adotado pela Reso-
lução n. 2.200-A, na XXI Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 19 de dezembro
de 1966, somente entrando em vigor dez anos depois, em 1976, tendo sido aprovado no Brasil

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por meio do Decreto Legislativo n. 226, de 12 de dezembro de 1991 e promulgado mediante do


Decreto n. 591, de 06 de julho de 1992.
Utilizando-se praticamente do mesmo conteúdo do Pacto Internacional sobre Direitos Civis
e Políticos, o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais reforça a dig-
nidade inerente a todos os “membros da família humana” e, ainda, que seus direitos iguais e
inalienáveis constituem o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, reconhecen-
do, ainda, que o ideal do ser humano livre deve ser realizado a partir da criação de condições
que permitam a cada indivíduo gozar de seus direitos civis, políticos, econômicos, sociais e
culturais.
Quanto ao seu conteúdo, o pacto reconhece os direitos econômicos, sociais e culturais dos
indivíduos dos Estados-partes, devendo eles assegurar e proteger o exercício desses direitos a
todos aqueles que se encontrarem em seu território ou sob sua jurisdição.
Um dos pontos de destaque para a consecução de tais direitos é a observância da “cláu-
sula de progressiva realização” ou “cláusula de progressividade”, consubstanciada no com-
promisso do Estado-parte de realizar progressivamente a efetivação dos direitos econômicos,
sociais e culturais, por esforço próprio ou por cooperação internacional, conforme preceitua o
inciso 1 do art. 2º do pacto:

Artigo 2º
1. Cada um dos Estados Partes no presente Pacto compromete-se a agir, quer com o seu próprio es-
forço, quer com a assistência e cooperação internacionais, especialmente nos planos econômico e
técnico, no máximo dos seus recursos disponíveis, de modo a assegurar progressivamente o pleno
exercício dos direitos reconhecidos no presente Pacto por todos os meios apropriados, incluindo em
particular por meio de medidas legislativas.

Sobre os aspectos da progressividade, vale frisar que a razão de sua existência se dá pelo
fato de que o reconhecimento de direitos de tamanha envergadura não se dá num curto es-
paço de tempo, demonstrando a necessidade de flexibilidade na identificação das situações
concretas e da efetivação dos direitos. Impõe-se, ao mesmo tempo, uma ação flexível e ágil
do Estado-parte na adoção de medidas para a efetivação dos direitos econômicos, sociais e
culturais dos indivíduos.
Assim como no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, o exercício dos direitos
previstos no Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais deve se dar
sem discriminação de qualquer natureza.
Um dos destaques do pacto também é o direito à autodeterminação dos povos, garan-
tindo-se que as pessoas determinem livremente seu estatuto político, assegurando seu livre
desenvolvimento econômico, social e cultural, bem como estabelecendo que os povos podem
dispor livremente de suas riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo das obrigações
decorrentes da cooperação econômica internacional, não podendo, em nenhuma hipótese, que
os povos se privem de seus meios de subsistência.

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Recomenda-se, assim como em relação aos outros instrumentos de proteção dos direitos hu-
manos, a leitura na íntegra do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Cultu-
rais, justamente para se ter uma completa noção dos direitos ali reconhecidos, que vão desde
a garantia de igualdade entre homens e mulheres no gozo de todos os direitos econômicos,
sociais e culturais; até o direito à educação, à gratuidade de educação primária; passando pelo
direito de fundar sindicatos, direito de greve, direito à previdência e seguro social, direito de
proteção à família, dentre outros.

O monitoramento do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais


se dá por meio de um sistema de relatórios periódicos encaminhados ao Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas contendo as medidas adotadas bem como o progresso alcan-
çado quanto à observância dos direitos reconhecidos pelo pacto.
Quanto ao protocolo adicional, assim como no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos, o Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos foi ado-
tado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 2008, estabelecendo
a competência do Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais para receber e apreciar
comunicações interestatais e individuais por violações aos direitos previstos no referido pacto,
em formato semelhante ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.
Vejamos como a banca a seguir abordou esse tema.

013. (PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE-SP/MPE-SP/2017) Considere os seguin-


tes conceitos:
– Consiste na transmissão de valores e experiências entre as gerações, permitindo às mais
novas alcançar perfeita interação social, propiciando-lhes meios e instrumentos para que pos-
sam manter, aprimorar e, posteriormente, retransmitir a seus sucessores o arcabouço cultural,
os valores e os comportamentos adequados à vida em sociedade e indispensáveis para o pro-
cesso de evolução social rumo a um efetivo Estado Democrático de Direito, que deve ter por
premissa a consagração da Dignidade da Pessoa Humana.
– Desenvolve-se sistematicamente, segundo planos formais que incluem conteúdos e meios
previamente traçados para atingir objetivos intencionalmente determinados, sendo de regra
ministrado em unidades educacionais da rede pública ou privada.
– Constitui o traço identificativo de um povo, marco de sua união, de costumes e desígnios
comuns. É formado por valores atribuídos a bens materiais ou imateriais pelos seres humanos,
em virtude de seus predicamentos intrínsecos ou extrínsecos.
Tais conceitos referem-se, respectivamente, aos direitos

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Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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a) à cultura, à educação e ao ensino.


b) à educação, ao ensino e à cultura.
c) ao ensino, à educação e à cultura.
d) à cultura, ao ensino e à educação.
e) à educação, à cultura e ao ensino.

Trata-se de questão relativamente fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca de


conceitos bastante autoexplicativos dos direitos sociais à educação, ensino e cultura.
Letra b.

8. Das Regras Atinentes à Nacionalidade Previstas na Constituição Fe-


deral de 1988

Antes de falarmos especificamente dos direitos de nacionalidade previstos nos artigos 12


e 13 da Constituição Federal de 1988, vale contextualizar de maneira breve o significado da
expressão “direito de nacionalidade”.
Pois bem, no nosso ordenamento jurídico, pode-se dizer que “nacionalidade”, na lição de
Pontes de Miranda, é o “vínculo jurídico-político de direito público interno, que faz da pessoa um
dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado”. Sendo assim, uma vez firmada
a nacionalidade de um indivíduo, ele passa a integrar o povo de um determinado Estado-nação,
surgindo então prerrogativas e deveres que esse indivíduo poderá usufruir e deverá cumprir.
Partindo então para uma leitura sistemática dos direitos de nacionalidade na Constituição
Federal de 1988, podemos dizer que a sociedade brasileira, por meio da assembleia constituin-
te de 1988, resolveu reconhecer como brasileiros os natos e os naturalizados, nas condições
estabelecidas nos incisos do art. 12 da CF/88, vejamos:

Art. 12. São brasileiros:


I – natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
II – naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

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Muito embora o § 2º do art. 12 da CF/88 tenha sido claro ao prever que “A lei não poderá
estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados”, o próprio § 2º faz a ressalva de
que a Constituição Federal estabelece alguns casos em que ocorre o tratamento diferenciado
entre ambos.
Um exemplo claro de distinção é a ocupação de cargos públicos, tornando-se expressa a
vontade da sociedade brasileira que os cargos elencados nos incisos do § 3º do art. 12 são
privativos de brasileiros natos, como é o caso do Presidente e do Vice-Presidente da República,
estendendo-se a outras autoridades que ocupam a linha sucessória temporária da Presidência
da República em casos de afastamento do titular do cargo.
Outro exemplo claro de distinção é a possibilidade, para o brasileiro naturalizado, de ser
extraditado, em determinadas situações (art. 5º, LI, CF/88), o que é completamente vedado ao
brasileiro nato.
A partir dessas noções iniciais, podemos então dizer que no Brasil temos dois tipos de
nacionalidade:

NACIONALIDADE ORIGINÁRIA NACIONALIDADE SECUNDÁRIA

É a nacionalidade involuntária, primária É a nacionalidade derivada, adquirida

Inerente ao brasileiro nato Inerente ao brasileiro naturalizado

Deriva do nascimento, sendo aferida por


laços sanguíneos e territoriais, sendo estes Advém de um ato de vontade do
os critérios definidos pelo Estado para a indivíduo que opta pela naturalização
sua outorga.

As hipóteses de aquisição da nacionalidade originária, pelos critérios sanguíneos e ter-


ritoriais, estão previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do inciso I do art. 12 da CF/88, apresen-
tando-se na verdade como regras mediante as quais os indivíduos podem ser considerados
brasileiros natos:
a) art. 12, I, “a”: regra do “ius solis” ou “ius loci” (critério territorial): de acordo com essa
regra, considera-se brasileiro nato o indivíduo que nascer no território brasileiro, ainda que de
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país de origem, ou seja, não
estejam exercendo atividade ligada ao seu Estado originário. Caso estejam, o laço sanguíneo
do filho prevalecerá sobre a territorialidade.
b) art. 12, I, “b”: regra do “ius sanguinis” (critério sanguíneo) c/c critério funcional: de
acordo com essa regra, considera-se brasileiro nato o indivíduo que nascer em território es-
trangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer um deles esteja a serviço da
República Federativa do Brasil, ou seja, é preciso que pai ou mãe, sendo brasileiros, estejam

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cumprindo missão oficial em nome do Brasil. Frisa-se que a expressão “esteja a serviço da
República Federativa do Brasil” significa dizer que o mesmo deva estar exercendo atividade
relacionada à Administração pública direta ou indireta em todas as suas esferas, inserindo-se
as atividades consulares, diplomáticas, bem como os serviços prestados por autarquias, em-
presas públicas e sociedades de economia mista.
c) art. 12, I, “c”: regra do “ius sanguinis” (critério sanguíneo) c/c critério residencial c/c
opção confirmativa: de acordo com essa regra, considera-se brasileiro nato o indivíduo que
nascer em território estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registra-
dos em repartição brasileira competente ou venham a residir no Brasil e optem, em qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
As hipóteses de aquisição da nacionalidade secundária, por meio da naturalização, es-
tão previstas nas alíneas “a” e “b” do inciso II do art. 12 da CF/88, apresentando-se na ver-
dade como regras mediante as quais os indivíduos podem ser considerados brasileiros na-
turalizados.

É importante esclarecer que a naturalização é um ato discricionário exclusivo do Chefe do Po-


der Executivo, com exceção da naturalização extraordinária prevista na alínea “b” do inciso II do
art. 12 da CF/88, que se apresenta como um direito público subjetivo. Dessa forma, ressalvada
essa exceção, pode até o indivíduo estrangeiro ou apátrida cumprir todos os requisitos legais
e constitucionais para a obtenção da naturalização, porém, é imprescindível que o Chefe do
Poder Executivo delibere e decida sobre a matéria, dentro de sua esfera de discricionariedade.

Quanto às hipóteses de naturalização, vejamos as situações previstas no inciso II do art.


12 da CF/88:
a) art. 12, II, “a”: regra da naturalização expressa ordinária (comum): de acordo com essa
regra, para a naturalização ordinária ser concedida exige-se um requisito implícito (a aquies-
cência do Chefe do Poder Executivo em aceitar o pleito do estrangeiro ou apátrida) e outros
três requisitos expressos, a saber: (i) preencher as condições estabelecidas no art. 12 do Es-
tatuto do Estrangeiro (Lei n. 6.815/1980); (ii) tratar-se de estrangeiro oriundo de país de língua
portuguesa; e (iii) residir no Brasil por um ano ininterrupto e apresentar bom procedimento e
conduta ilibada, ou seja, ter idoneidade moral.
Frisa-se que a própria Constituição Federal de 1988 estabelece que aos portugueses com
residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuí-
dos os direitos inerentes ao brasileiro, com as ressalvas aos casos previstos no mesmo Texto
Constitucional, regra essa prevista no § 1º do art. 12.
b) art. 12, II, “b”: regra da naturalização expressa extraordinária (quinzenária): de acordo
com essa regra, é permitido aos estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil
há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, ingressarem com o pedido de

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naturalização. Trata-se, pois, de um direito público subjetivo, intransferível, que se incorpora,


automaticamente, ao patrimônio do interessado em obtê-la, encontrando-se o Poder Executivo
vinculado ao requerimento e, em caso de satisfação de todos os requisitos, impossibilitado de
apresentar qualquer óbice, eis que nesse caso não se aplica a discricionariedade.
Verificadas as regras de reconhecimento de brasileiros natos e de naturalização, é impor-
tante frisar que a Constituição Federal de 1988 deixou expressa no § 2º do art. 12 uma regra de
suma importância, uma decorrência lógica do princípio da igualdade, taxativo no caput do art.
5º do Texto Maior, qual seja, que “A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos
e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição”.
Ao lado dessa regra geral, sabemos que o próprio texto constitucional apresenta 04 (quatro)
exceções que estabelecem clara distinção entre brasileiros natos e naturalizados, quais sejam:
• Extradição: art. 5º, LI, CF/88: “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvi-
mento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;”
• Ocupação de cargos públicos: art. 12, § 3º, CF/88: § 3º São privativos de brasileiro nato
os cargos: I – de Presidente e Vice-Presidente da República; II – de Presidente da Câma-
ra dos Deputados; III – de Presidente do Senado Federal; IV – de Ministro do Supremo
Tribunal Federal; V – da carreira diplomática; VI – de oficial das Forças Armadas. VII – de
Ministro de Estado da Defesa;
• Função de Conselheiro da República: art. 89, VII, CF/88: Art. 89. O Conselho da Repúbli-
ca é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: (...); VII
– seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois
nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos
pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
• Propriedade de empresa jornalística, de radiodifusão sonora, de sons e imagens: art.
222, CF/88: “Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e
de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos,
ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.”

Ainda no tocante aos direitos de nacionalidade, a Constituição Federal de 1988 prevê ex-
pressamente as hipóteses em que pode ser declarada a perda da nacionalidade de um brasi-
leiro, de acordo com as situações previstas nos incisos I e II do § 4º do art. 12, vejamos:

§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:


I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao inte-
resse nacional;
II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estran-
geiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;

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A hipótese do inciso I do § 4º do art. 12 diz respeito à retirada dos direitos de nacionalidade


daquele naturalizado que exerceu atividade prejudicial e grave ao interesse da nação brasileira,
propiciando, inclusive, a depender do caso, que sejam aplicadas sanções políticas e criminais
ao(s) infrator(es).
As hipóteses previstas nas alíneas “a” e “b” do inciso II do § 4º do art. 12 são conhecidas
como naturalização voluntária e dizem respeito à perda da nacionalidade do brasileiro em
virtude da aquisição de outra nacionalidade, salvo nos casos em que exista o reconhecimento
de nacionalidade originária pela lei estrangeira ou nos casos em que haja imposição de natura-
lização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição
para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
Para que a naturalização voluntária ocasione a perda da nacionalidade, é necessário que
o brasileiro (nato ou naturalizado) manifeste sua livre vontade de adquirir outra nacionalidade,
assim como é necessário também que o brasileiro (nato ou naturalizado) esteja apto para a
prática dos atos da vida civil, bem como é necessária, ainda, a efetiva chancela do pedido de
naturalização.

É possível recuperar a nacionalidade brasileira, uma vez perdida?


SIM. Se o caso for de cancelamento de naturalização (art. 12, § 4º, I, CF/88), é possível read-
quiri-la mediante ação rescisória. Se o caso for de aquisição de outra nacionalidade (art. 12,
§ 4º, II, CF/88), é possível a reaquisição por Decreto do Presidente da República, desde que o
expatriado esteja domiciliado no Brasil, restabelecendo-se a condição da nacionalidade an-
terior (brasileiro nato ou naturalizado). Registre-se que algumas correntes doutrinárias (não
majoritárias) entendem que essa reaquisição não deve ser via decreto e sim pelas vias dos
processos específicos de naturalização, retornando a pessoa à condição de brasileiro naturali-
zado e não à condição de brasileiro nato.

Ainda sobre os direitos de nacionalidade, o art. 13 da CF/88 estabelece que a “língua por-
tuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil”, assim como o § 1º estabelece
que “São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo na-
cionais.” e o § 2º estabelece que “Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter
símbolos próprios.”

9. Os Direitos Políticos na Constituição Federal de 1988


A Constituição Federal de 1988 trata dos direitos políticos nos artigos 14 a 16, tratando-os
como parte integrante do Título II “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”. Mas, na verdade, o
que são “direitos políticos”?

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Podemos dizer que direitos políticos são prerrogativas constitucionais ou direitos públicos
subjetivos que representam a medida de participação dos cidadãos no cenário governamen-
tal do Estado, refletindo o modo de atuação da soberania popular prevista no § único do art.
1º da CF/88.
A CF/88 trata os direitos políticos com enfoque na participação do processo eleitoral, iden-
tificando-se daí dois grupos que a doutrina classifica como direitos políticos positivos e direi-
tos políticos negativos, a saber:

Tratando-se inicialmente dos direitos políticos positivos, pode-se dizer que estes represen-
tam o conjunto de normas que asseguram a participação do povo no cenário eleitoral do Esta-
do, sendo também chamados de direitos cívicos, eis que garantem ao cidadão a participação
no processo político do país.
Nos termos do quadro acima, a essência dos direitos políticos positivos engloba o direito
de sufrágio em seus aspectos ativo (direito de votar) e passivo (direito de ser votado), os siste-
mas eleitorais (nas modalidades majoritário, proporcional e misto) e o procedimento eleitoral.
A CF/88, em seu art. 14, prevê que a “(...) soberania popular será exercida mediante o sufrá-
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos (...)”.

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Trata-se, pois, o sufrágio universal, do direito de votar e de ser votado, do exercício da ca-
pacidade eleitoral ativa e passiva de forma ampla e irrestrita, observando-se certos requisitos
gerais (p. ex., nacionalidade, idade, capacidade) e requisitos de forma (p.ex., a necessidade de
alistamento eleitoral), regramento esse previsto nos §§ 1º a 9º do art. 14 da CF/88.
Poderíamos aqui tecer várias considerações sobre as espécies de sufrágio e suas caracte-
rísticas, mas acredito que o foco deve ser o edital e o mesmo deve se concentrar nos direitos
políticos previstos na CF/88, o que nos remete a centralizar no sufrágio universal, no voto di-
reto e secreto, no alistamento eleitoral, nas condições de elegibilidade, bem como na perda ou
suspensão de direitos políticos.
Pois bem, falávamos do sufrágio universal, que, do ponto de vista da igualdade, classifica-
-se em igual (direito reconhecido a todos, com os mesmos pesos e medidas) ou desigual (uma
mesma pessoa pode votar mais de uma vez e o seu voto tem mais valor do que o dos outros).
Obviamente, como dito anteriormente, nos termos do caput do art. 14 da CF/88, o Brasil adota
o sufrágio universal por meio do voto direto e secreto com valor igual para todos.
É importante frisar que o art. 14 da CF/88 trata da soberania popular exercida pelo sufrágio
universal, pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, mediante as modalidades de
plebiscito, referendo e iniciativa popular, fazendo alusão à necessidade de lei para tratar dos
detalhes de sua implementação.
Quanto ao alistamento eleitoral e o voto, o § 1º do art. 14 da CF/88 prevê que ambos são
OBRIGATÓRIOS para maiores de 18 (dezoito) anos e FACULTATIVOS para analfabetos, maio-
res de 70 (setenta) anos e maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito) anos.
A CF/88 ainda prevê no § 2º do art. 14 a impossibilidade de alistamento eleitoral para
estrangeiros e para os conscritos, durante o período de serviço militar obrigatório, entenden-
do-se como conscritos aqueles convocados a prestar o serviço militar.
Retomando a lógica do nosso quadro acima, a essência a essência dos direitos políticos
positivos ainda engloba o direito de sufrágio em seu aspecto passivo, ou seja, o direito de ser
votado. A CF/88 traz no § 3º do art. 14 as condições de elegibilidade, que necessitam de lei
para tratar dos detalhes de sua implementação, vindo a compor os requisitos legais e cons-
titucionais que tornam o cidadão apto a pleitear cargos com mandatos políticos, sendo elas:
• A nacionalidade brasileira;
• O pleno exercício dos direitos políticos;
• O alistamento eleitoral;
• O domicílio eleitoral na circunscrição;
• A filiação partidária;
• A idade mínima de:
− 35 (trinta e cinco) anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
− 30 (trinta anos) para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

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− 21 (vinte e um) anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,
Vice-Prefeito e juiz de paz;
− 18 (dezoito) anos para Vereador.

Vale lembrar que a filiação partidária é regulamentada pela Lei n. 9.096, de 19 de setem-
bro de 1995, e suas alterações posteriores, estando a referida lei sendo objeto de discussão
judicial via Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI n. 5398) no âmbito do Supremo Tribunal
Federal, proposta pelo partido político Rede Sustentabilidade.
Ao mesmo tempo em que a CF/88 traz as condições para a elegibilidade dos cidadãos, o
mesmo diploma constitucional prevê em seu § 4º do art. 14º que serão inelegíveis os inalistá-
veis e os analfabetos, entendendo-se como inalistáveis aqueles que não reúnem as condições
de alistamento eleitoral.
Em relação aos cargos políticos com mandatos eletivos, a CF/88 traz situações específi-
cas nos §§ 5º a 7º do art. 14, vejamos:

CARGOS REGRAS

Podem ser reeleitos para um único


período subsequente;
Para concorrerem a outros cargos, devem
renunciar aos respectivos mandatos até
seis meses antes do pleito;
Presidente da República
O cônjuge e os parentes consanguíneos
Governadores de Estado, do Distrito
ou afins, até o segundo grau ou por
Federal ou Territórios
adoção são inelegíveis, no território de
Prefeitos
jurisdição do titular (nesse caso, a regra se
aplica a quem vier a substituir o titular do
cargo nos seis meses anteriores ao pleito,
salvo se já titular de mandato eletivo e
candidato à reeleição).
Em relação aos militares, a CF/88 prevê a possibilidade de alistamento eleitoral atendidas
as condições estabelecidas no § 8º do art. 14, vejamos:

§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:


I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, pas-
sará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

A partir da alteração promovida pela Emenda Constitucional de Revisão n. 04/1994, a


CF/88 passou a estabelecer a possibilidade da adoção de outros casos de inelegibilidade e
os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para
exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimida-

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de das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função,


cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
A CF/88 ainda prevê a possibilidade de impugnação de mandato eletivo perante a Justiça
Eleitoral, no prazo de 15 (quinze) dias após a diplomação, admitindo-se como argumentação
para comprovação na ação judicial questões que envolvam abuso de poder econômico, cor-
rupção ou fraude. A referida ação tramitará em segredo de justiça, podendo o autor responder,
na forma da lei, caso a demanda se apresente como temerária ou de manifesta má-fé.
Ainda acerca dos direitos políticos, a CF/88 traz em seu art. 15 a vedação expressa quanto
à cassação dos direitos políticos, podendo haver a perda ou suspensão nos casos de
• cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
• incapacidade civil absoluta;
• condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
• recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do
art. 5º, VIII;
• improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, da CF/88.

10. O Status Normativo dos Tratados e Convenções Internacionais de


Direitos Humanos
Inicialmente, trata-se de um tema muito recorrente em provas, dotado de certa complexi-
dade, mas, de forma geral, muito bem abordado pela doutrina e jurisprudência, deixando uma
certa margem para entendimentos convergentes e dissonantes.
De maneira geral, os tratados e convenções internacionais se inserem no ordenamento jurí-
dico brasileiro em equivalência às leis ordinárias. Contudo, em se tratando de diplomas interna-
cionais que consagrem direitos humanos, pairam discussões quanto à sua posição na ordem
normativa, considerando as interpretações acerca de seu status constitucional ou infralegal.
Nos termos do § 2º do art. 5º da CF/1988, os direitos e garantias expressos nesta Cons-
tituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. A partir desse dis-
positivo, quatro correntes doutrinárias buscaram abordar a hierarquia dos tratados e conven-
ções de direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro, a saber:
a) a hierarquia supraconstitucional destes tratados;
b) a hierarquia constitucional;
c) a hierarquia infraconstitucional, mas supralegal; e
d) a paridade hierárquica entre tratado e lei federal.
Destaca-se na doutrina a esse respeito o posicionamento de Flávia Piovesan12, no sentido
de que a Constituição Federal de 1988 inovou ao incluir, dentre os direitos constitucionalmente
12
PIOVESAN, Flávia. Reforma do judiciário e direitos humanos. In TAVARES, Ramos. LENZA, Pedro. ALARCÓN, Pietro de Jesús
Lora (Coord.). Reforma do judiciário analisada e comentada. São Paulo: Método, 2005, p. 67-81.

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protegidos, os direitos enunciados nos tratados internacionais de direitos humanos nos quais
o Brasil seja signatário, atribuindo a eles uma hierarquia de norma constitucional.
Ocorre que nem sempre foi esse o entendimento majoritário. O Supremo Tribunal Federal
entendia que os tratados internacionais de direitos humanos eram recepcionados no ordena-
mento interno com status de lei ordinária, entendimento esse confirmado inclusive na vigência
da atual Constituição Federal.
O cenário muda a partir da entrada em vigor da Emenda Constitucional n. 45/2004, que
incluiu o § 3º na redação do art. 5º da CF/1988, nos seguintes termos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regi-
me e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (g.n.)

Nesse sentido, pode-se afirmar que o Poder Constituinte, a partir da inclusão desse dis-
positivo, atribuiu aos tratados e convenções internacionais de proteção dos direitos humanos
equivalência às emendas constitucionais, passando a alcançar status de norma formal e ma-
terialmente constitucional.
A partir desse entendimento, a primeira conclusão foi de que a respeito dos demais trata-
dos que não tratassem de direitos humanos, o Supremo Tribunal Federal manteve o entendi-
mento de que seriam recepcionados na ordem interna com status de leis ordinárias.
Firmou-se entendimento também de que os tratados internacionais de direitos humanos
seriam recepcionados na ordem interna com status supralegal, ou seja, numa hierarquia “kel-
seniana” entre a Constituição e as leis ordinárias.
Já quanto aos tratados internacionais de direitos humanos aprovados nos termos do § 3º do
art. 5º da CF/1988, ou seja, após a entrada em vigor da Emenda Constitucional n. 45/2004, es-
ses seriam recepcionados com status de emendas constitucionais e, portanto, com hierarquia
de norma constitucional, desde que observado o procedimento de aprovação, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros.
A importância desse status se mostra ainda mais relevante no tocante à impossibilidade
de denúncia desses tratados internacionais, eis que adquirem contorno formal e materialmen-
te constitucional, passando a compor o texto constitucional, não sendo permitido que um ato
isolado (p.ex., denúncia) do Poder Executivo subtraia esses direitos da sociedade em geral.

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Sendo assim, confirmando esse entendimento, o STF passou a adotar em suas decisões
a teoria do duplo status dos tratados e convenções internacionais de direitos humanos, da
seguinte forma:
(i) Status Constitucional para os tratados que se submetem ao rito do § 3º do art. 5º da
CF/1988, a exemplo da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu
Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007 e incorporados
ao ordenamento via Decreto Legislativo n. 186/2008; promulgada via Decreto n. 6.949, de
25 de agosto de 2009. A respeito, Flávia Piovesan atribui a esses tratados a nomenclatura
de “Tratados
(ii) Status Supralegal para os tratados aprovados antes da Emenda Constitucional n.
45/2004 e mesmo os posteriores que não observarem o rito do § 3º do art. 5º da CF/1988,
posicionando-se abaixo da Constituição Federal, porém, acima da legislação ordinária interna.

A impossibilidade de denúncia acaba por atingir apenas os tratados e convenções internacio-


nais submetidos ao regime de aprovação previsto no § 3º do art. 5º da CF/1988, restando aos
tratados de direitos fundamentais que não se submeteram ao mencionado regime a possibi-
lidade de denúncia, por não alcançarem status de norma constitucional, nem sob o aspecto
formal, nem sob o aspecto material, não havendo óbice, portanto, à denúncia desses instru-
mentos internacionais.

Pois bem, dito isso, vejamos como a banca a seguir abordou esse tema.

014. (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-PE/CESPE/2018) Considerando o entendimento do Supre-


mo Tribunal Federal (STF) acerca dos tratados internacionais de direitos humanos, julgue os
seguintes itens.
I – Os tratados e as convenções sobre direitos humanos aprovados em cada Casa do Congres-
so Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos, são equivalentes às emendas consti-
tucionais e não podem ser ulteriormente declarados inconstitucionais.
II – O STF entende que a subscrição, pelo Brasil, do Pacto de São José da Costa Rica conduziu
à inexistência de balizas a determinados comandos constitucionais, tendo, por isso, indicado a
derrogação das normas legais definidoras da custódia de depositário infiel, tornando-se ilegal
a sua prisão.
III – Tratados de direitos humanos firmados antes da Emenda Constitucional n.º 45/2004 con-
tinuam a valer como normas infraconstitucionais e não poderão passar por novo processo
legislativo para alterar seu status no ordenamento jurídico.
Assinale a opção correta.

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a) Apenas o item I está certo.


b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas o item III está certo.
d) Apenas os itens I e II estão certos.
e) Apenas os itens II e III estão certos.

Trata-se de questão complexa, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca de entendi-


mento específico do Supremo Tribunal Federal acerca da subscrição do Pacto de São José da
Costa Rica, surtindo efeito na derrogação das normas legais definidoras da custódia de depo-
sitário infiel, tornando-se ilegal a sua prisão.
Letra b.

A Emenda Constitucional n. 45/2004, que incluiu o § 3º na redação do art. 5º da CF/1988, tam-


bém incorporou à CF/88 uma competência exclusiva ao Procurador-Geral da República nas
hipóteses de grave violação de direitos humanos, atribuindo-lhe a possibilidade de suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou do processo, o inci-
dente de deslocamento de competência para a Justiça Federal, com a finalidade de assegurar
o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos
quais o Brasil seja parte, regra essa inserida no § 5º do Art. 109 da CF/88.

10.1. Controle de Convencionalidade


Trata-se de instituto que permite a verificação de compatibilidade das leis internas com
os tratados e convenções internacionais, no nosso caso, aqueles que envolvem a proteção de
direitos humanos.
Alguns doutrinadores como Valério de Oliveira Mazzuoli13, André de Carvalho Ramos14 e
Sidney Guerra15, relacionam duas formas de exercício do controle de convencionalidade:
• Controle de convencionalidade internacional: atribuído a órgãos internacionais, a exem-
plo da Corte Interamericana de Direitos Humanos, da Corte Europeia de Direitos Huma-
nos e da Corte Africana de Direitos Humanos: no sistema interamericano, o controle
internacional permite que a Corte Interamericana interprete e aplique o Pacto de São
José da Costa Rica por meio de um exame de confrontação com o direito interno (lei,
ato administrativo, jurisprudência, práticas administrativas e judiciais, inclusive a pró-

13
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Teoria Geral do Controle de Convencionalidade no Direito Brasileiro. Magistratura: Temas
Aprofundados. Salvador: Jus Podium, 2013.
14
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p
280-283.
15
GUERRA, Sidney. Curso de Direitos Humanos. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 178.

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pria Constituição), permitindo-se que um Estado-parte seja condenado a revogar leis


incompatíveis com o Pacto, bem como a adaptar sua legislação por meio de reformas
constitucionais, garantindo-se a tutela dos direitos humanos no ordenamento interno;
• Controle de convencionalidade nacional: exercido pelo Poder Judiciário no controle
nacional de supralegalidade ou constitucionalidade, considerando que o ordenamento
brasileiro admite o duplo status dos tratados e convenções internacionais de direitos
humanos, a depender da forma de sua internalização. Constitui-se na verificação pelo
Poder Judiciário, dentro de suas respectivas competências, da compatibilidade das leis
internas com as convenções e tratados internacionais de direitos humanos. Trata-se de
um controle de legalidade, supralegalidade ou constitucionalidade, a depender da inter-
nacionalização do tratado ou da convenção internacional de direitos humanos.

Para Valério Mazzuoli16, “deve a lei ser compatível com a Constituição e com os tratados
internacionais (de direitos humanos e comuns) ratificados pelo governo. Caso a norma esteja
de acordo com a Constituição, mas não com eventual tratado já ratificado e em vigor no plano
interno, poderá ela ser considerada vigente (pois, repita-se, está de acordo com o texto cons-
titucional e não poderia ser de outra forma) – e ainda continuará perambulando nos compên-
dios legislativos publicados -, mas não poderá ser tida como válida, por não ter passado imune
a um dos limites verticais materiais agora existentes: os tratados internacionais em vigor no
plano interno”.
Bem, após nossa conversa sobre os direitos humanos e os direitos fundamentais na Cons-
tituição Federal de 1988, vamos partir agora para outros pontos também de extrema relevância
do edital: as Regras Mínimas da ONU para o Tratamento de Pessoas Presas (Regras de Man-
dela), a Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) e o Programa Nacional de Direitos
Humanos (Decreto n. 7.037/2009 e suas alterações). Não desanime, é a nossa reta final.

11. Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos


(Regras de Mandela)
Ao longo de sua existência, os Estados-Membros da Organização das Nações Unidas têm
reconhecido que um sistema de justiça criminal humano, justo, efetivo e responsável é basea-
do no compromisso de proteger os direitos humanos na administração da justiça e na preven-
ção e controle de crimes, reconhecendo-se o valor e o impacto dos padrões e das normas da
ONU no desenvolvimento e implementação de políticas e programas sobre justiça criminal e
prevenção ao crime.
Nesse sentido, levando em consideração as particularidades legais, sociais, econômicas
e geográficas mundiais, mesmo sabedores de que uma regra poderia não ser passível de apli-

16
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Teoria Geral do Controle de Convencionalidade no Direito Brasileiro. Magistratura: Temas
Aprofundados. Salvador: Jus Podium, 2013. p. 382.

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cação em todos os locais do mundo, e após profunda análise acerca das normas existentes
sobre o tratamento de pessoas em privação de liberdade, a Comissão sobre Prevenção ao
Crime e Justiça Criminal, recomendou ao Conselho Econômico e Social a aprovação, via As-
sembleia Geral, de Resolução com vistas a estabelecer regras mínimas das Nações Unidas
para o tratamento de reclusos, vindo a ser aprovada em 17 de dezembro de 2015 a Resolução
70/175, passando a ser conhecida como “Regras de Mandela”, inspirada nos ditames previstos
na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Trata-se de documento que não tem a pretensão de descrever um modelo de sistema pri-
sional, buscando somente estabelecer bons princípios e práticas no tratamento de presos e
na gestão prisional, servindo como estímulo para o constante empenho das autoridades na
superação das dificuldades de implementação da política prisional.

Uma primeira observação a ser feita quanto ao escopo das regras diz respeito ao âmbito de
sua aplicação, considerando que as “Regras de Mandela” não buscam regular a gestão de ins-
tituições reservadas para jovens em conflito com a lei, tais como as unidades de internação
e semiliberdade, podendo apenas serem levadas em consideração quanto aos seus aspec-
tos gerais. Uma das razões para tanto seria o fato de que a categoria de presos juvenis deve
compreender pelo menos todos os jovens que estão sob a jurisdição das cortes juvenis, não
cabendo, em tese, para tais jovens, condenação a penas de reclusão.

Quanto à estrutura do documento, a Resolução 70/175 da Assembleia Geral, que aprovou


as Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos (Regras de Mandela)
conta com 122 Regras, dividindo-se em duas partes. A Parte I conta com 85 (oitenta e cinco)
“Regras de Aplicação Geral”, com princípios básicos a serem observados e regras específicas
acerca de registros de reclusos, categorias de reclusos, alojamento, higiene pessoal, vestuário
e roupas de cama, alimentação, exercício e desporto, serviços médicos, restrições, disciplina e
sanções, instrumentos de coação, revistas aos reclusos e inspeção de celas, informações e di-
reito de reclamação dos reclusos, contatos com o mundo exterior, biblioteca, religião, depósito
de objetos pertencentes aos reclusos, notificações, investigações, transferência de reclusos,
profissionais do estabelecimento prisional, bem como inspeções internas e externas.
Quanto aos princípios básicos (Regras 1 a 5), confirma-se a inspiração das Regras de Man-
dela na Declaração Universal dos Direitos Humanos, prevendo-se expressamente que todos os
reclusos “(...) devem ser tratados com o respeito inerente ao valor e dignidade do ser humano.
Nenhum recluso deverá ser submetido a tortura ou outras penas ou a tratamentos cruéis, desu-
manos ou degradantes e deverá ser protegido de tais atos. (...)”; bem como que “(...) Não deve
haver nenhuma discriminação em razão da raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou ou-
tra, origem nacional ou social, patrimônio, nascimento ou outra condição. É necessário respeitar
as crenças religiosas e os preceitos morais do grupo a que pertença o recluso.”

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Um dos grandes destaques entre os princípios básicos é a Regra 4, que trata dos objetivos
da pena de prisão:

Regra 4
1. Os objetivos de uma pena de prisão ou de qualquer outra medida restritiva da liberdade são, prio-
ritariamente, proteger a sociedade contra a criminalidade e reduzir a reincidência. Estes objetivos só
podem ser alcançados se o período de detenção for utilizado para assegurar, sempre que possível,
a reintegração destas pessoas na sociedade após a sua libertação, para que possam levar uma vida
autossuficiente e de respeito para com as leis.
2. Para esse fim, as administrações prisionais e demais autoridades competentes devem proporcio-
nar educação, formação profissional e trabalho, bem como outras formas de assistência apropria-
das e disponíveis, incluindo aquelas de natureza reparadora, moral, espiritual, social, desportiva e de
saúde. Estes programas, atividades e serviços devem ser facultados de acordo com as necessida-
des individuais de tratamento dos reclusos.

Tais princípios também se referem à imparcialidade na aplicação das regras, aos objeti-
vos de uma sentença de encarceramento ou de medida restritiva de liberdade, bem como às
particularidades que envolvem os presos portadores de deficiências físicas, mentais ou outra
incapacidade.
As regras de aplicação geral também apresentam questões atinentes ao registro dos pre-
sos em locais de encarceramento, à obrigatoriedade de que a admissão de pessoa a um esta-
belecimento prisional seja condicionada à apresentação de uma ordem de detenção válida, à
necessidade de separação das pessoas em categorias de presos (homens e mulheres, jovens
e adultos, presos preventivos e presos condenados, presos por dívidas e presos por infrações
criminais), às acomodações da unidade prisional, à higiene pessoal e vestuário dos presos, à
alimentação e serviços de saúde e esporte.
Também fazem parte do escopo de regras de aplicação geral aquelas atinentes à discipli-
na e sanções em casos de infração disciplinar, aos instrumentos de restrição de liberdade ou
de locomoção (correntes, imobilizadores de ferro – desde que seu uso não importe em ações
degradantes ou dolorosas aos presos), às revistas íntimas e inspeção em celas, ao recebimen-
to de informações e direito de queixa por parte dos presos, à garantia de contato dos presos
com o mundo exterior, à garantia de acesso a livros, ao exercício da religião, à garantia de que
os pertences (dinheiro, objetos de valor, roupas etc.) dos presos seja retidos e mantidos em
segurança.
Outra garantia de extrema importância se refere ao direito do preso informar imediata-
mente a sua família, ou qualquer outra pessoa designada como seu contato, sobre seu encar-
ceramento, ou sobre sua transferência para outra unidade prisional, ou, ainda, sobre qualquer
doença ou ferimento graves.
As regras de aplicação geral também apresentam questões atinentes às investigações
internas no âmbito da unidade prisional, à remoção de presos entre unidades prisionais, à

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seleção de funcionários da unidade prisional, às inspeções internas ou administrativas condu-


zidas pela administração prisional central, bem como às inspeções externas conduzidas por
órgão independente da administração prisional, nesses casos, com o objetivo de assegurar
que as unidades prisionais sejam gerenciadas de acordo com as leis, regulamentos, políticas
e procedimentos existentes, a fim de alcançar os objetivos dos serviços penais e prisionais, e
a proteção dos direitos dos presos.
A Parte II conta com 37 (trinta e sete) “Regras Aplicáveis a Categorias Especiais”, subdivi-
dindo-se em 05 (cinco) Seções com tipos especiais de reclusos, a saber:
Seção A – Reclusos condenados
Seção B – Reclusos com transtornos mentais e ou com problemas de saúde

Seção C
Reclusos detidos ou a aguardar julgamento

Seção D – Presos Civis


Seção E – Pessoas presas ou detidas sem acusação
Quanto às regras aplicáveis a categorias especiais, a Seção A diz respeito aos presos sen-
tenciados, trazendo princípios orientadores acerca do retorno progressivo do preso à vida em
sociedade, da liberdade condicional, do adequado incentivo ao preso sentenciado quanto à
vontade de levar uma vida dentro da lei após sua soltura, do estabelecimento de diferentes
métodos de tratamento para diferentes classes de presos, da oportunidade do exercício de um
trabalho que incentive sua reabilitação, da promoção da educação e do lazer aos presos, bem
como da manutenção e aperfeiçoamento das relações entre o preso e sua família.
Outra garantia de extrema importância se refere à classificação e individualização dos pre-
sos sentenciados, de modo a separar dos demais presos aqueles que, por motivo de seu his-
tórico criminal ou pela sua personalidade, possam vir a exercer uma influência negativa sobre
os demais presos. Outra finalidade seria dividir os presos em classes, a fim de facilitar o trata-
mento, visando sua reinserção social.
Quanto às regras aplicáveis a categorias especiais, a Seção B diz respeito aos presos com
transtornos mentais e ou com problemas de saúde, com dispositivos específicos a respeito
dos indivíduos diagnosticados com deficiência mental e ou problemas de saúde severos, para
os quais o encarceramento significa um agravamento de sua condição.
Nesses casos, a resolução prevê que “(...) As pessoas consideradas inimputáveis, ou a
quem, posteriormente, foi diagnosticado uma deficiência mental e/ou um problema de saúde
grave, em relação aos quais a detenção poderia agravar a sua condição, não devem ser detidas
em prisões.”; devendo ser tomadas medidas para a transferência dessa pessoa a um estabele-
cimento para doentes mentais.

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A Resolução também prevê que o serviço de saúde das instituições prisionais deve propor-
cionar tratamento psiquiátrico a todos os prisioneiros que necessitarem.
No mesmo contexto das regras aplicáveis a categorias especiais, a Seção C diz respeito
aos presos sob custódia ou aguardando julgamento, trazendo dispositivos que garantem trata-
mento diferenciado aos presos nessas condições, reservando o tratamento a estes como “pre-
sos não julgados”, garantindo-lhes a presunção de inocência; a acomodação em instalações
separadas dos presos condenados; a possibilidade de acesso a alimentação proveniente de
ambiente externo à unidade prisional; a possibilidade de utilizar suas próprias roupas; o direito
de ter à sua disposição material para escrever, a fim de preparar os documentos relacionados
à sua defesa; o direito de ser imediatamente informado das razões de sua detenção e sobre
quaisquer acusações que pesem contra ele, dentre outras garantias.
Ainda no tocante às regras aplicáveis a categorias especiais, a Seção D diz respeito aos
chamados “presos civis” (Regra 121), entendendo-se por aquelas privações de liberdade oriun-
das de dívidas ou por ordem judicial referente a processo não criminal. Nesses casos, a reso-
lução prevê que os reclusos não devem ser submetidos a maiores restrições nem ser tratados
com maior severidade do que for necessário para manter a segurança e a ordem; garantindo-
-se, ainda, que o “(...) seu tratamento não deve ser menos favorável do que o dos detidos preven-
tivamente, sob reserva, porém, da eventual obrigação de trabalhar”.
Por fim, as regras aplicáveis a categorias especiais fazem alusão às pessoas presas ou
detidas sem acusação (Seção E – Regra 122), tratando-se de garantias aplicáveis a indivíduos
presos ou detidos sem acusação nas mesmas proporções dos presos sob custódia ou aguar-
dando julgamento, em especial no tocante à presunção de inocência, garantindo-se que não
sejam tomadas medidas que impliquem na reeducação ou reabilitação de indivíduos que não
foram condenados por qualquer crime.
Prezado(a) candidato(a), com vistas a tentar contribuir um pouco com o seu estudo sobre
as Regras de Mandela, preparei um quadro que relaciona as Regras da Resolução 70/175 com
as temáticas às quais estão vinculadas, recomendando-se, como sempre, a leitura na íntegra
do documento, eis que as bancas podem vir a explorar o conhecimento do(a) candidato(a)
acerca do texto original. Vale uma atenciosa leitura para uma boa fixação e um bom direciona-
mento do estudo:
Resolução 70/175 da Assembleia Geral – Regras Mínimas das Nações Unidas
para o Tratamento de Reclusos (Regras de Mandela)
PARTE I – REGRAS DE APLICAÇÃO GERAL
Princípios básicos Regras 1 a 5
Registros de reclusos Regras 6 a 10
Separação de categorias de reclusos Regra 11
Alojamento Regras 12 a 17

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para o Tratamento de Reclusos (Regras de Mandela)
Higiene pessoal Regra 18
Vestuário e roupas de cama Regras 19 a 21
Alimentação Regra 22
Exercício e desporto Regra 23
Serviços Médicos Regras 24 a 35
Restrições, disciplina e sanções Regras 36 a 46
Instrumentos de coação Regras 47 a 49
Revistas aos reclusos e inspeção de celas Regras 50 a 53
Informações e direito de reclamação dos
Regras 54 a 57
reclusos
Contatos com o mundo exterior Regras 58 a 63
Biblioteca Regra 64
Religião Regras 65 e 66
Depósito de objetos pertencentes aos
Regra 67
reclusos
Notificações Regras 68 a 70
Investigações Regras 71 e 72
Transferência de reclusos Regra 73
Pessoal do estabelecimento prisional Regras 74 a 82
Inspeções internas e externas Regras 83 a 85
PARTE II –REGRAS APLICÁVEIS A CATEGORIAS ESPECIAIS
Seção A – Reclusos condenados
Princípios gerais Regras 86 a 90
Tratamento Regras 91 e 92
Classificação e individualização Regras 93 e 94
Privilégios Regra 95
Trabalho Regras 96 a 103
Educação e lazer Regras 104 e 105
Relações sociais e assistência pós-prisional Regras 106 a 108
Seção B – Reclusos com transtornos mentais e ou com problemas de saúde

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para o Tratamento de Reclusos (Regras de Mandela)
Transferência para estabelecimentos para
Regra 109
doentes mentais
Manutenção do tratamento psiquiátrico Regra 110

Seção C
Reclusos detidos ou a aguardar julgamento
Presunção de inocência Regra 111
Separação dos reclusos condenados Regra 112
Regra de pernoite Regra 113
Alimentação diferenciada Regra 114
Vestuário Regra 115
Trabalho Regra 116
Acesso a livros, jornais, material para
Regra 117
escrever e outros meios de ocupação
Visitação e tratamento médico Regra 118
Informações sobre as razões de sua
detenção e as acusações contra si, bem Regras 119 e 120
como acesso a advogado
Seção D – Presos Civis
Prisão por dívidas ou oriundas de processo
não criminal – reclusos não submetidos
Regra 121
a maiores restrições, nem a tratamentos
severos
Seção E – Pessoas presas ou detidas sem acusação
Presunção de inocência e outras garantias
Regra 122
aplicáveis a reclusos preventivos
Muito bem, finalizamos por aqui os assuntos pertinentes às Regras Mínimas das Nações
Unidas para o Tratamento de Reclusos, conhecidas como “Regras de Mandela”, com a suges-
tão de que você leia com atenção a íntegra dos dispositivos, para uma visão mais completa
desse normativo.

12. A Declaração Universal dos direitos Humanos (DUDH)


Resultado dos movimentos pós Segunda Guerra Mundial, a Declaração Universal dos Direi-
tos Humanos (DUDH), também chamada de “Declaração Universal dos Direitos do Homem”, tor-

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nou-se o instrumento referência e, diga-se de passagem, o principal do Sistema Global de Pro-


teção, principalmente no tocante à concepção contemporânea acerca dos direitos humanos.
Aprovada de forma unânime (48 votos favoráveis) pela Resolução 217 – A da Assembleia
Geral das Nações Unidas realizada em Paris, França, em 10 de dezembro de 1948, a DUDH re-
cebeu também do Brasil o voto para sua aprovação. A inexistência de qualquer voto contrário
às suas disposições conferiu à DUDH o status de plataforma afirmativa de uma ética universal,
de um consenso mundial sobre a necessidade de respeito acerca de determinados valores por
todos os Estados que a ratificaram.
Existem algumas controvérsias doutrinárias em relação à sua natureza jurídica, eis que não
se trata tecnicamente de um “acordo” ou um “tratado” que cria obrigações legais. Entretanto,
para fins de prova, o(a) candidato(a) deve ficar atento ao enunciado da questão, pois, se o co-
mando tratar sobre o aspecto formal, trata-se de uma Resolução sem força jurídica vinculante.
Agora, se o comando optar pelos efeitos a partir de sua concepção doutrinária, a DUDH se
classifica como um documento com força jurídica obrigatória e vinculante.
Importante frisar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) tem como fun-
damento a dignidade da pessoa humana e possui natureza jurídica de Resolução da ONU,
valendo como uma forte recomendação de seus princípios aos Estados-Membros, eis que
do ponto de vista material, esse diploma vem sendo utilizado como importante elemento de
interpretação dos tratados e convenções internacionais e como fonte de inspiração para a
aprovação de normas internas dos Estados.
Alguns autores, como Valério de Oliveira Mazzuoli, defendem que a Declaração Universal
dos Direitos Humanos (DUDH) é um jus cogens, ou seja, uma norma imperativa de Direito Inter-
nacional, sendo de aplicação obrigatória e em relação à qual nenhuma derrogação é permitida.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) representa um ato de organização in-
ternacional, de modo que prescinde de incorporação ao direito interno, como se exige para
tratados ordinários de direitos humanos.

Com texto extremamente amplo, a DUDH compreende e reconhece vários direitos e facul-
dades sem os quais uma pessoa, independentemente de sua raça, religião ou sexo, não poderia
desenvolver sua personalidade física, moral e intelectual, reforçando, assim, a característica de
universalidade do documento, seja qual for o regime político do território em que for aplicado.
Quanto ao seu conteúdo, possui 30 (trinta) artigos inspirados em duas dimensões dos
direitos humanos, com ênfase na universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direi-
tos humanos:
• Direitos de 1ª dimensão (direitos civis e políticos): materializados nos artigos I a XXI;
• Direitos de 2ª dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais): materializados nos
artigos XXII a XXX.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

No tocante ao seu preâmbulo, vale frisar que seu texto significa um fundamento referencial
deste diploma, sendo inclusive utilizado como referência para edições de outros diplomas de
direitos humanos, também merecendo destaque o texto que proclama a declaração, vejamos:

A ASSEMBLÉIA GERAL
proclama
A PRESENTE DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS HUMANOS
como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que
cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce,
através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconheci-
mento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros,
quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Diante disso, cabem aqui preliminarmente três premissas:


• a dignidade da pessoa humana é inerente a todos, tendo seu fundamento com base na
liberdade, justiça e paz;
• existe uma relação direta entre direitos humanos e construção de uma sociedade justa,
igual, progressista e com melhores condições de vida;
• existe um ideal comum de direitos humanos para que seja cumprido plenamente por
todos.

Nesse sentido, a partir dessas premissas, é possível verificar que desde seu preâmbulo a
DUDH reforça o conceito da dignidade como característica inerente a todo ser humano e que
em razão disso torna-se igualmente titular de direitos que deles não se pode alienar. Essa ve-
rificação é possível quando constatamos a utilização das expressões “todos” e “ninguém” no
texto da Declaração, reforçando sua característica universalista, pautada na dignidade como
grande fundamento dos direitos humanos.
A Declaração também aborda, na lição da Profa. Flávia Piovesan17 a característica contem-
porânea da indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos, trazendo em seu conteú-
do de maneira conjugada direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, inaugurando
uma importante inovação no contexto dos direitos humanos, eis que a fruição de um passa a
estar atrelada à do outro.
A partir então da perspectiva contemporânea da DUDH, passa-se a ser possível inferir que
os direitos humanos são universais, eis que todos os seres humanos são seus titulares, ou
seja, a condição para usufruir de tais direitos seria a condição de ser uma pessoa e, ainda, a
dignidade humana passa a ser o fator que torna a todos igualmente sujeitos dos mesmos di-
reitos e obrigações. Ao mesmo tempo, a contemporaneidade possibilita inferir que os direitos

17
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o direito constitucional internacional. 7ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2006. p. 151.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

humanos são interdependentes e indivisíveis, uma vez que não seria possível conceber a ga-
rantia de um direito isoladamente, reforçando-se que a efetividade dos direitos civis e políticos
somente ocorre a partir da efetividade dos direitos econômicos, sociais e culturais.

O Prof. Celso Lafer, ao refletir sobre a fundamental importância do princípio da isonomia como
critério de organização do Estado-nação18, em contraponto à redação do Artigo I da Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH), argumenta não ser verdade que “todos os homens
nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, afirmando que nós não nascemos iguais, mas
“(...) nós nos tornamos iguais como membros de uma coletividade em virtude de uma decisão
conjunta que garante a todos direitos iguais”. Segundo o aludido autor, a igualdade não é um
dado, “(...) Ela é um construído, elaborado convencionalmente pela ação conjunta dos homens
através da organização da comunidade política”.

A partir dessa reflexão do Prof. Celso Lafer, é possível pensar a característica de indisso-
lubilidade dos direitos humanos, é possível refletir o direito individual do cidadão de autode-
terminar-se politicamente, de exercer seus direitos políticos, dentre outras reflexões possíveis.
Prezado(a) candidato(a), é muito comum verificar que algumas bancas trazem questões
com assertivas retiradas exatamente do corpo de texto das normas internacionais. Sendo as-
sim, preparei um quadro que relaciona os artigos da DUDH com as temáticas às quais estão
vinculados. Vale uma atenciosa leitura para uma boa fixação:

Declaração Universal dos Direitos Humanos (D.U.D.H.)


Artigo I – Todos os seres humanos nascem livres e
Liberdade e Igualdade em iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
dignidade e direitos consciência e devem agir em relação uns aos outros com
espírito de fraternidade.
Artigo II – Item 1 – Todo ser humano tem capacidade
para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie,
seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
Plena capacidade de gozo
nascimento, ou qualquer outra condição.
de direitos e liberdades, sem
Artigo II – Item 2 – Não será também feita nenhuma
qualquer distinção
distinção fundada na condição política, jurídica ou
internacional do país ou território a que pertença uma
pessoa, quer se trate de um território independente,
sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer
outra limitação de soberania.

18
LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 1988. p. 150.

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Declaração Universal dos Direitos Humanos (D.U.D.H.)


Direito à vida, à liberdade e à Artigo III – Todo ser humano tem direito à vida, à
segurança da pessoa liberdade e à segurança pessoal.
Artigo IV – Ninguém será mantido em escravidão ou
Proibição à escravidão e à
servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão
servidão
proibidos em todas as suas formas.
Proibição à tortura e às penas Artigo V – Ninguém será submetido à tortura nem a
cruéis, desumanas ou degradantes tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Reconhecimento da personalidade Artigo VI – Todo ser humano tem o direito de ser, em
jurídica a todo ser humano todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.
Artigo VII – Todos são iguais perante a lei e têm direito,
Estabelecimento do direito a ser sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm
protegido por lei contra violação direito a igual proteção contra qualquer discriminação
dos direitos fundamentais que viole a presente Declaração e contra qualquer
incitamento a tal discriminação.
Artigo VIII – Todo ser humano tem direito a receber dos
Reconhecimento do direito de
tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os
recursos aos tribunais nacionais
atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam
competentes
reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Reconhecimento das garantias
Artigo IX – Ninguém será arbitrariamente preso, detido
contra detenção, a prisão e o
ou exilado.
exílio arbitrários
Artigo X – Todo ser humano tem direito, em plena
igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de
Reconhecimento do direito a uma
um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre
justiça independente e imparcial
seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer
acusação criminal contra ele.
Artigo XI – Item 1 – Todo ser humano acusado de um ato
delituoso tem o direito de ser presumido inocente até
que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo
com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido
Reconhecimento do direito à asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
presunção de inocência e à não Artigo XI – Item 2 – Ninguém poderá ser culpado
retroatividade da lei por qualquer ação ou omissão que, no momento,
não constituíam delito perante o direito nacional ou
internacional. Também não será imposta pena mais forte
do que aquela que, no momento da prática, era aplicável
ao ato delituoso.

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Declaração Universal dos Direitos Humanos (D.U.D.H.)


Artigo XII – Ninguém será sujeito à interferências em
sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua
Direito à vida privada correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação.
Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais
interferências ou ataques.
Artigo XIII – Item 1 – Todo ser humano tem direito
à liberdade de locomoção e residência dentro das
Direito de ir e vir e de escolher
fronteiras de cada Estado.
livremente o local de sua
Artigo XIII – Item 2 – Todo ser humano tem o direito
residência
de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este
regressar.
Artigo XIV – Item 1 – Toda pessoa, vítima de perseguição,
tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros
países.
Direito de asilo Artigo XIV – Item 2 – Este direito não pode ser invocado
em caso de perseguição legitimamente motivada por
crimes de direito comum ou por atos contrários aos
objetivos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XV – Item 1 – Todo ser humano tem direito a uma
nacionalidade.
Direito à nacionalidade Artigo XV – Item 2 – Ninguém será arbitrariamente
privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar
de nacionalidade.
Artigo XVI – Item 1 – Os homens e mulheres de maior
idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou
religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar
Reconhecimento da igualdade de uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao
direitos entre o homem e a mulher casamento, sua duração e sua dissolução.
de acordo com o matrimônio e a Artigo XVI – Item 2 – O casamento não será válido senão
proteção à família com o livre e pleno consentimento dos nubentes.
Artigo XVI – Item 3 – A família é o núcleo natural e
fundamental da sociedade e tem direito à proteção da
sociedade e do Estado.
Artigo XVII – Item 1 – Todo ser humano tem direito à
Direito à propriedade individual e propriedade, só ou em sociedade com outros.
coletiva Artigo XVII – Item 2 – Ninguém será arbitrariamente
privado de sua propriedade.
Artigo XVIII – Todo ser humano tem direito à liberdade
de pensamento, consciência e religião; este direito inclui
Previsão de liberdade de
a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade
pensamento, de consciência e de
de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino,
religião
pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou
coletivamente, em público ou em particular.

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DIREITOS HUMANOS
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Fabrício Missorino

Declaração Universal dos Direitos Humanos (D.U.D.H.)


Artigo XIX – Todo ser humano tem direito à liberdade
Previsão de liberdade de opinião, de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de,
de expressão e do livre acesso à sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e
informação transmitir informações e ideias por quaisquer meios e
independentemente de fronteiras.
Artigo XX – Item 1 – Todo ser humano tem direito à
Direito à liberdade de reunião e liberdade de reunião e associação pacífica.
associação pacífica Artigo XX – Item 2 – Ninguém pode ser obrigado a fazer
parte de uma associação.
Artigo XXI – Item 1 – Todo ser humano tem o direito de
tomar parte no governo de seu país diretamente ou por
intermédio de representantes livremente escolhidos.
Direito de participar do governo e Artigo XXI – Item 2 – Todo ser humano tem igual direito
de eleições periódicas e o direito de acesso ao serviço público do seu país.
de acesso ao serviço público do Artigo XXI – Item 3 – A vontade do povo será a base da
país autoridade do governo; esta vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal,
por voto secreto ou processo equivalente que assegure a
liberdade de voto.
Artigo XXII – Todo ser humano, como membro da
sociedade, tem direito à segurança social e à realização,
pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de
Direito à segurança social de
acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos
forma digna
direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua
personalidade.
Artigo XXIII – Item 1 – Todo ser humano tem direito ao
trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e
favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
Artigo XXIII – Item 2 – Todo ser humano, sem qualquer
distinção, tem direito a igual remuneração por igual
trabalho.
Direito ao trabalho, à livre
Artigo XXIII – Item 3 – Todo ser humano que trabalhe
escolha, garantindo um
tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que
salário igual por um trabalho
lhe assegure, assim como à sua família, uma existência
correspondente; liberdade sindical
compatível com a dignidade humana, e a que se
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção
social.
Artigo XXIII – Item 4 – Todo ser humano tem direito a
organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de
seus interesses.

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Declaração Universal dos Direitos Humanos (D.U.D.H.)


Artigo XXIV – Todo ser humano tem direito a repouso e
Direito ao descanso e ao lazer no
lazer, inclusive à limitação razoável das horas de trabalho
tempo livre
e férias periódicas remuneradas.
Artigo XXV – Item 1 – Todo ser humano tem direito
a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua
família saúde e bem-estar, inclusive alimentação,
vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços
sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de
Direito à saúde, ao bem-estar
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros
social, ao tratamento especial à
casos de perda dos meios de subsistência fora de seu
maternidade e às crianças
controle.
Artigo XXV – Item 2 – A maternidade e a infância têm
direito a cuidados e assistência especiais. Todas as
crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão
da mesma proteção social.
Artigo XXVI – Item 1 – Todo ser humano tem direito
à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos
nos graus elementares e fundamentais. A instrução
elementar será obrigatória. A instrução técnico-
profissional será acessível a todos, bem como a instrução
superior, esta baseada no mérito.
Artigo XXVI – Item 2 – A instrução será orientada no
sentido do pleno desenvolvimento da personalidade
Direito à educação humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos
humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução
promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade
entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e
coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da
manutenção da paz.
Artigo XXVI – Item 3 – Os pais têm prioridade de direito
na escolha do gênero de instrução que será ministrada a
seus filhos.
Artigo XXVII – Item 1 – Todo ser humano tem o direito de
participar livremente da vida cultural da comunidade, de
Direito de fazer parte livremente fruir as artes e de participar do processo científico e de
da vida cultural e científica da seus benefícios.
comunidade. Artigo XXVII – Item 2 – Todo ser humano tem direito à
Direitos do autor proteção dos interesses morais e materiais decorrentes
de qualquer produção científica, literária ou artística da
qual seja autor.

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DIREITOS HUMANOS
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Declaração Universal dos Direitos Humanos (D.U.D.H.)


Artigo XXVIII – Todo ser humano tem direito a uma
Direito a uma ordem social e ordem social e internacional em que os direitos e
internacional liberdades estabelecidos na presente Declaração possam
ser plenamente realizados.
Artigo XXIX – Item 1 – Todo ser humano tem deveres
para com a comunidade, na qual o livre e pleno
desenvolvimento de sua personalidade é possível.
Artigo XXIX – Item 2 – No exercício de seus direitos e
liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às
limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o
Deveres para com a comunidade
fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos
Limitações ao exercício dos
direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas
direitos e liberdades
exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de
uma sociedade democrática.
Artigo XXIX – Item 3 – Esses direitos e liberdades
não podem, em hipótese alguma, ser exercidos
contrariamente aos objetivos e princípios das Nações
Unidas.
Artigo XXX – Nenhuma disposição da presente
Declaração pode ser interpretada como o
Impossibilidade de interpretação
reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa,
tendente à destruição dos direitos
do direito de exercer qualquer atividade ou praticar
estabelecidos na Declaração
qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos
direitos e liberdades aqui estabelecidos.

Pois bem, vejamos como as bancas a seguir abordaram esse tema.

015. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL/PC-SP/VUNESP/2018) Dispõe a Declaração Universal


dos Direitos Humanos que
a) o trabalhador deve filiar-se à associação representativa de sua categoria profissional.
b) a vontade do povo será expressa em eleições periódicas e legítimas, por voto censitário,
secreto ou aberto, ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
c) todo ser humano tem direito à instrução, mas o acesso à instrução superior terá por crité-
rio o mérito.
d) qualquer ser humano tem o direito de deixar seu país, desde que quite com suas obrigações
legais e políticas perante o Estado.
e) o livre e pleno consentimento dos nubentes menores de 18 (dezoito) anos para o casamento
pode ser substituído pela autorização de seus pais.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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Trata-se de questão relativamente fácil, bastando ao(à) candidato(a) se atentar para o texto
da Declaração Universal dos Direitos Humanos, especificamente para a redação do item 1 do
Artigo XXVI.
Letra c.

016. (DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PI/NUCEPE/2018) Tendo como base a Declaração


de Direitos Humanos, diante das seguintes situações, podemos afirmar que se encontra de
acordo com a referida Declaração:
a) Manuel é português e foi extraditado pelo Brasil para Portugal, após cumprir a pena que lhe
foi imposta em Portugal, o referido país não o deixou abandonar o país, por ser nacional;
b) Ninguém pode ser arbitrariamente privado de sua propriedade;
c) Caio, perseguido politicamente, não pode deixar seu país, pois de acordo com o direito inter-
no não é possível qualquer nacional solicitar asilo em outro país;
d) É possível, em respeito às tradições, que os futuros esposos sejam prometidos, e que am-
bos devem se sujeitar ao casamento. Entretanto, nenhum poderá ser obrigado a permane-
cer casado;
e) Marcos resolveu vir para o Brasil, e seu país de origem, o privou de sua nacionalidade. Segun-
do a Declaração de Direitos do Homem, não há problema algum Marcos permanecer apátrida.

Trata-se de questão relativamente fácil, bastando ao(à) candidato(a) se atentar para o texto
da Declaração Universal dos Direitos Humanos, especificamente para a redação do item 2 do
Artigo XVII.
Letra b.

13. O Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH 3 (Decreto n.


7.037, de 21 de Dezembro de 2009)
Prezado(a) candidato(a), chegamos no nosso último tópico da aula. Em mais alguns minu-
tos concluiremos a exposição do conteúdo, passaremos por uma breve revisão e, na sequên-
cia, mergulharemos num bloco de 40 (quarenta) questões (com gabarito comentado ao final).
Pois bem, nesse tópico abordaremos o Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH-
3, instituído pelo Decreto n. 7.037, de 21 de dezembro de 2009.
O reconhecimento e a incorporação dos Direitos Humanos no ordenamento político e jurídi-
co brasileiro resultam de um histórico de conquistas materializadas na Constituição Federal de
1988. Logo após, em 1993, a Conferência de Viena da ONU fortalece ainda mais os postulados
da universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos, firmando um acor-

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do sobre a importância de que os direitos humanos passassem a ser conteúdo programático


da ação dos Estados nacionais. Daí a recomendação para que os países formulassem e imple-
mentassem Programas e Planos Nacionais de Direitos Humanos.
Nesse sentido, o Decreto que instituiu o PNDH-3 representa um grande passo do Brasil na
consolidação de seus alicerces democráticos, eis que a norma prevê um diálogo permanen-
te entre o Estado e a sociedade civil, garante transparência em todas as esferas de governo,
além de estabelecer a primazia dos direitos humanos nas políticas internas e nas relações
internacionais.
O aludido decreto ainda reforça o caráter laico do Estado, fortalecendo temas sensíveis
na defesa da democracia, como o pacto federativo, a universalidade, indivisibilidade e interde-
pendência dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais, o desenvol-
vimento sustentável, o respeito à diversidade, o combate às desigualdades, a erradicação da
fome e da extrema pobreza, dentre outros grandes temas.
Incorporando resoluções da 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos e propostas
aprovadas em mais de 50 conferências nacionais temáticas promovidas desde o ano de 2003
sobre segurança alimentar, educação, saúde, habitação, igualdade racial, direitos da mulher,
juventude, crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, idosos, meio ambiente etc., após
amplo e democrático debate sobre as políticas públicas existentes nessas áreas, o Programa
Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3 se encontra estruturado em 06 (seis) Eixos Orienta-
dores, a saber:
• Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil;
• Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos;
• Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades;
• Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência;
• Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos;
• Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade.

Levando em consideração que os agentes públicos em conjunto com os cidadãos são


responsáveis pela efetivação dos direitos humanos no país, o tema da interação democrática
entre Estado e sociedade civil abre o Programa, ressaltando que o compromisso compartilha-
do e a participação social na construção e monitoramento das distintas políticas públicas são
essenciais para a consolidação dos direitos humanos. Ainda nesse eixo, o Programa propõe a
integração e o aprimoramento dos fóruns de participação existentes, bem como a criação de
novos espaços e mecanismos institucionais de interação e acompanhamento.
O eixo referente ao tema Desenvolvimento e Direitos Humanos é centrado na inclusão so-
cial e em garantir o exercício amplo da cidadania, garantindo espaços consistentes às estra-
tégias de desenvolvimento local e territorial, agricultura familiar, cooperativismo e economia
solidária. Ainda nesse eixo, o Programa mostra que o direito humano ao meio ambiente e às

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cidades sustentáveis, bem como o fomento a pesquisas de tecnologias socialmente inclusivas


constituem pilares para um modelo de crescimento e desenvolvimento sustentável.
O eixo Universalizar Direitos em um Contexto de Desigualdades complementa os anterio-
res, dialogando com as iniciativas realizadas no País para reduzir a pobreza e garantir geração
de renda aos segmentos sociais mais pobres, contribuindo de maneira decisiva para a erra-
dicação da fome e da miséria, propondo diretrizes capazes de assegurar a observância dos
direitos humanos e garantir sua universalização.
O eixo Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência aborda as arraigadas
estruturas de poder e subordinação presentes na sociedade e na hierarquia das instituições
policiais, que têm sido historicamente marcadas pela violência, gerando círculos viciosos de
insegurança, ineficiência, arbitrariedade, tortura e impunidade. Em suas diretrizes e objetivos
estratégicos, propõe-se a reformulação do sistema de Justiça e Segurança Pública, avançando
propostas de garantia do acesso universal à Justiça, fortalecimento dos modelos alternativos
de solução de conflitos e modernização da gestão do sistema judiciário.
O eixo da Educação e Cultura em Direitos Humanos atua na formação de uma consciência
centrada no respeito ao outro, na tolerância, na solidariedade e no compromisso contra todas
as formas de discriminação, opressão e violência, acreditando ser esse o caminho para formar
pessoas capazes de construir novos valores fundados no respeito integral à dignidade humana
e no reconhecimento das diferenças como elemento de construção da justiça.
Cada Eixo Orientador, por sua vez, subdivide-se em Diretrizes, que se subdividem em Ob-
jetivos Estratégicos, estes, porém, subdivididos em Ações Programáticas, nos termos do Ane-
xo do aludido Decreto. Diante disso, assim como informado em outros temas de nossa aula,
recomenda-se uma leitura minuciosa da íntegra do conteúdo do decreto e, principalmente, do
seu anexo.
Acerca da estruturação, vale destacar alguns pontos de cada Eixo Orientador, a saber:
A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo I (Interação democrática entre Estado e so-
ciedade civil) se justifica em virtude do avanço da democratização do País, notadamente com
o surgimento e institucionalização de vários movimentos sociais, com cada vez mais expres-
são política na sociedade, a ponto de influenciar diretamente a etapa de elaboração da Consti-
tuição Federal de 1988, transformando-se em um dos pilares da nossa democracia.
O Eixo Orientador I se subdivide em 03 (três) Diretrizes que também se subdividem em ob-
jetivos estratégicos, a saber:

Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de fortalecimen-
to da democracia participativa.
Objetivo estratégico I: Garantia da participação e do controle social das políticas públicas em Direi-
tos Humanos, em diálogo plural e transversal entre os vários atores sociais.
Objetivo estratégico II: Ampliação do controle externo dos órgãos públicos.

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Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das políticas públi-
cas e de interação democrática.
Objetivo estratégico I: Promoção dos Direitos Humanos como princípios orientadores das políticas
públicas e das relações internacionais.
Objetivo estratégico II: Fortalecimento dos instrumentos de interação democrática para a promoção
dos Direitos Humanos.
Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informação em Direitos Humanos e construção
de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação.
Objetivo estratégico I: Desenvolvimento de mecanismos de controle social das políticas públicas de
Direitos Humanos, garantindo o monitoramento e a transparência das ações governamentais.
Objetivo estratégico II: Monitoramento dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado
brasileiro em matéria de Direitos Humanos.

Nos anos 1990, firmaram-se como sujeitos na formulação e monitoramento das políticas
públicas, desempenhando papel fundamental na resistência a todas as orientações do ne-
oliberalismo de flexibilização dos direitos sociais, privatizações, dogmatismo do mercado e
enfraquecimento do Estado. Com as eleições de 2002, a sociedade civil organizada pautou rei-
vindicações históricas acumuladas, passando a influenciar diretamente a atuação do governo.
Uma das finalidades do PNDH-3 é dar continuidade à integração e ao aprimoramento dos
mecanismos de participação existentes, bem como criar novos meios de construção e moni-
toramento das políticas públicas sobre Direitos Humanos no Brasil. Frisa-se, também, a possi-
bilidade de ampliação das conquistas na área dos direitos e garantias fundamentais, eis que
o Programa internaliza a diretriz segundo a qual a primazia dos Direitos Humanos constitui
princípio transversal a ser considerado em todas as políticas públicas.
A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo II (Desenvolvimento e Direitos Humanos) se
justifica em virtude do tema se mostrar multidisciplinar e bastante debatido, pressupondo que
engloba temáticas referentes à livre determinação dos povos, ao reconhecimento de soberania
sobre seus recursos e riquezas naturais, ao respeito pleno à sua identidade cultural e à busca
de equidade na distribuição das riquezas.
O Eixo Orientador II se subdivide em 03 (três) Diretrizes que também se subdividem em
objetivos estratégicos, a saber:

Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica,


ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso, par-
ticipativo e não discriminatório.
Objetivo estratégico I: Implementação de políticas públicas de desenvolvimento com inclusão social.
Objetivo estratégico II: Fortalecimento de modelos de agricultura familiar e agroecológica.
Objetivo estratégico III: Fomento à pesquisa e à implementação de políticas para o desenvolvimento
de tecnologias socialmente inclusivas, emancipatórias e ambientalmente sustentáveis.
Objetivo estratégico IV: Garantia do direito a cidades inclusivas e sustentáveis.
Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino
Objetivo estratégico I: Garantia da participação e do controle social nas políticas públicas de desen-
volvimento com grande impacto socioambiental.
Objetivo estratégico II: Afirmação dos princípios da dignidade humana e da equidade como funda-
mentos do processo de desenvolvimento nacional.
Objetivo estratégico III: Fortalecimento dos direitos econômicos por meio de políticas públicas de
defesa da concorrência e de proteção do consumidor.
Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos, incluindo as gera-
ções futuras como sujeitos de direitos.
Objetivo estratégico I: Afirmação dos direitos ambientais como Direitos Humanos

De acordo com o Anexo do Decreto em questão, “A teoria predominante de desenvolvimen-


to econômico o define como um processo que faz aumentar as possibilidades de acesso das
pessoas a bens e serviços, propiciadas pela expansão da capacidade e do âmbito das ativida-
des econômicas. O desenvolvimento seria a medida qualitativa do progresso da economia de
um país, refletindo transições de estágios mais baixos para estágios mais altos, por meio da
adoção de novas tecnologias que permitem e favorecem essa transição. Cresce nos últimos
anos a assimilação das ideias desenvolvidas por Amartya Sen, que abordam o desenvolvimen-
to como liberdade e seus resultados centrados no bem-estar social e, por conseguinte, nos
direitos do ser humano”.
Ainda de acordo com o Anexo, a ideia central é de que “No caso do Brasil, por muitos
anos o crescimento econômico não levou à distribuição justa de renda e riqueza, mantendo-se
elevados índices de desigualdade. As ações de Estado voltadas para a conquista da igual-
dade socioeconômica requerem ainda políticas permanentes, de longa duração, para que se
verifique a plena proteção e promoção dos Direitos Humanos. É necessário que o modelo de
desenvolvimento econômico tenha a preocupação de aperfeiçoar os mecanismos de distribui-
ção de renda e de oportunidades para todos os brasileiros, bem como incorpore os valores de
preservação ambiental”.
A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo III (Universalizar direitos em um contexto de
desigualdades) se justifica em virtude da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirmar,
em seu preâmbulo, que o “reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da fa-
mília humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e
da paz no mundo”.
O Eixo Orientador III se subdivide em 04 (quatro) Diretrizes que se subdividem em objetivos
estratégicos, a saber:

Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, assegu-
rando a cidadania plena.
Objetivo estratégico I: Universalização do registro civil de nascimento e ampliação do acesso à do-
cumentação básica.
Objetivo estratégico II: Acesso à alimentação adequada por meio de políticas estruturantes.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino
Objetivo estratégico III: Garantia do acesso à terra e à moradia para a população de baixa renda e
grupos sociais vulnerabilizados.
Objetivo estratégico IV: Ampliação do acesso universal a sistema de saúde de qualidade.
Objetivo estratégico V: Acesso à educação de qualidade e garantia de permanência na escola.
Objetivo estratégico VI: Garantia do trabalho decente, adequadamente remunerado, exercido em
condições de equidade e segurança.
Objetivo estratégico VII: Combate e prevenção ao trabalho escravo.
Objetivo estratégico VIII: Promoção do direito à cultura, lazer e esporte como elementos formadores
de cidadania.
Objetivo estratégico IX: Garantia da participação igualitária e acessível na vida política.
Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento integral,
de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação.
Objetivo estratégico I: Proteger e garantir os direitos de crianças e adolescentes por meio da conso-
lidação das diretrizes nacionais do ECA, da Política Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos
Direitos da Criança e do Adolescente e da Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU
Objetivo estratégico II: Consolidar o Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes,
com o fortalecimento do papel dos Conselhos Tutelares e de Direitos.
Objetivo estratégico III: Proteger e defender os direitos de crianças e adolescentes com maior vul-
nerabilidade.
Objetivo estratégico IV: Enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes.
Objetivo estratégico V: Garantir o atendimento especializado a crianças e adolescentes em sofri-
mento psíquico e dependência química.
Objetivo estratégico VI: Erradicação do trabalho infantil em todo o território nacional.
Objetivo estratégico VII: Implementação do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Si-
nase).
Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais.
Objetivo estratégico I: Igualdade e proteção dos direitos das populações negras, historicamente
afetadas pela discriminação e outras formas de intolerância.
Objetivo estratégico II: Garantia aos povos indígenas da manutenção e resgate das condições de
reprodução, assegurando seus modos de vida.
Objetivo estratégico III: Garantia dos direitos das mulheres para o estabelecimento das condições
necessárias para sua plena cidadania.
Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade.
Objetivo estratégico I: Afirmação da diversidade para a construção de uma sociedade igualitária.
Objetivo estratégico II: Proteção e promoção da diversidade das expressões culturais como Direito
Humano.
Objetivo estratégico III: Valorização da pessoa idosa e promoção de sua participação na sociedade.
Objetivo estratégico IV: Promoção e proteção dos direitos das pessoas com deficiência e garantia
da acessibilidade igualitária.
Objetivo estratégico V: Garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero.
Objetivo estratégico VI: Respeito às diferentes crenças, liberdade de culto e garantia da laicidade do
Estado.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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Com base na justificativa para o Eixo III, o Programa assimila os grandes avanços con-
quistados ao longo dos últimos anos tanto nas políticas de erradicação da miséria e da fome,
quanto na preocupação com a moradia e saúde, e aponta para a continuidade e ampliação do
acesso a tais políticas, fundamentais para garantir o respeito à dignidade humana e preconizar
a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência dos Direitos Humanos.
Vejamos como a banca a seguir abordou os temas relacionados a esse eixo do programa.

017. (ASSISTENTE SOCIAL/DPU/CESPE/2016) O Programa Nacional de Direitos Humanos


(PNDH-3) estabeleceu, em 2010, diretrizes, objetivos estratégicos e ações programáticas a
serem trilhados nos próximos anos. A respeito desse assunto, julgue o item que se segue.
O PNDH-3 recomenda adequar os serviços de acolhimento aos parâmetros aprovados pelo
CONANDA e pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), de modo a eliminar a longa
permanência de crianças e adolescentes em situações de abrigamento.

Trata-se de questão de média complexidade, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca


de uma ação estratégica específica – “f) Extinguir os grandes abrigos e eliminar a longa perma-
nência de crianças e adolescentes em abrigamento, adequando os serviços de acolhimento aos
parâmetros aprovados pelo Conanda e Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)” – que
integra o Objetivo Estratégico III (“Proteger e defender os direitos de crianças e adolescentes
com maior vulnerabilidade”) da Diretriz 8 (“Promoção dos direitos de crianças e adolescentes
para o seu desenvolvimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de
opinião e participação”) do Eixo Orientador III do Programa.
Certo.

A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo IV (Segurança Pública, Acesso à Justiça e


Combate à Violência) se justifica em virtude das tentativas de reduzir o distanciamento entre
a militância em direitos humanos e as políticas de segurança pública. A intenção do Programa,
nesse sentido, em apertada síntese, é fomentar que as articulações da sociedade civil se apro-
ximem cada vez mais dos debates que envolvam segurança pública.
O Eixo Orientador IV se subdivide em 07 (sete) Diretrizes que se subdividem em objetivos
estratégicos, a saber:

Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de segurança pública.


Objetivo estratégico I: Modernização do marco normativo do sistema de segurança pública.
Objetivo estratégico II: Modernização da gestão do sistema de segurança pública.
Objetivo estratégico III: Promoção dos Direitos Humanos dos profissionais do sistema de segurança
pública, assegurando sua formação continuada e compatível com as atividades que exercem.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino
Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança pública e justiça criminal.
Objetivo estratégico I: Publicação de dados do sistema federal de segurança pública.
Objetivo estratégico II: Consolidação de mecanismos de participação popular na elaboração das
políticas públicas de segurança.
Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e profissionalização da investigação de atos
criminosos.
Objetivo estratégico I: Ampliação do controle de armas de fogo em circulação no país.
Objetivo estratégico II: Qualificação da investigação criminal.
Objetivo estratégico III: Produção de prova pericial com celeridade e procedimento padronizado.
Objetivo estratégico IV: Fortalecimento dos instrumentos de prevenção à violência.
Objetivo estratégico V: Redução da violência motivada por diferenças de gênero, raça ou etnia, idade,
orientação sexual e situação de vulnerabilidade.
Objetivo estratégico VI: Enfrentamento ao tráfico de pessoas.
Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução da
letalidade policial e carcerária.
Objetivo estratégico I: Fortalecimento dos mecanismos de controle do sistema de segurança pública.
Objetivo estratégico II: Padronização de procedimentos e equipamentos do sistema de segurança
pública.
Objetivo estratégico III: Consolidação de política nacional visando à erradicação da tortura e de ou-
tros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
Objetivo estratégico IV: Combate às execuções extrajudiciais realizadas por agentes do Estado.
Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas.
Objetivo estratégico I: Instituição de sistema federal que integre os programas de proteção.
Objetivo estratégico II: Consolidação da política de assistência a vítimas e a testemunhas ameaçadas.
Objetivo estratégico III: Garantia da proteção de crianças e adolescentes ameaçados de morte.
Objetivo estratégico IV: Garantia de proteção dos defensores de Direitos Humanos e de suas ativi-
dades.
Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medi-
das alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário.
Objetivo estratégico I: Reestruturação do sistema penitenciário.
Objetivo estratégico II: Limitação do uso dos institutos de prisão cautelar.
Objetivo estratégico III: Tratamento adequado de pessoas com transtornos mentais.
Objetivo estratégico IV: Ampliação da aplicação de penas e medidas alternativas.
Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a
garantia e a defesa dos direitos.
Objetivo estratégico I: Acesso da população à informação sobre seus direitos e sobre como garan-
ti-los.
Objetivo estratégico II: Garantia do aperfeiçoamento e monitoramento das normas jurídicas para
proteção dos Direitos Humanos.
Objetivo estratégico III: Utilização de modelos alternativos de solução de conflitos.
Objetivo estratégico IV: Garantia de acesso universal ao sistema judiciário.
Objetivo estratégico V: Modernização da gestão e agilização do funcionamento do sistema de justiça.
Objetivo estratégico VI: Acesso à Justiça no campo e na cidade.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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Em linhas gerais, o PNDH-3, na perspectiva do Eixo IV, aponta para a necessidade de ampla
reforma no modelo de polícia e propõe o aprofundamento do debate sobre a implantação do
ciclo completo de policiamento às corporações estaduais. Prioriza transparência e participa-
ção popular, instando ao aperfeiçoamento das estatísticas e à publicação de dados, assim
como à reformulação do Conselho Nacional de Segurança Pública. Contempla a prevenção da
violência e da criminalidade como diretriz, ampliando o controle sobre armas de fogo e indican-
do a necessidade de profissionalização da investigação criminal.
Nesse sentido, em relação ao Eixo IV, o PNDH-3 apresenta propostas para que o Poder Pú-
blico se aperfeiçoe no desenvolvimento de políticas públicas de prevenção ao crime e à violên-
cia, reforçando a noção de acesso universal à Justiça como direito fundamental, e sustentando
que a democracia, os processos de participação e transparência, aliados ao uso de ferramen-
tas científicas e à profissionalização das instituições e trabalhadores da segurança, assinalam
os roteiros mais promissores para que o Brasil possa avançar no caminho da paz pública.
A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo V (Educação e cultura em Direitos Humanos)
se justifica em virtude da necessidade de uma nova mentalidade coletiva para o exercício da
solidariedade, do respeito às diversidades e da tolerância, em plena sintonia com o Plano Na-
cional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH).
O Eixo Orientador V se subdivide em 05 (cinco) Diretrizes que se subdividem em objetivos
estratégicos, a saber:

Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação em Direitos
Humanos para fortalecer cultura de direitos.
Objetivo estratégico I: Implementação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.
Objetivo Estratégico II: Ampliação de mecanismos e produção de materiais pedagógicos e didáticos
para Educação em Direitos Humanos.
Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de
educação básica, nas instituições de ensino superior e nas instituições formadoras.
Objetivo Estratégico I: Inclusão da temática de Educação e Cultura em Direitos Humanos nas esco-
las de educação básica e em instituições formadoras.
Objetivo Estratégico II: Inclusão da temática da Educação em Direitos Humanos nos cursos das
Instituições de Ensino Superior (IES).
Objetivo Estratégico III: Incentivo à transdisciplinaridade e transversalidade nas atividades acadêmi-
cas em Direitos Humanos.
Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como espaço de defesa e promoção dos Di-
reitos Humanos.
Objetivo Estratégico I: Inclusão da temática da educação em Direitos Humanos na educação não
formal.
Objetivo estratégico II: Resgate da memória por meio da reconstrução da história dos movimentos
sociais.
Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no serviço público.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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Objetivo Estratégico I: Formação e capacitação continuada dos servidores públicos em Direitos Hu-
manos, em todas as esferas de governo.
Objetivo Estratégico II: Formação adequada e qualificada dos profissionais do sistema de segurança
pública.
Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para a conso-
lidação de uma cultura em Direitos Humanos.
Objetivo Estratégico I: Promover o respeito aos Direitos Humanos nos meios de comunicação e o
cumprimento de seu papel na promoção da cultura em Direitos Humanos.
Objetivo Estratégico II: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação.

Acerca do tema central tratado nesse eixo, vale frisar que a educação em direitos humanos
articula, entre outros elementos: a) a apreensão de conhecimentos historicamente construídos
sobre Direitos Humanos e a sua relação com os contextos internacional, regional, nacional e lo-
cal; b) a afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos Direitos
Humanos em todos os espaços da sociedade; c) a formação de consciência cidadã capaz de
se fazer presente nos níveis cognitivo, social, ético e político; d) o desenvolvimento de proces-
sos metodológicos participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais
didáticos contextualizados; e) o fortalecimento de políticas que gerem ações e instrumentos
em favor da promoção, da proteção e da defesa dos Direitos Humanos, bem como da repara-
ção das violações.
A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo VI (Direito à Memória e à Verdade) se justifica
em virtude da importância de investigar o passado para uma melhor construção da cidadania,
resgatando a verdade e reforçando a memória individual e coletiva.
O Eixo Orientador VI se subdivide em 03 (três) Diretrizes que se subdividem em objetivos
estratégicos, a saber:

Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como Direito Humano da cidadania e dever
do Estado.
Objetivo Estratégico I: Promover a apuração e o esclarecimento público das violações de Direitos
Humanos praticadas no contexto da repressão política ocorrida no Brasil no período fixado pelo
artigo 8º do ADCT da Constituição, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e pro-
mover a reconciliação nacional.
Diretriz 24: Preservação da memória histórica e a construção pública da verdade.
Objetivo Estratégico I: Incentivar iniciativas de preservação da memória histórica e de construção
pública da verdade sobre períodos autoritários.
Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com a promoção do direito à memória e à ver-
dade, fortalecendo a democracia.
Objetivo Estratégico I: Suprimir do ordenamento jurídico brasileiro eventuais normas remanescentes
de períodos de exceção que afrontem os compromissos internacionais e os preceitos constitucio-
nais sobre Direitos Humanos.

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Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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Vale frisar que a compreensão do passado por intermédio da narrativa da herança histórica
e pelo reconhecimento oficial dos acontecimentos possibilita aos cidadãos construírem os
valores que indicarão sua atuação no presente. O acesso a todos os arquivos e documentos
produzidos durante o regime militar, p. ex., é fundamental no âmbito das políticas de proteção
dos Direitos Humanos.
As ações programáticas deste eixo orientador têm como finalidade assegurar o processa-
mento democrático e republicano de todo um período da história brasileira, para que se viabili-
ze o desejável sentimento de reconciliação nacional.
No tocante à implementação do Programa, o Decreto instituiu o Comitê de Acompanha-
mento e Monitoramento do PNDH-3, com a finalidade de promover a articulação entre os ór-
gãos e entidades envolvidos na implementação das suas ações programáticas; elaborar os
Planos de Ação dos Direitos Humanos; estabelecer indicadores para o acompanhamento, mo-
nitoramento e avaliação dos Planos de Ação dos Direitos Humanos; acompanhar a implemen-
tação das ações e recomendações; e elaborar e aprovar seu regimento interno.
Quanto à representatividade, vale frisar a previsão constante do Decreto acerca da possibi-
lidade de que o Comitê convide representantes dos demais Poderes, da sociedade civil e dos
entes federados para participarem de suas reuniões e atividades.
Vejamos como as bancas a seguir abordaram os temas relacionados ao Programa.

018. (AGENTE PENITENCIÁRIO/SJC-SC/FEPESE/2019) O Programa Nacional de Direitos


Humanos – PNDH-3, aprovado pelo Decreto n. 7.037, de 21 de dezembro de 2009, é estrutura-
do em eixos orientadores que contêm suas respectivas diretrizes.
Nesse contexto normativo, estão incluídas no Eixo Orientador IV, que trata da Segurança Públi-
ca, Acesso à Justiça e Combate à Violência, as seguintes diretrizes:
a) Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, asseguran-
do a cidadania plena; Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvol-
vimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participa-
ção; Combate às desigualdades estruturais; Garantia da igualdade na diversidade.
b) Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação em Direitos Hu-
manos para fortalecer uma cultura de direitos; Fortalecimento dos princípios da democracia
e dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, nas instituições de ensino supe-
rior e nas instituições formadoras; Reconhecimento da educação não formal como espaço de
defesa e promoção dos Direitos Humanos; Promoção da Educação em Direitos Humanos no
serviço público; Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para
consolidação de uma cultura em Direitos Humanos.

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Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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c) Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de fortalecimento


da democracia participativa; Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento trans-
versal das políticas públicas e de interação democrática; Integração e ampliação dos sistemas
de informações em Direitos Humanos e construção de mecanismos de avaliação e monitora-
mento de sua efetivação.
d) Democratização e modernização do sistema de segurança pública; Transparência e parti-
cipação popular no sistema de segurança pública e justiça criminal; Prevenção da violência e
da criminalidade e profissionalização da investigação de atos criminosos; Combate à violência
institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e car-
cerária; Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas;
Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medidas al-
ternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; Promoção de sistema
de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia e a defesa de direitos.
e) Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica,
ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso,
participativo e não discriminatório; Valorização da pessoa humana como sujeito central do
processo de desenvolvimento; Promoção e proteção dos direitos ambientais como Direitos
Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos.

Trata-se de questão de média complexidade, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acer-


ca das diretrizes do Eixo IV do PNDH-3, ou seja, trata-se de uma questão que requer do(a) can-
didato(a) se valer de técnicas de memorização.
Letra d.

019. (ASSISTENTE SOCIAL/PREFEITURA DE SONORA-MS/MS CONCURSOS/2019) A ter-


ceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) trouxe a continuidade ao
processo histórico de consolidação das orientações, sendo marcado pela indivisibilidade e
interdependência de seus dispositivos, definindo 5 (cinco) eixos orientadores.
Com relação ao eixo III “Universalizar Direitos em um Contexto de Desigualdades”, compõem
como diretriz, exceto:
a) Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, asseguran-
do a cidadania plena.
b) Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento integral, de
forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação.
c) Combate às desigualdades estruturais.
d) Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a ga-
rantia e a defesa dos direitos.

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Trata-se de questão de média complexidade, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acer-


ca das diretrizes do Eixo III do PNDH-3, ou seja, trata-se de uma questão que requer do(a) can-
didato(a) se valer de técnicas de memorização. Para registro, a diretriz trazida pela banca na
alternativa “d” diz respeito à Diretriz n. 17 do Eixo IV do PNDH-3.
Letra d.

020. (ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO BÁSICA-EBB/SUPERVISOR PEDAGÓGICO/PREFEI-


TURA DE SANTA LUZIA-MG/FUNDEPE/GESTÃO DE CONCURSOS/2019) O Decreto n. 7.037,
de 21 de dezembro de 2009, que aprovou o Programa Nacional de Direitos Humanos, definiu
cinco eixos orientadores para a implantação do Programa.
São diretrizes que compõem o Eixo Orientador V dedicado à Educação e Cultura em Direitos
Humanos, exceto:
a) Efetivação das diretrizes e dos princípios da Política Nacional de Educação em Direitos Hu-
manos para fortalecer uma cultura de direitos.
b) Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de Edu-
cação Básica, nas instituições de Ensino Superior e nas instituições formadoras.
c) Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a ga-
rantia e a defesa de direitos.
d) Reconhecimento da educação não formal como espaço de defesa e promoção dos Direi-
tos Humanos.

Trata-se de questão de média complexidade, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acer-


ca das diretrizes do Eixo V do PNDH-3, ou seja, trata-se de uma questão que requer do(a) can-
didato(a) se valer de técnicas de memorização. Para registro, novamente, a diretriz trazida pela
banca na alternativa “c” diz respeito à Diretriz n. 17 do Eixo IV do PNDH-3.
Letra c.

Muito bem, finalizamos por aqui nossa abordagem aos principais pontos do PNDH-3, com
a reiteração da sugestão de que você leia com atenção todos os dispositivos do Programa (di-
retrizes, objetivos estratégicos, eixos orientadores etc.), para uma visão mais completa desse
normativo.

14. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José


da Costa Rica)

Aprovada em 22 de novembro de 1969, na ocasião da Conferência Especializada Intera-


mericana sobre Direitos Humanos, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, também

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conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, entrou em vigor no dia 18 de julho de 1978,
tendo sido aprovada no Brasil por meio do Decreto Legislativo n. 27, de 26 de maio de 1992.
Trata-se de um dos principais instrumentos, se não for o principal, de implementação de
direitos humanos no âmbito do Sistema Regional Interamericano, tendo como propósito a con-
solidação, dentro do quadro das instituições democráticas, de um regime de liberdade e de
justiça, instituído por meio do respeito aos princípios basilares dos direitos humanos.
Quanto ao objeto, versa sobre a proteção aos direitos civis e políticos, ou seja, direitos de
1ª Dimensão, indicando logo em seu Artigo 1º19 um comando de obrigação aos Estados-Mem-
bros no respeito aos direitos ali consagrados. Esse artigo é o vetor dos documentos interna-
cionais de direitos humanos, impondo respeito estatal aos direitos e liberdades reconhecidos,
sem discriminações que importam na não efetivação e a não proteção desses direitos ineren-
tes à condição de pessoa humana.
Quanto ao dever de adotar disposições de direito interno, o Artigo 2 prevê que os referidos
direitos consagrados na Convenção devem ser adotados e protegidos por Estados-membros
em cada ordenamento jurídico pátrio20. Nesse sentido, a partir do momento em que o Estado
se torna parte, ele assume o compromisso previsto no Pacto.
A esse respeito, na lição de Fabiano Melo21, se os direitos consagrados não estiverem ga-
rantidos em seu ordenamento jurídico ou demandarem ajustes, o Estado Parte deve adotar
as medidas necessárias para a proteção, promoção e exercício das obrigações previstas no
Pacto. Compromete-se, ainda, o Estado-Membro, a não editar leis que atentem ou restrinjam o
gozo dos direitos humanos ali consagrados.
Com base no mesmo argumento anterior, tomei a liberdade de preparar um quadro que
relaciona os Artigos 3 a 25 do Pacto com as temáticas às quais estão vinculados (em conjunto
com os Artigos 1 e 2, representam direitos de 1ª dimensão). Vale uma atenciosa leitura para
uma boa fixação:

19
Artigo 1, item 1: Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhe-
cidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma
por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social,
posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social.
20
Artigo 2: Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legis-
lativas ou de outra natureza, os Estados Partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas constitucionais
e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar
efetivos tais direitos e liberdades.
21
OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalvez de. Direitos humanos. São Paulo: Método. 2016. p. 165.

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(Pacto de San José da Costa Rica)
Artigo 3. Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua
Direito à Personalidade Jurídica
personalidade jurídica.
Artigo 4.22 Possui duas naturezas: negativa (nenhuma pessoa será
Direito à vida privada de sua vida arbitrariamente), e positiva (dever de adotar todas
as medidas que visem proteger e preservar a vida.
Artigo 5. Este artigo apresenta aspectos importantes, tais como a
Direito à integridade pessoal,
intranscendência da pena, a separação de pessoas processadas das
incluindo a proibição da tortura
condenadas, a proteção especial de menores, com a separação de
e das penas ou tratamentos
adultos e tribunal especializado para julgamento, quando puderem
cruéis, desumanos ou
ser processados, e, por fim, as penas privativas de liberdade com a
degradantes
finalidade de readaptação social dos condenados.
Artigo 6. 1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a servidão,
e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de mulheres
são proibidos em todas as suas formas. 2. Ninguém deve ser
constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países
em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa da liberdade
acompanhada de trabalhos forçados, esta disposição não pode ser
interpretada no sentido de que proíbe o cumprimento da dita pena,
imposta por juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não deve
afetar a dignidade nem a capacidade física e intelectual do recluso. 3.
Proibição da escravatura, da Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos
servidão e do trabalho forçado deste artigo: a. os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de
ou obrigatório pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal
expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos
ou serviços devem ser executados sob a vigilância e controle das
autoridades públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser
postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas
de caráter privado; b. o serviço militar e, nos países onde se admite
a isenção por motivos de consciência, o serviço nacional que a lei
estabelecer em lugar daquele; c. o serviço imposto em casos de perigo
ou calamidade que ameace a existência ou o bem-estar da comunidade;
e d. o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.

22
Art. 4: 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o
momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. 2. Nos países que não houverem abolido a pena
de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e
em conformidade com lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá
sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente. 3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a
hajam abolido. 4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos, nem por delitos comuns conexos
com delitos políticos. 5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do delito, for menor de
dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez. 6. Toda pessoa condenada à morte tem direito
a solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a
pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente.

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(Pacto de San José da Costa Rica)
Artigo 7. 1.Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas
e nas condições previamente fixadas pelas constituições políticas
dos Estados Partes ou pelas leis de acordo com elas promulgadas.
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramento
arbitrários. 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das
razões da sua detenção e notificada, sem demora, da acusação ou
acusações formuladas contra ela. 5. Toda pessoa detida ou retida deve
ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade
autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada
Direito à liberdade e à dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo
segurança pessoais, incluindo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a
a proibição da prisão ou garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo. 6. Toda
detenção arbitrárias pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal
competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a legalidade
de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura se a prisão ou a
detenção forem ilegais. Nos Estados Partes cujas leis preveem que toda
pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade tem direito
a recorrer a um juiz ou tribunal competente a fim de que este decida
sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido
nem abolido. O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por
outra pessoa. 7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio
não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos
em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.
Artigo 8. Com base neste artigo, podemos desmembrá-lo em:
existência prévia de um juiz ou tribunal competente estabelecidos
na legislação do Estado; o órgão que for julgar seja imparcial e
Garantias judiciais independente e que se seja atendido o direito em ser ouvido com as
garantias judicias dentro do prazo razoável na acusação penal, ou, sobre
a determinação de direitos e obrigações de natureza civil, trabalhista,
etc.
Artigo 9. Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no
momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo
Princípio da legalidade e da com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais grave
retroatividade que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da
perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o
delinquente será por isso beneficiado.
Artigo 10. Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei,
Direito à indenização em caso
no caso de haver sido condenada em sentença passada em julgado, por
de erro judiciário
erro judiciário.
Artigo 11. 1. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao
reconhecimento de sua dignidade. 2. Ninguém pode ser objeto de
ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida privada, na de sua
Direito à privacidade
família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas
ilegais à sua honra ou reputação. 3. Toda pessoa tem direito à proteção
da lei contra tais ingerências ou tais ofensas.

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(Pacto de San José da Costa Rica)
Artigo 12. 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e
de religião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua religião
ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como
a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças,
individual ou coletivamente, tanto em público como em privado. 2.
Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua
Liberdade de consciência e de liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de
religião religião ou de crenças. 3. A liberdade de manifestar a própria religião
e as próprias crenças está sujeita unicamente às limitações prescritas
pela lei e que sejam necessárias para proteger a segurança, a ordem,
a saúde ou a moral pública ou os direitos ou liberdades das demais
pessoas. 4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que
seus filhos ou pupilos recebam a educação religiosa e moral que esteja
acorde com suas próprias convicções.
Artigo 13. 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de
expressão. Esse direito compreende a liberdade de buscar, receber
e difundir informações e ideias de toda natureza, sem consideração
de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou
artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha. 2. O exercício
do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito a
censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser
expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para assegurar: a)
o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou b) a
proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da
Liberdade de pensamento e moral públicas. 3. Não se pode restringir o direito de expressão por
expressão vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou
particulares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou
de equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem
por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a
circulação de ideias e opiniões. 4. A lei pode submeter os espetáculos
públicos a censura prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso
a eles, para proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo
do disposto no inciso 2. 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor
da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso
que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à
violência.
Artigo 14. 1. Toda pessoa atingida por informações inexatas ou
ofensivas emitidas em seu prejuízo por meios de difusão legalmente
regulamentados e que se dirijam ao público em geral, tem direito a
fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, nas
Direito de resposta em caso
condições que estabeleça a lei. 2. Em nenhum caso a retificação ou
de difusão de informações
a resposta eximirão das outras responsabilidades legais em que se
inexatas ou ofensivas
houver incorrido. 3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação,
toda publicação ou empresa jornalística, cinematográfica, de rádio ou
televisão, deve ter uma pessoa responsável que não seja protegida por
imunidades nem goze de foro especial.

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(Pacto de San José da Costa Rica)
Artigo 15. É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O
exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições previstas pela
lei e que sejam necessárias, numa sociedade democrática, no interesse
Direito de reunião da segurança nacional, da segurança ou da ordem públicas, ou para
proteger a saúde ou a moral pública ou os direitos e liberdades das
demais pessoas.
Artigo 16. 1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente
com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, trabalhistas,
sociais, culturais, desportivos ou de qualquer outra natureza. 2. O
exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições previstas pela
lei que sejam necessárias, numa sociedade democrática, no interesse
Direito à liberdade de
da segurança nacional, da segurança ou da ordem públicas, ou para
associação
proteger a saúde ou a moral pública ou os direitos e liberdades das
demais pessoas. 3. O disposto neste artigo não impede a imposição
de restrições legais, e mesmo a privação do exercício do direito de
associação, aos membros das forças armadas e da polícia.
Artigo 17. 1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade
e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado. 2. É reconhecido o
direito do homem e da mulher de contraírem casamento e de fundarem
uma família, se tiverem a idade e as condições para isso exigidas pelas
leis internas, na medida em que não afetem estas o princípio da não
discriminação estabelecido nesta Convenção. 3. O casamento não
pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos contraentes.
4. Os Estados Partes devem tomar medidas apropriadas no sentido
Proteção da família
de assegurar a igualdade de direitos e a adequada equivalência de
responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, durante o
casamento e em caso de dissolução do mesmo. Em caso de dissolução,
serão adotadas disposições que assegurem a proteção necessária aos
filhos, com base unicamente no interesse e conveniência dos mesmos.
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nascidos fora do
casamento como aos nascidos dentro do casamento.
Artigo 18. Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus
pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de assegurar a todos
Direito a um nome
esse direito, mediante nomes fictícios, se for necessário.
Artigo 19. Toda criança tem direito às medidas de proteção que a sua
Direitos da criança condição de menor requer por parte da sua família, da sociedade e do
Estado.
Artigo 20. 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Toda
pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver
Direito à nacionalidade
nascido, se não tiver direito a outra. 3. A ninguém se deve privar
arbitrariamente de sua nacionalidade nem do direito de mudá-la.

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(Pacto de San José da Costa Rica)
Artigo 21. 1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo dos seus bens. A
lei pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social. 2. Nenhuma
pessoa pode ser privada de seus bens, salvo mediante o pagamento de
Direito de propriedade indenização justa, por motivo de utilidade pública ou de interesse social
e nos casos e na forma estabelecidos pela lei. 3. Tanto a usura como
qualquer outra forma de exploração do homem pelo homem devem ser
reprimidas pela lei.
Artigo 22. 1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um
Estado tem direito de circular nele e de nele residir em conformidade
com as disposições legais. 2. Toda pessoa tem o direito de sair
livremente de qualquer país, inclusive do próprio. 3. O exercício dos
direitos acima mencionados não pode ser restringido senão em virtude
de lei, na medida indispensável, numa sociedade democrática, para
prevenir infrações penais ou para proteger a segurança nacional,
a segurança ou a ordem pública, a moral ou a saúde pública, ou os
direitos e liberdades das demais pessoas. 4. O exercício dos direitos
reconhecidos no inciso 1 pode também ser restringido pela lei, em
zonas determinadas, por motivo de interesse público. 5. Ninguém
Liberdade de circulação e de pode ser expulso do território do Estado do qual for nacional, nem
residência ser privado do direito de nele entrar. 6. O estrangeiro que se ache
legalmente no território de um Estado Parte nesta Convenção só
poderá dele ser expulso em cumprimento de decisão adotada de
acordo com a lei. 7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo
em território estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos
ou comuns conexos com delitos políticos e de acordo com a legislação
de cada Estado e com os convênios internacionais. 8. Em nenhum caso
o estrangeiro pode ser expulso ou entregue a outro país, seja ou não de
origem, onde seu direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco
de violação por causa da sua raça, nacionalidade, religião, condição
social ou de suas opiniões políticas. 9. É proibida a expulsão coletiva de
estrangeiros.
Artigo 23. 1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos
e oportunidades: a) de participar na direção dos assuntos públicos,
diretamente ou por meio de representantes livremente eleitos; b)
de votar e ser eleitos em eleições periódicas autênticas, realizadas
por sufrágio universal e igual e por voto secreto que garanta a livre
Direitos políticos e de
expressão da vontade dos eleitores; e c) de ter acesso, em condições
participar na direção dos
gerais de igualdade, às funções públicas de seu país. 2. A lei pode
assuntos públicos
regular o exercício dos direitos e oportunidades a que se refere o
inciso anterior, exclusivamente por motivos de idade, nacionalidade,
residência, idioma, instrução, capacidade civil ou mental, ou
condenação, por juiz competente, em processo penal.
Artigo 24. Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte,
Direito à igualdade perante a lei têm direito, sem discriminação, a igual proteção da lei.

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Convenção Americana sobre Direitos Humanos


(Pacto de San José da Costa Rica)
Artigo 25. 1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido
ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais
competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos
fundamentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente
Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas que
estejam atuando no exercício de suas funções oficiais. 2. Os Estados
Direito à proteção judicial
Partes comprometem-se: a) a assegurar que a autoridade competente
prevista pelo sistema legal do Estado decida sobre os direitos de toda
pessoa que interpuser tal recurso; b) a desenvolver as possibilidades
de recurso judicial; e c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades
competentes, de toda decisão em que se tenha considerado
procedente o recurso.
Prezado(a) candidato(a), é importante trazer todos os direitos, pois, para fins de prova, é
crucial que vocês conheçam a literalidade da Convenção juntamente com o conhecimento
geral. Sendo assim, não é necessário ficar inseguro na hora de sua prova, pois dará tudo certo.
Quanto à suspensão, é possível que as garantias previstas na Convenção Americana sejam
suspensas, NÃO ATINGINDO, mesmo em caso de guerra, perigo público ou outra emergência,
os seguintes direitos:
• Art. 3º: direito ao reconhecimento da personalidade jurídica;
• Art. 4º: direito à vida;
• Art. 5º: direito à integridade pessoal;
• Art. 6ª: proibição da escravidão e da servidão;
• Art. 9º: princípio da legalidade e da retroatividade;
• Art. 12: liberdade de consciência religiosa;
• Art. 17: proteção da família;
• Art. 18: direito ao nome;
• Art. 19: direitos da criança;
• Art. 20: direito à nacionalidade;
• Art. 23: direitos políticos;

Entretanto, para a suspensão de direitos da Convenção Americana, deve-se observar as


seguintes diretrizes:

Em caso de perigo público, guerra ou outra emergência que ameace a


Pressuposto
independência ou segurança do Estado-membro.
Medida e Tempo Limita-se à exigência da situação exposta.
Parâmetros para
Os dispositivos não devem ser incompatíveis com as obrigações que o
serem observados
Direito Internacional impõe e não podem conter discriminação fundada
enquanto durar a
em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social.
suspensão

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Acerca da aplicação das normas, são competentes para conhecer dos assuntos relaciona-
dos com o cumprimento dos compromissos assumidos pelos Estados Partes na Convenção: a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
A Comissão representa todos os membros da Organização dos Estados Americanos, ten-
do como mote a promoção da observância e da defesa dos direitos humanos, com as seguin-
tes funções e atribuições:

Artigo 41
A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos direitos humanos e,
no exercício do seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:
a. estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América;
b. formular recomendações aos governos dos Estados-membros, quando o considerar conveniente,
no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos humanos no âmbito de suas
leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como disposições apropriadas para promover o
devido respeito a esses direitos;
c. preparar os estudos ou relatórios que considerar convenientes para o desempenho de suas fun-
ções;
d. solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe proporcionem informações sobre as medi-
das que adotarem em matéria de direitos humanos;
e. atender às consultas que, por meio da Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos,
lhe formularem os Estados-membros sobre questões relacionadas com os direitos humanos e, den-
tro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que eles lhe solicitarem;
f. atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua autoridade, de confor-
midade com o disposto nos artigos 44 a 51 desta Convenção; e
g. apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos.

Vale frisar que qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legal-
mente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização dos Estados America-
nos, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação
desta Convenção por um Estado Parte, tendo como pressupostos, nos termos do Artigo 46:

a. que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os prin-
cípios de direito internacional geralmente reconhecidos;
b. que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido preju-
dicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;
c. que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de solução
internacional; e
d. que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e
a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a petição.

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Não se aplicarão as disposições contidas nas alíneas “a” e “b” acima mencionadas quando
(i) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a
proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados; (ii) não se houver permitido
ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou
houver sido ele impedido de esgotá-los; e (iii) houver demora injustificada na decisão sobre os
mencionados recursos.

No tocante às competências da Corte Interamericana de Direitos Humanos, somente os


Estados Partes e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos têm direito de submeter
caso à decisão da Corte, sendo necessário o esgotamento de todos os processos previstos
nos Artigos 48 a 50 da Convenção, de atribuição da Comissão.
Além da análise dos casos submetidos pela Comissão, a Corte poderá ser consultada pe-
los Estados-membros da Organização dos Estados Americanos acerca da interpretação de
pontos da Convenção ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos humanos
nos Estados americanos. A Corte poderá, ainda a pedido de um Estado-membro da Organiza-
ção, emitir pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas e os mencio-
nados instrumentos internacionais.
Vale frisar que a sentença da Corte será definitiva e inapelável, sendo que, em caso de di-
vergência sobre o sentido ou alcance da sentença, a própria Corte fará a devida interpretação
a pedido de qualquer das partes, desde que o pedido seja apresentado dentro de noventa dias
a partir da data da notificação da sentença (Artigo 67).

Recomenda-se, assim como em relação aos outros instrumentos de proteção dos direitos hu-
manos, a leitura na íntegra da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, também conhe-
cida como Pacto de San José da Costa Rica, justamente para se ter uma completa noção dos
direitos ali reconhecidos.

Pois bem, vejamos como as bancas a seguir abordaram as temáticas trazidas no Pacto.

021. (GUARDA DE SEGURANÇA DO SISTEMA PRISIONAL/SEPLAG-SE/IBADE/2018) Acei-


tar petições apresentadas por qualquer pessoa ou grupo de pessoas, que contenham denún-
cias ou queixas de violação do Pacto de São José da Costa Rica por um Estado-Parte, é com-
petência específica da(dos):

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a) Corte do Pacto de São José da Costa Rica.


b) Corte Interamericana de Direitos Humanos.
c) Assembleia de magistrados ad hoc.
d) Juízes competentes para julgar casos de violação de direitos humanos.
e) Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Trata-se de questão de média complexidade, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acer-


ca da competência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, prevista nos artigos 44
e seguintes do Pacto.
Letra e.

022. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA/PC-SP/VUNESP/2018) Assinale a alternativa que contempla


afirmativa em consonância com a Convenção Americana de Direitos Humanos.
a) Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos, nem por delitos
comuns cometidos por menores de 21 anos de idade.
b) Toda pessoa terá direito a obter indenização decorrente de prisão ilegal, salvo por erro
judiciário.
c) O preso tem direito de ser assistido por um defensor oferecido pelo Estado, vedado ao acu-
sado se defender ele próprio.
d) O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses
da justiça.
e) Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delin-
quente não poderá ser por isso beneficiado.

Trata-se de questão de média complexidade, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acer-


ca das garantias judiciais previstas no Artigo 8º do Pacto.
Letra d.

Muito bem, finalizamos por aqui os assuntos pertinentes à Convenção Americana sobre
Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), com a reiteração da sugestão de que
você leia com atenção todos os dispositivos, para uma visão mais completa desse normativo.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

RESUMO
Prezado(a), após nossa análise acerca do percurso da efetivação dos direitos humanos
no Brasil e no mundo, bem como dos principais instrumentos e normas de direitos humanos
com enfoque na proteção constitucional destes direitos, em especial, a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, o PNDH-3, as “Regras de Mandela”, além da verificação de algumas
abordagens das bancas a respeito desses temas, chegou a hora de fazermos um compilado
de lembretes pra fixação da matéria que acabamos de estudar:
• Nos regimes democráticos, toda e qualquer pessoa deve ter a sua dignidade respeitada
independentemente de sua origem, etnia, raça, convicção econômica, orientação políti-
ca, classe social, idade, identidade sexual, orientação ou credo religioso;
• No Brasil, com vistas a garantir essa gama de direitos, o constituinte materializou na
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 um modelo de ordenamento
jurídico que tem como um de seus pilares a dignidade da pessoa humana, ao lado da
soberania, da cidadania, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e do plura-
lismo político;
• Cada Estado incorpora no seu ordenamento jurídico os direitos humanos mais próximos
aos seus próprios valores, aos valores de sua sociedade, decidindo quais serão consti-
tucionalizados (ou seja, quais alçarão a categoria de “direitos fundamentais”), bem com
quais pertencerão ao nível infraconstitucional dentro do ordenamento;
• Podemos afirmar que os direitos humanos representam um apanhado de normas jurídi-
cas internas e externas que visam proteger a pessoa humana, ou seja, um conjunto de
direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade o respeito à sua dignidade,
capazes de protegê-lo do arbítrio do poder estatal, garantindo-lhe condições mínimas de
sobrevivência e desenvolvimento de sua personalidade;
• No tocante à terminologia, temos que a expressão “direitos do homem” tem cunho jus-
naturalista, relacionada aos direitos inerentes à condição humana, mas vinculada à von-
tade divina. Trata-se, pois, nessa concepção, de um direito que não necessita de positi-
vação, eis que diz respeito ao “direito natural”. Já a expressão “direitos fundamentais”
diz respeito diretamente àqueles direitos positivados na Constituição Federal ou na Car-
ta Constitucional de determinado país;

Direitos Humanos → Previstos no ordenamento internacional


Ausência expressa em textos normativos, seja na
Direitos do Homem→
ordem interna ou internacional
Direitos Fundamentais→ Previstos em textos constitucionais.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

• Quanto à fundamentação dos direitos humanos, para a doutrina Jusnaturalista os direi-


tos humanos seriam os direitos tidos como básicos e inalienáveis a todos os homens,
independente de positivação. Seriam aqueles direitos chamados de naturais, concebi-
dos pela inspiração divina ou pela razão humana. Seriam os direitos inerentes ao ho-
mem e não positivados em nenhum ordenamento jurídico;
• Para os positivistas, os direitos humanos seriam aqueles direitos concebidos pelo Esta-
do aos seres humanos, de forma institucionalizada, positivados no ordenamento jurídi-
co. Em contraponto aos jusnaturalistas, os positivistas não acreditam na existência de
direitos preexistentes aos já positivados e reconhecidos pelo Estado;
• Para os moralistas, os direitos humanos são direitos morais da coletividade humana,
fundamentados não apenas de forma jurídica, mas sim em valores da sociedade;
• Algumas doutrinas mais clássicas mencionam a “classificação” dos direitos humanos
também sob a nomenclatura de “dimensões” de direitos humanos ou “gerações” de di-
reitos humanos;
• PRIMEIRA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a LIBERDADE (direitos de defesa). Trata-se
das liberdades públicas, consistentes nos direitos civis (direito à vida, à liberdade, à pro-
priedade privada etc.) e políticos (direito de votar e ser votado);
• SEGUNDA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a IGUALDADE (direitos de prestação). Trata-
-se dos direitos econômicos, sociais e culturais, tais como direito à moradia, previdência
social, educação etc. São direitos de aplicabilidade progressiva e infligem o dever de
fazer do Estado, de cunho positivo;
• TERCEIRA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a SOLIDARIEDADE ou FRATERNIDADE (direi-
tos difusos e coletivos). Trata-se do direto à paz, autodeterminação dos povos, direito ao
desenvolvimento, ao meio ambiente etc.;
• QUARTA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é o POVO (direito dos povos). Trata-se da pro-
teção de interesses que têm como objetivo a preservação do ser humano em virtude de
direitos que podem colocar em risco a existência do homem (biossegurança, biodireito,
patrimônio genético das pessoas etc.);
• QUINTA DIMENSÃO: o VALOR tutelado é a PAZ. Para Paulo Bonavides, a paz advém do
reconhecimento universal como requisito da convivência humana, da conservação da
espécie, garantindo segurança aos direitos, eis que somente se efetiva a dignidade da
pessoa humana se a paz vier a ser elevada a direito de quinta geração;
• Quanto à característica da historicidade, estamos nos referindo a todo o contexto his-
tórico no qual se balizou a construção e a evolução dos direitos humanos ao longo do
tempo;
• Quanto à característica de universalidade, podemos dizer que se refere ao fato de que
todas as pessoas humanas são titulares dos direitos humanos, tanto na esfera nacional
como na internacional, sem nenhuma distinção que se refira à sua condição humana;

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

• A característica da irrenunciabilidade denota a importância dos direitos humanos no


sentido de sua não abdicação, da impossibilidade de recusa, podendo ser nula de pleno
direito qualquer manifestação que contrarie esta característica;
• Quanto à indisponibilidade, esta característica se aproxima muito da irrenunciabilidade,
eis que os direitos humanos são indisponíveis de renúncia, e mesmo que a doutrina
considere como renunciáveis alguns direitos como da privacidade e intimidade, estes
somente serão disponíveis por um determinado tempo, desde que tal disposição não se
contraponha à dignidade da pessoa humana;
• No tocante à inalienabilidade, as doutrinas também relacionam tal característica com a
irrenunciabilidade. Trata-se da impossibilidade de que os direitos humanos possam ser
de alguma forma alienados, eis que representa afronta à dignidade da pessoa humana;
• Quanto à característica da relatividade, a premissa utilizada pela doutrina é a de que os
direitos humanos podem sofrer limitações para adequá-los a outros valores coexisten-
tes na ordem jurídica. Dessa forma, entende-se que em caso de conflito entre princípios
que garantem a proteção aos direitos humanos, o aplicador do direito terá o desafio de
relativizar um princípio para que o outro se sobreponha;
• No que se refere à imprescritibilidade dos direitos humanos, tal característica se pauta
na premissa de que as normas de Direitos Humanos não se esgotam, nem se conso-
mem com o passar do tempo;
• Outra característica de suma importância é a interdependência entre os direitos huma-
nos protegidos por diplomas constitucionais e internacionais. Em função da natureza
da matéria, é muito comum que um direito se vincule ao outro, de forma complementar;
• Quanto à característica de não retrocesso em matéria de direitos humanos, por força da
historicidade dos Direitos Humanos, entende-se que a proteção à dignidade da pessoa
humana é expansiva, ou seja, está sempre em progresso, não sendo permitidos retro-
cessos em relação aos avanços já conquistados pela humanidade;
• A internacionalização dos direitos humanos passa efetivamente a ocorrer no Século XX,
destacando-se três principais marcos históricos:
− No plano histórico, o término da 2ª Guerra Mundial, em 1945;
− No plano político-institucional, a criação da Organização das Nações Unidas (ONU),
também em 1945;
− No plano jurídico, a promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH), em1948;
• Também chamado de Direito dos Conflitos Armados, o Direito Internacional Humanitá-
rio surgiu para proteger as pessoas envolvidas diretamente em situações de conflitos
armados (vítimas, combatentes, população civil, capturados etc.), identificado como um
conjunto de normas aplicáveis aos conflitos internacionais ou não internacionais, que

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

limitam, por razões humanitárias, o direito das partes de escolher livremente os méto-
dos e os meios utilizados na guerra, evitando que sejam afetadas as pessoas e os bens
legalmente protegidos;
• Criada em 1919 pelo Tratado de Versalhes, a Organização Internacional do Trabalho
aparece no cenário de proteção dos direitos humanos com o objetivo de promover a
universalização dos direitos sociais nas searas trabalhista e previdenciária, visando à
melhoria de vida do trabalhador em total equilíbrio com o desenvolvimento econômico;
• A OIT desenvolve um sistema de normas internacionais que abrange todas as matérias
relacionadas com o trabalho, formalizadas por meio de convenções e recomendações
internacionais. As convenções da OIT se equiparam a tratados internacionais sujeitos a
ratificação pelos Estados-Membros da Organização;

DIREITO LIGA DAS NAÇÕES (ou ORGANIZAÇÃO


HUMANITÁRIO SOCIEDADE DAS NACÕES) INTERNACIONAL DO TABALHO
• Conjunto de normas • Organismo Internacional criado
aplicáveis aos conflitos com o objetivo de promover a
• Organismo criado para promoção e
armados internacionais paz social e evitar os conflitos
proteção das atividades laborais em
ou não internacionais. armados.
condições justas e igualitárias.
• Comitê Internacional da • Antecedeu a Organização das
Cruz Vermelha (CICV) Nações Unidas (ONU)

• Somente após a Segunda Grande Guerra, grande marco na história do Direito Internacio-
nal, criou-se, na ocasião da Conferência de São Francisco, em 1945, a Organização das
Nações Unidas (ONU), a fim de evitar novas guerras e situações de conflitos, bem como
criar condições para que a sociedade caminhasse na orientação das diretrizes dos Di-
reitos Humanos;
• A Constituição Federal de 1988 conjuga os direitos civis e políticos com expressões do
tipo “direitos sociais”, “bem-estar” e “desenvolvimento” associando-os à busca por uma
sociedade fraterna, justa, pluralista e sem preconceitos, valores esses consagrados na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, evidenciando a importância dos direitos
econômicos, sociais e culturais;
• Nesse sentido também aparecem com destaque na CF/1988 os direitos sociais, com
especial ênfase aos direitos à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia,
ao transporte, ao lazer, à segurança, à previdência social, à maternidade e à infância e
à assistência aos desamparados, nos termos do art. 6º da Constituição, direitos esses
detalhados no Título X da CF (“Da Ordem Social”);
• No nosso ordenamento jurídico, pode-se dizer que “nacionalidade”, na lição de Pontes
de Miranda, é o “vínculo jurídico-político de direito público interno, que faz da pessoa um
dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado”;

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

• No Brasil temos dois tipos de nacionalidade:

NACIONALIDADE ORIGINÁRIA NACIONALIDADE SECUNDÁRIA

É a nacionalidade involuntária, primária É a nacionalidade derivada, adquirida

Inerente ao brasileiro nato Inerente ao brasileiro naturalizado

Deriva do nascimento, sendo aferida por


laços sanguíneos e territoriais, sendo estes Advém de um ato de vontade do
os critérios definidos pelo Estado para a sua indivíduo que opta pela naturalização
outorga.
regra da naturalização expressa ordinária
(comum): exige-se a aquiescência do
regra do “ius solis” (critério territorial): Chefe do Poder Executivo em aceitar
considera-se brasileiro nato o indivíduo que o pleito do estrangeiro e outros 03
nascer no território brasileiro, ainda que requisitos: art. 12 do Estatuto do
de pais estrangeiros, desde que estes não Estrangeiro, ser de país de língua
estejam a serviço de seu país de origem portuguesa e residir no Brasil por 1 ano
ininterrupto, apresentando conduta
ilibada
regra da naturalização expressa
extraordinária (quinzenária): os
regra do “ius sanguinis” (critério sanguíneo) estrangeiros de qualquer nacionalidade,
c/c critério funcional: considera-se brasileiro residentes no Brasil há mais de 15
nato o indivíduo que nascer em território anos ininterruptos e sem condenação
estrangeiro, de pai ou mãe brasileiro(a), desde penal, podem ingressar com o pedido
que qualquer um deles esteja a serviço da de naturalização. Trata-se, pois, de um
República Federativa do Brasil direito público subjetivo, encontrando-
se o Poder Executivo vinculado ao
requerimento.
regra do “ius sanguinis” (critério sanguíneo)
c/c critério residencial c/c opção confirmativa:
considera-se brasileiro nato o indivíduo que
nascer em território estrangeiro, de pai ou
mãe brasileiro(a), desde que sejam registrados
em repartição brasileira competente ou
venham a residir no Brasil e optem pela
nacionalidade brasileira

• Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:


− (i) tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional;
− (ii) adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

◦ a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;


◦ b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente
em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para
o exercício de direitos civis;
• Direitos políticos são prerrogativas constitucionais ou direitos públicos subjetivos que
representam a medida de participação dos cidadãos no cenário governamental do Es-
tado, refletindo o modo de atuação da soberania popular prevista no § único do art. 1º
da CF/88;
• Direitos políticos positivos (direitos cívicos) representam o conjunto de normas que as-
seguram a participação do povo no cenário eleitoral do Estado, garantem ao cidadão a
participação no processo político do país. Englobam o direito ao sufrágio ativo (direito
de votar) e o passivo (direito de ser votado), os sistemas eleitorais (nas modalidades
majoritário, proporcional e misto) e o procedimento eleitoral;
• Sufrágio universal: direito de votar e de ser votado, do exercício da capacidade eleitoral
ativa e passiva de forma ampla e irrestrita, observando-se certos requisitos gerais (p.
ex., nacionalidade, idade, capacidade) e requisitos de forma (p.ex., a necessidade de
alistamento eleitoral);
• Quanto ao alistamento eleitoral e o voto, o § 1º do art. 14 da CF/88 prevê que ambos são
OBRIGATÓRIOS para maiores de 18 (dezoito) anos e FACULTATIVOS para analfabetos,
maiores de 70 (setenta) anos e maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito)
anos. A CF/88 ainda prevê no § 2º do art. 14 a impossibilidade de alistamento eleitoral
para estrangeiros e para os conscritos;
• Condições de elegibilidade: (i) a nacionalidade brasileira; (ii) o pleno exercício dos direi-
tos políticos; (iii) o alistamento eleitoral; (iv) o domicílio eleitoral na circunscrição; (v) a
filiação partidária; (vi) a idade mínima de: a) 35 (trinta e cinco) anos para Presidente e
Vice-Presidente da República e Senador; b) 30 (trinta anos) para Governador e Vice-Go-
vernador de Estado e do Distrito Federal; c) 21 (vinte e um) anos para Deputado Federal,
Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) 18 (dezoito) anos
para Vereador;
• A CF/88 traz em seu art. 15 a vedação expressa quanto à cassação dos direitos políti-
cos, podendo haver a perda ou suspensão nos casos de (i) cancelamento da naturaliza-
ção por sentença transitada em julgado; (ii) incapacidade civil absoluta; (iii) condenação
criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; (iv) recusa de cumprir
obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; (v) im-
probidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, da CF/88;
• De maneira geral, os tratados e convenções internacionais se inserem no ordenamento
jurídico brasileiro em equivalência às leis ordinárias. Contudo, em se tratando de diplo-

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DIREITOS HUMANOS
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Fabrício Missorino

mas internacionais que consagrem direitos humanos, pairam discussões quanto à sua
posição na ordem normativa, considerando as interpretações acerca de seu status cons-
titucional ou infralegal;
• A Constituição Federal de 1988 inovou ao incluir, dentre os direitos constitucionalmente
protegidos, os direitos enunciados nos tratados internacionais de direitos humanos nos
quais o Brasil seja signatário, atribuindo a eles uma hierarquia de norma constitucional;
• O STF passou a adotar em suas decisões a teoria do duplo status dos tratados e con-
venções internacionais de direitos humanos, da seguinte forma:
− (i) Status Constitucional para os tratados que se submetem ao rito do § 3º do art. 5º
da CF/1988, a exemplo da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007
e incorporados ao ordenamento via Decreto Legislativo n. 186/2008; promulgada via
Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009. A respeito, Flávia Piovesan atribui a esses
tratados a nomenclatura de “Tratados;
− (ii) Status Supralegal para os tratados aprovados antes da Emenda Constitucional
n. 45/2004 e mesmo os posteriores que não observarem o rito do § 3º do art. 5º da
CF/1988, posicionando-se abaixo da Constituição Federal, porém, acima da legisla-
ção ordinária interna;
• A impossibilidade de denúncia acaba por atingir apenas os tratados e convenções inter-
nacionais submetidos ao regime de aprovação previsto no § 3º do art. 5º da CF/1988,
restando aos tratados de direitos fundamentais que não se submeteram ao mencionado
regime a possibilidade de denúncia, por não alcançarem status de norma constitucional,
nem sob o aspecto formal, nem sob o aspecto material, não havendo óbice, portanto, à
denúncia desses instrumentos internacionais;
• O Controle de Convencionalidade permite a verificação de compatibilidade das leis inter-
nas com os tratados e convenções internacionais, no nosso caso, aqueles que envolvem
a proteção de direitos humanos;
• Alguns doutrinadores como Valério de Oliveira Mazzuoli, André de Carvalho Ramos e
Sidney Guerra, relacionam duas formas de exercício do controle de convencionalidade:
− (i) Controle de convencionalidade internacional: atribuído a órgãos internacionais, a
exemplo da Corte Interamericana de Direitos Humanos, da Corte Europeia de Direitos
Humanos e da Corte Africana de Direitos Humanos: no sistema interamericano, o
controle internacional permite que a Corte Interamericana interprete e aplique o Pac-
to de São José da Costa Rica por meio de um exame de confrontação com o direito
interno (lei, ato administrativo, jurisprudência, práticas administrativas e judiciais, in-
clusive a própria Constituição), permitindo-se que um Estado-parte seja condenado a
revogar leis incompatíveis com o Pacto, bem como a adaptar sua legislação por meio
de reformas constitucionais, garantindo-se a tutela dos direitos humanos no ordena-
mento interno;

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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− (ii) Controle de convencionalidade nacional: exercido pelo Poder Judiciário no con-


trole nacional de supralegalidade ou constitucionalidade, considerando que o orde-
namento brasileiro admite o duplo status dos tratados e convenções internacionais
de direitos humanos, a depender da forma de sua internalização. Constitui-se na ve-
rificação pelo Poder Judiciário, dentro de suas respectivas competências, da compa-
tibilidade das leis internas com as convenções e tratados internacionais de direitos
humanos. Trata-se de um controle de legalidade, supralegalidade ou constitucionali-
dade, a depender da internacionalização do tratado ou da convenção internacional de
direitos humanos;

• A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) representa um ato de organiza-


ção internacional, de modo que prescinde de incorporação ao direito interno, como se
exige para tratados ordinários de direitos humanos;
• Quanto ao seu conteúdo, possui 30 (trinta) artigos inspirados em duas dimensões dos
direitos humanos, com ênfase na universalidade, indivisibilidade e interdependência dos
direitos humanos: (i) Direitos de 1ª dimensão (direitos civis e políticos) materializados
nos artigos I a XXI; (ii) Direitos de 2ª dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais)
materializados nos artigos XXII a XXX;
• No tocante à D.U.D.H., cumpre salientar três premissas: (i) a dignidade da pessoa huma-
na é inerente a todos, tendo seu fundamento com base na liberdade, justiça e paz; (ii)
existe uma relação direita entre direitos humanos e construção de uma sociedade justa,
igual, progressista e com melhores condições de vida; (iii) Existe um ideal comum de
direitos humanos para que seja cumprido plenamente por todos;
• Um sistema de justiça criminal humano, justo, efetivo e responsável é baseado no com-
promisso de proteger os direitos humanos na administração da justiça e na prevenção
e controle de crimes, reconhecendo-se o valor e o impacto dos padrões e das normas
da ONU no desenvolvimento e implementação de políticas e programas sobre justiça
criminal e prevenção ao crime.
• As “Regras de Mandela” não buscam regular a gestão de instituições reservadas para jo-
vens em conflito com a lei, tais como as unidades de internação e semiliberdade, poden-
do apenas serem levadas em consideração quanto aos seus aspectos gerais. Uma das
razões para tanto seria o fato de que a categoria de presos juvenis deve compreender
pelo menos todos os jovens que estão sob a jurisdição das cortes juvenis, não cabendo,
em tese, para tais jovens, condenação a penas de reclusão;
• Quanto às regras de aplicação geral, as “Regras de Mandela” apresentam um conjunto
de princípios básicos com destaque para a previsão de que “todos os presos devem ser
tratados com respeito, devido a seu valor e dignidade inerentes ao ser humano”, garantin-
do-se que nenhum preso seja submetido a tortura ou tratamentos ou sanções cruéis, de-
sumanos ou degradantes, não sendo estes atos justificáveis em qualquer circunstância;

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DIREITOS HUMANOS
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• Tais princípios também se referem à imparcialidade na aplicação das regras, aos ob-
jetivos de uma sentença de encarceramento ou de medida restritiva de liberdade, bem
como às particularidades que envolvem os presos portadores de deficiências físicas,
mentais ou outra incapacidade;
• O Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH 3 está estruturado em 06 (seis) Ei-
xos Orientadores, a saber:
− Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil;
− Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos;
− Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades;
− Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência;
− Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos;
− Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade;
• A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo I (Interação democrática entre Estado e
sociedade civil) se justifica em virtude do avanço da democratização do País, notada-
mente com o surgimento e institucionalização de vários movimentos sociais, com cada
vez mais expressão política na sociedade, a ponto de influenciar diretamente a etapa de
elaboração da Constituição Federal de 1988, transformando-se em um dos pilares da
nossa democracia;
• A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo II (Desenvolvimento e Direitos Humanos)
se justifica em virtude do tema se mostrar multidisciplinar e bastante debatido, pressu-
pondo que engloba temáticas referentes à livre determinação dos povos, ao reconhe-
cimento de soberania sobre seus recursos e riquezas naturais, ao respeito pleno à sua
identidade cultural e à busca de equidade na distribuição das riquezas;
• A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo III (Universalizar direitos em um contexto
de desigualdades) se justifica em virtude da Declaração Universal dos Direitos Huma-
nos afirmar, em seu preâmbulo, que o “reconhecimento da dignidade inerente a todos os
membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da
liberdade, da justiça e da paz no mundo”;
• A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo IV (Segurança Pública, Acesso à Justiça e
Combate à Violência) se justifica em virtude das tentativas de reduzir o distanciamento
entre a militância em direitos humanos e as políticas de segurança pública. A intenção
do Programa, nesse sentido, em apertada síntese, é fomentar que as articulações da so-
ciedade civil se aproximem cada vez mais dos debates que envolvam segurança pública;
• A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo V (Educação e cultura em Direitos Huma-
nos) se justifica em virtude da necessidade de uma nova mentalidade coletiva para o
exercício da solidariedade, do respeito às diversidades e da tolerância, em plena sintonia
com o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH);

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

• A estruturação do PNDH-3 com base no Eixo VI (Direito à Memória e à Verdade) se justi-


fica em virtude da importância de investigar o passado para uma melhor construção da
cidadania, resgatando a verdade e reforçando a memória individual e coletiva;
• Aprovada em 22 de novembro de 1969, a Convenção Americana sobre Direitos Huma-
nos, também conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, representa um dos
principais instrumentos, se não for o principal, de implementação de direitos humanos
no âmbito do Sistema Regional Interamericano, tendo como propósito a consolidação,
dentro do quadro das instituições democráticas, de um regime de liberdade e de justiça,
instituído por meio do respeito aos princípios basilares dos direitos humanos;
• Se os direitos consagrados no Pacto não estiverem garantidos em seu ordenamento ju-
rídico ou demandarem ajustes, o Estado Parte deve adotar as medidas necessárias para
a proteção, promoção e exercício das obrigações previstas no Pacto. Compromete-se,
ainda, o Estado-Membro, a não editar leis que atentem ou restrinjam o gozo dos direitos
humanos ali consagrados;
• Acerca da aplicação das normas do Pacto, são competentes para conhecer dos assun-
tos relacionados com o cumprimento dos compromissos assumidos pelos Estados Par-
tes na Convenção: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interame-
ricana de Direitos Humanos;
• Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente re-
conhecida em um ou mais Estados-membros da Organização dos Estados Americanos,
pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação
desta Convenção por um Estado Parte;

Pois bem, fixados esses pontos, seguidos de uma leitura detida dos textos originais dos
instrumentos de proteção dos direitos humanos aqui destacados e do conteúdo da nossa
AULA 1, passamos agora para o nosso bloco de exercícios.
Boa sorte!!!

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Fabrício Missorino

QUESTÕES DE CONCURSO
001. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA/PC-AL/CESPE-CEBRASPE/2021) À luz da Convenção Ameri-
cana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
A apologia ao ódio religioso que constitua incitação à hostilidade deve ser vedada por lei.

002. (DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/INSTITUTO AOCP/2021) A Declaração Univer-


sal dos Direitos Humanos de 1948 surge no pós-guerra como reação aos horrores vivenciados
pelo mundo com as experiências nazifascistas. Dentre as seguintes alternativas, assinale a
que NÃO representa uma garantia prevista nesse importante instrumento.
a) Direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
b) Direito à prestação jurisdicional efetiva para defesa contra atos que violem direitos
fundamentais.
c) Direito de acesso à Corte Interamericana de Direitos Humanos em duplo grau de jurisdição
no caso de ações propostas diretamente no Supremo Tribunal Federal.
d) Direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
e) Direito de contrair matrimônio e fundar uma família.

003. (POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/PRF/CESPE-CEBRASPE/2021) À luz da Constitui-


ção Federal de 1988 (CF), do Pacto de São José da Costa Rica e do entendimento do Supremo
Tribunal Federal, julgue o item que se segue, relativo aos direitos humanos.
A Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência possui status supracons-
titucional no ordenamento pátrio, sendo um exemplo de instrumento normativo internacional
de caráter inclusivo adotado pelo Brasil para promover a acessibilidade e a autodeterminação
de pessoas com deficiência.

004. (MÉDICO PSIQUIATRA/CARGO 3/DEPEN/CESPE/CEBRASPE/2021) Graças à Declara-


ção Universal dos Direitos Humanos (DUDH), e ao compromisso dos Estados com seus prin-
cípios, a dignidade de milhões de pessoas tem sido protegida, sofrimento humano tem sido
evitado e as bases de um mundo mais justo foram estabelecidas. Com base no disposto na
DUDH e na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir.
A DUDH contém disposições expressas a respeito da possibilidade de aplicação de pena de
morte para autores de crimes graves, desde que seja garantido o julgamento justo e a impar-
cialidade do juízo.

005. (MÉDICO PSIQUIATRA/CARGO 3/DEPEN/CESPE/CEBRASPE/2021) As Regras Míni-


mas para o Tratamento de Reclusos, apelidadas de “Regras de Mandela” em homenagem ao
ex-presidente da África do Sul e ex-presidiário, Nelson Mandela, lembram ao mundo que pri-
sioneiros são seres humanos, nascidos com dignidade e com direito à segurança e proteção

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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dos seus direitos humanos. Os avanços trazidos pela edição das regras são muito importantes
para garantir que os presos tenham, por exemplo, as mesmas condições de atendimento à
saúde que pessoas livres. Com referência às Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos,
julgue o item que se segue.
Considere que determinado preso ainda não julgado estivesse realizando tratamento dentário
e, em razão de uma complicação em um procedimento de restauração dentária, necessitasse
continuar o tratamento com seu próprio dentista. Nesse caso, o Estado deveria arcar com as
despesas decorrentes desse tratamento, uma vez que o preso se encontra sob sua custódia.

006. (POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/PRF/CESPE/CEBRASPE/2021) À luz da Constitui-


ção Federal de 1988 (CF), do Pacto de São José da Costa Rica e do entendimento do Supremo
Tribunal Federal, julgue o item que se segue, relativo aos direitos humanos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, um dos primeiros instrumentos normativos ge-
rais de direitos humanos adotados por uma organização internacional, destacou-se pelo fato
de comportar a ideia de dignidade da pessoa humana como ponto de convergência da ética
universal e do fundamento valorativo do sistema protetivo global dos direitos humanos.

007. (MÉDICO PSIQUIATRA/CARGO 3/DEPEN/CESPE/CEBRASPE/2021) As Regras Míni-


mas para o Tratamento de Reclusos, apelidadas de “Regras de Mandela” em homenagem ao
ex-presidente da África do Sul e ex-presidiário, Nelson Mandela, lembram ao mundo que pri-
sioneiros são seres humanos, nascidos com dignidade e com direito à segurança e proteção
dos seus direitos humanos. Os avanços trazidos pela edição das regras são muito importantes
para garantir que os presos tenham, por exemplo, as mesmas condições de atendimento à
saúde que pessoas livres. Com referência às Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos,
julgue o item que se segue.
Medida adotada por alguns países de limitar a população em unidades prisionais fechadas
a quinhentos detentos está alinhada ao entendimento de que essas unidades não devem ser
grandes demais a ponto de impossibilitar o tratamento individualizado dos presos.

008. (MÉDICO PSIQUIATRA/CARGO 3/DEPEN/CESPE/CEBRASPE/2021) Considere As Re-


gras Mínimas para o Tratamento de Reclusos, apelidadas de “Regras de Mandela” em home-
nagem ao ex-presidente da África do Sul e ex-presidiário, Nelson Mandela, lembram ao mundo
que prisioneiros são seres humanos, nascidos com dignidade e com direito à segurança e
proteção dos seus direitos humanos. Os avanços trazidos pela edição das regras são muito
importantes para garantir que os presos tenham, por exemplo, as mesmas condições de aten-
dimento à saúde que pessoas livres. Com referência às Regras Mínimas para o Tratamento de
Reclusos, julgue o item que se segue.
Suponha que determinado profissional de saúde, ciente dos efeitos colaterais causados pela
sanção disciplinar imposta a determinado preso, tenha demorado a reportar tal fato ao diretor

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DIREITOS HUMANOS
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do presídio. Com base nessas informações, não se pode afirmar que, nessa situação, a demora
da comunicação contraria as regras mínimas da ONU para o tratamento de pessoas presas,
uma vez que não há prazo estabelecido para tal comunicação.

009. (DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/INSTITUTO AOCP/2021) O Juízo da 5ª Vara Cí-


vel de Ananindeua expediu mandado de prisão contra Roberto da Silva, em razão deste ter se
recusado a restituir ao Juízo, quando intimado, um veículo que havia sido, após penhorado e
removido, depositado em sua confiança. Fundamentou em sua decisão, o Juízo que a Cons-
tituição Federal prevê em seu art. 5º, LXVII, a possibilidade de prisão civil do depositário infiel
e que não houve, desde 1988, emenda à constituição que revogasse referido texto, estando,
portanto, em pleno vigor. A respeito desse caso hipotético e considerando a interpretação e a
aplicabilidade dos tratados sobre direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro, assina-
le a alternativa correta.
a) Está incorreto o Juiz. O direito brasileiro não admite a prisão civil do depositário infiel, mes-
mo estando essa hipótese expressamente prevista na Constituição, já que esta perdeu aplica-
bilidade diante do caráter supralegal do artigo 7, n. 7, da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, que proíbe qualquer prisão civil por dívida, salvo a proveniente de obrigação alimen-
tar, impedindo, assim, a eficácia das disposições infraconstitucionais brasileiras que previam
a prisão civil do depositário infiel.
b) Está correto o Juiz, uma vez que os tratados de direitos humanos são internalizados por
legislação ordinária e as disposições neles contidas que contrariem expressamente o texto
constitucional brasileiro são ineficazes em relação à jurisdição nacional.
c) Está correto o Juiz. É lícita a prisão civil do depositário infiel, já que a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos não fora submetida ao rito do art. 5º, §3º, da CFB (1988) e possui sta-
tus de legislação ordinária, continuando em pleno vigor e aplicável o art. 5º, LXVII, da CF/88, e
eficazes as leis infraconstitucionais que preveem a prisão civil do depositário infiel.
d) Está incorreto o Juiz. Os tratados sobre direitos humanos aprovados no Brasil antes da EC
45, de 2004, automaticamente receberam status de Emenda constitucional, já que, à época,
não se exigia o procedimento hoje previsto no art. 5º, §3º, da CFB (1988). Assim, é inconstitu-
cional a prisão civil do depositário infiel que fora revogada pela Convenção Americana sobre
Direitos Humanos.
e) Está incorreto o Juiz. Com base na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o Supre-
mo Tribunal Federal do Brasil decidiu pela inconstitucionalidade da expressão “e a do depositá-
rio infiel” prevista na parte final do art. 5º, LXVII, da CFB (1988), optando pela redução do texto
constitucional, pelo que é inconstitucional a prisão civil do depositário infiel.

010. (MÉDICO PSIQUIATRA/CARGO 3/DEPEN/CESPE/CEBRASPE/2021) As Regras Míni-


mas para o Tratamento de Reclusos, apelidadas de “Regras de Mandela” em homenagem ao
ex-presidente da África do Sul e ex-presidiário, Nelson Mandela, lembram ao mundo que pri-

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DIREITOS HUMANOS
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sioneiros são seres humanos, nascidos com dignidade e com direito à segurança e proteção
dos seus direitos humanos. Os avanços trazidos pela edição das regras são muito importantes
para garantir que os presos tenham, por exemplo, as mesmas condições de atendimento à
saúde que pessoas livres. Com referência às Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos,
julgue o item que se segue.
Considere que Bianca, condenada à pena de reclusão, tenha sido selecionada para realizar,
como parte do seu processo de reabilitação, atividades na oficina de corte e costura do pre-
sídio feminino onde é interna. Nessa situação hipotética, antes do início das atividades, a ap-
tidão física e mental de Bianca para o exercício dessa atividade deverá ser determinada por
médico ou outro profissional de saúde qualificado.

011. (DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/INSTITUTO AOCP/2021) Os direitos humanos


constituem matéria cuja tutela não se reserva unicamente ao âmbito doméstico dos Estados
nacionais, mas também ocupa lugar na agenda da comunidade internacional. Sobre a teoria
contemporânea dos direitos humanos, assinale a alternativa correta.
a) Os Direitos Humanos de defesa relacionam-se com a prerrogativa de a pessoa solicitar uma
conduta ativa do Estado a fim de promover seus direitos fundamentais.
b) Pode-se afirmar que a concepção contemporânea de Direitos Humanos é marcada pela uni-
versalidade e pela divisibilidade desses direitos.
c) Pode ser conferida interpretação aos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948) de forma que o exercício de um direito ali previsto anule ou restrinja o exercício de outro,
destruindo esse último direito.
d) Positivistas como Hans Kelsen e Alf Ross afirmam que os direitos humanos são direitos
inatos à pessoa, que decorrem da sua própria condição de ser humano.
e) A partir de um resgate da visão kantiana, a única condição exigida para que alguém seja
titular de Direitos Humanos é sua condição de ser humano.

012. (SOLDADO/SAEB-BA/IBFC/2020) A Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948


foi elaborada pela extinta Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.
Ela era uma das etapas para uma futura elaboração de um “tratado internacional de direitos
humanos” que acabou não acontecendo por conta da Guerra Fria. Procurou colocar a dignida-
de da pessoa humana como núcleo de todos os direitos humanos. Assim, sobre seu âmbito de
proteção, assinale a alternativa correta.
a) Nem todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
b) O exílio é permitido em determinadas situações.
c) Reconhece a possibilidade da norma retroagir para prejudicar o réu.

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DIREITOS HUMANOS
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d) Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até
que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual
lhe tenha sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
e) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio censitário, por voto secreto ou processo equiva-
lente que assegure a liberdade de voto.

013. (PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL/MPE-CE/CESPE/2020) Nas hipó-


teses de grave violação de direitos humanos, a fim de se assegurar o cumprimento de obriga-
ções decorrentes de tratado internacional, o incidente de deslocamento de competência para
a justiça federal poderá ser suscitado ao
a) STF pelo procurador-geral da República ou pelo advogado-geral da União.
b) STJ pelo procurador-geral da República ou pelo advogado-geral da União.
c) STJ pelo procurador-geral da República.
d) STF pelo procurador-geral da República.
e) STF pelo procurador-geral da República, pelo advogado-geral da União ou pelo presidente do
Senado Federal.

014. (PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL/MPE-CE/CESPE/2020) No Brasil,


após a promulgação da Emenda Constitucional n.º 45/2004, os tratados relativos aos direitos
humanos aprovados na forma prevista são equivalentes às
a) leis complementares.
b) emendas constitucionais.
c) leis ordinárias.
d) garantias individuais e coletivas.
e) normas de direito fundamental.

015. (GUARDA CIVIL MUNICIPAL/PREFEITURA DE MAIRIPORÃ-SP/INSTITUTO MAIS/2019)


Assinale a alternativa que apresenta uma disposição da Declaração Universal dos Direitos Hu-
manos da Organização das Nações Unidas (ONU).
a) Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
b) Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em ou-
tros países, independentemente de qualquer motivação.
c) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, exceto, a nacionalidade conce-
dida por país que não seja o de seu nascimento.
d) Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, mas pode ser
impedido de a esse regressar.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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016. (ORIENTADOR SOCIAL/PREFEITURA DE CANANEIA-SP/VUNESP/2020) Como res-


posta aos efeitos da Segunda Guerra Mundial, a proclamação, no ano de 1948, da Declaração
Universal dos Direitos Humanos aponta para o ideal comum a ser atingido por todos os povos
e todas as nações. Seu objetivo é que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre
em mente seus princípios, esforcem-se, por meio do ensino e da educação, por promover o res-
peito a esses direitos e liberdades nela previstos. Conforme prevê a citada Declaração (artigo
7), todos são iguais perante a lei e têm direito a igual proteção legal
a) sem qualquer distinção.
b) independentemente de sua origem.
c) respeitadas as diversidades locais.
d) considerado o livre arbítrio pessoal.
e) submetida à avaliação judicial.

017. (PROCURADOR DO TRABALHO/MPT/MPT/2020) Acerca da interpretação dos Direitos


Humanos, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Os Estados têm consciência que, em determinados casos, é impossível traduzir o teor da
norma internacional de maneira correta para outro idioma ou que acontecem falhas na tradu-
ção que alteram o sentido do texto original aprovado. Por isso, os Estados Partes declaram
o(s) idioma(s) que reconhecem como vinculantes ou são textos autênticos. Logo, a versão em
português que o legislador brasileiro aprovou nem sempre pode ser utilizada, em âmbito inter-
nacional, como base interpretativa.
b) Os termos dos tratados de Direitos Humanos devem ser interpretados de forma autônoma
quanto às definições feitas por instituições nacionais. Isso significa, por exemplo, que se o
tratado internacional traz o termo “propriedade”, a proteção dos Direitos Humanos no plano
internacional pode não seguir necessariamente a exegese interna a respeito do termo, dada
pelo Estado Parte.
c) A metodologia geral da interpretação dos tratados internacionais é aplicável aos tratados de
Direitos Humanos e adota os seguintes critérios: a boa-fé como princípio geral da interpreta-
ção; o teor (interpretação gramatical); o contexto (interpretação sistemática); e o objetivo e a
finalidade (interpretação teleológica).
d) O princípio da efetividade diz que o conteúdo das normas “abertas” dos tratados de Direitos
Humanos deve ser concretizado pelos Estados Partes, não obstante cada aplicador legal, de
acordo com a realidade interna, goze naturalmente da prerrogativa de ponderar, entre duas
ou mais opções de interpretações possíveis, qual o grau a ser nacionalmente adotado para a
promoção prática dos Direitos Humanos no momento da aplicação, legando, nesse contexto,
interpretação mais ampliativa ou mais restritiva.

018. (DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO/PC-MG/FUMARC/2018) A Declaração Univer-


sal dos Direitos Humanos, retomando os ideais da Revolução Francesa, representou a manifes-

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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tação histórica de que se formara, enfim, em âmbito universal, o reconhecimento dos valores
supremos da igualdade, da liberdade e da fraternidade. Em decorrência disso, os direitos fun-
damentais expressos na Constituição Federal de 1988:
a) como na Declaração Universal dos Direitos Humanos, esses direitos fundamentais são con-
siderados uma recomendação sem força vinculante, uma etapa preliminar para ulterior imple-
mentação na medida em que a sociedade se desenvolver.
b) não consideram as diferenças humanas como fonte de valores positivos a serem protegidos
e estimulados, pois, ao criar dispositivos afirmativos legais, as diferenças passam a ser trata-
das como deficiências.
c) obrigam que o princípio da solidariedade seja interpretado com a base dos direitos econô-
micos e sociais, que são exigências elementares de proteção às classes ou aos grupos sociais
mais fracos ou necessitados.
d) tratam a liberdade como um princípio político e não individual, pois o reconhecimento
de liberdades individuais em sociedades complexas esconde a dominação oligárquica dos
mais ricos.

019. (GUARDA CIVIL MUNICIPAL/PREFEITURA DE OLÍMPIA-SP/VUNESP/2019) Assinale a


alternativa correta e nos termos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
a) Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, desde que não seja o
seu, e o direito de regressar ao seu país.
b) As pessoas somente poderão ser privadas de suas nacionalidades nas hipóteses previstas
na Declaração.
c) Autoriza-se tratamentos cruéis a presos apenas nos casos de investigação de crimes de
terrorismo.
d) Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoá-
vel da duração do trabalho e às férias periódicas pagas.
e) Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se culpada até que a sua inocência
fique legalmente provada.

020. (EDUCADOR SOCIAL-SAS/PREFEITURA DE VALINHOS-SP/VUNESP/2019) Desde


1945, vários tratados internacionais expandiram o campo jurídico dos direitos humanos. No
entanto, é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, que inspira as constitui-
ções de muitos Estados e democracias recentes. Define o art. 12 da referida Declaração que
ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua
correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Contra tais interferências, todo ser
humano tem direito a
a) indenização moral.
b) proteção da lei.
c) manifestar-se publicamente.

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DIREITOS HUMANOS
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d) ressarcimento dos bens.


e) pronunciamento formal.

021. (ORIENTADOR SOCIAL/PREFEITURA DE ITAPEVI-SP/VUNESP/2019) Há 70 anos, a Or-


ganização das Nações Unidas promulgou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, como
resposta imediata às atrocidades cometidas nas duas guerras mundiais e visando garantir a
todo ser humano condições mínimas de sobrevivência e crescimento em ambiente de igual-
dade, respeito e liberdade. Define o art. 19 da referida declaração que todo ser humano tem
direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência,
ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e
independentemente de
a) escolaridade.
b) faixa etária.
c) fronteiras.
d) condição econômica.
e) ideologia.

022. (ASSISTENTE SOCIAL/PREFEITURA DE SONORA-MS/MS CONCURSOS/2019) O di-


reito internacional dos direitos humanos pode ser definido como o conjunto de normas que
estabelece os direitos que os seres humanos possuem para o desenvolvimento de sua perso-
nalidade e estabelece mecanismos para a proteção de tais direitos (MELLO, 2001).
Desse modo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos busca firmar compromissos entre
as nações pela paz mundial, tendo como principal fundamento:
a) Direitos Sociais.
b) Dignidade da pessoa humana.
c) Respeito e dignidade.
d) Respeito às diferenças sociais, culturais, religiosas, econômicas.

023. (PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL/MPE-CE/CESPE-CEBRASPE/2020)


De acordo com a sua finalidade, os direitos humanos são classificados como direitos
a) de defesa.
b) a prestações.
c) a procedimentos e instituições.
d) propriamente ditos.
e) expressos.

024. (DELEGADO DE POLÍCIA/PC-ES/INSTITUTO ACESSO/2019) O artigo 15 da Declaração


Universal dos Direitos Humanos (DUDH) prevê que todo ser humano tem direito a uma nacio-
nalidade e que ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de

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DIREITOS HUMANOS
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mudar de nacionalidade. Não obstante, há em variados países populações que etnicamente


são autoproclamadas “ciganas”. Estas se distinguem por não possuírem uma nacionalidade,
embora reclamem tratamento digno diante de arbitrariedades a que podem ser sujeitas, como
a que ocorreu, por exemplo, na França, por ocasião do mandato do presidente Sarkozy. O direi-
to a essa identidade pode ser representado, em termos de suas garantias, considerando o que
se prescreve no âmbito da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Assinale a alternativa
correta que estabelece a relação descrita no enunciado com os direitos abrangidos na DUDH.
a) Ninguém será sujeito a interferências em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em
sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito
à proteção legal contra tais interferências ou ataques, salvo quando submetido a um julga-
mento justo.
b) Todo ser humano tem capacidade para gozar dos direitos e das liberdades estabelecidos
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nasci-
mento ou qualquer outra condição.
c) Todo ser humano tem direito à liberdade de movimento e residência dentro das fronteiras
de cada Estado. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e
a este regressar.
d) Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personali-
dade formal jurídica.
e) Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade, li-
berdade e igualdade.

025. (ANALISTA/ENGENHARIA CIVIL/PREFEITURA DE SALVADOR-BA/FGV/2019) A Repú-


blica Federativa do Brasil celebrou tratado internacional sobre Direitos Humanos. A respeito da
incorporação desse tratado à ordem jurídica interna, é correto afirmar, considerando a sistemá-
tica estabelecida na Constituição da República, que ele equivalerá
a) sempre à lei ordinária.
b) sempre à lei complementar.
c) sempre à emenda constitucional.
d) a emenda constitucional, se cada Casa do Congresso aprová-lo, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos membros.
e) a emenda constitucional, se cada Casa do Congresso aprová-lo, em dois turnos, por dois
terços dos votos dos membros.

026. (AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO/SEJUDH-MT/IBADE/2018) Nos termos


da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a maternidade e a infância têm direito a cuida-
dos e assistência especiais. Assim, é correto dizer que todas as crianças:

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DIREITOS HUMANOS
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a) gozarão da mesma proteção social, independentemente se nascidas dentro ou fora do


matrimônio.
b) têm direito à instrução que o Estado definir, não cabendo aos pais escolher o gênero de ins-
trução que será ministrada a seus filhos.
c) serão obrigadas, desde a infância, a associar-se à Associação das Crianças e Adolescente
de seu país.
d) têm o direito de deixar o próprio país. mas se o fizer, não poderá mais a ele regressar.
e) têm direito à instrução gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais, sendo
facultativa a instrução elementar.

027. (ASSISTENTE DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO/TÉCNICO DE SAÚDE BUCAL/SEJUDH-MT/


IBADE/2018) “A escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas”.
O documento sobre direitos humanos que traz o referido conteúdo proibicionista denomina-se:
a) Princípios Orientadores das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil –
Princípios Orientadores de Riad.
b) Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão.
c) Declaração Universal dos Direitos Humanos.
d) Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Ju-
ventude – Regra de Beijing.
e) Regras das Crianças e Adolescentes.

028. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA/PC-PR/COPS-UEL/2018) Sobre os direitos da Declaração Uni-


versal dos Direitos Humanos (1948-ONU), considere as afirmativas a seguir.
I – Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção fora das fronteiras de cada Estado.
II – Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
III – Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
IV – Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

029. (ADVOGADO DO CREAS/SUAS/PREFEITURA DE NOVO HAMBURGO-RS/INSTITUTO


AOCP/2020) Consoante a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, assinale a
alternativa INCORRETA.

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Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

a) Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou


degradante.
b) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade.
c) A vontade do povo será a base da autoridade do governo. Essa vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalen-
te que assegure a liberdade de voto.
d) Todo ser humano vítima de perseguição, ainda que esta seja legitimamente motivada por
crimes de direito comum, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
e) A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crian-
ças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

030. (TÉCNICO EM ENFERMAGEM/PREFEITURA DE ANDRADAS-MG/IPEFAE/2019) Em re-


lação ao direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião, o que prescreve a
Declaração Universal dos Direitos Humanos?
a) Toda pessoa tem liberdade de mudar de religião ou de convicção.
b) É aconselhado que em situações públicas ninguém manifeste sua religião ou convicção.
c) A religião deve ser incentivada através do ensino pela promoção dos cultos e ritos.
d) Todo o indivíduo tem o direito de ser discriminado pelas suas opiniões.

031. (ADVOGADO/PREFEITURA DE ANDRADAS-MG/IPEFAE/2019) Considerando que a pro-


teção dos direitos humanos através de um regime de direito é essencial para que ninguém seja
subjugado à tirania e a opressão, o que a Declaração Universal dos Direitos Humanos promove
a respeito dos processos de acusação e julgamento de uma pessoa?
a) Será considerada válida a condenação por ações ou omissões que, no momento da sua
prática, não constituíam ato delituoso à face do direito interno ou internacional.
b) Qualquer pessoa pode ser condenada por ato delituoso ainda que a sua culpabilidade não
seja legalmente provada no decurso de um processo público.
c) Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua culpabili-
dade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias
necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
d) Em todo caso de penalização mais leve do que a que era aplicável no momento em que o ato
delituoso foi cometido, será considerado temporariamente suspenso o processo julgamento.

032. (AGENTE PENITENCIÁRIO/SAP-SC/FEPESE/2019) A respeito das regras de pessoal do


estabelecimento prisional descritas nas Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamen-
to de Reclusos (Regras de Nelson Mandela), está incorreta a alternativa.
a) A administração prisional deve selecionar cuidadosamente o pessoal de todas as catego-
rias, dado que é da sua integridade, humanidade, aptidões pessoais e capacidades profissio-
nais que depende a boa gestão dos estabelecimentos prisionais.

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b) A administração prisional deve esforçar-se permanentemente por suscitar e manter no es-


pírito do pessoal e da opinião pública a convicção de que esta missão representa um serviço
social de grande importância; para o efeito, devem ser utilizados todos os meios adequados
para esclarecer o público.
c) Após a entrada em funções e ao longo da sua carreira, o pessoal deve conservar e melhorar
os seus conhecimentos e competências profissionais, seguindo cursos de aperfeiçoamento
organizados periodicamente.
d) Nos estabelecimentos prisionais sempre deve incluir-se no pessoal um número suficiente
de especialistas, tais como psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, professores e instru-
tores técnicos.
e) Todos os membros do pessoal devem, em todas as circunstâncias, comportar-se e desem-
penhar as suas funções de maneira a que o seu exemplo tenha boa influência sobre os reclu-
sos e mereça o respeito destes.

033. (AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL/PC-SP/VUNESP/2018) Nos termos da


Declaração Universal dos Direitos Humanos, todo ser humano tem
a) assegurado o direito ao amplo acesso à informação, sendo vedado, em qualquer hipótese,
resguardar o sigilo da fonte.
b) deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personali-
dade é possível.
c) direito à prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de interna-
ção coletiva.
d) direito a obter gratuitamente certidões em repartições públicas para o exercício da am-
pla defesa.
e) assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem.

034. (ANALISTA LEGISLATIVO MUNICIPAL/ÁREA LEGISLATIVA/CÂMARA DE SALVADOR-


-BA/FGV/2018) A República Federativa do Brasil, pelo órgão competente, assinou determina-
da Convenção Internacional de Proteção aos Direitos Humanos. Ato contínuo, a Convenção foi
aprovada em cada Casa do Congresso Nacional em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros. Por fim, após o depósito do instrumento de ratificação, foi promulgada
na ordem interna pelo Presidente da República.
À luz da sistemática constitucional, a referida Convenção, na ordem jurídica interna, tem natu-
reza jurídica equivalente:
a) à emenda constitucional;
b) à lei ordinária;
c) à lei complementar;
d) à lei delegada;
e) ao decreto autônomo.

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035. (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-PR/FCC/2017) Segundo jurisprudência do Supremo Tribu-


nal Federal, os tratados de direitos humanos serão incorporados pela ordem jurídica brasileira
a partir da
a) ratificação e depósito do tratado pelo Presidente da República
b) publicação de decreto legislativo, de forma conjunta, pelo Presidente da República e pelo
Presidente do Congresso Nacional.
c) promulgação, por um decreto executivo do Presidente da República.
d) assinatura do tratado pelo Presidente da República.
e) aprovação do Congresso Nacional, mediante decreto legislativo.

036. (AGENTE PENITENCIÁRIO/SAP-SC/FEPESE/2019) O Programa Nacional de Direitos


Humanos – PNDH-3, aprovado pelo Decreto n. 7.037, de 21 de dezembro de 2009, é estrutura-
do em eixos orientadores que contêm suas respectivas diretrizes.
Nesse contexto normativo, estão incluídas no Eixo Orientador IV, que trata da Segurança Públi-
ca, Acesso à Justiça e Combate à Violência, as seguintes diretrizes:
a) Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, asseguran-
do a cidadania plena; Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvol-
vimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participa-
ção; Combate às desigualdades estruturais; Garantia da igualdade na diversidade.
b) Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação em Direitos Hu-
manos para fortalecer uma cultura de direitos; Fortalecimento dos princípios da democracia
e dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, nas instituições de ensino supe-
rior e nas instituições formadoras; Reconhecimento da educação não formal como espaço de
defesa e promoção dos Direitos Humanos; Promoção da Educação em Direitos Humanos no
serviço público; Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para
consolidação de uma cultura em Direitos Humanos.
c) Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de fortalecimento
da democracia participativa; Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento trans-
versal das políticas públicas e de interação democrática; Integração e ampliação dos sistemas
de informações em Direitos Humanos e construção de mecanismos de avaliação e monitora-
mento de sua efetivação.
d) Democratização e modernização do sistema de segurança pública; Transparência e parti-
cipação popular no sistema de segurança pública e justiça criminal; Prevenção da violência e
da criminalidade e profissionalização da investigação de atos criminosos; Combate à violência
institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e car-
cerária; Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas;
Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medidas al-
ternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; Promoção de sistema
de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia e a defesa de direitos.

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e) Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica,


ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso,
participativo e não discriminatório; Valorização da pessoa humana como sujeito central do
processo de desenvolvimento; Promoção e proteção dos direitos ambientais como Direitos
Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos.

037. (INVESTIGADOR DE POLÍCIA/PC-BA/VUNESP/2018) A respeito da Declaração Univer-


sal dos Direitos Humanos (DUDH), assinale a alternativa correta.
a) Ninguém pode ser preso, detido ou exilado.
b) Ninguém será condenado por ação ou omissão, ainda que, no momento de sua prática,
constituísse ato delituoso frente ao direito interno e internacional.
c) Nenhuma pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de se beneficiar de asilo
em outros países.
d) O direito de asilo não pode ser invocado no caso de processo realmente existente por crime
de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
e) Nenhuma pessoa pode abandonar o país em que se encontra.

038. (DELEGADO DE POLÍCIA/PC-BA/VUNESP/2018) Nos termos da Declaração Universal


dos Direitos Humanos, é correto afirmar que
a) toda pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de
um Estado.
b) são asseguradas às presidiárias condições para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação.
c) toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas ou militares.
d) é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
e) ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade, exceto no caso de iminente
perigo público.

039. (SOLDADO/SAEB-BA/IBFC/2020) A Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948


foi elaborada pela extinta Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.
Ela era uma das etapas para uma futura elaboração de um “tratado internacional de direitos
humanos” que acabou não acontecendo por conta da Guerra Fria. Procurou colocar a dignida-
de da pessoa humana como núcleo de todos os direitos humanos. Assim, sobre seu âmbito de
proteção, assinale a alternativa correta.
a) Nem todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
b) O exílio é permitido em determinadas situações.
c) Reconhece a possibilidade da norma retroagir para prejudicar o réu.

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Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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d) Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até
que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual
lhe tenha sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
e) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio censitário, por voto secreto ou processo equiva-
lente que assegure a liberdade de voto.

040. (OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ÁREA 1/ABIN/CESPE/2018) Julgue o item seguinte, a res-


peito da Declaração Universal dos Direitos Humanos e do direito internacional dos refugiados.
Embora assegure todas as garantias de defesa, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
não garante de forma expressa a presunção de inocência até que a culpabilidade de alguém
tenha sido provada.

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Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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GABARITO
1. C 37. d
2. c 38. a
3. E 39. d
4. E 40. E
5. E
6. C
7. C
8. E
9. a
10. C
11. e
12. d
13. c
14. b
15. a
16. a
17. d
18. c
19. d
20. b
21. c
22. b
23. d
24. b
25. d
26. a
27. c
28. e
29. d
30. a
31. c
32. d
33. b
34. a
35. c
36. d

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Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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GABARITO COMENTADO
001. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA/PC-AL/CESPE-CEBRASPE/2021) À luz da Convenção Ameri-
cana dos Direitos Humanos, julgue o item a seguir.
A apologia ao ódio religioso que constitua incitação à hostilidade deve ser vedada por lei.

Na análise desta questão, basta que o(a) candidato(a) se atente para a redação do item 5 do
Artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos: “Artigo 13. 5. A lei deve proibir
toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso
que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência”.
Certo.

002. (DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/INSTITUTO AOCP/2021) A Declaração Univer-


sal dos Direitos Humanos de 1948 surge no pós-guerra como reação aos horrores vivenciados
pelo mundo com as experiências nazifascistas. Dentre as seguintes alternativas, assinale a
que NÃO representa uma garantia prevista nesse importante instrumento.
a) Direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
b) Direito à prestação jurisdicional efetiva para defesa contra atos que violem direitos
fundamentais.
c) Direito de acesso à Corte Interamericana de Direitos Humanos em duplo grau de jurisdição
no caso de ações propostas diretamente no Supremo Tribunal Federal.
d) Direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
e) Direito de contrair matrimônio e fundar uma família.

O(a) candidato(a) praticamente chega ao resultado dessa questão (alternativa “c”) a partir da
exclusão das demais opções, eis que a alternativa “a” diz respeito ao artigo 13 da Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH), a alternativa “b” diz respeito ao artigo 8º da DUDH,
a alternativa “d” diz respeito ao artigo 14 da DUDH e a alternativa “e” diz respeito ao artigo
16 da DUDH.
Letra c.

003. (POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/PRF/CESPE-CEBRASPE/2021) À luz da Constitui-


ção Federal de 1988 (CF), do Pacto de São José da Costa Rica e do entendimento do Supremo
Tribunal Federal, julgue o item que se segue, relativo aos direitos humanos.
A Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência possui status supracons-
titucional no ordenamento pátrio, sendo um exemplo de instrumento normativo internacional
de caráter inclusivo adotado pelo Brasil para promover a acessibilidade e a autodeterminação
de pessoas com deficiência.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

A Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência (e seu Protocolo Faculta-
tivo) foi ratificada pela República Federativa do Brasil (Decreto n. 6.949/2009) seguindo o pro-
cedimento estabelecido pelo art. 5º, §3º, da CF/88: “Os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais”. Nesse sentido, a recepção da aludida Convenção em nosso ordenamento
jurídico se deu em nível de emenda constitucional e não em nível supraconstitucional, como
previsto na questão, justificando, dessa forma, o gabarito da banca.
Errado.

004. (MÉDICO PSIQUIATRA/CARGO 3/DEPEN/CESPE/CEBRASPE/2021) Graças à Declara-


ção Universal dos Direitos Humanos (DUDH), e ao compromisso dos Estados com seus prin-
cípios, a dignidade de milhões de pessoas tem sido protegida, sofrimento humano tem sido
evitado e as bases de um mundo mais justo foram estabelecidas. Com base no disposto na
DUDH e na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir.
A DUDH contém disposições expressas a respeito da possibilidade de aplicação de pena de
morte para autores de crimes graves, desde que seja garantido o julgamento justo e a impar-
cialidade do juízo.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), em seu preâmbulo, prevê expressamen-
te que os povos das Nações Unidas proclamam sua fé nos direitos fundamentais do Homem,
na dignidade e no valor da pessoa humana, declarando-se resolvidos a instaurar melhores
condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla. Além disso, logo em seu artigo 3º, a
DUDH prevê que “Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”. Nesse
sentido, não há previsão de aplicação de pena de morte na DUDH, independente do tipo de
crime praticado ou da existência de julgamento justo e imparcial.
Errado.

005. (MÉDICO PSIQUIATRA/CARGO 3/DEPEN/CESPE/CEBRASPE/2021) As Regras Míni-


mas para o Tratamento de Reclusos, apelidadas de “Regras de Mandela” em homenagem ao
ex-presidente da África do Sul e ex-presidiário, Nelson Mandela, lembram ao mundo que pri-
sioneiros são seres humanos, nascidos com dignidade e com direito à segurança e proteção
dos seus direitos humanos. Os avanços trazidos pela edição das regras são muito importantes
para garantir que os presos tenham, por exemplo, as mesmas condições de atendimento à
saúde que pessoas livres. Com referência às Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos,
julgue o item que se segue.

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DIREITOS HUMANOS
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Considere que determinado preso ainda não julgado estivesse realizando tratamento dentário
e, em razão de uma complicação em um procedimento de restauração dentária, necessitasse
continuar o tratamento com seu próprio dentista. Nesse caso, o Estado deveria arcar com as
despesas decorrentes desse tratamento, uma vez que o preso se encontra sob sua custódia.

A assertiva diz respeito a regras gerais aplicáveis a categorias especiais de reclusos, no caso
os “reclusos detidos ou a aguardar julgamento”, fazendo alusão à Regra de Mandela n. 118,
pela qual, a pessoa detida preventivamente deve “(...) ser tratada pelo seu médico pessoal ou
dentista se existir motivo razoável para o seu pedido e puder pagar quaisquer despesas em que
incorrer”, não havendo, per se, obrigação do Estado no custeio do seu tratamento.
Errado.

006. (POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/PRF/CESPE/CEBRASPE/2021) À luz da Constitui-


ção Federal de 1988 (CF), do Pacto de São José da Costa Rica e do entendimento do Supremo
Tribunal Federal, julgue o item que se segue, relativo aos direitos humanos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, um dos primeiros instrumentos normativos ge-
rais de direitos humanos adotados por uma organização internacional, destacou-se pelo fato
de comportar a ideia de dignidade da pessoa humana como ponto de convergência da ética
universal e do fundamento valorativo do sistema protetivo global dos direitos humanos.

Sobre essa assertiva, é importante frisar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
reconhecida como um dos documentos mais relevantes para a proteção dos seres humanos,
logo em seu Preâmbulo considera que “(...) o reconhecimento da dignidade inerente a todos os
membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento
da liberdade, da justiça e da paz no mundo”, bem como em seu art. 1º reconhece que “Todos
os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos (...)”, justificando, em linhas
gerais, o gabarito da questão.
Certo.

007. (MÉDICO PSIQUIATRA/CARGO 3/DEPEN/CESPE/CEBRASPE/2021) As Regras Míni-


mas para o Tratamento de Reclusos, apelidadas de “Regras de Mandela” em homenagem ao
ex-presidente da África do Sul e ex-presidiário, Nelson Mandela, lembram ao mundo que pri-
sioneiros são seres humanos, nascidos com dignidade e com direito à segurança e proteção
dos seus direitos humanos. Os avanços trazidos pela edição das regras são muito importantes
para garantir que os presos tenham, por exemplo, as mesmas condições de atendimento à
saúde que pessoas livres. Com referência às Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos,
julgue o item que se segue.

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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
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Medida adotada por alguns países de limitar a população em unidades prisionais fechadas
a quinhentos detentos está alinhada ao entendimento de que essas unidades não devem ser
grandes demais a ponto de impossibilitar o tratamento individualizado dos presos.

A assertiva diz respeito aos princípios gerais aplicáveis a categorias especiais de reclusos, os
“reclusos condenados”, fazendo alusão à Regra de Mandela n. 89, que trata da exigência de
individualização do tratamento por meio de um sistema flexível de classificação dos reclusos
por grupos, de preferência em estabelecimentos separados, para que cada grupo possa rece-
ber seu tratamento da maneira mais adequada. Para tanto, a Regra n. 89 recomenda “(...) que a
população destes estabelecimentos não deve ultrapassar os quinhentos. Nos estabelecimentos
abertos, a população deve ser tão reduzida quanto possível”.
Certo.

008. (MÉDICO PSIQUIATRA/CARGO 3/DEPEN/CESPE/CEBRASPE/2021) Considere As Re-


gras Mínimas para o Tratamento de Reclusos, apelidadas de “Regras de Mandela” em home-
nagem ao ex-presidente da África do Sul e ex-presidiário, Nelson Mandela, lembram ao mundo
que prisioneiros são seres humanos, nascidos com dignidade e com direito à segurança e
proteção dos seus direitos humanos. Os avanços trazidos pela edição das regras são muito
importantes para garantir que os presos tenham, por exemplo, as mesmas condições de aten-
dimento à saúde que pessoas livres. Com referência às Regras Mínimas para o Tratamento de
Reclusos, julgue o item que se segue.
Suponha que determinado profissional de saúde, ciente dos efeitos colaterais causados pela
sanção disciplinar imposta a determinado preso, tenha demorado a reportar tal fato ao diretor
do presídio. Com base nessas informações, não se pode afirmar que, nessa situação, a demora
da comunicação contraria as regras mínimas da ONU para o tratamento de pessoas presas,
uma vez que não há prazo estabelecido para tal comunicação.

A assertiva diz respeito às restrições, disciplina e sanções das regras de aplicação geral, fazen-
do alusão à Regra de Mandela n. 46, pela qual, os profissionais de saúde “(...) devem transmitir
ao diretor, sem demora, qualquer efeito colateral causado pelas sanções disciplinares ou outras
medidas restritivas à saúde física ou mental do recluso submetido a tais sanções ou medidas
e devem aconselhar o diretor se considerarem necessário interrompê-las por razões físicas ou
psicológicas”.
Errado.

009. (DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/INSTITUTO AOCP/2021) O Juízo da 5ª Vara Cí-


vel de Ananindeua expediu mandado de prisão contra Roberto da Silva, em razão deste ter se

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DIREITOS HUMANOS
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recusado a restituir ao Juízo, quando intimado, um veículo que havia sido, após penhorado e
removido, depositado em sua confiança. Fundamentou em sua decisão, o Juízo que a Cons-
tituição Federal prevê em seu art. 5º, LXVII, a possibilidade de prisão civil do depositário infiel
e que não houve, desde 1988, emenda à constituição que revogasse referido texto, estando,
portanto, em pleno vigor. A respeito desse caso hipotético e considerando a interpretação e a
aplicabilidade dos tratados sobre direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro, assina-
le a alternativa correta.
a) Está incorreto o Juiz. O direito brasileiro não admite a prisão civil do depositário infiel, mes-
mo estando essa hipótese expressamente prevista na Constituição, já que esta perdeu aplica-
bilidade diante do caráter supralegal do artigo 7, n. 7, da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, que proíbe qualquer prisão civil por dívida, salvo a proveniente de obrigação alimen-
tar, impedindo, assim, a eficácia das disposições infraconstitucionais brasileiras que previam
a prisão civil do depositário infiel.
b) Está correto o Juiz, uma vez que os tratados de direitos humanos são internalizados por
legislação ordinária e as disposições neles contidas que contrariem expressamente o texto
constitucional brasileiro são ineficazes em relação à jurisdição nacional.
c) Está correto o Juiz. É lícita a prisão civil do depositário infiel, já que a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos não fora submetida ao rito do art. 5º, §3º, da CFB (1988) e possui sta-
tus de legislação ordinária, continuando em pleno vigor e aplicável o art. 5º, LXVII, da CF/88, e
eficazes as leis infraconstitucionais que preveem a prisão civil do depositário infiel.
d) Está incorreto o Juiz. Os tratados sobre direitos humanos aprovados no Brasil antes da EC
45, de 2004, automaticamente receberam status de Emenda constitucional, já que, à época,
não se exigia o procedimento hoje previsto no art. 5º, §3º, da CFB (1988). Assim, é inconstitu-
cional a prisão civil do depositário infiel que fora revogada pela Convenção Americana sobre
Direitos Humanos.
e) Está incorreto o Juiz. Com base na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o Supre-
mo Tribunal Federal do Brasil decidiu pela inconstitucionalidade da expressão “e a do depositá-
rio infiel” prevista na parte final do art. 5º, LXVII, da CFB (1988), optando pela redução do texto
constitucional, pelo que é inconstitucional a prisão civil do depositário infiel.

Para o(a) candidato(a) que acompanha com atenção a consolidação da jurisprudência do Su-
premo Tribunal Federal (STF), essa questão pode até ser julgada como “muito fácil”, pois a
alternativa “a” diz respeito exatamente ao direito fundamental previsto no inciso LXVII do artigo
5º da CF/88 (“não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”), combinado ao con-
teúdo da Súmula Vinculante n. 25 do STF (“É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer
que seja a modalidade do depósito”).
Letra a.
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DIREITOS HUMANOS
Aspectos Gerais dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988
Fabrício Missorino

010. (MÉDICO PSIQUIATRA/CARGO 3/DEPEN/CESPE/CEBRASPE/2021) As Regras Míni-


mas para o Tratamento de Reclusos, apelidadas de “Regras de Mandela” em homenagem ao
ex-presidente da África do Sul e ex-presidiário, Nelson Mandela, lembram ao mundo que pri-
sioneiros são seres humanos, nascidos com dignidade e com direito à segurança e proteção
dos seus direitos humanos. Os avanços trazidos pela edição das regras são muito importantes
para garantir que os presos tenham, por exemplo, as mesmas condições de atendimento à
saúde que pessoas livres. Com referência às Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos,
julgue o item que se segue.
Considere que Bianca, condenada à pena de reclusão, tenha sido selecionada para realizar,
como parte do seu processo de reabilitação, atividades na oficina de corte e costura do pre-
sídio feminino onde é interna. Nessa situação hipotética, antes do início das atividades, a ap-
tidão física e mental de Bianca para o exercício dessa atividade deverá ser determinada por
médico ou outro profissional de saúde qualificado.

A assertiva diz respeito a regras aplicáveis a categorias especiais de reclusos, no caso os


“reclusos condenados”, fazendo alusão à Regra de Mandela n. 96, pela qual, os reclusos con-
denados “(...) devem ter a oportunidade de trabalhar e/ou participar ativamente na sua reabilita-
ção, em conformidade com as suas aptidões física e mental, de acordo com a determinação do
médico ou de outro profissional de saúde qualificado”. Além disso, a mencionada regra prevê
que o trabalho atribuído ao recluso condenado deve ser suficiente de natureza útil, de modo a
mantê-lo ativo durante um dia normal de trabalho.
Certo.

011. (DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/PC-PA/INSTITUTO AOCP/2021) Os direitos humanos


constituem matéria cuja tutela não se reserva unicamente ao âmbito doméstico dos Estados
nacionais, mas também ocupa lugar na agenda da comunidade internacional. Sobre a teoria
contemporânea dos direitos humanos, assinale a alternativa correta.
a) Os Direitos Humanos de defesa relacionam-se com a prerrogativa de a pessoa solicitar uma
conduta ativa do Estado a fim de promover seus direitos fundamentais.
b) Pode-se afirmar que a concepção contemporânea de Direitos Humanos é marcada pela uni-
versalidade e pela divisibilidade desses direitos.
c) Pode ser conferida interpretação aos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948) de forma que o exercício de um direito ali previsto anule ou restrinja o exercício de outro,
destruindo esse último direito.
d) Positivistas como Hans Kelsen e Alf Ross afirmam que os direitos humanos são direitos
inatos à pessoa, que decorrem da sua própria condição de ser humano.
e) A partir de um resgate da visão kantiana, a única condição exigida para que alguém seja
titular de Direitos Humanos é sua condição de ser humano.

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DIREITOS HUMANOS
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Fabrício Missorino

O filósofo Immanuel Kant teve uma contribuição importantíssima na formulação e reconhe-


cimento dos direitos fundamentais da pessoa humana, representando um divisor de águas
no pensamento filosófico moderno. A partir de um conceito de valores morais que revelam e
sustentam inquestionavelmente os direitos fundamentais, o filósofo apresenta os princípios
da Ética a partir de um imperativo categórico existente em cada ser humano racional, que o
convoca a respeitar sua própria liberdade e a dos outros. Dessa premissa, Kant considera que
tal respeito se torna a ética da liberdade responsável pelo mérito de exigir dos seres humanos
um respeito mútuo para uma coexistência na sociedade. Nesse sentido, há um imperativo ca-
tegórico que comanda sem condições, absoluto, incontestável, sendo o dever simples e puro
que apela à boa vontade. Esses são os fundamentos de Kant para a “ética do dever ser”, da éti-
ca imperativa, que obriga, culminando nas premissas filosóficas da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, eis que, em seu preâmbulo, é marcante o pensamento do autor: “(...) sua fé
nos direitos fundamentais do ser humano, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igual-
dade de direitos do homem e da mulher (...)”. Pois bem, a partir dessas informações iniciais, é
possível afirmar que, na visão kantiana, “a única condição exigida para que alguém seja titular
de Direitos Humanos é sua condição de ser humano”, exatamente os termos da alternativa “e”.
Letra e.

012. (SOLDADO/SAEB-BA/IBFC/2020) A Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948


foi elaborada pela extinta Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.
Ela era uma das etapas para uma futura elaboração de um “tratado internacional de direitos
humanos” que acabou não acontecendo por conta da Guerra Fria. Procurou colocar a dignida-
de da pessoa humana como núcleo de todos os direitos humanos. Assim, sobre seu âmbito de
proteção, assinale a alternativa correta.
a) Nem todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
b) O exílio é permitido em determinadas situações.
c) Reconhece a possibilidade da norma retroagir para prejudicar o réu.
d) Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até
que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual
lhe tenha sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
e) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio censitário, por voto secreto ou processo equiva-
lente que assegure a liberdade de voto.

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A alternativa “d” diz respeito aos exatos termos do item 1 do Artigo XI da Declaração Universal
dos Direitos Humanos: “Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser
presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em
julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à
sua defesa”.
Letra d.

013. (PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL/MPE-CE/CESPE/2020) Nas hipó-


teses de grave violação de direitos humanos, a fim de se assegurar o cumprimento de obriga-
ções decorrentes de tratado internacional, o incidente de deslocamento de competência para
a justiça federal poderá ser suscitado ao
a) STF pelo procurador-geral da República ou pelo advogado-geral da União.
b) STJ pelo procurador-geral da República ou pelo advogado-geral da União.
c) STJ pelo procurador-geral da República.
d) STF pelo procurador-geral da República.
e) STF pelo procurador-geral da República, pelo advogado-geral da União ou pelo presidente do
Senado Federal.

A questão, incluindo o gabarito apontado pela banca (alternativa “c”), diz respeito à regra pre-
vista no § 5º do Art. 109 da CF/88: “§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos,
o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá
suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, inci-
dente de deslocamento de competência para a Justiça Federal”.
Letra c.

014. (PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL/MPE-CE/CESPE/2020) No Brasil,


após a promulgação da Emenda Constitucional n.º 45/2004, os tratados relativos aos direitos
humanos aprovados na forma prevista são equivalentes às
a) leis complementares.
b) emendas constitucionais.
c) leis ordinárias.
d) garantias individuais e coletivas.
e) normas de direito fundamental.

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A alternativa “b” diz respeito à regra incluída pela Emenda Constitucional n. 45/2004 acerca da
incorporação dos tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento jurídico brasi-
leiro, expressa no § 3º do Art. 5º da CF/88: “§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas consti-
tucionais”.
Letra b.

015. (GUARDA CIVIL MUNICIPAL/PREFEITURA DE MAIRIPORÃ-SP/INSTITUTO MAIS/2019)


Assinale a alternativa que apresenta uma disposição da Declaração Universal dos Direitos Hu-
manos da Organização das Nações Unidas (ONU).
a) Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
b) Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em ou-
tros países, independentemente de qualquer motivação.
c) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, exceto, a nacionalidade conce-
dida por país que não seja o de seu nascimento.
d) Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, mas pode ser
impedido de a esse regressar.

A alternativa “a” diz respeito ao direito garantido no Artigo V da Declaração Universal dos Direi-
tos Humanos: “Artigo V –Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes”.
Letra a.

016. (ORIENTADOR SOCIAL/PREFEITURA DE CANANEIA-SP/VUNESP/2020) Como res-


posta aos efeitos da Segunda Guerra Mundial, a proclamação, no ano de 1948, da Declaração
Universal dos Direitos Humanos aponta para o ideal comum a ser atingido por todos os povos
e todas as nações. Seu objetivo é que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre
em mente seus princípios, esforcem-se, por meio do ensino e da educação, por promover o res-
peito a esses direitos e liberdades nela previstos. Conforme prevê a citada Declaração (artigo
7), todos são iguais perante a lei e têm direito a igual proteção legal
a) sem qualquer distinção.
b) independentemente de sua origem.
c) respeitadas as diversidades locais.
d) considerado o livre arbítrio pessoal.
e) submetida à avaliação judicial.

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A alternativa “a” traz a expressão “sem qualquer distinção”, idêntica à utilizada na redação
do Artigo VII da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Artigo VII – Todos são iguais
perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a
igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer
incitamento a tal discriminação”.
Letra a.

017. (PROCURADOR DO TRABALHO/MPT/MPT/2020) Acerca da interpretação dos Direitos


Humanos, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Os Estados têm consciência que, em determinados casos, é impossível traduzir o teor da
norma internacional de maneira correta para outro idioma ou que acontecem falhas na tradu-
ção que alteram o sentido do texto original aprovado. Por isso, os Estados Partes declaram
o(s) idioma(s) que reconhecem como vinculantes ou são textos autênticos. Logo, a versão em
português que o legislador brasileiro aprovou nem sempre pode ser utilizada, em âmbito inter-
nacional, como base interpretativa.
b) Os termos dos tratados de Direitos Humanos devem ser interpretados de forma autônoma
quanto às definições feitas por instituições nacionais. Isso significa, por exemplo, que se o
tratado internacional traz o termo “propriedade”, a proteção dos Direitos Humanos no plano
internacional pode não seguir necessariamente a exegese interna a respeito do termo, dada
pelo Estado Parte.
c) A metodologia geral da interpretação dos tratados internacionais é aplicável aos tratados de
Direitos Humanos e adota os seguintes critérios: a boa-fé como princípio geral da interpreta-
ção; o teor (interpretação gramatical); o contexto (interpretação sistemática); e o objetivo e a
finalidade (interpretação teleológica).
d) O princípio da efetividade diz que o conteúdo das normas “abertas” dos tratados de Direitos
Humanos deve ser concretizado pelos Estados Partes, não obstante cada aplicador legal, de
acordo com a realidade interna, goze naturalmente da prerrogativa de ponderar, entre duas
ou mais opções de interpretações possíveis, qual o grau a ser nacionalmente adotado para a
promoção prática dos Direitos Humanos no momento da aplicação, legando, nesse contexto,
interpretação mais ampliativa ou mais restritiva.

Considerando que o enunciado busca a alternativa incorreta, a assertiva “d” traz uma interpre-
tação equivocada sobre a efetividade na aplicação dos tratados de direitos humanos, eis que a
atuação do Poder Público deve ser no sentido de garantir a efetivação dos direitos humanos e
das garantias fundamentais, até por mecanismos coercitivos, pois assim prevê a Constituição
Federal, não se satisfazendo tais direitos com o simples reconhecimento abstrato.
Letra d.
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018. (DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO/PC-MG/FUMARC/2018) A Declaração Univer-


sal dos Direitos Humanos, retomando os ideais da Revolução Francesa, representou a manifes-
tação histórica de que se formara, enfim, em âmbito universal, o reconhecimento dos valores
supremos da igualdade, da liberdade e da fraternidade. Em decorrência disso, os direitos fun-
damentais expressos na Constituição Federal de 1988:
a) como na Declaração Universal dos Direitos Humanos, esses direitos fundamentais são con-
siderados uma recomendação sem força vinculante, uma etapa preliminar para ulterior imple-
mentação na medida em que a sociedade se desenvolver.
b) não consideram as diferenças humanas como fonte de valores positivos a serem protegidos
e estimulados, pois, ao criar dispositivos afirmativos legais, as diferenças passam a ser trata-
das como deficiências.
c) obrigam que o princípio da solidariedade seja interpretado com a base dos direitos econô-
micos e sociais, que são exigências elementares de proteção às classes ou aos grupos sociais
mais fracos ou necessitados.
d) tratam a liberdade como um princípio político e não individual, pois o reconhecimento
de liberdades individuais em sociedades complexas esconde a dominação oligárquica dos
mais ricos.

Dentre as alternativas possíveis, a “c” é a que mais deixa claro o comando constitucional da
CF/88 em relação ao princípio da solidariedade e sua relação com o princípio fundamental da
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), bem como com o objetivo fundamental da República
Federativa do Brasil de erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades so-
ciais e regionais (art. 3º, III).
Letra c.

019. (GUARDA CIVIL MUNICIPAL/PREFEITURA DE OLÍMPIA-SP/VUNESP/2019) Assinale a


alternativa correta e nos termos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
a) Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, desde que não seja o
seu, e o direito de regressar ao seu país.
b) As pessoas somente poderão ser privadas de suas nacionalidades nas hipóteses previstas
na Declaração.
c) Autoriza-se tratamentos cruéis a presos apenas nos casos de investigação de crimes de
terrorismo.
d) Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoá-
vel da duração do trabalho e às férias periódicas pagas.
e) Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se culpada até que a sua inocência
fique legalmente provada.

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A alternativa “d” é a que mais se aproxima da redação original do Artigo XXIV da Declaração
Universal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a
limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas”.
Letra d.

020. (EDUCADOR SOCIAL-SAS/PREFEITURA DE VALINHOS-SP/VUNESP/2019) Desde


1945, vários tratados internacionais expandiram o campo jurídico dos direitos humanos. No
entanto, é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, que inspira as constitui-
ções de muitos Estados e democracias recentes. Define o art. 12 da referida Declaração que
ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua
correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Contra tais interferências, todo ser
humano tem direito a
a) indenização moral.
b) proteção da lei.
c) manifestar-se publicamente.
d) ressarcimento dos bens.
e) pronunciamento formal.

A alternativa “b” é a que indica exatamente o direito que todo ser humano tem com base no
Artigo XII da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Ninguém será sujeito à interferência
em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataque à sua
honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou
ataques”. (g.n.)
Letra b.

021. (ORIENTADOR SOCIAL/PREFEITURA DE ITAPEVI-SP/VUNESP/2019) Há 70 anos, a Or-


ganização das Nações Unidas promulgou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, como
resposta imediata às atrocidades cometidas nas duas guerras mundiais e visando garantir a
todo ser humano condições mínimas de sobrevivência e crescimento em ambiente de igual-
dade, respeito e liberdade. Define o art. 19 da referida declaração que todo ser humano tem
direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência,
ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e
independentemente de
a) escolaridade.
b) faixa etária.
c) fronteiras.

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d) condição econômica.
e) ideologia.

A alternativa “c” é a que complementa o enunciado para formar a redação do Artigo XIX da De-
claração Universal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e
expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber
e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”. (g.n.)
Letra c.

022. (ASSISTENTE SOCIAL/PREFEITURA DE SONORA-MS/MS CONCURSOS/2019) O di-


reito internacional dos direitos humanos pode ser definido como o conjunto de normas que
estabelece os direitos que os seres humanos possuem para o desenvolvimento de sua perso-
nalidade e estabelece mecanismos para a proteção de tais direitos (MELLO, 2001).
Desse modo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos busca firmar compromissos entre
as nações pela paz mundial, tendo como principal fundamento:
a) Direitos Sociais.
b) Dignidade da pessoa humana.
c) Respeito e dignidade.
d) Respeito às diferenças sociais, culturais, religiosas, econômicas.

Dentre as alternativas possíveis, a “b” é a que indica a dignidade da pessoa humana, princípio
fundamental da República Federativa do Brasil de grande expressão na Declaração Universal
dos Direitos Humanos.
Letra b.

023. (PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL/MPE-CE/CESPE-CEBRASPE/2020)


De acordo com a sua finalidade, os direitos humanos são classificados como direitos
a) de defesa.
b) a prestações.
c) a procedimentos e instituições.
d) propriamente ditos.
e) expressos.

A alternativa “d” se alinha ao enunciado da questão, que pede a classificação dos direitos hu-
manos de acordo com sua finalidade e, neste sentido, estes direitos podem ser classificados
em “direitos propriamente ditos”, ou seja, dispositivos normativos que visam o reconhecimento

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jurídico da dignidade de todos os seres humanos. As demais alternativas dizem respeito, se-
gundo boa parte da doutrina, à classificação dos direitos humanos em relação às suas funções.
Letra d.

024. (DELEGADO DE POLÍCIA/PC-ES/INSTITUTO ACESSO/2019) O artigo 15 da Declaração


Universal dos Direitos Humanos (DUDH) prevê que todo ser humano tem direito a uma nacio-
nalidade e que ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de
mudar de nacionalidade. Não obstante, há em variados países populações que etnicamente
são autoproclamadas “ciganas”. Estas se distinguem por não possuírem uma nacionalidade,
embora reclamem tratamento digno diante de arbitrariedades a que podem ser sujeitas, como
a que ocorreu, por exemplo, na França, por ocasião do mandato do presidente Sarkozy. O direi-
to a essa identidade pode ser representado, em termos de suas garantias, considerando o que
se prescreve no âmbito da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Assinale a alternativa
correta que estabelece a relação descrita no enunciado com os direitos abrangidos na DUDH.
a) Ninguém será sujeito a interferências em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em
sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito
à proteção legal contra tais interferências ou ataques, salvo quando submetido a um julga-
mento justo.
b) Todo ser humano tem capacidade para gozar dos direitos e das liberdades estabelecidos
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nasci-
mento ou qualquer outra condição.
c) Todo ser humano tem direito à liberdade de movimento e residência dentro das fronteiras
de cada Estado. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e
a este regressar.
d) Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personali-
dade formal jurídica.
e) Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade, li-
berdade e igualdade.

A alternativa “b” é a que reproduz a redação original do item 1 do Artigo II da Declaração Uni-
versal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor,
sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra condição”.
Letra b.

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025. (ANALISTA/ENGENHARIA CIVIL/PREFEITURA DE SALVADOR-BA/FGV/2019) A Repú-


blica Federativa do Brasil celebrou tratado internacional sobre Direitos Humanos. A respeito da
incorporação desse tratado à ordem jurídica interna, é correto afirmar, considerando a sistemá-
tica estabelecida na Constituição da República, que ele equivalerá
a) sempre à lei ordinária.
b) sempre à lei complementar.
c) sempre à emenda constitucional.
d) a emenda constitucional, se cada Casa do Congresso aprová-lo, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos membros.
e) a emenda constitucional, se cada Casa do Congresso aprová-lo, em dois turnos, por dois
terços dos votos dos membros.

A alternativa “d” é a que indica exatamente a regra prevista no § 3º do art. 5º da CF/88 (“Os
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais”).
Letra d.

026. (AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO/SEJUDH-MT/IBADE/2018) Nos termos


da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a maternidade e a infância têm direito a cuida-
dos e assistência especiais. Assim, é correto dizer que todas as crianças:
a) gozarão da mesma proteção social, independentemente se nascidas dentro ou fora do
matrimônio.
b) têm direito à instrução que o Estado definir, não cabendo aos pais escolher o gênero de ins-
trução que será ministrada a seus filhos.
c) serão obrigadas, desde a infância, a associar-se à Associação das Crianças e Adolescente
de seu país.
d) têm o direito de deixar o próprio país. mas se o fizer, não poderá mais a ele regressar.
e) têm direito à instrução gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais, sendo
facultativa a instrução elementar.

A alternativa “a” é a que indica exatamente o direito que toda criança tem com base no item 2
do Artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Artigo XXV – 2. A maternidade
e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou
fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social”.
Letra a.

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027. (ASSISTENTE DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO/TÉCNICO DE SAÚDE BUCAL/SEJUDH-MT/


IBADE/2018) “A escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas”.
O documento sobre direitos humanos que traz o referido conteúdo proibicionista denomina-se:
a) Princípios Orientadores das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil –
Princípios Orientadores de Riad.
b) Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão.
c) Declaração Universal dos Direitos Humanos.
d) Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Ju-
ventude – Regra de Beijing.
e) Regras das Crianças e Adolescentes.

A alternativa “c” é a que demonstra a relação direta entre a escravidão e a Declaração Universal
dos Direitos Humanos que, em seu Artigo IV, apresenta a seguinte redação: “Artigo IV – Nin-
guém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proi-
bidos em todas as suas formas”.
Letra c.

028. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA/PC-PR/COPS-UEL/2018) Sobre os direitos da Declaração Uni-


versal dos Direitos Humanos (1948-ONU), considere as afirmativas a seguir.
I – Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção fora das fronteiras de cada Estado.
II – Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
III – Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
IV – Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

A alternativa “e” indica exatamente a relação existente entre os Itens II, III e IV, respectivamente,
com os Artigos V, VI e IX da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “V – Ninguém será
submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. VI – Todo
ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.
IX – Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado”. Podemos verificar, ainda, que o

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Item I traz um erro de redação em relação ao Artigo XIII da Declaração Universal dos Direitos
Humanos: “XIII – Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das
fronteiras de cada Estado”. (g.n.)
Letra e.

029. (ADVOGADO DO CREAS/SUAS/PREFEITURA DE NOVO HAMBURGO-RS/INSTITUTO


AOCP/2020) Consoante a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, assinale a
alternativa INCORRETA.
a) Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
b) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade.
c) A vontade do povo será a base da autoridade do governo. Essa vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalen-
te que assegure a liberdade de voto.
d) Todo ser humano vítima de perseguição, ainda que esta seja legitimamente motivada por
crimes de direito comum, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
e) A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crian-
ças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

A alternativa “d” diz respeito ao direito garantido no Artigo XIV da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, de que “Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar
e de gozar asilo em outros países”; entretanto, a redação da alternativa se equivoca ao afirmar
que esse direito persiste ainda que a perseguição seja legitimamente motivada por crimes de
direito comum, afirmação contrária à redação do item 2 do Artigo XIV da DUDH: “Este direito
não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito
comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas”.
Letra d.

030. (TÉCNICO EM ENFERMAGEM/PREFEITURA DE ANDRADAS-MG/IPEFAE/2019) Em re-


lação ao direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião, o que prescreve a
Declaração Universal dos Direitos Humanos?
a) Toda pessoa tem liberdade de mudar de religião ou de convicção.
b) É aconselhado que em situações públicas ninguém manifeste sua religião ou convicção.
c) A religião deve ser incentivada através do ensino pela promoção dos cultos e ritos.
d) Todo o indivíduo tem o direito de ser discriminado pelas suas opiniões.

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DIREITOS HUMANOS
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A alternativa “a” diz respeito ao direito garantido no Artigo XVIII da Declaração Universal dos
Direitos Humanos: “Artigo XVIII – Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de
consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção,
assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em
público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos”.
Letra a.

031. (ADVOGADO/PREFEITURA DE ANDRADAS-MG/IPEFAE/2019) Considerando que a pro-


teção dos direitos humanos através de um regime de direito é essencial para que ninguém seja
subjugado à tirania e a opressão, o que a Declaração Universal dos Direitos Humanos promove
a respeito dos processos de acusação e julgamento de uma pessoa?
a) Será considerada válida a condenação por ações ou omissões que, no momento da sua
prática, não constituíam ato delituoso à face do direito interno ou internacional.
b) Qualquer pessoa pode ser condenada por ato delituoso ainda que a sua culpabilidade não
seja legalmente provada no decurso de um processo público.
c) Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua culpabili-
dade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias
necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
d) Em todo caso de penalização mais leve do que a que era aplicável no momento em que o ato
delituoso foi cometido, será considerado temporariamente suspenso o processo julgamento.

A alternativa “c” diz respeito ao direito garantido pelo item 1 do Artigo XI da Declaração Univer-
sal dos Direitos Humanos: “Artigo XI – 1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-
-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo
público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas”.
Letra c.

032. (AGENTE PENITENCIÁRIO/SAP-SC/FEPESE/2019) A respeito das regras de pessoal do


estabelecimento prisional descritas nas Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamen-
to de Reclusos (Regras de Nelson Mandela), está incorreta a alternativa.
a) A administração prisional deve selecionar cuidadosamente o pessoal de todas as catego-
rias, dado que é da sua integridade, humanidade, aptidões pessoais e capacidades profissio-
nais que depende a boa gestão dos estabelecimentos prisionais.
b) A administração prisional deve esforçar-se permanentemente por suscitar e manter no es-
pírito do pessoal e da opinião pública a convicção de que esta missão representa um serviço
social de grande importância; para o efeito, devem ser utilizados todos os meios adequados
para esclarecer o público.

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DIREITOS HUMANOS
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c) Após a entrada em funções e ao longo da sua carreira, o pessoal deve conservar e melhorar
os seus conhecimentos e competências profissionais, seguindo cursos de aperfeiçoamento
organizados periodicamente.
d) Nos estabelecimentos prisionais sempre deve incluir-se no pessoal um número suficiente
de especialistas, tais como psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, professores e instru-
tores técnicos.
e) Todos os membros do pessoal devem, em todas as circunstâncias, comportar-se e desem-
penhar as suas funções de maneira a que o seu exemplo tenha boa influência sobre os reclu-
sos e mereça o respeito destes.

A alternativa “d” diz respeito ao item 1 da Regra n. 78 das Regras Mínimas das Nações Unidas
para o Tratamento de Reclusos (Regras de Mandela): “Regra 78 – 1. Na medida do possível, a
equipe prisional deve incluir um número suficiente de especialistas tais como psiquiatras, psicó-
logos, assistentes sociais, professores e instrutores técnicos”.
Letra d.

033. (AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL/PC-SP/VUNESP/2018) Nos termos da


Declaração Universal dos Direitos Humanos, todo ser humano tem
a) assegurado o direito ao amplo acesso à informação, sendo vedado, em qualquer hipótese,
resguardar o sigilo da fonte.
b) deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personali-
dade é possível.
c) direito à prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de interna-
ção coletiva.
d) direito a obter gratuitamente certidões em repartições públicas para o exercício da am-
pla defesa.
e) assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem.

A alternativa “b” é a que indica exatamente o enunciado do Artigo XXIX da Declaração Univer-
sal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o
livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível”.
Letra b.

034. (ANALISTA LEGISLATIVO MUNICIPAL/ÁREA LEGISLATIVA/CÂMARA DE SALVADOR-


-BA/FGV/2018) A República Federativa do Brasil, pelo órgão competente, assinou determina-
da Convenção Internacional de Proteção aos Direitos Humanos. Ato contínuo, a Convenção foi

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DIREITOS HUMANOS
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aprovada em cada Casa do Congresso Nacional em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros. Por fim, após o depósito do instrumento de ratificação, foi promulgada
na ordem interna pelo Presidente da República.
À luz da sistemática constitucional, a referida Convenção, na ordem jurídica interna, tem natu-
reza jurídica equivalente:
a) à emenda constitucional;
b) à lei ordinária;
c) à lei complementar;
d) à lei delegada;
e) ao decreto autônomo.

A alternativa “a” é a que indica exatamente a regra prevista no § 3º do art. 5º da CF/88 (“Os
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais”).
Letra a.

035. (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-PR/FCC/2017) Segundo jurisprudência do Supremo Tribu-


nal Federal, os tratados de direitos humanos serão incorporados pela ordem jurídica brasileira
a partir da
a) ratificação e depósito do tratado pelo Presidente da República
b) publicação de decreto legislativo, de forma conjunta, pelo Presidente da República e pelo
Presidente do Congresso Nacional.
c) promulgação, por um decreto executivo do Presidente da República.
d) assinatura do tratado pelo Presidente da República.
e) aprovação do Congresso Nacional, mediante decreto legislativo.

A alternativa “c” traz a regra da promulgação, via Decreto Presidencial (art. 84, VIII, CF/88), dos
tratados internacionais de direitos humanos referendados pelo Congresso Nacional (art. 5º, §
3º, CF/88).
Letra c.

036. (AGENTE PENITENCIÁRIO/SAP-SC/FEPESE/2019) O Programa Nacional de Direitos


Humanos – PNDH-3, aprovado pelo Decreto n. 7.037, de 21 de dezembro de 2009, é estrutura-
do em eixos orientadores que contêm suas respectivas diretrizes.
Nesse contexto normativo, estão incluídas no Eixo Orientador IV, que trata da Segurança Públi-
ca, Acesso à Justiça e Combate à Violência, as seguintes diretrizes:

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a) Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, asseguran-


do a cidadania plena; Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvol-
vimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participa-
ção; Combate às desigualdades estruturais; Garantia da igualdade na diversidade.
b) Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação em Direitos Hu-
manos para fortalecer uma cultura de direitos; Fortalecimento dos princípios da democracia
e dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, nas instituições de ensino supe-
rior e nas instituições formadoras; Reconhecimento da educação não formal como espaço de
defesa e promoção dos Direitos Humanos; Promoção da Educação em Direitos Humanos no
serviço público; Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para
consolidação de uma cultura em Direitos Humanos.
c) Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de fortalecimento
da democracia participativa; Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento trans-
versal das políticas públicas e de interação democrática; Integração e ampliação dos sistemas
de informações em Direitos Humanos e construção de mecanismos de avaliação e monitora-
mento de sua efetivação.
d) Democratização e modernização do sistema de segurança pública; Transparência e parti-
cipação popular no sistema de segurança pública e justiça criminal; Prevenção da violência e
da criminalidade e profissionalização da investigação de atos criminosos; Combate à violência
institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e car-
cerária; Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas;
Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medidas al-
ternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; Promoção de sistema
de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia e a defesa de direitos.
e) Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica,
ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso,
participativo e não discriminatório; Valorização da pessoa humana como sujeito central do
processo de desenvolvimento; Promoção e proteção dos direitos ambientais como Direitos
Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos.

A alternativa “d” relaciona as 07 (sete) Diretrizes que compõem o Eixo Orientador IV do Progra-
ma Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3: “Diretriz 11: Democratização e modernização do
sistema de segurança pública; Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de
segurança pública e justiça criminal; Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e pro-
fissionalização da investigação de atos criminosos; Diretriz 14: Combate à violência institucio-
nal, com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carcerária; Diretriz
15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas; Diretriz
16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medidas
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alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; Diretriz 17: Promoção


de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia e a defesa
dos direitos”.
Letra d.

037. (INVESTIGADOR DE POLÍCIA/PC-BA/VUNESP/2018) A respeito da Declaração Univer-


sal dos Direitos Humanos (DUDH), assinale a alternativa correta.
a) Ninguém pode ser preso, detido ou exilado.
b) Ninguém será condenado por ação ou omissão, ainda que, no momento de sua prática,
constituísse ato delituoso frente ao direito interno e internacional.
c) Nenhuma pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de se beneficiar de asilo
em outros países.
d) O direito de asilo não pode ser invocado no caso de processo realmente existente por crime
de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
e) Nenhuma pessoa pode abandonar o país em que se encontra.

A alternativa “d” é a que indica exatamente o direito de asilo previsto no item 2 do Artigo XIV
da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Este direito não pode ser invocado em caso
de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos
objetivos e princípios das Nações Unidas”.
Letra d.

038. (DELEGADO DE POLÍCIA/PC-BA/VUNESP/2018) Nos termos da Declaração Universal


dos Direitos Humanos, é correto afirmar que
a) toda pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de
um Estado.
b) são asseguradas às presidiárias condições para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação.
c) toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas ou militares.
d) é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
e) ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade, exceto no caso de iminente
perigo público.

A alternativa “a” é a que indica exatamente o direito previsto no item 1 do Artigo XIII da Decla-
ração Universal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção
e residência dentro das fronteiras de cada Estado”.
Letra a.

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039. (SOLDADO/SAEB-BA/IBFC/2020) A Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948


foi elaborada pela extinta Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.
Ela era uma das etapas para uma futura elaboração de um “tratado internacional de direitos
humanos” que acabou não acontecendo por conta da Guerra Fria. Procurou colocar a dignida-
de da pessoa humana como núcleo de todos os direitos humanos. Assim, sobre seu âmbito de
proteção, assinale a alternativa correta.
a) Nem todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
b) O exílio é permitido em determinadas situações.
c) Reconhece a possibilidade da norma retroagir para prejudicar o réu.
d) Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até
que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual
lhe tenha sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
e) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio censitário, por voto secreto ou processo equiva-
lente que assegure a liberdade de voto.

A alternativa “d” diz respeito ao direito garantido pelo item 1 do Artigo XI da Declaração Univer-
sal dos Direitos Humanos: “Artigo XI – 1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-
-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo
público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas”.
Letra d.

040. (OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ÁREA 1/ABIN/CESPE/2018) Julgue o item seguinte, a res-


peito da Declaração Universal dos Direitos Humanos e do direito internacional dos refugiados.
Embora assegure todas as garantias de defesa, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
não garante de forma expressa a presunção de inocência até que a culpabilidade de alguém
tenha sido provada.

A assertiva vai exatamente de encontro com a redação do item 1 do Artigo XI da Declaração


Universal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito
de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei,
em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à
sua defesa”. (g.n.)
Errado.

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Fabrício Missorino
É especialista em Defesa da Concorrência pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-EDESP), possui graduação
em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e graduação
em Direito pelo Centro Universitário de Araraquara (UNIARA). Atua na advocacia privada consultiva na
área empresarial e de regulação econômica. Tem experiência na regulação econômica do mercado de
medicamentos, atuando como Consultor junto à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em
parceria com a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e o Ministério da Saúde. Tem
experiência na gestão administrativa e orçamentária da Administração Pública no âmbito federal, tendo
atuado como Chefe de Gabinete da Secretaria Nacional do Consumidor (SENACON), do Ministério da Justiça.
Tem experiência na gestão de recursos de fundos federais, tendo presidido o Conselho Federal Gestor do
Fundo de Defesa de Direitos Difusos (CFDD), órgão colegiado responsável pelo incentivo direto a projetos
destinados à promoção dos direitos do consumidor e da concorrência; do meio ambiente; do patrimônio
histórico, artístico, estético e arquitetônico; da acessibilidade, dentre outros direitos difusos e coletivos;
além da participação como Conselheiro de Saúde do Distrito Federal e Conselheiro de Administração do
Fundo de Defesa dos Direitos do Consumidor, ligado ao Instituto de Defesa do Consumidor do Distrito
Federal (Procon-DF). Na área de educação, tem experiência no ensino universitário e projetos de extensão
nas disciplinas Direito do Consumidor, Direito Agrário e Urbano, Direito Constitucional, Direitos Humanos
e Sociologia Jurídica. Na educação a distância, tem experiência com instituições de ensino superior e na
capacitação de servidores públicos federais em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública
(ENAP) e a Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU). Atua como professor conteudista do
Gran Cursos Online nas disciplinas Direito do Consumidor e Direitos Humanos.

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