Você está na página 1de 40

DIREITOS HUMANOS

Direitos Humanos e o Ordenamento


Jurídico Brasileiro

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 4
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro.. ........................................................ 5
1. As Normas Constitucionais sobre a Formação e Incorporação de Tratados.................. 5
1.1. Terminologia e a Prática Constitucional Brasileira............................................................ 5
1.2. A Teoria da Junção das Vontades........................................................................................... 5
1.3. As Quatro Fases da Formação da Vontade à Incorporação dos Tratados
Internacionais. . ................................................................................................................................. 6
1.4. A Hierarquia Normativa Ordinária ou Comum dos Tratados em Geral (não
Estamos Falando de Tratados que Versam sobre Direitos Humanos)................................. 7
2. Processo Legislativo, Aplicação e Hierarquia dos Tratados Internacionais de
Direitos Humanos em Face do Art. 5º, e seus Parágrafos, da CF/88. . .................................. 8
2.1. Aspectos Gerais......................................................................................................................... 8
2.2. A Situação antes da Emenda Constitucional n. 45/2004: os §§ 1º e 2º do Art. 5º
da CF/88............................................................................................................................................. 9
3. A Hierarquia Normativa dos Tratados de Direitos Humanos e a Emenda
Constitucional n. 45/2004........................................................................................................... 10
3.1. Aspectos Gerais....................................................................................................................... 10
3.2. Divergências Doutrinárias sobre o Impacto do Rito Especial do Art. 5º, § 3º, da
CF na Hierarquia dos Tratados de Direitos Humanos.. ........................................................... 10
4. A Teoria do Duplo Estatuto dos Tratados de Direitos Humanos: Natureza
Constitucional (os Aprovados Pelo Rito do Art. 5º, § 3º) e a Natureza Supralegal
(Todos os Demais). . ......................................................................................................................... 11
5. O Impacto do Art. 5 º, § 3º, no Processo de Formação e Incorporação dos Tratados
de Direitos Humanos......................................................................................................................12
5.1. O Rito Especial Pode Ser Requerido pelo Presidente ou pelo Congresso....................12
5.2. O Decreto de Promulgação Continua a Ser Exigido no Rito Especial...........................12
6. A Denúncia de Tratado Internacional de Direitos Humanos em Face do Direito
Brasileiro..........................................................................................................................................13
7. A Aplicabilidade Imediata das Normas Contidas em Tratados Internacionais de

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 2 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

Direitos Humanos Ratificados pelo Brasil. . ...............................................................................13


8. O Bloco de Constitucionalidade.. .............................................................................................13
8.1. O Bloco de Constitucionalidade Amplo...............................................................................13
8.2. O Bloco de Constitucionalidade Restrito.......................................................................... 14
9. O Controle de Convencionalidade e suas Espécies: o Controle DE Matriz
Internacional e o Controle de Matriz Nacional. . ...................................................................... 14
10. “O Diálogo das Côrtes” e seus Parâmetros.........................................................................15
11. A Crise dos “Tratados Internacionais Nacionais” e a Superação do Conflito entre
Decisões sobre Direitos Humanos: a Teoria do Duplo Controle...........................................16
Questões de Concurso................................................................................................................... 17
Gabarito............................................................................................................................................ 38

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 3 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

Apresentação
Olá, querido(a) amigo(a)!
Vamos voltar com tudo aos estudos de direitos humanos. Na nossa aula de hoje iremos
tratar acerca da incorporação dos tratados internacionais de proteção de direitos humanos ao
direito brasileiro. Não preciso nem dizer que esse tema é MEGA IMPORTANTE, não é?
Então, olhos bem atentos para nossa aula de hoje!

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 4 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

DIREITOS HUMANOS E O ORDENAMENTO JURÍDICO


BRASILEIRO
1. As Normas Constitucionais sobre a Formação e Incorporação de Tratados
1.1. Terminologia e a Prática Constitucional Brasileira
A CF/88 usa uma terminologia diversificada para designar os tratados, vejamos: tratados
internacionais, convenção internacional, atos internacionais, acordos internacionais e “com-
promissos internacionais”. Vale lembrar que tais termos são sinônimos para a Convenção de
Viena sobre Direito dos Tratados, que define tratado como: “um acordo internacional concluído
por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumen-
to único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação
específica”.

SE LIGA!
Então, quando a CF usa termos como tratados internacionais,
convenção internacional, atos internacionais, acordos inter-
nacionais e “compromissos internacionais” quer se referir a
tratados internacionais, beleza?

1.2. A Teoria da Junção das Vontades


A União tem papel dúplice no Federalismo brasileiro, ou seja, é um ente federado de igual
hierarquia com os demais entes (Estados, Municípios e DF) e, ainda, representa o Estado Fede-
ral nas relações internacionais.
A Constituição Federal exigiu um processo complexo para a criação da vontade do Brasil
no plano internacional. Assim, é necessário que haja a união da vontade concordante dos Po-
deres Executivo e Legislativo, no que diz respeito aos tratados internacionais.
E de onde vem tal previsão? Da própria CF! Veja os artigos que tratam sobre o tema. Aliás,
aproveite e vá ao seu Vade Mecum e faça nova leitura dos referidos artigos:
1) art. 84, VIII – estabelece que compete ao Presidente da República celebrar tratados, con-
venções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional, e;
2) art. 49, I – dispõe que é da competência exclusiva do Congresso Nacional, a resolução
definitiva sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compro-
missos gravosos ao patrimônio nacional.
Assim, entende-se, a partir da teoria da junção de vontades ou teoria dos atos complexos,
que é necessário a conjunção de vontades do Poder Executivo e do Poder Legislativo para que
um tratado internacional seja formado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 5 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

1.3. As Quatro Fases da Formação da Vontade à Incorporação dos


Tratados Internacionais
Existem três fases que levam a formação de vontade do Brasil em celebrar um tratado:
1) a fase de assinatura;
2) a fase de aprovação congressual;
3) a fase da ratificação
Há ainda uma quarta fase, que é a fase de incorporação do tratado já celebrado pelo Brasil,
ao nosso ordenamento jurídico interno, denominada de fase do Decreto Presidencial.

Vamos ver o passo a passo?


A fase de assinatura começa com as negociações do teor do futuro tratado.
Na segunda fase, tem-se que cabe ao Congresso Nacional resolver definitivamente sobre
tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos
ao patrimônio nacional (art. 49, I, da CF).
Veja o trâmite da aprovação congressual, que é a segunda fase:
1.Presidente encaminha mensagem presidencial ao Congresso Nacional, fundamentada,
solicitando a aprovação congressual ao texto do futuro tratado, que vai anexado na versão
oficial em português. A exposição de motivos é feita pelo Ministro das Relações Exteriores.

2. O trâmite é iniciado pela Câmara dos Deputados (iniciativa do presidente da Câmara), no


rito de aprovação de decreto legislativo.

2.1. A mensagem do presidente da Câmara é encaminhada para a Comissão de Relações


Exteriores e Defesa Nacional, que prepara o projeto de decreto legislativo (PDC).

2.2. O projeto é apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, que analisa
a constitucionalidade do texto do futuro tratado.

2.3. Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional emite parecer sobre a conveniência
e oportunidade, bem como outras Comissões temáticas, a depender da matéria do futuro
tratado.

2.4. O PDC é remetido ao Plenário da Câmara, para aprovação por maioria simples, estando
presente a maioria absoluta dos membros da Casa.

3. Após a aprovação no plenário da Câmara, o projeto é apreciado no Senado.

3.1. O projeto é encaminhado à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 6 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

3.2. No rito normal, após o parecer da Comissão, o projeto seja votado no Plenário. No rito
abreviado (regimental), o Presidente do Senado pode, ouvidas as lideranças, conferir à
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional a apreciação terminativa do projeto.

3.3. Aprovado o projeto, o Presidente do Senado Federal promulga e publica o Decreto


Legislativo.

3.4. Caso o Senado apresente emenda, o projeto retorna para a Câmara para a apreciação,
que a analisará. Rejeitada a emenda pela Câmara, o projeto de decreto legislativo segue para
o Presidente do Senado Federal para promulgação e publicação.

3.5. O texto do tratado internacional é publicado no anexo ao Decreto Legislativo no Diário do


Congresso Nacional.”

OBS: Destaca-se que não há prazo para o término do rito de aprovação congressual, mesmo
que o referido tratado tenha como objeto os direitos humanos. Tudo depende da conveniência
política.

Aprovado o Decreto Legislativo, o Presidente da República, querendo, pode, em nome do


Estado, celebrar em definitivo o tratado, o que é feito, em geral, pela ratificação. O Presidente
da República pode, também, formular reservas ao ratificar o tratado internacional, além
daquelas que, obrigatoriamente, lhe foram impostas pelas ressalvas ao texto aprovado pelo
Congresso. Não há a necessidade de submeter essas novas reservas ao Congresso, uma
vez que se trata de desejo de não submissão do Brasil à norma internacional. Esse desejo
não é passível de controle pelo Congresso, da mesma maneira que não pode ser obrigado
o Presidente a ratificar um determinado tratado internacional, em nome da separação das
funções do poder.

Acrescenta-se que também não há um prazo no qual o Presidente da República deva celebrar
em definitivo o tratado, em face do próprio dinamismo da vida internacional.

1.4. A Hierarquia Normativa Ordinária ou Comum dos Tratados em


Geral (não Estamos Falando de Tratados que Versam sobre Direitos
Humanos)
Alguns dispositivos constitucionais são comumente utilizados para esclarecer o tema
da hierarquia dos tratados, em razão da ausência de dispositivo expresso sobre a questão.
Quais são eles?
1) Art. 102, III, b: determina que cabe recurso extraordinário no caso de ter a decisão im-
pugnada considerado inconstitucional “lei ou tratado”; assim, considera que o estatuto dos
tratados é infraconstitucional, pois permite o controle de constitucionalidade dos tratados.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 7 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

2) Art. 105, III, a: determina que cabe recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça quan-
do a decisão impugnada houver violado ou negado vigência a “lei ou tratado”; assim, define o
mesmo recurso (recurso especial) utilizado para as leis para a impugnação de decisões infe-
riores que os contrariarem ou lhes negarem vigência.
3) Art. 47: determina que, no caso de a espécie normativa não possuir quórum de aprova-
ção especificado no texto da Constituição, esse será de maioria simples; assim, dá tratamento
igual a tratados e leis, ao estabelecer o quórum de aprovação (maioria simples para a lei e para
o decreto legislativo).
Da análise conjunta dos referidos dispositivos, o STF concluiu que os tratados internacio-
nais incorporados em geral possuem o estatuto normativo interno que se equivale ao da lei
ordinária federal.
Vamos ver a evolução da jurisprudência:
1) antes da CF/88: RE 80.004, de 1977: estatuto equivalente à lei ordinária foi consagrado.
2) após 1988: precedente sobre a hierarquia comum dos tratados internacionais: na ADI-MC
1.480, o STF:
a) estabeleceu o estatuto inferior à Constituição, de forma que transgressões formais e de
fundo podem gerar a inconstitucionalidade do tratado; e
b) consagrou o estatuto do tratado como equivalente à lei ordinária federal, de forma que
as soluções de conflitos entre lei e tratado se dão por intermédio dos critérios cronológico e de
especialidade, mas não pelo hierárquico.
A paridade normativa entre tratados em geral e leis ordinárias impõe:
1) a submissão do tratado internacional ao texto constitucional;
2) a utilização do critério cronológico ou da especialidade na avaliação do conflito entre
tratado e lei;
3) a suspensão de eficácia do texto do tratado e não sua revogação pela lei posterior contrária.

Não houve mudança da orientação do STF quanto à hierarquia normativa dos TRATADOS EM
GERAL (NÃO ESTAMOS FALANDO DE TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS): atualmente, per-
manece a orientação de que os tratados internacionais comuns incorporados internamente
são equivalentes à lei ordinária federal.

2. Processo Legislativo, Aplicação e Hierarquia dos Tratados Interna-


cionais de Direitos Humanos em Face do Art. 5º, e seus Parágrafos, da
CF/88
2.1. Aspectos Gerais
A CF/88 contém poucos artigos que abordam o processo de formação e incorporação dos
tratados internacionais, como foi estudado acima. Agora vamos tratar sobre tratados que
versam sobre direitos humanos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 8 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

Posto isso, a doutrina e a jurisprudência debateram com profundidade e muitas divergên-


cias, as diferenças existentes entre um tratado sobre um tema qualquer e um tratado de direi-
tos humanos, com foco em duas áreas:
1) o processo legislativo e aplicação imediata dos tratados de direitos humanos; e
2) a hierarquia normativa dos tratados de direitos humanos.
A circunstância ficou mais complicada depois da EC n. 45, que inseriu na CF de 1988 o §
3ºdo art. 5º, que dispõe:

Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais

Mas, calma, vamos debater tudo.

2.2. A Situação antes da Emenda Constitucional n. 45/2004: os


§§ 1º e 2º do Art. 5º da CF/88
Após a edição da Constituição de 1988, parte da doutrina apoiou a tese de que os tratados
de direitos humanos eram diferenciados dos demais tratados em virtude da redação dos dois
parágrafos originais do art. 5º da CF/88. O parágrafo primeiro estabelece que “as normas defi-
nidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”.
Esse termo “aplicação imediata” teria, para uma determinada parte da doutrina, a conse-
quência da dispensa do decreto de promulgação. Assim sendo, houve quem defendesse que,
desde 1988, a CF/88 ordenava a dispensa da incorporação e a adoção automática dos trata-
dos internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil. Requeria-se apenas o ato de ra-
tificação bem como a entrada em vigor, no plano internacional, do tratado de direitos humanos
para que esse fosse válido internamente, de forma automática.
Entretanto, o STF interpretou o referido dispositivo restritivamente, dessa forma, nada mu-
dou no processo de formação e incorporação dos tratados: todos (inclusive os de direitos
humanos) deveriam passar pelas quatro fases vistas acima.
Noutro giro, o § 2º do art. 5º da CF, dispõe que os direitos e garantias expressos na Cons-
tituição não retiram outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que o Brasil seja signatário – consequentemente, para parte da
doutrina, a CF/88 havia adotado a hierarquia constitucional dos tratados de direitos humanos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 9 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

3. A Hierarquia Normativa dos Tratados de Direitos Humanos e a Emen-


da Constitucional n. 45/2004

3.1. Aspectos Gerais


Mesmo após a Constituição de 1988, no ordenamento jurídico prevalecia o posiciona-
mento do STF de que os tratados de direitos humanos possuíam hierarquia equivalente à lei
ordinária federal, como todos os demais tratados incorporados.
Contudo, até a edição da EC n. 45/2004, ocorreu um intenso debate doutrinário sobre a
posição hierárquica dos tratados internacionais, as posições de maior repercussão eram:
a) natureza supraconstitucional, em face de sua origem internacional;
b) natureza constitucional;
c) natureza equiparada à lei ordinária federal;
d) natureza supralegal.

3.2. Divergências Doutrinárias sobre o Impacto do Rito Especial do


Art. 5º, § 3º, da CF na Hierarquia dos Tratados de Direitos Humanos
Tendo em vista esse caos e a resistência do STF em reconhecer a hierarquia constitucio-
nal dos tratados de direitos humanos, o movimento de direitos humanos buscou convencer o
Congresso a aprovar a EC contendo tal conhecimento.
Consequentemente, houve a aprovação da EC n. 45/2004, que introduziu o § 3º no art. 5º
da CF/88, com a seguinte redação:

Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais.

Os tratados de direitos humanos – incorporados antes ou depois da EC n. 45 – teriam


status constitucional, com base no art. 5º, § 2º, da CF. Segundo Flávia Piovesan, todos seriam
materialmente constitucionais.
Entretanto, os tratados aprovados sob a forma do rito do art. 5º, § 3º, da CF seriam material
e formalmente constitucionais.
Caso os tratados fossem aprovados na forma do rito citado acima, aconteceria duas con-
sequências adicionais aos referidos tratados:
1) a impossibilidade de denúncia (ato unilateral pelo qual o Estado brasileiro manifesta sua
vontade de não se engajar perante determinado tratado), pois tais tratados seriam material e
formalmente constitucionais; e
2) a inclusão no rol de cláusulas pétreas, uma vez que não poderiam mais ser denunciados
e excluídos do nosso ordenamento, assim sendo, ocorreria a petrificação dos tratados.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 10 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

4. A Teoria do Duplo Estatuto dos Tratados de Direitos Humanos: Na-


tureza Constitucional (os Aprovados Pelo Rito do Art. 5º, § 3º) e a
Natureza Supralegal (Todos os Demais)
O art. 5º, § 3º, da CF/88 acarretou na revisão do posicionamento do STF sobre a hierarquia
dos tratados de direitos humanos no Brasil.
No julgamento do RE 466.343, que também tratou da prisão civil do depositário infiel, a
maioria de votos dos Ministros sustentou novo patamar normativo para os tratados inter-
nacionais de direitos humanos, inspirada pelo § 3º do art. 5º da CF/88 introduzido pela EC
n. 45/2004.
A nova posição prevalecente no STF foi liderada pelo Min. Gilmar Mendes, que, retomando
a visão pioneira de Sepúlveda Pertence (em seu voto no HC 79.785-RJ), defendeu que os tra-
tados internacionais de direitos humanos, que não forem aprovados pelo Congresso Nacional
pelo rito especial estabelecido no art. 5º, § 3º, da CF/88, têm natureza supralegal: abaixo da
Constituição, mas acima de toda e qualquer lei.
Em 2009, o STJ adotou o mesmo entendimento firmado pelo STF no RE n. 466.343/SP, ao
decidir que os tratados de direitos humanos, ratificados e incorporados internamente, detêm
força supralegal, o que consequentemente resulta na invalidação de todas as leis antagônicas
às normas emanadas de tratados internacionais.
Ficou então, consagrada a teoria do duplo estatuto dos tratados de direitos humanos: natu-
reza constitucional, para os aprovados pelo rito do art. 5º, § 3º; natureza supralegal, para todos
os demais, isto é, os anteriores ou posteriores à EC n. 45 e que tenham sido aprovados pelo rito
comum (maioria simples, turno único em cada Casa do Congresso).

Como consequência, sabe-se que:


1) as leis (inclusive as leis complementares) e atos normativos só serão válidos se forem com-
patíveis, simultaneamente, com a Constituição e com os tratados internacionais de direitos
humanos incorporados;
2) os tratados de direitos humanos incorporados pelo rito simples não têm estatuto constitu-
cional, logo não cabe ao Supremo Tribunal Federal analisar, no âmbito do controle abstrato de
constitucionalidade, a compatibilidade entre leis ou atos normativos e tratado internacional de
direitos humanos;
3) cabe ao STF realizar o chamado controle de convencionalidade nacional das leis em relação
aos tratados tidos como supralegais e também em relação aos tratados incorporados pelo rito
especial previsto no art. 5º, § 3º, da CF/88, que passam a integrar o bloco de constitucionali-
dade restrito.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 11 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

5. O Impacto do Art. 5 º, § 3º, no Processo de Formação e Incorporação


dos Tratados de Direitos Humanos

O texto do § 3º, art. 5º, da CF, primeiramente, abre caminho para a possibilidade de os
tratados aprovados pelo rito comum ou ordinário (maioria simples), uma vez que é usada a
expressão “que forem”. Dessa forma, não se pode cobrar que todo e qualquer tratado de direi-
tos humanos tenha o quórum expressivo de 3/5, o que acabaria prejudicando a sua aprovação
e acarretando em uma circunstância pior que a anterior à EC n. 45.
O Congresso adotou esse posicionamento ao aprovar diversos tratados que versavam so-
bre direitos humanos, após a EC n. 45, pelo rito comum ou ordinário, isto é, por votação em
único turno, seguem alguns exemplos:
1) Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cru-
éis, Desumanos ou Degradantes, adotado em 18 de dezembro de 2002. Decreto Legislativo n.
483, de 20-12-2006, e Decreto n. 6.085, de 19-4-2007.
2) Protocolo de Assunção sobre Compromisso com a Promoção e a Proteção dos Direitos
Humanos do Mercosul, assinado em Assunção, em 20 de junho de 2005. Decreto Legislativo n.
592, de 27-8-2009, e Decreto n. 7.225, de 1º-7-2010.
3) Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, assi-
nada em Paris, em 20 de outubro de 2005. Decreto Legislativo n. 485, de 20-12-2006, e Decreto
n. 6.177, de 1º-8-2007.

5.1. O Rito Especial Pode Ser Requerido pelo Presidente ou pelo


Congresso
Como se sabe, o Congresso Nacional pode tanto ser provocado, quanto também adotar o
rito ex officio, tendo em vista que não se pode concluir que esse tema dependa da privativa do
Presidente da República, sem que a Constituição tenha expressamente assim disposto.
Dessa forma, tem-se que a iniciativa do Presidente é concorrente, referente tão somente ao
papel de provocar a manifestação do Congresso sobre o rito especial. Além disso, este pode
inclusive rejeitar o pedido inserido na mensagem presidencial e aprovar o tratado de acordo
com o rito simples.

5.2. O Decreto de Promulgação Continua a Ser Exigido no Rito


Especial
O rito especial do art. 5º, § 3º, da CF considera que o tratado de direitos humanos deve ser
considerado equivalente à emenda constitucional, ou seja, sua natureza de tratado internacio-
nal não é modificada.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 12 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

Assim sendo, resta ainda ao Presidente da República ratificar o tratado de direitos huma-
nos, uma vez que este ato internacional é que, via de regra, leva à celebração definitiva dos
tratados. Outrossim, como, até os dias atuais o STF ainda requer o Decreto de Promulgação,
este deve ser editado para todo e qualquer tratado, inclusive os que abordam os direitos hu-
manos aprovados pelo rito especial.

6. A Denúncia de Tratado Internacional de Direitos Humanos em Face


do Direito Brasileiro

Sabe-se que, quando o caso abordar tratados de direitos humanos, em face da matéria
vinculada à dignidade humana, toda denúncia deveria ser apreciada pelo Congresso Nacional.
Além dessa aprovação no congresso, a denúncia ainda deve passar pelo filtro da proibição
do retrocesso ou “efeito cliquet”, consequência do regime jurídico dos direitos fundamentais.
A justificativa constitucionalmente correta para a denúncia seria a incidência de desvios na
condução dos tratados, o que iria contra a defesa dos direitos humanos.
O controle da obediência ao “efeito cliquet” deve ser feito pelo Poder Judiciário.
Entretanto, a posição majoritária é de que basta a vontade unilateral do Poder Executivo
ou ainda uma lei do Poder Legislativo, ordenando ao Executivo que denunciasse o tratado no
plano internacional.

7. A Aplicabilidade Imediata das Normas Contidas em Tratados Interna-


cionais de Direitos Humanos Ratificados pelo Brasil

O art. 5º, § 1º, da Constituição estabelece que “as normas definidoras dos direitos e garan-
tias fundamentais têm aplicação imediata”. Essa “aplicação imediata” deve ser ampliada aos
direitos contemplados nos tratados de direitos humanos, como decorrência lógica da aplica-
ção desse § 1º combinado com o § 2º do art. 5º, já exposto.

Ressalta-se que tal posicionamento foi aceito pelo STF, em caso de aplicação de direitos ao
extraditando, o STF julgou que os “direitos e garantias fundamentais devem ter eficácia ime-
diata (cf. art. 5º, § 1º); a vinculação direta dos órgãos estatais a esses direitos deve obrigar o
Estado a guardar-lhes estrita observância. (...)” (Extr 986, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em
15- 8-2007, Plenário, DJ de 5-10-2007).

8. O Bloco de Constitucionalidade
8.1. O Bloco de Constitucionalidade Amplo
O bloco de constitucionalidade nada mais é do que o reconhecimento da existência de ou-
tros títulos normativos de hierarquia constitucional, além da própria Constituição.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 13 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

Em 2002, no STF, o Min. Celso de Mello verificou a existência do debate sobre o bloco
de constitucionalidade, que influência a atuação do STF, tendo em vista que os dispositivos
normativos que pertencem ao bloco poderiam ser utilizados como paradigma de confronto
das leis e atos normativos infraconstitucionais no âmbito do controle de constitucionalidade.
O art. 5º, § 2º da CF/88, ao dispor sobre os “direitos decorrentes” do regime, princípios e
tratados de direitos humanos, permite o reconhecimento de um bloco de constitucionalidade
amplo, que abarca os direitos previstos nos tratados internacionais de direitos humanos.
Assim, com a introdução do art. 5º, § 3º, da CF os tratados aprovados sem o rito especial
do citado parágrafo foram situados no patamar de supralegalidade, de modo que englobam o
bloco de constitucionalidade amplo. Quanto aos tratados aprovados pelo rito especial do art.
5º, § 3º, integram o bloco de constitucionalidade restrito.

8.2. O Bloco de Constitucionalidade Restrito


O bloco de constitucionalidade restrito consiste apenas nos tratados aprovados pelo rito
especial do art. 5º, § 3º, que fora introduzido pela EC 45/2004.
Assim, todos os artigos da CF/88 que abordam o princípio da supremacia da norma cons-
titucional, como, a título de exemplo, os referentes ao controle difuso e concentrado de cons-
titucionalidade (arts. 102 e 103), devem, agora ser lidos como sendo parte integrante do me-
canismo de preservação da supremacia do bloco de constitucionalidade como um todo e não
somente da constituição.

9. O Controle de Convencionalidade e suas Espécies: o Controle DE


Matriz Internacional e o Controle de Matriz Nacional
Conceito de controle de convencionalidade internacional: consiste na análise da compa-
tibilidade dos atos internos (comissivos ou omissivos) em face das normas internacionais
(tratados, costumes internacionais, princípios gerais de direito, atos unilaterais, resoluções
vinculantes de organizações internacionais), realizada por órgãos internacionais.

É, em geral, atribuído a órgãos compostos por julgadores independentes, criados por tratados in-
ternacionais, para evitar que os próprios Estados sejam, ao mesmo tempo, fiscais e fiscalizados. É,
portanto, fruto da ação do intérprete autêntico – os órgãos internacionais.

Conceito de controle de convencionalidade nacional: “consiste no exame de compatibili-


dade do ordenamento interno diante das normas internacionais incorporadas, realizado pelos
próprios Tribunais internos.”
No Brasil, o controle de convencionalidade nacional no âmbito dos direitos humanos con-
siste na análise da compatibilidade entre as leis (e atos normativos) e os tratados internacio-
nais de direitos humanos, feita pelos juízes e tribunais brasileiros, no julgamento de casos
concretos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 14 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

Diferenças entre o controle de convencionalidade internacional e nacional:


1) O parâmetro de confronto no controle de convencionalidade internacional é a norma
internacional; seu objeto é toda norma interna, não importando a sua hierarquia nacional, po-
dendo mesmo ser oriunda do Poder Constituinte Originário. No controle nacional, há limite ao
objeto de controle, uma vez que não se analisam normas do Poder Constituinte Originário.
2) No controle de convencionalidade nacional, a hierarquia do tratado-parâmetro depende
do próprio Direito Nacional, que estabelece o estatuto dos tratados internacionais. No controle
de convencionalidade internacional, o tratado de direitos humanos é sempre a norma paramé-
trica superior.
3) A interpretação do que é compatível ou incompatível com o tratado-parâmetro não é a
mesma e o controle nacional nem sempre resulta em preservação dos comandos das normas
contidas nos tratados tal qual interpretados pelos órgãos internacionais.

10. “O Diálogo das Côrtes” e seus Parâmetros


Como se deu o reconhecimento da supervisão e controle internacionais sobre o cumprimen-
to dos tratados internacionais de direitos humanos pelo Brasil? Vamos ver um passo a passo:
1) 1998: houve o reconhecimento da jurisdição obrigatória e vinculante da Corte Interame-
ricana de Direitos Humanos;
2) 2002: houve a adesão ao Protocolo Facultativo à Convenção para a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação contra a Mulher, conferindo poder ao seu Comitê para receber
petições de vítimas de violações de direitos protegidos nesta Convenção;
3) 2002: houve o reconhecimento da competência do Comitê para a Eliminação de Toda
a Forma de Discriminação Racial para receber e analisar denúncias de vítimas de violação de
direitos protegidos pela Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discrimina-
ção Racial;
4) 2006: houve o reconhecimento da competência do Comitê contra a Tortura. 2007: ado-
ção do Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que estabelece a competência, para fins preventivos, do
Subcomitê de Prevenção da Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes do Comitê contra a Tortura;
5) 2009: houve o reconhecimento da competência do Comitê dos Direitos das Pessoas
com Deficiência para receber petições de vítimas de violações desses direitos;
6) 2009: houve a aprovação pelo Congresso e ratificação do Primeiro Protocolo Facultativo
ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, permitindo a propositura de petições de
vítimas de violações de direitos protegidos no citado Pacto ao Comitê de Direitos Humanos.”

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 15 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

Vamos relembrar alguns pontos?


Não se esqueça da necessidade de conciliação entre o resultado obtido do
controle de convencionalidade internacional com o decidido no controle de
convencionalidade nacional.
Ideia de um “Diálogo das Cortes”, tendo em vista que tanto o STF quanto os
demais órgãos internacionais de direitos humanos cumprem e protegem a
mesma missão de assegurar o respeito à dignidade humana e aos direitos
fundamentais.
Teoria do duplo controle ou filtro de direitos humanos: reconhece a atuação
em separado do controle de constitucionalidade nacional e do controle de
convencionalidade internacional.

11. A Crise dos “Tratados Internacionais Nacionais” e a Superação do


Conflito entre Decisões sobre Direitos Humanos: a Teoria do Duplo
Controle
Há um dever primordial de cada Estado de proteger e zelar pelos direitos humanos. Con-
sequentemente, verifica-se que a jurisdição internacional é subsidiária, agindo quando o Es-
tado falhar no cumprimento de seu dever.
A principal característica da interpretação internacional dos direitos humanos é ser con-
tramajoritária, isto porque as violações que chegam ao controle internacional não foram re-
paradas mesmo após o esgotamento de todas as instâncias internas, carecendo, assim, de
resolução.

Interpretação contramajoritária: concretiza o ideal universalista do Direito Internacional dos Direitos


Humanos, saindo do abstrato das Declarações de Direitos e tratados internacionais e chegando ao
concreto da interpretação e aplicação dessas normas no cotidiano dos povos.
A partir da teoria do duplo controle, deve-se requerer que todo ato interno se alinhe não só ao
teor da jurisprudência do STF, mas também ao teor da jurisprudência interamericana. Dessa
forma, evita-se eventuais confrontos entre o STF e os órgãos internacionais de direitos hu-
manos, assim como acaba por evitar uma possível ruptura e estimulando a convergência em
prol dos direitos humanos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 16 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

QUESTÕES DE CONCURSO
001. (TRT 21R-RN/2010/TRT–21ª REGIÃO-RN/JUIZ DO TRABALHO/CADERNO 2) Examine
as assertivas abaixo e indique, a seguir, a resposta correta:
I – as normas de um tratado internacional sobre direitos humanos, devidamente incorpora-
do ao direito brasileiro, poderão integrar o elenco das denominadas “cláusulas pétreas” cons-
titucionais;
II – a denúncia é ato unilateral pelo qual o Estado requer a extinção de Convenção ou Tratado
Internacional em vigor em vários outros Estados, por força da caducidade das suas normas;
III – os Tratados Internacionais somente podem ser firmados pelos Estados, não se admitindo
a participação de outros sujeitos;
IV – os Tratados Internacionais devidamente incorporados ao direito brasileiro submetem-se
ao controle abstrato de constitucionalidade, por força da natureza jurídica das suas normas;
V – as convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovadas apenas por
maioria simples em cada casa do Congresso Nacional brasileiro não adquirem vigência nor-
mativa própria dos Tratados.
a) apenas as assertivas I, III e IV estão corretas;
b) apenas as assertivas I, III e V estão corretas;
c) apenas as assertivas II e V estão corretas;
d) apenas as assertivas I e IV estão corretas;
e) apenas as assertivas II, III e V estão corretas.

I – Correto. O art. 60, da CF/88 traz as cláusulas pétreas. Assim, qualquer tratado internacional
sobre direitos humanos, obedecido o procedimento do Art. 5, LXXVIII, §3º, poderá ampliar as
hipóteses de cláusulas pétreas. Por exemplo, novos direitos e garantias individuais podem ser
implementados por tratado internacional, inserido no ordenamento com status de Emenda
Constitucional.
II – Errado. Conforme o doutrinador Paulo Henrique Portela:

A denúncia é o ato unilateral pelo qual uma parte em um tratado anuncia sua intenção de se des-
vincular de um compromisso internacional de que faça parte, desobrigando-se de cumprir as obri-
gações estabelecidas em seu bojo sem que isso enseje a possibilidade de responsabilização inter-
nacional.
III – Errado. Podem celebrar tratados, tradicionalmente, os Estados e as Organizações interna-
cionais. Entretanto, atualmente, admite-se, também, a celebração de tratados pela Santa Sé, os
beligerantes e os blocos regionais. Não se admite que indivíduos, empresas e ONG’S possam
celebrar contratos, apesar de possuírem personalidade internacional.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 17 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

IV – Correto. A partir da incorporação passam a compor o ordenamento jurídico, sujeitando-se


ao controle de constitucionalidade como qualquer norma.
V – Errado. Os tratados sobre direitos humanos aprovados antes da EC/45 ou fora de seus
parâmetros terão caráter supralegal, nos termos da jurisprudência do STF. (HC 90.172/SP, Min.
Gilmar Mendes)
Letra d.

002. (TRT 3R/2014/TRT – 3ª REGIÃO/MG/JUIZ DO TRABALHO) Sobre o direito internacional


e comunitário, é correto afirmar:
a) A OIT, em respeito ao art. 427 do Tratado de Versalhes, rege a normatização das relações de
trabalho em todo o mundo, com objetivo de não admitir que o trabalho humano seja conside-
rado uma simples mercadoria.
b) As normas da OIT, realizadas em forma de convenção e recomendações, têm natureza jurí-
dica programática, de aplicação imediata a todos os países do mundo.
c) O Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais afirma que toda pessoa
tem direito de gozar de condições de trabalho justas, com remuneração que proporcione, no
mínimo, a todos os trabalhadores um salário equitativo e uma remuneração igual para trabalho
de igual valor, sem qualquer distinção.
d) As recomendações e convenções da OIT são normas jurídicas internacionais com caráter
vinculante e imperativo.
e) O Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais afirma que são as
pessoas que possuem formação profissionalizante reconhecida pelo Estado Nação, que tem
direito a um nível de vida adequado para si e sua família.

a) Errada. O Tratado de Versalhes cria a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e dispõe,
em seu art. 427, diversos princípios e normas que devem orientar a construção do Direito do
Trabalho, entre eles, o princípio de que o trabalho não deve ser considerado mercadoria ou
artigo de comércio. Nesse sentido, a OIT é criada com o objetivo de auxiliar todas as nações a
executar programas que visem garantir os direitos trabalhistas, e não, de reger a normatização
das relações de trabalho em todo mundo.
b) Errada. A OIT possui um sistema de normas que assumem a forma de convenções e reco-
mendações. Entretanto, elas não são de aplicação imediata a todos os países do mundo. As
convenções da OIT são tratados internacionais sujeitos a ratificação pelos Estados Membros
da Organização. Já as recomendações são instrumentos não vinculativos –tratando muitas
vezes dos mesmos assuntos que as convenções – que definem a orientação das políticas e
ações nacionais.
c) Certa. Com base no disposto no art. 7º, a, i, do Pacto Internacional sobre Direitos Econômi-
cos, Sociais e Culturais.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 18 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

d) Errada. As convenções e as recomendações formam o sistema normativo da OIT. Porém,


não possuem caráter imperativo. Além disso, apenas as convenções da OIT podem se tornar
vinculantes após a ratificação dos Estados membros da organização. Já as recomendações
são instrumentos não vinculativos, voltados para orientar as políticas nacionais no que se re-
fere ao mundo do trabalho.
e) Errada. Conforme o art. 11, do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, os Estados Partes desta convenção devem reconhecer o direito de toda pessoa a
um nível de vida adequado para si próprio e a sua família, inclusive à alimentação, vestimenta
e moradia adequadas, assim como a uma melhoria continua de suas condições de vida.
Letra b.

003. (ESAF/2012/MI/NÍVEL SUPERIOR/CONHECIMENTOS GERAIS) Sobre a hierarquia


constitucionalmente caracterizada entre os atos jurídico-normativos do Poder Público, é cor-
reto afirmar que
a) a Constituição Federal é a norma fundamental de nosso ordenamento jurídico desde que
não revele incompatibilidade com os tratados internacionais de direitos humanos pactuados
pelo País.
b) as emendas à Constituição Federal, uma vez apreciadas e aprovadas em ambas as Casas
do Congresso Nacional – cada uma delas em dois turnos e em cada turno por no mínimo três
quintos dos respectivos membros –, se integram ao texto constitucional, não estando sujeitas
a qualquer limite formal ou material.
c) as leis complementares são hierarquicamente superiores às leis ordinárias.
d) os decretos de natureza regulamentar, editados pelo Presidente da República para a fiel
execução das leis, podem dispor sobre outras matérias não expressamente contempladas na
legislação regulamentada, desde que não a contrariem e nem inovem na instituição de deveres
aos cidadãos em geral, e que se destinem à adequada organização da Administração Pública
com vistas àquela mesma execução legal.
e) as medidas provisórias são atos emanados pelo Presidente da República, em casos de re-
levância e urgência, com força de lei, que adquirem eficácia normativa trinta dias após a sua
apreciação e aprovação por ambas as Casas do Congresso Nacional.

a) O item está errado pois o conteúdo da CF é a norma fundamental do ordenamento jurídico
brasileiro independentemente de compatibilidade com acordos internacionais. Vale lembrar
que se um tratado internacional, a partir de 2004, for aprovado no Congresso por 3/5 em 2
turnos terá status constitucional.
b) ‘’...não estando sujeitas a qualquer limite formal ou material...’’
As emendas constitucionais possuem como limite o ‘’ núcleo duro ‘’ da CF, não é possível
emenda constitucional com intuito de abolição das cláusulas pétreas.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 19 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

c) Segundo a doutrina majoritária, que é a cobrada em concursos, não existe hierarquia entre
lei ordinária e lei complementar
e) A eficácia das medidas provisórias é imediata, apenas recebe controle quanto ao quesito de
urgência e relevância no Congresso.
Letra d.

004. (FCC/2012/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Diferentemente do Direito Internacional Pú-


blico clássico, os conceitos e categorias jurídicas do Direito Internacional dos Direitos Huma-
nos formaram-se e cristalizaram-se no plano das relações intraestatais, ou seja, das relações
entre os Estados e os seres humanos sob suas respectivas jurisdições. Essa especificidade
conduz à necessidade de que o Direito Internacional dos Direitos Humanos tenha regras e prin-
cípios próprios de interpretação. Sobre essa temática, é INCORRETO afirmar:
a) Em função do art. 68 da Convenção Americana de Direitos Humanos – CADH, que esta-
belece a exequibilidade da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos no plano
interno do Estado, na parte relativa a eventual indenização compensatória, caso o Estado le-
vante óbices jurídicos para viabilizar a execução da referida sentença em conformidade com
o processo interno vigente, estará incorrendo em violação adicional da CADH (art. 2º), por não
adotar providências no sentido de adequar o seu direito interno às obrigações internacional-
mente assumidas.
b) Ao dispor que os Estados-Parte “comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas
constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra
natureza que forem necessárias para tornar efetivos” (art. 2º ) os direitos e liberdades reco-
nhecidos na Convenção Americana de Direitos Humanos – CADH, o texto convencional está
obrigando não somente o Poder Legislativo, mas também os poderes Executivo e Judiciário
do Estado-Parte.
c) Para a Corte Interamericana, as obrigações contraídas em virtude da Convenção Americana
de Direitos Humanos – CADH somente podem ser suspensas nas hipóteses de seu artigo 27,
ou seja, em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência que ameace a inde-
pendência ou segurança do Estado-Parte, na medida e pelo tempo estritamente limitados às
exigências da situação, ficando desse modo inacessíveis todas as garantias judiciais para a
proteção de direitos somente nesse contexto especialíssimo.
d) Como a regra do esgotamento dos recursos internos não é aplicada com flexibilidade no Di-
reito Internacional Geral, a jurisprudência das cortes internacionais de direitos humanos desen-
volveu vários entendimentos que mitigam ou estabelecem pré-requisitos para a plena incidên-
cia da referida regra, como, por exemplo, fazendo recair o ônus da prova da existência de um
recurso “acessível e suficiente” sobre o Estado demandado, ou estabelecendo que o Estado
requerido estaria obrigado a levantar a objeção no primeiro momento em que fosse chamado
perante a Comissão Interamericana, sob pena de ficar impedido de invocar o não- esgotamen-
to no julgamento perante a Corte Interamericana (estoppel).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 20 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

e) Havendo duas ou mais possibilidades de interpretação concomitante de dispositivos cor-


respondentes ou equivalentes de distintos tratados de direitos humanos, aplica-se o critério da
primazia da norma mais favorável às supostas vítimas, favorecendo a complementaridade dos
mecanismos de proteção dos direitos humanos em níveis global e regional.

Dec. 678/92, ARTIGO 27 Suspensão de Garantias 1. Em caso de guerra, de perigo público, ou


de outra emergência que ameace a independência ou segurança do Estado-Parte, este pode-
rá adotar disposições que, na medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências da
situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais
disposições não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o Direito Inter-
nacional e não encerrem discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma,
religião ou origem social.
Letra c.

005. (CESPE/2018/MPU/TÉCNICO DO MPU/ADMINISTRAÇÃO) Com base nas disposições


constitucionais acerca de princípios, direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
Os tratados internacionais sobre direitos humanos possuem status de emendas constitucio-
nais, de maneira que a autoridade pública que a eles desobedecer estará sujeita a respon-
sabilização.

Esta é uma questão recorrente e que merece bastante atenção. A incorporação de tratados
internacionais de direitos humanos pode se dar de formas distintas, e isso interfere no status
que este documento vai ostentar no nosso ordenamento.
Para que tratados de direitos humanos sejam considerados equivalentes às emendas constitu-
cionais, o art. 5º, § 3º da CF/88 prevê que devem ser “aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros”.
Note que nem todos os tratados de direitos humanos são aprovados com este quórum di-
ferenciado e, se não o forem, é importante recordar o entendimento adotado pelo Supremo
Tribunal Federal quando do julgamento do Recurso Extraordinário n. 466.343; assim, nestes
casos, estes tratados (quando não forem equivalentes às emendas constitucionais) serão
considerados normas infraconstitucionais e supralegais. Assim, a afirmativa está incorreta,
já que nem todos os tratados internacionais de direitos humanos possuem status de emen-
das constitucionais.
Errado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 21 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

006. (VUNESP/2018/MPE-SP/ANALISTA JURÍDICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO) Assinale a


alternativa correta no que se refere aos Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos
Humanos incorporados pelo ordenamento brasileiro, os conflitos com as normas constitucio-
nais e o Ministério Público e a defesa dos Direitos Humanos.
a) Em 2010, o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Go-
mes Lund e Outros (“Guerrilha do Araguaia”) pela violação a Direitos Fundamentais garantidos
pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
b) Em 2010, o Supremo Tribunal Federal, em Arguição de Descumprimento de Preceito Funda-
mental, firmou entendimento pela inconstitucionalidade da Lei de Anistia (Lei n. 6.683/79) em
decorrência de violação a normas constitucionais oriundas de tratados internacionais, acatan-
do o pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por uma revisão na Lei da Anistia (Lei
n. 6.683/79).
c) Após a Emenda Constitucional n. 45/04, que acrescentou o § 3º ao art. 5º da Constituição
Federal, e entendimento do Supremo Tribunal Federal, os tratados internacionais de Direitos
Humanos possuem status supralegal ou constitucional, a depender do respectivo processo
legislativo envolvido.
d) A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e a Câmara Criminal do Ministério Públi-
co Federal recentemente tem se posicionado pela constitucionalidade da Lei de Anistia (Lei
n. 6.683/79) por inexistência de violação a normas constitucionais oriundas de tratados in-
ternacionais.
e) Os Tratados Internacionais de Direitos Humanos que foram aprovados anteriormente à
Emenda Constitucional 45/04, ainda que com o rito comum de lei ordinária, possuem status
constitucional pela natureza de seu objeto.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Nas unidades prisionais que abrigam filhos de
detentos, providências devem ser tomadas para garantir:
(a) creches internas ou externas dotadas de pessoal qualificado, onde as crianças poderão ser dei-
xadas quando não estiverem sob o cuidado de seu pai ou sua mãe.
(b) Serviços de saúde pediátricos, incluindo triagem médica, no ingresso e monitoramento constan-
te de seu desenvolvimento por especialistas.
Letra c.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 22 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

007. (VUNESP/2018/TJ-SP/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/PROVI-


MENTO) No que tange à cláusula de supranacionalidade, é correto afirmar que
a) não é admitida em nosso ordenamento jurídico, pois viola o princípio constitucional da
soberania.
b) por meio dela, tratados internacionais, dos quais o Brasil seja signatário, ingressam na or-
dem interna como normas superiores ou de igual hierarquia à Constituição Federal.
c) implica na perda da nacionalidade brasileira, decorrente do cancelamento da naturalização
por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.
d) ela consubstancia um dos fundamentos para a concessão de asilo político.

A questão exige conhecimento acerca da cláusula de supranacionalidade. Por meio de cláu-


sula de supranacionalidade, os Estados podem ter sua soberania mitigada, na medida em que
tratados internacionais dos quais o Estado seja signatário ingressa na ordem interna do País
como norma superior à Constituição (e.g. CF 5º. § 4º.: submissão do Brasil às decisões do Tri-
bunal Penal Internacional) ou de igual hierarquia (e.g. CF 5º. § 3º.: tratado internacional sobre
direitos humanos como norma constitucional).
Portanto, é correto dizer que por meio desta cláusula, tratados internacionais, dos quais o Bra-
sil seja signatário, ingressam na ordem interna como normas superiores ou de igual hierarquia
à Constituição Federal.
Letra b.

008. (FGV/2018/TJ-AL/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR) O Presi-


dente da República celebrou tratado internacional no qual os Estados celebrantes se compro-
metiam a oferecer condições adequadas, no ambiente prisional, às mulheres grávidas que se
encontrassem presas. Esse tratado foi aprovado pelas Casas do Congresso Nacional e regu-
larmente promulgado na ordem jurídica interna.
À luz da sistemática constitucional, o tratado internacional assim aprovado é equivalente:
a) ao ato infralegal, pois a sua promulgação na ordem interna se dá por meio de decreto;
b) à lei ordinária, pois todo tratado internacional possui essa natureza jurídica;
c) ao ato nulo, pois somente o Senado Federal possui competência para aprovar tratado in-
ternacional;
d) à emenda constitucional, desde que aprovado em dois turnos, por três quintos dos votos
dos membros das Casas;
e) à lei complementar, desde que aprovado pela maioria absoluta dos membros das Casas.

É importante lembrar que, em relação aos tratados de direitos humanos, existem duas pos-
sibilidades: se o tratado for ratificado nos termos do art. 5º, § 3º da CF/88, (aprovado, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 23 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

membros), será equivalente a uma emenda constitucional; por outro lado, se for aprovado pelo
procedimento comum, será considerado uma norma infraconstitucional e supralegal, confor-
me entendimento firmado pelo STF no Recurso Extraordinário n. 466.343, julgado em 2008.
Assim, considerando as opções, temos que a resposta correta é a letra D, pois coincide com o
disposto no mencionado art. 5º, § 3º, da CF/88.
Letra d.

009. (FGV/2018/CÂMARA DE SALVADOR–BA/ANALISTA LEGISLATIVO MUNICIPAL/ÁREA


LEGISLATIVA) A República Federativa do Brasil, pelo órgão competente, assinou determinada
Convenção Internacional de Proteção aos Direitos Humanos. Ato contínuo, a Convenção foi
aprovada em cada Casa do Congresso Nacional em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros. Por fim, após o depósito do instrumento de ratificação, foi promulgada
na ordem interna pelo Presidente da República.
À luz da sistemática constitucional, a referida Convenção, na ordem jurídica interna, tem natu-
reza jurídica equivalente:
a) à emenda constitucional;
b) à lei ordinária;
c) à lei complementar;
d) à lei delegada;
e) ao decreto autônomo;

Esta pergunta pede conhecimento do dispositivo constitucional que trata do tema e que pode
ser encontrado no art. 5º, § 3º, da CF/88, que diz:

Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais.
Letra a.

010. (FCC/2017/TRF – 5ª REGIÃO/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) A Con-


venção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada em Nova Iorque no ano de
2007, foi aprovada em 2008, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por quó-
runs superiores a três quintos dos votos dos respectivos membros em cada turno de votação,
tendo sido no ano seguinte promulgada por Decreto do Presidente da República. À luz do dis-
posto na Constituição Federal, considerando tratar-se de convenção internacional sobre direi-
tos humanos, referido ato normativo é equivalente à
a) lei ordinária, pois tratados e convenções internacionais, independentemente de seu conteú-
do, possuem esse status a partir do momento em que são promulgados no brasil.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 24 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

b) emenda constitucional, tendo em vista o procedimento observado para sua aprovação no


congresso nacional.
c) lei complementar, pois tratados e convenções internacionais em matéria de direitos huma-
nos, que complementam a constituição federal, possuem esse status, a partir do momento em
que são ratificados pelo brasil.
d) emenda constitucional, pois os tratados e convenções internacionais, independentemente
de seu conteúdo, possuem esse status.
e) emenda constitucional, pois os tratados e convenções internacionais que versem sobre
direitos humanos possuem esse status, independentemente do procedimento de aprovação
adotado no Congresso Nacional.

Art. 5, § 3º, da CF:

Os tratados e convenções internacionais sobre DIREITOS HUMANOS que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais.
Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos:
1) Aprovados com quórum de Emendas Constitucionais => Status de norma CONSTITUCIONAL.
2) Não aprovados com quórum de Emendas Constitucionais = Status de norma SUPRALEGAL.
3) Tratados internacionais que não versem sobre Direitos Humanos = Status de Lei ORDINÁ-
RIA FEDERAL.
Letra b.

011. (FCC/2017/TST/JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO) Desde a Emenda Constitucional n.


45/2004, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-
dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos res-
pectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais (Constituição, art. 5º, § 3º).
No entanto, há tratados e convenções internacionais nesse âmbito que foram incorporados ao
ordenamento brasileiro antes de 2004 e que, portanto, não seguiram esse procedimento. Se-
gundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os tratados e convenções sobre direitos
humanos aprovados antes de 2004
a) têm hierarquia constitucional, já que o § 2º do art. 5º da Constituição já assim definia
desde 1988.
b) têm hierarquia supralegal, mas infraconstitucional.
c) têm hierarquia de lei ordinária, nos termos definidos pelo STF em decisões como as do RE
80.004 e da ADI 1480.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 25 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

d) terão hierarquia constitucional, desde que sejam aprovados novamente pelo Congresso Na-
cional, seguindo o procedimento de aprovação de emendas constitucionais.
e) têm hierarquia supraconstitucional, seguindo a tendência de valorizar normas internacionais.

A questão exige conhecimento sobre a jurisprudência do STF relativa à incorporação de trata-


dos de direitos humanos – mais especificamente, do RE n. 466.343, onde se discutiu a possi-
bilidade de prisão civil do depositário infiel e a aplicabilidade do art. 7.7 da Convenção Ame-
ricana sobre Direitos Humanos. Neste acórdão, o STF firmou o entendimento que tratados de
direitos humanos que não foram incorporados nos termos do art. 5º § 3º da CF/88 – e que,
por isso, não são equivalentes às emendas constitucionais – são recepcionados pelo ordena-
mento jurídico brasileiro com o status de normas infraconstitucionais e supralegais, ficando
hierarquicamente abaixo da Constituição e acima das demais normas jurídicas (leis ordinárias,
leis complementares etc.).
Letra b.

012. (UECE-CEV/2017/SEAS–CE/ASSISTENTE SOCIAL/PEDAGOGO/PSICÓLOGO) Quanto


à Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, analise as assertivas e assinale a alter-
nativa que aponta as corretas.
a) tem hierarquia equivalente às Emendas Constitucionais.
b) tem caráter infralegal.
c) tem caráter supralegal.
d) tem hierarquia equivalente às Leis Ordinárias.

• Tratados internacionais que não tratem sobre direitos humanos > Status de lei ordinária.
• Tratados internacionais que versem sobre direitos humanos, mas que não tenham sido
aprovados na forma do art. 5º, § 3º, da CF/88 > Status supralegal.
• Tratados internacionais que versem sobre direitos humanos e que tenham sido aprova-
dos na forma do art. 5º, § 3º, da CF/88 > Emenda constitucional.
De acordo com o posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre a hierarquia dos tratados
internacionais de direitos humanos, consideram-se como tratados de hierarquia constitucional:
I – Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu respectivo
Protocolo Facultativo − Convenção de Nova Iorque.
II – Tratado de Marraquexe para facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com
deficiência visual ou com outras dificuldades para aceder ao texto impresso.
Letra c.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 26 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

013. (FCC/2017/DPE-PR/DEFENSOR PÚBLICO) Segundo jurisprudência do Supremo Tribu-


nal Federal, os tratados de direitos humanos serão incorporados pela ordem jurídica brasileira
a partir da
a) ratificação e depósito do tratado pelo Presidente da República
b) publicação de decreto legislativo, de forma conjunta, pelo Presidente da República e pelo
Presidente do Congresso Nacional.
c) promulgação, por um decreto executivo do Presidente da República.
d) assinatura do tratado pelo Presidente da República.
e) aprovação do Congresso Nacional, mediante decreto legislativo.

O processo de incorporação de tratados internacionais é bastante complexo, conjugando fa-


ses nacionais e internacionais. Após as etapas de negociações preliminares, aprovação parla-
mentar e ratificação, vem a última etapa, que é a de publicação.
A importância da publicação foi discutida na Medida Cautelar na ADI n. 1480, quando o STF
firmou o entendimento de que “o iter procedimental de incorporação dos tratados internacio-
nais – superadas as fases prévias da celebração da convenção internacional, de sua aprova-
ção congressional e da ratificação pelo Chefe de Estado – conclui-se com a expedição, pelo
Presidente da República, de decreto, de cuja edição derivam três efeitos básicos que lhe são
inerentes: (a) a promulgação do tratado internacional; (b) a publicação oficial de seu texto; e (c)
a executoriedade do ato internacional, que passa, então, e somente então, a vincular e a obrigar
no plano do direito positivo interno”.
Ou seja, considera-se que o tratado foi devidamente incorporado ao ordenamento quando o
Presidente da República promulga um decreto de execução, ainda que, para fins internacio-
nais, o Estado já esteja obrigado ao cumprimento dos termos do tratado desde o momento da
ratificação – tenha o cuidado de não confundir a produção de efeitos em âmbito interno e a
produção de efeitos em âmbito internacional.
Letra c.

014. (IBADE/2017/SEJUDH–MT/ADVOGADO) Sobre o procedimento de internalização


dos tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro pode-se
afirmar que:
a) na hipótese de conflitar com normas constitucionais, prevalecerá o tratado internacional.
b) a promulgação dos tratados internacionais não tem o condão de revogar todas as normas
anteriores contrárias ao seu conteúdo.
c) os tratados não podem ser revogados por ieis posteriores quando da existência de um con-
flito entre normas.
d) uma vez internalizados, os tratados têm valor infraconstitucional, mas supralegislativo.
e) os tratados não têm aplicação imediata após sua ratificação pelo poder executivo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 27 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

a) Errada. Na hipótese de conflito de normas, prevalecerá a norma constitucional.


b) Errada. Segundo o STF, um tratado internacional de direitos humanos recepcionado passa a
ter hierarquia superior à lei ordinária (supralegal ou constitucional), revogando aquelas normas
em sentido contrário (antinomia).
d) Errada. Uma Lei não poderá revogar um Tratado (que se compara à EC ou norma supralegal).
d) Correta. Embora eu acredite não ser bem isso, pois somente os relativos a DH que aprova-
dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos res-
pectivos membros, serão consideradas verdadeiras Emendas Constitucionais (e não, normas
supralegais)
e) Errada. Os tratados internacionais relativos a DH são verdadeiros direitos e garantias funda-
mentais, e segundo o § 1º do art. 5º da CF “os direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.”
Letra d.

015. (FCC/2016/SEGEP-MA/PROCURADOR DO ESTADO) A respeito da incorporação dos tra-


tados internacionais de direitos humanos, é INCORRETO afirmar:
a) A aprovação pelo Congresso Nacional de um tratado de direitos humanos de acordo com o
rito estabelecido no § 3º do art. 5º da Constituição Federal não dispensa a ratificação do tratado.
b) Os tratados aprovados pelo Congresso Nacional na forma do art. 5º, § 3º, da Constituição
Federal possuem hierarquia e força normativa equivalente às emendas constitucionais.
c) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
d) Os tratados internacionais que não versam sobre direitos humanos possuem, como regra
geral, hierarquia de lei ordinária.
e) Os tratados internacionais de direitos humanos dependem de ratificação pelo Brasil, median-
te processo de incorporação de atribuição e participação exclusiva do Congresso Nacional.

A afirmativa A está correta porque, de fato, a aprovação de um tratado pelo Congresso (inde-
pendentemente do quórum de votação) não é suficiente para obrigar o Brasil ao cumprimento
deste tratado e não dispensa a ratificação, que é um ato privativo do Presidente da República.
Somente a ratificação (ou a adesão), após a aprovação do tratado pelo Congresso, é capaz de
vincular o país aos seus termos.
A alternativa B também está correta – de fato, tratados ratificados nos termos do art. 5º, §3º
da CF/88 são equivalentes às emendas constitucionais (vale ressaltar que apenas os tratados
de direitos humanos podem ser aprovados desta forma).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 28 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

Também está correta a letra C, que reproduz o disposto no art. 5º, §3º da Constituição. Por fim,
tratados que não versam sobre direitos humanos são recepcionados como sendo equivalentes
às leis ordinárias – este é o entendimento do STF sobre o tema e vem sendo mantido desde o
julgamento do RE n. 80.004 (com exceção dos tratados que versam sobre matéria tributária,
que por disposição expressa do art. 98 do CTN).
A única opção incorreta é a letra E – a ratificação de um tratado é um ato que, para sua per-
fectibilização, precisa, necessariamente, da participação do Poder Legislativo (aprovação pelo
Congresso Nacional) e do Poder Executivo (lembre-se que a ratificação é um ato privativo do
Presidente da República, previsto no art. 84, VIII da CF/88).
Letra e.

016. (FEPESE/2013/SJC-SC/AGENTE PENITENCIÁRIO) Assinale a alternativa correta a res-


peito da incorporação de tratados internacionais no sistema jurídico brasileiro.
a) Devidamente aprovados, terão o caráter de emenda constitucional.
b) Após aprovados pelo Congresso Nacional, serão convertidos em decreto legislativo.
c) O Presidente da República os regulamentará como decreto executivo.
d) Após a resolução do Senado, o tratado servirá como princípio interpretativo.
e) Apesar de incorporados ao sistema jurídico brasileiro, serão considerados norma infracons-
titucional.

Tratado de Direitos Humanos: Quórum, 2/5, 2 turnos, cada casa (art 5, § 3º CF/88) = Status de
EMENDA CONSTITUCIONAL.
Tratado de Direitos Humanos: Quórum, INFERIOR DO (art 5, § 3º CF/88) = Status: SUPRALEGAL.
Outros Tratados: Qualquer quórum, Status: INFRACONSTITUCIONAL (Lei Ordinária).
Letra e.

017. (UFMT/2014/MPE-MT/PROMOTOR DE JUSTIÇA) De acordo com a atual jurisprudência


do Supremo Tribunal Federal, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos, dos quais o
Brasil tenha sido signatário, internalizados antes da Emenda Constitucional N.º 45,
a) ingressam como normas constitucionais de acordo com o art. 5º, parágrafo 2º da Constitui-
ção Federal brasileira.
b) ingressam como leis ordinárias de acordo com a regra de internalização dos tratados inter-
nacionais prevista na Constituição Federal brasileira.
c) precisam ser ratificados pelo Congresso Nacional por 3/5 dos seus membros em dois tur-
nos de votação para terem status constitucional.
d) possuem caráter supralegal, ou seja, nível hierárquico superior às leis, mas abaixo da Cons-
tituição Federal brasileira.
e) são apenas horizontes interpretativos, visto que o que prevalece no Brasil é seu direito interno.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 29 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

Essa é uma pergunta bastante interessante e trata dos diferentes status dos tratados de di-
reitos humanos incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro. Veja, apenas os tratados de
direitos humanos que foram ratificados de acordo com o procedimento previsto no art. 5º, §3º
da CF/88 são considerados equivalentes às emendas constitucionais. Outros tratados (ratifi-
cados antes ou depois da EC n. 45) não terão este status, mas, em 2008, no julgamento do RE
n. 466.343, o STF entendeu que tratados de direitos humanos são considerados normas infra-
constitucionais e supralegais, ficando, portanto, abaixo do texto da Constituição, mas acima
de toda a legislação ordinária vigente. Assim, a resposta correta é a letra D, que diz que estes
tratados possuem caráter supralegal e estão abaixo da Constituição.
Letra d.

018. (MPE-MA/2014/MPE-MA/PROMOTOR DE JUSTIÇA) “A Sociedade Maranhense de Di-


reitos Humanos solicitou formalmente à Comissão interamericana de Direitos Humanos da
Organização dos Estados Americanos (Cidh-OEA) que receba, em audiência em Washington,
representantes da sociedade civil e parentes de presos mortos no Complexo Penitenciário
de Pedrinhas. A intenção é reforçar a necessidade da comissão exigir que o Estado brasileiro
implemente medidas concretas para conter a violência no interior do Complexo Penitenciário
de Pedrinhas e a crise da segurança pública maranhense. Em outubro de 2013, quando nove
presos foram mortos e 17 ficaram feridos em uma rebelião em Pedrinhas, a entidade e a sec-
cional maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MA) apresentaram à comissão
uma denúncia contra o Estado brasileiro”
Os fundamentos normativos contidos no texto acima, que sustentam a adoção das medidas
citadas pelas referidas entidades a respeito dos fatos violadores de direitos humanos, encon-
tram-se previstos no Pacto de São José da Costa Rica, conhecido como Convenção Americana
sobre Direito Humanos. Tomando por base o disposto no art. 5º, § 2º e § 3º da CF/88, que
tratam da recepção e validação normativa dos tratados internacionais assinados pelo Brasil,
considere as seguintes assertivas:
I – Existem dois grandes grupos de direitos e garantias fundamentais: os expressamente po-
sitivados, portanto, com direto assento em texto normativo (direitos e garantias fundamen-
tais do Título II, os direitos dispersos pelo texto constitucional e os direitos expressamente
reconhecidos e protegidos pelos tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo
Brasil) e os direitos decorrentes do regime e dos princípios ou direitos implícitos (direitos e
garantias fundamentais não diretamente – explicitamente – positivados);
II – No que diz respeito à garantia de direitos, inclusive aos previstos nos tratados internacio-
nais de que o Brasil for signatário, o § 3º do art. 5º da Constituição é um parágrafo complemen-
tar ao § 2º do mesmo dispositivo, uma vez que o referido § 3º trata de questão formalmente

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 30 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

constitucional, enquanto o § 2º versa sobre tema materialmente constitucional, sendo esta a


premissa interpretativa a ser atribuída ao § 3º, produto da Emenda Constitucional n. 45, de 08
de dezembro de 2004;
III – Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes à legislação ordinária havendo, contudo, preferência para efeitos
de aplicação quando confrontados com princípios e garantias não expressamente positivados;
IV – Os direitos e garantias materialmente expressos na Constituição Federal de 1988 não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ressalvados os conti-
dos em tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte, já que estes
não podem ser incluídos automaticamente, mesmo depois de ratificados, em seu catálogo de
direitos protegidos pelo chamado “bloco de constitucionalidade originário”;
V – Os tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil já tem status de norma constitu-
cional, em virtude do disposto no § 2º do art. 5º da Constituição, segundo o qual os direitos
e garantias expressos no texto constitucional “não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
do Brasil seja parte”, pois na medida em que a Constituição não exclui os direitos humanos
provenientes de tratados, é porque ela própria os inclui no seu catálogo de direitos protegidos,
atribuindo-lhes hierarquia de norma constitucional.
a) Somente as assertivas I e II são corretas;
b) Somente as assertivas II e V são corretas;
c) Somente as assertivas III e IV são incorretas;
d) Somente as assertivas II e III são incorretas;
e) Somente as assertivas I e IV são corretas.

I – Correta.
II – Correta.
III – Incorretas. Os tratados aprovados na forma do art. 5º, § 3º, da CF, têm status de emenda
constitucional.
IV – Incorretas. Não há ressalvas, todos as normas/tratados se complementam e são incorpo-
rados automaticamente no chamado “bloco de constitucionalidade”.
V – Incorretas. Os tratados de direitos humanos possuem status supralegais.
Letra a.

019. (CESPE/2014/MPE-AC/PROMOTOR DE JUSTIÇA) No que concerne à relação entre


os tratados internacionais de direitos humanos e o ordenamento jurídico brasileiro, assinale
opção correta.
a) Os tratados internacionais de direitos humanos seguem a forma ordinária de incorporação
de atos internacionais, conforme o modelo dualista adotado pela Constituição Federal.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 31 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

b) Os tratados internacionais de direitos humanos podem ser invocados, desde que tenham
sido aprovados por decreto legislativo do Senado Federal.
c) A aplicação dos tratados internacionais de direitos humanos no plano interno inicia-se a
partir do ato de assinatura do Estado brasileiro.
d) Cabe ao Congresso Nacional ratificar os tratados internacionais de direitos humanos, que
passam, com a ratificação, a ser exigíveis.
e) Os tratados internacionais de direitos humanos possuem regime especial de incorporação,
nos termos da EC n.º 45/2004

A partir de EC 45, os tratados passaram a obedecer a uma forma extraordinária de incorpora-


ção, visto que o rito é o mesmo das EC. o modelo adotado pela CF é o dualismo moderado que
implica a necessidade de os tratados serem ratificados pelo Chefe de Estado, com aprovação
prévia do parlamento (vide artigos 5, § 3º, art. 49, I e art. 84, VIII da CFRB.
A condição para que adquira a executoriedade interna é a promulgação do decreto presiden-
cial. Acompanhando as disposições da LINDB.
Importante, a aprovação do tratado é feita por um decreto legislativo do CONGRESSO NACIO-
NAL, mas promulgado pelo presidente do Senado Federal.
Vide comentário anterior.

 Obs.: Atenção ao termo “ratificação”, que costuma gerar confusão. Portela usa o termo:
“aprovação” do parlamento e ratificação do chefe de estado.
e) Certa. A partir de EC 45, passamos a um novo regramento sobre a matéria.
Letra e.

020. (CESPE/2013/PG-DF/PROCURADOR) Com relação ao estatuto jurídico dos tratados in-


ternacionais no direito brasileiro, julgue os próximos itens.
Os tratados sobre direitos humanos incorporados ao direito pátrio e em conformidade com a
CF revogam as leis ordinárias conflitantes.

A questão está correta. Tratado sobre direitos humanos não incorporado com procedimento
de emenda, segundo recente posicionamento do STF, tem status supralegal. Em regra, os tra-
tados tem status de lei ordinária. Entretanto, se o tratado versar sobre direitos humanos não
votado pelo rito de emendas constitucionais, terá status supralegal, o que justifica a questão
e o seu gabarito.
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 32 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

021. (CESPE/2013/PRF/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Julgue o próximo item, relativo


aos direitos humanos, à responsabilidade do Estado e à Política Nacional de Direitos Humanos.
Caso o Poder Judiciário, ao fundamentar decisão em lei ou norma constitucional interna, des-
cumpra normas internacionais de direitos humanos, o Estado não poderá ser responsabilizado
no plano internacional por essa decisão.

Ao assinar convenções internacionais de direitos humanos, o Estado passa a ter obrigações.


Caso não as cumpra ou as viole, poderá ser responsabilizado no plano internacional, por meio
de sanções jurídicas, políticas ou econômicas. A lei interna não pode ser usada como obstácu-
lo para o cumprimento de normas internacionais de direitos humanos.
Errado.

022. (CESPE/2013/PRF/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Considerando o disposto na


Constituição Federal de 1988 (CF), julgue os itens a seguir, relativos aos direitos humanos.
A possibilidade de extensão aos estrangeiros que estejam no Brasil, mas que não residam no
país, dos direitos individuais previstos na CF deve-se ao princípio da primazia dos direitos hu-
manos nas relações internacionais do Brasil.

O caput do art. 5º da Constituição Federal de 1988 afirma que os direitos fundamentais são
assegurados aos brasileiros e estrangeiros residentes no país. Mas a interpretação deste dis-
positivo não deve ser feita de forma restritiva, conforme já assinalou o próprio STF.
Em 2008, no HC 94016 MC/SP, o rel. Min. Celso de Mello sustentou que o estrangeiro mesmo
não possuindo domicílio no Brasil deve ter acesso aos instrumentos processuais de tutela da
liberdade, assim como tem o direito de ver respeitadas as prerrogativas de ordem jurídica e
as garantias de índole constitucional que o ordenamento brasileiro confere e assegura a qual-
quer pessoa.
Outro exemplo de jurisprudência ocorreu em 2009, no HC 97147/MT, em que foi sustentado
que “a garantia de inviolabilidade dos direitos fundamentais da pessoa humana não comporta
exceção baseada em qualificação subjetiva puramente circunstancial. O Estado não pode dei-
xar de resguardar direitos inerentes à dignidade humana das pessoas que, embora estrangei-
ras e sem domicílio no país, se encontrarem sobre o império de sua soberania.”
Nesse sentido, verifica-se que a questão está correta, pois a interpretação dada pelo STF à
condição do estrangeiro não domiciliado no Brasil pauta-se pela garantia dos direitos funda-
mentais da pessoa humana, condizentes com o princípio de primazia dos direitos humanos
nas relações internacionais (art. 4º, II, CF).
Certo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 33 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

023. (MPE-MT/2012/MPE-MT/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Acerca dos tratados e convenções


internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil e seu sistema de controle, analise as
afirmativas.
I – O instrumento utilizado pelo Congresso Nacional para aprovar conjuntamente, com equi-
valência de emenda constitucional, os dois primeiros tratados de direitos humanos pela sis-
temática do art. 5º, § 3º, da Constituição, respectivamente, a Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de
março de 2007, foi um Decreto Legislativo.
II – Paralelamente ao conhecido controle de constitucionalidade, há na sistemática da Conven-
ção Americana sobre Direitos Humanos (1969) o chamado “controle de convencionalidade”,
que pode ser exercido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, bem assim pelo Poder
Judiciário interno dos Estados-partes na Convenção apenas pela via abstrata.
III – É cabível a Ação Direta de Inconstitucionalidade ou a Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental para atacar lei federal ou estadual que, não obstante compatível com o
texto da Constituição Federal, viola disposição de tratado de direitos humanos internalizado
com equivalência de emenda constitucional no Brasil.
IV – O exame de compatibilidade das leis internas com os tratados internacionais de direitos
humanos em vigor no país só pode ser exercido em relação a casos concretos pelos juízes e
tribunais nacionais, mesmo tendo sido o tratado internalizado pela sistemática do art. 5º, § 3º,
da Constituição, eis que, como já decidiu o STF, não pode este Tribunal usurpar a competência
da ADI ou da ADPF prevista pela Constituição Federal.
V – A declaração de constitucionalidade de uma norma pelo STF impede que o mesmo Tribunal,
tempos depois, controle a “convencionalidade” dessa mesma norma, declarando – a inválida
para reger determinada situação jurídica, uma vez que o exercício prévio do controle de constitu-
cionalidade pelo Supremo exclui eventual exercício posterior do controle de convencionalidade.
Estão corretas as afirmativas:
a) I, II e III.
b) II e V, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, IV e V, apenas.

I – Correta. A ratificação pelo Brasil da Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com
Deficiência e seu Protocolo Facultativo, em 2009, por meio do Decreto Legislativo n.. 186, de
9 de julho de 2008 e do Decreto Executivo n. 6.949, de 25 de agosto de 2009, representou um
marco na história da conquista dos direitos humanos no país, pois foi o primeiro tratado inter-
nacional de direitos humanos a ingressar no ordenamento jurídico nacional com o status de
Emenda Constitucional, nos termos do §3º, do art. 5º da Constituição Federal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 34 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

I I – Errada. O chamado controle de convencionalidade é a análise interna para verificar se a legis-


lação de um país está de acordo com os tratados e convenções internacionais que o estado se
comprometeu a cumprir, não sendo atribuição da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
III – Correta. Os Tratados de Direitos Humanos internalizados com base no § 3º do artigo 5º
da Constituição possuirão status de Emenda Constitucional, podendo figurar no parâmetro de
controle tanto pela forma difusa ou concreta – por qualquer magistrado – quanto pelo controle
concentrado ou abstrato, a ser feito pelo STF em sede de ADIn, ADC ou ADPF;
IV – Errada. Já que tendo sido o tratado internalizado pela sistemática do art. 5º, § 3º, da Cons-
tituição, terá status de Emenda Constitucional, podendo figurar no parâmetro de controle tanto
pela forma difusa ou concreta – por qualquer magistrado – quanto pelo controle concentrado
ou abstrato, a ser feito pelo STF em sede de ADIn, ADC ou ADPF.
IV – Errada. As obrigações decorrentes da assinatura de um novo tratado internacional têm o
condão de paralisar a eficácia jurídica de toda e qualquer disciplina normativa infraconstitucio-
nal com ela conflitante, mesmo anteriormente declarada constitucional.
Letra e.

024. (FCC/2013/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO) De acordo com a jurisprudência atualmen-


te predominante no Supremo Tribunal Federal, um tratado internacional de direitos humanos,
ratificado na forma do artigo 5º, parágrafo 2º, da Constituição Federal, possui força normativa
equivalente à de norma
a) formalmente constitucional.
b) legal ordinária.
c) legal complementar.
d) supralegal e infraconstitucional.
e) regulamentar.

Esta é uma questão que deve ser lida com cuidado, para que o candidato não se confunda com
o disposto no art. 5º, §3º da CF/88 e que diz respeito aos tratados que são recepcionados com
o status de “equivalentes às emendas constitucionais”.
Observe que a questão faz referência ao art. 5º, §2º da CF/88, que diz que “os direitos e garan-
tias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte” – ou seja, tratados anteriores à Emenda Constitucional n. 45 ou que não foram ratifica-
dos conforme os termos do art. 5º, §3º da CF/88.
Para estes tratados, é importante conhecer o Recurso Extraordinário n. 466.343, que trata da
prisão civil do depositário infiel e da aplicabilidade do Pacto de San Jose da Costa Rica. No
acórdão, tem-se que o STF entendeu que tratados de direitos humanos possuem um caráter
especial, supralegal, sendo hierarquicamente inferiores apenas à Constituição; desde este jul-
gamento, portanto, tratados de direitos humanos passaram a ser entendidos como normas
infraconstitucionais e supralegais.
Letra d.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 35 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

025. (COPESE/UFT/2012/DPE-TO/ANALISTA EM GESTÃO ESPECIALIZADO/CIÊNCIAS JU-


RÍDICAS) Conforme previsto na Constituição Federal, com relação à posição hierárquica das
normas internacionais sobre direitos humanos, é CORRETO afirmar que:
a) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às leis ordinárias, com aplicação imediata em todo o territó-
rio nacional.
b) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
c) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às leis complementares, com aplicação imediata em todo o ter-
ritório nacional.
d) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por maioria simples dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

A Reforma do Poder Judiciário incluiu o § 3º no art. 5º da Constituição Federal de 1988:

Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais.
Letra b.

026. (CESPE/2007/MPE-AM/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Ao tratar da tutela dos direitos hu-


manos, o art. 5º da CF aborda uma série de questões de natureza internacional. Nesse sentido,
julgue os itens que se seguem.
I – O Brasil reconhece a jurisdição de todos os tribunais penais internacionais que atuem con-
tra a prática de crimes contra a humanidade.
II – A partir da Emenda Constitucional n.º 45/2004, que introduziu os incisos 3º e 4º ao art. 5º
da CF, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos passaram a ter força
de emenda constitucional, desde que tais atos internacionais sejam aprovados em ambas as
Casas congressuais, em turno simples de votação, e por maioria simples de votos de seus
respectivos membros.
III – O referido artigo reconhece hierarquia constitucional a tratados de direitos humanos fir-
mados pelo Brasil, estando estes, portanto, acima das normas infraconstitucionais, como os
demais tratados.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 36 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

IV – O referido artigo cuida especificamente do tema de concessão de asilo a perseguidos por


crimes políticos ou de opinião, conforme o fazem as democracias modernas.
V – A República Federativa do Brasil reconhece a jurisdição de tribunais internacionais com
vocação penal, desde que tenha aderido a seus instrumentos fundacionais.
Estão certos apenas os itens
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) II e V.
e) III e V.

I – Errado.

Art. 5º, § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja tenha manifes-
tado adesão.
II – Errado. Primeiro a Emenda Constitucional n. 45/2004, introduziu os parágrafos 3º e 4º e
não incisos. Segundo o § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
III – Certo. Sim de acordo com hierarquia da legislação brasileira, ilustrada pela pirâmide de
Kelsen, nos temos primeiro as normas constitucionais, depois emendas constitucionais ou
tratados internacionais de direitos humanos aprovados no congresso nacional de acordo com
o parágrafo terceiro, e depois ai sim temos os tratados supralegais ou infraconstitucionais, que
não são aprovados em ambas as casas, com dois turnos de votação mas qualquer Quórum
que não seja o de três quintos.
IV – Errado. Especificamente NÃO, o artigo 5º cuida de todos os direitos individuais e coleti-
vos, dentre eles o “LII – Diz, não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou
de opinião”.
V – Certo. Art. 5, § 4º, da CF: O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional
a cuja tenha manifestado adesão.
Letra e.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 37 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

GABARITO
1. d
2. b
3. d
4. c
5. E
6. c
7. b
8. d
9. a
10. b
11. b
12. c
13. c
14. d
15. e
16. e
17. d
18. a
19. e
20. C
21. E
22. C
23. e
24. d
25. b
26. e

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 38 de 40
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro
Karoline Leal

Karoline Leal
Defensora Pública do DF. Foi analista processual no Superior Tribunal Militar e aprovada para o concurso
de membro da Defensoria Pública do Tocantins.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

www.grancursosonline.com.br 39 de 40
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para KELLY KETHLLEN PEREIRA SOUZA - 01885135661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

Você também pode gostar