Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE DIREITO E
FORMAÇÃO
HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno
e Responsabilidade
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade................................................................4
1. Premissas Básicas.. .....................................................................................................................................................4
2. Regime Jurídico da Magistratura Nacional..................................................................................................4
2.1. Órgãos Integrantes. . ................................................................................................................................................5
2.2. Carreiras.......................................................................................................................................................................11
2.3. Remoção.....................................................................................................................................................................22
3. Direitos e Deveres Funcionais da Magistratura. ....................................................................................25
3.1. Deveres........................................................................................................................................................................25
3.2. Direitos ou Garantias.. ........................................................................................................................................30
4. Código de Ética da Magistratura Nacional. ...............................................................................................44
4.1. Ética e Poder Judiciário. . ....................................................................................................................................46
4.2. Princípios Regentes............................................................................................................................................49
4.3. Juízes x Advogados.............................................................................................................................................56
5. Sistema de Controle Interno do Poder Judiciário. ..................................................................................58
5.1. Corregedorias..........................................................................................................................................................60
5.2. Conselhos Superiores........................................................................................................................................65
5.3. Ouvidorias................................................................................................................................................................. 69
5.4. Conselho Nacional de Justiça (CNJ)...........................................................................................................70
6. Responsabilidade Administrativa, Civil e Criminal dos Magistrados.........................................81
6.1. Responsabilidade Criminal.............................................................................................................................. 82
6.2. Responsabilidade Civil......................................................................................................................................85
6.3. Responsabilidade Administrativa..............................................................................................................89
7. Administração Judicial....................................................................................................................................... 100
7.1. Introdução à Sociologia da Administração Judiciária................................................................... 100
7.2. Planejamento Estratégico e Gestão. ...................................................................................................... 103
Resumo...............................................................................................................................................................................112
Questões de Concurso..............................................................................................................................................123
Gabarito.............................................................................................................................................................................133
Gabarito Comentado..................................................................................................................................................134
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 2 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Apresentação
Olá, aluno(a).
Meu nome é Renato Borelli e atualmente ocupo o cargo de Juiz Federal em Brasília (TRF1).
Antes da magistratura, tive experiências como servidor de Tribunais (TRF1 e STJ), bem como
na advocacia pública e privada.
Na aula de hoje, estudaremos Ética e o Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 3 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
www.grancursosonline.com.br 4 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Até o momento, contudo, a referida lei ainda não foi editada. Não obstante, no ano de
1979 entrou em vigor a Lei Complementar n. 35, conhecida como LOMAN (Lei Orgânica
da Magistratura Nacional).
De acordo com o STF, a LOMAN foi recepcionada pelo atual texto constitucional1, de modo que
“até o advento da lei complementar prevista no art. 93, caput, da Constituição de 1988, o Estatuto
da Magistratura será disciplinado pelo texto da LC 35/1979, que foi recebida pela Constituição.”2
Portanto, para que seja possível compreender adequadamente o regime jurídico da
magistratura nacional será preciso fazer o estudo conjugado da Constituição Federal de 1988
com a LOMAN.
A LOMAN não somente prevê direitos e deveres aos magistrados, mas também assegura
o pleno exercício da jurisdição, evitando a usurpação das competências constitucionais
conferidas ao Judiciário nacional.
A importância de haver uma Lei Complementar para reger a carreira da magistratura
reside no fato de o constituinte ter interpretado que determinadas matérias, em que pese a
sua relevância, não poderiam ser regulamentadas em sede constitucional, sob pena de se
tornar demasiadamente dificultoso eventual processo de alteração, tampouco poderiam ser
modificadas através de processo legislativo ordinário, que se revela muito simples considerando
a significância do tema.
Sabendo que, segundo a Constituição Federal, o regime jurídico da magistratura será definido
pelo estatuto da magistratura, devendo este ser o fruto de lei complementar de iniciativa do
Supremo Tribunal Federal (art. 93, CF), será reputado inconstitucional a criação de órgãos
de fiscalização por lei estadual, uma vez que nenhum diploma normativo que diga respeito a
regime jurídico da magistratura poderá ser editado por lei que não seja da iniciativa do STF.
É dizer: qualquer ato administrativo ou legal que não siga o parâmetro do art. 93 da Constituição
Federal será reputado inconstitucional.
Art. 93 da CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto
da Magistratura (...):
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 5 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
É preciso compreender que a jurisdição é nacional e não comporta divisões, bem como o
Poder Judiciário, que também não é federal e nem estadual, e sim nacional.
O Poder Judiciário, portanto, é um poder único composto por vários órgãos estatais federais
e estaduais, atribuindo-se a cada um deles uma fatia (competência) do total das numerosas
causas que são processadas no país. Essa distribuição é feita a partir de critérios como a
natureza da relação jurídica material controvertida, a qualidade de quem figurará como parte
e, notadamente, o interesse público, sempre com o objetivo de garantir maior especialidade e,
por consequência, maior eficiência na prestação jurisdicional.
Feito o alerta, podemos esquematizar a estrutura do Poder Judiciário nacional do
seguinte modo:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 6 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
O STF e os tribunais superiores (STJ, TST, TSE e STM) são órgãos de convergência, possuem
sede na Capital federal e exercem jurisdição sobre todo o território nacional.
Os órgãos de convergência, com exceção do STF e do STJ, correspondem aos órgãos de
cúpula das justiças especializadas (Justiça do Trabalho, Eleitoral e Militar), de modo que cada
uma delas possui o seu próprio tribunal superior, que será o competente para proferir a última
decisão nas causas a ele submetidas.
Destaca-se que o STF e o STJ não integram qualquer justiça especializada, sendo o STF
o órgão de convergência em matéria constitucional e o STJ o órgão de convergência em
matéria infraconstitucional. Com efeito, estes dois tribunais também podem ser classificados
como órgãos de superposição, uma vez que as decisões por eles proferidas se sobrepõem a
dos órgãos inferiores que compõem a justiça comum e a especial.
Por seu turno, o Conselho Nacional de Justiça, criado pela EC n. 45/2004, ocupa posição
abaixo do STF e acima dos outros tribunais, sendo incumbido, em suma, de exercer o controle
da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres
funcionais dos juízes, não exercendo jurisdição.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 7 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Quanto aos Tribunais de Justiça (TJs), os Estados, por força do seu poder de auto-
organização, serão os responsáveis por definir como se dará a organização da sua Justiça,
observados os princípios estabelecidos na Constituição Federal.
A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, de modo que cada
um deverá ter, no mínimo, 7 desembargadores (não há número máximo!), sendo a lei de
organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
O Tribunal de Justiça instalará justiça itinerante, com a realização de audiências e demais
funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se
de equipamentos públicos e comunitários.
3
Art. 4º da EC n. 45/2004. Ficam extintos os tribunais de Alçada, onde houver, passando os seus membros a integrar os Tri-
bunais de Justiça dos respectivos Estados, respeitadas a antiguidade e classe de origem.
Parágrafo único. No prazo de cento e oitenta dias, contado da promulgação desta Emenda, os Tribunais de Justiça, por
ato administrativo, promoverão a integração dos membros dos tribunais extintos em seus quadros, fixando-lhes a
competência e remetendo, em igual prazo, ao Poder Legislativo, proposta de alteração da organização e da divisão
judiciária correspondentes, assegurados os direitos dos inativos e pensionistas e o aproveitamento dos servidores no
Poder Judiciário estadual.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 8 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
O TSE elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do STF que estão
atuando em sua estrutura, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do STJ que, igualmente,
esteja compondo-o.
Deverá haver um Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em cada Estado da Federação, cuja
sede será na respectiva capital, compondo-se de 7 juízes escolhidos mediante eleição, por
voto secreto, assim distribuídos:
• 2 desembargadores do Tribunal de Justiça, definidos em eleição interna;
• 2 juízes de direito escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
• 1 desembargador do TRF (ou juiz federal, se o Estado não for sede de TRF. É que nos
Estados que são sede de TRF, o membro da Justiça Federal que oficia perante o TRE é o
desembargador federal. Não sendo este o caso, é um juiz federal)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 9 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
• 2 advogados escolhidos pelo Presidente da República dentre lista fornecida pelo Tribunal
de Justiça.
Os 5 ministros civis serão escolhidos pelo Presidente República dentre brasileiros maiores
de 35 anos, sendo:
• 3 dentre advogados de notório saber jurídico, conduta ilibada e com mais de 10 anos de
efetiva atividade profissional;
• 1 juiz-auditor militar; e
• 1 juiz membro do Ministério Público da Justiça Militar.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 10 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Federal, dentre brasileiros natos com mais de 35 anos e menos de 70 anos, de notável saber
jurídico e reputação ilibada.
Por uma questão de segurança nacional, tendo em vista que o ministro do STF está na
linha sucessória do Presidente da República, somente o brasileiro nato poderá ser nomeado.
Parte da doutrina defende a inviabilidade de o número de ministros ser majorado, pois
somente assim se evitaria o aumento casuístico com o fito de criar maiorias eventuais.
Ainda sobre os órgãos integrantes do Poder Judiciário, o art. 98, da CF, permite que a
União, no Distrito Federal e nos Territórios, e que os Estados criem a denominada justiça de
paz, que será:
• Remunerada;
• Composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de
quatro anos; e que
• Terão competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou
em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições
conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
2.2. Carreiras
O STF e os tribunais superiores (STJ, TST, TSE e STM) são compostos por ministros. Os tribunais
inferiores (TRF, TJ, TRT e TRE) por desembargadores e na primeira instância estão os juízes.
O Estado quando atribui aos citados sujeitos a função de prover os órgãos que integram a
estrutura do Judiciário, está permitindo que atuem em nome dele, motivo pelo qual qualquer ato
que pratiquem investidos de jurisdição será atribuído ao próprio Estado, daí porque a natureza
do cargo de juiz ser a de agente político, que exerce suas atribuições com prerrogativas e
responsabilidades próprias estabelecidas na Constituição Federal e em leis especiais.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 11 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
É de se ver que o provimento dos cargos públicos pode acontecer de duas formas, a saber:
originário e derivado.
O provimento originário ocorre pela nomeação do agente que não está no quadro, mas
que foi aprovado em concurso público para nele ingressar. Na magistratura, é a forma mais
comum de acesso a carreira.
Já o provimento derivado ocorre quando o agente já está no quadro e nele vai movimentar-
se, de forma horizontal ou vertical. No contexto do Poder Judiciário, significa dizer que existem
as entrâncias inicial, intermediária e final, de modo que:
• A movimentação é horizontal quando o juiz fica na mesma entrância, como ocorre na
remoção e na permuta.
• A movimentação é vertical quando o juiz vai de uma entrância para outra, por promoção
ou acesso ao Tribunal.
Entrância Instância
Corresponde ao grau de jurisdição. A
É cada um dos segmentos (divisões) que
jurisdição é dividida em graus, sendo cada um
compõem o primeiro grau de jurisdição.
deles uma instância.
Na primeira instância, ficarão os juízes
singulares que atuam em Varas ou nos
Por exemplo, na Justiça Estadual existem as
Juizados Especiais e que terão o primeiro
comarcas e estas, administrativamente, a
contato com o processo.
depender do número de Varas que a integram,
Na segunda instância atuam os
serão classificadas em entrâncias. Será de
desembargadores que compõem as turmas
primeira entrância a comarca que possui Vara
colegiadas dos tribunais inferiores. Cuidado,
Única, de segunda entrância as que possuírem
pois nos Juizados Especiais não se fala em
mais de uma Vara e de terceira entrância
desembargadores, mas em juízes que irão
ou comarcas de entrância especial as que
compor a turma recursal. De todo modo,
possuírem acima de cinco Varas.
nos dois casos serão desses magistrados
Cada entrância significa um grau da carreira
de segunda instância a competência para
do juiz, de modo que as entrâncias inferiores
reexaminar os recursos interpostos contra a
costumam ser aquelas que abrangem
sentença proferida no primeiro grau.
Varas localizadas no interior do Estado e as
Por fim, na terceira instância atuam os
entrâncias superiores aquelas que abrangem
ministros que integram os tribunais superiores
Varas fixadas nas capitais.
(STF, STJ, TST, TSE, STM).
Na Justiça Federal, ao invés de comarcas, fala-
Há quem prefira denominar o STF de instância
se em Seções judiciárias (capitais) e Subseções
extraordinária pelo fato de as suas decisões
Judiciárias (interior).
finais não poderem ser recorridas a nenhum
outro órgão do judiciário.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 12 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, se dará mediante concurso público
de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em todas as fases,
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas
nomeações, à ordem de classificação.
O método de recrutamento dos juízes por meio de seleção, impõe a escolha dos mais
capacitados, garantindo que todos disputarão as vagas com idênticas oportunidades. É uma
caracterização da meritocracia, atendendo ao ideal democrático.
Consoante o art. art. 78, § 1º, da LOMAN, “a lei pode exigir dos candidatos, para a inscrição
no concurso, título de habilitação em curso oficial de preparação para a Magistratura”. Destarte,
é possível que os tribunas estabeleçam curso preparatório, que será tido como uma etapa do
processo seletivo.
• Cargo inicial: juiz substituto
Considera-se atividade jurídica aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito, bem
como o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a
utilização preponderante de conhecimento jurídico, vedada a contagem do estágio acadêmico ou
qualquer outra atividade anterior à colação de grau.
Ponto polêmico diz respeito a como se dará a exata contagem do prazo, prevalecendo na
atual jurisprudência do STF que ela será feita a partir da conclusão do curso de Direito (e não
da colação de grau!) até a data da inscrição definitiva. Foi o que o Pretório Excelso decidiu na
ADI n. 3.460/DF e reiterou, com repercussão geral, no julgamento do RE 655265/DF.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 13 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
JURISPRUDÊNCIA
Tese: “A comprovação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de
juiz substituto, nos termos do inciso I do art. 93 da Constituição Federal, deve ocorrer no
momento da inscrição definitiva no concurso público.”
STF. Plenário. Tema n. 509. RE 655265/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min.
Edson Fachin, julgado em 13/4/2016 (repercussão geral) (Info 821).
Art. 59. Considera-se atividade jurídica, para os efeitos do art. 58, § 1º, alínea “i”:
I – aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito;
II – o efetivo exercício de advocacia, inclusive voluntária, mediante a participação anual mínima
em 5 (cinco) atos privativos de advogado (Lei n. 8.906, 4 de julho de 1994, art. 1º) em causas ou
questões distintas;
III – o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a
utilização preponderante de conhecimento jurídico;
IV – o exercício da função de conciliador junto a tribunais judiciais, juizados especiais, varas
especiais, anexos de juizados especiais ou de varas judiciais, no mínimo por 16 (dezesseis) horas
mensais e durante 1 (um) ano;
V – o exercício da atividade de mediação ou de arbitragem na composição de litígios.
§ 1º É vedada, para efeito de comprovação de atividade jurídica, a contagem do estágio acadêmico
ou qualquer outra atividade anterior à obtenção do grau de bacharel em Direito.
§ 2º A comprovação do tempo de atividade jurídica relativamente a cargos, empregos ou funções
não privativos de bacharel em Direito será realizada mediante certidão circunstanciada, expedida
pelo órgão competente, indicando as respectivas atribuições e a prática reiterada de atos que exijam
a utilização preponderante de conhecimento jurídico, cabendo à Comissão de Concurso, em decisão
fundamentada, analisar a validade do documento.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 14 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 15 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
dos juízes de primeira instância e também por meio da nomeação de advogados ou membros
do Ministério Público (quinto constitucional).
2.2.3.1. Promoções
De acordo com o art. 93, inciso II, da Constituição Federal, a promoção ocorrerá de entrância
para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento. Em verdade, esses critérios
são válidos tanto para a promoção horizontal (de entrância para entrância) quanto para a
promoção vertical (de um grau de jurisdição para outro).
As promoções, portanto, correspondem a espécie de provimento derivado de cargo público,
traduzindo-se, a depender do caso, numa ascensão vertical ou horizontal na carreira.
Assim, surgindo uma nova vaga para promoção em outra entrância, ela será preenchida a
partir de um procedimento que ora considerará a antiguidade como fator determinante para a
ascensão do magistrado, ora considerará o merecimento deste.
Abaixo, vejamos como a promoção entre entrâncias se desenvolve, mas desde já
compreenda que a sistemática igualmente se aplica à promoção para outra instância, apenas
ressalvando o texto constitucional que a antiguidade e o merecimento serão apurados na
última ou única entrância.4
2.2.3.1.1. Antiguidade
A antiguidade é critério meramente cronológico, sendo o mais antigo aquele que estiver a
mais tempo na carreira, de modo que a lista de antiguidade será elaborada de acordo com a
ordem de ingresso na carreira ou no segmento considerado (entrância), a depender do caso.
Na apuração da antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo
voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e
assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação (art. 93, II, “d”, CF).
O STF guarda entendimento de que para verificar a satisfação do quórum de dois terços,
não deverão ser computados:
• Os cargos vagos; e
• Os cargos providos, mas cujos ocupantes estejam cautelarmente afastados do exercício
da função jurisdicional.
4
Art. 93 da CF. (...) III – o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento, alternadamente,
apurados na última ou única entrância;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 16 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Noutra via, deverão ser levados em consideração, os cargos preenchidos por membros
afastados em caráter eventual, nesses incluídos todos aqueles que, juridicamente aptos a
exercer suas atribuições, estejam impedidos por motivos transitórios.
JURISPRUDÊNCIA
Ementa: “CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – ATUAÇÃO. O Conselho Nacional de Justiça
atua no campo administrativo, devendo ter presente a independência versada no artigo 935
do Código Civil. PROMOÇÃO – MAGISTRADO – ANTIGUIDADE – QUÓRUM – APURAÇÃO.
O quórum de dois terços de membros efetivos do Tribunal ou de seu órgão especial,
para o fim de rejeição de juiz relativamente à promoção por antiguidade, há de ser
computado consideradas as cadeiras preenchidas e aqueles em condições legais de
votar, observadas ausências eventuais.”
(MS 31357, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 05/08/2014,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-196 DIVULG 07-10-2014 PUBLIC 08-10-2014) (Grifos nossos)
Para o STF, acerca do critério de antiguidade e o conflito de leis no tempo, deve prevalecer
a norma vigente ao tempo da posse dos interessados.
JURISPRUDÊNCIA
Ementa: “MANDADO DE SEGURANÇA. PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE DE MAGISTRADOS.
CRITÉRIO DE DESEMPATE. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO AO ESTADO. NORMA
POSTERIOR. EFEITOS RETROATIVOS. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AOS PRINCÍPIOS
DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA, DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA PROTEÇÃO DA
CONFIANÇA. CRITÉRIOS DIFERENTES DAQUELES PREVISTOS NA LEI ORGÂNICA DA
MAGISTRATURA NACIONAL – LOMAN. CONTRARIEDADE AO ART. 93 DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA. ORDEM DENEGADA.
1. O princípio da irretroatividade das normas e da segurança jurídica, na sua dimensão
subjetiva densificada pelo princípio da proteção da confiança, veda que norma posterior
que fixe critérios de desempate entre magistrados produza efeitos retroativos capazes
de desconstituir uma lista de antiguidade já publicada e em vigor por vários anos. 2.
Cuida-se de writ contra decisão do Conselho Nacional de Justiça que afastou critério de
desempate aplicado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso em promoção de
magistrados. 3. O tempo de serviço público como critério de desempate em detrimento
da ordem de classificação no concurso para o cargo de juiz foi introduzido pela Lei
Complementar estadual n. 281, de 27/09/2007, que inseriu o parágrafo único no art. 159
do Código de Organização Judiciária do Estado do Mato Grosso (Lei n. 4.964/85). 4. A
legislação estadual não pode modificar matéria de competência de Lei Complementar
nacional da magistratura, disciplinando critérios de desempate entre magistrados,
esvaziando o animus do constituinte de criar regras de caráter nacional. Precedentes:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 17 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
ADI n. 4042, Relator Min. Gilmar Mendes, DJ 30/04/2009; ADI n. 2.494, Relator Min. Eros
Grau, DJ 13/10/2006 e na ADI 1422 Relator Min. Ilmar Galvão, 12/11/1999. 5. Ordem
denegada.”
(MS 28494, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 02/09/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 16-09-2014 PUBLIC 17-09-2014)
2.2.3.1.2. Merecimento
Merecimento, como o próprio nome já antecipa, diz respeito ao mérito, mas não se resume
a isto, vez que a sua aferição obedece a parâmetro duplo, devendo o mérito ser verificado em
conjunto com um mínimo de antiguidade.
É que o texto constitucional (art. 93, II, “b”) determinou que a promoção por merecimento
pressupõe:
• Dois anos de exercício na respectiva entrância; e
• Integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta;
A conjugação desses requisitos se impõe como forma de evitar que um juiz recém
empossado ou sem tempo considerável de carreira seja promovido sob a justificativa do
merecimento.
Excepcionalmente, será possível a promoção do juiz que não satisfez os dois requisitos acima
elencados. Isso ocorrerá quando todos aqueles que atendam aos pressupostos não quiserem
ocupar o lugar vago, recusando a promoção.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 18 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 19 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
Renato Borelli
Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez
anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
das respectivas classes.
O quinto constitucional corresponde, assim, à destinação de 20% dos lugares dos Tribunais
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados e do Tribunal do Distrito Federal e Territórios,
aos membros do Ministério Público e aos advogados, desde que tenham:
• Mais de 10 anos de efetiva atividade profissional (advocacia) ou de carreira (Ministério
Público);
• Reputação ilibada; e
• Notório saber jurídico;
O PULO DO GATO
Em prova escrita, embora o cerne da questão fosse a vitaliciedade, foi questionada como
funciona a escolha pelo quinto constitucional.
A resposta é simples:
1º) Os órgãos de classes (OAB e MP) indicam seis pessoas que satisfaçam os requisitos
constitucionais, encaminhando a lista sêxtupla para o tribunal;
5
Art. 120 da CF. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
§ 1º – Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
I – mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II – de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz
federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
III – por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 20 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
2º) O tribunal reduzirá a indicação para três nomes, formando lista tríplice.
3º) Por fim, o chefe do Poder Executivo escolherá um dos sujeitos recomendados.
Segundo o STF, se na lista sêxtupla não existir candidato que preencha os requisitos
constitucionais, o tribunal poderá devolvê-la para complementação ou reformulação pelos
órgãos de classe. Sendo assim, pode o tribunal recusar-se a elaborar a lista tríplice dentre os
seis indicados, se tiver razões objetivas para recusar a algum, a alguns ou a todos eles, diante
da ausência das qualificações pessoais reclamadas pelo art. 94 da Constituição.
Deveras, a devolução motivada da lista sêxtupla à corporação que a confeccionou, para que a
refaça, total ou parcialmente, conforme o número de candidatos desqualificados é a solução
mais harmônica com os preceitos da CF.
No que tange à nomeação dos membros dos tribunais superiores, não existe qualquer
pertinência com a carreira da magistratura.
O tema já foi estudado em tópico anterior.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 21 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
2.3. Remoção
A LOMAN prevê duas formas de movimentação interna na carreira: promoção e remoção.
Prevalece na doutrina que a primeira ocorre no plano horizontal, entre entrâncias de igual
classificação, e a segunda no plano vertical, entre entrâncias de diferentes níveis, a partir de
critérios alternados de antiguidade e merecimento. Nesse sentido, a Constituição Federal (art.
93, VIII-A) determina que a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de
igual entrância atenderá, no que couber, aos mesmos critérios estabelecidos para a promoção
e que já foram devidamente estudados.
Com efeito, preenchidos os requisitos necessários, o magistrado poderá solicitar que seja
removido ou promovido.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 22 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
JURISPRUDÊNCIA
Ementa: ADMINISTRATIVO. MAGISTRADO. LOMAN (LC 35/79). PROVIMENTO DE VAGA
EM PRIMEIRA ENTRÂNCIA. REMOÇÃO. ATO VINCULADO.
- A regra contida no § 2º do art. 81 da LC 35/79 – LOMAN -, que dispõe sobre a forma de
provimento de vaga de Juiz decorrente de remoção, deve ser compreendida, na hipótese
de vaga aberta no grau ou comarca inicial, em sintonia com o caput do artigo, que prevê
expressa preferência pelo critério de remoção.
- O espírito da norma em referência aponta para a compreensão de que entre magistrados
recém-nomeados e aqueles que já integram os quadros, devem estes, por serem mais
antigos, ter prioridade na escolha da unidade judiciária vaga, não se situando a matéria
no campo discricionário da Administração.
- Recurso ordinário provido. Segurança concedida.
(RMS 7.976/RS, Rel. Ministro VICENTE LEAL, SEXTA TURMA, julgado em 24/05/2001, DJ
11/06/2001, p. 259) (Grifos nossos)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 23 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Parágrafo único. Ultimado o preenchimento das vagas, se mais de uma deva ser provida por
merecimento, a lista conterá número de Juízes igual ao das vagas mais dois.
Art. 83 – A notícia da ocorrência de vaga a ser preenchida, mediante promoção ou remoção, deve ser
imediatamente veiculada pelo órgão oficial próprio, com indicação, no caso de provimento através
de promoção, das que devam ser preenchidas segundo o critério de antigüidade ou de merecimento.
Art. 84 – O acesso de Juízes Federais ao Tribunal Federal de Recursos far-se-á por escolha do
Presidente da República dentre os indicados em lista tríplice, elaborada pelo Tribunal.
Art. 85 – O acesso de Juízes Auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar ao
Superior Tribunal Militarfar-se-á por livre escolha do Presidente da República.
Art. 86 – O acesso dos Juízes do Trabalho Presidentes de Juntas de Conciliação e Julgamento
ao Tribunal Regional do Trabalho, e dos Juízes do Trabalho substitutos àqueles cargos, far-se-á,
alternadamente, por antigüidade e por merecimento, este através de lista tríplice votada por Juízes
vitalícios do Tribunal e encaminhada ao Presidente da República.
Art. 87 – Na Justiça dos Estados e do Distrito Federal e dos Territórios, o acesso dos Juízes de
Direito aos Tribunais de Justiça far-se-á, alternadamente, por antigüidade e merecimento.
§ 1º – A lei poderá condicionar o acesso por merecimento aos Tribunais, como a promoção por igual
critério, à freqüência, com aprovação, a curso ministrado por escola oficial de aperfeiçoamento de
magistrado.
§ 2º – O disposto no parágrafo anterior aplica-se ao acesso dos Juízes Federais ao Tribunal Federal
de Recursos.
Art. 88 – Nas promoções ou acessos, havendo mais de uma vaga a ser preenchida por merecimento,
a lista conterá, se possível, número de magistrados igual ao das vagas mais dois para cada uma
delas.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 40-STF: A elevação da entrância da comarca não promove automaticamente o
Juiz, mas não interrompe o exercício de suas funções na mesma comarca.
Logo, mesmo tendo havido essa transformação, o TJ não poderá abrir edital para remoção
ou promoção, devendo aguardar o magistrado decidir deixar a vaga.
JURISPRUDÊNCIA
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO – ATUAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE
JUSTIÇA – LIMITES OBJETIVOS. O Conselho Nacional de Justiça não está sujeito aos
limites objetivos do processo civil, podendo, em prol dos princípios básicos referentes à
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 24 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Memorize! O magistrado é inicialmente nomeado para uma comarca de entrância (“nível”) inicial,
podendo ser removido para comarcas de mesma entrância e, com o tempo, ser promovido
para comarcas de entrância superior, a saber: de segunda entrância (ou intermediária) e de
terceira entrância (ou de entrância especial). A nomenclatura irá variar de acordo com o TJ.
Cumprir e fazer cumprir as disposições e os atos tem uma amplitude bastante abrangente,
incluindo desde as fases processuais de conhecimento à execução, bem como outros atos
que não tenham natureza judicial, a exemplo das atividades dos auxiliares da justiça, como é o
caso das atividades dos escrivães.
• Não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar (art. 35, II, da
LOMAN).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 25 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
A regra, infelizmente, tem sido o extrapolamento dos prazos, em razão do grande volume
de processos hoje tramitando no Poder Judiciário, indo muito além daquilo que o legislador
infraconstitucional imaginava que poderia vir a ocorrer. Para ilustrar, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) recomenda que cada magistrado trabalhe com cerca de 500 feitos distribuídos
por ano, o que, via de regra, está longe de ser a realidade brasileira.
Existem, contudo, certas técnicas de organização judiciária e de racionalização do
trabalho que podem e precisam ser utilizadas. Atentos a isso, os tribunais, até por questões
orçamentárias, estão procurando soluções para a questão.
Uma delas é possibilitar que os atos de mero expediente sejam delegados aos escrivães.
É o que se chama de delegação de atos à serventia. Tal hipótese, que já era prevista no Código
de Processo Civil de 1973, foi explicitamente consignada na Constituição Federal por meio da
EC n. 45/2004, podendo o magistrado disciplinar a matéria através de portaria, sendo lícito,
também, que as corregedorias, nos Estados-membros, igualmente estabeleçam normas sobre
o tema. Deveras, é uma tecnologia cujo uso deve ser estimulado como forma de diminuir a
quantidade de processos conclusos.
Há mais, hoje se discute o processo digital, que paulatinamente vem se tornando a
realidade no Judiciário nacional, mostrando-se como eficiente saída para otimizar o tempo de
julgamento e racionalizar o espaço físico nas Varas.
Outrossim, devido a enorme demanda processual, o STJ tem utilizado um sistema de
fundamentação adequada, mas não exaustiva. É dizer: os acórdãos são redigidos de forma
bem elaborada, porém, com a fundamentação limitada à extensão necessária para a resolução
do litígio.
Ainda, o CNJ, atualmente, vem exigindo do magistrado conhecimento administrativo e de
gestão no exercício da atividade jurisdicional. Isto é, hodiernamente considera-se eficiente o
magistrado que além de possuir conhecimentos jurídicos e postura ética, demonstra capacidade
para organizar e resolver os infortúnios que rotineiramente surgem nas Vara Judiciais. Por isso
é salutar que o juiz tenha, por exemplo, noções mínimas de informática, já que em função
das inúmeras demandas repetitivas, as sentenças passaram a ser produzidas em série. Nesse
sentido, um dos recursos existentes são as tabelas processuais unificadas, que a partir da
utilização de certas classificações comuns nos processos permitem a identificação de causas
semelhantes, prolatando-se sentenças de igual teor, apenas com pequenas adaptações para
o caso concreto.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 26 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
No contexto ora analisado, ganha relevância o art. 139, III, do CPC, que firma ser dever
do juiz “velar pela duração razoável do processo”, direito fundamental assegurado a todos os
indivíduos no art. 5º, LXXVIII, da CF.
Destarte, o juiz deve conduzir o processo da forma mais célere possível, evitando delongas,
sob pena de cometer falta funcional.
O CNJ considera prazo não razoável aquele que ultrapassa em 4 anos o prazo final (a
conclusão é extraída da Meta 2 do CNJ que teve por objetivo a identificação e o julgamento dos
processos judiciais mais antigos distribuídos até 31.12.2005 e não julgados até 31.12.2009).
Assim, a Meta 2, na medida do possível, está sendo aplicada por todos os tribunais do país,
sendo este o conceito de razoável duração do processo atualmente, mas alerta-se que não
há nenhuma vinculação científica ou metodológica para tal critério, de fato que não existe
explicação de como se chegou a essa conclusão.
Quanto a prolação de sentenças, o prazo máximo admissível pelo CNJ para que uma
sentença seja prolatada é de 100 dias.
Já o Tribunal Europeu de Direitos Humanos indica três critérios objetivos para aferir a
razoabilidade: (1) a complexidade da causa; (2) o comportamento das partes; e (3) o modo de
condução do processo pela autoridade. Esses critérios oferecem um maior balizamento para
“a doutrina do não prazo”, adotada pela Corte Europeia e pelos tribunais brasileiros.
Aliás, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos, via de regra, ao analisar um processo em
que se alega violada a duração razoável do processo, o examina por meio de três passos: (1)
analisa a efetiva duração do processo fixando o período a ser considerado; (2) após, considera
os critérios objetivos para aferição da razoabilidade do prazo; (3) finalmente, pronuncia-se
sobre a violação do direito e sobre o pedido formulado.
• Prestar, até o dia dez de cada mês, informações aos órgãos de segunda instância a
respeito de suas atividades e dos processos que excederam carga (art. 39 da LOMAN).
Art. 39, LC n. 35/1979. Os juízes remeterão, até o dia dez de cada mês, ao órgão corregedor
competente de segunda instância, informação a respeito dos feitos em seu poder, cujos prazos
para despacho ou decisão hajam sido excedidos, bem como indicação do número de sentenças
proferidas no mês anterior.
• Tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as
testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem,
a qualquer momento, quando se trate de providência que reclame e possibilite solução
de urgência (art. 35, IV, da LOMAN).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 27 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
No que diz respeito à possibilidade de residirem local fora da sede da comarca, cada
tribunal tem critérios específicos para a regulamentação dessa autorização, segundo o CNJ.
• Comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se
ausentar injustificadamente antes de seu término (art. 35, VI, da LOMAN).
• Exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à
cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes (art. 35,
VII, da LOMAN).
Há distinção também quanto ao termo “despesas processuais”, pois estas são os dispêndios
que não constituem custas nem emolumentos, sendo feitos para saldar determinados eventos
processuais, como por exemplo, o deslocamento do oficial de justiça, que é pago através de
despesas processuais.
O fato é que em todos esses casos o magistrado tem o dever funcional de velar pela exata
cobrança, ou seja, havendo cobrança excessiva ou a menor, ou cobrança irregular, ele tem
o dever de apurar os fatos, determinar o recolhimento correto e apurar administrativamente
eventuais faltas funcionais.
• Manter conduta irrepreensível na vida pública e particular (art. 35, VIII, da LOMAN).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 28 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
talvez seja a baliza mais importante para a construção do código de ética da magistratura,
porque manter conduta irrepreensível é uma clausula aberta, que permite ampla interpretação,
que irá variar conforme o momento histórico e social.
• Fundamentar as suas decisões, sob pena de nulidade (art. 93, IX, da CF)
Nos termos do art. 93, IX, da Constituição Federal, o juiz tem o dever de fundamentar suas
decisões, sob pena de serem declaradas nulas.
A ausência de fundamentação, portanto, muito mais do que a não observância de um dos
pressupostos de validade do processo, constitui quebra de dever funcional.
A tentativa de conciliar as partes é obrigatória para o juiz, tratando-se de dever que após
a entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015 adquiriu ainda mais importância, na
medida que a nova lei processual sedimentou na ordem jurídica nacional verdadeira política
nacional de solução consensual dos conflitos, asseverando em seu art. 3º, §§ 2º e 3º que:
www.grancursosonline.com.br 29 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
suas pretensões, não deve o juiz prejulgar a causa, tampouco exteriorizar seu entendimento
sobre o mérito.
• Dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova,
adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à
tutela do direito (art. 139, VI, do CPC)
Cuidado, pois a dilação de prazos somente pode ser determinada antes de encerrado o
prazo regular.
• Exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da
segurança interna dos fóruns e tribunais (art. 139, VII, do CPC)
• Determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre
os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso (art. 139, VIII, do CPC)
• Determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios
processuais (art. 139, IX, do CPC)
• Quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério
Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se
referem o art. 5º da Lei n. 7.347/1985, que disciplina a ação civil pública, e o art. 82 da
Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor), para, se for o caso, promover a
propositura da ação coletiva respectiva (art. 139, X, do CPC)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 30 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 31 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Até o dia 20 de cada mês, deve haver o repasse de duodécimos de verbas orçamentárias
ao Poder Judiciário (art. 168 da CF), sob pena de intervenção estadual ou federal, sendo uma
garantia importante para fazer frente às suas despesas.
Conforme o § 2º, do art. 98, da CF, “as custas e emolumentos serão destinados
exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça”. Essa
previsão é importante, porque antes havia discussão sobre a possibilidade dos valores
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 32 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
recolhidos a título de custas e emolumentos terem outra destinação, mas atualmente é pacífico
que tudo que for arrecadado deve ser utilizado para o custeio das atividades judiciais.
Ainda que tange à cobrança de valores para a atividade jurisdicional, interessante destacar
a existência das serventias, pois, segundo o art. 31, do ADCT, “serão estatizadas as serventias
do foro judicial, assim definidas em lei, respeitados os direitos dos atuais titulares”.
São duas as espécies de serventias: foros judiciais e foros extrajudiciais.
As serventias dos foros judiciais são estatizadas e equivalem às atividades dos escrivães.
Por outro lado, as serventias dos foros extrajudiciais não são estatizadas, mas exercidas
em caráter privado por delegação do Poder Público (art. 236 da CF6). É dizer: são privatizadas,
correspondendo às atividades dos agentes delegados.
Todas as despesas judiciais arrecadadas pelas serventias judiciais serão revertidas para
um fundo, com o objetivo de custear essas atividades.
Quanto às serventias extrajudiciais, apesar de privatizadas, também receberão valores
(emolumentos) que servirão como meio de remuneração dos agentes delegados. Importante
saber que existem lei estaduais que aplicam determinado percentual e taxam as atividades
dos foros extrajudiciais, devendo os valores arrecadados serem, igualmente, encaminhados
para fundos específicos.
6
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 33 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
As garantias da magistratura visam resguardar o Poder Judiciário e não a pessoa física do juiz,
ou seja, não são benefícios ou privilégios de caráter pessoal. Ao contrário, são instrumentos
indispensáveis para garantir o exercício da jurisdição por meio de agentes imparciais e imunes
à represálias e solicitação de favores.
3.2.2.1. Independência
É o juiz de primeiro grau que ingressou na carreira após aprovação em concurso público e
que está no exercício efetivo exercício do cargo há mais de dois anos. O juiz que ingressou na
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 34 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
magistratura pelo quinto constitucional é vitalício desde a posse, dele não se exigindo o lapso
temporal acima indicado.
Durante o período de vitaliciamento, o magistrado recém empossado ficará sob a análise
do tribunal. Alguns tribunais, inclusive, criaram a figura do juiz formador, a quem incumbirá
examinar o comportamento e a conduta do juiz substituto a ele atrelado.
Do juiz vitaliciando, o que se exige é a demonstração da qualidade da atividade jurisdicional
por meio da sua produtividade e eficiência, além da manutenção de conduta pública e privada
compatível com a importância do cargo.
Compreendem tanto o STF e o STJ que o prazo de vitaliciamento é peremptório e constitucional.
A vitaliciedade vincula o titular do cargo por toda a sua vida funcional, até completar 75
anos de idade, no caso dos ministros do STF e dos tribunais superiores, ou até completar 70
anos de idade para os demais magistrados.
A EC n. 88/2015, que entrou em vigor em abril do ano de 2015, inovou ao prever que:
− Lei complementar poderia aumentar o limite de idade da aposentadoria compulsória
no serviço público de 70 anos de idade para 75 anos de idade (art. 40, § 1º, II, da CF);
− O patamar de 75 anos de idade incidiria de imediato, conforme estabelecido no art.
100 do ADCT, para os ministros do STF, dos tribunais superiores e do Tribunal de
Contas da União (TCU), “nas condições do art. 52 da Constituição Federal”. Isto é, a
EC n. 88/2015, nesses casos, condicionou a uma nova sabatina no Senado Federal a
permanência no cargo após os 70 anos de idade.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 35 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
JURISPRUDÊNCIA
1) suspender a aplicação da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal”
contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC n. 88/2015, por vulnerar as condições
materiais necessárias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional,
ultrajando a separação dos Poderes, cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da CRFB;
2) fixar a interpretação, quanto à parte remanescente da EC n. 88/2015, de que o art. 100
do ADCT não pode ser estendido a outros agentes públicos até que seja editada a lei
complementar a que alude o art. 40, § 1º, II, da CRFB, a qual, quanto à magistratura, é a lei
complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal nos termos do art. 93 da CRFB;
3) suspender a tramitação de todos os processos que envolvam a aplicação a magistrados
do art. 40, § 1º, II da CRFB e do art. 100 do ADCT, até o julgamento definitivo da presente
demanda, e
4) declarar sem efeito todo e qualquer pronunciamento judicial ou administrativo que
afaste, amplie ou reduza a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e, com
base neste fundamento, assegure a qualquer outro agente público o exercício das funções
relativas a cargo efetivo após ter completado setenta anos de idade. Vencidos, em parte,
os Ministros Teori Zavascki e Marco Aurélio, que davam interpretação conforme à parte
final do art. 100, introduzido pela EC n. 88/2015, para excluir enfoque que seja conducente
a concluir-se pela segunda sabatina, considerado o mesmo cargo em relação ao qual
houve a primeira sabatina.
(ADI 5316 MC, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 21/05/2015,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-154 DIVULG 05-08-2015 PUBLIC 06-08-2015)
Alguns meses depois, em dezembro do ano de 2015, regulamentando o art. 40, § 1º, II, da
CF, entrou em vigor a LC n. 152/2015, por meio do qual a União implementou a aposentadoria
aos 75 anos de idade para todos os servidores públicos titulares de cargos efetivos de todos
entes da federação, inclusive os membros do Poder Judiciário.
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), todavia, compreendendo que a aludida
norma federal padece de manifesta inconstitucionalidade por vício de iniciativa, tendo em
vista que somente seria possível aumentar o limite de idade para os juízes por meio de lei
complementar de iniciativa do STF, tal como previsto no caput do art. 93 da CF, ajuizou ADI
5.430, também pendente de julgamento, mas que, considerando o já firmado liminarmente na
ADI 5.316 é possível inferir, ao menos por enquanto, a impossibilidade de a LC n. 152/2015
abranger os juízes.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 36 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
O Juiz não vitalício pode ser promovido para tornar-se Juiz de Direito, Juiz Federal ou Juiz
do Trabalho, assim como o Juiz Substituto pode ser vitalício. Os temas não se confundem,
uma vez que vitaliciedade é adquirida pelo decurso do prazo de dois anos, contados da posse
no cargo de Juiz Substituto, quer tenha havido ou não a promoção do juiz nesse prazo.
Na sua prova, cuidado com atecnias. É incorreto utilizar o termo “efetivo” para juízes. O juiz
nunca se tornará efetivo, ele se tornará VITALÍCIO!
Por fim, anote que existem duas exceções à regra de que o juiz vitalício só poderá perder o
cargo por sentença judicial transitada em julgada; a saber:
− Ministros do STF; e
− Membros do CNJ.
Ambos poderão ser processados por crimes de responsabilidade perante o Senado Federal,
admitindo-se a destituição do cargo (art. 52, II da CF). Destaque-se, nesse ponto, que é correto
dizer que os membros do CNJ possuem as mesmas prerrogativas dos magistrados, por conta
de seu regimento interno.
Vejamos o teor do dispositivo constitucional:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 37 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
VIII – o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público,
fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça, assegurada ampla defesa;
A irredutibilidade de subsídios assegura aos magistrados que os seus subsídios não terão
o valor reduzido, salvo as exceções constitucionais – “ressalvado o disposto nos artigos 37, X
e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I”.
Conforme entendimento do CNJ e do STF, ao magistrado é imposto o dever de se dedicar
precipuamente à jurisdição, não podendo deixar as atividades jurisdicionais de lado para dar
prioridade, por exemplo, às atividades de magistério. Com efeito, o subsídio deve ser compatível
com essa a exigência.
Destarte, a irredutibilidade de subsídios traduz-se da seguinte forma: uma vez fixado o
valor em lei, o magistrado tem o direito constitucional de receber remuneração compatível
com as exigências do cargo.
O próprio STF, no entanto, afirma tratar-se de uma irredutibilidade nominal (jurídica) e
não real. Pela irredutibilidade nominal, se o subsídio for de R$ 20 mil, por exemplo, garante-
se ao magistrado auferir mensalmente este valor, que não precisará, contudo, acompanhar
as oscilações da inflação. Haveria o dever de indexação da inflação no subsídio, somente no
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 38 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
caso de ser uma irredutibilidade real, o que garantiria também a permanência do seu poder
aquisitivo.
Importante anotar que a EC n. 19/1998, acrescentou o § 4º ao art. 39 da Constituição
Federal, pelo qual:
EXEMPLO
Se ao subsídio habitual de um desembargador tiverem que ser somadas outras gratificações,
o valor final não poderá ultrapassar o teto máximo (subsídio dos Ministros do STF).
Há, porém, uma situação excepcional prevista no art. 37, § 11º, da CF. Trata-se das parcelas
de caráter indenizatório previstas em lei. Como ainda não existe lei dispondo sobre o assunto,
compreende-se que qualquer parcela indenizatória poderá sobrepujar o teto, bastando, para
tanto, que os Tribunais Superiores entendam se tratar, realmente, de parcela indenizatória.
Sobre o tema:
Art. 93 da CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto
da Magistratura, observados os seguintes princípios: (...)
V – o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento
do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos
demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme
as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 39 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por
cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o
disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;
Art. 37 da CF. (...)
XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal
de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal,
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável
este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Grifos
nossos)
(...)
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput
deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
Em que pese o texto constitucional prever no art. 37, XI, que o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça não poderá ultrapassar 90,25% do subsídio dos Ministros do STF, no
julgamento da ADI 3.854/DF, proposta pela Associação dos Magistrados Nacionais (AMB), ficou
definido que tal limitação não se aplica aos membros da magistratura estadual, mas somente
aos servidores do Poder Judiciário, tendo em vista que a aplicação de limites remuneratórios
distintos entre magistrados federais e estaduais confrontaria o caráter nacional e unitário do
Poder Judiciário.
Ainda no que tange ao subsídio e às suas limitações, anota-se que a LOMAN (art. 65)
conferiu os seguintes benefícios remuneratórios aos magistrados:
Art. 65. Além dos vencimentos, poderão ser outorgadas aos magistrados, nos termos da lei, as
seguintes vantagens:
I – ajuda de custo, para despesas de transporte e mudança;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 40 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
II – ajuda de custo, para moradia, nas localidades em que não houver residência oficial à disposição
do Magistrado.
III – salário-família;
IV – diárias;
V – representação;
VI – gratificação pela prestação de serviço à Justiça Eleitoral;
VII – gratificação pela prestação de serviço à Justiça do Trabalho, nas Comarcas onde não forem
instituídas Juntas de Conciliação e Julgamento;
VIII – gratificação adicional de cinco por cento por qüinqüênio de serviço, até o máximo de sete;
IX – gratificação de magistério, por aula proferida em curso oficial de preparação para a Magistratura
ou em Escola Oficial de Aperfeiçoamento de Magistrados (arts. 78, § 1º, e 87, § 1º), exceto quando
receba remuneração específica para esta atividade;
X – gratificação pelo efetivo exercício em Comarca de difícil provimento, assim definida e indicada
em lei.
§ 1º A verba de representação, salvo quando concedida em razão do exercício de cargo em função
temporária, integra os vencimentos para todos os efeitos legais.
§ 2º É vedada a concessão de adicionais ou vantagens pecuniárias não previstas na presente Lei,
bem como em bases e limites superiores aos nela fixados.
O dispositivo citado acima foi elaborado em período no qual a remuneração dos magistrados
ainda ocorria por meio de vencimentos e não através de subsídio, regime que entrou em vigor
a partir de janeiro de 2005,quandoforam deixados de serem pagos todos os benefícios de
natureza remuneratória, a exemplo da gratificação adicional por tempo de serviço (inciso VIII),
vantagem pecuniária que continuou a ser recebida somente pelos magistrados que, no advento
da nova sistemática constitucional, já possuía direito adquirido e apenas até o valor excedente
ser absorvido integralmente pelo subsídio fixado em lei, garantindo-se assim a irredutibilidade
nominal (MS 24.875/DF).
Por outro lado, subsistem, em conjunto com o subsídio, as parcelas de caráter indenizatório,
tal como ocorre com a ajuda de custo para mudança (inciso I) e as diárias (inciso IV).
Quanto ao auxílio-moradia (inciso II), o seu pagamento vinha sendo feito normalmente
(mesmo após a implementação do subsídio como forma de remuneração, com fundamento em
medida liminar deferida pelo STF, que reconheceu o caráter indenizatório do benefício (AO n.
1.773, ACO n. 2.522 e AO n. 1.946). Até então, compreendia-se que a sua concessão dependeria
do preenchimento de um único requisito: a inexistência de residência oficial à disposição do
Magistrado em sua comarca de atuação. Em novembro de 2018, contudo, o Ministro Relator
Luiz Fux, pautado na “inviabilidade orçamentária verificada no atual contexto”, na imposição ao
Poder Judiciário de estabelecer parâmetros que assegurem o ajuste fiscal das contas públicas
e diante da majoração do subsídio dos Ministros do STF (resultado do reajuste sancionado
pela Lei n. 13.752/2018), revogou as liminares concedidas e fixou a impossibilidade do
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 41 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
JURISPRUDÊNCIA
pagamento da parcela referente ao auxílio-moradia a todos os agentes, sem exceções,
que recebem a parcela em decorrência do art. 65, II, da Lei Complementar 35/1979 (i.e.,
todos os membros do Poder Judiciário), ou como resultado da simetria entre as carreiras
jurídicas (i.e., todos os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública, do Tribunal
de Contas ou de carreiras que estejam pagando o referido auxílio com fundamento na
liminar deferida nestes autos).7
Art. 1º da Resolução CNJ n. 133/2011. São devidas aos magistrados, cumulativamente com os
subsídios, as seguintes verbas e vantagens previstas na Lei Complementar n. 75/1993 e na Lei n.
8.625/1993:
a) Auxílio-alimentação;
b) Licença não remunerada para o tratamento de assuntos particulares;
c) Licença para representação de classe, para membros da diretoria, até três por entidade;
d) Ajuda de custo para serviço fora da sede de exercício;
e) Licença remunerada para curso no exterior;
f) indenização de férias não gozadas, por absoluta necessidade de serviço, após o acúmulo de
dois períodos.
Art. 2º As verbas para o pagamento das prestações pecuniárias arroladas no artigo primeiro
correrão por conta do orçamento do Conselho da Justiça Federal, do Tribunal Superior do Trabalho,
do Superior Tribunal Militar e da dotação própria de cada Tribunal de Justiça, em relação aos juízes
federais, do trabalho, militares e de direito, respectivamente.
magistrados que realizarem substituição por período superior a 3 dias úteis e dar-se-á sem prejuízo
de outras vantagens cabíveis previstas em lei, salvo se ambas remunerarem a mesma atividade.
7
AO 1.773/DF.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 42 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
3.2.2.2. Imparcialidade
JURISPRUDÊNCIA
exercerem funções da justiça desportiva e de grão-mestre de entidade maçônica, ou de
cargos de direção de ONGs, entidades beneficentes e de instituições de ensino”.Com o
mesmo fito, a Resolução CNJ n. 34/2007, com alterações introduzidas pela Resolução
CNJ n. 226/2016, proibiu, por não considera-las atividade docente, as “atividades de
coaching, similares e congêneres, destinadas à assessoria individual ou coletiva de
pessoas, inclusive na preparação de candidatos a concursos públicos.
A vedação visa impedir que o magistrado se aproprie da coisa pública, afinal estaria
revertendo em seu proveito os resultados financeiros das atividades jurisdicionais.
• Dedicar-se à atividade político-partidária (art. 95, parágrafo único, III, da CF)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 43 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
seja proibido manter vínculos de natureza político-partidária, garantido com isso não apenas a
isenção das decisões proferidas, mas também a confiança dos jurisdicionados.
Obviamente, não fica o juiz, enquanto cidadão, proibido de exercer o direito ao voto e de
possuir posições ideológicas de viés político, econômico ou social.
Alerta-se que para poderem se candidatar a cargos eletivos, precisão pedir exoneração
com antecedência de 6 meses antes do pleito, conforme determina a LC n. 64/1990.
• Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (art. 95,
parágrafo único, IV, da CF)
• Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (art. 95, parágrafo único, V)
O inciso V retrata a famosa quarentena de saída, cujo principal objetivo é impedir qualquer
resquício de influência que o juiz recém afastado do cargo, e atualmente no exercício da
advocacia, pudesse vir a exercer sobre seus antigos colegas de profissão.
Ainda acerca das vedações, a LOMAN, em seu art. 36, dispõe que é vedado ao magistrado:
• Exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista,
exceto como acionista ou quotista (art. 36, I, da LOMAN)
• Exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de
qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração
(art. 36, I, LOMAN)
• Manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente
de julgamento seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou
sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou
no exercício do magistério.
Por fim, também com o objetivo de alcançar a imparcialidade, aos magistrados é concedida
a prerrogativa de “ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados
com a autoridade ou Juiz de instância igual ou inferior” (art. 33, I, da LOMAN). A exigência
busca afastar eventuais influências externas pelos juízes lotados em instância superior sobre
os lotados em instância inferior.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 44 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
• Tem caráter vinculativo, não se tratando de mera exortação ética, mas sim de um dever
funcional, o que significa dizer que o juiz que não cumpre os seus preceitos incide em
inobservância de conduta funcional obrigatória e passível, portanto, de responsabilização
administrativa, cível e penal.
JURISPRUDÊNCIA
CÓDIGO DE ÉTICA DA MAGISTRATURA NACIONAL
(Aprovado na 68ª Sessão Ordinária do Conselho Nacional de Justiça, do dia 06 de agosto
de 2008, nos autos do Processo n. 200820000007337)
O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no exercício da competência que lhe atribuíram a
Constituição Federal (art. 103-B, § 4º, I e II), a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (art.
60 da LC n. 35/79) e seu Regimento Interno (art. 19, incisos I e II);
Considerando que a adoção de Código de Ética da Magistratura é instrumento essencial
para os juízes incrementarem a confiança da sociedade em sua autoridade moral;
Considerando que o Código de Ética da Magistratura traduz compromisso institucional
com a excelência na prestação do serviço público de distribuir Justiça e, assim, mecanismo
para fortalecer a legitimidade do Poder Judiciário;
Considerando que é fundamental para a magistratura brasileira cultivar princípios éticos,
pois lhe cabe também função educativa e exemplar de cidadania em face dos demais
grupos sociais;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 45 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
DICA
Anote! Todo aquele que ingressar na magistratura receberá,
no momento da posse, um exemplar do Código de Ética da
Magistratura (art. 41).
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º O exercício da magistratura exige conduta compatível com os preceitos deste Código e do
Estatuto da Magistratura, norteando-se pelos princípios da independência, da imparcialidade, do
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 46 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Ética, segundo o professor Goffredo da Silva Telles, nada mais é do que o cumprimento ou
a satisfação do bem soberano da humanidade.
Nessa diapasão, convém observar que a finalidade precípua do Estado é o atendimento
geral do interesse público, estando os objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil delineados no art. 3º da CF: “construir uma sociedade livre, justa e solidária”, “garantir o
desenvolvimento nacional”, “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais” e “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
Em síntese, para alcançar tais objetivos, o Estado precisa, sobretudo, garantir e efetivar
os principais direitos da sociedade, que são aqueles fincados na dignidade pessoa humana,
valor hoje considerado inerente a todos os indivíduos indiscriminadamente, mas que no
curso da segunda guerra mundial, período em que as cidades de Hiroshima e Nagasaki foram
devastadas com artefato atômico, foi completamente aniquilado, fazendo surgir como antídoto,
no ano de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que “considerando
que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos
seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
mundo”8 procurou não apenas sedimentar os direitos humanos, mas também reconstruir a
noção de ética no Direito, redefinindo as suas bases na ciência jurídica.
Surge, assim, uma renovada ideia de ética, que passa a ter contornos internacionais,
reunindo-se os Estados de Direito, como se viu na elaboração da DUDH, para declarar os
direitos humanos como os valores mais importantes da sociedade.
Se no âmbito externo, porém, fala-se em direitos humanos, quando estes são positivados
na legislação constitucional interna de um país, passam a ser denominados de direitos
fundamentais, cabendo aos juízes, enquanto titulares de uma parcela da soberania estatal, a
sua defesa numa atuação conjunta com os integrantes dos Poderes Executivo e Legislativo.
DICA
8
Primeiro parágrafo do preâmbulo da DUDH
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 47 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
A democracia substancial exige que o cidadão seja efetivamente cidadão, ou seja, incumbe
ao Estado viabilizar condições sociais, econômicas, jurídicas e políticas para que os indivíduos
possam formar suas convicções e, assim, muito mais do que exercer o direito ao voto, possam
efetivamente influenciar no destino no país, sob pena de a democracia tornar-se mero factoide
com dimensões puramente formais.
Logo, diante da omissão dos demais poderes do Estado responsáveis pela implementação
de políticas públicas destinadas a concretização dos direitos fundamentais, sobretudo os de
dimensão social, caracteriza-se o Poder Judiciário como o último recurso para a sua tutela e
implementação, daí porque o Código de Ética afirma a necessidade de os magistrados agirem
eticamente, ou seja, com base na renovação ética proposta pela Carta de 1988, o que só é
efetivamente alcançado quando o juiz concede e protege os direitos fundamentais, garantindo
com isso uma democracia substancial e o atendimento dos objetivos fundamentais elencados
no texto constitucional.
Obs.: Conclusão:
O juiz ético é aquele que atua de acordo com o artigo 3º, da CF, com independência
e imparcialidade, examinando e concedendo direitos fundamentais e, por via de
consequência, garantindo a democracia no país.
O papel do Poder Judiciário, contudo, não está imune a críticas, apontando José Renato
Nalini que na doutrina estrangeira costuma-se questionar a sua legitimidade, especialmente
nos países aonde não existe eleição para o provimento dos cargos de magistrado. O próprio
autor, contudo, pondera:
(...) a resposta é que o sufrágio não representa a única maneira de se conferir consentimento ao
exercício de um poder estatal. O juiz não é eleito, mas recrutado por concurso público. A OAB
participa do processo seletivo em todas as suas fases. É uma participação da sociedade civil na
escolha de quem a julgará. Depois, a legitimação virá mediante a fundamentação das decisões e
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 48 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato
pela excelência na prestação do serviço. (Ética Geral e Profissional, 8ª ed., RT, São Paulo, Borelli
2011, p.
445).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 49 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
O Código Ibero-Americano de ética judicial, do qual o Brasil faz parte, apresenta os seguintes
princípios: independência (arts. 1º a 8º), imparcialidade (arts. 9º a 17), motivação (arts. 18 a 27),
conhecimento e capacitação (arts. 28 a 34), justiça e equidade (arts. 35 a 40), responsabilidade
institucional (arts. 41 a 47), cortesia (arts. 48 a 52), integridade (arts. 53 a 55), transparência
(arts. 56 a 60), sigilo profissional (arts. 61 a 67), prudência (arts. 68 a 72), diligência (arts. 73
a 78), honestidade profissional (arts. 79 a 82).
CAPÍTULO II
INDEPENDÊNCIA
Art. 4º Exige-se do magistrado que seja eticamente independente e que não interfira, de qualquer
modo, na atuação jurisdicional de outro colega, exceto em respeito às normas legais.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 50 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Art. 5º Impõe-se ao magistrado pautar-se no desempenho de suas atividades sem receber indevidas
influências externas e estranhas à justa convicção que deve formar para a solução dos casos que
lhe sejam submetidos.
Art. 6º É dever do magistrado denunciar qualquer interferência que vise a limitar sua independência.
Art. 7º A independência judicial implica que ao magistrado é vedado participar de atividade político-
partidária.
CAPÍTULO III
IMPARCIALIDADE
Art. 8º O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas a verdade dos fatos, com objetividade
e fundamento, mantendo ao longo de todo o processo uma distância equivalente das partes, e evita
todo o tipo de comportamento que possa refletir favoritismo, predisposição ou preconceito.
Art. 9º Ao magistrado, no desempenho de sua atividade, cumpre dispensar às partes igualdade de
tratamento, vedada qualquer espécie de injustificada discriminação.
Parágrafo único. Não se considera tratamento discriminatório injustificado:
I – a audiência concedida a apenas uma das partes ou seu advogado, contanto que se assegure
igual direito à parte contrária, caso seja solicitado;
II – o tratamento diferenciado resultante de lei.
Com base no parágrafo único, do art. 9º, note que desde que garantido o mesmo o direito aos
advogados de ambas as partes, o juiz não incorre em ofensa ao princípio da imparcialidade
quando recebe em seu gabinete o patrono de qualquer delas que pretenda com ele despachar.
É de se observar, todavia, que o Código de Processo Civil de 2015, por meio de seu art. 12, inseriu
no sistema jurídico vigente a regra concernente a ordem cronológica do julgamentos, pela
qual, salvo as exceções fixadas em lei, “os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente,
à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão”. Significa dizer que
ao atender pessoalmente o advogado, não poderá o magistrado conferir indistintamente
preferências que ignorem o aludido critério temporal. Com isso, garante-se maior igualdade
nos pleitos, uma vez que a escolha da causa a ser julgada ganhou contornos mais impessoais
e, consequentemente, imparciais.
Em razão da ausência de prejuízo às partes envolvidas (pas de nullité sans grief), a desobediência
a regra não implica, de plano, a nulidade da decisão, mas poderá configurar indício de suspeição
a ser apurado em âmbito correcional e que confirmada ensejará a invalidação da decisium.
A regra da ordem cronológica do julgamentos foi estendida também aos escrivães ou chefes
de secretarias, prevendo o art. 153 do CPC/2015 que “o escrivão ou o chefe de secretaria
atenderá, preferencialmente, à ordem cronológica de recebimento para publicação e efetivação
dos pronunciamentos judiciais”, devendo ser excluídas da disposição os atos urgentes, assim
reconhecidos pelo juiz no pronunciamento judicial a ser efetivado, e as preferências legais.
Com efeito (art. 153, § 5º, CPC/2015):
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 51 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
a parte que se considerar preterida na ordem cronológica poderá reclamar, nos próprios autos, ao
juiz do processo, que requisitará informações ao servidor, a serem prestadas no prazo de 2 (dois)
dias” (art. 153, § 4º, CPC/2015), de modo que “constatada a preterição, o juiz determinará o imediato
cumprimento do ato e a instauração de processo administrativo disciplinar contra o servidor.
CAPÍTULO IV
TRANSPARÊNCIA
Art. 10. A atuação do magistrado deve ser transparente, documentando-se seus atos, sempre que
possível, mesmo quando não legalmente previsto, de modo a favorecer sua publicidade, exceto nos
casos de sigilo contemplado em lei.
Art. 11. O magistrado, obedecido o segredo de justiça, tem o dever de informar ou mandar informar
aos interessados acerca dos processos sob sua responsabilidade, de forma útil, compreensível e
clara.
Art. 12. Cumpre ao magistrado, na sua relação com os meios de comunicação social, comportar-se
de forma prudente e equitativa, e cuidar especialmente:
I – para que não sejam prejudicados direitos e interesses legítimos de partes e seus procuradores;
II – de abster-se de emitir opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou
juízo depreciativo sobre despachos, votos, sentenças ou acórdãos, de órgãos judiciais, ressalvada a
crítica nos autos, doutrinária ou no exercício do magistério.
Art. 13.O magistrado deve evitar comportamentos que impliquem a busca injustificada e
desmesurada por reconhecimento social, mormente a autopromoção em publicação de qualquer
natureza.
Art. 14. Cumpre ao magistrado ostentar conduta positiva e de colaboração para com os órgãos de
controle e de aferição de seu desempenho profissional.
CAPÍTULO V
INTEGRIDADE PESSOAL E PROFISSIONAL
Art. 15. A integridade de conduta do magistrado fora do âmbito estrito da atividade jurisdicional
contribui para uma fundada confiança dos cidadãos na judicatura.
Art. 16. O magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, cônscio
de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das
acometidas aos cidadãos em geral.
Art. 17.É dever do magistrado recusar benefícios ou vantagens de ente público, de empresa privada
ou de pessoa física que possam comprometer sua independência funcional.
Art. 18. Ao magistrado é vedado usar para fins privados, sem autorização, os bens públicos ou os
meios disponibilizados para o exercício de suas funções.
Art. 19. Cumpre ao magistrado adotar as medidas necessárias para evitar que possa surgir qualquer
dúvida razoável sobre a legitimidade de suas receitas e de sua situação econômico-patrimonial.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 52 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
CAPÍTULO VI
DILIGÊNCIA E DEDICAÇÃO
Art. 20. Cumpre ao magistrado velar para que os atos processuais se celebrem com a máxima
pontualidade e para que os processos a seu cargo sejam solucionados em um prazo razoável,
reprimindo toda e qualquer iniciativa dilatória ou atentatória à boa-fé processual.
Art. 21. O magistrado não deve assumir encargos ou contrair obrigações que perturbem ou impeçam
o cumprimento apropriado de suas funções específicas, ressalvadas as acumulações permitidas
constitucionalmente.
§ 1º O magistrado que acumular, de conformidade com a Constituição Federal, o exercício da
judicatura com o magistério deve sempre priorizar a atividade judicial, dispensando-lhe efetiva
disponibilidade e dedicação.
§ 2º O magistrado, no exercício do magistério, deve observar conduta adequada à sua condição
de juiz, tendo em vista que, aos olhos de alunos e da sociedade, o magistério e a magistratura são
indissociáveis, e faltas éticas na área do ensino refletirão necessariamente no respeito à função
judicial.
CAPÍTULO VII
CORTESIA
Art. 22. O magistrado tem o dever de cortesia para com os colegas, os membros do Ministério
Público, os advogados, os servidores, as partes, as testemunhas e todos quantos se relacionem
com a administração da Justiça.
Parágrafo único. Impõe-se ao magistrado a utilização de linguagem escorreita, polida, respeitosa e
compreensível.
Art. 23. A atividade disciplinar, de correição e de fiscalização serão exercidas sem infringência ao
devido respeito e consideração pelos correicionados.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 53 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
CAPÍTULO VIII
PRUDÊNCIA
Art. 24. O magistrado prudente é o que busca adotar comportamentos e decisões que sejam o
resultado de juízo justificado racionalmente, após haver meditado e valorado os argumentos e
contra-argumentos disponíveis, à luz do Direito aplicável.
Art. 25.Especialmente ao proferir decisões, incumbe ao magistrado atuar de forma cautelosa, atento
às consequências que pode provocar.
Art. 26. O magistrado deve manter atitude aberta e paciente para receber argumentos ou críticas
lançados de forma cortês e respeitosa, podendo confirmar ou retificar posições anteriormente
assumidas nos processos em que atua.
CAPÍTULO IX
SIGILO PROFISSIONAL
Art. 27.O magistrado tem o dever de guardar absoluta reserva, na vida pública e privada, sobre
dados ou fatos pessoais de que haja tomado conhecimento no exercício de sua atividade.
Art. 28. Aos juízes integrantes de órgãos colegiados impõe-se preservar o sigilo de votos que
ainda não hajam sido proferidos e daqueles de cujo teor tomem conhecimento, eventualmente,
antes do julgamento.
CAPÍTULO X
CONHECIMENTO E CAPACITAÇÃO
Art. 29. A exigência de conhecimento e de capacitação permanente dos magistrados tem como
fundamento o direito dos jurisdicionados e da sociedade em geral à obtenção de um serviço de
qualidade na administração de Justiça.
Art. 30. O magistrado bem formado é o que conhece o Direito vigente e desenvolveu as capacidades
técnicas e as atitudes éticas adequadas para aplicá-lo corretamente.
Art. 31. A obrigação de formação contínua dos magistrados estende-se tanto às matérias
especificamente jurídicas quanto no que se refere aos conhecimentos e técnicas que possam
favorecer o melhor cumprimento das funções judiciais.
Art. 32. O conhecimento e a capacitação dos magistrados adquirem uma intensidade especial no
que se relaciona com as matérias, as técnicas e as atitudes que levem à máxima proteção dos
direitos humanos e ao desenvolvimento dos valores constitucionais.
Art. 33. O magistrado deve facilitar e promover, na medida do possível, a formação dos outros
membros do órgão judicial.
Art. 34. O magistrado deve manter uma atitude de colaboração ativa em todas as atividades que
conduzem à formação judicial.
Art. 35. O magistrado deve esforçar-se para contribuir com os seus conhecimentos teóricos e
práticos ao melhor desenvolvimento do Direito e à administração da Justiça.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 54 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Art. 36. É dever do magistrado atuar no sentido de que a instituição de que faz parte ofereça os
meios para que sua formação seja permanente.
CAPÍTULO XI
DIGNIDADE, HONRA E DECORO
Art. 37.Ao magistrado é vedado procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de
suas funções.
Art. 38. O magistrado não deve exercer atividade empresarial, exceto na condição de acionista ou
cotista e desde que não exerça o controle ou gerência.
Art. 39. É atentatório à dignidade do cargo qualquer ato ou comportamento do magistrado, no
exercício profissional, que implique discriminação injusta ou arbitrária de qualquer pessoa ou
instituição.
CAPÍTULO XII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 40. Os preceitos do presente Código complementam os deveres funcionais dos juízes que
emanam da Constituição Federal, do Estatuto da Magistratura e das demais disposições legais.
Art. 41. Os Tribunais brasileiros, por ocasião da posse de todo Juiz, entregar-lhe-ão um exemplar do
Código de Ética da Magistratura Nacional, para fiel observância durante todo o tempo de exercício
da judicatura.
Art. 42. Este Código entra em vigor, em todo o território nacional, na data de sua publicação, cabendo
ao Conselho Nacional de Justiça promover-lhe ampla divulgação.
Brasília, 26 de agosto de 2008.
Na prova de concurso para Juiz de Direito Substituto do TJ/AM, aplicada em 2014 pela
Banca FGV, foi cobrada a seguinte questão:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 55 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
001. O Código de Ética da Magistratura Nacional (2008) recebeu grande influência do Código
Modelo Ibero‐Americano de Ética Judicial (2006), trazendo vários princípios de conduta ética.
Cite e explique quatro princípios de conduta ética que estão presentes no Código de Ética da
Magistratura Nacional.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 56 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
35, VI, da LOMAN), definindo o Código de Ética que urbanidade é o tratamento com educação
e cortesia.
DICA
Anote! Membros do Poder Judiciário não podem advogar, com
exceção dos advogados membros da Justiça Eleitoral (ADIN
1.127-8).
Obs.: Conclusão:
A relação harmônica entre juízes, advogados, membros do Ministério Público e
membros da Defensoria Pública configura elemento salutar não apenas para o bom
andamento do pleito, mas sobretudo para a consolidação dos direitos fundamentais
e do regime democrático, devendo cada qual atuar sempre de forma diligente e
respeitosa, privilegiando os valores constitucionais em detrimento de interesses e
conflitos pessoais.
Sob a ótica da ética da magistratura, em específico, é imperativo o respeito aos direitos
dos advogados, tratando-se de matéria de ordem pública, pois destinada a assegurar
o exercício livre e pleno da advocacia, função essencial à administração da justiça.
Ao comentar a relação ética entre o advogado e o juiz, José Renato Nalini pontua que:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 57 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
solução democrática: devem ser relações entre homens livres, guardas cada um deles da própria
independência e da própria dignidade, mas ao mesmo tempo cônscios da solidariedade social que
os une a todos para o fim comum. No processo, juiz e advogado são como espelhos, cada um
deles olhando para o interlocutor, reconhece e saúda, espelha em si mesmo a própria dignidade’.
A estrutura cooperatória do processo proclama serem todos os seus protagonistas igualmente
responsáveis pela concretização do justo. E postula, para que se instaure essa concepção, nova
postura dos operadores jurídicos. Todos envolvidos na missão de realizar justiça, despidos de
sensibilidades exacerbadas ou de melindres corporativistas.
(Ética Geral e Profissional, 8ª ed., RT, São Paulo, 2011, p. 410).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 58 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Explico melhor: quando falamos em controle interno do Poder Judiciário, estamos nos
referindo, em síntese, ao controle exercido pelo próprio Poder Judiciário sobre a atuação
administrativa, financeira e patrimonial dos seus membros, não alcançando os atos de cunho
normativo e tampouco os de cunho jurisdicional.
É nesse contexto que a Constituição impôs aos Poderes estruturais do Estado o dever de
instituírem, de forma integrada, sistemas de controle interno.
Observe:
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
controle interno com a finalidade de:
I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como
da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União;
IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
No Brasil, o controle interno do Poder Judiciário consuma-se pela atuação conjugada dos
seguintes órgãos:
• Corregedorias;
• Ouvidorias;
• Conselhos Superiores; e
• Conselho Nacional de Justiça (CNJ);
Deveras, muito mais do que impedir e punir atuações ilícitas, tais órgãos destinam-se a
garantir os mais altos níveis de excelência na prestação jurisdicional, propondo-se a garantir
que os juízes atuarão de forma eficiente e que as decisões judiciais serão justas e efetivas.
Obs.: Conclusão:
1) Os atos judiciais stricto sensu, fruto das atividades eminentemente jurisdicionais, são
controlados via recurso; os atos administrativos, mediante instrumentos específicos;
e os atos normativos gerais praticados no exercício da função legislativa, através do
controle de constitucionalidade.
2) O controle interno do Poder Judiciário diz respeito ao controle da atuação
administrativa, financeira e patrimonial dos seus membros.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 59 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
5.1. Corregedorias
Com previsão expressa apenas na legislação infraconstitucional, cada tribunal superior,
inferior e o CNJ poderão ter Corregedorias a eles vinculados, devendo, através de seus
respectivos regimentos internos, regulamentarem as atribuições desses órgãos.
No geral, as Corregedorias possuem as seguintes funções:
• Fiscalizar a atuação dos juízes, dos órgãos auxiliares da justiça e dos agentes delegados
do foro extrajudicial, bem como promover a apuração formal das possíveis transgressões
praticadas;
Assim, logo que toma posse no cargo, o magistrado receberá além de um exemplar do
Código de Ética, um Código de Normas, que nada mais é do que uma disposição normativa geral
sobre o serviço judiciário, versando sobre a organização dos cartórios, a forma de condução
dos serviços e o modo de agir em relação a matérias não especificadas no Código de Processo
Civil e no Código de Processo Penal. Para ficar mais claro, cita-se haver instruções normativas
de Corregedorias dispondo sobre a utilização de gravação de som e imagem na audiência
digital, uma vez que apesar de a legislação autoriza-la, não disciplinou as suas minucias.
Avançando nos estudos, pontua-se que a Corregedoria Nacional de Justiça é aquela
vinculada ao CNJ, cabendo ao Corregedor Nacional de Justiça a função de dirigi-la.
Similarmente, na Justiça Comum (estadual e federal) e nas Justiças Especializadas (trabalho,
eleitoral e militar) cada tribunal regulamentará a sua Corregedoria.
Aliás, é comum ser denominada de Corregedoria-Geral aquela que atua perante os tribunais
inferiores (tribunais de justiça, tribunais regionais federais, tribunais regionais do trabalho etc.),
designando-se o responsável pela sua chefia de Corregedor-Geral de Justiça.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 60 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Sobre o tema, estabelece o art. 103, § 2º, da LOMAN, que“nos Estados com mais de cem
Comarcas e duzentas Varas, poderá haver até dois Corregedores, com as funções que a lei e o
Regimento Interno determinarem.”
EXEMPLO
Cita-se que a Corregedoria Nacional de Justiça, vinculada ao CNJ, será dirigida pelo Corregedor
Nacional de Justiça, função desenvolvida pelo Ministro do Superior Tribunal de Justiça, que
ficará excluído da distribuição de processos judiciais no âmbito do seu Tribunal, estando as
suas atribuições elencadas no art. 8º do Regimento Interno do CNJ.
Art. 8º Compete ao Corregedor Nacional de Justiça, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I – receber as reclamações e denúncias de qualquer interessado relativas aos magistrados e
tribunais e aos serviços judiciários auxiliares, serventias, órgãos prestadores de serviços notariais
e de registro, determinando o arquivamento sumário das anônimas, das prescritas e daquelas que
se apresentem manifestamente improcedentes ou despidas de elementos mínimos para a sua
compreensão, de tudo dando ciência ao reclamante;
II – determinar o processamento das reclamações que atendam aos requisitos de admissibilidade,
arquivando-as quando o fato não constituir infração disciplinar;
III – instaurar sindicância ou propor, desde logo, ao Plenário a instauração de processo administrativo
disciplinar, quando houver indício suficiente de infração;
IV – promover ou determinar a realização de sindicâncias, inspeções e correições, quando houver
fatos graves ou relevantes que as justifiquem, desde logo determinando as medidas que se mostrem
necessárias, urgentes ou adequadas, ou propondo ao Plenário a adoção das medidas que lhe
pareçam suficientes a suprir as necessidades ou deficiências constatadas;
V – requisitar das autoridades fiscais, monetárias e de outras autoridades competentes informações,
exames, perícias ou documentos, sigilosos ou não, imprescindíveis ao esclarecimento de processos
ou procedimentos submetidos à sua apreciação, dando conhecimento ao Plenário;
VI – requisitar magistrados para auxílio à Corregedoria Nacional de Justiça, delegando-lhes
atribuições, observados os limites legais;
VII – requisitar servidores do Poder Judiciário e convocar o auxílio de servidores do CNJ, para tarefa
especial e prazo certo, para exercício na Corregedoria Nacional de Justiça, podendo delegar-lhes
atribuições nos limites legais;
VIII – elaborar e apresentar relatório anual referente às atividades desenvolvidas pela Corregedoria
Nacional de Justiça na primeira sessão do ano seguinte;
IX – apresentar ao Plenário do CNJ, em quinze (15) dias de sua finalização, relatório das inspeções
e correições realizadas ou diligências e providências adotadas sobre qualquer assunto, dando-lhe
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 61 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
conhecimento das que sejam de sua competência própria e submetendo à deliberação do colegiado as
demais;
X – expedir Recomendações, Provimentos, Instruções, Orientações e outros atos normativos
destinados ao aperfeiçoamento das atividades dos órgãos do Poder Judiciário e de seus serviços
auxiliares e dos serviços notariais e de registro, bem como dos demais órgãos correicionais, sobre
matéria relacionada com a competência da Corregedoria Nacional de Justiça;
XI – propor ao Plenário do CNJ a expedição de recomendações e a edição de atos regulamentares
que assegurem a autonomia, a transparência e a eficiência do Poder Judiciário e o cumprimento do
Estatuto da Magistratura;
XII – executar, de ofício ou por determinação, e fazer executar as ordens e deliberações do CNJ
relativas à matéria de sua competência;
XIII – dirigir-se, no que diz respeito às matérias de sua competência, às autoridades judiciárias e
administrativas e aos órgãos ou às entidades, assinando a respectiva correspondência;
XIV – indicar ao Presidente, para fins de designação ou nomeação, o nome dos ocupantes de função
gratificada ou cargo em comissão no âmbito da Corregedoria Nacional de Justiça, cabendo àquele
dar-lhes posse;
XV – promover a criação de mecanismos e meios para a coleta de dados necessários ao bom
desempenho das atividades da Corregedoria Nacional de Justiça;
XVI – manter contato direto com as demais Corregedorias do Poder Judiciário;
XVII – promover reuniões periódicas para estudo, acompanhamento e sugestões com os magistrados
envolvidos na atividade correicional;
XVIII – delegar, nos limites legais, aos demais Conselheiros, aos Juízes Auxiliares ou aos servidores
expressamente indicados, atribuições sobre questões específicas;
XIX – solicitar a órgãos dos Poderes Executivo e Legislativo, ou a entidade pública, a cessão
temporária por prazo certo, sem ônus para o CNJ, de servidor detentor de conhecimento técnico
especializado, para colaborar na instrução de procedimento em curso na Corregedoria Nacional de
Justiça;
XX – promover de ofício, quando for o caso de urgência e relevância, ou propor ao Plenário, quaisquer
medidas com vistas à eficácia e ao bom desempenho da atividade judiciária e dos serviços afetos
às serventias e aos órgãos prestadores de serviços notariais e de registro;
XXI – promover, constituir e manter bancos de dados, integrados a banco de dados central do
CNJ, atualizados sobre os serviços judiciais e extrajudiciais, inclusive com o acompanhamento da
respectiva produtividade e geração de relatórios visando ao diagnóstico e à adoção de providências
para a efetividade fiscalizatória e correicional, disponibilizando seus resultados aos órgãos judiciais
ou administrativos a quem couber o seu conhecimento.
Ademais, destaca-se que às Corregedorias é vedado tratar do expediente diário dos juízes.
Foi o que decidiu a Suprema Tribunal Federal ao declarar a inconstitucionalidade formal de
dispositivo de Código de Normas de Tribunal de Justiça que estabelecia ser “obrigatória a
presença dos Juízes nas respectivas Comarcas durante todos os dias da semana, devendo
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 62 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
permanecer no fórum nos horários de expediente fixados pelo Tribunal de Justiça”. Para a
Corte Constitucional, a matéria está reservada a lei complementar de sua iniciativa, nos moldes
do art. 93, VII, da CF, que assim dispõe:
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
VII – o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal.
Anota-se não haver uma nomenclatura uniforme para os atos das Corregedorias. No
entanto, tomando por base o Regimento Interno do Tribunal Regional Federal da 1ª Região
(TRF1), tentaremos traçar um panorama geral, destacando-se, desde já, ser possível que em
outros tribunais os institutos ou órgãos abaixo citados recebam denominação diversa.
No âmbito do TRF1, quanto aos atos fiscalizatórios e aos punitivos, podemos citar os
seguintes procedimentos:
• Sindicância: será aberta quando o Corregedor-Geral tomar conhecimento, por meio
que não decorra da representação, de erros, abusos ou faltas cometidas, por servidor,
que atentem contra o interesse das partes, o decoro das suas funções, a probidade e a
dignidade dos cargos que exercem.
• Procedimento administrativo disciplinar: se contra servidor, obedecerá às disposições
legais sobre a matéria. O procedimento administrativo disciplinar instaurado contra juiz
federal ou juiz federal substituto obedecerá ao disposto na LOMAN, no Regimento Interno
do Tribunal e às disposições pertinentes do CNJ, aplicando-se, ainda, subsidiariamente,
no que couber, a legislação própria do serviço público federal.
• Procedimento avulso: deverá ser utilizado para a atividade investigativa preliminar do
órgão correcional.
• Justificação de conduta: o juiz cuja conduta funcional tenha sido ou venha sendo
motivo de censura ou comentários poderá requerer justificação de sua conduta perante
o Tribunal.
• Representação: é utilizada contra erros, abusos ou faltas cometidas, por servidor ou juiz,
que atentem contra o interesse das partes, o decoro das suas funções, a probidade e a
dignidade dos cargos que exercem, serão dirigidas ao corregedor-geral.
• Correição parcial: é cabível contra ato ou despacho de juiz de que não caiba recurso,
bem como de omissão que importe erro de ofício ou abuso de poder.
• Correição ordinária: destina-se à verificação da regularidade de funcionamento na
distribuição da justiça e nas atividades administrativas. A correição objetiva a busca
da eficiência e do aprimoramento dos juízos e serviços administrativos, judiciários e
cartorários que lhes são afetos, bem assim a troca de experiências. No âmbito do TRF/1ª
Região, ocorre de dois em dois anos.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 63 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Note que que a correição ordinária tem o fito de averiguar eventuais irregularidades,
enquanto a inspeção ordinária busca fomentar boas práticas no serviço jurisdicional.
Observe também que o Corregedor-Geral costuma exerce dois tipos de fiscalização: quanto
à regularidade das atividades e quanto à existência de falta funcional.
Se a atividade é meramente irregular e passível de correção, o Corregedor-Geral determinará
uma recomendação, que deve ser atendida sob pena de instauração de processo administrativo
disciplinar contra o recalcitrante. Noutra via, se detectada indícios de falta funcional, deverá
instaurar sindicância e, após, se for o caso, procedimento administrativo disciplinar.
Regra geral, as atribuições disciplinares das Corregedorias locais incidem sobre os servidores
e os juízes de primeiro grau, não alcançando os desembargadores, cujo julgamento dos
processos administrativos disciplinares e a aplicação de sanções são da competência do
Conselho Superior da Justiça Federal (CJF), órgão que será estudado no próximo tópico.
Com efeito, as Corregedorias locais impõem penalidades diretamente apenas aos servidores.
No que tange aos juízes de primeiro grau (juízes federais e juízes federais substitutos), limita-
se a propor a instauração de processo administrativo disciplinar, cabendo, no âmbito do TRF1,
à Corte Especial Administrativa aplicar sobre eles as eventuais sanções sobre eles, conforme
prevê o art. 11, X, do seu regimento interno.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 64 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Há também no art. 104, da LOMAN, a permissão para serem criados, no âmbito dos tribunais
locais, um Conselho da Magistratura, órgão com função disciplinar cujas competências hão
de ser fixadas no regimento interno do respectivo tribunal.
Art. 104. Haverá nos Tribunais de Justiça um Conselho da Magistratura, com função disciplinar, do
qual serão membros natos o Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor, não devendo, tanto quanto
possível, seus demais integrantes ser escolhidos dentre os outros do respectivo órgão especial,
onde houver. A composição, a competência e o funcionamento desse Conselho, que terá como
órgão superior o Tribunal Pleno ou o órgão especial, serão estabelecidos no Regimento Interno.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 65 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
§ 2º A Presidência do Conselho da Justiça Federal será exercida pelo Presidente do Superior Tribunal
de Justiça, que será substituído, em suas faltas ou impedimentos, pelo Vice-Presidente do Superior
Tribunal de Justiça.
§ 3º Os Conselheiros terão mandato de 2 (dois) anos, vedada a investidura daqueles que, por
mandamento constitucional, legal ou regimental, permanecerão por menos de 6 (seis) meses na
função.
§ 4º Não se aplica a regra do § 3º deste artigo aos Presidentes do Superior Tribunal de Justiça e dos
Tribunais Regionais Federais.
§ 5º É vedada a recondução de Conselheiros.
2) A Corregedoria da Justiça Federal funciona junto ao CJF, sendo dirigida pelo Ministro
do STJ eleito Corregedor-Geral conforme o Regimento Interno do Tribunal da Cidadania
(art. 6º, § 2º)
Façamos a leitura dos demais parágrafos que compõem o art. 2º:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 66 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
V – homologar, na forma regimental, como condição de eficácia, as decisões dos Tribunais Regionais
Federais que implicarem aumento de despesas;
VI – aprovar as propostas orçamentárias e os pedidos de créditos adicionais do Conselho da Justiça
Federal, dos Tribunais Regionais Federais e da Justiça Federal de primeiro grau;
VII – prover, por concurso público, os cargos necessários à sua administração, ressalvados os
cargos em comissão, declarados em lei de livre nomeação e exoneração;
VIII – avocar processos administrativos em curso;
IX – julgar processos administrativos disciplinares relativos a membros dos Tribunais Regionais
Federais, imputando, quando for o caso, as penalidades cabíveis, assegurados a ampla defesa e o
contraditório;
X – representar ao Ministério Público para a promoção das ações judiciais cabíveis contra
magistrados, inclusive com vistas na propositura de ação civil para a decretação de perda de cargo
ou de cassação de aposentadoria;
XI – decidir, em grau de recurso, as matérias relacionadas aos direitos e deveres dos servidores de
sua Secretaria e dos juízes, quando a esses for aplicada sanção em processo disciplinar decidido
pelo Tribunal Regional Federal;
XII – zelar pelo cumprimento das decisões do Conselho Nacional de Justiça, no âmbito da Justiça Federal.
Parágrafo único. O Conselho da Justiça Federal possui poder correicional e as suas decisões terão
caráter vinculante, no âmbito da Justiça Federal de primeiro e segundo graus.
Art. 6º À Corregedoria-Geral da Justiça Federal, órgão de fiscalização, controle e orientação
normativa da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, compete:
I – exercer a supervisão técnica e o controle da execução das deliberações do Conselho da Justiça
Federal;
II – encaminhar ao conhecimento dos Presidentes dos Tribunais Regionais Federais propostas de
ações relativas aos sistemas que integram a Justiça Federal e submetê-las à aprovação do Conselho
da Justiça Federal;
III – realizar inspeção e correição permanentes ou periódicas, ordinárias ou extraordinárias, gerais
ou parciais, sobre os Tribunais Regionais Federais, conforme o Regimento Interno do Conselho da
Justiça Federal;
IV – promover sindicâncias, inspeções e correições para apurar reclamações, representações e
denúncias fundamentadas de qualquer interessado, relativas aos magistrados de segundo grau,
submetendo ao Plenário para deliberação;
V – submeter ao Conselho da Justiça Federal provimentos destinados a disciplinar condutas a
serem adotadas pelos órgãos judiciários da Justiça Federal de primeiro e segundo graus.
Parágrafo único. A Corregedoria-Geral da Justiça Federal deverá valer-se do apoio das unidades
administrativas do Conselho da Justiça Federal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 67 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
b) no inciso XI: decidir, em grau de recurso, as matérias relacionadas aos direitos e deveres dos
servidores de sua Secretaria e dos juízes, quando a esses for aplicada sanção em processo
disciplinar decidido pelo Tribunal Regional Federal.
Válido apontar, ainda, que o STF no julgamento da ADI n. 3.126 proposta em face da Resolução
336/2003 do CFJ posicionou-se quanto à legitimidade do órgão, desde que observados os
regramentos constitucionais, para tratar matérias como a acumulação da função da magistratura
com o exercício do magistério no âmbito da Justiça Federal de primeiro e segundo graus.
Quanto ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), trata-se de órgão que funcionará
junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão
administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e
segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
Aqui, três informações se sobressaem:
1) O texto constitucional não conferiu ao CSJT poderes correcionais, tal como fez em
favor do CJF, razão pela qual em seu regimento interno o órgão limitou-se a prever uma única
atribuição disciplinar que incidirá apenas sobre os servidores da Justiça do Trabalho, não
alcançando os membros desta.
Dispõe o art. 6º, XVI, do regimento intento do CSJT, que:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 68 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Art. 709. Compete ao Corregedor, eleito dentre os Ministros togados do Tribunal Superior do
Trabalho:
I – Exercer funções de inspeção e correição permanente com relação aos Tribunais Regionais e
seus presidentes;
II – Decidir reclamações contra os atos atentatórios da boa ordem processual praticados pelos
Tribunais Regionais e seus presidentes, quando inexistir recurso específico;
5.3. Ouvidorias
As ouvidorias são órgãos criados exclusivamente pela União com a competência para
receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do
Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho
Nacional de Justiça.
Trata-se da previsão contida no art. 103-B, § 7º, da CF:
Representando novidade introduzida pela EC n. 45/2004, o objetivo de serem criados órgãos com
o único objetivo de receber denúncias e reclamações, foi o de evitar eventual corporativismo no
âmbito do Poder Judiciário, conferindo com isso maior impessoalidade na apuração dos fatos.
Por oportuno, é preciso compreender que da expressão “receber reclamações e denúncias”
decorre que as ouvidorias, muito mais do que receber acusações quanto a atuação de
servidores e juízes, prestam-se a funcionar como verdadeiro instrumento de comunicação
entre o Poder Judiciário e a população, que por meio delas poderão também encaminhar
dúvidas, solicitações e sugestões.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 69 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
DICA
Anote! Segundo o STF, o CNJ tem atribuições de natureza
exclusivamente administrativa, de modo que lhe é vedado
decidir sobre questões que já estejam sendo objeto de ação
judicial, sob pena de estar assumindo funções jurisdicionais.
Por isso mesmo, caso a parte interessada não concorde com a
decisão proferida, a ela incumbirá dispor dos recursos judiciais
destinados à impugnação, não podendo provocar a atuação do
Conselho.
JURISPRUDÊNCIA
EMENTAS: (...) 4. PODER JUDICIÁRIO. Conselho Nacional de Justiça. Órgão de natureza
exclusivamente administrativa. Atribuições de controle da atividade administrativa,
financeira e disciplinar da magistratura. Competência relativa apenas aos órgãos e juízes
situados, hierarquicamente, abaixo do Supremo Tribunal Federal. Preeminência deste,
como órgão máximo do Poder Judiciário, sobre o Conselho, cujos atos e decisões estão
sujeitos a seu controle jurisdicional. Inteligência dos art. 102, caput, inc. I, letra “r”, e § 4º,
da CF. O Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma competência sobre o Supremo
Tribunal Federal e seus ministros, sendo esse o órgão máximo do Poder Judiciário
nacional, a que aquele está sujeito. (...)
(ADI 3367, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 13/04/2005, DJ 17-03-
2006 PP-00004 EMENT VOL-02225-01 PP-00182 REPUBLICAÇÃO: DJ 22-09-2006 PP-00029)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 70 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Aliás, também no julgamento da ADI n. 3.367, o STF refutou a alegação de que a instituição
do CNJ com as funções atribuídas pela EC n. 45/2004 implicaria afronta ao pacto federativo,
pois não se tratando de um órgão da União, mas sim de um órgão do Poder Judiciário nacional,
a atuação do CNJ não exprime meio de controle da União sobre os Estados.
5.4.1. Atribuições
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 71 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Afirmar que o CNJ deve controlar a atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário
significa que ele deve fiscalizar as atividades administrativas dos tribunais, ou seja, a
organização e produção dos atos administrativos por eles praticados.
Com o fito de efetivar a atribuição, várias resoluções já foram editadas pelo Conselho, a
exemplo da Resolução n. 73/2009, que versa sobre as diárias dos magistrados. Destaca-se,
porém, que o CNJ tem legitimidade constitucional, inclusive, para invadir outras esferas de
gastos dos tribunais, readequando-os ao princípio da eficiência e da moralidade administrativa.
Ademais, esse controle materialize-se não apenas de forma genérica por intermédio de
resoluções, mas também concretamente através de atos de fiscalização. Dessa forma, é
possível que o Corregedor Nacional de Justiça faça inspeções in loco nos tribunais, das quais
poderão resultar determinações e até mesmo a apuração de faltas funcionais dos magistrados
e dos desembargadores.
• Zelar pela autonomia do Poder Judiciário (art. 103-B, § 4º, I)
Em primeiro lugar, esclarecemos que a partir da LOMAN é possível concluir que ao STF
sempre foi incumbida a tarefa de zelar pela autonomia do Poder Judiciário. O que a EC n.
45/2004 fez foi estabelecer que ao CNJ também caberá esta função.
Ao Conselho, portanto, compete tomar as providências necessárias para que todos os
magistrados exercitem a sua atividade com plena independência funcional, devendo impedir
interferências indevidas nos julgamentos.
• Zelar pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura (art. 103-B, § 4º, I)
De acordo com o art. 102, caput, do Regimento Interno do CNJ (RICNJ):“O Plenário poderá,
por maioria absoluta, editar atos normativos, mediante Resoluções, Instruções ou Enunciados
Administrativos e, ainda, Recomendações.”
Resoluções são atos normativos gerais e abstratos dirigidos aos tribunais e a todos
os demais órgãos jurisdicionais. Por retirarem o seu fundamento de validade diretamente
do texto constitucional, devem ser considerados atos primários e, portanto, aptos a inovar
no ordenamento jurídico vigente. Na lição de José dos Santos Carvalho, as resoluções
estabelecidas diretamente pela Constituição Federal, a exemplo das resoluções do CNJ e
daquelas que integram o processo legislativo previstas no art. 59, VII, da CF, correspondem
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 72 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
JURISPRUDÊNCIA
O STF reconhece o poder normativo primário do CNJ para regulamentar as matérias que
lhe são afetas. Configura aqui a ideia de poderes implícitos, necessários ao exercício de
suas competências.
Os Enunciados Administrativos, por sua vez, são atos normativos que expõem entendimento
consolidado do Plenário com o objetivo de conferir maior celeridade e eficiência ao julgamento
dos processos.
Noutra via, as Instruções Normativas destinam-se a normatizar o comportamento dos
órgãos jurisdicionais ou auxiliares descrevendo os procedimentos a serem adotados. Destaca-
se não se tratar de simples exortação genérica, mas de uma regulamentação dos procedimentos
que deverão ser adotados pelos órgãos do Poder Judiciário, inclusive pelos órgãos auxiliares.
Finalizando, pontua-se que as Recomendações consistem em orientações destinadas
a todos ou a apenas alguns órgãos jurisdicionais específicos, recomendando a adoção de
medidas para a concretização de determinado objetivo.
JURISPRUDÊNCIA
No que tange à recomendação de providências, o STF entende que o CNJ pode instituir
condutas e impor a toda magistratura nacional o cumprimento de obrigações de
essência puramente administrativa, como a que determina aos magistrados a inscrição
em cadastros ou sítios eletrônicos com finalidades estatística e fiscalizatória ou para
materializar ato processual (BACEN JUD).
9
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 32 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas. 2018.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 73 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
É de se ressaltar que nos termos do art. 102, § 5º, do RICNJ, “as Resoluções e Enunciados
Administrativos terão força vinculante, após sua publicação no Diário da Justiça eletrônico e
no sítio eletrônico do CNJ”, prescrevendo o art. 115, § 6º, que “dos atos e decisões do Plenário
não cabe recurso”.
• Zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a
legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder
Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência
do Tribunal de Contas da União (art. 103-B, § 4º, II)
É função do CNJ zelar pelo cumprimento do art. 37, da CF, ou seja, pelo cumprimento dos
princípios administrativos da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
É também sua função zelar pela legalidade dos atos administrativos praticados por
membros ou órgãos do Poder Judiciário, devendo garantir que a atuação administrativa estará
em consonância com as regras e princípios constitucionais e infraconstitucionais.
Observe que a fiscalização sobre os atos administrativos limita-se a um controle de
legalidade, não sendo possível ao CNJ exercer controle de constitucionalidade, ainda que
incidental10. Ora, embora incluído na estrutura constitucional do Poder Judiciário, o Conselho
qualifica-se como órgão de índole eminentemente administrativa, não se achando investido de
atribuições institucionais que lhe permitam proceder ao controle abstrato de constitucionalidade
referente a leis e a atos estatais em geral, inclusive à fiscalização preventiva abstrata de
proposições legislativas, competência esta, de caráter prévio, de que nem mesmo dispõe o
próprio Supremo Tribunal Federal.
Igualmente, não é legítimo ao CNJ se imiscuir no mérito dos atos administrativos,
revogando-os por motivo de conveniência e oportunidade– na hipótese de atos administrativos
discricionários–conforme pode ser extraído da sua própria jurisprudência, a exemplo de trecho
contido no processo de número 0000980-93.2008.2.00.0000:
O Conselho Nacional de Justiça não tem competência para rever a conveniência e oportunidade
dos atos administrativos, pois sua atuação restringe-se à verificação da legalidade e regularidade
jurídica dos atos da administração judiciária.
10
Trata-se do entendimento exposto pelo Ministro Relator Celso de Mello em decisão monocrática proferida no julgamento
do MS 32582.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 74 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
É possível, contudo, que substitua, anule ou reforme decisões que firam os princípios da
razoabilidade, da igualdade, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade.
Com esses fundamentos, cita-se a decisão proferida pela 1º Turma do STF no julgamento
do MS n. 33.525/RJ, quando compreendeu ser legítimo ao CNJ anular decisão de Tribunal de
Justiça que, em concurso de cartório, conferiu, na fase de títulos, pontuação com base em
interpretação contrária à Resolução n. 81 do Conselho.
Convém trazer à tona alguns casos no quais não restaram dúvidas sobre a legitimidade do
CNJ para examinar os atos administrativos sob o crivo da moralidade.
Numa primeira situação, o CNJ anulou concurso de magistratura sob o fundamento de
que dois candidatos aprovados seriam do corpo de assessores de desembargadores que
participaram da banca examinadora. Nesse caso específico, o STF, em mandado de segurança,
desconstituiu a decisão do CNJ por entender que a má-fé e a ausência de impessoalidade
não podem ser presumidas, devendo ser demonstradas. Destarte, é de se concluir não haver
nenhuma reprovação de caráter moral por parte de alguém que seja assessor de desembargador
e seja aprovado, mesmo que esse desembargador seja componente da banca, havendo a
necessidade de demonstrar concretamente se houve influência ou não.
No mesmo sentido, em julgamento recente, a 2ª Turma do STF concedeu mandado de segurança
para cassar decisão proferida pelo CNJ, que excluiu candidato de concurso da magistratura.
No caso, o então candidato ao cargo de juiz substituto, após ter sido reprovado na prova oral
do concurso, teve o seu recurso administrativo provido pela comissão organizadora, de modo
que anuladas algumas questões formuladas naquela fase e recalculada a nota do candidato,
ficou concretizada a sua aprovação. O CNJ, em processo de controle administrativo instaurado
por outro candidato — que, a despeito de se encontrar em situação similar à do impetrante, teve
o seu recurso administrativo negado —, excluiu ambos os concorrentes da fase subsequente
à prova oral, sob o fundamento de que, segundo o art. 70, § 1º, da Resolução n. 75/2009, “é
irretratável em sede recursal a nota atribuída na prova oral”.
Quanto à discussão relativa à suposta impossibilidade de a comissão examinadora do
concurso público revisar notas de prova oral, a Turma asseverou que o § 1º, do art. 70, da
Resolução n. 75/2009 do CNJ, pressuporia a validade da prova feita, assinalando que conclusão
diversa redundaria no não cabimento de recurso administrativo quando houvesse, inclusive,
eventuais erros manifestos no processamento de concursos públicos.
Nessa toada, apenas a título de curiosidade, é válido esclarecer que o recurso contra prova
oral é cabível apenas se tiver o objetivo de impugnar alguma questão que esteja fora do
conteúdo programático ou para suscitar outras violações formais ao edital ou à resolução.
Porém, não terá cabimento se o recurso tiver por objetivo impugnar os critérios de correção
aplicados pelo examinador para as respostas dadas (discutir o acerto das respostas).
De qualquer forma, dos julgados mencionados advém a conclusão inequívoca de que o
CNJ pode fazer o controle da moralidade.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 75 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
JURISPRUDÊNCIA Renato Borelli
Segundo o STF, é possível que o CNJ faça de ofício o controle dos atos administrativos
dos tribunais.
Com base na teoria dos poderes implícitos, o STF já decidiu que se ao CNJ é legítimo
avocar processos disciplinares em curso, por óbvio também será legítimo para obstar o
processamento de sindicância em tramitação no tribunal de origem11.
A avocação, aliás, encontra-se regulamentada no regimento interno do Conselho, que em
seu art. 79 assevera que:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 76 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
JURISPRUDÊNCIA
O STF compreende ser desnecessário esgotar as vias ordinárias para que o CNJ instaure
processo de revisão disciplinar.
De acordo com o art. 86, do RICNJ, compete ao Plenário do Conselho, de ofício e pelo
voto da maioria absoluta dos seus membros, instaurar a revisão de processo disciplinar
após proposição de qualquer um dos Conselheiros, do Procurador-Geral da República ou do
Presidente do Conselho Federal da OAB.
Julgado procedente o pedido de revisão, o Plenário poderá determinar a instauração de
processo administrativo disciplinar, alterar a classificação da infração, absolver ou condenar o
juiz ou membro de Tribunal, modificar a pena ou anular o processo (art. 88 do RICNJ).
É necessário deixar claro que a revisão disciplinar processada pelo Plenário não equivale
a um recurso administrativo.
Com efeito, é imperioso relembrar que nos termos do Regimento Interno do Conselho, “da
decisão do Plenário não cabe recurso.” No âmbito do CNJ, o recurso administrativo é cabível,
portanto, apenas contra ato de autoridade do próprio CNJ, ou seja, de decisões isoladas
(monocráticas) do órgão12.
Consoante o art. 102, I, “r”, da CF, as ações contra o CNJ e o CNMP devem ser julgadas
originariamente pelo STF. Contudo, é necessário esclarecer que a competência originária da
Corte Constitucional brasileira para as ações ajuizadas contra o CNJ se restringe ao mandado
12
Assim prevê o art. 115 do RICNJ:
Art. 115. A autoridade judiciária ou o interessado que se considerar prejudicado por decisão do Presidente, do Corregedor
Nacional de Justiça ou do Relator poderá, no prazo de cinco (5) dias, contados da sua intimação, interpor recurso adminis-
trativo ao Plenário do CNJ.
§ 1º São recorríveis apenas as decisões monocráticas terminativas de que manifestamente resultar ou puder resultar restri-
ção de direito ou prerrogativa, determinação de conduta ou anulação de ato ou decisão, nos casos de processo disciplinar,
reclamação disciplinar, representação por excesso de prazo, procedimento de controle administrativo ou pedido de provi-
dências.
§ 2º O recurso será apresentado, por petição fundamentada, ao prolator da decisão atacada, que poderá reconsiderá-la no
prazo de cinco (5) dias ou submetê-la à apreciação do Plenário na primeira sessão seguinte à data de seu requerimento.
§ 3º Relatará o recurso administrativo o prolator da decisão recorrida; quando se tratar de decisão proferida pelo Presidente,
a seu juízo o recurso poderá ser livremente distribuído.
§ 4º O recurso administrativo não suspende os efeitos da decisão agravada, podendo, no entanto, o Relator dispor em contrá-
rio em caso relevante.
§ 5º A decisão final do colegiado substitui a decisão recorrida para todos os efeitos.
§ 6º Dos atos e decisões do Plenário não cabe recurso.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 77 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
de segurança, mandado de injunção, habeas data e habeas corpus. Nos demais casos, o foro
competente será a Justiça Federal de 1º grau, tendo em vista que o CNJ é órgão da União.
Obs.: Conclusão:
A Carta de 1988 prevê em seu art. 102, I, “r”, que compete ao Supremo Tribunal
Federal processar e julgar originariamente “as ações contra o Conselho Nacional de
Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público”. A jurisprudência do STF,
no entanto, conferiu interpretação restritiva ao dispositivo, definindo no julgamento
conjunto da questão de ordem na Ação Originária (AO) 1814 e no agravo regimental na
Ação Cível Originária (ACO) 1680 que a competência do STF para processar e julgar
originariamente ações que questionam atos do CNJ e do CNMP limita-se às ações
tipicamente constitucionais: mandados de segurança, mandados de injunção, habeas
corpus e habeas data. Outrossim, propostas ações ordinárias, quem irá figurar como ré
no processo será a União, já que os Conselhos são órgãos federais, sendo da Justiça
Federal de primeira instância a competência para julga-las, com base no art. 109, I, da
CF.
De todo modo, evidentemente que a competência do STF para julgar quaisquer atos
administrativos do CNJ não possui natureza recursal administrativa, cingindo-se apenas a um
controle judicial.
Perceba que o STF somente admite analisar judicialmente ações contra o CNJ enquanto
órgão, não considerando-se competente para examinar a conduta individual de cada
Conselheiro. Isto é, o que a EC n. 45/2004 inseriu na competência originária do Supremo foram
as ações contra o respectivo colegiado e não aquelas em que se questiona a responsabilidade
pessoal de um ou mais dos Conselheiros, como é o que ocorre, por exemplo, na ação popular.
Além das funções corretivas e punitivas destinadas a preservar a idoneidade do Poder
Judiciário como um todo13, duas atribuições constitucionais caminham no sentido de
aprimorar a prestação dos serviços jurisdicionais por meio da apresentação semestral de
relatórios estatísticos sobre processos e sentenças e de relatório anual propondo providências
concernentes a situação do Poder Judiciário e as próprias atividades do Conselho, competências
previstas, respectivamente, nos incisos VI e VII do art. 103-B, § 4º, da Constituição Federal.
• Elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas,
por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário (art. 103-B, § 4º, VI)
• Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a
situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar
mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso
Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa (art. 103-B, § 4º, VII)
13
O ex-Ministro do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon falava em banir a “banda podre”.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 78 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
002. Apresente sucintamente as funções do CNJ, esclarecendo sua natureza como órgão de
controle do Poder Judiciário — se interno ou externo — e sua competência para o exercício do
controle de constitucionalidade nos casos a ele atribuídos;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 79 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
sido reconhecida pela Suprema Corte (STF. Plenário. PET 4.656/PB, Rel(a). Min(a). Cármen
Lúcia, DJe 4/12/2017). Nesse sentido, também é a doutrina (vide C. Clève e B. Lorenzetto. O
Conselho Nacional de Justiça e a Constituição. In: Interesse Público. Belo Horizonte, a. 17, n. 92,
jul.-ago./2015, p. 15-36).
003. Discorra sobre a possibilidade de revisão dos atos do CNJ pelo Poder Judiciário, apontando
a qual(ais) órgão(s) compete essa atribuição.
5.4.2. Composição
Nos termos do art. 103-B, caput, da CF, o CNJ é composto por 15 membros com mandato
de dois anos, permitida uma única recondução, assim distribuídos:
• O Presidente do STF;
• Um Ministro do STJ, indicado pelo respectivo tribunal;
• Um Ministro do TST, indicado pelo respectivo tribunal;
• Um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo STF;
• Um juiz estadual, indicado pelo STF;
• Um juiz de TRF, indicado pelo STJ;
• Um juiz federal, indicado pelo STJ;
• Um juiz de TRT, indicado pelo TST;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 80 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
A partir da EC n. 61/2009 não há mais exigência etária para os membros do CNJ. Antes da
inovação constitucional, exigia-se idade mínima de 35 anos e máxima de 66 anos.
Se não efetuadas, no prazo legal, as indicações acima citadas, caberá a escolha ao STF
(art. 103-B, § 3º da CF).
O Conselho será presidido obrigatoriamente pelo Presidente do STF e, nas suas ausências
e impedimentos, pelo Vice-Presidente do STF, tendo como Ministro-corregedor o membro do
STJ (art. 103-B, §§ 1º e 5º da CF).
Aliás, com exceção do Presidente do STF, que sempre integrará a composição do CNJ,
todos os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois
de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal (art. 103-B, § 2º da CF).
É errado, portanto, afirmar que todos os membros do CNJ serão nomeados pelo Presidente
da República após aprovação do Senado Federal, pois o Presidente do STF não precisa
de nomeação.
Junto ao Conselho atuarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (art. 103-B, § 6º da CF), porém, segundo o STF, a
ausência dos mesmos às sessões do CNJ não é causa de nulidade da sessão ou ato praticado.
O Senado Federal é compete para julgar membros do CNJ nos crimes de responsabilidade,
consoante previsão expressa no art. 52, II, da CF. Todavia, nas infrações penais comuns a
competência para julgamento obedecerá a prerrogativa de foro concernente ao cargo que o
membro originariamente ocupa. Por exemplo: o juiz estadual que compõe o Conselho deverá
ser julgado, nas infrações penais comuns, pelo Tribunal de Justiça ao qual está vinculado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 81 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Destarte, se no curso de investigação criminal surgir indícios da prática de ilícito penal por
magistrado, a autoridade policial deverá encaminhar os respectivos autos para o foro competente.
EXEMPLO
Então, se, por exemplo, um juiz federal cometer um crime, a investigação deverá ser presidida
pelo Tribunal Regional Federal da sua área de jurisdição, sob pena de absoluta nulidade do
inquérito e das provas nele produzidas, podendo o TRF, no entanto, requisitar diligências ao
Delegado de Polícia.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 82 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Obs.: Sintetizando:
Nas infrações penais comuns, a competência para julgamento do juiz será do tribunal
a que está vinculado ou do STJ se for desembargador, membro de TRE ou ministro de
Tribunal Superior.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal serão processados e julgados perante o
próprio STF.
Surgindo indícios da realização de crime por magistrado, o foro competente presidirá o
procedimento investigatório prévio, promovendo o controle das diligências e podendo,
eventual e subsidiariamente, requisitá-las, sempre com a participação do Chefe do
Ministério Público correspondente, por ser ele o titular da ação penal pública.
O Chefe do Ministério Público, aliás, não precisará aguardar nenhum procedimento
investigatório se já possuir elementos de convicção suficientes para a propositura da
ação penal.
De acordo com o art. 33 da LOMAN, também são prerrogativas dos membros do Poder
Judiciário:
O porte funcional de arma confere aos juízes o direito de portarem arma de defesa pessoal
em todo o território nacional.
A prerrogativa independe de autorização ou licença de outras autoridades, não encontrando-
se submetida as limitações previstas na legislação ordinária que disciplina a matéria (Lei n.
10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento). Isso porque a LOMAN, enquanto lei complementar,
permite o porte de arma de defesa pessoal de uso permitido e de uso restrito com a única
exigência do regular registro no órgão competente.
14
No inciso II foi vetada a expressão “e em cuja presença será lavrado o auto respectivo”, com a justificativa de que seria
impraticável a autuação, em todos os casos, sem prejudicar a flagrância do delito;” Disponível em: https://www2.camara.
leg.br/legin/fed/leicom/1970-1979/leicomplementar-35-14-marco-1979-364957-veto-18747-pl.html
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 83 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
JURISPRUDÊNCIA
Segundo o STF, a LOMAN, lei complementar, confere aos seus membros a prerrogativa
de portar arma de defesa pessoal, sem prever qualquer requisito para o exercício dessa
prerrogativa, não podendo lei ordinária estabelecer novos critérios.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 84 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Cuidado. Estamos tratando dos atos jurisdicionais típicos e não dos atos administrativos
praticados pelos membros do Poder Judiciário no exercício atípico da função administrativa,
hipótese na qual o ente público responderá objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa
condição, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra os responsáveis no
caso de dolo ou culpa, tal como determina o art. 37, § 6º, da CF15.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 85 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
JURISPRUDÊNCIA
Segundo precedentes do STF, a prisão preventiva devidamente fundamentada e
decretada de acordo com a legislação em vigor representa ato lícito e, portanto, incapaz
de consumar a automática responsabilização do Estado ou do juiz no caso de o réu, ao
final da ação penal, vier a ser absolvido ou a sentença condenatória ser reformada na
instância superior17.
17
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO: ATOS DOS JUÍZES. C.F.,
ART. 37, § 6º. I. – A responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos dos juízes, a não ser nos casos expressa-
mente declarados em lei. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. II. – Decreto judicial de prisão preventiva não se con-
funde com o erro judiciário (C.F., art. 5º, LXXV) mesmo que o réu, ao final da ação penal, venha a ser absolvido. III. – Nega-
tiva de trânsito ao RE. Agravo não provido. (RE 429518 AgR, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em
05/10/2004, DJ 28-10-2004 PP-00049 EMENT VOL-02170-04 PP-00707 RTJ VOL 00192-02 PP-00749 RDDP n. 22, 2005, p.
142-145)
18
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 6. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2018.
19
Isso, inclusive, é hipótese de responsabilização no âmbito internacional, tanto a denegação de justiça quanto o atraso irra-
zoável e injustificado.
20
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 6. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2018.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 86 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
O fato é que realizada a reparação do dano pelo ente estatal, este poderá acionar
regressivamente o magistrado responsável, que por estar submetido a tratamento especial
previsto na LOMAN, somente será compelido a ressarcir o erário quando presentes os
pressupostos indicados na citada lei.
De acordo com art. 49 da LOMAN, que trouxe disposições gerais sobre a responsabilidade
civil e pessoal do juiz, este “responderá por perdas e danos” quando:
reputar-se-ão verificadas as hipóteses previstas no inciso II somente depois que a parte, por
intermédio do Escrivão, requerer ao magistrado que determine a providência, e este não lhe atender
o pedido dentro de dez dias.
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I – no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II – recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a
requerimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer
ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.
EXEMPLO
O STF, em um acórdão publicado no ano de 200221, por exemplo, excluiu juiz do polo passivo de
demanda reparatória, sob o fundamento de que pela teoria da dupla garantia o lesado deveria
processar o Estado direta e unicamente, podendo este, caso responsabilizado, ajuizar ação
regressiva contra o magistrado.
21
RE 228.977-2, 2ª T., rel. Ministro Néri da Silveira.DJ de 12.04.2002
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 87 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Outro ponto polêmico é saber se existe a responsabilidade pessoal dos juízes a título de
culpa, uma vez que tanto a LOMAN quanto o CPC utilizaram as expressões dolo e fraude.
Para aqueles que defendem a possibilidade, deve ser dada interpretação extensiva aos
dispositivos, de forma a abranger também a responsabilidade civil por ato culposo, sendo que,
nesse caso, há os que defendam a responsabilidade por culpa, mas sem especificar o seu
grau, como faz Caio Mário da Silva Pereira e Augusto do Amaral Dergint, e há os que defendem
a responsabilidade apenas nas situações de culpa grave. Até o momento, todavia, nem o STF
e nem o STJ debruçaram-se especificamente sobre a questão.
Obs.: Sintetizando:
A responsabilidade pessoal do juiz é subsidiária e somente ocorrerá se tiver procedido
com dolo ou fraude ou se recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que
deva ordenar de oficio ou a requerimento da parte (CPC, art. 143 e LOMAN, art. 49).
O Código Civil de 2002, no art. 1.744, apresenta, ainda, outras duas hipóteses de
responsabilidade civil do magistrado, a saber:
Art. 41. Salvo os casos de impropriedade ou excesso de linguagem o magistrado não pode ser
punido ou prejudicado pelas opiniões que manifestar ou pelo teor das decisões que proferir.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 88 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
I – advertência;
II – censura;
III – remoção compulsória;
IV – disponibilidade;
V – aposentadoria compulsória;
VI – demissão.
Será punido com a pena de advertência o juiz negligente no cumprimento dos deveres do
cargo (art. 43 da LOMAN), aplicando-se a pena de censura no caso de reiterada negligência no
cumprimento dos deveres do cargo, ou no caso de procedimento incorreto, se a infração não
justificar punição mais grave (art. 44 da LOMAN).
22
Art. 42 – São penas disciplinares:
I – advertência;
II – censura;
III – remoção compulsória;
IV – disponibilidade com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço;
V – aposentadoria compulsória com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço;
VI – demissão.
Parágrafo único. As penas de advertência e de censura somente são aplicáveis aos Juízes de primeira instância
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 89 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
O juiz punido com a pena de censura não poderá figurar em lista de promoção por
merecimento pelo prazo de um ano, contado da imposição da pena (art. 44, parágrafo único,
da LOMAN23).
Na promoção por merecimento, deverá ser dada preferência ao magistrado nunca punido
com advertência.
As penas de advertência e de censura somente são aplicáveis aos juízes de primeira instância
(art. 42, parágrafo único, da LOMAN), sempre por escrito e reservadamente.
EXEMPLO
Admite-se a remoção da Vara da Infância e Juventude do juiz caracterizado pela rispidez e
truculência no trato com os jurisdicionados, traços inaceitáveis diante da sensibilidade dos
temas tratados nas Varas desta natureza, devendo ser encaminhado para outro local.
6.3.3. Disponibilidade
Quando a gravidade das faltas cometidas não justificarem a aplicação de pena de censura
ou de remoção compulsória, sanções mais brandas, e nem forem graves o suficiente para
justificar a aposentadoria compulsória, sanção mais grave.
23
A mesma disposição consta no art. 23, §2º, da Resolução n. 135/2011.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 90 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
O juiz, se vitalício, será colocado em disponibilidade pelo tempo que o Tribunal compreender
necessário para que se restaure a dignidade do Poder Judiciário, recebendo vencimentos
proporcionais ao tempo de serviço ou, não sendo vitalício, será demitido por interesse público.
É o que define o art. 6º da Resolução n. 135/2011:
Art. 6º. O magistrado será posto em disponibilidade com vencimentos proporcionais ao tempo de
serviço, ou, se não for vitalício, demitido por interesse público, quando a gravidade das faltas não
justificar a aplicação de pena de censura ou remoção compulsória.
Nesses casos, o juiz receberá proventos proporcionais ao tempo de serviço, pois contribuiu
para previdência. Isto, porém, não representa direito subjetivo seu, podendo haver a cessação
do recebimento diante da decretação da perda do cargo e do benefício previdenciário como
fruto dos efeitos secundários da sentença ou acórdão penais condenatórios ou de ação civil
pública por improbidade administrativa.
6.3.5. Demissão
A demissão é sanção aplicável somente ao juiz não vitalício, uma vez que a perda de
cargo, cuidando-se de magistrado vitalício, depende de sentença judicial transitada em julgado
e proferida em:
• Ação penal por crime comum ou de responsabilidade; ou
• Ação civil para a desconstituição da relação funcional entre o Estado e o Juiz.
Cuidado. O art. 26 da LOMAN, na parte em que indicou hipóteses de demissão para o juiz
vitalício, não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, na medida em que esta
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 91 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
A Resolução n. 135/2011, art. 23, § 3º, dispõe que ao juiz não vitalício será aplicada pena
de demissão em cinco hipóteses.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 92 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Finalizado o estudo sobre as espécies de sanções administrativas, vamos nos dedicar agora
ao exame dos procedimentos necessários para que sejam aplicadas. O tema está regulado
entre os artigos 8º ao 11º da Resolução n. 135/2001, que disciplinam a investigação preliminar,
cuja instauração nem sempre será obrigatória, e entre os artigos 12º ao 22º, também da citada
Resolução, que versam sobre o processo administrativo disciplinar.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 93 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
JURISPRUDÊNCIA
No julgamento da ADI n. 4.638, ajuizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros
(AMB), o STF analisou a constitucionalidade de diversos dispositivos da Resolução n.
135/2011.
Quanto ao art. 8º e ao art. 9º, caput e §§ 2º e 3º, conferiu interpretação conforme a
Constituição no sentido de onde consta Corregedor e Presidente, ler-se órgão competente
do Tribunal. Quanto ao art. 10, igualmente dando interpretação conforme a Constituição,
excluiu a expressão “por parte do autor da representação”, para que fique claro que podem
recorrer das decisões mencionadas todos os interessados no procedimento, seja o autor
da representação ou o magistrado acusado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 94 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 95 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
e quarenta dias para ser concluído, prorrogável, quando imprescindível para o término da
instrução e houver motivo justificado, mediante deliberação do Plenário ou Órgão Especial.”
Quanto ao prazo prescricional para a apuração da falta funcional, o art. 24 da Resolução
n. 135/2011 fixa que será de cinco anos, contado a partir da data em que o tribunal tomou
conhecimento do fato, salvo quando configurar tipo penal, hipótese em que o prazo prescricional
será o do Código Penal.
Importante destacar que no momento em que for instaurado o processo administrativo
disciplinar o prazo prescricional será interrompido, conforme indica o art. 24, § 1º da Resolução.
Observe:
JURISPRUDÊNCIA
Segundo o STJ, a interrupção se esgotará 140 (cento e quarenta) dias após o prazo
máximo para conclusão do processo administrativo disciplinar.
Consoante o art. 24, §§ 2º e 3º, da Resolução n. 135/2011, trata-se de prazo improrrogável.
A LOMAN (art. 27, § 3º e art. 29), no mesmo sentido, conferiu ao Tribunal o poder para
determinar o afastamento cautelar do magistrado quando da instauração do processo
administrativo disciplinar ou do recebimento da ação penal acusatória.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 96 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
JURISPRUDÊNCIA
O § 1º, do art. 15, da Resolução n. 135/2011, contemplou a possibilidade de o Tribunal,
antes da instauração do processo administrativo disciplinar, afastar cautelarmente o
magistrado das suas funções quando necessário ou conveniente para a regular apuração
da infração disciplinar.
Na ADI n. 4.638, o STF definiu que a previsão está em descompasso com a Constituição
Federal, devendo permanecer suspensa, pois introduziu, mediante ato normativo do CNJ,
nova hipótese cautelar de afastamento de magistrado do cargo.
Para a Suprema Corte, depende de lei em sentido formal e material eventual restrição
às garantias da inamovibilidade e da vitaliciedade, sob pena de ofensa aos princípios da
legalidade e do devido processo.
O magistrado em lugar incerto e não sabido, que não foi intimado pessoalmente, será citado
por edital, com prazo de 30 (trinta) dias, a ser publicado uma vez, no órgão oficial de imprensa
utilizado pelo Tribunal para divulgar seus atos (art. 17, II, Res. 135/2011).
• O magistrado regularmente citado que não apresentar a defesa no prazo será considerado
revel e uma vez declarada a revelia o relator poderá designar defensor dativo ao requerido,
concedendo-lhe prazo para a apresentação de defesa (art. 17, IV e V, Res. 135/2011).
• Após o prazo para a apresentação da defesa prévia, o relator decidirá sobre a realização
dos atos de instrução e a produção das provas requeridas, determinando de ofício as
que entender necessárias.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 97 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
A inquirição das testemunhas e o interrogatório deverão ser feitos em audiência una, ainda
que, se o caso, em dias sucessivos, e poderão ser realizados por videoconferência, nos termos
do art. 405, § 1º, do Código de Processo Penal e da Resolução n. 105/2010 do CNJ.
O interrogatório do magistrado deve ser precedido de intimação com antecedência de 48
(quarenta e oito) horas e será realizado após a produção de todas as provas.
Os depoimentos poderão ser documentados pelo sistema audiovisual, sem a necessidade,
nesse caso, de degravação (art. 18, caput e §§ 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º da Res. 135/2011).
• Finda a instrução, o Ministério Público e, em seguida, o magistrado ou seu defensor
terão 10 (dez) dias para manifestação e razões finais, respectivamente (art. 19 da Res.
135/2011).
• O julgamento do processo administrativo disciplinar será realizado em sessão pública e
serão fundamentadas todas as decisões, inclusive as interlocutórias (art. 20, caput, da
Res. 135/2011).
Art. 27. O magistrado que estiver respondendo a processo administrativo disciplinar só terá apreciado
o pedido de aposentadoria voluntaria após a conclusão do processo ou do cumprimento da penalidade.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 98 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
Em relação aos juízes não vitaliciados, a Resolução n. 135/2011, art. 20, § 1º, preceitua
que a instauração do processo suspenderá o curso do prazo de vitaliciamento.
Art. 23. O processo disciplinar, contra juiz não vitalício, será instaurado dentro do biênio previsto
no art. 95, I da Constituição Federal, mediante indicação do Corregedor ao Tribunal respectivo,
seguindo, no que lhe for aplicável, o disposto nesta Resolução.
É dizer, o processo disciplinar deverá ser instaurado dentro do prazo de 2 (dois) anos
exigidos para a aquisição da vitaliciedade.
JURISPRUDÊNCIA
O STJ vem firmando a compreensão de que sendo prazo constitucional, o prazo para
vitaliciamento não está sujeito a suspensão, de modo que se o processo não terminar
antes dos 2 (dois) anos, ficará o magistrado automaticamente vitaliciado.
Em resumo: ou o Tribunal delibera antes do prazo de 2 (dois) anos, ou o juiz será vitaliciado
automaticamente.
Art. 12. Para os processos administrativos disciplinares e para a aplicação de quaisquer penalidades
previstas em lei, é competente o Tribunal a que pertença ou esteja subordinado o Magistrado, sem
prejuízo da atuação do Conselho Nacional de Justiça.
Parágrafo único. Os procedimentos e normas previstos nesta Resolução aplicam-se ao processo
disciplinar para apuração de infrações administrativas praticadas pelos Magistrados, sem prejuízo
das disposições regimentais respectivas que com elas não conflitarem.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 99 de 161
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli
JURISPRUDÊNCIA
Destacamos a parte final do caput, porque na ADI n. 4.638, o STF definiu a constitucionalidade
do art. 12 ao prever competência concorrente entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
e as Corregedorias dos Tribunais. Assim, o CNJ, diante da notícia de um desvio funcional
praticado por magistrado, poderá iniciar o processo administrativo disciplinar contra ele,
sem a necessidade de aguardar a atuação da Corregedoria local.
Nesses termos, o STF, no julgamento do MS n. 28.620, já decidiu que: “não há necessidade
de exaurimento da instância administrativa ordinária para a atuação do CNJ. Competência
concorrente, e não subsidiária”.
7. Administração Judicial
7.1. Introdução à Sociologia da Administração Judiciária
O Direito, enquanto ciência humana, mantém conexões com outras disciplinas, a exemplo
da Sociologia, cujo objetivo é o estudo do fato social, visando compreender os problemas que
permeiam a sociedade e os seus impactos na formação dos regramentos jurídicos.
Quanto ao Poder Judiciário, em específico, a Sociologia contribui fornecendo respostas
para questões concernentes à administração judiciária.
DICA
Anote! A administração judiciária é a aplicação de técnicas
administrativas na realização das atividades do Poder
judiciário.
O tema é de grande valia, na medida em que a evolução do Estado liberal para o Estado social,
ao conferir ao Poder Público um papel mais ativo na consecução dos direitos fundamentais e na
gestão dos conflitos entre classes sociais, dando maior ênfase a grupos antes completamente
excluídos, provocou também um dramático aumento do número de processos judiciais
protocolados. Com efeito, a expansão da litigiosidade ganhou contornos ainda mais graves
diante da incapacidade financeira do Estado para concretizar os compromissos assistenciais
assumidos.
Todos esses fatores, inevitavelmente, acabaram por repercutir na qualidade da prestação
jurisdicional, surgindo, assim, um novo campo de estudo para a Sociologia, passível de ser
dividido em três grandes grupos de análise, a saber:
1) O acesso à justiça;
2) A administração da justiça enquanto instituição política e profissional; e
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Obs.: Conclusão:
A administração judiciária é o ramo da administração pública que compreende, além
da atividade administrativa do Poder Judiciário, o relacionamento deste com os
demais entes estatais e com as entidades sociais. Representa a aplicação de técnicas
administrativas na realização das atividades do Poder judiciário.
A Sociologia da administração judiciária, por seu turno, é formada por três grandes
campos de estudo, cuja função principal é identificar os entraves que obstaculizam
uma prestação jurisdicional adequada, justa e efetiva, identificando, igualmente, as
soluções possíveis.
São três searas de estudo da Sociologia da administração judiciária:
1) O acesso à justiça;
2) A administração da justiça enquanto instituição política e profissional; e
3) Os conflitos sociais e os mecanismos de resolução.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
negativa com a justiça, seja em função do temor de represálias ao recorrer à via judicial, ou
simplesmente pela falta de disposição psicológica para procurar assistência judiciária perante
advogados privados ou Defensores Públicos.
A análise dos conflitos sociais e dos mecanismos de sua resolução foi inaugurada,
inicialmente, pela antropologia social, cujos estudos revelaram a existência de uma pluralidade
de direitos e padrões de vida jurídica totalmente distintos dos verificados nas sociedades
ditas civilizadas, permitindo extrair duas conclusões que influenciaram algumas reformas da
administração da justiça nos últimos anos:
• Do ponto de vista da sociologia, o Estado não é a única fonte do Direito, ou seja, não é
dele o monopólio da produção e distribuição do Direito; e
• A redução do número de litígios de natureza civil não é o resultado da diminuição de
conflitos na ordem social e jurídica, mas representa, antes de tudo, a consequência do
crescimento da utilização de mecanismos de resolução informais, menos dispendiosos
e mais eficientes que a via jurisdicional.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
DICA
Anote! Acrescentado ao texto constitucional pela Emenda
Constitucional n. 19/1998, o princípio da eficiência é um dos
postulados regentes da Administração Pública, significando
o dever de com a maior economia de recursos se alcançar o
melhor resultado.
Regulamentando o tema no âmbito do Poder Judiciário, o CNJ
ampliou a função dos magistrados, até então essencialmente
jurisdicional, para abranger aspectos concernentes a gestão
de pessoas e de recursos.
Hodiernamente, considera-se eficiente o magistrado que
além de possuir conhecimentos jurídicos e postura ética,
demonstra capacidade para organizar e resolver os infortúnios
que rotineiramente surgem nas Vara Judiciais.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
DICA
Anote! Uma das razões de ser do CNJ é a formulação de
um planejamento estratégico da administração judicial,
promovendo trocas de experiências e o aprimoramento das
discussões e práticas relacionadas à modernização da gestão
judiciária, a fim de concretizar, cada vez mais, o princípio da
eficiência na própria atividade-fim do Poder Judiciário.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
• Credibilidade
• Celeridade
• Modernidade
• Acessibilidade
• Transparência e Controle Social
• Responsabilidade Social e Ambiental
• Imparcialidade
• Ética
• Probidade
• Macrodesafios do Poder Judiciário
• Efetividade na prestação jurisdicional
• Garantia dos direitos de cidadania
• Combate à corrupção e à improbidade administrativa
• Celeridade e produtividade na prestação jurisdicional
• Adoção de soluções alternativas de conflito
• Gestão das demandas repetitivas e dos grandes litigantes
• Impulso às execuções fiscais, cíveis e trabalhistas
• Aprimoramento da gestão da justiça criminal
• Fortalecimento da segurança do processo eleitoral
• Melhoria da Gestão de Pessoas
• Aperfeiçoamento da Gestão de Custos
• Instituição da Governança Judiciária
• Melhoria da Infraestrutura e Governança de TI
Conforme o art. 7º da Resolução n. 198/2014:
Art. 8º. Os órgãos do Poder Judiciário manterão unidade de gestão estratégica para assessorar a
elaboração, a implementação e o monitoramento do planejamento estratégico.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 13. O CNJ manterá disponível, no seu portal, o Banco de Boas Práticas e Ideias para o
Judiciário (BPIJus), a ser continuamente atualizado, com o intuito de promover a divulgação e o
compartilhamento de práticas e ideias inovadoras, visando ao aperfeiçoamento dos serviços
judiciais.
Art. 14. O BPIJus será constituído da seguinte forma:
I – práticas sugeridas por servidores, tribunais ou conselhos do Poder Judiciário, alinhadas aos
Macrodesafios mencionados no Anexo; e
II – ideias inovadoras para melhoria do Judiciário, apresentadas por qualquer pessoa.
Parágrafo único. As práticas e ideias serão incluídas no BPIJus após processo de seleção, na forma
de regulamento próprio a ser publicado pelo CNJ.
Art. 15. As práticas incluídas no BPIJus concorrerão ao Prêmio Excelência em Gestão Estratégica
do Poder Judiciário.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Na prova para concurso de Juiz de Direito Substituto do TJ/AM, aplicada em 2016 pela
CEBRASPE, foi assim questionado:
004. Discorra sobre o sistema de controle interno do Poder Judiciário, correlacionando-o com
o princípio da eficiência.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
por entidades de direito privado e subsidiar meios e informações, bem como apoiar o controle
externo e o CNJ no exercício de sua missão institucional. (Resolução n. 86/2009 do CNJ).
Anteriormente, as corregedorias — órgãos de orientação, fiscalização e controle disciplinar e
administrativo de juízes e servidores — eram as principais responsáveis pelo controle interno do
Poder Judiciário e pelo funcionamento adequado dos serviços notariais e registrais, exercidos
em caráter privado.
Cabe ressaltar, por fim, que o CNJ não controla a atuação jurisdicional do Poder Judiciário,
pois, como se sabe, não exerce jurisdição. Nesse sentido, já decidiu o STF:
JURISPRUDÊNCIA
O CNJ, embora integrando a estrutura constitucional do Poder Judiciário como órgão
interno de controle administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura — excluídos,
no entanto, do alcance de referida competência, o próprio STF e seus ministros (ADI
3.367/DF) —, qualifica-se como instituição de caráter eminentemente administrativo, não
dispondo de atribuições funcionais que lhe permitam, quer colegialmente, quer mediante
atuação monocrática de seus conselheiros ou, ainda, do corregedor nacional de justiça,
fiscalizar, reexaminar e suspender os efeitos decorrentes de atos de conteúdo jurisdicional
emanados de magistrados e tribunais em geral. (STF, Pleno, MS n. 28.211/DF–MC–AgR,
Relator Ministro Celso de Mello.)
agentes públicos de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento profissional. É
o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada
apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório
atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros”. O professor acrescenta, ainda,
que “o dever da eficiência corresponde ao dever da boa administração.
(Hely Lopes Meirelles. Direito administrativo brasileiro. 27.ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002.).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
princípio apresenta-se sob dois aspectos, podendo tanto ser considerado em relação à forma de
atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atuações
e atribuições, para lograr os melhores resultados, como também em relação ao modo racional de
se organizar, estruturar, disciplinar a administração pública, e também com o intuito de alcance de
resultados na prestação do serviço público. (Maria Sylvia Zanella di Pietro. Direito administrativo.
13.ª ed. São Paulo: Atlas, 2001.)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
RESUMO
Abaixo, vejamos breve resumo sobre os pontos que costumam ser de maior incidência
em questões de provas, o que NÃO AFASTA a necessidade de reler os grifos e anotações
realizados pelo aluno no decorrer da aula.
De acordo com o art. 93, caput, da Constituição de 1988, “lei complementar, de iniciativa
do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura”, observados os
princípios elencados na Lei Maior. Tal estatuto terá imensa amplitude, abarcando desde o dever
de serem os observados os princípios constitucionais até o estabelecimento das atribuições
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Até o momento, contudo, a referida lei ainda não foi editada. Não obstante, no ano de
1979 entrou em vigor a Lei Complementar n. 35, conhecida como LOMAN (Lei Orgânica da
Magistratura Nacional).
De acordo com o STF, a LOMAN foi recepcionada pelo atual texto constitucional24.
Órgãos Integrantes
24
ADI 841 – QO; ADI 1.152-MC; ADI 1.503; ADI 4.108-REF-MC; ADI 4.042-MC
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ingresso na Carreira
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
• Antiguidade
A antiguidade é critério meramente cronológico, sendo o mais antigo aquele que estiver a
mais tempo na carreira.
Na apuração da antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada
ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação (art. 93, II, “d”, CF).
• Merecimento
Merecimento, como o próprio nome já antecipa, diz respeito ao mérito, mas não se resume
a isto, vez que a sua aferição obedece a parâmetro duplo, devendo o mérito ser verificado em
conjunto com um mínimo de antiguidade.
É que o texto constitucional (art. 93, II, “b”) determinou que a promoção por merecimento
pressupõe:
− Dois anos de exercício na respectiva entrância; e
− Integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Quinto Constitucional
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez
anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
das respectivas classes.
O quinto constitucional corresponde, assim, à destinação de 20% dos lugares dos Tribunais
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados e do Tribunal do Distrito Federal e Territórios,
aos membros do Ministério Público e aos advogados, desde que tenham:
• Mais de 10 anos de efetiva atividade profissional (advocacia) ou de carreira (Ministério
Público);
• Reputação ilibada; e
• Notório saber jurídico;
No que tange à nomeação dos membros dos tribunais superiores, não existe qualquer
pertinência com a carreira da magistratura.
Vamos relembrar:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Para o cumprimento dos deveres funcionais acima elencados, foram conferidas diversas
garantias.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Garantias Institucionais
Autonomia orgânico-
Autonomia financeira
administrativa
(Art. 99 da CF)
(Art. 96, I, da CF)
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
Art. 96. Compete privativamente:
administrativa e financeira.
I – aos tribunais:
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas
a) eleger seus órgãos diretivos e
orçamentárias dentro dos limites estipulados
elaborar seus regimentos internos,
conjuntamente com os demais Poderes na lei de
com observância das normas de
diretrizes orçamentárias.
processo e das garantias processuais
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros
das partes, dispondo sobre a
tribunais interessados, compete:
competência e o funcionamento dos
I – no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo
respectivos órgãos jurisdicionais e
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a
administrativos;
aprovação dos respectivos tribunais;
b) organizar suas secretarias
II – no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e
e serviços auxiliares e os dos
Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça,
juízos que lhes forem vinculados,
com a aprovação dos respectivos tribunais.
velando pelo exercício da atividade
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem
correicional respectiva;
as respectivas propostas orçamentárias dentro do
c) prover, na forma prevista nesta
prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o
Constituição, os cargos de juiz de
Poder Executivo considerará, para fins de consolidação
carreira da respectiva jurisdição;
da proposta orçamentária anual, os valores aprovados
d) propor a criação de novas varas
na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com
judiciárias;
os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.
e) prover, por concurso público
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este
de provas, ou de provas e títulos,
artigo forem encaminhadas em desacordo com os
obedecido o disposto no art.
limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo
169, parágrafo único, os cargos
procederá aos ajustes necessários para fins de
necessários à administração da
consolidação da proposta orçamentária anual.
Justiça, exceto os de confiança assim
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não
definidos em lei;
poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
f) conceder licença, férias e outros
obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na
afastamentos a seus membros e aos
lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente
juízes e servidores que lhes forem
autorizadas, mediante a abertura de créditos
imediatamente vinculados.
suplementares ou especiais.
Garantias Funcionais
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Nos termos do art. 95 da CF, a independência dos magistrados se expressa em três espécies
de garantias:
• Vitaliciedade;
• Inamovibilidade; e
• Irredutibilidade de subsídios.
Imparcialidade
Por fim, também com o objetivo de alcançar a imparcialidade, aos magistrados é concedida
a prerrogativa de “ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados
com a autoridade ou Juiz de instância igual ou inferior” (art. 33, I, da LOMAN). A exigência
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
busca afastar eventuais influências externas pelos juízes lotados em instância superior sobre
os lotados em instância inferior.
Atribuições
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Composição
Nos termos do art. 103-B, caput, da CF, o CNJ é composto por 15 membros com mandato
de dois anos, permitida uma única recondução, assim distribuídos:
• O Presidente do STF;
• Um Ministro do STJ, indicado pelo respectivo tribunal;
• Um Ministro do TST, indicado pelo respectivo tribunal;
• Um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo STF;
• Um juiz estadual, indicado pelo STF;
• Um juiz de TRF, indicado pelo STJ;
• Um juiz federal, indicado pelo STJ;
• Um juiz de TRT, indicado pelo TST;
• Um juiz do trabalho, indicado pelo TST;
• Um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;
• Um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República
dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;
• Dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
• Dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara
dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
Visando à fixação dos assuntos abordados, vejamos agora algumas questões cobradas
em provas de concurso público sobre os temas estudados.
Antes disso, alerto que em razão escassez de questões elaboradas pela FGV, preparei um
compilado de exercícios formulados por diversas bancas de prova, a fim de que não se perca,
em momento algum, a oportunidade de se colocar em prática o conhecimento apreendido.
Bom treino e bons estudos! 💪
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CGU/2022/FGV/AUDITOR FEDERAL DE FINANÇAS E CONTROLE) Maria, juíza federal,
pela quinta vez alternada, faz parte da lista tríplice para promoção por merecimento a um dado
Tribunal Regional Federal.
Ao receber a lista, o presidente da República consultou sua assessoria a respeito de uma
possível preferência de Maria em relação aos dois outros integrantes da lista, sendo-lhe
corretamente informado que:
a) não há preferência no caso descrito, pois Maria figurou cinco vezes, de modo alternado, na
lista para promoção por merecimento;
b) Maria deve ser obrigatoriamente promovida, por ter figurado cinco vezes alternadas na lista
para promoção por merecimento;
c) há preferência, mas o chefe do Poder Executivo pode deixar de promover Maria mediante
ato devidamente fundamentado;
d) não há preferência, na situação narrada, na promoção de instância, pois só há preferência
na promoção para uma entrância superior;
e) não há preferência, pois a competência constitucional do chefe do Poder Executivo somente
observa balizamentos nas situações expressamente indicadas.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
e) correto, pois a receita pública é arrecadada pelo Poder Executivo, daí decorrendo a sua
competência para fixar os limites da despesa pública.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
o ideal é que ele siga uma carreira cujas garantias busquem evitar esse tipo de infortúnio,
como é o caso da magistratura e do Ministério Público.
Encantado com a segurança jurídica que o direito positivo busca oferecer à magistratura, Jorge
diz a Pedro que já começa a cogitar mudar o foco do concurso que realizará no futuro. Pedro, no
entanto, expõe a Jorge que a magistratura também possui os seus deveres e proibições, como
não poderia deixar de ser. Pedro, assim, com base na Constituição Federal de 1988 e na Lei
Complementar 35, de 14 de março de 1979, diz a Jorge que, uma vez que ele se torne magistrado,
a) será proibido de exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que
se refere à cobrança de custas e emolumentos.
b) deverá residir na sede da comarca e comparecer pontualmente às oito horas da manhã para
iniciar o expediente, independente de autorização em sentido diverso.
c) precisará manter conduta irrepreensível na vida pública e particular, sendo-lhe vedado ser
acionista ou cotista de sociedade comercial.
d) será proibido de manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo
pendente de julgamento, seu ou de outrem.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) II, III e IV.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
GABARITO
1. b
2. a
3. e
4. e
5. c
6. a
7. b
8. a
9. b
10. e
11. a
12. e
13. b
14. d
15. c
16. a
17. c
18. E
19. C
20. d
21. E
22. E
23. b
24. b
25. C
26. d
27. d
28. E
29. b
30. E
31. E
32. a
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
GABARITO COMENTADO
001. (CGU/2022/FGV/AUDITOR FEDERAL DE FINANÇAS E CONTROLE) Maria, juíza federal,
pela quinta vez alternada, faz parte da lista tríplice para promoção por merecimento a um dado
Tribunal Regional Federal.
Ao receber a lista, o presidente da República consultou sua assessoria a respeito de uma
possível preferência de Maria em relação aos dois outros integrantes da lista, sendo-lhe
corretamente informado que:
a) não há preferência no caso descrito, pois Maria figurou cinco vezes, de modo alternado, na
lista para promoção por merecimento;
b) Maria deve ser obrigatoriamente promovida, por ter figurado cinco vezes alternadas na lista
para promoção por merecimento;
c) há preferência, mas o chefe do Poder Executivo pode deixar de promover Maria mediante
ato devidamente fundamentado;
d) não há preferência, na situação narrada, na promoção de instância, pois só há preferência
na promoção para uma entrância superior;
e) não há preferência, pois a competência constitucional do chefe do Poder Executivo somente
observa balizamentos nas situações expressamente indicadas.
É obrigatória a promoção do juiz que figure três vezes consecutivas ou cinco alternadas em
lista de merecimento (art. 93, II, “a”, da CF/88).
Letra b.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
1) Errada. A vitaliciedade é adquirida após dois anos de exercício (art. 95, I, da CF/88).
2) Errada. A vitaliciedade permite que o agente ocupe o cargo até que decida dele se desligar
voluntariamente, venha a falecer ou seja compulsoriamente aposentado.
3) Certa. Está de acordo com o art. 95, I, da CF/88; in verbis:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
De acordo com o art. 93, inciso II, da Constituição Federal, a promoção ocorrerá de entrância
para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Na apuração da antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada
ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação (art. 93, II, “d”, CF/88).
O STF guarda entendimento de que para verificar a satisfação do quórum de dois terços, não
deverão ser computados:
• Os cargos vagos; e
• Os cargos providos, mas cujos ocupantes estejam cautelarmente afastados do exercício
da função jurisdicional.
Noutra via, deverão ser levados em consideração, os cargos preenchidos por membros
afastados em caráter eventual, nesses incluídos todos aqueles que, juridicamente aptos a
exercer suas atribuições, estejam impedidos por motivos transitórios.
Letra a.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) Certa. É o que determina o art. 95, parágrafo único, III, da CF/88; in verbis:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
[...]
X – as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
d) Errada. Os atos de remoção, disponibilidade e aposentadoria dos magistrados por interesse
público serão tomados por decisão da maioria absoluta (e não da maioria simples!) dos
Tribunais ou do Conselho Nacional de Justiça.
Nesse sentido, art. 93, VIII, da CF/88:
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2
(dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo:
[...]
V – um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
Letra a.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
b) é possível, desde que fosse decretada, em caráter prévio, a aposentadoria compulsória de João;
c) é possível, preenchidos os requisitos exigidos, por decisão exclusiva do Conselho Nacional
de Justiça;
d) é possível, preenchidos os requisitos exigidos, por decisão exclusiva do tribunal a que João
está vinculado;
e) é possível, preenchidos os requisitos exigidos, por decisão do Conselho Nacional de Justiça
ou do tribunal a que João está vinculado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A questão encontra ampara no art. 26, § 1º, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LC n.
35/1979):
a) Errada. Segundo a LOMAN, art. 35, VII, é dever do magistrado exercer assídua fiscalização
sobre os subordinados, especialmente no que se refere à cobrança de custas e emolumentos.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
[...]
VIl – exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à cobrança
de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes;
b) Errada. Conforme a LOMAN, art. 35, V e VI, é dever do magistrado residir na sede da comarca
e comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se ausentar
injustificadamente antes de seu término.
LOMAN:
Art. 35 – São deveres do magistrado:
[...]
VIII – manter conduta irrepreensível na vida pública e particular.
***
Art. 36 – É vedado ao magistrado:
I – exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto
como acionista ou quotista;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) Errada. Ao Conselho Nacional de Justiça não compete criar novas vedações para os juízes,
além daquelas estampadas no texto constitucional e na LOMAN.
b) Errada. Segundo o art. 93, VIII, da CF/88:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
d) Errada. De acordo com o STF, a LOMAN foi recepcionada pelo atual texto constitucional,
de modo que “até o advento da lei complementar prevista no art. 93, caput, da Constituição de
1988, o Estatuto da Magistratura será disciplinado pelo texto da LC 35/1979, que foi recebida
pela Constituição.”25
Portanto, para que seja possível compreender adequadamente o regime jurídico da magistratura
é necessário conjugar a Constituição Federal de 1988 com a LOMAN.
A LOMAN, aliás, não prevê somente direitos e deveres aos magistrados, mas também assegura
o pleno exercício da jurisdição, evitando a usurpação das competências constitucionais
conferidas ao Judiciário nacional.
Letra c.
25
ADI 1.985, rel. min. Eros Grau, DJ. 03.03.2005, DJ de 13.05.2005.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
De acordo com a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Lei Complementar n. 35/79), são
vitalícios somente após dois anos de exercício os Juízes Federais.
É que os Ministros do Superior Tribunal Militar, do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal
Superior do Trabalho, bem como os Desembargadores dos Tribunais de Justiça, adquirem
vitaliciedade já na posse.
Observem:
LOMAM:
Art. 22 – São vitalícios:
I – a partir da posse:
a) os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) os Ministros do Tribunal Federal de Recursos;
c) os Ministros do Superior Tribunal Militar;
d) os Ministros e Juízes togados do Tribunal Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do
Trabalho;
e) os Desembargadores, os Juízes dos Tribunais de Alçada e dos Tribunais de segunda instância da
Justiça Militar dos Estados;
II – após dois anos de exercício:
a) os Juízes Federais;
b) os Juízes Auditores e Juízes Auditores substitutos da Justiça Militar da União;
c) os Juízes do Trabalho Presidentes de Junta de Conciliação e Julgamento e os Juízes do Trabalho
Substitutos;
d) os Juízes de Direito e os Juízes substitutos da Justiça dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, bem assim os Juízes Auditores da Justiça Militar dos Estados.
Letra a.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Segundo Pedro, com base na Constituição Federal de 1988 e na Lei Complementar 35, de 14 de
março de 1979, uma vez magistrado, Jorge poderá ser removido sem o seu assentimento em
situação de excepcional interesse público, respeitada a legislação pertinente ao tema.
Em razão do princípio da inamovibilidade, assegurado aos membros do Poder Judiciário, a
remoção depende da concordância do magistrado. Há no art. 93, VIII, da CF, contudo, hipótese de
remoção compulsória punitiva, quando ocorrerá o deslocamento do magistrado por interesse
público, mediante decisão da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), em procedimento que assegure a ampla defesa.
Segundo o art. 93, VIII, da CF/88:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
De fato, compete ao CNJ, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto
da Magistratura, o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
d) serão nomeados após escolha, pelo Poder Executivo, a partir de lista tríplice enviada pelo
respectivo tribunal.
e) serão nomeados após escolha, pelo STJ, a partir de lista sêxtupla indicada pelos órgãos de
representação das respectivas classes.
a) Errada. Com exceção do TST (art. 111-A, CF), não existe quinto constitucional nos tribunais
superiores (STF, STF, TSE e STM)
b) Errada. O art. 94, da CF, exige mais de 10 anos (não são 5 anos!) de efetiva atividade
profissional e reputação ilibada.
Vejamos:
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez
anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.
Para ser Ministro do STF o cidadão deve ter mais 35 (e não mais de 30 anos!) e menos de 70
anos de idade conforme o art. 101 da CF.
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos
com mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade, de notável saber jurídico e reputação
ilibada. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 122, de 2022)
Errado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Compete ao Senado Federal (e não ao Congresso Nacional!) aprovar por maioria absoluta o
nome indicado pelo Presidente da República para ocupar o posto de Ministro do STF.
a) Errada. Compete ao Senado Federal julgar os ministros do Supremo Tribunal Federal que
cometam crime de responsabilidade, conforme o art. 52, II, da CF.
JURISPRUDÊNCIA
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Questão supertranquila!
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) é o órgão competente para exercer controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos
juízes (art. 103-B, § 4º, da CF), além do encargo do recebimento e conhecimento de reclamações
contra os serviços auxiliares do Poder Judiciário (art. 103-B, § 4º, III).
Vejamos:
Art. 103-B, § 4º. Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras
atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
(...)
III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro
que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar
e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a
remoção ou a disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
Letra b.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
Destarte, correto afirmar que cabe ao Estado organizar a respectiva justiça estadual.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Certo.
a) Errada. A vitaliciedade dos juízes será adquirida após dois anos de exercício no cargo e não
na posse.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A questão versa sobre as vedações incidentes sobre os magistrados, de modo que antes de
analisarmos individualmente cada alternativa é crucial fazemos a leitura do art. 95, parágrafo
único da CF/88:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e
impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Errado.
JURISPRUDÊNCIA
(...) esta Suprema Corte em distintas ocasiões já afirmou que o CNJ não é dotado de
competência jurisdicional, sendo mero órgão administrativo. Assim sendo, a Resolução
135, ao classificar o CNJ e o CJF de “tribunal”, (...) simplesmente disse – até porque mais
não poderia dizer – que as normas que nela se contêm aplicam-se também aos referidos
órgãos.
(ADI 4.638 MC-REF, rel. min. Marco Aurélio, voto do min. Ricardo Lewandowski, j. 8-2-
2012, P, DJE de 30-10-2014.) (Grifos nossos)
JURISPRUDÊNCIA
não há necessidade de exaurimento da instância administrativa ordinária para a atuação
do CNJ. Competência concorrente, e não subsidiária. (MS 28.620, rel. min. Dias Toffoli, j.
23-9-2014, 1ª T, DJE de 8-10-2014.)
III: Errado. O CNJ limita-se a apurar violações aos deveres funcionais dos magistrados.
Novamente, vejamos o § 4º, do art. 103-B, da CF, que assim prevê:
JURISPRUDÊNCIA
O CNJ, embora seja órgão do Poder Judiciário, nos termos do art. 103-B, § 4º, II, da CF,
possui, tão somente, atribuições de natureza administrativa e, nesse sentido, não lhe é
permitido apreciar a constitucionalidade dos atos administrativos, mas somente sua
legalidade. (MS 28.872 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 24-2-2011, P, DJE de 18-3-
2011.) (Grifos nossos)
Letra b.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Cuidado! Um quinto (e não um terço) das vagas nos tribunais de justiça é reservado a
advogados de notório saber jurídico e reputação ilibada com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional e a membros do Ministério Público com mais de dez anos de carreira.
É o que estabelece o art. 94 da CF:
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez
anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.
Errado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) Certa. Está de acordo com o art. 103-B, § 4º, III, da CF, in verbis:
b) Errada. A assertiva trata da competência do CNJ estampada no art. 103-B, § 4º, V, da CF, que
não excepciona os integrantes de tribunais superiores.
c) Errada. O CNJ não possui competência para julgar ações penais, até porque nem mesmo
exerce função jurisdicional, correspondendo a órgão de natureza exclusivamente administrativa.
d) Errada. O CNJ não possui competência para julgar, em grau de recurso, ato jurisdicional,
pois, como visto logo acima, é órgão de natureza exclusivamente administrativa, responsável
pelo controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos
deveres funcionais dos juízes, na forma do art. 103-B, § 4º, da CF:
Renato Borelli
Juiz federal e especialista em Direito Público, Direito Tributário e Sociologia Jurídica. Juiz federal do TRF-1.
Foi juiz federal do TRF-5. Exerceu a advocacia privada e pública. Foi servidor público e assessor de desem-
bargador federal (TRF-1) e ministro (STJ). Atuou no Carf/Ministério da Fazenda (antigo Conselho de Con-
tribuintes) como conselheiro. É formado em Direito e Economia, com especialização em Direito Público,
Direito Tributário e Sociologia Jurídica.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.