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NOÇÕES GERAIS

DE DIREITO E
FORMAÇÃO
HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno
e Responsabilidade

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade................................................................4
1. Premissas Básicas.. .....................................................................................................................................................4
2. Regime Jurídico da Magistratura Nacional..................................................................................................4
2.1. Órgãos Integrantes. . ................................................................................................................................................5
2.2. Carreiras.......................................................................................................................................................................11
2.3. Remoção.....................................................................................................................................................................22
3. Direitos e Deveres Funcionais da Magistratura. ....................................................................................25
3.1. Deveres........................................................................................................................................................................25
3.2. Direitos ou Garantias.. ........................................................................................................................................30
4. Código de Ética da Magistratura Nacional. ...............................................................................................44
4.1. Ética e Poder Judiciário. . ....................................................................................................................................46
4.2. Princípios Regentes............................................................................................................................................49
4.3. Juízes x Advogados.............................................................................................................................................56
5. Sistema de Controle Interno do Poder Judiciário. ..................................................................................58
5.1. Corregedorias..........................................................................................................................................................60
5.2. Conselhos Superiores........................................................................................................................................65
5.3. Ouvidorias................................................................................................................................................................. 69
5.4. Conselho Nacional de Justiça (CNJ)...........................................................................................................70
6. Responsabilidade Administrativa, Civil e Criminal dos Magistrados.........................................81
6.1. Responsabilidade Criminal.............................................................................................................................. 82
6.2. Responsabilidade Civil......................................................................................................................................85
6.3. Responsabilidade Administrativa..............................................................................................................89
7. Administração Judicial....................................................................................................................................... 100
7.1. Introdução à Sociologia da Administração Judiciária................................................................... 100
7.2. Planejamento Estratégico e Gestão. ...................................................................................................... 103
Resumo...............................................................................................................................................................................112
Questões de Concurso..............................................................................................................................................123
Gabarito.............................................................................................................................................................................133
Gabarito Comentado..................................................................................................................................................134

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Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli

Apresentação
Olá, aluno(a).
Meu nome é Renato Borelli e atualmente ocupo o cargo de Juiz Federal em Brasília (TRF1).
Antes da magistratura, tive experiências como servidor de Tribunais (TRF1 e STJ), bem como
na advocacia pública e privada.
Na aula de hoje, estudaremos Ética e o Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional.

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REGIME JURÍDICO, ÉTICA, CONTROLE INTERNO E


RESPONSABILIDADE
1. Premissas Básicas
O Estado de Direito brasileiro, como não poderia deixar de ser, tem no princípio da
separação dos Poderes um dos seus pilares mais essenciais. Tanto é que a Carta Política de
1988 o definiu como cláusula pétrea, estipulando que não poderá nem mesmo ser objeto de
deliberação qualquer proposta de emenda à Constituição tendente a aboli-lo (art. 60, § 4º, III).
É que tendo as suas bases teóricas sido inicialmente lançadas por Aristóteles em sua
obra “Política” e posteriormente “aprimoradas” por Montesquieu em seu “O espírito das leis”,
a ideia de o poder estatal ser dividido em três funções distintas, cada qual exercida por um
órgão autônomo e independente, foi indispensável para o desenvolvimento de um modelo de
Estado que repudiasse as arbitrariedades do período absolutista, quando todo o poder estava
concentrado nas mãos do soberano, que isento à mecanismos robustos de controle, submetia
o povo a toda sorte de mandos e desmandos.
Exatamente por isso que Montesquieu alertava que “todo homem que tem o poder é tentado
a abusar dele”, de modo que “é preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder”,
afastando-se, com isso, o despotismo.
Nesse cenário, ao Poder Judiciário coube privativamente a função estatal da jurisdição,
devendo, por intermédio do processo judicial, aplicar o direito objetivo aos casos concretos,
sempre primando pela pacificação social, pelo fortalecimento das instituições estatais e pela
defesa dos diretos e garantias fundamentais.
Nos termos constitucionais, é possível afirmar que o Judiciário é um dos Poderes da República
Federativa do Brasil, sendo os seus integrantes titulares de uma parcela da soberania estatal.
Compreendidas essas premissas, vamos dar continuidade a nossa aula e estudar como se
organiza e atua o Poder Judiciário brasileiro, analisando os seus órgãos, o modo de ingresso
na carreira, os sistemas de controle, entre outros temas de suma importância para a sua prova.

2. Regime Jurídico da Magistratura Nacional


Regime jurídico é o conjunto de regras e princípios que regulam determinada relação jurídica.
De acordo com o art. 93, caput, da Constituição de 1988, “lei complementar, de iniciativa
do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura”, observados os
princípios elencados na Lei Maior. Tal estatuto terá imensa amplitude, abarcando desde o dever
de serem os observados os princípios constitucionais até o estabelecimento das atribuições
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Tratando-se de lei complementar, o quórum de aprovação é a maioria absoluta.
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Até o momento, contudo, a referida lei ainda não foi editada. Não obstante, no ano de
1979 entrou em vigor a Lei Complementar n. 35, conhecida como LOMAN (Lei Orgânica
da Magistratura Nacional).
De acordo com o STF, a LOMAN foi recepcionada pelo atual texto constitucional1, de modo que
“até o advento da lei complementar prevista no art. 93, caput, da Constituição de 1988, o Estatuto
da Magistratura será disciplinado pelo texto da LC 35/1979, que foi recebida pela Constituição.”2
Portanto, para que seja possível compreender adequadamente o regime jurídico da
magistratura nacional será preciso fazer o estudo conjugado da Constituição Federal de 1988
com a LOMAN.
A LOMAN não somente prevê direitos e deveres aos magistrados, mas também assegura
o pleno exercício da jurisdição, evitando a usurpação das competências constitucionais
conferidas ao Judiciário nacional.
A importância de haver uma Lei Complementar para reger a carreira da magistratura
reside no fato de o constituinte ter interpretado que determinadas matérias, em que pese a
sua relevância, não poderiam ser regulamentadas em sede constitucional, sob pena de se
tornar demasiadamente dificultoso eventual processo de alteração, tampouco poderiam ser
modificadas através de processo legislativo ordinário, que se revela muito simples considerando
a significância do tema.

Sabendo que, segundo a Constituição Federal, o regime jurídico da magistratura será definido
pelo estatuto da magistratura, devendo este ser o fruto de lei complementar de iniciativa do
Supremo Tribunal Federal (art. 93, CF), será reputado inconstitucional a criação de órgãos
de fiscalização por lei estadual, uma vez que nenhum diploma normativo que diga respeito a
regime jurídico da magistratura poderá ser editado por lei que não seja da iniciativa do STF.
É dizer: qualquer ato administrativo ou legal que não siga o parâmetro do art. 93 da Constituição
Federal será reputado inconstitucional.

Art. 93 da CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto
da Magistratura (...):

2.1. Órgãos Integrantes


Temos aqui o primeiro conflito entre a LOMAN e a Constituição Federal, na medida em que
o art. 92 desta, alterado pelas Emendas Constitucionais n. 45/2004 e n. 92/2016, consagrou
estrutura mais ampla ao Poder Judiciário, devendo prevalecer.
Destarte, de acordo com o art. 92, da CF/88, são os órgãos do Poder Judiciário:
• Supremo Tribunal Federal;
1
ADI 841 – QO; ADI 1.152-MC; ADI 1.503; ADI 4.108-REF-MC; ADI 4.042-MC
2
ADI 1.985, rel. min. Eros Grau, DJ. 03.03.2005, DJ de 13.05.2005.

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• Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela EC n. 45/2004)


• Superior Tribunal de Justiça;
• Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela EC n. 92/2016)
• Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
• Tribunais e Juízes do Trabalho;
• Tribunais e Juízes Eleitorais;
• Tribunais e Juízes Militares;
• Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

Compare os dois dispositivos:

Constituição Federal de 1988 (art. 92) LOMAN (art. 1º)

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:


I – o Supremo Tribunal Federal; Art. 1º. O Poder Judiciário é exercido pelos seguintes
I – A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela EC n. órgãos:
45/2004) I – Supremo Tribunal Federal;
II – o Superior Tribunal de Justiça; II – Conselho Nacional da Magistratura;
II – A – o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela EC III – Tribunal Federal de Recursos e Juízes Federais;
n. 92/2016) IV – Tribunais e Juízes Militares;
III – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; V – Tribunais e Juízes Eleitorais;
IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho; VI – Tribunais e Juízos do Trabalho;
V – os Tribunais e Juízes Eleitorais; VII – Tribunais e Juízes Estaduais;
VI – os Tribunais e Juízes Militares; VIII – Tribunal e Juízes do Distrito Federal e dos
VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Territórios.
Federal e Territórios.

É preciso compreender que a jurisdição é nacional e não comporta divisões, bem como o
Poder Judiciário, que também não é federal e nem estadual, e sim nacional.
O Poder Judiciário, portanto, é um poder único composto por vários órgãos estatais federais
e estaduais, atribuindo-se a cada um deles uma fatia (competência) do total das numerosas
causas que são processadas no país. Essa distribuição é feita a partir de critérios como a
natureza da relação jurídica material controvertida, a qualidade de quem figurará como parte
e, notadamente, o interesse público, sempre com o objetivo de garantir maior especialidade e,
por consequência, maior eficiência na prestação jurisdicional.
Feito o alerta, podemos esquematizar a estrutura do Poder Judiciário nacional do
seguinte modo:

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O STF e os tribunais superiores (STJ, TST, TSE e STM) são órgãos de convergência, possuem
sede na Capital federal e exercem jurisdição sobre todo o território nacional.
Os órgãos de convergência, com exceção do STF e do STJ, correspondem aos órgãos de
cúpula das justiças especializadas (Justiça do Trabalho, Eleitoral e Militar), de modo que cada
uma delas possui o seu próprio tribunal superior, que será o competente para proferir a última
decisão nas causas a ele submetidas.
Destaca-se que o STF e o STJ não integram qualquer justiça especializada, sendo o STF
o órgão de convergência em matéria constitucional e o STJ o órgão de convergência em
matéria infraconstitucional. Com efeito, estes dois tribunais também podem ser classificados
como órgãos de superposição, uma vez que as decisões por eles proferidas se sobrepõem a
dos órgãos inferiores que compõem a justiça comum e a especial.
Por seu turno, o Conselho Nacional de Justiça, criado pela EC n. 45/2004, ocupa posição
abaixo do STF e acima dos outros tribunais, sendo incumbido, em suma, de exercer o controle
da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres
funcionais dos juízes, não exercendo jurisdição.

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2.1.1. Justiça Comum

A Justiça comum é composta pelos juízes federais e estaduais, vinculados, respectivamente,


aos Tribunas Regionais Federais e aos Tribunais de Justiça, que, por seu turno, estão vinculados
ao Superior Tribunal de Justiça.
Denota-se que após a EC n. 45/2004, foram extintos os Tribunais de Alçada e seus
membros passaram a integrar os Tribunais de Justiça dos respectivos Estados, respeitadas a
antiguidade e classe de origem (art. 4º da EC 45/2004)3.
Os Tribunais Regionais Federais (TRFs) compõem-se de, no mínimo, 7 desembargadores,
recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente República
dentre brasileiros com mais de 30 anos e menos de 70 anos, sendo:
• 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros
do Ministério Público Federal com mais de 10 anos de carreira;
• Os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de 5 anos de exercício, por
antiguidade e merecimento, alternadamente.

Quanto aos Tribunais de Justiça (TJs), os Estados, por força do seu poder de auto-
organização, serão os responsáveis por definir como se dará a organização da sua Justiça,
observados os princípios estabelecidos na Constituição Federal.
A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, de modo que cada
um deverá ter, no mínimo, 7 desembargadores (não há número máximo!), sendo a lei de
organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
O Tribunal de Justiça instalará justiça itinerante, com a realização de audiências e demais
funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se
de equipamentos públicos e comunitários.

2.1.2. Justiças Especializadas

A criação de justiças especializadas é o resultado da busca por uma maior especialização


na prestação jurisdicional, por meio de magistrados mais bem preparados para examinar
temas de alta complexidade e de grande demanda.
Na organização judiciária brasileira, são especializadas as Justiças do Trabalho, a Eleitoral
e a Militar, cada qual possuindo um tribunal superior e todas vinculadas a União.

3
Art. 4º da EC n. 45/2004. Ficam extintos os tribunais de Alçada, onde houver, passando os seus membros a integrar os Tri-
bunais de Justiça dos respectivos Estados, respeitadas a antiguidade e classe de origem.
Parágrafo único. No prazo de cento e oitenta dias, contado da promulgação desta Emenda, os Tribunais de Justiça, por
ato administrativo, promoverão a integração dos membros dos tribunais extintos em seus quadros, fixando-lhes a
competência e remetendo, em igual prazo, ao Poder Legislativo, proposta de alteração da organização e da divisão
judiciária correspondentes, assegurados os direitos dos inativos e pensionistas e o aproveitamento dos servidores no
Poder Judiciário estadual.

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O Tribunal Superior do Trabalho (TST) compor-se-á de 27 ministros, escolhidos dentre


brasileiros com mais de 35 anos e menos de 70 anos, nomeados pelo Presidente da República
após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
• 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros
do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício, observado
o disposto no artigo 94 da CF;
• Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura
da carreira, mediante promoção e indicados pelo próprio Tribunal Superior.

Os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) compõem-se de, no mínimo, 7 juízes


desembargadores, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo
Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 anos e menos 70 anos, sendo:
• 1/5 dentre advogados com mais 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o
disposto no artigo 94 da CF;
• Os demais, mediante a promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento,
alternadamente.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) compor-se-á, no mínimo, de 7 ministros, escolhidos,


mediante eleição, pelo voto secreto, devendo ser composto por:
• 3 ministros oriundos do STF, que serão escolhidos por meio de eleição interna e
continuarão exercendo suas funções no STF;
• 2 ministros oriundos do STJ, que serão escolhidos por meio de eleição interna e
continuarão exercendo suas funções no STF.
• 2 advogados escolhidos pelo Presidente da República, a partir de uma lista sêxtupla
elaborada pelo STF.

O TSE elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do STF que estão
atuando em sua estrutura, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do STJ que, igualmente,
esteja compondo-o.
Deverá haver um Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em cada Estado da Federação, cuja
sede será na respectiva capital, compondo-se de 7 juízes escolhidos mediante eleição, por
voto secreto, assim distribuídos:
• 2 desembargadores do Tribunal de Justiça, definidos em eleição interna;
• 2 juízes de direito escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
• 1 desembargador do TRF (ou juiz federal, se o Estado não for sede de TRF. É que nos
Estados que são sede de TRF, o membro da Justiça Federal que oficia perante o TRE é o
desembargador federal. Não sendo este o caso, é um juiz federal)

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• 2 advogados escolhidos pelo Presidente da República dentre lista fornecida pelo Tribunal
de Justiça.

O Superior Tribunal Militar (STM) compor-se-á de 15 ministros vitalícios, indicados e


nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação no Senado Federal
por maioria simples, sendo:
• 3 dentre oficiais-generais da Marinha;
• 4 dentre oficiais-generais do Exército;
• 3 dentre oficiais-generais da Aeronáutica;
• 5 dentre civis.

Os 5 ministros civis serão escolhidos pelo Presidente República dentre brasileiros maiores
de 35 anos, sendo:
• 3 dentre advogados de notório saber jurídico, conduta ilibada e com mais de 10 anos de
efetiva atividade profissional;
• 1 juiz-auditor militar; e
• 1 juiz membro do Ministério Público da Justiça Militar.

2.1.3. Superior Tribunal de Justiça

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) compõe-se de, no mínimo, 33 ministros (a CF não


delimitou número máximo!), que serão nomeados pelo Presidente da República, dentre
brasileiros com mais de 35 anos e menos de 70 anos, de notável saber jurídico e reputação
ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
• 1/3 dentre desembargadores dos TRFs, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio
Tribunal;
• 1/3 dentre desembargadores dos TJs, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio
Tribunal;
• 1/3, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual,
do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do artigo 94 da CF.

Somente poderão ocupar o posto os brasileiros, sejam natos ou naturalizados. Admite-se


a nomeação do naturalizado, porque o ministro do STJ não se encontra na linha sucessória do
Presidente da República, ao contrário dos ministros do STF.

2.1.4. Supremo Tribunal Federal

O Supremo Tribunal Federal (STF) compõe-se de 11 ministros, que serão indicados e


nomeados pelo Presidente da República após aprovados pela maioria absoluta do Senado

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Federal, dentre brasileiros natos com mais de 35 anos e menos de 70 anos, de notável saber
jurídico e reputação ilibada.
Por uma questão de segurança nacional, tendo em vista que o ministro do STF está na
linha sucessória do Presidente da República, somente o brasileiro nato poderá ser nomeado.
Parte da doutrina defende a inviabilidade de o número de ministros ser majorado, pois
somente assim se evitaria o aumento casuístico com o fito de criar maiorias eventuais.

2.1.5. Justiça de Paz

Ainda sobre os órgãos integrantes do Poder Judiciário, o art. 98, da CF, permite que a
União, no Distrito Federal e nos Territórios, e que os Estados criem a denominada justiça de
paz, que será:
• Remunerada;
• Composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de
quatro anos; e que
• Terão competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou
em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições
conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.

2.2. Carreiras
O STF e os tribunais superiores (STJ, TST, TSE e STM) são compostos por ministros. Os tribunais
inferiores (TRF, TJ, TRT e TRE) por desembargadores e na primeira instância estão os juízes.
O Estado quando atribui aos citados sujeitos a função de prover os órgãos que integram a
estrutura do Judiciário, está permitindo que atuem em nome dele, motivo pelo qual qualquer ato
que pratiquem investidos de jurisdição será atribuído ao próprio Estado, daí porque a natureza
do cargo de juiz ser a de agente político, que exerce suas atribuições com prerrogativas e
responsabilidades próprias estabelecidas na Constituição Federal e em leis especiais.

2.2.1. Ingresso na Carreira

A forma mais comum de ingresso na magistratura é a aprovação em concurso público


de provas e títulos, ocupando o aprovado, inicialmente, o cargo de juiz substituto na primeira
instância do Poder Judiciário.
Nos tribunais inferiores (segunda instância), o ingresso ocorre de modo distinto, sendo
efetuado por meio da promoção dos juízes de primeira instância e também por meio da
nomeação de advogados ou membros do Ministério Público para compor o denominado quinto
constitucional.

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É de se ver que o provimento dos cargos públicos pode acontecer de duas formas, a saber:
originário e derivado.
O provimento originário ocorre pela nomeação do agente que não está no quadro, mas
que foi aprovado em concurso público para nele ingressar. Na magistratura, é a forma mais
comum de acesso a carreira.
Já o provimento derivado ocorre quando o agente já está no quadro e nele vai movimentar-
se, de forma horizontal ou vertical. No contexto do Poder Judiciário, significa dizer que existem
as entrâncias inicial, intermediária e final, de modo que:
• A movimentação é horizontal quando o juiz fica na mesma entrância, como ocorre na
remoção e na permuta.
• A movimentação é vertical quando o juiz vai de uma entrância para outra, por promoção
ou acesso ao Tribunal.

Vamos entender melhor:

Entrância Instância
Corresponde ao grau de jurisdição. A
É cada um dos segmentos (divisões) que
jurisdição é dividida em graus, sendo cada um
compõem o primeiro grau de jurisdição.
deles uma instância.
Na primeira instância, ficarão os juízes
singulares que atuam em Varas ou nos
Por exemplo, na Justiça Estadual existem as
Juizados Especiais e que terão o primeiro
comarcas e estas, administrativamente, a
contato com o processo.
depender do número de Varas que a integram,
Na segunda instância atuam os
serão classificadas em entrâncias. Será de
desembargadores que compõem as turmas
primeira entrância a comarca que possui Vara
colegiadas dos tribunais inferiores. Cuidado,
Única, de segunda entrância as que possuírem
pois nos Juizados Especiais não se fala em
mais de uma Vara e de terceira entrância
desembargadores, mas em juízes que irão
ou comarcas de entrância especial as que
compor a turma recursal. De todo modo,
possuírem acima de cinco Varas.
nos dois casos serão desses magistrados
Cada entrância significa um grau da carreira
de segunda instância a competência para
do juiz, de modo que as entrâncias inferiores
reexaminar os recursos interpostos contra a
costumam ser aquelas que abrangem
sentença proferida no primeiro grau.
Varas localizadas no interior do Estado e as
Por fim, na terceira instância atuam os
entrâncias superiores aquelas que abrangem
ministros que integram os tribunais superiores
Varas fixadas nas capitais.
(STF, STJ, TST, TSE, STM).
Na Justiça Federal, ao invés de comarcas, fala-
Há quem prefira denominar o STF de instância
se em Seções judiciárias (capitais) e Subseções
extraordinária pelo fato de as suas decisões
Judiciárias (interior).
finais não poderem ser recorridas a nenhum
outro órgão do judiciário.

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2.2.2. Ingresso na Primeira Instância: Concurso Público

O art. 93, inciso I, da CF/88, disciplina a regra geral de acesso à magistratura,


estabelecendo que o:

ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, se dará mediante concurso público
de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em todas as fases,
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas
nomeações, à ordem de classificação.

Vejamos os pontos mais importantes sobre o tema:


• Necessidade de aprovação em concurso público de provas e títulos, com a participação
da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em todas as fases.

O método de recrutamento dos juízes por meio de seleção, impõe a escolha dos mais
capacitados, garantindo que todos disputarão as vagas com idênticas oportunidades. É uma
caracterização da meritocracia, atendendo ao ideal democrático.
Consoante o art. art. 78, § 1º, da LOMAN, “a lei pode exigir dos candidatos, para a inscrição
no concurso, título de habilitação em curso oficial de preparação para a Magistratura”. Destarte,
é possível que os tribunas estabeleçam curso preparatório, que será tido como uma etapa do
processo seletivo.
• Cargo inicial: juiz substituto

Observando-se a ordem de classificação, o aprovado no concurso será nomeado e investido


no cargo de juiz substituto, no qual permanecerá por um período auxiliando ou substituindo
magistrados mais experientes, antes de se tornar juiz titular.
• O bacharel em direito, deve ter, no mínimo, três anos de atividade jurídica.

A partir da EC n. 45/2004, a Constituição Federal passou a delimitar exigência de 3 anos de


atividade jurídica como requisito para a nomeação ao cargo de juiz. A matéria foi inicialmente
regulamentada na Resolução n. 11/2006 do CNJ, cujo art. 2º preceitua que:

Considera-se atividade jurídica aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito, bem
como o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a
utilização preponderante de conhecimento jurídico, vedada a contagem do estágio acadêmico ou
qualquer outra atividade anterior à colação de grau.

Ponto polêmico diz respeito a como se dará a exata contagem do prazo, prevalecendo na
atual jurisprudência do STF que ela será feita a partir da conclusão do curso de Direito (e não
da colação de grau!) até a data da inscrição definitiva. Foi o que o Pretório Excelso decidiu na
ADI n. 3.460/DF e reiterou, com repercussão geral, no julgamento do RE 655265/DF.
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JURISPRUDÊNCIA
Tese: “A comprovação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de
juiz substituto, nos termos do inciso I do art. 93 da Constituição Federal, deve ocorrer no
momento da inscrição definitiva no concurso público.”
STF. Plenário. Tema n. 509. RE 655265/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min.
Edson Fachin, julgado em 13/4/2016 (repercussão geral) (Info 821).

É de se observar que somente serão consideradas jurídicas, as atividades realizadas após


a conclusão do curso de Direito, devendo o candidato, a partir desse termo inicial, satisfazer
os três anos de modo integral. Assim, concluído o curso de Direito em março do ano de 2016
o requisito somente estará cumprido em março do ano de 2019.
No Resolução n. 75/2009, do CNJ, foram elencadas as atividades consideradas jurídicas:

Art. 59. Considera-se atividade jurídica, para os efeitos do art. 58, § 1º, alínea “i”:
I – aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito;
II – o efetivo exercício de advocacia, inclusive voluntária, mediante a participação anual mínima
em 5 (cinco) atos privativos de advogado (Lei n. 8.906, 4 de julho de 1994, art. 1º) em causas ou
questões distintas;
III – o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a
utilização preponderante de conhecimento jurídico;
IV – o exercício da função de conciliador junto a tribunais judiciais, juizados especiais, varas
especiais, anexos de juizados especiais ou de varas judiciais, no mínimo por 16 (dezesseis) horas
mensais e durante 1 (um) ano;
V – o exercício da atividade de mediação ou de arbitragem na composição de litígios.
§ 1º É vedada, para efeito de comprovação de atividade jurídica, a contagem do estágio acadêmico
ou qualquer outra atividade anterior à obtenção do grau de bacharel em Direito.
§ 2º A comprovação do tempo de atividade jurídica relativamente a cargos, empregos ou funções
não privativos de bacharel em Direito será realizada mediante certidão circunstanciada, expedida
pelo órgão competente, indicando as respectivas atribuições e a prática reiterada de atos que exijam
a utilização preponderante de conhecimento jurídico, cabendo à Comissão de Concurso, em decisão
fundamentada, analisar a validade do documento.

Podemos sintetizá-las assim:

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A partir da Resolução n. 75/2009, os cursos de pós-graduação não poderão ser utilizados


para satisfazer o prazo de 3 anos.
Na prática, nota-se que o rol acima indicado não foi suficiente para definir com precisão
o que viria a ser “atividade jurídica”, ensejando lacunas que acabam sendo preenchidas pelos
tribunais inferiores a partir de critérios bastante variáveis, dando ensejo a uma intolerável
insegurança entre os candidatos ao posto de juiz.
Por fim, o art. 78, § 1º, da LOMAN, indica que “os candidatos serão submetidos a
investigação relativa aos aspectos moral e social, e a exame de sanidade física e mental,
conforme dispuser a lei”. Essa investigação, no geral, é feita através de consulta a pessoas
com as quais o candidato trabalhou, com o objetivo de obter informações para verificar a sua
conduta. Porém, é necessário deixar claro que essa investigação não é determinante, embora
sirva como apoio para saber se o candidato tem condições de exercer o cargo.

2.2.3. Ingresso na Segunda Instância: Promoções e Quinto Constitucional

Conformo visto em linhas acima, o ingresso na segunda instância (tribunais inferiores)


segue sistemática diversa da estudada até aqui, sendo concretizada por meio da promoção

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dos juízes de primeira instância e também por meio da nomeação de advogados ou membros
do Ministério Público (quinto constitucional).

2.2.3.1. Promoções

De acordo com o art. 93, inciso II, da Constituição Federal, a promoção ocorrerá de entrância
para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento. Em verdade, esses critérios
são válidos tanto para a promoção horizontal (de entrância para entrância) quanto para a
promoção vertical (de um grau de jurisdição para outro).
As promoções, portanto, correspondem a espécie de provimento derivado de cargo público,
traduzindo-se, a depender do caso, numa ascensão vertical ou horizontal na carreira.
Assim, surgindo uma nova vaga para promoção em outra entrância, ela será preenchida a
partir de um procedimento que ora considerará a antiguidade como fator determinante para a
ascensão do magistrado, ora considerará o merecimento deste.
Abaixo, vejamos como a promoção entre entrâncias se desenvolve, mas desde já
compreenda que a sistemática igualmente se aplica à promoção para outra instância, apenas
ressalvando o texto constitucional que a antiguidade e o merecimento serão apurados na
última ou única entrância.4

Art. 93 da CF. (...)


III – o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento, alternadamente,
apurados na última ou única entrância;

2.2.3.1.1. Antiguidade

A antiguidade é critério meramente cronológico, sendo o mais antigo aquele que estiver a
mais tempo na carreira, de modo que a lista de antiguidade será elaborada de acordo com a
ordem de ingresso na carreira ou no segmento considerado (entrância), a depender do caso.
Na apuração da antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo
voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e
assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação (art. 93, II, “d”, CF).
O STF guarda entendimento de que para verificar a satisfação do quórum de dois terços,
não deverão ser computados:
• Os cargos vagos; e
• Os cargos providos, mas cujos ocupantes estejam cautelarmente afastados do exercício
da função jurisdicional.

4
Art. 93 da CF. (...) III – o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento, alternadamente,
apurados na última ou única entrância;

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Noutra via, deverão ser levados em consideração, os cargos preenchidos por membros
afastados em caráter eventual, nesses incluídos todos aqueles que, juridicamente aptos a
exercer suas atribuições, estejam impedidos por motivos transitórios.

JURISPRUDÊNCIA
Ementa: “CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – ATUAÇÃO. O Conselho Nacional de Justiça
atua no campo administrativo, devendo ter presente a independência versada no artigo 935
do Código Civil. PROMOÇÃO – MAGISTRADO – ANTIGUIDADE – QUÓRUM – APURAÇÃO.
O quórum de dois terços de membros efetivos do Tribunal ou de seu órgão especial,
para o fim de rejeição de juiz relativamente à promoção por antiguidade, há de ser
computado consideradas as cadeiras preenchidas e aqueles em condições legais de
votar, observadas ausências eventuais.”
(MS 31357, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 05/08/2014,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-196 DIVULG 07-10-2014 PUBLIC 08-10-2014) (Grifos nossos)

Para o STF, acerca do critério de antiguidade e o conflito de leis no tempo, deve prevalecer
a norma vigente ao tempo da posse dos interessados.

JURISPRUDÊNCIA
Ementa: “MANDADO DE SEGURANÇA. PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE DE MAGISTRADOS.
CRITÉRIO DE DESEMPATE. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO AO ESTADO. NORMA
POSTERIOR. EFEITOS RETROATIVOS. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AOS PRINCÍPIOS
DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA, DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA PROTEÇÃO DA
CONFIANÇA. CRITÉRIOS DIFERENTES DAQUELES PREVISTOS NA LEI ORGÂNICA DA
MAGISTRATURA NACIONAL – LOMAN. CONTRARIEDADE AO ART. 93 DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA. ORDEM DENEGADA.
1. O princípio da irretroatividade das normas e da segurança jurídica, na sua dimensão
subjetiva densificada pelo princípio da proteção da confiança, veda que norma posterior
que fixe critérios de desempate entre magistrados produza efeitos retroativos capazes
de desconstituir uma lista de antiguidade já publicada e em vigor por vários anos. 2.
Cuida-se de writ contra decisão do Conselho Nacional de Justiça que afastou critério de
desempate aplicado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso em promoção de
magistrados. 3. O tempo de serviço público como critério de desempate em detrimento
da ordem de classificação no concurso para o cargo de juiz foi introduzido pela Lei
Complementar estadual n. 281, de 27/09/2007, que inseriu o parágrafo único no art. 159
do Código de Organização Judiciária do Estado do Mato Grosso (Lei n. 4.964/85). 4. A
legislação estadual não pode modificar matéria de competência de Lei Complementar
nacional da magistratura, disciplinando critérios de desempate entre magistrados,
esvaziando o animus do constituinte de criar regras de caráter nacional. Precedentes:

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ADI n. 4042, Relator Min. Gilmar Mendes, DJ 30/04/2009; ADI n. 2.494, Relator Min. Eros
Grau, DJ 13/10/2006 e na ADI 1422 Relator Min. Ilmar Galvão, 12/11/1999. 5. Ordem
denegada.”
(MS 28494, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 02/09/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 16-09-2014 PUBLIC 17-09-2014)

2.2.3.1.2. Merecimento

Merecimento, como o próprio nome já antecipa, diz respeito ao mérito, mas não se resume
a isto, vez que a sua aferição obedece a parâmetro duplo, devendo o mérito ser verificado em
conjunto com um mínimo de antiguidade.
É que o texto constitucional (art. 93, II, “b”) determinou que a promoção por merecimento
pressupõe:
• Dois anos de exercício na respectiva entrância; e
• Integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta;

A conjugação desses requisitos se impõe como forma de evitar que um juiz recém
empossado ou sem tempo considerável de carreira seja promovido sob a justificativa do
merecimento.

Excepcionalmente, será possível a promoção do juiz que não satisfez os dois requisitos acima
elencados. Isso ocorrerá quando todos aqueles que atendam aos pressupostos não quiserem
ocupar o lugar vago, recusando a promoção.

Visando evitar subjetivismos na aferição do merecimento, a Constituição indicou no art. 93,


II, “c”, cinco elementos que deverão ser considerados. São eles: desempenho, produtividade,
presteza, frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento.
A partir dos ensinamentos de José Renato Nalini, tais elementos podem ser assim esclarecidos:
• Desempenho: é conceito indeterminado que não pode ser medido pela produtividade
nem pela celeridade. Desempenho é um complexo de atributos, que envolve a atuação
integral do juiz, e que corresponde a um conjunto de qualidades a evidenciar que o
magistrado é de fato vocacionado;
• Produtividade e Presteza: devem ser aferidos com objetividade. Produtividade não
significa mera quantificação de decisões. Julgar muito nem sempre significa “julgar
bem”, no sentido de conferir ao litígio a solução mais equânime. Por outro lado, a
presteza é a reiteração da insistência com que o constituinte almeja que o juiz brasileiro
seja célere na outorga da jurisdição.
• Frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento:
atualmente, a ascensão funcional do juiz, mediante o sistema de promoções, depende também

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de cursos específicos. A promoção por merecimento não pode prescindir do compromisso


permanente de cada magistrado com o seu projeto pessoal de aprimoramento. Com a
EC n. 45/2004, as Escolas da Magistratura obtiveram condição diferenciada, com vistas à
realização de cursos oficiais de preparação e aperfeiçoamento e promoção de magistrados.

Para finalizarmos o tema, anote duas informações finais:


• Não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver os autos em seu poder além
do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão
(art. 93, II, “e” da CF); e
• É obrigatória a promoção do juiz que figure três vezes consecutivas ou cinco alternadas
em lista de merecimento (art. 93, II, “a”, da CF).

Podemos esquematizar as principais informações contidas na Constituição Federal da


seguinte maneira:

2.2.3.2. Quinto Constitucional

Além da promoção, o ingresso na segunda instância também poderá ser alcançado


mediante a nomeação de membros do Ministério Público e de advogados para compor as
vagas reservadas ao denominado quinto constitucional, que estarão liberados de todas as
exigências estudadas no tópico anterior. Mais do que isso, esses magistrados são vitalícios a
partir da nomeação, não se sujeitando a cursos de preparação, nem de aperfeiçoamento.
De acordo com o art. 94, da CF/88:

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Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
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Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez
anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
das respectivas classes.

O quinto constitucional corresponde, assim, à destinação de 20% dos lugares dos Tribunais
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados e do Tribunal do Distrito Federal e Territórios,
aos membros do Ministério Público e aos advogados, desde que tenham:
• Mais de 10 anos de efetiva atividade profissional (advocacia) ou de carreira (Ministério
Público);
• Reputação ilibada; e
• Notório saber jurídico;

Duas observações precisam ser feitas:


1) A partir da EC n. 45/2004, a composição do TST (art. 111-A) e a dos TRT’s (art. 115)
também deverão respeitar o quinto constitucional.
2) A composição dos TRE’s não observa a regra aqui estudada (art. 120)5.
Por fim, anote que o STF compreende que o julgamento por meio de tribunal que não
observou o quinto constitucional, não será, se imediato, declarado nulo, devendo a parte
comprovar a existência de prejuízo em razão da aplicação do princípio pas de nullité sans grief,
que, em síntese, apregoa que não haverá nulidade de ato processual que não gere prejuízo para
as partes.

O PULO DO GATO
Em prova escrita, embora o cerne da questão fosse a vitaliciedade, foi questionada como
funciona a escolha pelo quinto constitucional.
A resposta é simples:
1º) Os órgãos de classes (OAB e MP) indicam seis pessoas que satisfaçam os requisitos
constitucionais, encaminhando a lista sêxtupla para o tribunal;

5
Art. 120 da CF. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
§ 1º – Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
I – mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II – de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz
federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
III – por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

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2º) O tribunal reduzirá a indicação para três nomes, formando lista tríplice.
3º) Por fim, o chefe do Poder Executivo escolherá um dos sujeitos recomendados.
Segundo o STF, se na lista sêxtupla não existir candidato que preencha os requisitos
constitucionais, o tribunal poderá devolvê-la para complementação ou reformulação pelos
órgãos de classe. Sendo assim, pode o tribunal recusar-se a elaborar a lista tríplice dentre os
seis indicados, se tiver razões objetivas para recusar a algum, a alguns ou a todos eles, diante
da ausência das qualificações pessoais reclamadas pelo art. 94 da Constituição.
Deveras, a devolução motivada da lista sêxtupla à corporação que a confeccionou, para que a
refaça, total ou parcialmente, conforme o número de candidatos desqualificados é a solução
mais harmônica com os preceitos da CF.

2.2.4. Ingresso na Terceira Instância: Critérios

No que tange à nomeação dos membros dos tribunais superiores, não existe qualquer
pertinência com a carreira da magistratura.
O tema já foi estudado em tópico anterior.

Tribunal Superior do Trabalho


Composição: 27 ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35
anos e menos de 70 anos, nomeados pelo Presidente da República após
aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
• 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais
de 10 anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94
da CF;
Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos
da magistratura da carreira, mediante promoção e indicados pelo próprio
Tribunal Superior

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Tribunal Superior Eleitoral


Composição: no mínimo, 7 ministros, escolhidos, mediante eleição, pelo voto
secreto, sendo:
• 3 ministros oriundos do STF, que serão escolhidos por meio de elei-
ção interna e continuarão exercendo suas funções no STF;
• 2 ministros oriundos do STJ, que serão escolhidos por meio de eleição
interna e continuarão exercendo suas funções no STF.
2 advogados escolhidos pelo Presidente da República, a partir de uma lista
sêxtupla elaborada pelo STF.

Superior Tribunal de Justiça


Composição: no mínimo, 33 ministros (a CF não delimitou número
máximo!), que serão nomeados pelo Presidente da República, dentre
brasileiros com mais de 35 anos e menos de 70 anos, de notável saber
jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal, sendo:
• 1/3 dentre desembargadores dos TRFs, indicados em lista tríplice
elaborada pelo próprio Tribunal;
• 1/3 dentre desembargadores dos TJs, indicados em lista tríplice ela-
borada pelo próprio Tribunal;
• 1/3, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério
Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alterna-
damente, indicados na forma do artigo 94 da CF.
Somente poderão ocupar o posto os brasileiros (natos ou naturalizados).

Supremo Tribunal Federal


Composição: 11 ministros, que serão indicados e nomeados pelo Presidente
da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, dentre
brasileiros natos com mais de 35 anos e menos de 70 anos, de notável saber
jurídico e reputação ilibada.

2.3. Remoção
A LOMAN prevê duas formas de movimentação interna na carreira: promoção e remoção.
Prevalece na doutrina que a primeira ocorre no plano horizontal, entre entrâncias de igual
classificação, e a segunda no plano vertical, entre entrâncias de diferentes níveis, a partir de
critérios alternados de antiguidade e merecimento. Nesse sentido, a Constituição Federal (art.
93, VIII-A) determina que a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de
igual entrância atenderá, no que couber, aos mesmos critérios estabelecidos para a promoção
e que já foram devidamente estudados.
Com efeito, preenchidos os requisitos necessários, o magistrado poderá solicitar que seja
removido ou promovido.

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Conforme o art. 81 da LOMAN, “na Magistratura de carreira dos Estados, ao provimento


inicial e à promoção por merecimento precederá a remoção.” Significa dizer que surgindo
vaga, somente a promoção por antiguidade poderá impedir a remoção. Tratando-se, contudo,
da nomeação inicial para o ingresso na carreira (provimento inicial) ou de promoção por
merecimento (deslocamento no plano vertical da carreira), deverá ser dada preferência para
eventual pedido de remoção. O objetivo do dispositivo é facilitar a movimentação do magistrado
no plano horizontal (remoção) como meio de prestigiar o mais antigo na entrância e que, no
geral, é quem está lotado em comarcas de difícil provimento.

JURISPRUDÊNCIA
Ementa: ADMINISTRATIVO. MAGISTRADO. LOMAN (LC 35/79). PROVIMENTO DE VAGA
EM PRIMEIRA ENTRÂNCIA. REMOÇÃO. ATO VINCULADO.
- A regra contida no § 2º do art. 81 da LC 35/79 – LOMAN -, que dispõe sobre a forma de
provimento de vaga de Juiz decorrente de remoção, deve ser compreendida, na hipótese
de vaga aberta no grau ou comarca inicial, em sintonia com o caput do artigo, que prevê
expressa preferência pelo critério de remoção.
- O espírito da norma em referência aponta para a compreensão de que entre magistrados
recém-nomeados e aqueles que já integram os quadros, devem estes, por serem mais
antigos, ter prioridade na escolha da unidade judiciária vaga, não se situando a matéria
no campo discricionário da Administração.
- Recurso ordinário provido. Segurança concedida.
(RMS 7.976/RS, Rel. Ministro VICENTE LEAL, SEXTA TURMA, julgado em 24/05/2001, DJ
11/06/2001, p. 259) (Grifos nossos)

A LOMAN regula o procedimento para que o magistrado seja removido, impondo a


necessidade de prévio e obrigatório concurso de remoção.
Vejamos:

Art. 81 – Na Magistratura de carreira dos Estados, ao provimento inicial e à promoção por


merecimento precederá a remoção.
§ 1º – A remoção far-se-á mediante escolha pelo Poder Executivo, sempre que possível, de nome
constante de lista tríplice, organizada pelo Tribunal de Justiça e contendo os nomes dos candidatos
com mais de dois anos de efetivo exercício na entrância.
§ 2º – A juízo do Tribunal de Justiça, ou de seu órgão especial, poderá, ainda, ser provida, pelo
mesmo critério fixado no parágrafo anterior vaga decorrente de remoção, destinando-se a seguinte,
obrigatoriamente, ao provimento por promoção.
Art. 82 – Para cada vaga destinada ao preenchimento por promoção ou por remoção, abrir-se-á
inscrição distinta, sucessivamente, com a indicação da Comarca ou Vara a ser provida.

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Parágrafo único. Ultimado o preenchimento das vagas, se mais de uma deva ser provida por
merecimento, a lista conterá número de Juízes igual ao das vagas mais dois.
Art. 83 – A notícia da ocorrência de vaga a ser preenchida, mediante promoção ou remoção, deve ser
imediatamente veiculada pelo órgão oficial próprio, com indicação, no caso de provimento através
de promoção, das que devam ser preenchidas segundo o critério de antigüidade ou de merecimento.
Art. 84 – O acesso de Juízes Federais ao Tribunal Federal de Recursos far-se-á por escolha do
Presidente da República dentre os indicados em lista tríplice, elaborada pelo Tribunal.
Art. 85 – O acesso de Juízes Auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar ao
Superior Tribunal Militarfar-se-á por livre escolha do Presidente da República.
Art. 86 – O acesso dos Juízes do Trabalho Presidentes de Juntas de Conciliação e Julgamento
ao Tribunal Regional do Trabalho, e dos Juízes do Trabalho substitutos àqueles cargos, far-se-á,
alternadamente, por antigüidade e por merecimento, este através de lista tríplice votada por Juízes
vitalícios do Tribunal e encaminhada ao Presidente da República.
Art. 87 – Na Justiça dos Estados e do Distrito Federal e dos Territórios, o acesso dos Juízes de
Direito aos Tribunais de Justiça far-se-á, alternadamente, por antigüidade e merecimento.
§ 1º – A lei poderá condicionar o acesso por merecimento aos Tribunais, como a promoção por igual
critério, à freqüência, com aprovação, a curso ministrado por escola oficial de aperfeiçoamento de
magistrado.
§ 2º – O disposto no parágrafo anterior aplica-se ao acesso dos Juízes Federais ao Tribunal Federal
de Recursos.
Art. 88 – Nas promoções ou acessos, havendo mais de uma vaga a ser preenchida por merecimento,
a lista conterá, se possível, número de magistrados igual ao das vagas mais dois para cada uma
delas.

Há de se destacar que o pressuposto básico da promoção e da remoção é a existência


de um cargo vago. Assim, já decidiu o STF que no caso de a lei elevar a entrância da comarca
(ex.: de entrância intermediária para final), o juiz que lá é titular não poderá ser removido
compulsoriamente em virtude dessa transformação. Aplica-se, no caso, a Súmula n. 40 do
STF, que dispõe:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 40-STF: A elevação da entrância da comarca não promove automaticamente o
Juiz, mas não interrompe o exercício de suas funções na mesma comarca.

Logo, mesmo tendo havido essa transformação, o TJ não poderá abrir edital para remoção
ou promoção, devendo aguardar o magistrado decidir deixar a vaga.

JURISPRUDÊNCIA
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO – ATUAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE
JUSTIÇA – LIMITES OBJETIVOS. O Conselho Nacional de Justiça não está sujeito aos
limites objetivos do processo civil, podendo, em prol dos princípios básicos referentes à

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Administração Pública, atuar de ofício. MAGISTRATURA – CONCURSO DE REMOÇÃO –


OPORTUNIDADE. O concurso de remoção pressupõe encontrar-se vago o cargo envolvido.
MAGISTRATURA – MODIFICAÇÃO DA ENTRÂNCIA – JUÍZO – TITULAR – PRESERVAÇÃO
DO EXERCÍCIO. Ocorrendo a modificação da natureza do Juízo, passando este a ser de
entrância de maior envergadura, cumpre preservar a situação do magistrado que o exerce.
(MS 26366, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 24/06/2014,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-184 DIVULG 22-09-2014 PUBLIC 23-09-2014).

Memorize! O magistrado é inicialmente nomeado para uma comarca de entrância (“nível”) inicial,
podendo ser removido para comarcas de mesma entrância e, com o tempo, ser promovido
para comarcas de entrância superior, a saber: de segunda entrância (ou intermediária) e de
terceira entrância (ou de entrância especial). A nomenclatura irá variar de acordo com o TJ.

Por fim, é importante saber que em razão do princípio da inamovibilidade, assegurado


aos membros do Poder Judiciário, a remoção depende da concordância do magistrado. Há
no art. 93, VIII, da CF, contudo, hipótese de remoção compulsória punitiva, quando ocorrerá o
deslocamento do magistrado por interesse público, mediante decisão da maioria absoluta do
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em procedimento que assegure
a ampla defesa.

3. Direitos e Deveres Funcionais da Magistratura


3.1. Deveres
Os deveres impostos aos integrantes da carreira encontram-se espalhados no texto
constitucional e em leis infraconstitucionais, principalmente a LOMAN.
Vamos, agora, conhecer cada um deles.
São os deveres funcionais da magistratura:
• Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições
legais e os atos de ofício (art. 35, I, da LOMAN).

Cumprir e fazer cumprir as disposições e os atos tem uma amplitude bastante abrangente,
incluindo desde as fases processuais de conhecimento à execução, bem como outros atos
que não tenham natureza judicial, a exemplo das atividades dos auxiliares da justiça, como é o
caso das atividades dos escrivães.
• Não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar (art. 35, II, da
LOMAN).

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• Determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem nos


prazos legais (art. 35, III, da LOMAN).
• Velar pela duração razoável do processo (art. 139, II, do CPC)

A regra, infelizmente, tem sido o extrapolamento dos prazos, em razão do grande volume
de processos hoje tramitando no Poder Judiciário, indo muito além daquilo que o legislador
infraconstitucional imaginava que poderia vir a ocorrer. Para ilustrar, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) recomenda que cada magistrado trabalhe com cerca de 500 feitos distribuídos
por ano, o que, via de regra, está longe de ser a realidade brasileira.
Existem, contudo, certas técnicas de organização judiciária e de racionalização do
trabalho que podem e precisam ser utilizadas. Atentos a isso, os tribunais, até por questões
orçamentárias, estão procurando soluções para a questão.
Uma delas é possibilitar que os atos de mero expediente sejam delegados aos escrivães.
É o que se chama de delegação de atos à serventia. Tal hipótese, que já era prevista no Código
de Processo Civil de 1973, foi explicitamente consignada na Constituição Federal por meio da
EC n. 45/2004, podendo o magistrado disciplinar a matéria através de portaria, sendo lícito,
também, que as corregedorias, nos Estados-membros, igualmente estabeleçam normas sobre
o tema. Deveras, é uma tecnologia cujo uso deve ser estimulado como forma de diminuir a
quantidade de processos conclusos.
Há mais, hoje se discute o processo digital, que paulatinamente vem se tornando a
realidade no Judiciário nacional, mostrando-se como eficiente saída para otimizar o tempo de
julgamento e racionalizar o espaço físico nas Varas.
Outrossim, devido a enorme demanda processual, o STJ tem utilizado um sistema de
fundamentação adequada, mas não exaustiva. É dizer: os acórdãos são redigidos de forma
bem elaborada, porém, com a fundamentação limitada à extensão necessária para a resolução
do litígio.
Ainda, o CNJ, atualmente, vem exigindo do magistrado conhecimento administrativo e de
gestão no exercício da atividade jurisdicional. Isto é, hodiernamente considera-se eficiente o
magistrado que além de possuir conhecimentos jurídicos e postura ética, demonstra capacidade
para organizar e resolver os infortúnios que rotineiramente surgem nas Vara Judiciais. Por isso
é salutar que o juiz tenha, por exemplo, noções mínimas de informática, já que em função
das inúmeras demandas repetitivas, as sentenças passaram a ser produzidas em série. Nesse
sentido, um dos recursos existentes são as tabelas processuais unificadas, que a partir da
utilização de certas classificações comuns nos processos permitem a identificação de causas
semelhantes, prolatando-se sentenças de igual teor, apenas com pequenas adaptações para
o caso concreto.

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No contexto ora analisado, ganha relevância o art. 139, III, do CPC, que firma ser dever
do juiz “velar pela duração razoável do processo”, direito fundamental assegurado a todos os
indivíduos no art. 5º, LXXVIII, da CF.
Destarte, o juiz deve conduzir o processo da forma mais célere possível, evitando delongas,
sob pena de cometer falta funcional.

Quando não terá sido observada a “duração razoável do processo”?

O CNJ considera prazo não razoável aquele que ultrapassa em 4 anos o prazo final (a
conclusão é extraída da Meta 2 do CNJ que teve por objetivo a identificação e o julgamento dos
processos judiciais mais antigos distribuídos até 31.12.2005 e não julgados até 31.12.2009).
Assim, a Meta 2, na medida do possível, está sendo aplicada por todos os tribunais do país,
sendo este o conceito de razoável duração do processo atualmente, mas alerta-se que não
há nenhuma vinculação científica ou metodológica para tal critério, de fato que não existe
explicação de como se chegou a essa conclusão.
Quanto a prolação de sentenças, o prazo máximo admissível pelo CNJ para que uma
sentença seja prolatada é de 100 dias.
Já o Tribunal Europeu de Direitos Humanos indica três critérios objetivos para aferir a
razoabilidade: (1) a complexidade da causa; (2) o comportamento das partes; e (3) o modo de
condução do processo pela autoridade. Esses critérios oferecem um maior balizamento para
“a doutrina do não prazo”, adotada pela Corte Europeia e pelos tribunais brasileiros.
Aliás, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos, via de regra, ao analisar um processo em
que se alega violada a duração razoável do processo, o examina por meio de três passos: (1)
analisa a efetiva duração do processo fixando o período a ser considerado; (2) após, considera
os critérios objetivos para aferição da razoabilidade do prazo; (3) finalmente, pronuncia-se
sobre a violação do direito e sobre o pedido formulado.
• Prestar, até o dia dez de cada mês, informações aos órgãos de segunda instância a
respeito de suas atividades e dos processos que excederam carga (art. 39 da LOMAN).

Art. 39, LC n. 35/1979. Os juízes remeterão, até o dia dez de cada mês, ao órgão corregedor
competente de segunda instância, informação a respeito dos feitos em seu poder, cujos prazos
para despacho ou decisão hajam sido excedidos, bem como indicação do número de sentenças
proferidas no mês anterior.
• Tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as
testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem,
a qualquer momento, quando se trate de providência que reclame e possibilite solução
de urgência (art. 35, IV, da LOMAN).

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A urbanidade é o tratamento com educação e cortesia (conforme o Código de ética), não


existindo poder hierárquico sobre os advogados e os membros do Ministério Público.
• Residir na sede da Comarca, salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver
subordinado (art. 35, V, da LOMAN)

No que diz respeito à possibilidade de residirem local fora da sede da comarca, cada
tribunal tem critérios específicos para a regulamentação dessa autorização, segundo o CNJ.
• Comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se
ausentar injustificadamente antes de seu término (art. 35, VI, da LOMAN).
• Exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à
cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes (art. 35,
VII, da LOMAN).

Segundo o STF, as custas e os emolumentos são modalidades de tributos (taxas),


diferenciando-se nos seguintes termos:
− Custas: são exigidas para o custeio das atividades dos escrivães judiciais, ou seja,
são exigidas no processo judicial;
− Emolumentos: são os valores devidos aos agentes delegados do foro extrajudicial
(registradores de notas, tabelionato de notas, protestos).

Há distinção também quanto ao termo “despesas processuais”, pois estas são os dispêndios
que não constituem custas nem emolumentos, sendo feitos para saldar determinados eventos
processuais, como por exemplo, o deslocamento do oficial de justiça, que é pago através de
despesas processuais.
O fato é que em todos esses casos o magistrado tem o dever funcional de velar pela exata
cobrança, ou seja, havendo cobrança excessiva ou a menor, ou cobrança irregular, ele tem
o dever de apurar os fatos, determinar o recolhimento correto e apurar administrativamente
eventuais faltas funcionais.
• Manter conduta irrepreensível na vida pública e particular (art. 35, VIII, da LOMAN).

O juiz, no exercício da jurisdição, é o responsável direto por aplicar as sanções administrativas,


civis, penais e processuais, aos servidores que lhes estão vinculados e a todos os demais
litigantes que figurem no polo ativo ou passivo de demanda da sua competência. Nada mais
natural, portanto, que mais do que qualquer outro cidadão, os magistrados tenham o dever de
guarda restrita observância às normas legais, cumprindo-as e, igualmente, fazendo com que
sejam cumpridas.
Logo, por ser um membro de Poder da República, cabe ao juiz satisfazer o decoro que o
cargo exige, mantendo conduta irrepreensível tanto na vida pública quanto na privada. Esta

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talvez seja a baliza mais importante para a construção do código de ética da magistratura,
porque manter conduta irrepreensível é uma clausula aberta, que permite ampla interpretação,
que irá variar conforme o momento histórico e social.
• Fundamentar as suas decisões, sob pena de nulidade (art. 93, IX, da CF)

Nos termos do art. 93, IX, da Constituição Federal, o juiz tem o dever de fundamentar suas
decisões, sob pena de serem declaradas nulas.
A ausência de fundamentação, portanto, muito mais do que a não observância de um dos
pressupostos de validade do processo, constitui quebra de dever funcional.

Art. 93 da CF. (...)


IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas
as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

Não confunda ausência de fundamentação com fundamentação insuficiente.

• Assegurar às partes igualdade de tratamento (art. 139, I, do CPC)


• Prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações
meramente protelatórias (art. 139, III, do CPC)
• Determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias
necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que
tenham por objeto prestação pecuniária (art. 139, IV, do CPC)
• Promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de
conciliadores e mediadores judiciais (art. 139, V, do CPC)

A tentativa de conciliar as partes é obrigatória para o juiz, tratando-se de dever que após
a entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015 adquiriu ainda mais importância, na
medida que a nova lei processual sedimentou na ordem jurídica nacional verdadeira política
nacional de solução consensual dos conflitos, asseverando em seu art. 3º, §§ 2º e 3º que:

Art. 3º. (...)


§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser
estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive
no curso do processo judicial.

Em que pese tratar-se de atividade decorrente do ofício do magistrado, destaca-se que


na tentativa de fazer as partes anteverem as possibilidades de sucesso e de fracasso de
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suas pretensões, não deve o juiz prejulgar a causa, tampouco exteriorizar seu entendimento
sobre o mérito.
• Dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova,
adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à
tutela do direito (art. 139, VI, do CPC)

Cuidado, pois a dilação de prazos somente pode ser determinada antes de encerrado o
prazo regular.
• Exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da
segurança interna dos fóruns e tribunais (art. 139, VII, do CPC)
• Determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre
os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso (art. 139, VIII, do CPC)
• Determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios
processuais (art. 139, IX, do CPC)
• Quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério
Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se
referem o art. 5º da Lei n. 7.347/1985, que disciplina a ação civil pública, e o art. 82 da
Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor), para, se for o caso, promover a
propositura da ação coletiva respectiva (art. 139, X, do CPC)

3.2. Direitos ou Garantias


Para o cumprimento dos deveres funcionais acima elencados, foram conferidas diversas
garantias.
São basicamente duas as garantias da magistratura: (a) garantias institucionais e (b)
garantias funcionais, que podem ser assim esquematizadas:

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3.2.1. Garantias Institucionais

As garantias institucionais são garantias previstas na lei, necessárias à independência do


Poder Judiciário enquanto instituição. Essas garantias subdividem-se em autonomia orgânico-
administrativa e autonomia financeira.
A autonomia orgânico-administrativa decorre do pacto de federativo e por meio dela é
conferida aos tribunais a prerrogativa constitucional de se auto-organizarem administrativamente
(art. 96, I, da CF), ou seja, tudo que diz respeito ao tribunal deve ser por ele ser regulado.
Por outro lado, a garantia da autonomia financeira significa que cada tribunal será o
responsável pela elaboração de sua proposta orçamentária, devendo encaminhá-la ao Poder
Executivo, que poderá fazer correções em casos de valores excessivos. Não havendo o
encaminhamento, será considerado o valor do orçamento aplicado no exercício atual.
No âmbito federal, a elaboração da proposta ficará a cargo do presidente do STF, pois é ele
quem recebe e consolida a proposta dos TRF´s e dos demais tribunais federais, assim como
dos tribunais superiores.

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Autonomia orgânico-administrativa Autonomia financeira


(Art. 96, I, da CF) (Art. 99 da CF)
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada
autonomia administrativa e financeira.
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas
orçamentárias dentro dos limites estipulados
conjuntamente com os demais Poderes na lei de
diretrizes orçamentárias.
Art. 96. Compete privativamente:
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os
I – aos tribunais:
outros tribunais interessados, compete:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus
I – no âmbito da União, aos Presidentes do
regimentos internos, com observância das
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
normas de processo e das garantias processuais
Superiores, com a aprovação dos respectivos
das partes, dispondo sobre a competência
tribunais;
e o funcionamento dos respectivos órgãos
II – no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal
jurisdicionais e administrativos;
e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de
b) organizar suas secretarias e serviços
Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.
auxiliares e os dos juízos que lhes forem
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não
vinculados, velando pelo exercício da atividade
encaminharem as respectivas propostas
correicional respectiva;
orçamentárias dentro do prazo estabelecido na
c) prover, na forma prevista nesta Constituição,
lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo
os cargos de juiz de carreira da respectiva
considerará, para fins de consolidação da proposta
jurisdição;
orçamentária anual, os valores aprovados na lei
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
orçamentária vigente, ajustados de acordo com os
e) prover, por concurso público de provas, ou
limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.
de provas e títulos, obedecido o disposto no art.
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que
169, parágrafo único, os cargos necessários à
trata este artigo forem encaminhadas em
administração da Justiça, exceto os de confiança
desacordo com os limites estipulados na forma
assim definidos em lei;
do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes
f) conceder licença, férias e outros afastamentos
necessários para fins de consolidação da proposta
a seus membros e aos juízes e servidores que
orçamentária anual.
lhes forem imediatamente vinculados.
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício,
não poderá haver a realização de despesas ou a
assunção de obrigações que extrapolem os limites
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias,
exceto se previamente autorizadas, mediante a
abertura de créditos suplementares ou especiais.

Até o dia 20 de cada mês, deve haver o repasse de duodécimos de verbas orçamentárias
ao Poder Judiciário (art. 168 da CF), sob pena de intervenção estadual ou federal, sendo uma
garantia importante para fazer frente às suas despesas.
Conforme o § 2º, do art. 98, da CF, “as custas e emolumentos serão destinados
exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça”. Essa
previsão é importante, porque antes havia discussão sobre a possibilidade dos valores

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recolhidos a título de custas e emolumentos terem outra destinação, mas atualmente é pacífico
que tudo que for arrecadado deve ser utilizado para o custeio das atividades judiciais.
Ainda que tange à cobrança de valores para a atividade jurisdicional, interessante destacar
a existência das serventias, pois, segundo o art. 31, do ADCT, “serão estatizadas as serventias
do foro judicial, assim definidas em lei, respeitados os direitos dos atuais titulares”.
São duas as espécies de serventias: foros judiciais e foros extrajudiciais.
As serventias dos foros judiciais são estatizadas e equivalem às atividades dos escrivães.
Por outro lado, as serventias dos foros extrajudiciais não são estatizadas, mas exercidas
em caráter privado por delegação do Poder Público (art. 236 da CF6). É dizer: são privatizadas,
correspondendo às atividades dos agentes delegados.
Todas as despesas judiciais arrecadadas pelas serventias judiciais serão revertidas para
um fundo, com o objetivo de custear essas atividades.
Quanto às serventias extrajudiciais, apesar de privatizadas, também receberão valores
(emolumentos) que servirão como meio de remuneração dos agentes delegados. Importante
saber que existem lei estaduais que aplicam determinado percentual e taxam as atividades
dos foros extrajudiciais, devendo os valores arrecadados serem, igualmente, encaminhados
para fundos específicos.

É interessante questionar: como podem coabitar os poderes de fiscalização do CNJ com


a autonomia orgânico-administrativa dos tribunais prevista no art. 96?

A autonomia orgânica-administrativa é de construção do Poder Judiciário, ou seja, é através


da legislação que será estabelecida a sua organicidade. Com isso, quaisquer vícios decorrentes
da organização judiciária derivam da violação de leis ou das Constituições (Estadual e Federal),
que são os parâmetros utilizadas para examinar a sua legalidade ou constitucionalidade, o
que, de fato, foge do poder fiscalizatório do CNJ.
Nada impede, porém, que o CNJ efetue a fiscalização orçamentária (uso do dinheiro
público) e a fiscalização quanto à forma de estruturação que está sendo conferida aos
tribunais. Em algumas serventias, aliás, esse controle também poderá ocorrer, porque trata-
se de um fator correcional a estrutura, o comportamento dos tribunais em geral e a forma de
despesa pública realizada.

3.2.2. Garantias Funcionais

As garantias funcionais, assim denominadas porque dirigidas aos magistrados enquanto no


exercício do cargo, destinam-se a concretizar duas finalidades principais, quais sejam: garantir

6
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.

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a independência e a imparcialidade dos juízes e do próprio Poder Judiciário, proporcionando


ambiente propício para julgamentos adequados e incólumes de influências externas.

As garantias da magistratura visam resguardar o Poder Judiciário e não a pessoa física do juiz,
ou seja, não são benefícios ou privilégios de caráter pessoal. Ao contrário, são instrumentos
indispensáveis para garantir o exercício da jurisdição por meio de agentes imparciais e imunes
à represálias e solicitação de favores.

3.2.2.1. Independência

Deve-se compreender a independência como a aptidão do órgão para proferir decisões


isentas de influências externas indevidas. Trata-se de pressuposto básico para a consolidação
da democracia e dos direitos fundamentais.
Assegurar um Poder Judiciário formado por juízes independentes é, portanto, assegurar
à sociedade um ambiente democrático, no qual os direitos fundamentais serão aplicados e
protegidos, consolidando um sistema jurídico marcado pela repressão ao abuso do poder.
Nos termos do art. 95 da CF, a independência dos magistrados se expressa em três
espécies de garantias:
• Vitaliciedade;
• Inamovibilidade; e
• Irredutibilidade de subsídios.
• Vitaliciedade (art. 95, I da CF)

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo
a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;

A vitaliciedade assegura ao magistrado vitaliciado a prerrogativa de somente ser demitido


após o trânsito em julgado de decisão judicial, afastando qualquer possibilidade de perda do
cargo por decisão meramente administrativa. O juiz não vitaliciado, contudo, poderá perder o
cargo por decisão do tribunal.

Quem é o juiz vitaliciado?

É o juiz de primeiro grau que ingressou na carreira após aprovação em concurso público e
que está no exercício efetivo exercício do cargo há mais de dois anos. O juiz que ingressou na

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magistratura pelo quinto constitucional é vitalício desde a posse, dele não se exigindo o lapso
temporal acima indicado.
Durante o período de vitaliciamento, o magistrado recém empossado ficará sob a análise
do tribunal. Alguns tribunais, inclusive, criaram a figura do juiz formador, a quem incumbirá
examinar o comportamento e a conduta do juiz substituto a ele atrelado.
Do juiz vitaliciando, o que se exige é a demonstração da qualidade da atividade jurisdicional
por meio da sua produtividade e eficiência, além da manutenção de conduta pública e privada
compatível com a importância do cargo.
Compreendem tanto o STF e o STJ que o prazo de vitaliciamento é peremptório e constitucional.

Para se alcançar a vitaliciedade, o único requisito previsto na Constituição Federal é o prazo de


dois anos de efetivo exercício no cargo, o que significa dizer que:
• Se dentro do prazo de dois anos o juiz cometer faltas graves, ele poderá ser afastado por
deliberação do tribunal, ou seja, administrativamente, por simples deliberação.
• Cabe aos tribunais, em seu regimento interno, disciplinar como se desenvolverá os
procedimentos administrativos destinados a apurar eventuais faltas graves cometidas
pelo juiz vitaliciando e pelo juiz vitaliciado, que deverão seguir sistemáticas distintas,
mas assegurado, em ambos os casos, o direito ao contraditório e a ampla defesa.
• Se o tribunal não promover os atos necessários para, no mínimo, dar início ao procedimento
administrativo disciplinar do juiz vitaliciando suspeito de cometer falta grave, satisfeito o
prazo de dois anos ele automaticamente se tornará vitalício. Compete ao tribunal, portanto,
realizar as diligências necessárias antes da consumação do aludido prazo.
Com efeito, é importante destacar também que:
Em regra, é do tribunal a competência para decidir sobre o não vitaliciamento, porém, se o
processo administrativo tiver sido avocado pelo CNJ, será ele o responsável pela deliberação
através de processo administrativo que igualmente observe o contraditório e a ampla defesa.

A vitaliciedade vincula o titular do cargo por toda a sua vida funcional, até completar 75
anos de idade, no caso dos ministros do STF e dos tribunais superiores, ou até completar 70
anos de idade para os demais magistrados.
A EC n. 88/2015, que entrou em vigor em abril do ano de 2015, inovou ao prever que:
− Lei complementar poderia aumentar o limite de idade da aposentadoria compulsória
no serviço público de 70 anos de idade para 75 anos de idade (art. 40, § 1º, II, da CF);
− O patamar de 75 anos de idade incidiria de imediato, conforme estabelecido no art.
100 do ADCT, para os ministros do STF, dos tribunais superiores e do Tribunal de
Contas da União (TCU), “nas condições do art. 52 da Constituição Federal”. Isto é, a
EC n. 88/2015, nesses casos, condicionou a uma nova sabatina no Senado Federal a
permanência no cargo após os 70 anos de idade.

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Todavia, em decisão liminar proferida na ADI n. 5.316, ainda pendente de julgamento de


mérito, os ministros do STF deferiram medida cautelar para:

JURISPRUDÊNCIA
1) suspender a aplicação da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal”
contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC n. 88/2015, por vulnerar as condições
materiais necessárias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional,
ultrajando a separação dos Poderes, cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da CRFB;
2) fixar a interpretação, quanto à parte remanescente da EC n. 88/2015, de que o art. 100
do ADCT não pode ser estendido a outros agentes públicos até que seja editada a lei
complementar a que alude o art. 40, § 1º, II, da CRFB, a qual, quanto à magistratura, é a lei
complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal nos termos do art. 93 da CRFB;
3) suspender a tramitação de todos os processos que envolvam a aplicação a magistrados
do art. 40, § 1º, II da CRFB e do art. 100 do ADCT, até o julgamento definitivo da presente
demanda, e
4) declarar sem efeito todo e qualquer pronunciamento judicial ou administrativo que
afaste, amplie ou reduza a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e, com
base neste fundamento, assegure a qualquer outro agente público o exercício das funções
relativas a cargo efetivo após ter completado setenta anos de idade. Vencidos, em parte,
os Ministros Teori Zavascki e Marco Aurélio, que davam interpretação conforme à parte
final do art. 100, introduzido pela EC n. 88/2015, para excluir enfoque que seja conducente
a concluir-se pela segunda sabatina, considerado o mesmo cargo em relação ao qual
houve a primeira sabatina.
(ADI 5316 MC, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 21/05/2015,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-154 DIVULG 05-08-2015 PUBLIC 06-08-2015)

Alguns meses depois, em dezembro do ano de 2015, regulamentando o art. 40, § 1º, II, da
CF, entrou em vigor a LC n. 152/2015, por meio do qual a União implementou a aposentadoria
aos 75 anos de idade para todos os servidores públicos titulares de cargos efetivos de todos
entes da federação, inclusive os membros do Poder Judiciário.
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), todavia, compreendendo que a aludida
norma federal padece de manifesta inconstitucionalidade por vício de iniciativa, tendo em
vista que somente seria possível aumentar o limite de idade para os juízes por meio de lei
complementar de iniciativa do STF, tal como previsto no caput do art. 93 da CF, ajuizou ADI
5.430, também pendente de julgamento, mas que, considerando o já firmado liminarmente na
ADI 5.316 é possível inferir, ao menos por enquanto, a impossibilidade de a LC n. 152/2015
abranger os juízes.
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Memorize! Enquanto pendente de julgamento as ADIs 5.316 e 5.430:


a) Os ministros do STF, dos demais tribunais superiores e do TCU poderão permanecer no
cargo até os 75 anos de idade (art. 100 do ADCT), independentemente de nova sabatina no
Senado Federal.
b) Os demais juízes poderão permanecer no cargo até os 70 anos de idade, sendo possível que
lei complementar de iniciativa do STF amplie o limite para os 75 anos de idade (art. 40, § 1º, II
c/c art. 93, da CF).

O Juiz não vitalício pode ser promovido para tornar-se Juiz de Direito, Juiz Federal ou Juiz
do Trabalho, assim como o Juiz Substituto pode ser vitalício. Os temas não se confundem,
uma vez que vitaliciedade é adquirida pelo decurso do prazo de dois anos, contados da posse
no cargo de Juiz Substituto, quer tenha havido ou não a promoção do juiz nesse prazo.
Na sua prova, cuidado com atecnias. É incorreto utilizar o termo “efetivo” para juízes. O juiz
nunca se tornará efetivo, ele se tornará VITALÍCIO!
Por fim, anote que existem duas exceções à regra de que o juiz vitalício só poderá perder o
cargo por sentença judicial transitada em julgada; a saber:
− Ministros do STF; e
− Membros do CNJ.

Ambos poderão ser processados por crimes de responsabilidade perante o Senado Federal,
admitindo-se a destituição do cargo (art. 52, II da CF). Destaque-se, nesse ponto, que é correto
dizer que os membros do CNJ possuem as mesmas prerrogativas dos magistrados, por conta
de seu regimento interno.
Vejamos o teor do dispositivo constitucional:

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


II – processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional
de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o
Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo
Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos
do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função
pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

Os ministros do STF e os membros do CNJ poderão sofrer processo de impeachment. É dizer,


poderão ser impichados, nos termos do art. 52, II, da CF.

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• Inamovibilidade (art. 95, II da CF)

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;

A inamovibilidade é a garantia institucional que impede que o magistrado, contra a sua


vontade, seja colocado em disponibilidade, removido ou promovido.
Os juízes, ao contrário dos servidores públicos, não podem ser removidos por oportunidade
e conveniência da Administração Pública, sendo a eles conferido o poder de decidir deslocar-
se ou não entre as entrâncias e entre as instâncias.
Fica proibida, portanto, a remoção sem o consentimento do magistrado, salvo a hipótese
de remoção compulsória com fundamento no interesse público, prevista no art. 93, VIII, da CF.

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
VIII – o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público,
fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça, assegurada ampla defesa;

Segundo o STF, a inamovibilidade é garantia de toda a magistratura, alcançando não apenas


o juiz titular, como também o substituto.
• Irredutibilidade de subsídios (art. 95, III da CF)

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: [...]


III – irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III,
e 153, § 2º, I.

A irredutibilidade de subsídios assegura aos magistrados que os seus subsídios não terão
o valor reduzido, salvo as exceções constitucionais – “ressalvado o disposto nos artigos 37, X
e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I”.
Conforme entendimento do CNJ e do STF, ao magistrado é imposto o dever de se dedicar
precipuamente à jurisdição, não podendo deixar as atividades jurisdicionais de lado para dar
prioridade, por exemplo, às atividades de magistério. Com efeito, o subsídio deve ser compatível
com essa a exigência.
Destarte, a irredutibilidade de subsídios traduz-se da seguinte forma: uma vez fixado o
valor em lei, o magistrado tem o direito constitucional de receber remuneração compatível
com as exigências do cargo.
O próprio STF, no entanto, afirma tratar-se de uma irredutibilidade nominal (jurídica) e
não real. Pela irredutibilidade nominal, se o subsídio for de R$ 20 mil, por exemplo, garante-
se ao magistrado auferir mensalmente este valor, que não precisará, contudo, acompanhar
as oscilações da inflação. Haveria o dever de indexação da inflação no subsídio, somente no

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caso de ser uma irredutibilidade real, o que garantiria também a permanência do seu poder
aquisitivo.
Importante anotar que a EC n. 19/1998, acrescentou o § 4º ao art. 39 da Constituição
Federal, pelo qual:

Art. 39. (...)


§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação
ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Grifos
nossos)

Desfez-se, portanto, a situação excessivamente favorável que permitia a incorporação de


adicionais à remuneração, o que poderia aumentar sobremaneira o seu valor.
O subsídio, aliás, possui um teto remuneratório: ninguém pode ganhar mais do que os
Ministros do Supremo Tribunal Federal. Além disso, no Poder Judiciário existem outros
subtetos, quais sejam:
− O subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a 95%do subsídio
mensal fixado para os Ministros do STF; e
− Os subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível
federal e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional,
não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a 10% ou inferior a 5%, nem
exceder a 95% do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores.

EXEMPLO
Se ao subsídio habitual de um desembargador tiverem que ser somadas outras gratificações,
o valor final não poderá ultrapassar o teto máximo (subsídio dos Ministros do STF).

Há, porém, uma situação excepcional prevista no art. 37, § 11º, da CF. Trata-se das parcelas
de caráter indenizatório previstas em lei. Como ainda não existe lei dispondo sobre o assunto,
compreende-se que qualquer parcela indenizatória poderá sobrepujar o teto, bastando, para
tanto, que os Tribunais Superiores entendam se tratar, realmente, de parcela indenizatória.
Sobre o tema:

Art. 93 da CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto
da Magistratura, observados os seguintes princípios: (...)
V – o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento
do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos
demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme
as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e

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outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por
cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o
disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;
Art. 37 da CF. (...)
XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal
de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal,
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável
este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Grifos
nossos)
(...)
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput
deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.

Em que pese o texto constitucional prever no art. 37, XI, que o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça não poderá ultrapassar 90,25% do subsídio dos Ministros do STF, no
julgamento da ADI 3.854/DF, proposta pela Associação dos Magistrados Nacionais (AMB), ficou
definido que tal limitação não se aplica aos membros da magistratura estadual, mas somente
aos servidores do Poder Judiciário, tendo em vista que a aplicação de limites remuneratórios
distintos entre magistrados federais e estaduais confrontaria o caráter nacional e unitário do
Poder Judiciário.

A remuneração dos magistrados é escalonada, ou seja, parte do subteto e vai descendo de


10% em 10% ou de 5% em 5%, conforme o número de entrância (na justiça estadual). Na
Justiça Federal, só há diferença remuneratória entre juiz federal substituto, juiz federal titular
e desembargadores.

Ainda no que tange ao subsídio e às suas limitações, anota-se que a LOMAN (art. 65)
conferiu os seguintes benefícios remuneratórios aos magistrados:

Art. 65. Além dos vencimentos, poderão ser outorgadas aos magistrados, nos termos da lei, as
seguintes vantagens:
I – ajuda de custo, para despesas de transporte e mudança;

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II – ajuda de custo, para moradia, nas localidades em que não houver residência oficial à disposição
do Magistrado.
III – salário-família;
IV – diárias;
V – representação;
VI – gratificação pela prestação de serviço à Justiça Eleitoral;
VII – gratificação pela prestação de serviço à Justiça do Trabalho, nas Comarcas onde não forem
instituídas Juntas de Conciliação e Julgamento;
VIII – gratificação adicional de cinco por cento por qüinqüênio de serviço, até o máximo de sete;
IX – gratificação de magistério, por aula proferida em curso oficial de preparação para a Magistratura
ou em Escola Oficial de Aperfeiçoamento de Magistrados (arts. 78, § 1º, e 87, § 1º), exceto quando
receba remuneração específica para esta atividade;
X – gratificação pelo efetivo exercício em Comarca de difícil provimento, assim definida e indicada
em lei.
§ 1º A verba de representação, salvo quando concedida em razão do exercício de cargo em função
temporária, integra os vencimentos para todos os efeitos legais.
§ 2º É vedada a concessão de adicionais ou vantagens pecuniárias não previstas na presente Lei,
bem como em bases e limites superiores aos nela fixados.

O dispositivo citado acima foi elaborado em período no qual a remuneração dos magistrados
ainda ocorria por meio de vencimentos e não através de subsídio, regime que entrou em vigor
a partir de janeiro de 2005,quandoforam deixados de serem pagos todos os benefícios de
natureza remuneratória, a exemplo da gratificação adicional por tempo de serviço (inciso VIII),
vantagem pecuniária que continuou a ser recebida somente pelos magistrados que, no advento
da nova sistemática constitucional, já possuía direito adquirido e apenas até o valor excedente
ser absorvido integralmente pelo subsídio fixado em lei, garantindo-se assim a irredutibilidade
nominal (MS 24.875/DF).
Por outro lado, subsistem, em conjunto com o subsídio, as parcelas de caráter indenizatório,
tal como ocorre com a ajuda de custo para mudança (inciso I) e as diárias (inciso IV).
Quanto ao auxílio-moradia (inciso II), o seu pagamento vinha sendo feito normalmente
(mesmo após a implementação do subsídio como forma de remuneração, com fundamento em
medida liminar deferida pelo STF, que reconheceu o caráter indenizatório do benefício (AO n.
1.773, ACO n. 2.522 e AO n. 1.946). Até então, compreendia-se que a sua concessão dependeria
do preenchimento de um único requisito: a inexistência de residência oficial à disposição do
Magistrado em sua comarca de atuação. Em novembro de 2018, contudo, o Ministro Relator
Luiz Fux, pautado na “inviabilidade orçamentária verificada no atual contexto”, na imposição ao
Poder Judiciário de estabelecer parâmetros que assegurem o ajuste fiscal das contas públicas
e diante da majoração do subsídio dos Ministros do STF (resultado do reajuste sancionado
pela Lei n. 13.752/2018), revogou as liminares concedidas e fixou a impossibilidade do

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pagamento da parcela referente ao auxílio-moradia a todos os agentes, sem exceções,
que recebem a parcela em decorrência do art. 65, II, da Lei Complementar 35/1979 (i.e.,
todos os membros do Poder Judiciário), ou como resultado da simetria entre as carreiras
jurídicas (i.e., todos os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública, do Tribunal
de Contas ou de carreiras que estejam pagando o referido auxílio com fundamento na
liminar deferida nestes autos).7

A representação (inciso V) e a gratificação pelo efetivo exercício em Comarca de difícil


provimento (inciso X), dependem de regulamentação por meio de lei que ainda não foi editada.
É preciso destacar que o art. 65, da LOMAN, deve ser lido em conjunto com a Resolução
CNJ n. 133/2011, que dispõe sobre “a simetria constitucional entre Magistratura e Ministério
Público e equiparação de vantagens”, de modo que as vantagens funcionais do Ministério
Público Federal que não estejam previstas na LOMAN devem ser estendidas à Magistratura
Nacional, nos termo do art. 1º da citada Resolução:

Art. 1º da Resolução CNJ n. 133/2011. São devidas aos magistrados, cumulativamente com os
subsídios, as seguintes verbas e vantagens previstas na Lei Complementar n. 75/1993 e na Lei n.
8.625/1993:
a) Auxílio-alimentação;
b) Licença não remunerada para o tratamento de assuntos particulares;
c) Licença para representação de classe, para membros da diretoria, até três por entidade;
d) Ajuda de custo para serviço fora da sede de exercício;
e) Licença remunerada para curso no exterior;
f) indenização de férias não gozadas, por absoluta necessidade de serviço, após o acúmulo de
dois períodos.
Art. 2º As verbas para o pagamento das prestações pecuniárias arroladas no artigo primeiro
correrão por conta do orçamento do Conselho da Justiça Federal, do Tribunal Superior do Trabalho,
do Superior Tribunal Militar e da dotação própria de cada Tribunal de Justiça, em relação aos juízes
federais, do trabalho, militares e de direito, respectivamente.

Finalizando o tema, as Leis n. 13.093/2015, 13.094/2015 e 13.095/2015 instituíram novo


benefício: a gratificação por exercício cumulativo de jurisdição, a qual farão jus os membros
da Justiça Federal, Justiça do Distrito Federal e Territórios e Justiça do Trabalho.
De acordo com o art. 3º das mencionadas leis, a vantagem será concedida aos:

magistrados que realizarem substituição por período superior a 3 dias úteis e dar-se-á sem prejuízo
de outras vantagens cabíveis previstas em lei, salvo se ambas remunerarem a mesma atividade.

7
AO 1.773/DF.

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3.2.2.2. Imparcialidade

A imparcialidade do magistrado remete à ideia de equidistância, o que significa dizer que


ao juiz é proibido adotar posturas que firam ou possam ferir a isenção necessária ao processo.
É válido relembrar que a todos foi conferido o direito fundamental de serem julgados por juízes
imparciais, um dos pilares do devido processo legal.
O juiz que perde a imparcialidade poderá ser apontado como suspeito ou impedido,
ocasionando nulidade processual ligada ao pressuposto processual positivo relacionado ao
juiz. Com o escopo de evitar tais situações, a Constituição Federal elencou em seu art. 95,
parágrafo único, algumas medidas destinadas à garantia da imparcialidade, denominadas
de vedações.
Assim, aos juízes é vedado:
• Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério
(art. 95, parágrafo único, I, da CF)

Compreende o STF que as vedações formais constitucionalmente impostas aos


magistrados objetivam, de um lado, proteger o próprio Poder Judiciário, para queaos seus
integrantes sejam garantidas as condições necessárias para o exercício da atividade judicante
com total independência e, de outra parte, garantir que os juízes dediquem-se, integralmente,
às funções inerentes ao cargo, evitando coloca-las em segundo plano.
É justamente nesse sentido a Orientação CNJ n. 02/2007, que vedou aos magistrados?

JURISPRUDÊNCIA
exercerem funções da justiça desportiva e de grão-mestre de entidade maçônica, ou de
cargos de direção de ONGs, entidades beneficentes e de instituições de ensino”.Com o
mesmo fito, a Resolução CNJ n. 34/2007, com alterações introduzidas pela Resolução
CNJ n. 226/2016, proibiu, por não considera-las atividade docente, as “atividades de
coaching, similares e congêneres, destinadas à assessoria individual ou coletiva de
pessoas, inclusive na preparação de candidatos a concursos públicos.

• Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo (art. 95,


parágrafo único, II, da CF)

A vedação visa impedir que o magistrado se aproprie da coisa pública, afinal estaria
revertendo em seu proveito os resultados financeiros das atividades jurisdicionais.
• Dedicar-se à atividade político-partidária (art. 95, parágrafo único, III, da CF)

Se as vedações ora estudadas destinam-se a garantir a imparcialidade dos julgamentos


proferidos pelo Poder Judiciário, nada mais natural, principalmente no período hodierno
caracterizado por uma crescente agitação política e polaridades ideológicas, que aos juízes

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seja proibido manter vínculos de natureza político-partidária, garantido com isso não apenas a
isenção das decisões proferidas, mas também a confiança dos jurisdicionados.
Obviamente, não fica o juiz, enquanto cidadão, proibido de exercer o direito ao voto e de
possuir posições ideológicas de viés político, econômico ou social.
Alerta-se que para poderem se candidatar a cargos eletivos, precisão pedir exoneração
com antecedência de 6 meses antes do pleito, conforme determina a LC n. 64/1990.
• Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (art. 95,
parágrafo único, IV, da CF)
• Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (art. 95, parágrafo único, V)

O inciso V retrata a famosa quarentena de saída, cujo principal objetivo é impedir qualquer
resquício de influência que o juiz recém afastado do cargo, e atualmente no exercício da
advocacia, pudesse vir a exercer sobre seus antigos colegas de profissão.
Ainda acerca das vedações, a LOMAN, em seu art. 36, dispõe que é vedado ao magistrado:
• Exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista,
exceto como acionista ou quotista (art. 36, I, da LOMAN)
• Exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de
qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração
(art. 36, I, LOMAN)
• Manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente
de julgamento seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou
sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou
no exercício do magistério.

Por fim, também com o objetivo de alcançar a imparcialidade, aos magistrados é concedida
a prerrogativa de “ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados
com a autoridade ou Juiz de instância igual ou inferior” (art. 33, I, da LOMAN). A exigência
busca afastar eventuais influências externas pelos juízes lotados em instância superior sobre
os lotados em instância inferior.

4. Código de Ética da Magistratura Nacional


Preliminarmente, é preciso pontuar três importantes pontos sobre o Código de Ética da
Magistratura Nacional:
• Foi editado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no ano de 2008;
• É dirigido a todos os magistrados, sem distinção, impondo normas de comportamento
reputadas como ideais; e

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• Tem caráter vinculativo, não se tratando de mera exortação ética, mas sim de um dever
funcional, o que significa dizer que o juiz que não cumpre os seus preceitos incide em
inobservância de conduta funcional obrigatória e passível, portanto, de responsabilização
administrativa, cível e penal.

Narra a Constituição Federal que ao CNJ compete o controle da atuação administrativa e


financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe,
também, zelar pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo, para tanto, expedir atos
regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências (art. 103-B, § 4º, I).
A LOMAN, por seu turno, define como dever do magistrado “manter conduta irrepreensível
na vida pública e particular” (art. 35, VIII), punindo com a aposentadoria compulsória aquele que
atuar de modo “incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções” (art. 56, II).
Destarte, foi nesse contexto que se deu a edição do Código de Ética da Magistratura Nacional:

instrumento essencial para os juízes incrementarem a confiança da sociedade em sua autoridade


moral”, traduzindo o “compromisso institucional com a excelência na prestação do serviço público
de distribuir Justiça e, assim, mecanismo para fortalecer a legitimidade do Poder Judiciário.

Em síntese, foram essas as palavras introdutórias utilizadas no Código, fazendo-se a seguir


a sua transcrição literal:

JURISPRUDÊNCIA
CÓDIGO DE ÉTICA DA MAGISTRATURA NACIONAL
(Aprovado na 68ª Sessão Ordinária do Conselho Nacional de Justiça, do dia 06 de agosto
de 2008, nos autos do Processo n. 200820000007337)
O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no exercício da competência que lhe atribuíram a
Constituição Federal (art. 103-B, § 4º, I e II), a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (art.
60 da LC n. 35/79) e seu Regimento Interno (art. 19, incisos I e II);
Considerando que a adoção de Código de Ética da Magistratura é instrumento essencial
para os juízes incrementarem a confiança da sociedade em sua autoridade moral;
Considerando que o Código de Ética da Magistratura traduz compromisso institucional
com a excelência na prestação do serviço público de distribuir Justiça e, assim, mecanismo
para fortalecer a legitimidade do Poder Judiciário;
Considerando que é fundamental para a magistratura brasileira cultivar princípios éticos,
pois lhe cabe também função educativa e exemplar de cidadania em face dos demais
grupos sociais;

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Considerando que a Lei veda ao magistrado “procedimento incompatível com a dignidade,


a honra e o decoro de suas funções” e comete-lhe o dever de “manter conduta irrepreensível
na vida pública e particular” (LC n. 35/79, arts. 35, inciso VIII, e 56, inciso II); e
Considerando a necessidade de minudenciar os princípios erigidos nas aludidas normas
jurídicas;
RESOLVE aprovar e editar o presente CÓDIGO DE ÉTICA DA MAGISTRATURA NACIONAL,
exortando todos os juízes brasileiros à sua fiel observância.

Deveras, o Código de Ética nasce de um dever já existente, apenas ampliando os conceitos


previstos na LOMAN, ou seja, nada mais fez do que explicitar os deveres dos magistrados
existentes na legislação. Exatamente por isso, nele não são previstas sanções, uma vez que
estas já se encontravam elencadas na LOMAN.
Aliás, a preocupação com o agir ético dos magistrados também foi umas das preocupações
do legislador constituinte de 1988. Não por menos, condicionou o acesso aos tribunais
superiores aos critérios de notório saber jurídico e reputação ilibada (arts. 101, 104, parágrafo
único e 119, II), tratando-se este último de evidente exigência ética, na medida em que a
reputação ilibada corresponde a história de vida da pessoa, tanto no campo profissional, como
no familiar e social.

DICA
Anote! Todo aquele que ingressar na magistratura receberá,
no momento da posse, um exemplar do Código de Ética da
Magistratura (art. 41).

4.1. Ética e Poder Judiciário


Quanto à sua estrutura, o Código está estruturado em doze capítulos, sendo possível extrair
dos seus artigos 2º e 3º que será definido como ético, o juiz que em sua atuação contribuir
para a consecução da democracia e da dignidade da pessoa humana, sobretudo por meio da
defesa dos direitos fundamentais.

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º O exercício da magistratura exige conduta compatível com os preceitos deste Código e do
Estatuto da Magistratura, norteando-se pelos princípios da independência, da imparcialidade, do

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conhecimento e capacitação, da cortesia, da transparência, do segredo profissional, da prudência,


da diligência, da integridade profissional e pessoal, da dignidade, da honra e do decoro.
Art. 2º Ao magistrado impõe-se primar pelo respeito à Constituição da República e às leis do País,
buscando o fortalecimento das instituições e a plena realização dos valores democráticos.
Art. 3º A atividade judicial deve desenvolver-se de modo a garantir e fomentar a dignidade da pessoa
humana, objetivando assegurar e promover a solidariedade e a justiça na relação entre as pessoas.

Um dos grandes questionamentos a ser enfrentado, portanto, é saber:

Em que medida os magistrados contribuem para a consecução dos direitos fundamentais


e para a concretização da democracia no país?

Ética, segundo o professor Goffredo da Silva Telles, nada mais é do que o cumprimento ou
a satisfação do bem soberano da humanidade.
Nessa diapasão, convém observar que a finalidade precípua do Estado é o atendimento
geral do interesse público, estando os objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil delineados no art. 3º da CF: “construir uma sociedade livre, justa e solidária”, “garantir o
desenvolvimento nacional”, “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais” e “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
Em síntese, para alcançar tais objetivos, o Estado precisa, sobretudo, garantir e efetivar
os principais direitos da sociedade, que são aqueles fincados na dignidade pessoa humana,
valor hoje considerado inerente a todos os indivíduos indiscriminadamente, mas que no
curso da segunda guerra mundial, período em que as cidades de Hiroshima e Nagasaki foram
devastadas com artefato atômico, foi completamente aniquilado, fazendo surgir como antídoto,
no ano de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que “considerando
que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos
seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
mundo”8 procurou não apenas sedimentar os direitos humanos, mas também reconstruir a
noção de ética no Direito, redefinindo as suas bases na ciência jurídica.
Surge, assim, uma renovada ideia de ética, que passa a ter contornos internacionais,
reunindo-se os Estados de Direito, como se viu na elaboração da DUDH, para declarar os
direitos humanos como os valores mais importantes da sociedade.
Se no âmbito externo, porém, fala-se em direitos humanos, quando estes são positivados
na legislação constitucional interna de um país, passam a ser denominados de direitos
fundamentais, cabendo aos juízes, enquanto titulares de uma parcela da soberania estatal, a
sua defesa numa atuação conjunta com os integrantes dos Poderes Executivo e Legislativo.

DICA
8
Primeiro parágrafo do preâmbulo da DUDH

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Anote! Todas as vezes que o Poder Judiciário concede


direitos fundamentais, principalmente os de caráter social não
concretizados em razão da ausência de políticas públicas, está
igualando os desiguais, fomentando uma isonomia de caráter
substancial e, consequentemente, fazendo a democracia mais
forte, pois inimaginável falar em democracia quando nem
mesmo os diretos mais básicos, como aqueles relacionados à
vida, à saúde e à educação, estão garantidos.

A democracia substancial exige que o cidadão seja efetivamente cidadão, ou seja, incumbe
ao Estado viabilizar condições sociais, econômicas, jurídicas e políticas para que os indivíduos
possam formar suas convicções e, assim, muito mais do que exercer o direito ao voto, possam
efetivamente influenciar no destino no país, sob pena de a democracia tornar-se mero factoide
com dimensões puramente formais.
Logo, diante da omissão dos demais poderes do Estado responsáveis pela implementação
de políticas públicas destinadas a concretização dos direitos fundamentais, sobretudo os de
dimensão social, caracteriza-se o Poder Judiciário como o último recurso para a sua tutela e
implementação, daí porque o Código de Ética afirma a necessidade de os magistrados agirem
eticamente, ou seja, com base na renovação ética proposta pela Carta de 1988, o que só é
efetivamente alcançado quando o juiz concede e protege os direitos fundamentais, garantindo
com isso uma democracia substancial e o atendimento dos objetivos fundamentais elencados
no texto constitucional.

 Obs.: Conclusão:
 O juiz ético é aquele que atua de acordo com o artigo 3º, da CF, com independência
e imparcialidade, examinando e concedendo direitos fundamentais e, por via de
consequência, garantindo a democracia no país.

O papel do Poder Judiciário, contudo, não está imune a críticas, apontando José Renato
Nalini que na doutrina estrangeira costuma-se questionar a sua legitimidade, especialmente
nos países aonde não existe eleição para o provimento dos cargos de magistrado. O próprio
autor, contudo, pondera:

(...) a resposta é que o sufrágio não representa a única maneira de se conferir consentimento ao
exercício de um poder estatal. O juiz não é eleito, mas recrutado por concurso público. A OAB
participa do processo seletivo em todas as suas fases. É uma participação da sociedade civil na
escolha de quem a julgará. Depois, a legitimação virá mediante a fundamentação das decisões e

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Renato
pela excelência na prestação do serviço. (Ética Geral e Profissional, 8ª ed., RT, São Paulo, Borelli
2011, p.
445).

A fundamentação é um elemento essencial à legitimidade das decisões judiciais, afinal, é


por meio dela que o juiz informará a sociedade sobre os fatores que contribuíram para o seu
convencimento, viabilizando o controle da sua atuação.

4.2. Princípios Regentes


O Código Ética fundamentou-se essencialmente em dois relevantes documentos
internacionais: os Princípios de Conduta Judicial de Bangalore e o Código Ibero-Americano
de Ética Judicial.
Os Princípios de Conduta Judicial de Bangalore é o resultado de trabalho conjunto
promovido por membros de cortes superiores e juízes seniores integrantes do denominado
Grupo de Integridade Judicial cujo objetivo era debater o problema mundial da crescente
desconfiança da população em relação ao sistema judicial dos seus respectivos países diante
da frequente desconfiança de corrupção ou imparcialidade em determinadas situações.
Sua elaboração teve início no ano 2000 em Viena (Áustria), havendo a formulação dos
princípios em abril do ano de 2001 em Bangalore (Índia) e a sua aprovação oficial em novembro
do ano de 2002 em Haia (Holanda).
Os Princípios de Bangalore propõe-se a ser um projeto de Código Judicial em âmbito global,
elaborado com base em outros códigos e estatutos, nacionais, regionais e internacionais,
sobre o tema, dentre eles a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, documento
que procurou garantir a todos o direito de ser submetido a um julgamento igualitário, justo e
público diante de um tribunal independente e imparcial.

Os princípios de Bangalore consistem na independência judicial (itens 1.1 a 1.6), na


imparcialidade (itens 2.1 a 2.5.3), na integridade (itens 3.1 e 3.2), na idoneidade (itens 4.1 a
4.16), na igualdade (itens 5.1 a 5.5) e na competência e diligência (itens 6.1 a 6.7).

Importante saber que esses Princípios subsidiaram a elaboração do Código Ibero-


Americano de Ética Judicial, que é de autoria de Manuel Atienza e Rodolfo Luís Vigo, tendo
sido publicado no ano de 2006, pela Cúpula Judicial Ibero-Americana, com o propósito de
disciplinar a conduta dos juízes e servidores do Poder Judiciário dos países signatários, a fim
de se consolidar entre eles os mais elevados padrões de ética e justiça. Em sua exposição
de motivos, aliás, os seus autores tiveram o cuidado de apresenta-lo como um compromisso
institucional com a excelência para o fortalecimento da legitimação do Poder Judiciário.

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O Código Ibero-Americano de ética judicial, do qual o Brasil faz parte, apresenta os seguintes
princípios: independência (arts. 1º a 8º), imparcialidade (arts. 9º a 17), motivação (arts. 18 a 27),
conhecimento e capacitação (arts. 28 a 34), justiça e equidade (arts. 35 a 40), responsabilidade
institucional (arts. 41 a 47), cortesia (arts. 48 a 52), integridade (arts. 53 a 55), transparência
(arts. 56 a 60), sigilo profissional (arts. 61 a 67), prudência (arts. 68 a 72), diligência (arts. 73
a 78), honestidade profissional (arts. 79 a 82).

Ao final, o documento prevê ainda a instituição de uma Comissão Ibero-Americana de


Ética Judicial (CIEJ), com a função de assessorar os Poderes Judiciários dos países Ibero-
Americanos, facilitar a discussão acadêmica de assuntos ligados à ética judicial e fortalecer
a consciência ética judicial dos membros do Judiciário ibero-americano, sendo que as suas
recomendações ou opiniões não possuem caráter vinculante, podendo ou não ser adotadas
por cada Estado (arts. 83 a 95).
Feita essa breve introdução, vejamos agora os princípios estatuídos no Código de Ética da
Magistratura Nacional, que, por óbvio, em muito coincidem com aqueles elencados nos dois
documentos internacionais aqui estudados.
O artigo 1º do Código de Ética da Magistratura estabelece os seguintes princípios
norteadores da atuação judicial:
• Independência;
• Imparcialidade
• Conhecimento e capacitação;
• Cortesia;
• Transparência;
• Segredo profissional
• Prudência;
• Diligência;
• Integridade profissional e pessoal;
• Dignidade;
• Honra; e
• Decoro.

Diante da inexistência de maiores debates doutrinários sobre o tema, torna-se suficiente a


leitura atenta dos artigos correspondentes.

CAPÍTULO II
INDEPENDÊNCIA

Art. 4º Exige-se do magistrado que seja eticamente independente e que não interfira, de qualquer
modo, na atuação jurisdicional de outro colega, exceto em respeito às normas legais.

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Art. 5º Impõe-se ao magistrado pautar-se no desempenho de suas atividades sem receber indevidas
influências externas e estranhas à justa convicção que deve formar para a solução dos casos que
lhe sejam submetidos.
Art. 6º É dever do magistrado denunciar qualquer interferência que vise a limitar sua independência.
Art. 7º A independência judicial implica que ao magistrado é vedado participar de atividade político-
partidária.

CAPÍTULO III
IMPARCIALIDADE

Art. 8º O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas a verdade dos fatos, com objetividade
e fundamento, mantendo ao longo de todo o processo uma distância equivalente das partes, e evita
todo o tipo de comportamento que possa refletir favoritismo, predisposição ou preconceito.
Art. 9º Ao magistrado, no desempenho de sua atividade, cumpre dispensar às partes igualdade de
tratamento, vedada qualquer espécie de injustificada discriminação.
Parágrafo único. Não se considera tratamento discriminatório injustificado:
I – a audiência concedida a apenas uma das partes ou seu advogado, contanto que se assegure
igual direito à parte contrária, caso seja solicitado;
II – o tratamento diferenciado resultante de lei.

Com base no parágrafo único, do art. 9º, note que desde que garantido o mesmo o direito aos
advogados de ambas as partes, o juiz não incorre em ofensa ao princípio da imparcialidade
quando recebe em seu gabinete o patrono de qualquer delas que pretenda com ele despachar.
É de se observar, todavia, que o Código de Processo Civil de 2015, por meio de seu art. 12, inseriu
no sistema jurídico vigente a regra concernente a ordem cronológica do julgamentos, pela
qual, salvo as exceções fixadas em lei, “os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente,
à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão”. Significa dizer que
ao atender pessoalmente o advogado, não poderá o magistrado conferir indistintamente
preferências que ignorem o aludido critério temporal. Com isso, garante-se maior igualdade
nos pleitos, uma vez que a escolha da causa a ser julgada ganhou contornos mais impessoais
e, consequentemente, imparciais.
Em razão da ausência de prejuízo às partes envolvidas (pas de nullité sans grief), a desobediência
a regra não implica, de plano, a nulidade da decisão, mas poderá configurar indício de suspeição
a ser apurado em âmbito correcional e que confirmada ensejará a invalidação da decisium.
A regra da ordem cronológica do julgamentos foi estendida também aos escrivães ou chefes
de secretarias, prevendo o art. 153 do CPC/2015 que “o escrivão ou o chefe de secretaria
atenderá, preferencialmente, à ordem cronológica de recebimento para publicação e efetivação
dos pronunciamentos judiciais”, devendo ser excluídas da disposição os atos urgentes, assim
reconhecidos pelo juiz no pronunciamento judicial a ser efetivado, e as preferências legais.
Com efeito (art. 153, § 5º, CPC/2015):

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a parte que se considerar preterida na ordem cronológica poderá reclamar, nos próprios autos, ao
juiz do processo, que requisitará informações ao servidor, a serem prestadas no prazo de 2 (dois)
dias” (art. 153, § 4º, CPC/2015), de modo que “constatada a preterição, o juiz determinará o imediato
cumprimento do ato e a instauração de processo administrativo disciplinar contra o servidor.

CAPÍTULO IV
TRANSPARÊNCIA

Art. 10. A atuação do magistrado deve ser transparente, documentando-se seus atos, sempre que
possível, mesmo quando não legalmente previsto, de modo a favorecer sua publicidade, exceto nos
casos de sigilo contemplado em lei.
Art. 11. O magistrado, obedecido o segredo de justiça, tem o dever de informar ou mandar informar
aos interessados acerca dos processos sob sua responsabilidade, de forma útil, compreensível e
clara.
Art. 12. Cumpre ao magistrado, na sua relação com os meios de comunicação social, comportar-se
de forma prudente e equitativa, e cuidar especialmente:
I – para que não sejam prejudicados direitos e interesses legítimos de partes e seus procuradores;
II – de abster-se de emitir opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou
juízo depreciativo sobre despachos, votos, sentenças ou acórdãos, de órgãos judiciais, ressalvada a
crítica nos autos, doutrinária ou no exercício do magistério.
Art. 13.O magistrado deve evitar comportamentos que impliquem a busca injustificada e
desmesurada por reconhecimento social, mormente a autopromoção em publicação de qualquer
natureza.
Art. 14. Cumpre ao magistrado ostentar conduta positiva e de colaboração para com os órgãos de
controle e de aferição de seu desempenho profissional.

CAPÍTULO V
INTEGRIDADE PESSOAL E PROFISSIONAL

Art. 15. A integridade de conduta do magistrado fora do âmbito estrito da atividade jurisdicional
contribui para uma fundada confiança dos cidadãos na judicatura.
Art. 16. O magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, cônscio
de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das
acometidas aos cidadãos em geral.
Art. 17.É dever do magistrado recusar benefícios ou vantagens de ente público, de empresa privada
ou de pessoa física que possam comprometer sua independência funcional.
Art. 18. Ao magistrado é vedado usar para fins privados, sem autorização, os bens públicos ou os
meios disponibilizados para o exercício de suas funções.
Art. 19. Cumpre ao magistrado adotar as medidas necessárias para evitar que possa surgir qualquer
dúvida razoável sobre a legitimidade de suas receitas e de sua situação econômico-patrimonial.

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CAPÍTULO VI
DILIGÊNCIA E DEDICAÇÃO

Art. 20. Cumpre ao magistrado velar para que os atos processuais se celebrem com a máxima
pontualidade e para que os processos a seu cargo sejam solucionados em um prazo razoável,
reprimindo toda e qualquer iniciativa dilatória ou atentatória à boa-fé processual.
Art. 21. O magistrado não deve assumir encargos ou contrair obrigações que perturbem ou impeçam
o cumprimento apropriado de suas funções específicas, ressalvadas as acumulações permitidas
constitucionalmente.
§ 1º O magistrado que acumular, de conformidade com a Constituição Federal, o exercício da
judicatura com o magistério deve sempre priorizar a atividade judicial, dispensando-lhe efetiva
disponibilidade e dedicação.
§ 2º O magistrado, no exercício do magistério, deve observar conduta adequada à sua condição
de juiz, tendo em vista que, aos olhos de alunos e da sociedade, o magistério e a magistratura são
indissociáveis, e faltas éticas na área do ensino refletirão necessariamente no respeito à função
judicial.

A respeito do princípio da diligência e da dedicação, há de se observar ser ele um reforço


aos propósitos da Constituição Federal de 1988, que ao tratar da promoção de entrância para
entrância pelo critério do merecimento, a condiciona, entre outras exigências, a (art.93, II,
“c”, da CF):

aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade


e presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou
reconhecidos de aperfeiçoamento.

CAPÍTULO VII
CORTESIA

Art. 22. O magistrado tem o dever de cortesia para com os colegas, os membros do Ministério
Público, os advogados, os servidores, as partes, as testemunhas e todos quantos se relacionem
com a administração da Justiça.
Parágrafo único. Impõe-se ao magistrado a utilização de linguagem escorreita, polida, respeitosa e
compreensível.
Art. 23. A atividade disciplinar, de correição e de fiscalização serão exercidas sem infringência ao
devido respeito e consideração pelos correicionados.

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CAPÍTULO VIII
PRUDÊNCIA

Art. 24. O magistrado prudente é o que busca adotar comportamentos e decisões que sejam o
resultado de juízo justificado racionalmente, após haver meditado e valorado os argumentos e
contra-argumentos disponíveis, à luz do Direito aplicável.
Art. 25.Especialmente ao proferir decisões, incumbe ao magistrado atuar de forma cautelosa, atento
às consequências que pode provocar.
Art. 26. O magistrado deve manter atitude aberta e paciente para receber argumentos ou críticas
lançados de forma cortês e respeitosa, podendo confirmar ou retificar posições anteriormente
assumidas nos processos em que atua.

CAPÍTULO IX
SIGILO PROFISSIONAL

Art. 27.O magistrado tem o dever de guardar absoluta reserva, na vida pública e privada, sobre
dados ou fatos pessoais de que haja tomado conhecimento no exercício de sua atividade.
Art. 28. Aos juízes integrantes de órgãos colegiados impõe-se preservar o sigilo de votos que
ainda não hajam sido proferidos e daqueles de cujo teor tomem conhecimento, eventualmente,
antes do julgamento.

CAPÍTULO X
CONHECIMENTO E CAPACITAÇÃO

Art. 29. A exigência de conhecimento e de capacitação permanente dos magistrados tem como
fundamento o direito dos jurisdicionados e da sociedade em geral à obtenção de um serviço de
qualidade na administração de Justiça.
Art. 30. O magistrado bem formado é o que conhece o Direito vigente e desenvolveu as capacidades
técnicas e as atitudes éticas adequadas para aplicá-lo corretamente.
Art. 31. A obrigação de formação contínua dos magistrados estende-se tanto às matérias
especificamente jurídicas quanto no que se refere aos conhecimentos e técnicas que possam
favorecer o melhor cumprimento das funções judiciais.
Art. 32. O conhecimento e a capacitação dos magistrados adquirem uma intensidade especial no
que se relaciona com as matérias, as técnicas e as atitudes que levem à máxima proteção dos
direitos humanos e ao desenvolvimento dos valores constitucionais.
Art. 33. O magistrado deve facilitar e promover, na medida do possível, a formação dos outros
membros do órgão judicial.
Art. 34. O magistrado deve manter uma atitude de colaboração ativa em todas as atividades que
conduzem à formação judicial.
Art. 35. O magistrado deve esforçar-se para contribuir com os seus conhecimentos teóricos e
práticos ao melhor desenvolvimento do Direito e à administração da Justiça.

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Art. 36. É dever do magistrado atuar no sentido de que a instituição de que faz parte ofereça os
meios para que sua formação seja permanente.

Assim como o princípio da diligência e da dedicação, o princípio do conhecimento e da


capacitação é igualmente um reforço à previsões já constantes no texto constitucional e
na LOMAN, na medida em que admitem que a promoção entre entrâncias pelo critério do
merecimento sejam condicionada “a frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou
reconhecidos de aperfeiçoamento” (art.93, II, “c”, da CF).

CAPÍTULO XI
DIGNIDADE, HONRA E DECORO

Art. 37.Ao magistrado é vedado procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de
suas funções.
Art. 38. O magistrado não deve exercer atividade empresarial, exceto na condição de acionista ou
cotista e desde que não exerça o controle ou gerência.
Art. 39. É atentatório à dignidade do cargo qualquer ato ou comportamento do magistrado, no
exercício profissional, que implique discriminação injusta ou arbitrária de qualquer pessoa ou
instituição.

Ao final, o Código de Ética da Magistratura apresenta as seguintes disposições finais:

CAPÍTULO XII
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 40. Os preceitos do presente Código complementam os deveres funcionais dos juízes que
emanam da Constituição Federal, do Estatuto da Magistratura e das demais disposições legais.
Art. 41. Os Tribunais brasileiros, por ocasião da posse de todo Juiz, entregar-lhe-ão um exemplar do
Código de Ética da Magistratura Nacional, para fiel observância durante todo o tempo de exercício
da judicatura.
Art. 42. Este Código entra em vigor, em todo o território nacional, na data de sua publicação, cabendo
ao Conselho Nacional de Justiça promover-lhe ampla divulgação.
Brasília, 26 de agosto de 2008.

Na prova de concurso para Juiz de Direito Substituto do TJ/AM, aplicada em 2014 pela
Banca FGV, foi cobrada a seguinte questão:

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001. O Código de Ética da Magistratura Nacional (2008) recebeu grande influência do Código
Modelo Ibero‐Americano de Ética Judicial (2006), trazendo vários princípios de conduta ética.
Cite e explique quatro princípios de conduta ética que estão presentes no Código de Ética da
Magistratura Nacional.

Padrão de resposta oficial do item:


Princípios do Código de Ética da Magistratura Nacional:
1) Independência; 2) Imparcialidade; 3) Transparência; 4) Integridade Pessoal e Profissional;
5) Diligência e Dedicação; 6) Cortesia; 7) Prudência; 8) Sigilo Profissional; 9) Conhecimento/
Capacitação; e 10) Dignidade, Honra e Decoro.
Princípios em comum e suas respectivas explicações (quatro devem aparecer na resposta):
• Independência (não ser pautado por interesses externos e zelar para que o Poder
Judiciário não o seja);
• Imparcialidade (julgar com isenção e não ter interesse direto ou indireto no resultado
da causa);
• Transparência (agir de forma clara e sem ambiguidades, respeitando a publicidade dos
atos da jurisdição, exceto quando em segredo de justiça, e da atuação profissional);
• Integridade Pessoal e Profissional (manter atos e atitudes incorruptíveis, irrepreensíveis
e retos);
• Diligência e Dedicação (executar as tarefas com o empenho, presteza e devotamento
devidos);
• Cortesia (expressar amabilidade, polidez e educação no trato com outrem seja
jurisdicionado, funcionário ou colega);
• Prudência (preservar a virtude da ponderação e da sensatez de forma a decidir de forma
cautelosa e justa);
• Sigilo Profissional (manter e respeitar a confidencialidade nos casos pertinentes);
• Conhecimento / Capacitação (buscar permanentemente o aprimoramento pessoal e
profissional);
• Dignidade, Honra e Decoro (manter elevada as qualidades pessoais e institucionais da
judicatura, agindo de forma virtuosa, ética e proba).

4.3. Juízes x Advogados


Ao falar-se do Código de Ética da Magistratura, é indissociável a menção à relação dos
magistrados com os advogados. Nessa toada, é interessante relembrarmos que entre os
deveres funcionais dos juízes está o de tratar com urbanidade os advogados das partes (art.

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35, VI, da LOMAN), definindo o Código de Ética que urbanidade é o tratamento com educação
e cortesia.

DICA
Anote! Membros do Poder Judiciário não podem advogar, com
exceção dos advogados membros da Justiça Eleitoral (ADIN
1.127-8).

Complementando os estudos, vejamos alguns aspectos importantes da Lei n. 8.906/1994,


que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil.
Narra o art. 2º, §§ 1º e 2º, que o advogado é indispensável à administração da justiça, de
forma que, no seu ministério privado, presta serviço público e exerce função social. Garante-
se, ainda, que no exercício da profissão ele será inviolável por seus atos e manifestações, nos
limites previstos na Lei n. 8.906/1994 (art. 2º, § 3º).
Conforme já estudado, “não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados
e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito
recíprocos” (art. 6º).
Relacionado ao tema, o CPC/2015 explicita que “todos os sujeitos do processo devem
cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e
efetiva” (art. 6º)

 Obs.: Conclusão:
 A relação harmônica entre juízes, advogados, membros do Ministério Público e
membros da Defensoria Pública configura elemento salutar não apenas para o bom
andamento do pleito, mas sobretudo para a consolidação dos direitos fundamentais
e do regime democrático, devendo cada qual atuar sempre de forma diligente e
respeitosa, privilegiando os valores constitucionais em detrimento de interesses e
conflitos pessoais.
 Sob a ótica da ética da magistratura, em específico, é imperativo o respeito aos direitos
dos advogados, tratando-se de matéria de ordem pública, pois destinada a assegurar
o exercício livre e pleno da advocacia, função essencial à administração da justiça.

Ao comentar a relação ética entre o advogado e o juiz, José Renato Nalini pontua que:

Calamandrei, que escreveu o Elogio aos juízes, na condição de advogado, em conferência


pronunciada na Universidade Nacional do México, abordou as relações entre os juízes e advogados:
‘Mesmo nas relações entre advogados e juízes, volta-se sempre ao que é o segredo de toda

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solução democrática: devem ser relações entre homens livres, guardas cada um deles da própria
independência e da própria dignidade, mas ao mesmo tempo cônscios da solidariedade social que
os une a todos para o fim comum. No processo, juiz e advogado são como espelhos, cada um
deles olhando para o interlocutor, reconhece e saúda, espelha em si mesmo a própria dignidade’.
A estrutura cooperatória do processo proclama serem todos os seus protagonistas igualmente
responsáveis pela concretização do justo. E postula, para que se instaure essa concepção, nova
postura dos operadores jurídicos. Todos envolvidos na missão de realizar justiça, despidos de
sensibilidades exacerbadas ou de melindres corporativistas.
(Ética Geral e Profissional, 8ª ed., RT, São Paulo, 2011, p. 410).

5. Sistema de Controle Interno do Poder Judiciário


Vimos logo no começo desta aula que o princípio da separação dos poderes é um dos
pilares da Estado de Direito brasileiro, cabendo ao Poder Judiciário, um dos Poderes da
República Federativa do Brasil, exercer de forma típica e privativa a função jurisdicional e
de forma atípica a função legislativa, quando, por exemplo, os tribunais elaboram os seus
respectivos regimentos internos, e a função administrativa, a exemplo das vezes que promove
licitações públicas.
Sabe-se, contudo, que nenhum Poder é ilimitado, devendo a sua atuação ser sempre
direcionada à satisfação do interesse público. Pensando nisso, como forma de impedir desvios,
desenvolveu-se mecanismos de controle da atuação estatal.
Estuda-se no processo civil que o juiz no exercício da função jurisdicional, ou seja, em
atividade eminentemente jurisdicional, pratica três espécies de atos judiciais: despachos,
decisões interlocutórias e sentenças.
Embora o despacho não esteja sujeito a nenhuma espécie de recurso, via de regra as
decisões interlocutórias são atacadas por agravo e a sentença por apelação, razão pela qual
costuma-se apontar na doutrina que a forma do controle democrático do Poder Judiciário em
matéria jurisdicional é o recurso.
Quanto à função administrativa, os atos administrativos praticados pelo Poder Judiciário
(atos administrativos impróprios) serão impugnados através de instrumentos específicos, a
exemplo dos recursos administrativos, da ação popular, da ação civil pública e do mandado
de segurança, distinguindo-se da atuação judicial stricto sensu, controlada, como visto,
estritamente pela interposição de recursos.
Por seu turno, no exercício da função legislativa submetem-se os atos normativos ao
controle de constitucionalidade, no modelo difuso ou concentrado.
Feitas as devidas separações, salutar esclarecer que nenhum ato jurisdicional está sujeito
a controle administrativo, salvo nos “casos de impropriedade ou excesso de linguagem” (art.
41 da LOMAN). Isto é, as decisões judiciais estão imunizadas, não podendo ser objeto de
exame dos órgãos de controle interno do Poder Judiciário.

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Explico melhor: quando falamos em controle interno do Poder Judiciário, estamos nos
referindo, em síntese, ao controle exercido pelo próprio Poder Judiciário sobre a atuação
administrativa, financeira e patrimonial dos seus membros, não alcançando os atos de cunho
normativo e tampouco os de cunho jurisdicional.
É nesse contexto que a Constituição impôs aos Poderes estruturais do Estado o dever de
instituírem, de forma integrada, sistemas de controle interno.
Observe:

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
controle interno com a finalidade de:
I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como
da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União;
IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

No Brasil, o controle interno do Poder Judiciário consuma-se pela atuação conjugada dos
seguintes órgãos:
• Corregedorias;
• Ouvidorias;
• Conselhos Superiores; e
• Conselho Nacional de Justiça (CNJ);

Deveras, muito mais do que impedir e punir atuações ilícitas, tais órgãos destinam-se a
garantir os mais altos níveis de excelência na prestação jurisdicional, propondo-se a garantir
que os juízes atuarão de forma eficiente e que as decisões judiciais serão justas e efetivas.

 Obs.: Conclusão:
 1) Os atos judiciais stricto sensu, fruto das atividades eminentemente jurisdicionais, são
controlados via recurso; os atos administrativos, mediante instrumentos específicos;
e os atos normativos gerais praticados no exercício da função legislativa, através do
controle de constitucionalidade.
 2) O controle interno do Poder Judiciário diz respeito ao controle da atuação
administrativa, financeira e patrimonial dos seus membros.

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5.1. Corregedorias
Com previsão expressa apenas na legislação infraconstitucional, cada tribunal superior,
inferior e o CNJ poderão ter Corregedorias a eles vinculados, devendo, através de seus
respectivos regimentos internos, regulamentarem as atribuições desses órgãos.
No geral, as Corregedorias possuem as seguintes funções:
• Fiscalizar a atuação dos juízes, dos órgãos auxiliares da justiça e dos agentes delegados
do foro extrajudicial, bem como promover a apuração formal das possíveis transgressões
praticadas;

Em relação aos magistrados, a Corregedoria examina se estão atuando conforme os


deveres previstos na Constituição Federal, na LOMAN, no Código de Processo Civil, no Código
de Processo Penal e no Código de Ética.
Já a fiscalização sobre os órgãos auxiliares (escrivães, chefes de secretaria, perito etc.)
fundamenta-se, em nível federal, nos deveres estabelecidos na Lei n. 8.112/1990 e, em nível
estadual, nos estatutos estaduais dos servidores e nas leis de organização judiciária.
Quanto aos agentes delegados do foro extrajudicial(registradores de imóveis, oficiais de
protesto, distribuidores etc.), os deveres a que devem observância são aqueles especificamente
cominados na Lei n. 8.935/1994 (Lei dos Cartórios), sendo preciso ficar atento ao fato de
que, por corresponderem a órgãos estaduais, a Justiça Federal não tem competência para
fiscaliza-los.
• Editar atos normativos gerais, tais como recomendações e provimentos, destinados
ao aperfeiçoamento da atuação dos órgãos do Poder Judiciário e de seus serviços
auxiliares, bem como dos serviços notariais e de registro.

Assim, logo que toma posse no cargo, o magistrado receberá além de um exemplar do
Código de Ética, um Código de Normas, que nada mais é do que uma disposição normativa geral
sobre o serviço judiciário, versando sobre a organização dos cartórios, a forma de condução
dos serviços e o modo de agir em relação a matérias não especificadas no Código de Processo
Civil e no Código de Processo Penal. Para ficar mais claro, cita-se haver instruções normativas
de Corregedorias dispondo sobre a utilização de gravação de som e imagem na audiência
digital, uma vez que apesar de a legislação autoriza-la, não disciplinou as suas minucias.
Avançando nos estudos, pontua-se que a Corregedoria Nacional de Justiça é aquela
vinculada ao CNJ, cabendo ao Corregedor Nacional de Justiça a função de dirigi-la.
Similarmente, na Justiça Comum (estadual e federal) e nas Justiças Especializadas (trabalho,
eleitoral e militar) cada tribunal regulamentará a sua Corregedoria.
Aliás, é comum ser denominada de Corregedoria-Geral aquela que atua perante os tribunais
inferiores (tribunais de justiça, tribunais regionais federais, tribunais regionais do trabalho etc.),
designando-se o responsável pela sua chefia de Corregedor-Geral de Justiça.

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Sobre o tema, estabelece o art. 103, § 2º, da LOMAN, que“nos Estados com mais de cem
Comarcas e duzentas Varas, poderá haver até dois Corregedores, com as funções que a lei e o
Regimento Interno determinarem.”

Em que pese caber às leis de organização judiciária estabelecerem a extensão do âmbito de


fiscalização das Corregedorias, compete aos próprios tribunais, através de seus regimentos
internos, fixarem as atribuições desses órgãos.

EXEMPLO
Cita-se que a Corregedoria Nacional de Justiça, vinculada ao CNJ, será dirigida pelo Corregedor
Nacional de Justiça, função desenvolvida pelo Ministro do Superior Tribunal de Justiça, que
ficará excluído da distribuição de processos judiciais no âmbito do seu Tribunal, estando as
suas atribuições elencadas no art. 8º do Regimento Interno do CNJ.

Art. 8º Compete ao Corregedor Nacional de Justiça, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I – receber as reclamações e denúncias de qualquer interessado relativas aos magistrados e
tribunais e aos serviços judiciários auxiliares, serventias, órgãos prestadores de serviços notariais
e de registro, determinando o arquivamento sumário das anônimas, das prescritas e daquelas que
se apresentem manifestamente improcedentes ou despidas de elementos mínimos para a sua
compreensão, de tudo dando ciência ao reclamante;
II – determinar o processamento das reclamações que atendam aos requisitos de admissibilidade,
arquivando-as quando o fato não constituir infração disciplinar;
III – instaurar sindicância ou propor, desde logo, ao Plenário a instauração de processo administrativo
disciplinar, quando houver indício suficiente de infração;
IV – promover ou determinar a realização de sindicâncias, inspeções e correições, quando houver
fatos graves ou relevantes que as justifiquem, desde logo determinando as medidas que se mostrem
necessárias, urgentes ou adequadas, ou propondo ao Plenário a adoção das medidas que lhe
pareçam suficientes a suprir as necessidades ou deficiências constatadas;
V – requisitar das autoridades fiscais, monetárias e de outras autoridades competentes informações,
exames, perícias ou documentos, sigilosos ou não, imprescindíveis ao esclarecimento de processos
ou procedimentos submetidos à sua apreciação, dando conhecimento ao Plenário;
VI – requisitar magistrados para auxílio à Corregedoria Nacional de Justiça, delegando-lhes
atribuições, observados os limites legais;
VII – requisitar servidores do Poder Judiciário e convocar o auxílio de servidores do CNJ, para tarefa
especial e prazo certo, para exercício na Corregedoria Nacional de Justiça, podendo delegar-lhes
atribuições nos limites legais;
VIII – elaborar e apresentar relatório anual referente às atividades desenvolvidas pela Corregedoria
Nacional de Justiça na primeira sessão do ano seguinte;
IX – apresentar ao Plenário do CNJ, em quinze (15) dias de sua finalização, relatório das inspeções
e correições realizadas ou diligências e providências adotadas sobre qualquer assunto, dando-lhe

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conhecimento das que sejam de sua competência própria e submetendo à deliberação do colegiado as
demais;
X – expedir Recomendações, Provimentos, Instruções, Orientações e outros atos normativos
destinados ao aperfeiçoamento das atividades dos órgãos do Poder Judiciário e de seus serviços
auxiliares e dos serviços notariais e de registro, bem como dos demais órgãos correicionais, sobre
matéria relacionada com a competência da Corregedoria Nacional de Justiça;
XI – propor ao Plenário do CNJ a expedição de recomendações e a edição de atos regulamentares
que assegurem a autonomia, a transparência e a eficiência do Poder Judiciário e o cumprimento do
Estatuto da Magistratura;
XII – executar, de ofício ou por determinação, e fazer executar as ordens e deliberações do CNJ
relativas à matéria de sua competência;
XIII – dirigir-se, no que diz respeito às matérias de sua competência, às autoridades judiciárias e
administrativas e aos órgãos ou às entidades, assinando a respectiva correspondência;
XIV – indicar ao Presidente, para fins de designação ou nomeação, o nome dos ocupantes de função
gratificada ou cargo em comissão no âmbito da Corregedoria Nacional de Justiça, cabendo àquele
dar-lhes posse;
XV – promover a criação de mecanismos e meios para a coleta de dados necessários ao bom
desempenho das atividades da Corregedoria Nacional de Justiça;
XVI – manter contato direto com as demais Corregedorias do Poder Judiciário;
XVII – promover reuniões periódicas para estudo, acompanhamento e sugestões com os magistrados
envolvidos na atividade correicional;
XVIII – delegar, nos limites legais, aos demais Conselheiros, aos Juízes Auxiliares ou aos servidores
expressamente indicados, atribuições sobre questões específicas;
XIX – solicitar a órgãos dos Poderes Executivo e Legislativo, ou a entidade pública, a cessão
temporária por prazo certo, sem ônus para o CNJ, de servidor detentor de conhecimento técnico
especializado, para colaborar na instrução de procedimento em curso na Corregedoria Nacional de
Justiça;
XX – promover de ofício, quando for o caso de urgência e relevância, ou propor ao Plenário, quaisquer
medidas com vistas à eficácia e ao bom desempenho da atividade judiciária e dos serviços afetos
às serventias e aos órgãos prestadores de serviços notariais e de registro;
XXI – promover, constituir e manter bancos de dados, integrados a banco de dados central do
CNJ, atualizados sobre os serviços judiciais e extrajudiciais, inclusive com o acompanhamento da
respectiva produtividade e geração de relatórios visando ao diagnóstico e à adoção de providências
para a efetividade fiscalizatória e correicional, disponibilizando seus resultados aos órgãos judiciais
ou administrativos a quem couber o seu conhecimento.

Ademais, destaca-se que às Corregedorias é vedado tratar do expediente diário dos juízes.
Foi o que decidiu a Suprema Tribunal Federal ao declarar a inconstitucionalidade formal de
dispositivo de Código de Normas de Tribunal de Justiça que estabelecia ser “obrigatória a
presença dos Juízes nas respectivas Comarcas durante todos os dias da semana, devendo

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permanecer no fórum nos horários de expediente fixados pelo Tribunal de Justiça”. Para a
Corte Constitucional, a matéria está reservada a lei complementar de sua iniciativa, nos moldes
do art. 93, VII, da CF, que assim dispõe:

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
VII – o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal.

Anota-se não haver uma nomenclatura uniforme para os atos das Corregedorias. No
entanto, tomando por base o Regimento Interno do Tribunal Regional Federal da 1ª Região
(TRF1), tentaremos traçar um panorama geral, destacando-se, desde já, ser possível que em
outros tribunais os institutos ou órgãos abaixo citados recebam denominação diversa.
No âmbito do TRF1, quanto aos atos fiscalizatórios e aos punitivos, podemos citar os
seguintes procedimentos:
• Sindicância: será aberta quando o Corregedor-Geral tomar conhecimento, por meio
que não decorra da representação, de erros, abusos ou faltas cometidas, por servidor,
que atentem contra o interesse das partes, o decoro das suas funções, a probidade e a
dignidade dos cargos que exercem.
• Procedimento administrativo disciplinar: se contra servidor, obedecerá às disposições
legais sobre a matéria. O procedimento administrativo disciplinar instaurado contra juiz
federal ou juiz federal substituto obedecerá ao disposto na LOMAN, no Regimento Interno
do Tribunal e às disposições pertinentes do CNJ, aplicando-se, ainda, subsidiariamente,
no que couber, a legislação própria do serviço público federal.
• Procedimento avulso: deverá ser utilizado para a atividade investigativa preliminar do
órgão correcional.
• Justificação de conduta: o juiz cuja conduta funcional tenha sido ou venha sendo
motivo de censura ou comentários poderá requerer justificação de sua conduta perante
o Tribunal.
• Representação: é utilizada contra erros, abusos ou faltas cometidas, por servidor ou juiz,
que atentem contra o interesse das partes, o decoro das suas funções, a probidade e a
dignidade dos cargos que exercem, serão dirigidas ao corregedor-geral.
• Correição parcial: é cabível contra ato ou despacho de juiz de que não caiba recurso,
bem como de omissão que importe erro de ofício ou abuso de poder.
• Correição ordinária: destina-se à verificação da regularidade de funcionamento na
distribuição da justiça e nas atividades administrativas. A correição objetiva a busca
da eficiência e do aprimoramento dos juízos e serviços administrativos, judiciários e
cartorários que lhes são afetos, bem assim a troca de experiências. No âmbito do TRF/1ª
Região, ocorre de dois em dois anos.

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• Correição extraordinária: será utilizada diante de indicadores, informações, reclamações


ou denúncias que apontem para a existência de situações especiais de interesse público
que as justifiquem, ou em decorrência de fundadas suspeitas ou reclamações que
indiquem prática de erros, omissões ou abusos que prejudiquem a prestação jurisdicional,
a disciplina judiciária, o prestígio da Justiça Federal ou o regular funcionamento dos
serviços de administração da justiça.
• Inspeções ordinárias: objetiva a busca da eficiência e do aprimoramento dos juízos
e serviços administrativos, judiciários e cartorários que lhes são afetos, bem assim a
troca de experiências. A inspeção deve procurar o esclarecimento de situações de fato,
a prevenção de irregularidades, o aprimoramento da prestação jurisdicional, a celeridade
nos serviços cartorários e, se for o caso, o encaminhamento para apuração de suspeitas
ou faltas disciplinares.

Note que que a correição ordinária tem o fito de averiguar eventuais irregularidades,
enquanto a inspeção ordinária busca fomentar boas práticas no serviço jurisdicional.
Observe também que o Corregedor-Geral costuma exerce dois tipos de fiscalização: quanto
à regularidade das atividades e quanto à existência de falta funcional.
Se a atividade é meramente irregular e passível de correção, o Corregedor-Geral determinará
uma recomendação, que deve ser atendida sob pena de instauração de processo administrativo
disciplinar contra o recalcitrante. Noutra via, se detectada indícios de falta funcional, deverá
instaurar sindicância e, após, se for o caso, procedimento administrativo disciplinar.

Regra geral, as atribuições disciplinares das Corregedorias locais incidem sobre os servidores
e os juízes de primeiro grau, não alcançando os desembargadores, cujo julgamento dos
processos administrativos disciplinares e a aplicação de sanções são da competência do
Conselho Superior da Justiça Federal (CJF), órgão que será estudado no próximo tópico.
Com efeito, as Corregedorias locais impõem penalidades diretamente apenas aos servidores.
No que tange aos juízes de primeiro grau (juízes federais e juízes federais substitutos), limita-
se a propor a instauração de processo administrativo disciplinar, cabendo, no âmbito do TRF1,
à Corte Especial Administrativa aplicar sobre eles as eventuais sanções sobre eles, conforme
prevê o art. 11, X, do seu regimento interno.

Art. 11. Compete à Corte Especial Administrativa:


X – impor penas de advertência e censura aos juízes federais e juízes federais substitutos, bem
como decidir sobre sanções disciplinares aos servidores do Tribunal e da Justiça Federal de primeira
instância, na forma da lei, sem prejuízo da competência do corregedor-geral;

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5.2. Conselhos Superiores


No texto constitucional, há previsão expressa de dois Conselhos Superiores com funções
de supervisão administrativa. São eles:
• Conselho da Justiça Federal (CJF), previsto no art. 105, parágrafo único, II, da CF, e que
funcionará junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ); e
• Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), previsto no art. 111-A, § 2º, II, da CF,
e que funcionará junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Há também no art. 104, da LOMAN, a permissão para serem criados, no âmbito dos tribunais
locais, um Conselho da Magistratura, órgão com função disciplinar cujas competências hão
de ser fixadas no regimento interno do respectivo tribunal.

Art. 104. Haverá nos Tribunais de Justiça um Conselho da Magistratura, com função disciplinar, do
qual serão membros natos o Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor, não devendo, tanto quanto
possível, seus demais integrantes ser escolhidos dentre os outros do respectivo órgão especial,
onde houver. A composição, a competência e o funcionamento desse Conselho, que terá como
órgão superior o Tribunal Pleno ou o órgão especial, serão estabelecidos no Regimento Interno.

5.2.1. Conselho da Justiça Federal (CJF)

O Conselho da Justiça Federal (CJF) funcionará junto ao Superior Tribunal de Justiça


(STJ), cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da
Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes
correcionais, cujas decisões terão caráter vinculante.
Coube a Lei n. 11.798/2008 disciplinar o CJF, havendo no diploma três pontos que merecem
maior destaque:
1) A composição do CJF está regulamentada no art. 2º da Lei n. 11.798/2008, havendo
entre os seus integrantes Ministros do STJ e os Presidentes dos Tribunais Regionais Federais.
Observe:

Art. 2º O Conselho da Justiça Federal será integrado:


I – pelo Presidente e pelo Vice-Presidente do Superior Tribunal de Justiça;
II – por 3 (três) Ministros, eleitos entre os integrantes do Superior Tribunal de Justiça, juntamente
com seus suplentes;
III – pelos Presidentes dos Tribunais Regionais Federais, que serão substituídos em suas faltas ou
impedimentos pelos respectivos Vice-Presidentes.
§ 1º Terão direito a assento no Conselho da Justiça Federal, sem direito a voto, os Presidentes do
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e da Associação dos Juízes Federais do Brasil
– AJUFE, que indicarão os seus suplentes.

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§ 2º A Presidência do Conselho da Justiça Federal será exercida pelo Presidente do Superior Tribunal
de Justiça, que será substituído, em suas faltas ou impedimentos, pelo Vice-Presidente do Superior
Tribunal de Justiça.
§ 3º Os Conselheiros terão mandato de 2 (dois) anos, vedada a investidura daqueles que, por
mandamento constitucional, legal ou regimental, permanecerão por menos de 6 (seis) meses na
função.
§ 4º Não se aplica a regra do § 3º deste artigo aos Presidentes do Superior Tribunal de Justiça e dos
Tribunais Regionais Federais.
§ 5º É vedada a recondução de Conselheiros.

2) A Corregedoria da Justiça Federal funciona junto ao CJF, sendo dirigida pelo Ministro
do STJ eleito Corregedor-Geral conforme o Regimento Interno do Tribunal da Cidadania
(art. 6º, § 2º)
Façamos a leitura dos demais parágrafos que compõem o art. 2º:

§ 6º A Corregedoria-Geral da Justiça Federal será dirigida pelo Ministro do Superior Tribunal de


Justiça eleito Corregedor-Geral conforme o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.
(Redação dada pela Lei n. 13.788, de 2018)
§ 7º O Corregedor-Geral será substituído pelo Ministro do Superior Tribunal de Justiça eleito
Vice-Corregedor-Geral nas faltas e impedimentos daquele, ou, ainda, por delegação, conforme o
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. (Redação dada pela Lei n. 13.788, de 2018)
§ 8º O Conselho da Justiça Federal reunir-se-á ordinariamente 1 (uma) vez por mês, durante o ano
judiciário, e, extraordinariamente, sempre que for necessário, por convocação de seu Presidente,
exigida, em ambos os casos, a presença mínima de 7 (sete) Conselheiros.
§ 9º As decisões do Conselho da Justiça Federal serão tomadas pelo voto da maioria entre os
presentes, prevalecendo, em caso de empate, o voto proferido pelo Presidente.

3) As funções do CJF foram elencadas em extenso rol positivado no art. 5º da Lei n.


11.798/2008.

Art. 5º Ao Conselho da Justiça Federal compete:


I – examinar e encaminhar ao Superior Tribunal de Justiça:
a) proposta de criação ou extinção de cargos e fixação de vencimentos e vantagens dos juízes e
servidores da Justiça Federal de primeiro e segundo graus;
b) proposta de criação ou extinção de Tribunais Regionais Federais e de alteração do número de
seus membros;
II – aprovar sugestões de alteração da legislação relativa às matérias de competência da Justiça
Federal;
III – expedir normas relacionadas ao sistema de administração judiciária da Justiça Federal de
primeiro e segundo graus, constante do art. 3º desta Lei;
IV – apreciar, de ofício, ou a requerimento de magistrado federal, as decisões administrativas dos
Tribunais Regionais Federais que contrariarem a legislação vigente e as normas editadas com base
no inciso II do caput deste artigo;

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V – homologar, na forma regimental, como condição de eficácia, as decisões dos Tribunais Regionais
Federais que implicarem aumento de despesas;
VI – aprovar as propostas orçamentárias e os pedidos de créditos adicionais do Conselho da Justiça
Federal, dos Tribunais Regionais Federais e da Justiça Federal de primeiro grau;
VII – prover, por concurso público, os cargos necessários à sua administração, ressalvados os
cargos em comissão, declarados em lei de livre nomeação e exoneração;
VIII – avocar processos administrativos em curso;
IX – julgar processos administrativos disciplinares relativos a membros dos Tribunais Regionais
Federais, imputando, quando for o caso, as penalidades cabíveis, assegurados a ampla defesa e o
contraditório;
X – representar ao Ministério Público para a promoção das ações judiciais cabíveis contra
magistrados, inclusive com vistas na propositura de ação civil para a decretação de perda de cargo
ou de cassação de aposentadoria;
XI – decidir, em grau de recurso, as matérias relacionadas aos direitos e deveres dos servidores de
sua Secretaria e dos juízes, quando a esses for aplicada sanção em processo disciplinar decidido
pelo Tribunal Regional Federal;
XII – zelar pelo cumprimento das decisões do Conselho Nacional de Justiça, no âmbito da Justiça Federal.
Parágrafo único. O Conselho da Justiça Federal possui poder correicional e as suas decisões terão
caráter vinculante, no âmbito da Justiça Federal de primeiro e segundo graus.
Art. 6º À Corregedoria-Geral da Justiça Federal, órgão de fiscalização, controle e orientação
normativa da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, compete:
I – exercer a supervisão técnica e o controle da execução das deliberações do Conselho da Justiça
Federal;
II – encaminhar ao conhecimento dos Presidentes dos Tribunais Regionais Federais propostas de
ações relativas aos sistemas que integram a Justiça Federal e submetê-las à aprovação do Conselho
da Justiça Federal;
III – realizar inspeção e correição permanentes ou periódicas, ordinárias ou extraordinárias, gerais
ou parciais, sobre os Tribunais Regionais Federais, conforme o Regimento Interno do Conselho da
Justiça Federal;
IV – promover sindicâncias, inspeções e correições para apurar reclamações, representações e
denúncias fundamentadas de qualquer interessado, relativas aos magistrados de segundo grau,
submetendo ao Plenário para deliberação;
V – submeter ao Conselho da Justiça Federal provimentos destinados a disciplinar condutas a
serem adotadas pelos órgãos judiciários da Justiça Federal de primeiro e segundo graus.
Parágrafo único. A Corregedoria-Geral da Justiça Federal deverá valer-se do apoio das unidades
administrativas do Conselho da Justiça Federal.

Entre as atribuições do CJF, merece destaque as previstas:


a) no inciso IX: julgar processos administrativos disciplinares relativos a membros dos
Tribunais Regionais Federais (desembargadores federais), imputando, quando for o caso, as
penalidades cabíveis, assegurados a ampla defesa e o contraditório;

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b) no inciso XI: decidir, em grau de recurso, as matérias relacionadas aos direitos e deveres dos
servidores de sua Secretaria e dos juízes, quando a esses for aplicada sanção em processo
disciplinar decidido pelo Tribunal Regional Federal.
Válido apontar, ainda, que o STF no julgamento da ADI n. 3.126 proposta em face da Resolução
336/2003 do CFJ posicionou-se quanto à legitimidade do órgão, desde que observados os
regramentos constitucionais, para tratar matérias como a acumulação da função da magistratura
com o exercício do magistério no âmbito da Justiça Federal de primeiro e segundo graus.

5.2.2. Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT)

Quanto ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), trata-se de órgão que funcionará
junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão
administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e
segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
Aqui, três informações se sobressaem:
1) O texto constitucional não conferiu ao CSJT poderes correcionais, tal como fez em
favor do CJF, razão pela qual em seu regimento interno o órgão limitou-se a prever uma única
atribuição disciplinar que incidirá apenas sobre os servidores da Justiça do Trabalho, não
alcançando os membros desta.
Dispõe o art. 6º, XVI, do regimento intento do CSJT, que:

Art. 6º Ao Plenário, que é integrado por todos os Conselheiros, compete:


XVI – apreciar processo administrativo disciplinar envolvendo servidor da Justiça do Trabalho de
primeiro e segundo graus, exclusivamente no caso de ausência de quórum no Tribunal Regional do
Trabalho originariamente competente para julgar a matéria;
XIX – apreciar processo administrativo não disciplinar de interesse de magistrados trabalhistas de
primeiro e segundo graus que não tenha sido julgado no Tribunal Regional do Trabalho originariamente
competente por ausência de quórum por suspeição ou impedimento de seus membros.

2) A sua composição está definida no art. 2º do regimento interno:

Art. 2º Compõem o Conselho Superior da Justiça do Trabalho:


I – o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Superior do Trabalho e o Corregedor-Geral da Justiça
do Trabalho, como membros natos;
II – três Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, eleitos pelo Tribunal Pleno;
III – cinco Presidentes de Tribunais Regionais do Trabalho, eleitos por região geográfica do País.

3) Do mesmo modo que ocorre com o CJF, a Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho


funciona junto ao CSJT e, consequentemente, junto ao TST, tendo a função de fiscalização,
disciplina e orientação administrativa dos Tribunais Regionais do Trabalho, seus juízes e
servidores.

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Nesse sentido, assim estabelece o art. 709, da CLT:

Art. 709. Compete ao Corregedor, eleito dentre os Ministros togados do Tribunal Superior do
Trabalho:
I – Exercer funções de inspeção e correição permanente com relação aos Tribunais Regionais e
seus presidentes;
II – Decidir reclamações contra os atos atentatórios da boa ordem processual praticados pelos
Tribunais Regionais e seus presidentes, quando inexistir recurso específico;

5.3. Ouvidorias
As ouvidorias são órgãos criados exclusivamente pela União com a competência para
receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do
Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho
Nacional de Justiça.
Trata-se da previsão contida no art. 103-B, § 7º, da CF:

Art. 103-B. (...)


§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes
para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder
Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de
Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004)

Da leitura do dispositivo, observe que:


• Apenas a União tem competência para criar as ouvidorias. É nesse sentido que o texto
constitucional delibera que “a União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará
ouvidorias de justiça”;
• Corresponde a órgão de função bastante simples: receber as reclamações e denúncias
e encaminha-las ao CNJ, não sendo da sua alçada apreciar o mérito dos protestos
apresentados nem tampouco garantir o contraditório aos denunciados.

Representando novidade introduzida pela EC n. 45/2004, o objetivo de serem criados órgãos com
o único objetivo de receber denúncias e reclamações, foi o de evitar eventual corporativismo no
âmbito do Poder Judiciário, conferindo com isso maior impessoalidade na apuração dos fatos.
Por oportuno, é preciso compreender que da expressão “receber reclamações e denúncias”
decorre que as ouvidorias, muito mais do que receber acusações quanto a atuação de
servidores e juízes, prestam-se a funcionar como verdadeiro instrumento de comunicação
entre o Poder Judiciário e a população, que por meio delas poderão também encaminhar
dúvidas, solicitações e sugestões.

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5.4. Conselho Nacional de Justiça (CNJ)


Criado pela Emenda Constitucional n. 45/2004, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
tem como finalidade específica realizar o controle da atuação administrativa, financeira e
disciplinar do Poder Judiciário.
Tratando-se de órgão de controle interno e conforme a jurisprudência consolidada do
STF, as suas atribuições são de natureza exclusivamente administrativa, motivo pelo qual
jamais poderá realizar revisão de decisão judicial, ou seja, jamais promoverá o controle de
mérito desta.

DICA
Anote! Segundo o STF, o CNJ tem atribuições de natureza
exclusivamente administrativa, de modo que lhe é vedado
decidir sobre questões que já estejam sendo objeto de ação
judicial, sob pena de estar assumindo funções jurisdicionais.
Por isso mesmo, caso a parte interessada não concorde com a
decisão proferida, a ela incumbirá dispor dos recursos judiciais
destinados à impugnação, não podendo provocar a atuação do
Conselho.

Antes de aprofundarmos no tema concernente as competências, urge apontar que o próprio


CNJ também está sujeito à controle, sendo sempre possível a impugnação de suas decisões
perante o STF.
Nesse sentido, é natural concluir que o STF, enquanto órgão máximo do Poder Judiciário
nacional, não está sujeito a nenhuma competência do CNJ, posição já consolidada no âmbito
da Corte Constitucional, tal como se verificou no julgamento da ADI n. 3.367.

JURISPRUDÊNCIA
EMENTAS: (...) 4. PODER JUDICIÁRIO. Conselho Nacional de Justiça. Órgão de natureza
exclusivamente administrativa. Atribuições de controle da atividade administrativa,
financeira e disciplinar da magistratura. Competência relativa apenas aos órgãos e juízes
situados, hierarquicamente, abaixo do Supremo Tribunal Federal. Preeminência deste,
como órgão máximo do Poder Judiciário, sobre o Conselho, cujos atos e decisões estão
sujeitos a seu controle jurisdicional. Inteligência dos art. 102, caput, inc. I, letra “r”, e § 4º,
da CF. O Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma competência sobre o Supremo
Tribunal Federal e seus ministros, sendo esse o órgão máximo do Poder Judiciário
nacional, a que aquele está sujeito. (...)
(ADI 3367, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 13/04/2005, DJ 17-03-
2006 PP-00004 EMENT VOL-02225-01 PP-00182 REPUBLICAÇÃO: DJ 22-09-2006 PP-00029)

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Aliás, também no julgamento da ADI n. 3.367, o STF refutou a alegação de que a instituição
do CNJ com as funções atribuídas pela EC n. 45/2004 implicaria afronta ao pacto federativo,
pois não se tratando de um órgão da União, mas sim de um órgão do Poder Judiciário nacional,
a atuação do CNJ não exprime meio de controle da União sobre os Estados.

5.4.1. Atribuições

Apresentadas as noções introdutórias sobre o tema, façamos agora um estudo mais


minucioso sobre as competências exercidas pelo Conselho.
De acordo com o art. 103-B, § 4º, da CF:

Art. 103-B, CF. (...)


§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e
do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura,
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos
atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-
los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União;
III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro
que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar
e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção
ou a disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; (Redação
dada pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019)
IV – representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso
de autoridade;
V – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de
tribunais julgados há menos de um ano;
VI – elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por
unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;
VII – elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do
Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente
do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da
sessão legislativa.

Que tal analisar cada uma das funções de maneira isolada?


• Controlar a atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e o cumprimento
dos deveres funcionais dos juízes (art. 103-B, § 4º)

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Afirmar que o CNJ deve controlar a atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário
significa que ele deve fiscalizar as atividades administrativas dos tribunais, ou seja, a
organização e produção dos atos administrativos por eles praticados.
Com o fito de efetivar a atribuição, várias resoluções já foram editadas pelo Conselho, a
exemplo da Resolução n. 73/2009, que versa sobre as diárias dos magistrados. Destaca-se,
porém, que o CNJ tem legitimidade constitucional, inclusive, para invadir outras esferas de
gastos dos tribunais, readequando-os ao princípio da eficiência e da moralidade administrativa.
Ademais, esse controle materialize-se não apenas de forma genérica por intermédio de
resoluções, mas também concretamente através de atos de fiscalização. Dessa forma, é
possível que o Corregedor Nacional de Justiça faça inspeções in loco nos tribunais, das quais
poderão resultar determinações e até mesmo a apuração de faltas funcionais dos magistrados
e dos desembargadores.
• Zelar pela autonomia do Poder Judiciário (art. 103-B, § 4º, I)

Em primeiro lugar, esclarecemos que a partir da LOMAN é possível concluir que ao STF
sempre foi incumbida a tarefa de zelar pela autonomia do Poder Judiciário. O que a EC n.
45/2004 fez foi estabelecer que ao CNJ também caberá esta função.
Ao Conselho, portanto, compete tomar as providências necessárias para que todos os
magistrados exercitem a sua atividade com plena independência funcional, devendo impedir
interferências indevidas nos julgamentos.
• Zelar pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura (art. 103-B, § 4º, I)

Embora a fiscalização do cumprimento do Estatuto da Magistratura não seja exclusiva do


CNJ, pois os magistrados, as corregedorias e os tribunais também exercem a incumbência,
as repercussões de ordem financeira e administrativa terão a fiscalização hierárquica superior
do Conselho.
• Expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar
providências (art. 103-B, § 4º, I)

De acordo com o art. 102, caput, do Regimento Interno do CNJ (RICNJ):“O Plenário poderá,
por maioria absoluta, editar atos normativos, mediante Resoluções, Instruções ou Enunciados
Administrativos e, ainda, Recomendações.”
Resoluções são atos normativos gerais e abstratos dirigidos aos tribunais e a todos
os demais órgãos jurisdicionais. Por retirarem o seu fundamento de validade diretamente
do texto constitucional, devem ser considerados atos primários e, portanto, aptos a inovar
no ordenamento jurídico vigente. Na lição de José dos Santos Carvalho, as resoluções
estabelecidas diretamente pela Constituição Federal, a exemplo das resoluções do CNJ e
daquelas que integram o processo legislativo previstas no art. 59, VII, da CF, correspondem

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a “atos autônomos e de natureza primária, não se configurando como atos administrativos


propriamente ditos”.9
Com base nas premissas acima estudadas, o STF considerou constitucional a Resolução
n. 7, responsável por vedar a contratação de parentes de magistrados, até o terceiro grau,
para cargos de chefia, direção e assessoramento no Poder Judiciário, compreendendo que
por meio do art. 103, § 4º, I, a Constituição Federal conferiu ao CNJ legitimidade para exercer
função normativa, de modo que as resoluções editadas pelo órgão gozariam de caráter
primário, ou seja, possuiriam a mesma natureza jurídica de uma lei. Com isso, definiu a
validade da Resolução n. 7 na medida em que estava fundamentada nos princípios regentes
da Administração Pública expressos no art. 37, caput, da Carta de 1988. Mais do que isso,
confirmou a constitucionalidade da norma a partir do entendimento de que ela nada mais fez
do que reforçar vedações já impostas pela Constituição Federal, decorrentes dos princípios
republicanos da impessoalidade, da eficiência, da igualdade e da moralidade e que já deveriam
ser obedecidas independentemente da edição de lei.

JURISPRUDÊNCIA
O STF reconhece o poder normativo primário do CNJ para regulamentar as matérias que
lhe são afetas. Configura aqui a ideia de poderes implícitos, necessários ao exercício de
suas competências.

Os Enunciados Administrativos, por sua vez, são atos normativos que expõem entendimento
consolidado do Plenário com o objetivo de conferir maior celeridade e eficiência ao julgamento
dos processos.
Noutra via, as Instruções Normativas destinam-se a normatizar o comportamento dos
órgãos jurisdicionais ou auxiliares descrevendo os procedimentos a serem adotados. Destaca-
se não se tratar de simples exortação genérica, mas de uma regulamentação dos procedimentos
que deverão ser adotados pelos órgãos do Poder Judiciário, inclusive pelos órgãos auxiliares.
Finalizando, pontua-se que as Recomendações consistem em orientações destinadas
a todos ou a apenas alguns órgãos jurisdicionais específicos, recomendando a adoção de
medidas para a concretização de determinado objetivo.

JURISPRUDÊNCIA
No que tange à recomendação de providências, o STF entende que o CNJ pode instituir
condutas e impor a toda magistratura nacional o cumprimento de obrigações de
essência puramente administrativa, como a que determina aos magistrados a inscrição
em cadastros ou sítios eletrônicos com finalidades estatística e fiscalizatória ou para
materializar ato processual (BACEN JUD).

9
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 32 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas. 2018.

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É de se ressaltar que nos termos do art. 102, § 5º, do RICNJ, “as Resoluções e Enunciados
Administrativos terão força vinculante, após sua publicação no Diário da Justiça eletrônico e
no sítio eletrônico do CNJ”, prescrevendo o art. 115, § 6º, que “dos atos e decisões do Plenário
não cabe recurso”.
• Zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a
legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder
Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência
do Tribunal de Contas da União (art. 103-B, § 4º, II)

É função do CNJ zelar pelo cumprimento do art. 37, da CF, ou seja, pelo cumprimento dos
princípios administrativos da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
É também sua função zelar pela legalidade dos atos administrativos praticados por
membros ou órgãos do Poder Judiciário, devendo garantir que a atuação administrativa estará
em consonância com as regras e princípios constitucionais e infraconstitucionais.
Observe que a fiscalização sobre os atos administrativos limita-se a um controle de
legalidade, não sendo possível ao CNJ exercer controle de constitucionalidade, ainda que
incidental10. Ora, embora incluído na estrutura constitucional do Poder Judiciário, o Conselho
qualifica-se como órgão de índole eminentemente administrativa, não se achando investido de
atribuições institucionais que lhe permitam proceder ao controle abstrato de constitucionalidade
referente a leis e a atos estatais em geral, inclusive à fiscalização preventiva abstrata de
proposições legislativas, competência esta, de caráter prévio, de que nem mesmo dispõe o
próprio Supremo Tribunal Federal.
Igualmente, não é legítimo ao CNJ se imiscuir no mérito dos atos administrativos,
revogando-os por motivo de conveniência e oportunidade– na hipótese de atos administrativos
discricionários–conforme pode ser extraído da sua própria jurisprudência, a exemplo de trecho
contido no processo de número 0000980-93.2008.2.00.0000:

O Conselho Nacional de Justiça não tem competência para rever a conveniência e oportunidade
dos atos administrativos, pois sua atuação restringe-se à verificação da legalidade e regularidade
jurídica dos atos da administração judiciária.

Tema importante é saber os limites da fiscalização sobre as bancas examinadoras de provas


de concurso público, sendo pacífico na jurisprudência do Conselho e do STF que o CNJ, assim
como o próprio Poder Judiciário no exercício da atividade jurisdicional, não pode substituir
a banca na questão valorativa, ou seja, na escolha das questões, na correção de provas e
nas atribuições de notas. Ao Conselho, portanto, é vedado substituir o critério valorativo para
escolha e correção das questões pela banca examinadora nos concursos públicos.

10
Trata-se do entendimento exposto pelo Ministro Relator Celso de Mello em decisão monocrática proferida no julgamento
do MS 32582.

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Renato Borelli

É possível, contudo, que substitua, anule ou reforme decisões que firam os princípios da
razoabilidade, da igualdade, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade.
Com esses fundamentos, cita-se a decisão proferida pela 1º Turma do STF no julgamento
do MS n. 33.525/RJ, quando compreendeu ser legítimo ao CNJ anular decisão de Tribunal de
Justiça que, em concurso de cartório, conferiu, na fase de títulos, pontuação com base em
interpretação contrária à Resolução n. 81 do Conselho.
Convém trazer à tona alguns casos no quais não restaram dúvidas sobre a legitimidade do
CNJ para examinar os atos administrativos sob o crivo da moralidade.
Numa primeira situação, o CNJ anulou concurso de magistratura sob o fundamento de
que dois candidatos aprovados seriam do corpo de assessores de desembargadores que
participaram da banca examinadora. Nesse caso específico, o STF, em mandado de segurança,
desconstituiu a decisão do CNJ por entender que a má-fé e a ausência de impessoalidade
não podem ser presumidas, devendo ser demonstradas. Destarte, é de se concluir não haver
nenhuma reprovação de caráter moral por parte de alguém que seja assessor de desembargador
e seja aprovado, mesmo que esse desembargador seja componente da banca, havendo a
necessidade de demonstrar concretamente se houve influência ou não.
No mesmo sentido, em julgamento recente, a 2ª Turma do STF concedeu mandado de segurança
para cassar decisão proferida pelo CNJ, que excluiu candidato de concurso da magistratura.
No caso, o então candidato ao cargo de juiz substituto, após ter sido reprovado na prova oral
do concurso, teve o seu recurso administrativo provido pela comissão organizadora, de modo
que anuladas algumas questões formuladas naquela fase e recalculada a nota do candidato,
ficou concretizada a sua aprovação. O CNJ, em processo de controle administrativo instaurado
por outro candidato — que, a despeito de se encontrar em situação similar à do impetrante, teve
o seu recurso administrativo negado —, excluiu ambos os concorrentes da fase subsequente
à prova oral, sob o fundamento de que, segundo o art. 70, § 1º, da Resolução n. 75/2009, “é
irretratável em sede recursal a nota atribuída na prova oral”.
Quanto à discussão relativa à suposta impossibilidade de a comissão examinadora do
concurso público revisar notas de prova oral, a Turma asseverou que o § 1º, do art. 70, da
Resolução n. 75/2009 do CNJ, pressuporia a validade da prova feita, assinalando que conclusão
diversa redundaria no não cabimento de recurso administrativo quando houvesse, inclusive,
eventuais erros manifestos no processamento de concursos públicos.
Nessa toada, apenas a título de curiosidade, é válido esclarecer que o recurso contra prova
oral é cabível apenas se tiver o objetivo de impugnar alguma questão que esteja fora do
conteúdo programático ou para suscitar outras violações formais ao edital ou à resolução.
Porém, não terá cabimento se o recurso tiver por objetivo impugnar os critérios de correção
aplicados pelo examinador para as respostas dadas (discutir o acerto das respostas).
De qualquer forma, dos julgados mencionados advém a conclusão inequívoca de que o
CNJ pode fazer o controle da moralidade.

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JURISPRUDÊNCIA Renato Borelli

Segundo o STF, é possível que o CNJ faça de ofício o controle dos atos administrativos
dos tribunais.

• Receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,


inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços
notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo, para concretizar
tais funções, avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção ou a
disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa (art.
103-B, § 4º, III)

Com base na teoria dos poderes implícitos, o STF já decidiu que se ao CNJ é legítimo
avocar processos disciplinares em curso, por óbvio também será legítimo para obstar o
processamento de sindicância em tramitação no tribunal de origem11.
A avocação, aliás, encontra-se regulamentada no regimento interno do Conselho, que em
seu art. 79 assevera que:

a avocação de processo de natureza disciplinar em curso contra membros do Poder Judiciário ou de


seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro dar-se-á,
a qualquer tempo, mediante representação fundamentada de membro do CNJ, do Procurador-Geral
da República, do Presidente do Conselho Federal da OAB ou de entidade nacional da magistratura.

A avocação poderá ocorrer também mediante iniciativa das partes.


O Plenário do CNJ tem autonomia para decidir se é cabível ou não o pedido de avocação,
e, vislumbrando o cabimento, fará comunicação direta e formal ao tribunal e a requisição dos
autos que passarão a ter trâmite perante o CNJ.
• Representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou
de abuso de autoridade (art. 103-B, § 4º, IV)

Correspondendo a ilícitos penais processados mediante ação penal pública incondicionada,


no caso de o CNJ, no exercício do controle da atuação administrativa, financeira e disciplinar do
Poder Judiciário, se deparar com indícios de crime contra administração pública ou de abuso
de autoridade, é seu dever comunicar o fato ao Ministério Público, para que este, enquanto
dominus litis, promova as medidas necessárias para a apuração e repressão das condutas.
• Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e
membros de tribunais julgados há menos de um ano (art. 103-B, § 4º, V)

Corresponde a competência para promover a revisão disciplinar, cujo procedimento será


idêntico ao da avocação, distinguindo-se somente quanto ao objeto, pois enquanto a avocação
11
MS 28003/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 16.3.2011.

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é um expediente que se dá em procedimento administrativo em curso, a revisão do processo


disciplinar se dá em procedimento disciplinar já encerrados há menos de um ano.

JURISPRUDÊNCIA
O STF compreende ser desnecessário esgotar as vias ordinárias para que o CNJ instaure
processo de revisão disciplinar.

De acordo com o art. 86, do RICNJ, compete ao Plenário do Conselho, de ofício e pelo
voto da maioria absoluta dos seus membros, instaurar a revisão de processo disciplinar
após proposição de qualquer um dos Conselheiros, do Procurador-Geral da República ou do
Presidente do Conselho Federal da OAB.
Julgado procedente o pedido de revisão, o Plenário poderá determinar a instauração de
processo administrativo disciplinar, alterar a classificação da infração, absolver ou condenar o
juiz ou membro de Tribunal, modificar a pena ou anular o processo (art. 88 do RICNJ).
É necessário deixar claro que a revisão disciplinar processada pelo Plenário não equivale
a um recurso administrativo.
Com efeito, é imperioso relembrar que nos termos do Regimento Interno do Conselho, “da
decisão do Plenário não cabe recurso.” No âmbito do CNJ, o recurso administrativo é cabível,
portanto, apenas contra ato de autoridade do próprio CNJ, ou seja, de decisões isoladas
(monocráticas) do órgão12.
Consoante o art. 102, I, “r”, da CF, as ações contra o CNJ e o CNMP devem ser julgadas
originariamente pelo STF. Contudo, é necessário esclarecer que a competência originária da
Corte Constitucional brasileira para as ações ajuizadas contra o CNJ se restringe ao mandado

12
Assim prevê o art. 115 do RICNJ:
Art. 115. A autoridade judiciária ou o interessado que se considerar prejudicado por decisão do Presidente, do Corregedor
Nacional de Justiça ou do Relator poderá, no prazo de cinco (5) dias, contados da sua intimação, interpor recurso adminis-
trativo ao Plenário do CNJ.
§ 1º São recorríveis apenas as decisões monocráticas terminativas de que manifestamente resultar ou puder resultar restri-
ção de direito ou prerrogativa, determinação de conduta ou anulação de ato ou decisão, nos casos de processo disciplinar,
reclamação disciplinar, representação por excesso de prazo, procedimento de controle administrativo ou pedido de provi-
dências.
§ 2º O recurso será apresentado, por petição fundamentada, ao prolator da decisão atacada, que poderá reconsiderá-la no
prazo de cinco (5) dias ou submetê-la à apreciação do Plenário na primeira sessão seguinte à data de seu requerimento.
§ 3º Relatará o recurso administrativo o prolator da decisão recorrida; quando se tratar de decisão proferida pelo Presidente,
a seu juízo o recurso poderá ser livremente distribuído.
§ 4º O recurso administrativo não suspende os efeitos da decisão agravada, podendo, no entanto, o Relator dispor em contrá-
rio em caso relevante.
§ 5º A decisão final do colegiado substitui a decisão recorrida para todos os efeitos.
§ 6º Dos atos e decisões do Plenário não cabe recurso.

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de segurança, mandado de injunção, habeas data e habeas corpus. Nos demais casos, o foro
competente será a Justiça Federal de 1º grau, tendo em vista que o CNJ é órgão da União.

 Obs.: Conclusão:
 A Carta de 1988 prevê em seu art. 102, I, “r”, que compete ao Supremo Tribunal
Federal processar e julgar originariamente “as ações contra o Conselho Nacional de
Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público”. A jurisprudência do STF,
no entanto, conferiu interpretação restritiva ao dispositivo, definindo no julgamento
conjunto da questão de ordem na Ação Originária (AO) 1814 e no agravo regimental na
Ação Cível Originária (ACO) 1680 que a competência do STF para processar e julgar
originariamente ações que questionam atos do CNJ e do CNMP limita-se às ações
tipicamente constitucionais: mandados de segurança, mandados de injunção, habeas
corpus e habeas data. Outrossim, propostas ações ordinárias, quem irá figurar como ré
no processo será a União, já que os Conselhos são órgãos federais, sendo da Justiça
Federal de primeira instância a competência para julga-las, com base no art. 109, I, da
CF.

De todo modo, evidentemente que a competência do STF para julgar quaisquer atos
administrativos do CNJ não possui natureza recursal administrativa, cingindo-se apenas a um
controle judicial.
Perceba que o STF somente admite analisar judicialmente ações contra o CNJ enquanto
órgão, não considerando-se competente para examinar a conduta individual de cada
Conselheiro. Isto é, o que a EC n. 45/2004 inseriu na competência originária do Supremo foram
as ações contra o respectivo colegiado e não aquelas em que se questiona a responsabilidade
pessoal de um ou mais dos Conselheiros, como é o que ocorre, por exemplo, na ação popular.
Além das funções corretivas e punitivas destinadas a preservar a idoneidade do Poder
Judiciário como um todo13, duas atribuições constitucionais caminham no sentido de
aprimorar a prestação dos serviços jurisdicionais por meio da apresentação semestral de
relatórios estatísticos sobre processos e sentenças e de relatório anual propondo providências
concernentes a situação do Poder Judiciário e as próprias atividades do Conselho, competências
previstas, respectivamente, nos incisos VI e VII do art. 103-B, § 4º, da Constituição Federal.
• Elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas,
por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário (art. 103-B, § 4º, VI)
• Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a
situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar
mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso
Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa (art. 103-B, § 4º, VII)
13
O ex-Ministro do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon falava em banir a “banda podre”.

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Inserido expressamente no texto constitucional por meio da EC n. 19/1998, a eficiência


é um dos princípios regentes da administração pública. No âmbito do Poder Judiciário, no
entanto, foi a EC n. 45/2004que consolidou o postulado ao consagrar medidas de melhoria do
desempenho da prestação jurisdicional.
Entre as medidas, cita-se o dever imposto ao CNJ de semestralmente confeccionar
relatórios estatísticos sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos
diferentes órgãos do Poder Judiciário.
Deveras, um dos indicadores de desempenho utilizado na administração em geral, seja na
administração privada ou na administração pública, advém da análise de dados estatísticos do
comportamento dos agentes prestadores de determinado serviço.
O CNJ foi, assim, eleito o responsável pela produção de dados estatísticos do desempenho
do Poder Judiciário consoante o art. 103-B, § 4º, VI e VII, da CF. Com isso, divulgado os relatórios
de estatística dos tribunais, o Conselho deverá compila-los e remetê-los anualmente ao STF,
podendo propor alterações legislativas ao Congresso Nacional destinadas ao aperfeiçoamento
da prestação jurisdicional.
Esse, talvez, seja o instrumento mais importante para a restauração democrática da
eficiência do Poder Judiciário, tendo em vista ser a remessa de relatório anual ao STF com a
propositura de soluções, se promovida de forma profissional e com visão de conjunto, apta a
propiciar a eliminação de distorções através de soluções legislativas.
No concurso de Juiz de Direito Substituto do TJ/CE, em 2018, foram cobrados em questão
discursiva alguns aspectos relevantes sobre as competências do CNJ através dos seguintes
questionamentos:

002. Apresente sucintamente as funções do CNJ, esclarecendo sua natureza como órgão de
controle do Poder Judiciário — se interno ou externo — e sua competência para o exercício do
controle de constitucionalidade nos casos a ele atribuídos;

Padrão de resposta oficial do item:


As funções institucionais do CNJ estão descritas no texto constitucional e referem-se ao
controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, além do cumprimento
dos deveres funcionais dos juízes, zelando pela aplicação da Lei Orgânica da Magistratura
Nacional (LOMAN) e pela legalidade dos atos administrativos praticados pelo Poder Judiciário,
com vistas à transparência de sua atuação. Segundo o STF, o CNJ “é órgão do controle interno
do Poder Judiciário” (art. 92, IA da CF/1988) e “não detém competência para realizar o controle
de constitucionalidade das leis e dos atos normativos” (STF. Plenário. MS n. 28.141, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, DJ 10/2/2011). No entanto, também segundo entende o STF, o CNJ
pode deixar de aplicar lei ou ato normativo inequivocamente inconstitucional quando da análise
de casos submetidos a seu exame, especialmente quando a inconstitucionalidade já tenha

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sido reconhecida pela Suprema Corte (STF. Plenário. PET 4.656/PB, Rel(a). Min(a). Cármen
Lúcia, DJe 4/12/2017). Nesse sentido, também é a doutrina (vide C. Clève e B. Lorenzetto. O
Conselho Nacional de Justiça e a Constituição. In: Interesse Público. Belo Horizonte, a. 17, n. 92,
jul.-ago./2015, p. 15-36).

003. Discorra sobre a possibilidade de revisão dos atos do CNJ pelo Poder Judiciário, apontando
a qual(ais) órgão(s) compete essa atribuição.

Padrão de resposta oficial do item:


Os atos e as decisões do CNJ estão sujeitos a revisão judicial, como destacado pelo STF ao
julgar a constitucionalidade da própria criação do conselho, promovida pela EC n. 45/2004;
isso porque se entendeu que a compatibilidade do CNJ com a ordem constitucional se dá em
reforço às condições de independência e imparcialidade dos juízes e tribunais, mas nunca em
parâmetros de concorrência ou eventual superioridade em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário (A. Carvalho. Como se guardam os guardas? Limites institucionais à independência
judicial no Brasil e na Espanha. In: Revista Brasileira de Sociologia do Direito. v. 4, n. 2, maio/
ago. 2017, p. 105), resguardado o desempenho da função típica deste último. Assim, prevalece
o entendimento pela possibilidade de ampla revisão dos atos do CNJ, mas destacando-se
que a competência do STF para o exame das demandas contra o Conselho está reservada ao
exame das chamadas ações constitucionais (por exemplo, mandado de segurança, mandado
de injunção e habeas data – STF. Pet 4.794 ED/PR, 1.ª T, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 13/10/2015;
AO 1.679 Agr/DF, 2.ª T, Rel. Min. Teori Zavascki, DJ 26/8/2014 e AO 1.706 AgR/DF, Pleno, Rel.
Min. Celso de Mello, DJ 18/12/2013; AO 1758 AgR/CE, 1.ª T, Rel(a). Min(a). Rosa WeberDJe
20/2/2017), cabendo aos juízes federais de primeiro grau a competência para julgar as demais
ações que versem sobre os atos do Conselho Nacional de Justiça.

5.4.2. Composição

Nos termos do art. 103-B, caput, da CF, o CNJ é composto por 15 membros com mandato
de dois anos, permitida uma única recondução, assim distribuídos:
• O Presidente do STF;
• Um Ministro do STJ, indicado pelo respectivo tribunal;
• Um Ministro do TST, indicado pelo respectivo tribunal;
• Um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo STF;
• Um juiz estadual, indicado pelo STF;
• Um juiz de TRF, indicado pelo STJ;
• Um juiz federal, indicado pelo STJ;
• Um juiz de TRT, indicado pelo TST;
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• Um juiz do trabalho, indicado pelo TST;


• Um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;
• Um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República
dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;
• Dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
• Dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara
dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

A partir da EC n. 61/2009 não há mais exigência etária para os membros do CNJ. Antes da
inovação constitucional, exigia-se idade mínima de 35 anos e máxima de 66 anos.

Se não efetuadas, no prazo legal, as indicações acima citadas, caberá a escolha ao STF
(art. 103-B, § 3º da CF).
O Conselho será presidido obrigatoriamente pelo Presidente do STF e, nas suas ausências
e impedimentos, pelo Vice-Presidente do STF, tendo como Ministro-corregedor o membro do
STJ (art. 103-B, §§ 1º e 5º da CF).
Aliás, com exceção do Presidente do STF, que sempre integrará a composição do CNJ,
todos os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois
de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal (art. 103-B, § 2º da CF).
É errado, portanto, afirmar que todos os membros do CNJ serão nomeados pelo Presidente
da República após aprovação do Senado Federal, pois o Presidente do STF não precisa
de nomeação.
Junto ao Conselho atuarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (art. 103-B, § 6º da CF), porém, segundo o STF, a
ausência dos mesmos às sessões do CNJ não é causa de nulidade da sessão ou ato praticado.

O Senado Federal é compete para julgar membros do CNJ nos crimes de responsabilidade,
consoante previsão expressa no art. 52, II, da CF. Todavia, nas infrações penais comuns a
competência para julgamento obedecerá a prerrogativa de foro concernente ao cargo que o
membro originariamente ocupa. Por exemplo: o juiz estadual que compõe o Conselho deverá
ser julgado, nas infrações penais comuns, pelo Tribunal de Justiça ao qual está vinculado.

6. Responsabilidade Administrativa, Civil e Criminal dos Magistrados


Os magistrados, como qualquer outro agente público, e principalmente porque exercem
parcela da soberania estatal, devem atuar na vida pública e na privada com estrita observância
às disposições legais e constitucionais, sob pena de serem responsabilizados por seus atos

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nos âmbitos cível, criminal e administrativo conforme os pressupostos, sanções e regramentos


específicos de cada uma dessas esferas punitivas.
Abaixo, vejamos os desdobramentos de cada um dos campos de responsabilização.

6.1. Responsabilidade Criminal


A Constituição Federal conferiu foro por prerrogativa de função aos membros do Poder
Judiciário. Com isso, nas infrações penais comuns os:
• Juízes de Direito serão julgados pelo Tribunal de Justiça ao qual estão vinculados,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (art. 96, III, da CF);
• Juízes Federais, Juízes Militares e Juízes do Trabalho serão julgados pelo Tribunal
Regional Federal da área aonde exercem jurisdição, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral, quando deverão ser submetidos ao Tribunal Regional Eleitoral competente (art.
108, I, a, da CF);
• Desembargadores dos Tribunais de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e dos
Tribunais Regionais do Trabalho serão julgados pelo Superior Tribunal de Justiça (art.
105, I, a, da CF);
• Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais serão julgados pelo Superior Tribunal de
Justiça (art. 105, I, a, da CF);
• Ministros dos Tribunais Superiores (STJ, STM, TST e TSE) serão julgados pelo Supremo
Tribunal Federal (art. 102, I, c, da CF);
• Ministros do Supremo Tribunal Federal serão julgados pelo próprio STF.

Destarte, se no curso de investigação criminal surgir indícios da prática de ilícito penal por
magistrado, a autoridade policial deverá encaminhar os respectivos autos para o foro competente.

EXEMPLO
Então, se, por exemplo, um juiz federal cometer um crime, a investigação deverá ser presidida
pelo Tribunal Regional Federal da sua área de jurisdição, sob pena de absoluta nulidade do
inquérito e das provas nele produzidas, podendo o TRF, no entanto, requisitar diligências ao
Delegado de Polícia.

Trata-se da prerrogativa positivada no art. 33, parágrafo único, da LOMAN:

Art. 33. (...)


Parágrafo único. Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por parte do
magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão
especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigação.

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 Obs.: Sintetizando:
 Nas infrações penais comuns, a competência para julgamento do juiz será do tribunal
a que está vinculado ou do STJ se for desembargador, membro de TRE ou ministro de
Tribunal Superior.
 Os ministros do Supremo Tribunal Federal serão processados e julgados perante o
próprio STF.
 Surgindo indícios da realização de crime por magistrado, o foro competente presidirá o
procedimento investigatório prévio, promovendo o controle das diligências e podendo,
eventual e subsidiariamente, requisitá-las, sempre com a participação do Chefe do
Ministério Público correspondente, por ser ele o titular da ação penal pública.
 O Chefe do Ministério Público, aliás, não precisará aguardar nenhum procedimento
investigatório se já possuir elementos de convicção suficientes para a propositura da
ação penal.

De acordo com o art. 33 da LOMAN, também são prerrogativas dos membros do Poder
Judiciário:

Art. 33. São prerrogativas do magistrado:


I – ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados com a autoridade ou
Juiz de instância igual ou inferior;
II – não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do Órgão Especial competente para
o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata
comunicação e apresentação do magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado
(VETADO)14;
III – ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial de Estado-Maior, por ordem e à disposição do
Tribunal ou do órgão especial competente, quando sujeito a prisão antes do julgamento final;
IV – não estar sujeito a notificação ou a intimação para comparecimento, salvo se expedida por
autoridade judicial;
V – portar arma de defesa pessoal.

O porte funcional de arma confere aos juízes o direito de portarem arma de defesa pessoal
em todo o território nacional.
A prerrogativa independe de autorização ou licença de outras autoridades, não encontrando-
se submetida as limitações previstas na legislação ordinária que disciplina a matéria (Lei n.
10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento). Isso porque a LOMAN, enquanto lei complementar,
permite o porte de arma de defesa pessoal de uso permitido e de uso restrito com a única
exigência do regular registro no órgão competente.
14
No inciso II foi vetada a expressão “e em cuja presença será lavrado o auto respectivo”, com a justificativa de que seria
impraticável a autuação, em todos os casos, sem prejudicar a flagrância do delito;” Disponível em: https://www2.camara.
leg.br/legin/fed/leicom/1970-1979/leicomplementar-35-14-marco-1979-364957-veto-18747-pl.html

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Regime Jurídico, Ética, Controle Interno e Responsabilidade
Renato Borelli

JURISPRUDÊNCIA
Segundo o STF, a LOMAN, lei complementar, confere aos seus membros a prerrogativa
de portar arma de defesa pessoal, sem prever qualquer requisito para o exercício dessa
prerrogativa, não podendo lei ordinária estabelecer novos critérios.

Também é prerrogativa dos magistrados, no âmbito da responsabilização criminal,


serem presos apenas por ordem escrita do Tribunal ou do Órgão Especial competente para o
julgamento. Excepcionalmente, porém, outras autoridades poderão decretar a sua prisão em
flagrante no caso de crimes inafiançáveis.
São inafiançáveis, conforme a Carta Magna, os crimes de racismo, tortura, tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, crimes hediondos e a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
Cabe a autoridade que ordenar a prisão em flagrante promover a apresentação do
magistrado ao presidente do tribunal a que ele está vinculado. É dizer: se prendeu em flagrante,
a comunicação e a apresentação do magistrado são imediatas, de modo que o magistrado
ficará à disposição do presidente do tribunal, nunca da autoridade policial.
Eventual prisão cautelar, somente poderá ser decretada pelo próprio tribunal, devendo o
magistrado ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial de Estado-Maior.
Observadas essas peculiaridades, o processo penal seguirá o seu trâmite normal.
Condenado o juiz por crime comum, poderá ser decretada a perda do cargo como efeito da
sentença penal condenatória, na forma do art. 92, I, do Código Penal.

Art. 92 – São também efeitos da condenação:


I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes
praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos
demais casos.

Esse efeito não é automático, dependendo de motivação declarada na sentença.


No caso de condenação por crime de responsabilidade ou comum sem a determinação da
perda do cargo, esta poderá ser decretada por meio de ação civil específica cuja legitimação
ativa cabe ao Ministério Público e as Procuradorias Federal, Estaduais ou Distritais.
Cuidando-se de crime de abuso de autoridade, a Lei n. 13.869/2019 também estabeleceu a
perda do cargo como efeito não automático da condenação, condicionada, porém, à ocorrência
de reincidência em crime dessa mesma espécie (crime de abuso de autoridade).

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6.2. Responsabilidade Civil


Via de regra, os atos jurisdicionais típicos, aqueles produzidos no exercício específico
da função de juiz, não são capazes de ensejar a responsabilidade civil do Estado e nem a
responsabilidade pessoal do magistrado, eis que constituem atos protegidos por dois princípios
básicos: o princípio da soberania do Estado e o princípio da recorribilidade dos atos jurisdicionais.
Isto é, sendo o poder jurisdicional a manifestação de parcela da soberania estatal e tendo em
vista que os litigantes que sentirem-se prejudicados pela decisium tem à sua disposição meios
de impugnação próprios (recursos judiciais) e até mesmo ações autônomas destinadas a sua
revisão, inviável a responsabilização do Estado ou dos magistrados por eventuais infortúnios
provocados pela prolação de despachos, decisões interlocutórias e sentenças.
Excepcionalmente, porém, a Constituição Federal designou três situações nas quais o
Estado Juiz terá a obrigação de reparar o particular afetado por atos judiciais, na forma do art.
5º, LXXV e LXXXVIII:
• Erro judiciário;
• Prisão além do tempo fixado na sentença; e
• Demora na prestação jurisdicional.

Cuidado. Estamos tratando dos atos jurisdicionais típicos e não dos atos administrativos
praticados pelos membros do Poder Judiciário no exercício atípico da função administrativa,
hipótese na qual o ente público responderá objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa
condição, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra os responsáveis no
caso de dolo ou culpa, tal como determina o art. 37, § 6º, da CF15.

O erro judiciário provocador da responsabilidade estatal é o erro substancial e inescusável16.


Na lição de Odoné Serrano Júnior, este erro frequentemente sucede por: a) dolo do juiz; b) culpa
do juiz, nas modalidades negligência ou imprudência; c) decisão contrária à prova dos autos
(por dolo ou culpa do juiz); d) indução a erro através da juntada ou não aos autos de elemento
relevante ao esclarecimento da verdade (culpa da vítima ou culpa de terceiro – exclusiva ou
concorrente); e) aparecimento posterior de fatos ou elementos que venham a contradizer ou
anular provas ou elementos relevantes dos autos e que influiriam decisivamente na prolação da
sentença; etc.
No âmbito do STF, há precedentes no sentido de que o Estado não responderá por erro
judiciário quando se tratar de atividade jurisdicional estrito sensu, isto é, quando o dano estiver
relacionado às atividades jurisdicionais rotineiramente desenvolvidas pelos magistrados. Por
15
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
16
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 6. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2018.

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exemplo, quando proferem sentença condenatória posteriormente reformada em sede recursal


ou aplicam procedimento processual autorizado pela lei.

JURISPRUDÊNCIA
Segundo precedentes do STF, a prisão preventiva devidamente fundamentada e
decretada de acordo com a legislação em vigor representa ato lícito e, portanto, incapaz
de consumar a automática responsabilização do Estado ou do juiz no caso de o réu, ao
final da ação penal, vier a ser absolvido ou a sentença condenatória ser reformada na
instância superior17.

Quanto a prisão além do tempo fixado na sentença, é preciso observar se o descumprimento


do prazo prisional decorreu da atividade jurisdicional ou da atividade prestada pelo Poder
Executivo por meio da administração penitenciária. No primeiro caso, a má prestação
jurisdicional fundamentará a responsabilidade, sendo a restrição da liberdade por período
superior ao previsto na sentença, em última análise, erro judiciário objetivo ou qualificado,
aplicando-se o art. 5º, LXXV, da CF. Na segunda situação, correspondendo a erro causado
pelo Poder Executivo através da administração penitenciária, a responsabilidade decorrerá da
incidência do art. 37, § 6º, da CF 18.
Já a demora na prestação jurisdicional somente consumará a reponsabilidade estatal
quando configurada a denegação de jurisdição, ou seja, quando prestação jurisdicional for tão
demorada que os direitos da parte praticamente pereceram19. É o caso do demandante que
vem a óbito diante da não apreciação de liminar em ação de obrigação de fazer destinada ao
fornecimento de medicamentos.
O atraso injustificado no processo judicial caracteriza omissão desproporcional e, em
síntese, em erro judiciário praticado por omissão20.
Reforça-se que a demora na prestação jurisdicional deflagra também a inaceitável violação
do direito fundamental à razoável duração do processo, consagrado no art. 5º, LXXVIII, da CF.

17
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO: ATOS DOS JUÍZES. C.F.,
ART. 37, § 6º. I. – A responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos dos juízes, a não ser nos casos expressa-
mente declarados em lei. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. II. – Decreto judicial de prisão preventiva não se con-
funde com o erro judiciário (C.F., art. 5º, LXXV) mesmo que o réu, ao final da ação penal, venha a ser absolvido. III. – Nega-
tiva de trânsito ao RE. Agravo não provido. (RE 429518 AgR, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em
05/10/2004, DJ 28-10-2004 PP-00049 EMENT VOL-02170-04 PP-00707 RTJ VOL 00192-02 PP-00749 RDDP n. 22, 2005, p.
142-145)
18
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 6. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2018.
19
Isso, inclusive, é hipótese de responsabilização no âmbito internacional, tanto a denegação de justiça quanto o atraso irra-
zoável e injustificado.
20
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 6. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: Método, 2018.

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O fato é que realizada a reparação do dano pelo ente estatal, este poderá acionar
regressivamente o magistrado responsável, que por estar submetido a tratamento especial
previsto na LOMAN, somente será compelido a ressarcir o erário quando presentes os
pressupostos indicados na citada lei.
De acordo com art. 49 da LOMAN, que trouxe disposições gerais sobre a responsabilidade
civil e pessoal do juiz, este “responderá por perdas e danos” quando:

I – no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;


II – recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar o ofício, ou a
requerimento das partes.

Consigna o parágrafo único que:

reputar-se-ão verificadas as hipóteses previstas no inciso II somente depois que a parte, por
intermédio do Escrivão, requerer ao magistrado que determine a providência, e este não lhe atender
o pedido dentro de dez dias.

Ratificando a LOMAN, o Código de Processo Civil igualmente estipulou que:

Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I – no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II – recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a
requerimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer
ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.

A (ir)responsabilidade pessoal do juiz não impede a responsabilização direta do Estado,


havendo na doutrina quem compreenda ser possível a vítima acionar diretamente o magistrado,
o Estado ou ambos, em litisconsórcio passivo facultativo, na medida em que o autor terá que
provar, de todo modo, que a conduta judicial foi consumada de forma dolosa.
O tema, no entanto, não é pacífico.

EXEMPLO
O STF, em um acórdão publicado no ano de 200221, por exemplo, excluiu juiz do polo passivo de
demanda reparatória, sob o fundamento de que pela teoria da dupla garantia o lesado deveria
processar o Estado direta e unicamente, podendo este, caso responsabilizado, ajuizar ação
regressiva contra o magistrado.

21
RE 228.977-2, 2ª T., rel. Ministro Néri da Silveira.DJ de 12.04.2002

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Outro ponto polêmico é saber se existe a responsabilidade pessoal dos juízes a título de
culpa, uma vez que tanto a LOMAN quanto o CPC utilizaram as expressões dolo e fraude.
Para aqueles que defendem a possibilidade, deve ser dada interpretação extensiva aos
dispositivos, de forma a abranger também a responsabilidade civil por ato culposo, sendo que,
nesse caso, há os que defendam a responsabilidade por culpa, mas sem especificar o seu
grau, como faz Caio Mário da Silva Pereira e Augusto do Amaral Dergint, e há os que defendem
a responsabilidade apenas nas situações de culpa grave. Até o momento, todavia, nem o STF
e nem o STJ debruçaram-se especificamente sobre a questão.

 Obs.: Sintetizando:
 A responsabilidade pessoal do juiz é subsidiária e somente ocorrerá se tiver procedido
com dolo ou fraude ou se recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que
deva ordenar de oficio ou a requerimento da parte (CPC, art. 143 e LOMAN, art. 49).

O Código Civil de 2002, no art. 1.744, apresenta, ainda, outras duas hipóteses de
responsabilidade civil do magistrado, a saber:

Art. 1.744. A responsabilidade do juiz será:


I – direta e pessoal, quando não tiver nomeado o tutor, ou não o houver feito oportunamente;
II – subsidiária, quando não tiver exigido garantia legal do tutor, nem o removido, tanto que se tornou
suspeito.

No segundo caso (inciso II), a responsabilidade é subsidiária, pois inicialmente a vítima


deverá buscar ressarcimento junto ao tutor.
Por fim, no que diz respeito à responsabilização do juiz por dano moral, o art. 41 da LOMAN
explicita não ter sido conferida qualquer espécie de imunidade quando o magistrado se
expressa de maneira imprópria ou com excesso de linguagem.

Art. 41. Salvo os casos de impropriedade ou excesso de linguagem o magistrado não pode ser
punido ou prejudicado pelas opiniões que manifestar ou pelo teor das decisões que proferir.

A impropriedade de linguagem consiste na utilização de termos inadequados ou estranhos


a análise da matéria sobre a qual o magistrado expõe a sua motivação ou opinião
O excesso de linguagem, por seu turno, representa a incompatibilidade das expressões
utilizadas com o dever de boa conduta e urbanidade impostos aos membros do Poder Judiciário.

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6.3. Responsabilidade Administrativa


No âmbito administrativo, a responsabilidade disciplinar destina-se a assegurar que o
juiz, na qualidade de agente público, observará os deveres funcionais de seu ofício perante o
Estado e a sociedade em geral.
De acordo com a Resolução n. 135/2011 do CNJ, diploma responsável pela uniformização
das normas relativas ao procedimento administrativo disciplinar aplicável aos membros do
Poder Judiciário, os deveres dos magistrados são aqueles previstos na Constituição Federal,
na LOMAN, no Código de Processo Civil (art. 139), no Código de Processo Penal (art. 251), nas
demais leis vigentes e no Código de Ética da Magistratura, devendo incidir, no caso de violação
a qualquer dos encargos, as seguintes sanções disciplinares:

I – advertência;
II – censura;
III – remoção compulsória;
IV – disponibilidade;
V – aposentadoria compulsória;
VI – demissão.

A LOMAN, no art. 42, consagrou as mesmas espécies22.

Os incisos acima citados encontram-se elencados na ordem de gravidade.

6.3.1. Advertência e Censura

Será punido com a pena de advertência o juiz negligente no cumprimento dos deveres do
cargo (art. 43 da LOMAN), aplicando-se a pena de censura no caso de reiterada negligência no
cumprimento dos deveres do cargo, ou no caso de procedimento incorreto, se a infração não
justificar punição mais grave (art. 44 da LOMAN).

22
Art. 42 – São penas disciplinares:
I – advertência;
II – censura;
III – remoção compulsória;
IV – disponibilidade com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço;
V – aposentadoria compulsória com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço;
VI – demissão.
Parágrafo único. As penas de advertência e de censura somente são aplicáveis aos Juízes de primeira instância

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O juiz punido com a pena de censura não poderá figurar em lista de promoção por
merecimento pelo prazo de um ano, contado da imposição da pena (art. 44, parágrafo único,
da LOMAN23).
Na promoção por merecimento, deverá ser dada preferência ao magistrado nunca punido
com advertência.

As penas de advertência e de censura somente são aplicáveis aos juízes de primeira instância
(art. 42, parágrafo único, da LOMAN), sempre por escrito e reservadamente.

Logo, consistem em penalidades não incidentes sobre os magistrados de segundo grau de


jurisdição, apesar de a elas estarem sujeitos os juízes convocados para substituição.

6.3.2. Remoção Compulsória

A inamovibilidade é uma das garantias institucionais concedida aos juízes. É possível, no


entanto, a remoção compulsória, por interesse público, do magistrado tido como incompatível
para o exercício das funções jurisdicionais no órgão onde atua.

EXEMPLO
Admite-se a remoção da Vara da Infância e Juventude do juiz caracterizado pela rispidez e
truculência no trato com os jurisdicionados, traços inaceitáveis diante da sensibilidade dos
temas tratados nas Varas desta natureza, devendo ser encaminhado para outro local.

Em resumo, é a busca da concretização do interesse público o fundamento legitimador da


remoção compulsória.
A Resolução n. 135/2011 dispõe em seu art. 5º que “o magistrado de qualquer grau poderá
ser removido compulsoriamente, por interesse público, do órgão em que atue para outro”.
Prevê também que “no caso de aplicação das penas de censura ou remoção compulsória, o
Juiz não vitalício ficará impedido de ser promovido ou removido enquanto não decorrer prazo
de um ano da punição imposta” (art. 23, § 2º).

6.3.3. Disponibilidade

Quando a gravidade das faltas cometidas não justificarem a aplicação de pena de censura
ou de remoção compulsória, sanções mais brandas, e nem forem graves o suficiente para
justificar a aposentadoria compulsória, sanção mais grave.

23
A mesma disposição consta no art. 23, §2º, da Resolução n. 135/2011.

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O juiz, se vitalício, será colocado em disponibilidade pelo tempo que o Tribunal compreender
necessário para que se restaure a dignidade do Poder Judiciário, recebendo vencimentos
proporcionais ao tempo de serviço ou, não sendo vitalício, será demitido por interesse público.
É o que define o art. 6º da Resolução n. 135/2011:

Art. 6º. O magistrado será posto em disponibilidade com vencimentos proporcionais ao tempo de
serviço, ou, se não for vitalício, demitido por interesse público, quando a gravidade das faltas não
justificar a aplicação de pena de censura ou remoção compulsória.

6.3.4. Aposentadoria Compulsória

A aposentadoria compulsória consiste no afastamento definitivo do magistrado das suas


funções, correspondendo a penalidade mais grave para o magistrado vitalício.
O artigo 7º, da Resolução n. 135/2011, do CNJ e o art. 56, da LOMAN, estabelecem que
será possível a decretação da sanção em três hipóteses:

Art. 7º O magistrado será aposentado compulsoriamente, por interesse público, quando:


I – mostrar-se manifestamente negligente no cumprimento de seus deveres;
II – proceder de forma incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções;
III – demonstrar escassa ou insuficiente capacidade de trabalho, ou apresentar comportamento
funcional incompatível com o bom desempenho das atividades do Poder Judiciário.

Nesses casos, o juiz receberá proventos proporcionais ao tempo de serviço, pois contribuiu
para previdência. Isto, porém, não representa direito subjetivo seu, podendo haver a cessação
do recebimento diante da decretação da perda do cargo e do benefício previdenciário como
fruto dos efeitos secundários da sentença ou acórdão penais condenatórios ou de ação civil
pública por improbidade administrativa.

6.3.5. Demissão

A demissão é sanção aplicável somente ao juiz não vitalício, uma vez que a perda de
cargo, cuidando-se de magistrado vitalício, depende de sentença judicial transitada em julgado
e proferida em:
• Ação penal por crime comum ou de responsabilidade; ou
• Ação civil para a desconstituição da relação funcional entre o Estado e o Juiz.

Cuidado. O art. 26 da LOMAN, na parte em que indicou hipóteses de demissão para o juiz
vitalício, não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, na medida em que esta

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expressamente condicionou a perda do cargo do juiz vitalício à sentença judicial transitada


em julgado.
Observe:
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo
a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;

Assim, no âmbito da responsabilidade administrativa, a aposentadoria compulsória corresponde


a pena máxima prevista para o magistrado que alcançou a vitaliciedade.
Apenas em uma hipótese a perda do cargo de magistrado vitalício ou com essa garantia
temporária, como acontece com os Conselheiros do CNJ, não dependerá de sentença
transitada em julgado. Trata-se do crime de responsabilidade praticado por Ministros do STF
ou Conselheiros do CNJ, cuja competência para julgamento será do Senado Federal (CF, art.
52, II e art. 2º da Lei n. 1.079/1050).
Importante salientar que o STF, na ADI n. 4.638, suspendeu a aplicação do art. 3º, § 1º, da
Resolução n. 135/2011, que prevê a possibilidade de as penas previstas no art. 6º, § 1º, da Lei
n. 4.898/1965 (antiga Lei de Abuso de Autoridade), serem aplicadas aos magistrados, desde
que não incompatíveis com a LOMAN. Entre as penas elencadas no art. 6º estava a demissão
e a perda do cargo.
Segundo a Suprema Corte as penas aplicáveis a magistrados estão previstas de forma taxativa
na LOMAN, de modo que a inobservância de qualquer dos deveres administrativos impõe as
penalidades já estabelecidas na Lei Orgânica.

A Resolução n. 135/2011, art. 23, § 3º, dispõe que ao juiz não vitalício será aplicada pena
de demissão em cinco hipóteses.

Art. 23. (...)


§ 3º Ao juiz não-vitalício será aplicada pena de demissão em caso de:
I – falta que derive da violação às proibições contidas na Constituição Federal e nas leis;
II – manifesta negligência no cumprimento dos deveres do cargo;
III – procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções;
IV – escassa ou insuficiente capacidade de trabalho;
V – proceder funcional incompatível com o bom desempenho das atividades do Poder Judiciário.

Podemos esquematizar as sanções administrativas da seguinte forma:

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6.3.6. Procedimento Administrativo

Finalizado o estudo sobre as espécies de sanções administrativas, vamos nos dedicar agora
ao exame dos procedimentos necessários para que sejam aplicadas. O tema está regulado
entre os artigos 8º ao 11º da Resolução n. 135/2001, que disciplinam a investigação preliminar,
cuja instauração nem sempre será obrigatória, e entre os artigos 12º ao 22º, também da citada
Resolução, que versam sobre o processo administrativo disciplinar.

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6.3.6.1. Investigação Preliminar

Art. 8º O Corregedor, no caso de magistrados de primeiro grau, o Presidente ou outro membro


competente do Tribunal, nos demais casos, quando tiver ciência de irregularidade, é obrigado a
promover a apuração imediata dos fatos, observados os termos desta Resolução e, no que não
conflitar com esta, do Regimento Interno respectivo.
Parágrafo único. Se da apuração em qualquer procedimento ou processo administrativo resultar
a verificação de falta ou infração atribuída a magistrado, será determinada, pela autoridade
competente, a instauração de sindicância ou proposta, diretamente, ao Tribunal, a instauração de
processo administrativo disciplinar, observado, neste caso, o art. 14, caput, desta Resolução.
Art. 9º A notícia de irregularidade praticada por magistrados poderá ser feita por toda e qualquer
pessoa, exigindo-se formulação por escrito, com confirmação da autenticidade, a identificação e o
endereço do denunciante.
§ 1º – Identificados os fatos, o magistrado será notificado a fim de, no prazo de cinco dias, prestar
informações.
§ 2º – Quando o fato narrado não configurar infração disciplinar ou ilícito penal, o procedimento será
arquivado de plano pelo Corregedor, no caso de magistrados de primeiro grau, ou pelo Presidente
do Tribunal, nos demais casos ou, ainda, pelo Corregedor Nacional de Justiça, nos casos levados
ao seu exame.
§ 3º – Os Corregedores locais, nos casos de magistrado de primeiro grau, e os presidentes de
Tribunais, nos casos de magistrados de segundo grau, comunicarão à Corregedoria Nacional
de Justiça, no prazo de quinze dias da decisão, o arquivamento dos procedimentos prévios de
apuração contra magistrados.
Art. 10. Das decisões referidas nos artigos anteriores caberá recurso no prazo de 15 (quinze) dias
ao Tribunal, por parte do autor da representação.
Art. 11. Instaurada a sindicância, será permitido ao sindicado acompanhá-la.

JURISPRUDÊNCIA
No julgamento da ADI n. 4.638, ajuizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros
(AMB), o STF analisou a constitucionalidade de diversos dispositivos da Resolução n.
135/2011.
Quanto ao art. 8º e ao art. 9º, caput e §§ 2º e 3º, conferiu interpretação conforme a
Constituição no sentido de onde consta Corregedor e Presidente, ler-se órgão competente
do Tribunal. Quanto ao art. 10, igualmente dando interpretação conforme a Constituição,
excluiu a expressão “por parte do autor da representação”, para que fique claro que podem
recorrer das decisões mencionadas todos os interessados no procedimento, seja o autor
da representação ou o magistrado acusado.

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6.3.6.2. Processo Administrativo Disciplinar

Finalizada a sindicância, se for o caso, será instaurado processo administrativo disciplinar.


Umas das alterações promovidas pela Resolução n. 135/2011 é a ordem dos atos no caso
de proposta de abertura do processo administrativo disciplinar. Primeiro, o magistrado deverá
ser intimado para apresentar defesa prévia em quinze dias. Após, finalizado o prazo, com ou
sem a apresentação da defesa prévia, o Tribunal Pleno ou o Órgão Especial deliberará sobre a
abertura ou o arquivamento do processo (art. 14, caput e § 1º da Res. 135/2011).
A abertura depende do voto da maioria absoluta dos membros do Tribunal ou do respectivo
Órgão Especial, devendo o respectivo acórdão estar acompanhado de portaria que contenha
a imputação dos fatos e a delimitação do teor da acusação, assinada pelo Presidente do
Órgão. Com efeito, no caso de a proposta de abertura de processo administrativo disciplinar
contra magistrado ser acolhida, cópia da ata da sessão respectiva será encaminhada para a
Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça, no prazo de quinze dias, contados da respectiva
sessão de julgamento, para fins de acompanhamento (art. 14, §§ 5º e 6º da Res. 135/2011).
O relator será sorteado dentre os magistrados que integram o Pleno ou o Órgão Especial
do Tribunal, não havendo revisor (art. 14, § 7º da Res. 135/2011).

Após o advento da Emenda Constitucional n. 45/2004, a CF/88 expressamente determina que


os atos punitivos dos magistrados, de caráter administrativo, somente poderão ser tomados
pela maioria absoluta do Tribunal ou do CNJ, não podendo nenhum diploma infralegal
estabelecer quórum mais ou menos rígido. Portanto, deve ser considerado sem efeito qualquer
previsão da LOMAN que indique quórum diverso.
São os dispositivos constitucionais que disciplinam o tema:

Art. 93. (...)


VIII – o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-
se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de
Justiça, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004)
(...)
X – as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 45, de 2004)

A respeito do prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar, a Resolução


n. 135/2011 determina no art. 14, § 9º que: “O processo administrativo terá o prazo de cento

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e quarenta dias para ser concluído, prorrogável, quando imprescindível para o término da
instrução e houver motivo justificado, mediante deliberação do Plenário ou Órgão Especial.”
Quanto ao prazo prescricional para a apuração da falta funcional, o art. 24 da Resolução
n. 135/2011 fixa que será de cinco anos, contado a partir da data em que o tribunal tomou
conhecimento do fato, salvo quando configurar tipo penal, hipótese em que o prazo prescricional
será o do Código Penal.
Importante destacar que no momento em que for instaurado o processo administrativo
disciplinar o prazo prescricional será interrompido, conforme indica o art. 24, § 1º da Resolução.
Observe:

Art. 24. (...)


§ 1º A interrupção da prescrição ocorre com a decisão do Plenário ou do Órgão Especial que
determina a instauração do processo administrativo disciplinar.

JURISPRUDÊNCIA
Segundo o STJ, a interrupção se esgotará 140 (cento e quarenta) dias após o prazo
máximo para conclusão do processo administrativo disciplinar.
Consoante o art. 24, §§ 2º e 3º, da Resolução n. 135/2011, trata-se de prazo improrrogável.

Art. 24. (...)


§ 2º O prazo prescricional pela pena aplicada começa a correr nos termos do § 9º do art. 14 desta
Resolução, a partir do 141º dia após a instauração do processo administrativo disciplinar.
§ 3º A prorrogação do prazo de conclusão do processo administrativo disciplinar, prevista no § 9º
do artigo 14 desta Resolução, não impede o início da contagem do prazo prescricional de que trata
o parágrafo anterior.

Autorizada a abertura do processo administrativo disciplinar, o rito previsto na Resolução


n. 135/2011 é o seguinte:
• O tribunal deliberará sobre o afastamento preventivo do magistrado, até a decisão final
ou, conforme lhe parecer conveniente ou oportuno, por prazo determinado, assegurado
o subsídio integral.

A LOMAN (art. 27, § 3º e art. 29), no mesmo sentido, conferiu ao Tribunal o poder para
determinar o afastamento cautelar do magistrado quando da instauração do processo
administrativo disciplinar ou do recebimento da ação penal acusatória.

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JURISPRUDÊNCIA
O § 1º, do art. 15, da Resolução n. 135/2011, contemplou a possibilidade de o Tribunal,
antes da instauração do processo administrativo disciplinar, afastar cautelarmente o
magistrado das suas funções quando necessário ou conveniente para a regular apuração
da infração disciplinar.
Na ADI n. 4.638, o STF definiu que a previsão está em descompasso com a Constituição
Federal, devendo permanecer suspensa, pois introduziu, mediante ato normativo do CNJ,
nova hipótese cautelar de afastamento de magistrado do cargo.
Para a Suprema Corte, depende de lei em sentido formal e material eventual restrição
às garantias da inamovibilidade e da vitaliciedade, sob pena de ofensa aos princípios da
legalidade e do devido processo.

• O relator determinará a intimação do Ministério Público para manifestação do prazo de


5 (cinco) dias (art. 16 da Res. 135/2011).
• Após, o relator determinará a citação do magistrado para a apresentação das razões
de defesa e especificação de provas, em 5 (cinco) dias, sendo encaminhada cópia do
acórdão que ordenou a instauração do processo administrativo disciplinar (ar. 17 da
Res. 135/2011). Caso haja dois ou mais magistrados requeridos, o prazo para defesa
será comum e de 10 (dez) dias, contados da intimação do último magistrado (art. 17, I,
da Res 135/2011).

O magistrado em lugar incerto e não sabido, que não foi intimado pessoalmente, será citado
por edital, com prazo de 30 (trinta) dias, a ser publicado uma vez, no órgão oficial de imprensa
utilizado pelo Tribunal para divulgar seus atos (art. 17, II, Res. 135/2011).
• O magistrado regularmente citado que não apresentar a defesa no prazo será considerado
revel e uma vez declarada a revelia o relator poderá designar defensor dativo ao requerido,
concedendo-lhe prazo para a apresentação de defesa (art. 17, IV e V, Res. 135/2011).
• Após o prazo para a apresentação da defesa prévia, o relator decidirá sobre a realização
dos atos de instrução e a produção das provas requeridas, determinando de ofício as
que entender necessárias.

Para a colheita das provas, poderá delegar poderes a magistrado de primeiro ou


segundo grau.
O magistrado ou seu defensor, se houver, deverão ser intimados dos atos de instrução.
Serão inquiridas, no máximo, até 8 (oito) testemunhas de acusação e até 8 (oito) testemunhas
de defesa, que justificadamente tenham ou possam ter conhecimento dos fatos imputados.
A instrução é realizada com aplicação subsidiária, no que couber, das normas de processo
penal e de processo civil, sucessivamente.

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A inquirição das testemunhas e o interrogatório deverão ser feitos em audiência una, ainda
que, se o caso, em dias sucessivos, e poderão ser realizados por videoconferência, nos termos
do art. 405, § 1º, do Código de Processo Penal e da Resolução n. 105/2010 do CNJ.
O interrogatório do magistrado deve ser precedido de intimação com antecedência de 48
(quarenta e oito) horas e será realizado após a produção de todas as provas.
Os depoimentos poderão ser documentados pelo sistema audiovisual, sem a necessidade,
nesse caso, de degravação (art. 18, caput e §§ 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º da Res. 135/2011).
• Finda a instrução, o Ministério Público e, em seguida, o magistrado ou seu defensor
terão 10 (dez) dias para manifestação e razões finais, respectivamente (art. 19 da Res.
135/2011).
• O julgamento do processo administrativo disciplinar será realizado em sessão pública e
serão fundamentadas todas as decisões, inclusive as interlocutórias (art. 20, caput, da
Res. 135/2011).

Em determinados atos processuais e de julgamento, poderá, no entanto, ser limitada a


presença às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, desde que a preservação
da intimidade não prejudique o interesse público (art. 20, § 1º, da Res. 135/2011).
Para o julgamento, que será público, serão disponibilizados aos integrantes do órgão
julgador acesso à integralidade dos autos do processo administrativo disciplinar (art. 20, § 2º,
da Res. 135/2011).
O Presidente e o Corregedor terão direito a voto (art. 20, § 3º, da Res. 135/2011).
Os Tribunais comunicarão à Corregedoria Nacional de Justiça, no prazo de 15 (quinze)
dias da respectiva sessão, os resultados dos julgamentos dos processos administrativos
disciplinares (art. 20, § 4º, da Res. 135/2011).
A punição ao magistrado somente será imposta pelo voto da maioria absoluta dos membros
do Tribunal ou do Órgão Especial. Na hipótese em que haja divergência quanto à pena, sem que
se tenha formado maioria absoluta por uma delas, será aplicada a mais leve, ou, no caso de
mais de duas penas alternativas, aplicar-se-á a mais leve que tiver obtido o maior número de
votos (art. 21 da Res 135/2011).
Se o Tribunal entender pela presença de indícios de crime de ação penal pública
incondicionada, o Presidente remeterá cópia dos autos ao Ministério Público. Se for aplicada
pena de disponibilidade ou aposentadoria compulsória, o Presidente remeterá cópia dos autos
ao Ministério Público e à Advocacia-Geral da União ou Procuradoria Estadual competente para,
se for o caso, tomar as providências cabíveis (art. 22 da Res. 135/2011).

O art. 27 da Resolução n. 135/2011 fixa que:

Art. 27. O magistrado que estiver respondendo a processo administrativo disciplinar só terá apreciado
o pedido de aposentadoria voluntaria após a conclusão do processo ou do cumprimento da penalidade.

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Isto é, instaurado o processo, fica proibido ao magistrado requerer exoneração ou aposentadoria,


devendo aguardar o término do processo administrativo disciplinar ou o cumprimento da pena.

Em relação aos juízes não vitaliciados, a Resolução n. 135/2011, art. 20, § 1º, preceitua
que a instauração do processo suspenderá o curso do prazo de vitaliciamento.

Art. 20. (...)


§ 1º A instauração do processo pelo Tribunal suspenderá o curso do prazo de vitaliciamento.

A Resolução prevê também que:

Art. 23. O processo disciplinar, contra juiz não vitalício, será instaurado dentro do biênio previsto
no art. 95, I da Constituição Federal, mediante indicação do Corregedor ao Tribunal respectivo,
seguindo, no que lhe for aplicável, o disposto nesta Resolução.

É dizer, o processo disciplinar deverá ser instaurado dentro do prazo de 2 (dois) anos
exigidos para a aquisição da vitaliciedade.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo
a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;

JURISPRUDÊNCIA
O STJ vem firmando a compreensão de que sendo prazo constitucional, o prazo para
vitaliciamento não está sujeito a suspensão, de modo que se o processo não terminar
antes dos 2 (dois) anos, ficará o magistrado automaticamente vitaliciado.
Em resumo: ou o Tribunal delibera antes do prazo de 2 (dois) anos, ou o juiz será vitaliciado
automaticamente.

Por fim, merece destaque o art. 12 da Resolução n. 135/2011:

Art. 12. Para os processos administrativos disciplinares e para a aplicação de quaisquer penalidades
previstas em lei, é competente o Tribunal a que pertença ou esteja subordinado o Magistrado, sem
prejuízo da atuação do Conselho Nacional de Justiça.
Parágrafo único. Os procedimentos e normas previstos nesta Resolução aplicam-se ao processo
disciplinar para apuração de infrações administrativas praticadas pelos Magistrados, sem prejuízo
das disposições regimentais respectivas que com elas não conflitarem.

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JURISPRUDÊNCIA
Destacamos a parte final do caput, porque na ADI n. 4.638, o STF definiu a constitucionalidade
do art. 12 ao prever competência concorrente entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
e as Corregedorias dos Tribunais. Assim, o CNJ, diante da notícia de um desvio funcional
praticado por magistrado, poderá iniciar o processo administrativo disciplinar contra ele,
sem a necessidade de aguardar a atuação da Corregedoria local.
Nesses termos, o STF, no julgamento do MS n. 28.620, já decidiu que: “não há necessidade
de exaurimento da instância administrativa ordinária para a atuação do CNJ. Competência
concorrente, e não subsidiária”.

7. Administração Judicial
7.1. Introdução à Sociologia da Administração Judiciária
O Direito, enquanto ciência humana, mantém conexões com outras disciplinas, a exemplo
da Sociologia, cujo objetivo é o estudo do fato social, visando compreender os problemas que
permeiam a sociedade e os seus impactos na formação dos regramentos jurídicos.
Quanto ao Poder Judiciário, em específico, a Sociologia contribui fornecendo respostas
para questões concernentes à administração judiciária.

DICA
Anote! A administração judiciária é a aplicação de técnicas
administrativas na realização das atividades do Poder
judiciário.

O tema é de grande valia, na medida em que a evolução do Estado liberal para o Estado social,
ao conferir ao Poder Público um papel mais ativo na consecução dos direitos fundamentais e na
gestão dos conflitos entre classes sociais, dando maior ênfase a grupos antes completamente
excluídos, provocou também um dramático aumento do número de processos judiciais
protocolados. Com efeito, a expansão da litigiosidade ganhou contornos ainda mais graves
diante da incapacidade financeira do Estado para concretizar os compromissos assistenciais
assumidos.
Todos esses fatores, inevitavelmente, acabaram por repercutir na qualidade da prestação
jurisdicional, surgindo, assim, um novo campo de estudo para a Sociologia, passível de ser
dividido em três grandes grupos de análise, a saber:
1) O acesso à justiça;
2) A administração da justiça enquanto instituição política e profissional; e

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3) Os conflitos sociais e os mecanismos de resolução.


É sobre esses três temas que recai o objeto da Sociologia da administração judiciária,
ramo da administração pública que compreende, além da atividade administrativa do Poder
Judiciário, o relacionamento deste com os demais entes estatais e com as entidades sociais.

 Obs.: Conclusão:
 A administração judiciária é o ramo da administração pública que compreende, além
da atividade administrativa do Poder Judiciário, o relacionamento deste com os
demais entes estatais e com as entidades sociais. Representa a aplicação de técnicas
administrativas na realização das atividades do Poder judiciário.
 A Sociologia da administração judiciária, por seu turno, é formada por três grandes
campos de estudo, cuja função principal é identificar os entraves que obstaculizam
uma prestação jurisdicional adequada, justa e efetiva, identificando, igualmente, as
soluções possíveis.
 São três searas de estudo da Sociologia da administração judiciária:
 1) O acesso à justiça;
 2) A administração da justiça enquanto instituição política e profissional; e
 3) Os conflitos sociais e os mecanismos de resolução.

7.1.1. O Acesso à Justiça

A primeira das contribuições da Sociologia da administração judiciária foi identificar os


obstáculos econômicos, sociais e culturais que dificultavam o efetivo acesso à justiça por
parte das classes menos favorecidas.
Com relação aos entraves econômicos, os custos dos litígios destacaram-se, pois
se revelaram extremamente dispendiosos, tornando o custo do processo inversamente
proporcional ao valor da causa. Em outras palavras: para os cidadãos economicamente
mais débeis, maiores interessados nas ações de menor valor, o acesso à justiça revelou-se
demasiadamente caro.
Quanto aos obstáculos sociais e culturais, que estão, de certo modo, relacionados com
as desigualdades econômicas, verificou-se que quanto mais baixo o estrato social, maior é
a distância dos cidadãos ao Poder Judiciário, pois lhes falta entendimento para conhecer e,
consequentemente, reivindicar os seus direitos mediante a propositura de demandas judiciais.
Mais do que isso, no tocante aos embaraços de natureza cultural e social, o reconhecimento
da existência de um problema jurídico muitas vezes não se revelou suficiente para que o
interessado se dispusesse a acionar o Judiciário, seja porque ele já teve uma experiência anterior

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negativa com a justiça, seja em função do temor de represálias ao recorrer à via judicial, ou
simplesmente pela falta de disposição psicológica para procurar assistência judiciária perante
advogados privados ou Defensores Públicos.

7.1.2. A Administração da Justiça enquanto Instituição Política e Profissional

A contribuição da Sociologia para o estudo da administração da justiça enquanto instituição


política teve sua origem na ciência política, que refutando a ideia de um juiz neutro e incólume
à influências externas, dedicou atenção as decisões judiciais, verificando os argumentos
utilizados para fundamenta-las e relacionando-os com outros fatores, a exemplo da formação
profissional, idade e, principalmente, a ideologia político-social do magistrado que proferiu
a decisium.
No que diz respeito ao estudo da administração da justiça enquanto organização profissional,
ganharam ênfase os estudos sociológicos sobre o modelo de seleção adotado para a investidura
no cargo de juiz e a forma como ocorre a distribuição territorial dos magistrados. Destacaram-se
também os trabalhos dirigidos a compreensão das condutas, reações e opiniões dos cidadãos
sobre a administração da justiça, os Tribunais e os membros do Poder Judiciário.

7.1.3. Os Conflitos Sociais e os Mecanismos de Resolução

A análise dos conflitos sociais e dos mecanismos de sua resolução foi inaugurada,
inicialmente, pela antropologia social, cujos estudos revelaram a existência de uma pluralidade
de direitos e padrões de vida jurídica totalmente distintos dos verificados nas sociedades
ditas civilizadas, permitindo extrair duas conclusões que influenciaram algumas reformas da
administração da justiça nos últimos anos:
• Do ponto de vista da sociologia, o Estado não é a única fonte do Direito, ou seja, não é
dele o monopólio da produção e distribuição do Direito; e
• A redução do número de litígios de natureza civil não é o resultado da diminuição de
conflitos na ordem social e jurídica, mas representa, antes de tudo, a consequência do
crescimento da utilização de mecanismos de resolução informais, menos dispendiosos
e mais eficientes que a via jurisdicional.

Nesta seara, os estudos sociológicos apontam que eventuais reformas de natureza


processual ou até mesmo relacionadas ao direito substantivo somente se revelarão úteis se
complementadas com uma reforma da organização judiciária em suas duas vertentes:
• Necessidade de racionalização da divisão do trabalho, com a implementação de uma
nova gestão dos recursos de tempo e de capacidade técnica; além de
• Necessidade de reforma no modelo de formação e de recrutamento dos magistrados.

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7.2. Planejamento Estratégico e Gestão


Reconhecida a necessidade de mudanças no modo como é exercida a função jurisdicional,
tratando-se de tema que ultrapassa os limites do Poder Judiciário, os órgãos públicos em geral
já reconheceram a importância de as atividades estatais serem prestadas de forma organizada,
o que coloca em evidência os assuntos concernentes às ideias de gestão e planejamento
estratégico. A primeira, gestão, está relacionada ao modo de gerenciamento de pessoas e
recursos. A segunda, planejamento estratégico, está voltada a definição de metas e valores
reputados essenciais para o aprimoramento do Poder Judiciário e da prestação jurisdicional,
bem com das táticas para alcançá-los.
Tendo em vista que realização de metas depende de pessoas capacitadas e de recursos
financeiros, tecnológicos e de infraestrutura suficientes, planejamento estratégico e gestão se
complementam e, mais do que isso, visam concretizar o princípio da eficiência.

DICA
Anote! Acrescentado ao texto constitucional pela Emenda
Constitucional n. 19/1998, o princípio da eficiência é um dos
postulados regentes da Administração Pública, significando
o dever de com a maior economia de recursos se alcançar o
melhor resultado.
Regulamentando o tema no âmbito do Poder Judiciário, o CNJ
ampliou a função dos magistrados, até então essencialmente
jurisdicional, para abranger aspectos concernentes a gestão
de pessoas e de recursos.
Hodiernamente, considera-se eficiente o magistrado que
além de possuir conhecimentos jurídicos e postura ética,
demonstra capacidade para organizar e resolver os infortúnios
que rotineiramente surgem nas Vara Judiciais.

Nesse contexto, cita-se que em 15 de dezembro de 2004, o Presidente da República, o


Presidente do Senado Federal, o Presidente da Câmara dos Deputados e o Presidente do
Supremo Tribunal Federal, em um esforço conjunto na busca de soluções para o sistema
judiciário, assinaram o Pacto em Favor de um Judiciário mais Rápido e Republicano, onde
constam 11 compromissos assumidos pelos três Poderes da República sobre temas
considerados essenciais para o aperfeiçoamento da prestação jurisdicional. São eles:
1) Implementação da reforma constitucional do Judiciário;
2) Reforma do sistema recursal e dos procedimentos;
3) Defensoria pública e acesso à Justiça;

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4) Juizados especiais e justiça itinerante;
5) Execução fiscal;
6) Precatórios;
7) Graves violações contra direitos humanos;
8) Informatização;
9) Produção de dados e indicadores estatísticos;
10) Coerência entre a atuação administrativa e as orientações jurisprudenciais já
pacificadas; e
11) Incentivo à aplicação de penas alternativas.
Visando igualmente o aprimoramento da função jurisdicional, a Emenda Constitucional n.
45/2004 incluiu o art. 103-B na Constituição Federal para criar o Conselho Nacional de Justiça,
órgão destinado, entre outras atribuições, a elaborar e coordenar estratégias e políticas de
gestão que possibilitem a resolução dos problemas que assolam o sistema judiciário brasileiro.
Com isso, as ações de gestão administrativa, antes operadas de modo difuso e não uniforme,
passaram a estar centralizadas em um único órgão.

DICA
Anote! Uma das razões de ser do CNJ é a formulação de
um planejamento estratégico da administração judicial,
promovendo trocas de experiências e o aprimoramento das
discussões e práticas relacionadas à modernização da gestão
judiciária, a fim de concretizar, cada vez mais, o princípio da
eficiência na própria atividade-fim do Poder Judiciário.

São instrumentos do CNJ na busca pelo planejamento estratégico e pela modernização da


gestão na administração judiciária:
• O estabelecimento de Metas Nacionais;

As Metas Nacionais representam compromissos assumidos pelos tribunais brasileiros


para o aperfeiçoamento da prestação jurisdicional, com o objetivo de garantir à sociedade
serviço mais célere, eficiente e de maior qualidade.
Via de regra, as são votadas e aprovadas pelos presidentes dos tribunais no Encontro
Nacional do Poder Judiciário – ENPJ, evento organizado pelo CNJ que ocorre anualmente e
que reúne a alta administração dos tribunais brasileiros.
Foram traçadas pela primeira vez em 2009 e dentre as já editadas a Meta 2 é certamente a
que merece maiores aplausos, pois destinada a “identificar os processos judiciais mais antigos
e adotar medidas concretas para o julgamento de todos os distribuídos até 31.12.2005 (em
1º, 2º grau ou tribunais superiores)”, significou o começo de um movimento que contagiou

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o Poder Judiciário brasileiro na missão de concretizar a garantia constitucional da razoável


duração do processo.
• A realização de congressos para discutir o tema;
• A previsão constitucional dos cursos de formação e aperfeiçoamento como requisitos
para promoção na carreira;
• A previsão constitucional de que os juízes não podem ser promovidos se não estiverem
com seus gabinetes em dia, sem autos conclusos;
• O acompanhamento mais próximo por parte das corregedorias e do próprio CNJ,
inclusive fazendo uso das sanções disciplinares, se for o caso;
• As correições ordinárias e extraordinárias;
• A previsão constitucional de promoção por merecimento, calcada em critérios objetivos
de produtividade a serem fixados.

7.2.1. Planejamento Estratégico

Quanto ao planejamento estratégico, particularmente, duas resoluções do CNJ versam


sobre o tema.
A primeira é a Resolução n. 49/2007, cujo art. 1º determina que:

órgãos do Poder Judiciário relacionados no art. 92 incisos II ao VII da Constituição Federativa do


Brasil devem organizar em sua estrutura unidade administrativa competente para elaboração de
estatística e plano de gestão estratégica do Tribunal.

A sua função é auxiliar o Tribunal na racionalização do processo de modernização


institucional.
A segunda foi a Resolução n. 70/2009, atualmente revogada e substituída pela Resolução
n. 198/2014, que instituiu a Estratégia Nacional do Poder Judiciário para o sexênio 2015/2020
– Estratégia Judiciário 2020.

Integram a Estratégia Nacional do Poder Judiciário – Estratégia Judiciário 2020


a) Missão do Poder Judiciário – Realizar Justiça.
Descrição – Fortalecer o Estado Democrático e fomentar a construção de uma sociedade livre,
justa e solidária, por meio de uma efetiva prestação jurisdicional.
b) Visão do Poder Judiciário – Ser reconhecido pela sociedade como instrumento efetivo de
justiça, equidade e paz social.
Descrição – Ter credibilidade e ser reconhecido como um Poder célere, acessível, responsável,
imparcial, efetivo e justo, que busca o ideal democrático e promove a paz social, garantindo o
exercício pleno dos direitos de cidadania.
c) Atributos de valor para a sociedade

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• Credibilidade
• Celeridade
• Modernidade
• Acessibilidade
• Transparência e Controle Social
• Responsabilidade Social e Ambiental
• Imparcialidade
• Ética
• Probidade
• Macrodesafios do Poder Judiciário
• Efetividade na prestação jurisdicional
• Garantia dos direitos de cidadania
• Combate à corrupção e à improbidade administrativa
• Celeridade e produtividade na prestação jurisdicional
• Adoção de soluções alternativas de conflito
• Gestão das demandas repetitivas e dos grandes litigantes
• Impulso às execuções fiscais, cíveis e trabalhistas
• Aprimoramento da gestão da justiça criminal
• Fortalecimento da segurança do processo eleitoral
• Melhoria da Gestão de Pessoas
• Aperfeiçoamento da Gestão de Custos
• Instituição da Governança Judiciária
• Melhoria da Infraestrutura e Governança de TI
Conforme o art. 7º da Resolução n. 198/2014:

Art. 7º. A execução da estratégia é de responsabilidade de magistrados de primeiro e segundo


graus, conselheiros, ministros e serventuários do Poder Judiciário.

O art. 8º, por sua vez, designa que:

Art. 8º. Os órgãos do Poder Judiciário manterão unidade de gestão estratégica para assessorar a
elaboração, a implementação e o monitoramento do planejamento estratégico.

A unidade de gestão estratégica também atuará nas áreas de gerenciamento de projetos,


otimização de processos de trabalho e, a critério do órgão, produção e análise de dados
estatísticos, de modo que “as áreas jurisdicionais e administrativas devem prestar, à respectiva
unidade de gestão estratégica, as informações sob a sua responsabilidade pertinentes ao
plano estratégico (art. 8º, §§ 1º e 2º da Res. 198/2014)

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Destaca-se ainda que os órgãos do Poder Judiciário realizarão Reuniões de Análise da


Estratégia (RAE), pelo menos quadrimestralmente, para avaliação e acompanhamento dos
resultados, nas quais poderão promover ajustes e outras medidas necessárias à melhoria do
desempenho institucional (art. 9º da Res. 198/2014)

A Resolução n. 198/2014 tratou também de importante recurso de gestão estratégica, qual


seja: o Banco de Boas Práticas e Ideias para o Judiciário (BPIJus).
De acordo com os arts. 13 a 15 da Resolução n. 198/2014:

Art. 13. O CNJ manterá disponível, no seu portal, o Banco de Boas Práticas e Ideias para o
Judiciário (BPIJus), a ser continuamente atualizado, com o intuito de promover a divulgação e o
compartilhamento de práticas e ideias inovadoras, visando ao aperfeiçoamento dos serviços
judiciais.
Art. 14. O BPIJus será constituído da seguinte forma:
I – práticas sugeridas por servidores, tribunais ou conselhos do Poder Judiciário, alinhadas aos
Macrodesafios mencionados no Anexo; e
II – ideias inovadoras para melhoria do Judiciário, apresentadas por qualquer pessoa.
Parágrafo único. As práticas e ideias serão incluídas no BPIJus após processo de seleção, na forma
de regulamento próprio a ser publicado pelo CNJ.
Art. 15. As práticas incluídas no BPIJus concorrerão ao Prêmio Excelência em Gestão Estratégica
do Poder Judiciário.

7.2.2. Gestão pela Qualidade

Um dos caminhos apontados para se alcançar eficiência, celeridade e qualidade no


fornecimento de um serviço é a valorização do capital humano e a modernização dos processos
de produção.
As quatro funções ou elementos fundamentais da gestão são:
• Planejamento;
• Organização;
• Direção; e
• Controle.

No âmbito da administração pública, três são os modelos de gestão existentes:


• O modelo de administração patrimonialista;
• O modelo de administração burocrático; e
• O modelo de administração gerencial.

O patrimonialismo configura-se, essencialmente, pela confusão entre o patrimônio público


e o patrimônio privado do dirigente, ensejando a equivocada percepção do aparato estatal
como extensão do poder do agente público, bem como pela tendência ao nepotismo, amparada

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na ideia de que os laços familiares implicam garantia de lealdade, enriquecimento familiar e


conivência com eventuais desvios.
Quanto ao modelo burocrático, de inspiração weberiana, sobressai a ideia de uma
administração de caráter objetivo e racional, cujas condutas devem estar fundamentadas e
determinadas em regras de regras formais e escritas, prevalecendo uma visão piramidal e
hierárquica onde cada pessoa exerce funções específicas, de modo que a seleção do pessoal
deve ser regida pela impessoalidade, qualificação e mérito, buscando-se a profissionalização
dos agentes públicos. Aqui, defende-se a separação entre propriedade e administração e
prima-se pela completa previsibilidade do comportamento funcional.
Por fim, o modelo de administração gerencial tem como cerne a gestão profissional, sempre
focada no alcance de resultados predeterminados através de uma atuação que privilegia
a importância do uso eficiente dos recursos disponíveis, havendo uma clara definição dos
padrões de performance e a adoção de modelos de gestão empresarial.
No Brasil, na medida em muitas das características tradicionalmente associadas ao modelo
burocrático ainda se fazem presentes na administração dos tribunais, ensejando dificuldades,
morosidade e ineficácia, o CNJ introduziu na administração pública judiciária o conceito de
qualidade total dos serviços.
Nessa nova concepção de administração, a qualidade resulta, acima de tudo, de uma
liderança diretiva, orientativa, participativa e delegativa.
Vamos entendê-la melhor:

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Na prova para concurso de Juiz de Direito Substituto do TJ/AM, aplicada em 2016 pela
CEBRASPE, foi assim questionado:

004. Discorra sobre o sistema de controle interno do Poder Judiciário, correlacionando-o com
o princípio da eficiência.

Padrão de resposta oficial:


2.1 Controle interno na CF: conteúdo do art. 74
De acordo com o art. 74 da Constituição Federal de 1988 (CF), os Poderes Legislativo, Executivo
e Judiciário deverão manter, de forma integrada, sistema de controle interno, o qual, por sua
vez, deverá relacionar-se ao controle da gestão administrativa, financeira e patrimonial da
administração pública.
2.2 Atribuições do controle interno no Poder Judiciário: resoluções do CNJ
Considerando-se as crescentes inovações e aprimoramentos na área de controle interno, além
da necessidade de padronização nos métodos e sistemas utilizados nessa atividade, foram
editadas as Resoluções n. 70/2008 e n. 86/2009.
Resolução n. 70/2008 – Metas de Nivelamento (Meta 9) – Criação das Unidades de Controle
Interno e a importância do Controle Interno no Poder Judiciário.
Resolução n. 86/2009 – Organização e funcionamento das unidades ou núcleos de controle
interno nos Tribunais, disciplinando as diretrizes, os princípios, conceitos e normas técnicas
necessárias à sua integração.
2.3 Sistema de controle interno do Poder Judiciário: órgãos integrantes.
No caso do Poder Judiciário, o controle interno é exercido, atualmente, pelo CNJ, instituído
pela Emenda Constitucional n. 45/2004, pelas corregedorias, pelas ouvidorias, pelos conselhos
superiores e pelos núcleos de controle interno presentes nos tribunais integrantes do Poder
Judiciário. Esse sistema visa a efetividade do disposto no art. 74 da CF, com padrões que
permitam a sua integração.
De acordo com o disposto na referida norma constitucional, esses órgãos de controle
desenvolverão suas atividades com os propósitos de avaliar o cumprimento das metas
previstas no PPA, de acompanhar e avaliar a execução orçamentária e os programas de gestão,
de verificar a observância e comprovação da legalidade dos atos de gestão e de avaliar os
resultados, especialmente quanto à eficiência e à eficácia das ações administrativas, relativas à
gestão orçamentária, financeira, patrimonial e de pessoal, nos seus vários órgãos. Às unidades
de controle interno competem, ainda, examinar as aplicações de recursos públicos alocados

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por entidades de direito privado e subsidiar meios e informações, bem como apoiar o controle
externo e o CNJ no exercício de sua missão institucional. (Resolução n. 86/2009 do CNJ).
Anteriormente, as corregedorias — órgãos de orientação, fiscalização e controle disciplinar e
administrativo de juízes e servidores — eram as principais responsáveis pelo controle interno do
Poder Judiciário e pelo funcionamento adequado dos serviços notariais e registrais, exercidos
em caráter privado.
Cabe ressaltar, por fim, que o CNJ não controla a atuação jurisdicional do Poder Judiciário,
pois, como se sabe, não exerce jurisdição. Nesse sentido, já decidiu o STF:

JURISPRUDÊNCIA
O CNJ, embora integrando a estrutura constitucional do Poder Judiciário como órgão
interno de controle administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura — excluídos,
no entanto, do alcance de referida competência, o próprio STF e seus ministros (ADI
3.367/DF) —, qualifica-se como instituição de caráter eminentemente administrativo, não
dispondo de atribuições funcionais que lhe permitam, quer colegialmente, quer mediante
atuação monocrática de seus conselheiros ou, ainda, do corregedor nacional de justiça,
fiscalizar, reexaminar e suspender os efeitos decorrentes de atos de conteúdo jurisdicional
emanados de magistrados e tribunais em geral. (STF, Pleno, MS n. 28.211/DF–MC–AgR,
Relator Ministro Celso de Mello.)

2.4 Correlação do controle interno com o princípio da eficiência (art. 37 da CF)


A busca por maior eficiência do controle interno foi um dos aspectos motivadores para a criação
do CNJ. Problemas recorrentes envolvendo casos de leniência e nepotismo, por exemplo,
tangenciavam a legalidade e comprometiam a ética institucional no contexto do Poder Judiciário.
Havia, ainda, o fato de que as estruturas correcionais, então responsáveis pelo controle, em regra,
demoravam a se ajustar à mutação acarretada pelas tecnologias de informação e comunicação.
Antes mesmo da promulgação da Emenda Constitucional n. 19/1998, já se preconizava a
eficiência como dever da administração pública. Apesar de o princípio não estar expresso
como os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade (art.
37, caput, da CF), o art. 74, inciso II, da CF mencionava a eficiência como critério de controle
interno dos poderes do Estado.
Esse dever de eficiência reflete-se, segundo o prof. Hely Lopes Meirelles, na obrigação dos:

agentes públicos de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento profissional. É
o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada
apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório
atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros”. O professor acrescenta, ainda,
que “o dever da eficiência corresponde ao dever da boa administração.
(Hely Lopes Meirelles. Direito administrativo brasileiro. 27.ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002.).

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Para a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, esse:

princípio apresenta-se sob dois aspectos, podendo tanto ser considerado em relação à forma de
atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atuações
e atribuições, para lograr os melhores resultados, como também em relação ao modo racional de
se organizar, estruturar, disciplinar a administração pública, e também com o intuito de alcance de
resultados na prestação do serviço público. (Maria Sylvia Zanella di Pietro. Direito administrativo.
13.ª ed. São Paulo: Atlas, 2001.)

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RESUMO
Abaixo, vejamos breve resumo sobre os pontos que costumam ser de maior incidência
em questões de provas, o que NÃO AFASTA a necessidade de reler os grifos e anotações
realizados pelo aluno no decorrer da aula.

Regime Jurídico da Magistratura Nacional

De acordo com o art. 93, caput, da Constituição de 1988, “lei complementar, de iniciativa
do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura”, observados os
princípios elencados na Lei Maior. Tal estatuto terá imensa amplitude, abarcando desde o dever
de serem os observados os princípios constitucionais até o estabelecimento das atribuições
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Até o momento, contudo, a referida lei ainda não foi editada. Não obstante, no ano de
1979 entrou em vigor a Lei Complementar n. 35, conhecida como LOMAN (Lei Orgânica da
Magistratura Nacional).
De acordo com o STF, a LOMAN foi recepcionada pelo atual texto constitucional24.

Órgãos Integrantes

De acordo com o art. 92, da CF/88, são os órgãos do Poder Judiciário:


• Supremo Tribunal Federal;
• Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela EC n. 45/2004)
• Superior Tribunal de Justiça;
• Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela EC n. 92/2016)
• Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
• Tribunais e Juízes do Trabalho;
• Tribunais e Juízes Eleitorais;
• Tribunais e Juízes Militares;
• Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

Podemos esquematizar a estrutura do Poder Judiciário nacional do seguinte modo:

24
ADI 841 – QO; ADI 1.152-MC; ADI 1.503; ADI 4.108-REF-MC; ADI 4.042-MC

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Ingresso na Carreira

A forma mais comum de ingresso na magistratura é a aprovação em concurso público


de provas e títulos, ocupando o aprovado, inicialmente, o cargo de juiz substituto na primeira
instância do Poder Judiciário.
Nos tribunais inferiores (segunda instância), o ingresso ocorre de modo distinto, sendo
efetuado por meio da promoção dos juízes de primeira instância e também por meio da
nomeação de advogados ou membros do Ministério Público para compor o denominado quinto
constitucional.
Ingresso na segunda instância: promoções e quinto constitucional
De acordo com o art. 93, inciso II, da Constituição Federal, a promoção ocorrerá de entrância
para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento.

Art. 93 da CF. (...)


III – o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento, alternadamente,
apurados na última ou única entrância;

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• Antiguidade

A antiguidade é critério meramente cronológico, sendo o mais antigo aquele que estiver a
mais tempo na carreira.
Na apuração da antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada
ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação (art. 93, II, “d”, CF).
• Merecimento

Merecimento, como o próprio nome já antecipa, diz respeito ao mérito, mas não se resume
a isto, vez que a sua aferição obedece a parâmetro duplo, devendo o mérito ser verificado em
conjunto com um mínimo de antiguidade.
É que o texto constitucional (art. 93, II, “b”) determinou que a promoção por merecimento
pressupõe:
− Dois anos de exercício na respectiva entrância; e
− Integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta;

Podemos esquematizar as principais informações contidas na Constituição Federal da


seguinte maneira:

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Quinto Constitucional

De acordo com o art. 94, da CF/88:

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez
anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
das respectivas classes.

O quinto constitucional corresponde, assim, à destinação de 20% dos lugares dos Tribunais
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados e do Tribunal do Distrito Federal e Territórios,
aos membros do Ministério Público e aos advogados, desde que tenham:
• Mais de 10 anos de efetiva atividade profissional (advocacia) ou de carreira (Ministério
Público);
• Reputação ilibada; e
• Notório saber jurídico;

Ingresso na Terceira Instância: Critérios

No que tange à nomeação dos membros dos tribunais superiores, não existe qualquer
pertinência com a carreira da magistratura.
Vamos relembrar:

Tribunal Superior do Trabalho


Composição: 27 ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 anos e menos de 70
anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado
Federal, sendo:
• 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros
do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o
disposto no artigo 94 da CF;
Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da
carreira, mediante promoção e indicados pelo próprio Tribunal Superior

Tribunal Superior Eleitoral


Composição: no mínimo, 7 ministros, escolhidos, mediante eleição, pelo voto secreto, sendo:
• 3 ministros oriundos do STF, que serão escolhidos por meio de eleição interna e continuarão
exercendo suas funções no STF;
• 2 ministros oriundos do STJ, que serão escolhidos por meio de eleição interna e continuarão
exercendo suas funções no STF.
2 advogados escolhidos pelo Presidente da República, a partir de uma lista sêxtupla elaborada
pelo STF.

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Superior Tribunal de Justiça


Composição: no mínimo, 33 ministros (a CF não delimitou número máximo!), que serão
nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de 35 anos e menos de 70
anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal, sendo:
• 1/3 dentre desembargadores dos TRFs, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio
Tribunal;
• 1/3 dentre desembargadores dos TJs, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio
Tribunal;
• 1/3, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual,
do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do artigo 94 da CF.
Somente poderão ocupar o posto os brasileiros (natos ou naturalizados).

Supremo Tribunal Federal


Composição: 11 ministros, que serão indicados e nomeados pelo Presidente da República após
aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, dentre brasileiros natos com mais de 35
anos e menos de 70 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

Direitos e Deveres Funcionais da Magistratura


• Deveres:

Os deveres impostos aos integrantes da carreira encontram-se espalhados no texto


constitucional e em leis infraconstitucionais, principalmente a LOMAN.
São os deveres funcionais da magistratura:
− Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições
legais e os atos de ofício (art. 35, I, da LOMAN).
− Não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar (art. 35, II,
da LOMAN).
− Determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem
nos prazos legais (art. 35, III, da LOMAN).
− Velar pela duração razoável do processo (art. 139, II, do CPC)
− Prestar, até o dia dez de cada mês, informações aos órgãos de segunda instância a
respeito de suas atividades e dos processos que excederam carga (art. 39 da LOMAN).
− Tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as
testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem,
a qualquer momento, quando se trate de providência que reclame e possibilite solução
de urgência (art. 35, IV, da LOMAN).

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− Residir na sede da Comarca, salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver


subordinado (art. 35, V, da LOMAN)
− Comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se
ausentar injustificadamente antes de seu término (art. 35, VI, da LOMAN).
− Exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere
à cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes (art.
35, VII, da LOMAN).
− Manter conduta irrepreensível na vida pública e particular (art. 35, VIII, da LOMAN).
− Fundamentar as suas decisões, sob pena de nulidade (art. 93, IX, da CF)
− Assegurar às partes igualdade de tratamento (art. 139, I, do CPC)
− Prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações
meramente protelatórias (art. 139, III, do CPC)
− Determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias
necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações
que tenham por objeto prestação pecuniária (art. 139, IV, do CPC)
− Promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de
conciliadores e mediadores judiciais (art. 139, V, do CPC)
− Dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova,
adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à
tutela do direito (art. 139, VI, do CPC)
− Exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da
segurança interna dos fóruns e tribunais (art. 139, VII, do CPC)
− Determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las
sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso (art. 139,
VIII, do CPC)
− Determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros
vícios processuais (art. 139, IX, do CPC)
− Quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério
Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se
referem o art. 5º da Lei n. 7.347/1985, que disciplina a ação civil pública, e o art. 82 da
Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor), para, se for o caso, promover a
propositura da ação coletiva respectiva (art. 139, X, do CPC)
• Direitos ou garantias:

Para o cumprimento dos deveres funcionais acima elencados, foram conferidas diversas
garantias.

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São basicamente duas as garantias da magistratura: (a) garantias institucionais e (b)


garantias funcionais, que podem ser assim esquematizadas:

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Garantias Institucionais

Autonomia orgânico-
Autonomia financeira
administrativa
(Art. 99 da CF)
(Art. 96, I, da CF)
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
Art. 96. Compete privativamente:
administrativa e financeira.
I – aos tribunais:
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas
a) eleger seus órgãos diretivos e
orçamentárias dentro dos limites estipulados
elaborar seus regimentos internos,
conjuntamente com os demais Poderes na lei de
com observância das normas de
diretrizes orçamentárias.
processo e das garantias processuais
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros
das partes, dispondo sobre a
tribunais interessados, compete:
competência e o funcionamento dos
I – no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo
respectivos órgãos jurisdicionais e
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a
administrativos;
aprovação dos respectivos tribunais;
b) organizar suas secretarias
II – no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e
e serviços auxiliares e os dos
Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça,
juízos que lhes forem vinculados,
com a aprovação dos respectivos tribunais.
velando pelo exercício da atividade
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem
correicional respectiva;
as respectivas propostas orçamentárias dentro do
c) prover, na forma prevista nesta
prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o
Constituição, os cargos de juiz de
Poder Executivo considerará, para fins de consolidação
carreira da respectiva jurisdição;
da proposta orçamentária anual, os valores aprovados
d) propor a criação de novas varas
na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com
judiciárias;
os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.
e) prover, por concurso público
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este
de provas, ou de provas e títulos,
artigo forem encaminhadas em desacordo com os
obedecido o disposto no art.
limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo
169, parágrafo único, os cargos
procederá aos ajustes necessários para fins de
necessários à administração da
consolidação da proposta orçamentária anual.
Justiça, exceto os de confiança assim
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não
definidos em lei;
poderá haver a realização de despesas ou a assunção de
f) conceder licença, férias e outros
obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na
afastamentos a seus membros e aos
lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente
juízes e servidores que lhes forem
autorizadas, mediante a abertura de créditos
imediatamente vinculados.
suplementares ou especiais.

Garantias Funcionais

As garantias funcionais, assim denominadas porque dirigidas aos magistrados enquanto no


exercício do cargo, destinam-se a concretizar duas finalidades principais, quais sejam: garantir
a independência e a imparcialidade dos juízes e do próprio Poder Judiciário, proporcionando
ambiente propício para julgamentos adequados e incólumes de influências externas.
Independência

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Nos termos do art. 95 da CF, a independência dos magistrados se expressa em três espécies
de garantias:
• Vitaliciedade;
• Inamovibilidade; e
• Irredutibilidade de subsídios.

Imparcialidade

A imparcialidade do magistrado remete à ideia de equidistância, o que significa dizer que


ao juiz é proibido adotar posturas que firam ou possam ferir a isenção necessária ao processo.
É válido relembrar que a todos foi conferido o direito fundamental de serem julgados por juízes
imparciais, um dos pilares do devido processo legal.
Assim, aos juízes é vedado:
• Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério
(art. 95, parágrafo único, I, da CF)
• Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo (art. 95,
parágrafo único, II, da CF)
• Dedicar-se à atividade político-partidária (art. 95, parágrafo único, III, da CF)
• Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (art. 95,
parágrafo único, IV, da CF)
• Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (art. 95, parágrafo único, V)
• Exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista,
exceto como acionista ou quotista (art. 36, I, da LOMAN)
• Exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer
natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração (art. 36, I, LOMAN)
• Manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de
julgamento seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças,
de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício
do magistério.

Por fim, também com o objetivo de alcançar a imparcialidade, aos magistrados é concedida
a prerrogativa de “ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados
com a autoridade ou Juiz de instância igual ou inferior” (art. 33, I, da LOMAN). A exigência

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busca afastar eventuais influências externas pelos juízes lotados em instância superior sobre
os lotados em instância inferior.

Conselho da Justiça Federal (CJF)

Criado pela Emenda Constitucional n. 45/2004, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)


tem como finalidade específica realizar o controle da atuação administrativa, financeira e
disciplinar do Poder Judiciário.

Atribuições

De acordo com o art. 103-B, § 4º, da CF:

Art. 103-B, CF. (...)


§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e
do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura,
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos
atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-
los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União;
III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro
que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar
e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção
ou a disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; (Redação
dada pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019)
IV – representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso
de autoridade;
V – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de
tribunais julgados há menos de um ano;
VI – elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por
unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;
VII – elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do
Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente
do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da
sessão legislativa.

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Composição

Nos termos do art. 103-B, caput, da CF, o CNJ é composto por 15 membros com mandato
de dois anos, permitida uma única recondução, assim distribuídos:
• O Presidente do STF;
• Um Ministro do STJ, indicado pelo respectivo tribunal;
• Um Ministro do TST, indicado pelo respectivo tribunal;
• Um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo STF;
• Um juiz estadual, indicado pelo STF;
• Um juiz de TRF, indicado pelo STJ;
• Um juiz federal, indicado pelo STJ;
• Um juiz de TRT, indicado pelo TST;
• Um juiz do trabalho, indicado pelo TST;
• Um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República;
• Um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República
dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual;
• Dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
• Dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara
dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

Visando à fixação dos assuntos abordados, vejamos agora algumas questões cobradas
em provas de concurso público sobre os temas estudados.
Antes disso, alerto que em razão escassez de questões elaboradas pela FGV, preparei um
compilado de exercícios formulados por diversas bancas de prova, a fim de que não se perca,
em momento algum, a oportunidade de se colocar em prática o conhecimento apreendido.
Bom treino e bons estudos! 💪

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CGU/2022/FGV/AUDITOR FEDERAL DE FINANÇAS E CONTROLE) Maria, juíza federal,
pela quinta vez alternada, faz parte da lista tríplice para promoção por merecimento a um dado
Tribunal Regional Federal.
Ao receber a lista, o presidente da República consultou sua assessoria a respeito de uma
possível preferência de Maria em relação aos dois outros integrantes da lista, sendo-lhe
corretamente informado que:
a) não há preferência no caso descrito, pois Maria figurou cinco vezes, de modo alternado, na
lista para promoção por merecimento;
b) Maria deve ser obrigatoriamente promovida, por ter figurado cinco vezes alternadas na lista
para promoção por merecimento;
c) há preferência, mas o chefe do Poder Executivo pode deixar de promover Maria mediante
ato devidamente fundamentado;
d) não há preferência, na situação narrada, na promoção de instância, pois só há preferência
na promoção para uma entrância superior;
e) não há preferência, pois a competência constitucional do chefe do Poder Executivo somente
observa balizamentos nas situações expressamente indicadas.

002. (SSP/AM/2022/FGV/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR) Maria e Antônia, estudantes de


direito, travaram intenso debate a respeito do alcance da garantia da vitaliciedade. Ao final,
concluíram que essa garantia:
1. é adquirida após três anos de exercício;
2. permite que o agente ocupe o cargo até que decida dele se desligar ou venha a falecer;
3. exige sentença judicial transitada em julgado para que seja decretada a perda do cargo; e
4. assegura a permanência do agente no órgão que ocupa, salvo decisão do órgão colegiado
competente do Ministério Público, por motivo de interesse público.
À luz da sistemática constitucional, está correto apenas o que se conclui em
a) 3.
b) 1.
c) 1 e 4.
d) 1, 2 e 3.
e) 2, 3 e 4.

003. (TCE/AM/2021/FGV/AUDITOR TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO) Determinado Juiz


de Direito, titular de uma Vara de Família, apresentava baixa produtividade, demorando de
modo irrazoável na realização de audiências e na prolação de decisões, o que vinha causando
grande prejuízo ao interesse público. Afinal, inúmeros processos que ali tramitavam, a exemplo
das ações de alimentos, exigiam decisão célere. À luz desse quadro, um influente político da
região procurou seu advogado e perguntou se seria possível remover o Juiz, da referida Vara,
contra a sua vontade.
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O advogado respondeu, corretamente, que as remoções dos Juízes de Direito:


a) precisam ser sempre voluntárias, em razão da garantia da inamovibilidade;
b) podem ser compulsórias, mas pressupõem prévia condenação criminal;
c) podem ser compulsórias, mas pressupõem prévia condenação por ato de improbidade
administrativa;
d) podem ser compulsórias, como nos fatos descritos, por decisão de dois terços do órgão
colegiado competente;
e) podem ser compulsórias, como nos fatos descritos, por decisão da maioria absoluta do
órgão colegiado competente.

004. (TJ/CE/2019/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO) Maria, Juíza de Direito titular há muitos anos


da Vara Única da Comarca Alfa, proferiu decisão que desagradou os interesses de diversas
pessoas poderosas, as quais propagaram que iriam providenciar a sua retirada forçada
da Comarca.
À luz da sistemática constitucional, em relação à remoção de Maria da Comarca Alfa, contra a
sua vontade, é correto afirmar que:
a) pode ser livremente efetivada, com base no princípio da eficiência;
b) só pode ocorrer por decisão judicial, após o processo ordinário regular;
c) pode ser efetivada apenas por decisão do Presidente do Tribunal de Justiça;
d) não pode ocorrer em hipótese alguma, considerando a garantia da inamovibilidade;
e) só pode ocorrer, por motivo de interesse público, pelo voto da maioria absoluta do colegiado
competente.

005. (TJ/CE/2019/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO) O Secretário de Finanças do Município Alfa


expediu ofício ao Presidente do Tribunal de Justiça informando que o setor técnico do Poder
Executivo concluíra a elaboração da proposta orçamentária do próximo exercício financeiro,
afeta ao Poder Judiciário. Solicitou que fosse informado caso houvesse alguma observação a
ser feita em relação à proposta antes do seu encaminhamento ao Poder Legislativo.
Considerando a sistemática constitucional, o proceder do Poder Executivo é:
a) correto, pois somente o Poder Executivo pode encaminhar o projeto de lei orçamentária ao
Poder Legislativo;
b) correto, pois a proposta elaborada pelo Poder Executivo deve ser aprovada pelo Judiciário,
que a encaminhará ao Legislativo;
c) incorreto, pois compete ao Tribunal de Justiça elaborar a sua proposta orçamentária,
observada a Lei de Diretrizes Orçamentárias;
d) incorreto, pois compete ao Poder Legislativo aprovar a proposta orçamentária que será
submetida à apreciação dos demais Poderes;

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e) correto, pois a receita pública é arrecadada pelo Poder Executivo, daí decorrendo a sua
competência para fixar os limites da despesa pública.

006. (DPE/RJ/2019/FGV/TÉCNICO) O Tribunal de Justiça do Estado divulgou edital para a


promoção de cinco Juízes de Direito para uma entrância mais elevada da carreira.
De acordo com a sistemática constitucional, essas promoções devem observar:
a) alternadamente, os critérios de antiguidade e merecimento;
b) apenas o critério de merecimento;
c) apenas o critério de antiguidade;
d) alternadamente, os critérios de antiguidade, merecimento e sorteio;
e) apenas o critério de sorteio.

007. (DPE/RJ/2019/FGV/TÉCNICO) Determinado Prefeito Municipal, insatisfeito com a


atuação do Juiz de Direito da Comarca, que já contava com dez anos de efetivo exercício
na magistratura, solicitou ao Presidente do Tribunal de Justiça que o “demitisse” por decisão
administrativa. À luz da sistemática constitucional, o referido pedido é incompatível com a
garantia constitucional da:
a) inamovibilidade;
b) vitaliciedade;
c) irredutibilidade;
d) indisponibilidade;
e) inelegibilidade.

008. (TJ/SC/2018/FGV/ANALISTA JUDICIÁRIO) João, Juiz de Direito de entrância


intermediária, concorreu à promoção por antiguidade. Embora fosse o mais antigo entre os
concorrentes, o seu nome foi recusado pelo tribunal.
Considerando a sistemática constitucional de promoção por antiguidade, o tribunal:
a) pode recusar o mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços dos seus membros,
observados os demais requisitos;
b) pode recusar o mais antigo pela unanimidade dos seus membros, observado o contraditório
e a ampla defesa;
c) pode recusar o mais antigo pela maioria dos seus membros, em razão de condenação em
processo administrativo;
d) pode recusar o mais antigo, estando sua decisão sujeita ao referendo do Conselho Nacional
de Justiça;
e) não pode recusar o mais antigo, que possui direito subjetivo à nomeação.

009. (TJ/SC/2018/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR) Antônio, Juiz de Direito, com o


objetivo de colaborar para o crescimento do País, estava refletindo sobre a possibilidade de
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se filiar a um partido político e de se dedicar ao magistério superior, ministrando a disciplina


“Ciência Política.”
Considerando as vedações que recaem sobre os magistrados, Antônio:
a) pode exercer o magistério e, autorizado pelo Tribunal, filiar-se a partido político;
b) apenas não pode filiar-se a partido político;
c) não pode praticar nenhuma das condutas;
d) apenas não pode exercer o magistério;
e) pode praticar ambas as condutas.

010. (TJ/AL– 2018/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR) O Tribunal de Justiça do Estado


Beta encaminhou ao Chefe do Poder Executivo a sua proposta orçamentária anual, a qual
foi devolvida sob o argumento de equívoco no destinatário e na ausência de legitimidade do
Tribunal para elaborá-la.
À luz da narrativa acima e da sistemática constitucional, o entendimento do Chefe do Poder
Executivo está:
a) totalmente equivocado, pois o Poder Judiciário, em razão de sua autonomia, deve elaborar
a sua proposta orçamentária e encaminhá-la ao Poder Executivo;
b) parcialmente certo, pois, apesar de o Poder Judiciário não ter legitimidade para elaborar a
sua proposta orçamentária, a análise inicial é feita pelo Poder Executivo;
c) parcialmente certo, pois o Poder Judiciário tem legitimidade para elaborar a sua proposta
orçamentária, mas deve encaminhá-la ao Poder Legislativo;
d) parcialmente certo, pois o Poder Judiciário tem legitimidade para elaborar a sua proposta
orçamentária, mas deve encaminhá-la ao Conselho Nacional de Justiça;
e) totalmente certo, pois a proposta orçamentária é elaborada pelo Poder Executivo, responsável
pela arrecadação tributária, e deve ser encaminhada ao Poder Legislativo.

011. (PREFEITURA DE CAMPO GRANDE/MS/2019/PUC/PR/AUDITOR FISCAL DA RECEITA


MUNICIPAL) Considerando as alternativas referentes ao Poder Judiciário e o estatuto
constitucional da magistratura, está CORRETO afirmar que
a) aos juízes, é vedado o exercício da advocacia no juízo ou tribunal que integravam antes de
decorridos três anos do afastamento por aposentadoria ou exoneração.
b) o ingresso na carreira se dá no cargo de Juiz Substituto, exigindo-se do bacharel em direito,
no mínimo, dois anos de atividade jurídica.
c) as sessões administrativas dos Tribunais serão reservadas, sendo públicos os julgamentos
dos Órgãos do Poder Judiciário, ressalvados, neste último caso, os casos de sigilo
previstos em lei.

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d) os atos de remoção, disponibilidade e aposentadoria dos magistrados por interesse público


serão tomados por decisão da maioria simples dos Tribunais ou do Conselho Nacional
de Justiça.
e) o Conselho Nacional de Justiça deve conter em sua composição um Juiz Estadual indicado
pelo Superior Tribunal de Justiça.

012. (DPE/RJ/2019/FGV/TÉCNICO) João, Juiz de Direito da Vara única da Comarca Alfa,


vinha causando sérios problemas às partes nos processos judiciais, o que decorria da demora
para despachar e para decidir os feitos submetidos à sua apreciação.
Considerando esse estado de coisas, um assistido da Defensoria Pública questionou sobre a
possibilidade de João ser removido compulsoriamente do órgão em que se encontrava, sendo
respondido corretamente que tal:
a) não é possível, por força da garantia da inamovibilidade;
b) é possível, desde que fosse decretada, em caráter prévio, a aposentadoria compulsória de João;
c) é possível, preenchidos os requisitos exigidos, por decisão exclusiva do Conselho Nacional
de Justiça;
d) é possível, preenchidos os requisitos exigidos, por decisão exclusiva do tribunal a que João
está vinculado;
e) é possível, preenchidos os requisitos exigidos, por decisão do Conselho Nacional de Justiça
ou do tribunal a que João está vinculado.

013. (TJ/PA/2019/CESPE/CEBRASPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) De acordo com


a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, o magistrado no exercício de cargo vitalício pode,
simultaneamente, exercer uma função no magistério, desde que o cargo seja em
a) curso oficial de preparação para judicatura ou aperfeiçoamento de magistrados.
b) magistério superior e haja correlação de matérias e compatibilidade de horários, sendo
vedado o desempenho de função de direção técnica ou administrativa.
c) estabelecimento público e haja compatibilidade de horários e correlação de matérias, sendo
vedado o desempenho em estabelecimento de ensino privado.
d) estabelecimento público de nível médio ou superior e haja compatibilidade de horários e
correlação de matérias, sendo vedado o desempenho de função técnica ou administrativa.
e) curso oficial de preparação para judicatura ou aperfeiçoamento de magistrados, incluindo
função de direção administrativa ou técnica do magistério superior.

014. (TJ/RN/2018/COMPERVE/JUIZ LEIGO) Jorge, estudante de direito, interessado em


futuramente seguir a carreira de delegado de polícia, dialoga com o seu colega Pedro sobre
suas preocupações com a estabilidade e a proteção dessa profissão. Umas das grandes
preocupações de Jorge envolve a possibilidade de ser obrigado a mover-se constantemente
de localidade geográfica. Pedro, a respeito do assunto, expõe que, se é isso o que Jorge teme,

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o ideal é que ele siga uma carreira cujas garantias busquem evitar esse tipo de infortúnio,
como é o caso da magistratura e do Ministério Público.
Encantado com a segurança jurídica que o direito positivo busca oferecer à magistratura, Jorge
diz a Pedro que já começa a cogitar mudar o foco do concurso que realizará no futuro. Pedro, no
entanto, expõe a Jorge que a magistratura também possui os seus deveres e proibições, como
não poderia deixar de ser. Pedro, assim, com base na Constituição Federal de 1988 e na Lei
Complementar 35, de 14 de março de 1979, diz a Jorge que, uma vez que ele se torne magistrado,
a) será proibido de exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que
se refere à cobrança de custas e emolumentos.
b) deverá residir na sede da comarca e comparecer pontualmente às oito horas da manhã para
iniciar o expediente, independente de autorização em sentido diverso.
c) precisará manter conduta irrepreensível na vida pública e particular, sendo-lhe vedado ser
acionista ou cotista de sociedade comercial.
d) será proibido de manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo
pendente de julgamento, seu ou de outrem.

015. (TJ/SP/2018/VUNESP/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Com relação aos direitos e


deveres dos magistrados, pode-se afirmar que
a) além das vedações estabelecidas pelo artigo 95, parágrafo único da Constituição Federal, o
Conselho Nacional de Justiça pode instituir vedações e restrições aos juízes, com fundamento
no artigo 103-B, § 4º, da Carta.
b) as penas de advertência e censura são aplicáveis por voto da maioria absoluta do respectivo
tribunal ou Conselho Nacional de Justiça, e as de remoção, disponibilidade e aposentadoria,
por voto da maioria absoluta deste.
c) a garantia da imparcialidade é estabelecida pelo artigo 95, parágrafo único, da Constituição
Federal sob a forma de vedações aos juízes, às quais se acrescentam aquelas previstas no
artigo 36 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LC 35/1975).
d) estão integralmente disciplinados pelo artigo 95 da Constituição Federal, razão por que, não
recepcionadas pela Constituição de 1988, não têm mais vigência as normas da Lei Orgânica
da Magistratura Nacional (LC 35/1975) que dispunham sobre a matéria.

016. (MPE/AP/2012/FCC/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) De acordo com a Lei


Orgânica da Magistratura Nacional (Lei Complementar n. 35/79), são vitalícios somente após
dois anos de exercício os
a) Juízes Federais.
b) Ministros do Superior Tribunal Militar.
c) Ministros do Supremo Tribunal Federal.
d) Desembargadores dos Tribunais de Justiça.
e) Ministros do Tribunal Superior do Trabalho.

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017. (TJ/RN/2018/COMPERVE/JUIZ LEIGO) Para responder à questão, considere a
situação abaixo.
Jorge, estudante de direito, interessado em futuramente seguir a carreira de delegado de polícia,
dialoga com o seu colega Pedro sobre suas preocupações com a estabilidade e a proteção
dessa profissão. Umas das grandes preocupações de Jorge envolve a possibilidade de ser
obrigado a mover-se constantemente de localidade geográfica. Pedro, a respeito do assunto,
expõe que, se é isso o que Jorge teme, o ideal é que ele siga uma carreira cujas garantias
busquem evitar esse tipo de infortúnio, como é o caso da magistratura e do Ministério Público.
Segundo Pedro, com base na Constituição Federal de 1988 e na Lei Complementar 35, de 14
de março de 1979, uma vez magistrado, Jorge
a) deverá ser removido sem o seu assentimento em situação de excepcional interesse público,
respeitada a legislação pertinente ao tema.
b) não poderá ser removido sem o seu assentimento, devendo ser respeitada a legislação
pertinente ao tema.
c) poderá ser removido sem o seu assentimento em situação de excepcional interesse público,
respeitada a legislação pertinente ao tema.
d) não deverá ser removido sem o seu assentimento, a menos que atingido o quórum de 3/5,
respeitada a legislação pertinente ao tema.

018. (TJ/AM/2013/FGV/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/ADAPTADA) No exercício do


poder disciplinar, a atuação do Conselho Nacional de Justiça tem natureza subsidiária às
corregedorias locais, sendo que somente poderá instaurar ou avocar processos nos casos em
que houver demonstração de inércia injustificada, impedimento ou suspeição das autoridades
responsáveis pela condução do procedimento

019. (PGE/PE/2019/CESPE/CEBRASPE/ASSISTENTE DE PROCURADORIA) Com relação ao


Conselho Nacional de Justiça (CNJ), julgue o próximo item.
Compete ao CNJ o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.

020. (TJ/DFT/2019/CESPE/CEBRASPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE


REGISTROS) No Poder Judiciário, composto majoritariamente por juízes de carreira, há um
instituto que visa à oxigenação de ideias, ao ampliar sua representatividade. Todavia, alega-
se que o referido instituto pode ser um meio de perpetrar a prática de nepotismo, porque os
seus critérios legais para a assunção ao cargo da magistratura são formais, não prevendo
requisitos qualitativos. Logo, critérios subjetivos e discricionários podem privilegiar candidatos
que detenham heranças de capitais simbólicos.
Willian Carneiro Bianeck. A porta dos fundos do Judiciário: o quinto constitucional e o
nepotismo. Internet: (com adaptações).
É correto afirmar que o quinto constitucional, referido no texto, será composto por membros do
Ministério Público e da advocacia que
a) tenham, pelo menos, dez anos de carreira, para atuar em todos os tribunais superiores.

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b) tenham, pelo menos, cinco anos de efetiva atividade profissional e reputação ilibada.
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c) sejam indicados em lista tríplice pelos respectivos órgãos de classe.


d) serão nomeados após escolha, pelo Poder Executivo, a partir de lista tríplice enviada pelo
respectivo tribunal.
e) serão nomeados após escolha, pelo STJ, a partir de lista sêxtupla indicada pelos órgãos de
representação das respectivas classes.

021. (PREFEITURA DE MATINHOS/PR/2019/NC-UFPR/ADVOGADO/ADAPTADA) O STF


é composto de onze Ministros, escolhidos entre cidadãos com mais de trinta e menos de
sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

022. (PREFEITURA DE MATINHOS/PR/2019/NC-UFPR/ADVOGADO/ADAPTADA) Os


Ministros do STF serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha
pela maioria absoluta do Congresso Nacional.

023. (SJDH/PE/2017/CESPE/CEBRASPE/AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA) Ao


Conselho Nacional de Justiça compete
a) o julgamento de ministros do Supremo Tribunal Federal que cometam crime de
responsabilidade.
b) o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, salvo o da atuação do
Supremo Tribunal Federal.
c) o reexame de decisões judiciais relativas a crimes de improbidade administrativa.
d) a elaboração do regimento interno dos tribunais estaduais.
e) a regulamentação dos cursos oficiais para ingresso na carreira de magistrado.

024. (TRE/BA/2017/CESPE/CEBRASPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA)


De acordo com a Constituição Federal de 1988, o órgão a que compete o controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos
juízes, além do encargo do recebimento e conhecimento de reclamações contra os serviços
auxiliares do Poder Judiciário, é o(a)
a) Tribunal de Contas da União.
b) Conselho Nacional de Justiça.
c) Procuradoria-Geral da República.
d) Supremo Tribunal Federal.
e) Corregedoria do Superior Tribunal de Justiça.

025. (TJ/AM/2019/CESPE/CEBRASPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO) No que concerne ao


Poder Judiciário e seus órgãos, julgue o item subsequente.
Cabe ao Estado organizar a respectiva justiça estadual.

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026. (TRT/9ª REGIÃO/2015/FCC/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Sobre as


garantias constitucionais que gozam os juízes e sobre as vedações as quais estão submetidos,
é correto afirmar que:
a) a vitaliciedade é adquirida na posse.
b) a irredutibilidade de subsídio é absoluta.
c) podem exercer atividade político-partidária.
d) podem ser submetidos a ato de remoção por motivo de interesse público.
e) podem exercer qualquer outro cargo ou função se estiverem em disponibilidade.

027. (TRE/TO/2017/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA)


É permitido ao magistrado
a) receber contribuições de entidades privadas a título gratuito.
b) exercer qualquer outro cargo, caso tenha disponibilidade durante o exercício da magistratura.
c) receber participação em processo no qual tenha atuado em substituição a juiz que se
encontrava no gozo de férias.
d) advogar perante juízo do qual tenha sido afastado por exoneração, desde que decorridos
três anos do afastamento.
e) envolver-se em atividades político-partidárias, desde que comunique à presidência do
respectivo tribunal.

028. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA/2013/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA TÉCNICO-


ADMINISTRATIVO) Em relação às atribuições e às competências dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, julgue o próximo item.
O presidente do Conselho Nacional de Justiça será o presidente do STF; e, nas suas ausências
e impedimentos, o substituto será o presidente do Superior Tribunal de Justiça.

029. (TJ/PA/2020/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/DIREITO) Considerando o


entendimento do STF acerca do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), julgue os itens a seguir.
I – Embora seja órgão do Poder Judiciário, o CNJ não é dotado de função jurisdicional.
II – O CNJ deve atuar somente se houver necessariamente o exaurimento da instância
administrativa ordinária.
III – O CNJ tem competência para apurar violações aos deveres funcionais dos magistrados e
servidores do Poder Judiciário.
IV – Não é permitido ao CNJ apreciar a constitucionalidade dos atos administrativos, mas
somente sua legalidade.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I e IV.

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c) III e IV.
d) I, II e III.
e) II, III e IV.

030. (TJ/AM/2019/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA


AVALIADOR) Julgue o item que se seguem, relativos ao Poder Judiciário.
Um terço das vagas nos tribunais de justiça é reservado a advogados de notório saber jurídico
e reputação ilibada com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e a membros do
Ministério Público com mais de dez anos de carreira.

031. (SEFAZ/AL/2020/CEBRASPE/AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL) Quanto à


organização dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, julgue o item a seguir.
Em razão da garantia de autonomia financeira, as propostas orçamentárias encaminhadas pelo
Poder Judiciário não se submetem aos limites impostos pela lei de diretrizes orçamentárias.

032. (TJ/DFT/2015/CEBRASPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/ADAPTADA) Compete ao


CNJ, instituído pela EC n. 45/2004 – Reforma do Judiciário,
a) receber e conhecer das reclamações em desfavor de órgãos prestadores de serviços
notariais e de registro, sem prejuízo da competência disciplinar e correcional dos tribunais
de justiça.
b) rever, de ofício ou mediante provocação, processos disciplinares de juízes e membros de
tribunais — exceto de integrantes de tribunais superiores — julgados há menos de um ano.
c) processar e julgar ação penal referente a crime contra a administração pública ou de abuso
de autoridade praticado por magistrado.
d) apreciar e julgar, em grau de recurso, ato jurisdicional prolatado por órgão judicial em
flagrante violação de dever funcional.

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GABARITO
1. b
2. a
3. e
4. e
5. c
6. a
7. b
8. a
9. b
10. e
11. a
12. e
13. b
14. d
15. c
16. a
17. c
18. E
19. C
20. d
21. E
22. E
23. b
24. b
25. C
26. d
27. d
28. E
29. b
30. E
31. E
32. a

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GABARITO COMENTADO
001. (CGU/2022/FGV/AUDITOR FEDERAL DE FINANÇAS E CONTROLE) Maria, juíza federal,
pela quinta vez alternada, faz parte da lista tríplice para promoção por merecimento a um dado
Tribunal Regional Federal.
Ao receber a lista, o presidente da República consultou sua assessoria a respeito de uma
possível preferência de Maria em relação aos dois outros integrantes da lista, sendo-lhe
corretamente informado que:
a) não há preferência no caso descrito, pois Maria figurou cinco vezes, de modo alternado, na
lista para promoção por merecimento;
b) Maria deve ser obrigatoriamente promovida, por ter figurado cinco vezes alternadas na lista
para promoção por merecimento;
c) há preferência, mas o chefe do Poder Executivo pode deixar de promover Maria mediante
ato devidamente fundamentado;
d) não há preferência, na situação narrada, na promoção de instância, pois só há preferência
na promoção para uma entrância superior;
e) não há preferência, pois a competência constitucional do chefe do Poder Executivo somente
observa balizamentos nas situações expressamente indicadas.

É obrigatória a promoção do juiz que figure três vezes consecutivas ou cinco alternadas em
lista de merecimento (art. 93, II, “a”, da CF/88).
Letra b.

002. (SSP/AM/2022/FGV/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR) Maria e Antônia, estudantes de


direito, travaram intenso debate a respeito do alcance da garantia da vitaliciedade. Ao final,
concluíram que essa garantia:
1. é adquirida após três anos de exercício;
2. permite que o agente ocupe o cargo até que decida dele se desligar ou venha a falecer;
3. exige sentença judicial transitada em julgado para que seja decretada a perda do cargo; e
4. assegura a permanência do agente no órgão que ocupa, salvo decisão do órgão colegiado
competente do Ministério Público, por motivo de interesse público.
À luz da sistemática constitucional, está correto apenas o que se conclui em
a) 3.
b) 1.
c) 1 e 4.
d) 1, 2 e 3.
e) 2, 3 e 4.

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1) Errada. A vitaliciedade é adquirida após dois anos de exercício (art. 95, I, da CF/88).
2) Errada. A vitaliciedade permite que o agente ocupe o cargo até que decida dele se desligar
voluntariamente, venha a falecer ou seja compulsoriamente aposentado.
3) Certa. Está de acordo com o art. 95, I, da CF/88; in verbis:

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo
a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;

4) Errada. A assertiva provavelmente está se referindo a garantia da inamovibilidade, responsável


por impedir que o magistrado, contra a sua vontade, seja colocado em disponibilidade, removido
ou promovido, salvo a hipótese de remoção compulsória com fundamento no interesse público,
prevista no art. 93, VIII, da CF.
Vejamos o que diz o texto constitucional:

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
***
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
VIII – o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público,
fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça, assegurada ampla defesa;
Letra a.

003. (TCE/AM/2021/FGV/AUDITOR TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO) Determinado Juiz


de Direito, titular de uma Vara de Família, apresentava baixa produtividade, demorando de
modo irrazoável na realização de audiências e na prolação de decisões, o que vinha causando
grande prejuízo ao interesse público. Afinal, inúmeros processos que ali tramitavam, a exemplo
das ações de alimentos, exigiam decisão célere. À luz desse quadro, um influente político da
região procurou seu advogado e perguntou se seria possível remover o Juiz, da referida Vara,
contra a sua vontade.
O advogado respondeu, corretamente, que as remoções dos Juízes de Direito:
a) precisam ser sempre voluntárias, em razão da garantia da inamovibilidade;
b) podem ser compulsórias, mas pressupõem prévia condenação criminal;
c) podem ser compulsórias, mas pressupõem prévia condenação por ato de improbidade
administrativa;
d) podem ser compulsórias, como nos fatos descritos, por decisão de dois terços do órgão
colegiado competente;
e) podem ser compulsórias, como nos fatos descritos, por decisão da maioria absoluta do
órgão colegiado competente.

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Os juízes gozam da garantia da inamovibilidade, responsável por impedir que o magistrado,


contra a sua vontade, seja colocado em disponibilidade, removido ou promovido, salvo a
hipótese de remoção compulsória com fundamento no interesse público, prevista no art. 93,
VIII, da CF/88 e que pressupõe decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou
do Conselho Nacional de Justiça,
Observem:

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
***
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
VIII – o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público,
fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça, assegurada ampla defesa;
Letra e.

004. (TJ/CE/2019/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO) Maria, Juíza de Direito titular há muitos anos


da Vara Única da Comarca Alfa, proferiu decisão que desagradou os interesses de diversas
pessoas poderosas, as quais propagaram que iriam providenciar a sua retirada forçada
da Comarca.
À luz da sistemática constitucional, em relação à remoção de Maria da Comarca Alfa, contra a
sua vontade, é correto afirmar que:
a) pode ser livremente efetivada, com base no princípio da eficiência;
b) só pode ocorrer por decisão judicial, após o processo ordinário regular;
c) pode ser efetivada apenas por decisão do Presidente do Tribunal de Justiça;
d) não pode ocorrer em hipótese alguma, considerando a garantia da inamovibilidade;
e) só pode ocorrer, por motivo de interesse público, pelo voto da maioria absoluta do colegiado
competente.

Em razão da garantia constitucional da inamovibilidade, a remoção de Maria da Comarca Alfa,


contra a sua vontade, só pode ocorrer, por motivo de interesse público, pelo voto da maioria
absoluta do colegiado competente, conforme disciplina o art. 93, VIII, da CF/88.

Art. 93. [...]


VIII – o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-
se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de
Justiça, assegurada ampla defesa;
Letra e.
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005. (TJ/CE/2019/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO) O Secretário de Finanças do Município Alfa


expediu ofício ao Presidente do Tribunal de Justiça informando que o setor técnico do Poder
Executivo concluíra a elaboração da proposta orçamentária do próximo exercício financeiro,
afeta ao Poder Judiciário. Solicitou que fosse informado caso houvesse alguma observação a
ser feita em relação à proposta antes do seu encaminhamento ao Poder Legislativo.
Considerando a sistemática constitucional, o proceder do Poder Executivo é:
a) correto, pois somente o Poder Executivo pode encaminhar o projeto de lei orçamentária ao
Poder Legislativo;
b) correto, pois a proposta elaborada pelo Poder Executivo deve ser aprovada pelo Judiciário,
que a encaminhará ao Legislativo;
c) incorreto, pois compete ao Tribunal de Justiça elaborar a sua proposta orçamentária,
observada a Lei de Diretrizes Orçamentárias;
d) incorreto, pois compete ao Poder Legislativo aprovar a proposta orçamentária que será
submetida à apreciação dos demais Poderes;
e) correto, pois a receita pública é arrecadada pelo Poder Executivo, daí decorrendo a sua
competência para fixar os limites da despesa pública.

Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira (art. 99 da CF/88).


A garantia da autonomia financeira significa que cada tribunal será o responsável pela
elaboração de sua proposta orçamentária, devendo encaminhá-la ao Poder Executivo, que
poderá fazer correções em casos de valores excessivos. Não havendo o encaminhamento,
será considerado o valor do orçamento aplicado no exercício atual.
No âmbito federal, a elaboração da proposta ficará a cargo do presidente do STF, pois é ele
quem recebe e consolida a proposta dos TRF´s e dos demais tribunais federais, assim como
dos tribunais superiores.
Sobre o tema, vejamos o que dispõe o art. 99 da CF/88:

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.


§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados
conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete:
I – no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,
com a aprovação dos respectivos tribunais;
II – no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de
Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.
Letra c.

006. (DPE/RJ/2019/FGV/TÉCNICO) O Tribunal de Justiça do Estado divulgou edital para a


promoção de cinco Juízes de Direito para uma entrância mais elevada da carreira.

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De acordo com a sistemática constitucional, essas promoções devem observar:
a) alternadamente, os critérios de antiguidade e merecimento;
b) apenas o critério de merecimento;
c) apenas o critério de antiguidade;
d) alternadamente, os critérios de antiguidade, merecimento e sorteio;
e) apenas o critério de sorteio.

De acordo com o art. 93, inciso II, da Constituição Federal, a promoção ocorrerá de entrância
para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento.

Art. 93 da CF. (...)


III – o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento, alternadamente,
apurados na última ou única entrância;
Letra a.

007. (DPE/RJ/2019/FGV/TÉCNICO) Determinado Prefeito Municipal, insatisfeito com a


atuação do Juiz de Direito da Comarca, que já contava com dez anos de efetivo exercício
na magistratura, solicitou ao Presidente do Tribunal de Justiça que o “demitisse” por decisão
administrativa. À luz da sistemática constitucional, o referido pedido é incompatível com a
garantia constitucional da:
a) inamovibilidade;
b) vitaliciedade;
c) irredutibilidade;
d) indisponibilidade;
e) inelegibilidade.

Nos termos do art. 95 da CF/88, a independência dos magistrados se expressa em três


espécies de garantias:
• Vitaliciedade;
• Inamovibilidade; e
• Irredutibilidade de subsídios.
Com relação a vitaliciedade, consagrada no art. 95, I, esta assegura ao magistrado vitaliciado a
prerrogativa de somente ser demitido após o trânsito em julgado de decisão judicial, afastando
qualquer possibilidade de perda do cargo por decisão meramente administrativa. O juiz não
vitaliciado, contudo, poderá perder o cargo por decisão do tribunal.
Assim dispõe o texto constitucional:

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Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo
a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
Letra b.

008. (TJ/SC/2018/FGV/ANALISTA JUDICIÁRIO) João, Juiz de Direito de entrância


intermediária, concorreu à promoção por antiguidade. Embora fosse o mais antigo entre os
concorrentes, o seu nome foi recusado pelo tribunal.
Considerando a sistemática constitucional de promoção por antiguidade, o tribunal:
a) pode recusar o mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços dos seus membros,
observados os demais requisitos;
b) pode recusar o mais antigo pela unanimidade dos seus membros, observado o contraditório
e a ampla defesa;
c) pode recusar o mais antigo pela maioria dos seus membros, em razão de condenação em
processo administrativo;
d) pode recusar o mais antigo, estando sua decisão sujeita ao referendo do Conselho Nacional
de Justiça;
e) não pode recusar o mais antigo, que possui direito subjetivo à nomeação.

Na apuração da antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada
ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação (art. 93, II, “d”, CF/88).
O STF guarda entendimento de que para verificar a satisfação do quórum de dois terços, não
deverão ser computados:
• Os cargos vagos; e
• Os cargos providos, mas cujos ocupantes estejam cautelarmente afastados do exercício
da função jurisdicional.
Noutra via, deverão ser levados em consideração, os cargos preenchidos por membros
afastados em caráter eventual, nesses incluídos todos aqueles que, juridicamente aptos a
exercer suas atribuições, estejam impedidos por motivos transitórios.
Letra a.

009. (TJ/SC/2018/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR) Antônio, Juiz de Direito, com o


objetivo de colaborar para o crescimento do País, estava refletindo sobre a possibilidade de
se filiar a um partido político e de se dedicar ao magistério superior, ministrando a disciplina
“Ciência Política.”
Considerando as vedações que recaem sobre os magistrados, Antônio:

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a) pode exercer o magistério e, autorizado pelo Tribunal, filiar-se a partido político;


b) apenas não pode filiar-se a partido político;
c) não pode praticar nenhuma das condutas;
d) apenas não pode exercer o magistério;
e) pode praticar ambas as condutas.

Conforme a Constituição Federal, aos juízes é vedado:


• Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério
(art. 95, parágrafo único, I, da CF)
• Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo (art. 95,
parágrafo único, II, da CF)
• Dedicar-se à atividade político-partidária (art. 95, parágrafo único, III, da CF)
• Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (art. 95,
parágrafo único, IV, da CF)
• Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (art. 95, parágrafo único, V)
Correta, portanto, a alternativa B, Antônio apenas não pode filiar-se a partido político, podendo,
porém, exercer uma função de magistério.
Letra b.

010. (TJ/AL– 2018/FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR) O Tribunal de Justiça do Estado


Beta encaminhou ao Chefe do Poder Executivo a sua proposta orçamentária anual, a qual
foi devolvida sob o argumento de equívoco no destinatário e na ausência de legitimidade do
Tribunal para elaborá-la.
À luz da narrativa acima e da sistemática constitucional, o entendimento do Chefe do Poder
Executivo está:
a) totalmente equivocado, pois o Poder Judiciário, em razão de sua autonomia, deve elaborar
a sua proposta orçamentária e encaminhá-la ao Poder Executivo;
b) parcialmente certo, pois, apesar de o Poder Judiciário não ter legitimidade para elaborar a
sua proposta orçamentária, a análise inicial é feita pelo Poder Executivo;
c) parcialmente certo, pois o Poder Judiciário tem legitimidade para elaborar a sua proposta
orçamentária, mas deve encaminhá-la ao Poder Legislativo;
d) parcialmente certo, pois o Poder Judiciário tem legitimidade para elaborar a sua proposta
orçamentária, mas deve encaminhá-la ao Conselho Nacional de Justiça;
e) totalmente certo, pois a proposta orçamentária é elaborada pelo Poder Executivo, responsável
pela arrecadação tributária, e deve ser encaminhada ao Poder Legislativo.

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O entendimento do Chefe do Poder Executivo está totalmente equivocado, pois o Poder


Judiciário, em razão de sua autonomia, deve elaborar a sua proposta orçamentária e encaminhá-
la ao Poder Executivo.
A Constituição Federal expressamente assegurou autonomia financeira ao Poder Judiciário
(art. 99), de modo que em âmbito estadual, cada tribunal será o responsável pela elaboração
de sua proposta orçamentária, devendo encaminhá-la ao Poder Executivo, que poderá fazer
correções em casos de valores excessivos. Não havendo o encaminhamento, será considerado
o valor do orçamento aplicado no exercício atual.
Letra e.

011. (PREFEITURA DE CAMPO GRANDE/MS/2019/PUC/PR/AUDITOR FISCAL DA RECEITA


MUNICIPAL) Considerando as alternativas referentes ao Poder Judiciário e o estatuto
constitucional da magistratura, está CORRETO afirmar que
a) aos juízes, é vedado o exercício da advocacia no juízo ou tribunal que integravam antes de
decorridos três anos do afastamento por aposentadoria ou exoneração.
b) o ingresso na carreira se dá no cargo de Juiz Substituto, exigindo-se do bacharel em direito,
no mínimo, dois anos de atividade jurídica.
c) as sessões administrativas dos Tribunais serão reservadas, sendo públicos os julgamentos
dos Órgãos do Poder Judiciário, ressalvados, neste último caso, os casos de sigilo
previstos em lei.
d) os atos de remoção, disponibilidade e aposentadoria dos magistrados por interesse público
serão tomados por decisão da maioria simples dos Tribunais ou do Conselho Nacional
de Justiça.
e) o Conselho Nacional de Justiça deve conter em sua composição um Juiz Estadual indicado
pelo Superior Tribunal de Justiça.

a) Certa. É o que determina o art. 95, parágrafo único, III, da CF/88; in verbis:

Parágrafo único. Aos juízes é vedado:


I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II – receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III – dedicar-se à atividade político-partidária.
IV – receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;

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V – exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anosBorelli
do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
b) Errada. O art. 93, inciso I, da CF/88, disciplina a regra geral de acesso à magistratura,
estabelecendo que o “ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, se dará
mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de
atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação.”
c) Errada. As sessões administrativas dos Tribunais serão públicas, na forma do art. 93,
X, da CF/88:

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
[...]
X – as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
d) Errada. Os atos de remoção, disponibilidade e aposentadoria dos magistrados por interesse
público serão tomados por decisão da maioria absoluta (e não da maioria simples!) dos
Tribunais ou do Conselho Nacional de Justiça.
Nesse sentido, art. 93, VIII, da CF/88:

Art. 93. [...]


VIII – o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-
se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de
Justiça, assegurada ampla defesa;
e) Errada. O Conselho Nacional de Justiça deve conter em sua composição um Juiz Estadual
indicado pelo Supremo Tribunal Federal (e não pelo Superior Tribunal de Justiça!).
Nesse sentido, art. 103-B, V, da CF/88:

Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2
(dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo:
[...]
V – um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
Letra a.

012. (DPE/RJ/2019/FGV/TÉCNICO) João, Juiz de Direito da Vara única da Comarca Alfa,


vinha causando sérios problemas às partes nos processos judiciais, o que decorria da demora
para despachar e para decidir os feitos submetidos à sua apreciação.
Considerando esse estado de coisas, um assistido da Defensoria Pública questionou sobre a
possibilidade de João ser removido compulsoriamente do órgão em que se encontrava, sendo
respondido corretamente que tal:
a) não é possível, por força da garantia da inamovibilidade;

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b) é possível, desde que fosse decretada, em caráter prévio, a aposentadoria compulsória de João;
c) é possível, preenchidos os requisitos exigidos, por decisão exclusiva do Conselho Nacional
de Justiça;
d) é possível, preenchidos os requisitos exigidos, por decisão exclusiva do tribunal a que João
está vinculado;
e) é possível, preenchidos os requisitos exigidos, por decisão do Conselho Nacional de Justiça
ou do tribunal a que João está vinculado.

Os juízes gozam da garantia da inamovibilidade, responsável por impedir que o magistrado,


contra a sua vontade, seja colocado em disponibilidade, removido ou promovido, salvo a
hipótese de remoção compulsória com fundamento no interesse público, prevista no art. 93,
VIII, da CF/88 e que pressupõe decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou
do Conselho Nacional de Justiça.
Observem:

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
***
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
VIII – o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público,
fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça, assegurada ampla defesa;
Letra e.

013. (TJ/PA/2019/CESPE/CEBRASPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) De acordo com


a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, o magistrado no exercício de cargo vitalício pode,
simultaneamente, exercer uma função no magistério, desde que o cargo seja em
a) curso oficial de preparação para judicatura ou aperfeiçoamento de magistrados.
b) magistério superior e haja correlação de matérias e compatibilidade de horários, sendo
vedado o desempenho de função de direção técnica ou administrativa.
c) estabelecimento público e haja compatibilidade de horários e correlação de matérias, sendo
vedado o desempenho em estabelecimento de ensino privado.
d) estabelecimento público de nível médio ou superior e haja compatibilidade de horários e
correlação de matérias, sendo vedado o desempenho de função técnica ou administrativa.

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e) curso oficial de preparação para judicatura ou aperfeiçoamento de magistrados, incluindo


função de direção administrativa ou técnica do magistério superior.

A questão encontra ampara no art. 26, § 1º, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LC n.
35/1979):

Art. 26. [...]


§ 1º O exercício de cargo de magistério superior, público ou particular, somente será permitido
se houver correlação de matérias e compatibilidade de horários, vedado, em qualquer hipótese, o
desempenho de função de direção administrativa ou técnica de estabelecimento de ensino.
Letra b.

014. (TJ/RN/2018/COMPERVE/JUIZ LEIGO) Jorge, estudante de direito, interessado em


futuramente seguir a carreira de delegado de polícia, dialoga com o seu colega Pedro sobre
suas preocupações com a estabilidade e a proteção dessa profissão. Umas das grandes
preocupações de Jorge envolve a possibilidade de ser obrigado a mover-se constantemente
de localidade geográfica. Pedro, a respeito do assunto, expõe que, se é isso o que Jorge teme,
o ideal é que ele siga uma carreira cujas garantias busquem evitar esse tipo de infortúnio,
como é o caso da magistratura e do Ministério Público.
Encantado com a segurança jurídica que o direito positivo busca oferecer à magistratura, Jorge
diz a Pedro que já começa a cogitar mudar o foco do concurso que realizará no futuro. Pedro,
no entanto, expõe a Jorge que a magistratura também possui os seus deveres e proibições,
como não poderia deixar de ser. Pedro, assim, com base na Constituição Federal de 1988 e
na Lei Complementar 35, de 14 de março de 1979, diz a Jorge que, uma vez que ele se torne
magistrado,
a) será proibido de exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que
se refere à cobrança de custas e emolumentos.
b) deverá residir na sede da comarca e comparecer pontualmente às oito horas da manhã para
iniciar o expediente, independente de autorização em sentido diverso.
c) precisará manter conduta irrepreensível na vida pública e particular, sendo-lhe vedado ser
acionista ou cotista de sociedade comercial.
d) será proibido de manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo
pendente de julgamento, seu ou de outrem.

a) Errada. Segundo a LOMAN, art. 35, VII, é dever do magistrado exercer assídua fiscalização
sobre os subordinados, especialmente no que se refere à cobrança de custas e emolumentos.

Art. 35 – São deveres do magistrado:

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[...]
VIl – exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à cobrança
de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes;
b) Errada. Conforme a LOMAN, art. 35, V e VI, é dever do magistrado residir na sede da comarca
e comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se ausentar
injustificadamente antes de seu término.

Art. 35 – São deveres do magistrado:


[...]
V – residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver subordinado;
VI – comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se ausentar
injustificadamente antes de seu término;

c) Errada. Realmente, ao magistrado se impõe manter conduta irrepreensível na vida pública


e particular (art. 35, VIII da LOMAN), contudo lhe é permitido ser acionista ou cotista de
sociedade comercial (art. 36, I da LOMAN).
Vejamos:

LOMAN:
Art. 35 – São deveres do magistrado:
[...]
VIII – manter conduta irrepreensível na vida pública e particular.
***
Art. 36 – É vedado ao magistrado:
I – exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto
como acionista ou quotista;

d) Certa. Trata-se de vedação imposta no art. 36, III da LOMAN; in verbis:

Art. 36 – É vedado ao magistrado:


[...]
III – manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento,
seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais,
ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.

Em razão da importância do tema, façamos a leitura dos artigos 35 e 36 da LOMAN na íntegra:

Art. 35. São deveres do magistrado:


I – Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os
atos de ofício;
II – não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar;
III – determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem nos prazos
legais;

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IV – tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as


testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a qualquer
momento, quanto se trate de providência que reclame e possibilite solução de urgência.
V – residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver subordinado;
VI – comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se ausentar
injustificadamente antes de seu término;
VIl – exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à cobrança
de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes;
VIII – manter conduta irrepreensível na vida pública e particular.
Art. 36. É vedado ao magistrado:
I – exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto
como acionista ou quotista;
II – exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer
natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração;
III – manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento,
seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais,
ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.
Letra d.

015. (TJ/SP/2018/VUNESP/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Com relação aos direitos e


deveres dos magistrados, pode-se afirmar que
a) além das vedações estabelecidas pelo artigo 95, parágrafo único da Constituição Federal, o
Conselho Nacional de Justiça pode instituir vedações e restrições aos juízes, com fundamento
no artigo 103-B, § 4º, da Carta.
b) as penas de advertência e censura são aplicáveis por voto da maioria absoluta do respectivo
tribunal ou Conselho Nacional de Justiça, e as de remoção, disponibilidade e aposentadoria,
por voto da maioria absoluta deste.
c) a garantia da imparcialidade é estabelecida pelo artigo 95, parágrafo único, da Constituição
Federal sob a forma de vedações aos juízes, às quais se acrescentam aquelas previstas no
artigo 36 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LC 35/1975).
d) estão integralmente disciplinados pelo artigo 95 da Constituição Federal, razão por que, não
recepcionadas pela Constituição de 1988, não têm mais vigência as normas da Lei Orgânica
da Magistratura Nacional (LC 35/1975) que dispunham sobre a matéria.

a) Errada. Ao Conselho Nacional de Justiça não compete criar novas vedações para os juízes,
além daquelas estampadas no texto constitucional e na LOMAN.
b) Errada. Segundo o art. 93, VIII, da CF/88:

Art. 93. [...]

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VIII – o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público,


fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça, assegurada ampla defesa;

Logo, incorreto afirmar que as penas de remoção, disponibilidade e aposentadoria somente


podem ser aplicadas pelo CNJ, pois também competente o respectivo tribunal ao qual está
vinculado o magistrado punido.
c) Certa. Perfeito, é isso mesmo.
No art. 95, parágrafo único, III, da CF/88 temos que:

Parágrafo único. Aos juízes é vedado:


I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II – receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III – dedicar-se à atividade político-partidária.
IV – receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V – exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Complementando o tem, artigo 36 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LC 35/1975):

Art. 36. É vedado ao magistrado:


I – exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto
como acionista ou quotista;
II – exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer
natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração;
III – manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento,
seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais,
ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.

d) Errada. De acordo com o STF, a LOMAN foi recepcionada pelo atual texto constitucional,
de modo que “até o advento da lei complementar prevista no art. 93, caput, da Constituição de
1988, o Estatuto da Magistratura será disciplinado pelo texto da LC 35/1979, que foi recebida
pela Constituição.”25
Portanto, para que seja possível compreender adequadamente o regime jurídico da magistratura
é necessário conjugar a Constituição Federal de 1988 com a LOMAN.
A LOMAN, aliás, não prevê somente direitos e deveres aos magistrados, mas também assegura
o pleno exercício da jurisdição, evitando a usurpação das competências constitucionais
conferidas ao Judiciário nacional.
Letra c.

25
ADI 1.985, rel. min. Eros Grau, DJ. 03.03.2005, DJ de 13.05.2005.

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016. (MPE/AP/2012/FCC/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) De acordo com a Lei


Orgânica da Magistratura Nacional (Lei Complementar n. 35/79), são vitalícios somente após
dois anos de exercício os
a) Juízes Federais.
b) Ministros do Superior Tribunal Militar.
c) Ministros do Supremo Tribunal Federal.
d) Desembargadores dos Tribunais de Justiça.
e) Ministros do Tribunal Superior do Trabalho.

De acordo com a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Lei Complementar n. 35/79), são
vitalícios somente após dois anos de exercício os Juízes Federais.
É que os Ministros do Superior Tribunal Militar, do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal
Superior do Trabalho, bem como os Desembargadores dos Tribunais de Justiça, adquirem
vitaliciedade já na posse.
Observem:

LOMAM:
Art. 22 – São vitalícios:
I – a partir da posse:
a) os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) os Ministros do Tribunal Federal de Recursos;
c) os Ministros do Superior Tribunal Militar;
d) os Ministros e Juízes togados do Tribunal Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do
Trabalho;
e) os Desembargadores, os Juízes dos Tribunais de Alçada e dos Tribunais de segunda instância da
Justiça Militar dos Estados;
II – após dois anos de exercício:
a) os Juízes Federais;
b) os Juízes Auditores e Juízes Auditores substitutos da Justiça Militar da União;
c) os Juízes do Trabalho Presidentes de Junta de Conciliação e Julgamento e os Juízes do Trabalho
Substitutos;
d) os Juízes de Direito e os Juízes substitutos da Justiça dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, bem assim os Juízes Auditores da Justiça Militar dos Estados.
Letra a.

017. (TJ/RN/2018/COMPERVE/JUIZ LEIGO) Para responder à questão, considere a


situação abaixo.
Jorge, estudante de direito, interessado em futuramente seguir a carreira de delegado de polícia,
dialoga com o seu colega Pedro sobre suas preocupações com a estabilidade e a proteção
dessa profissão. Umas das grandes preocupações de Jorge envolve a possibilidade de ser

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obrigado a mover-se constantemente de localidade geográfica. Pedro, a respeito do assunto,


expõe que, se é isso o que Jorge teme, o ideal é que ele siga uma carreira cujas garantias
busquem evitar esse tipo de infortúnio, como é o caso da magistratura e do Ministério Público.
Segundo Pedro, com base na Constituição Federal de 1988 e na Lei Complementar 35, de 14
de março de 1979, uma vez magistrado, Jorge
a) deverá ser removido sem o seu assentimento em situação de excepcional interesse público,
respeitada a legislação pertinente ao tema.
b) não poderá ser removido sem o seu assentimento, devendo ser respeitada a legislação
pertinente ao tema.
c) poderá ser removido sem o seu assentimento em situação de excepcional interesse público,
respeitada a legislação pertinente ao tema.
d) não deverá ser removido sem o seu assentimento, a menos que atingido o quórum de 3/5,
respeitada a legislação pertinente ao tema.

Segundo Pedro, com base na Constituição Federal de 1988 e na Lei Complementar 35, de 14 de
março de 1979, uma vez magistrado, Jorge poderá ser removido sem o seu assentimento em
situação de excepcional interesse público, respeitada a legislação pertinente ao tema.
Em razão do princípio da inamovibilidade, assegurado aos membros do Poder Judiciário, a
remoção depende da concordância do magistrado. Há no art. 93, VIII, da CF, contudo, hipótese de
remoção compulsória punitiva, quando ocorrerá o deslocamento do magistrado por interesse
público, mediante decisão da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), em procedimento que assegure a ampla defesa.
Segundo o art. 93, VIII, da CF/88:

Art. 93. [...]


VIII – o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público,
fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça, assegurada ampla defesa;
Letra c.

018. (TJ/AM/2013/FGV/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/ADAPTADA) No exercício do


poder disciplinar, a atuação do Conselho Nacional de Justiça tem natureza subsidiária às
corregedorias locais, sendo que somente poderá instaurar ou avocar processos nos casos em
que houver demonstração de inércia injustificada, impedimento ou suspeição das autoridades
responsáveis pela condução do procedimento

No exercício do poder disciplinar, a atuação do Conselho Nacional de Justiça tem natureza


concorrente (e não subsidiária!) com as corregedorias locais, na forma do art. 103-B, § 4º, III

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§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e
do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
[...]
III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro
que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar
e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a
remoção ou a disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
Errado.

019. (PGE/PE/2019/CESPE/CEBRASPE/ASSISTENTE DE PROCURADORIA) Com relação ao


Conselho Nacional de Justiça (CNJ), julgue o próximo item.
Compete ao CNJ o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.

De fato, compete ao CNJ, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto
da Magistratura, o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.

Art. 103-B, CF. (...)


§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e
do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
(...)
Certo.

020. (TJ/DFT/2019/CESPE/CEBRASPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE


REGISTROS) No Poder Judiciário, composto majoritariamente por juízes de carreira, há um
instituto que visa à oxigenação de ideias, ao ampliar sua representatividade. Todavia, alega-
se que o referido instituto pode ser um meio de perpetrar a prática de nepotismo, porque os
seus critérios legais para a assunção ao cargo da magistratura são formais, não prevendo
requisitos qualitativos. Logo, critérios subjetivos e discricionários podem privilegiar candidatos
que detenham heranças de capitais simbólicos.
Willian Carneiro Bianeck. A porta dos fundos do Judiciário: o quinto constitucional e o
nepotismo. Internet: (com adaptações).
É correto afirmar que o quinto constitucional, referido no texto, será composto por membros do
Ministério Público e da advocacia que
a) tenham, pelo menos, dez anos de carreira, para atuar em todos os tribunais superiores.
b) tenham, pelo menos, cinco anos de efetiva atividade profissional e reputação ilibada.
c) sejam indicados em lista tríplice pelos respectivos órgãos de classe.

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d) serão nomeados após escolha, pelo Poder Executivo, a partir de lista tríplice enviada pelo
respectivo tribunal.
e) serão nomeados após escolha, pelo STJ, a partir de lista sêxtupla indicada pelos órgãos de
representação das respectivas classes.

a) Errada. Com exceção do TST (art. 111-A, CF), não existe quinto constitucional nos tribunais
superiores (STF, STF, TSE e STM)
b) Errada. O art. 94, da CF, exige mais de 10 anos (não são 5 anos!) de efetiva atividade
profissional e reputação ilibada.
Vejamos:

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez
anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.

c) Errada. Os membros do Ministério Público e da advocacia serão indicados em lista SEXTUPLA


pelos órgãos de representação das respectivas classes.
d) Certa. É o que estabelece o parágrafo único do art. 94.
e) Errada. Serão nomeados após escolha, pelo Poder Executivo (não é o STJ que escolhe!), a
partir de lista TRÍPLICE.
Funciona assim: os órgãos de representação das classes encaminharão lista sêxtupla para o
tribunal, que irá reduzi-la para uma lista tríplice e encaminha-la para o Chefe do Poder Executivo.
Letra d.

021. (PREFEITURA DE MATINHOS/PR/2019/NC-UFPR/ADVOGADO/ADAPTADA) O STF


é composto de onze Ministros, escolhidos entre cidadãos com mais de trinta e menos de
sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

Para ser Ministro do STF o cidadão deve ter mais 35 (e não mais de 30 anos!) e menos de 70
anos de idade conforme o art. 101 da CF.

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos
com mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade, de notável saber jurídico e reputação
ilibada. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 122, de 2022)
Errado.

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022. (PREFEITURA DE MATINHOS/PR/2019/NC-UFPR/ADVOGADO/ADAPTADA) Os


Ministros do STF serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha
pela maioria absoluta do Congresso Nacional.

Compete ao Senado Federal (e não ao Congresso Nacional!) aprovar por maioria absoluta o
nome indicado pelo Presidente da República para ocupar o posto de Ministro do STF.

Art. 101. (...)


Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
Errado.

023. (SJDH/PE/2017/CESPE/CEBRASPE/AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA) Ao


Conselho Nacional de Justiça compete
a) o julgamento de ministros do Supremo Tribunal Federal que cometam crime de
responsabilidade.
b) o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, salvo o da atuação do
Supremo Tribunal Federal.
c) o reexame de decisões judiciais relativas a crimes de improbidade administrativa.
d) a elaboração do regimento interno dos tribunais estaduais.
e) a regulamentação dos cursos oficiais para ingresso na carreira de magistrado.

a) Errada. Compete ao Senado Federal julgar os ministros do Supremo Tribunal Federal que
cometam crime de responsabilidade, conforme o art. 52, II, da CF.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


(...)
II – processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho
Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República
e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
b) Certa. De fato, ao CNJ compete o controle da atuação administrativa, financeira e disciplinar
do Poder Judiciário, salvo o da atuação do Supremo Tribunal Federal. Isso porque o STF,
enquanto órgão máximo do Poder Judiciário nacional, é o órgão responsável por controlar os
atos praticados pelo CNJ, não estando sujeito a qualquer das competências do Conselho.
Trata-se de posição já consolidada no âmbito da Corte Constitucional, tal como se verificou no
julgamento da ADI n. 3.367.

JURISPRUDÊNCIA

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EMENTAS: (...) 4. PODER JUDICIÁRIO. Conselho Nacional de Justiça. Órgão de natureza
exclusivamente administrativa. Atribuições de controle da atividade administrativa,
financeira e disciplinar da magistratura. Competência relativa apenas aos órgãos e juízes
situados, hierarquicamente, abaixo do Supremo Tribunal Federal. Preeminência deste,
como órgão máximo do Poder Judiciário, sobre o Conselho, cujos atos e decisões estão
sujeitos a seu controle jurisdicional. Inteligência dos art. 102, caput, inc. I, letra “r”, e § 4º,
da CF. O Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma competência sobre o Supremo
Tribunal Federal e seus ministros, sendo esse o órgão máximo do Poder Judiciário
nacional, a que aquele está sujeito. (...)
(ADI 3367, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 13/04/2005)
(grifos nossos)

Sobre o tema, vejamos também o art.103-B, § 4º, da CF:

§ 4º. Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e


do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
(...)
c) Errada. O CNJ é órgão com atribuições de natureza exclusivamente administrativa, de modo
que lhe é vedado decidir sobre questões que já estejam sendo objeto de ação judicial, sob pena
de estar assumindo funções jurisdicionais. É dizer, o CNJ não pode exercer função jurisdicional.
Logo, está errado afirmar que poderá efetuar o reexame de decisões judiciais.
d) Errada. A elaboração do regimento interno dos tribunais estaduais compete aos próprios
tribunais estaduais.
Nesse sentido, façamos a leitura do art. 96, I, “a”, da CF:

Art. 96. Compete privativamente:


I – aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de
processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento
dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
e) Errada. De acordo com o art. 105, parágrafo único, I, da CF, compete a Escola Nacional
de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados a regulamentação dos cursos oficiais para
ingresso na carreira de magistrado.

Art. 105. (...)


Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça:
I – a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras
funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira.
Letra b.

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024. (TRE/BA/2017/CESPE/CEBRASPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA)


De acordo com a Constituição Federal de 1988, o órgão a que compete o controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos
juízes, além do encargo do recebimento e conhecimento de reclamações contra os serviços
auxiliares do Poder Judiciário, é o(a)
a) Tribunal de Contas da União.
b) Conselho Nacional de Justiça.
c) Procuradoria-Geral da República.
d) Supremo Tribunal Federal.
e) Corregedoria do Superior Tribunal de Justiça.

Questão supertranquila!
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) é o órgão competente para exercer controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos
juízes (art. 103-B, § 4º, da CF), além do encargo do recebimento e conhecimento de reclamações
contra os serviços auxiliares do Poder Judiciário (art. 103-B, § 4º, III).
Vejamos:

Art. 103-B, § 4º. Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras
atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
(...)
III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro
que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar
e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a
remoção ou a disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
Letra b.

025. (TJ/AM/2019/CESPE/CEBRASPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO) No que concerne ao


Poder Judiciário e seus órgãos, julgue o item subsequente.
Cabe ao Estado organizar a respectiva justiça estadual.

Conforme o art. 125 da Constituição Federal:

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
Destarte, correto afirmar que cabe ao Estado organizar a respectiva justiça estadual.

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Certo.

026. (TRT/9ª REGIÃO/2015/FCC/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Sobre as


garantias constitucionais que gozam os juízes e sobre as vedações as quais estão submetidos,
é correto afirmar que:
a) a vitaliciedade é adquirida na posse.
b) a irredutibilidade de subsídio é absoluta.
c) podem exercer atividade político-partidária.
d) podem ser submetidos a ato de remoção por motivo de interesse público.
e) podem exercer qualquer outro cargo ou função se estiverem em disponibilidade.

a) Errada. A vitaliciedade dos juízes será adquirida após dois anos de exercício no cargo e não
na posse.

Art. 95 da CF. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo
a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
b) Errada. O próprio texto constitucional prevê situações excepcionais em que será possível a
redução do subsídio dos juízes, logo, a irredutibilidade é relativa e não absoluta.

Art. 95 da CF. Os juízes gozam das seguintes garantias:


III – irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III,
e 153, § 2º, I.
c) Errada. Segundo o art. 95, parágrafo único, III, da CF:

Art. 95 da CF. (...)


Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
III – dedicar-se à atividade político-partidária.
d) Certa. Consoante o art. 95, II, da CF:

Art. 95 da CF. Os juízes gozam das seguintes garantias:


II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
Art. 93 da CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto
da Magistratura, observados os seguintes princípios:
VIII – o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público,
fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça, assegurada ampla defesa;
e) Errada. Determina o art. 95, parágrafo único, I, da CF, que:

Art. 95 da CF. (...)

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Parágrafo único. Aos juízes é vedado:


I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
Letra d.

027. (TRE/TO/2017/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA)


É permitido ao magistrado
a) receber contribuições de entidades privadas a título gratuito.
b) exercer qualquer outro cargo, caso tenha disponibilidade durante o exercício da magistratura.
c) receber participação em processo no qual tenha atuado em substituição a juiz que se
encontrava no gozo de férias.
d) advogar perante juízo do qual tenha sido afastado por exoneração, desde que decorridos
três anos do afastamento.
e) envolver-se em atividades político-partidárias, desde que comunique à presidência do
respectivo tribunal.

A questão versa sobre as vedações incidentes sobre os magistrados, de modo que antes de
analisarmos individualmente cada alternativa é crucial fazemos a leitura do art. 95, parágrafo
único da CF/88:

Art. 95. (...)


Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II – receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III – dedicar-se à atividade político-partidária.
IV – receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V – exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Posto isso, vamos ao exame das assertivas.


a) Errada. É vedado ao magistrado receber, a qualquer título ou pretexto, contribuições de
entidades privadas, nos termos do art. 95, parágrafo único, IV, da CF.
b) Errada. Via de regra, é vedado ao magistrado exercer, ainda que em disponibilidade, outro
cargo durante o exercício da magistratura. Excepcionalmente, porém, poderá exercer uma
função de magistério, conforme o art. 95, parágrafo único, I, da CF.
c) Errada. É vedado ao magistrado receber, a qualquer título ou pretexto, participação em
processo, conforme o art. 95, parágrafo único, II, da CF.
d) Certa. De fato, a Constituição Federal, art. 95, parágrafo único, V, permite ao magistrado
advogar perante juízo do qual tenha sido afastado por exoneração, desde que decorridos três
anos do afastamento.

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e) Errada. É vedado ao magistrado envolver-se em atividades político-partidárias, nos termos


do art. 95, parágrafo único, III, da CF.
Letra d.

028. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA/2013/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA TÉCNICO-


ADMINISTRATIVO) Em relação às atribuições e às competências dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, julgue o próximo item.
O presidente do Conselho Nacional de Justiça será o presidente do STF; e, nas suas ausências
e impedimentos, o substituto será o presidente do Superior Tribunal de Justiça.

O art. 103-B, § 1º, da CF, impõe que:

O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e
impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Errado.

029. (TJ/PA/2020/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/DIREITO) Considerando o


entendimento do STF acerca do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), julgue os itens a seguir.
I – Embora seja órgão do Poder Judiciário, o CNJ não é dotado de função jurisdicional.
II – O CNJ deve atuar somente se houver necessariamente o exaurimento da instância
administrativa ordinária.
III – O CNJ tem competência para apurar violações aos deveres funcionais dos magistrados e
servidores do Poder Judiciário.
IV – Não é permitido ao CNJ apreciar a constitucionalidade dos atos administrativos, mas
somente sua legalidade.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) II, III e IV.

Estão certos apenas os itens I e IV!


I: Certo. De acordo com o § 4º, do art. 103-B, da CF, “compete ao Conselho o controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos
juízes (...)”, de modo que o STF em diversas oportunidades já assentou que o CNJ é órgão de
natureza exclusivamente administrativa, não dotado de competência jurisdicional.
Um exemplo:
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JURISPRUDÊNCIA
(...) esta Suprema Corte em distintas ocasiões já afirmou que o CNJ não é dotado de
competência jurisdicional, sendo mero órgão administrativo. Assim sendo, a Resolução
135, ao classificar o CNJ e o CJF de “tribunal”, (...) simplesmente disse – até porque mais
não poderia dizer – que as normas que nela se contêm aplicam-se também aos referidos
órgãos.
(ADI 4.638 MC-REF, rel. min. Marco Aurélio, voto do min. Ricardo Lewandowski, j. 8-2-
2012, P, DJE de 30-10-2014.) (Grifos nossos)

II: Errado. Ao contrário, prevalece na jurisprudência do STF que:

JURISPRUDÊNCIA
não há necessidade de exaurimento da instância administrativa ordinária para a atuação
do CNJ. Competência concorrente, e não subsidiária. (MS 28.620, rel. min. Dias Toffoli, j.
23-9-2014, 1ª T, DJE de 8-10-2014.)

III: Errado. O CNJ limita-se a apurar violações aos deveres funcionais dos magistrados.
Novamente, vejamos o § 4º, do art. 103-B, da CF, que assim prevê:

§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e


do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: (...)

IV: Certo. Está firmado que:

JURISPRUDÊNCIA
O CNJ, embora seja órgão do Poder Judiciário, nos termos do art. 103-B, § 4º, II, da CF,
possui, tão somente, atribuições de natureza administrativa e, nesse sentido, não lhe é
permitido apreciar a constitucionalidade dos atos administrativos, mas somente sua
legalidade. (MS 28.872 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 24-2-2011, P, DJE de 18-3-
2011.) (Grifos nossos)

Letra b.

030. (TJ/AM/2019/CESPE/CEBRASPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA


AVALIADOR) Julgue o item que se seguem, relativos ao Poder Judiciário.
Um terço das vagas nos tribunais de justiça é reservado a advogados de notório saber jurídico
e reputação ilibada com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e a membros do
Ministério Público com mais de dez anos de carreira.

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Cuidado! Um quinto (e não um terço) das vagas nos tribunais de justiça é reservado a
advogados de notório saber jurídico e reputação ilibada com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional e a membros do Ministério Público com mais de dez anos de carreira.
É o que estabelece o art. 94 da CF:

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez
anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.
Errado.

031. (SEFAZ/AL/2020/CEBRASPE/AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL) Quanto à


organização dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, julgue o item a seguir.
Em razão da garantia de autonomia financeira, as propostas orçamentárias encaminhadas pelo
Poder Judiciário não se submetem aos limites impostos pela lei de diretrizes orçamentárias.

As propostas orçamentárias encaminhadas pelo Poder Judiciário se submetem aos limites


impostos pela lei de diretrizes orçamentárias, conforme o art. 99, § 1º, da CF:

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.


(...)
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados
conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
Errado.

032. (TJ/DFT/2015/CEBRASPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/ADAPTADA) Compete ao


CNJ, instituído pela EC n. 45/2004 – Reforma do Judiciário,
a) receber e conhecer das reclamações em desfavor de órgãos prestadores de serviços
notariais e de registro, sem prejuízo da competência disciplinar e correcional dos tribunais
de justiça.
b) rever, de ofício ou mediante provocação, processos disciplinares de juízes e membros de
tribunais — exceto de integrantes de tribunais superiores — julgados há menos de um ano.
c) processar e julgar ação penal referente a crime contra a administração pública ou de abuso
de autoridade praticado por magistrado.
d) apreciar e julgar, em grau de recurso, ato jurisdicional prolatado por órgão judicial em
flagrante violação de dever funcional.

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a) Certa. Está de acordo com o art. 103-B, § 4º, III, da CF, in verbis:

Art. 103-B. (...)


§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e
do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: (Incluído pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004)
(...)
III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro
que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar
e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a
remoção ou a disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
(Redação dada pela Emenda Constitucional n. 103, de 2019)

b) Errada. A assertiva trata da competência do CNJ estampada no art. 103-B, § 4º, V, da CF, que
não excepciona os integrantes de tribunais superiores.

Art. 103-B. (...)


§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e
do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: (Incluído pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004)
(...)
V – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de
tribunais julgados há menos de um ano; (Incluído pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004)

c) Errada. O CNJ não possui competência para julgar ações penais, até porque nem mesmo
exerce função jurisdicional, correspondendo a órgão de natureza exclusivamente administrativa.
d) Errada. O CNJ não possui competência para julgar, em grau de recurso, ato jurisdicional,
pois, como visto logo acima, é órgão de natureza exclusivamente administrativa, responsável
pelo controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos
deveres funcionais dos juízes, na forma do art. 103-B, § 4º, da CF:

Art. 103-B. (...)


§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e
do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: (Incluído pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004)
Letra a.

Renato Borelli

Juiz federal e especialista em Direito Público, Direito Tributário e Sociologia Jurídica. Juiz federal do TRF-1.
Foi juiz federal do TRF-5. Exerceu a advocacia privada e pública. Foi servidor público e assessor de desem-
bargador federal (TRF-1) e ministro (STJ). Atuou no Carf/Ministério da Fazenda (antigo Conselho de Con-
tribuintes) como conselheiro. É formado em Direito e Economia, com especialização em Direito Público,
Direito Tributário e Sociologia Jurídica.

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