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CRIMINOLOGIA

Escolas, Teorias, Prevenção da Infração


Penal no Estado Democrático de Direito
e Modelos de Reação ao Crime

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
CRIMINOLOGIA
Escolas, Teorias. Prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito
e Modelos de Reação ao Crime
Humberto de Mattos Brandão

Sumário
Criminologia....................................................................................................................................................... 3
1. Modelos Teóricos da Criminologia...................................................................................................... 3
2. Escolas e seus Enfoques........................................................................................................................ 4
2.1. Escola Clássica. ......................................................................................................................................... 4
2.2. Escola Positivista. ................................................................................................................................... 5
2.3. Terza Scuola. ............................................................................................................................................. 7
2.4. Escola de Política Criminal ou Escola Moderna Alemã........................................................8
3. Estatística Criminal.................................................................................................................................... 9
3.1. Técnicas de Investigação da Cifra Negra.. ................................................................................... 12
3.2. Prognóstico Criminológico............................................................................................................... 13
4. Teorias Sociológicas................................................................................................................................ 14
4.1. Teorias do Consenso............................................................................................................................ 15
4.2. Teorias do Conflito............................................................................................................................... 21
5. Prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito. . ................................... 26
5.1. Prevenção Primária............................................................................................................................. 28
5.2. Prevenção Secundária. ...................................................................................................................... 29
5.3. Prevenção Terciária............................................................................................................................ 29
6. Modelos de Reação ao Crime............................................................................................................. 30
Questões de Concursos............................................................................................................................. 34
Gabarito............................................................................................................................................................. 41
Gabarito Comentado................................................................................................................................... 42
Bibliografia...................................................................................................................................................... 53

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CRIMINOLOGIA
A aula 2 de Criminologia abordará temas de grande incidência nos concursos. Recomen-
do que você dedique especial atenção para os tópicos referentes às Escolas Criminológicas e
às Teorias Sociológicas.
É sempre bom lembrar que a efetividade do aprendizado depende da estrita observân-
cia da fórmula: estudo + exercício + revisões. Portanto, não deixe de fazer os exercícios e as
revisões periódicas. Esta é, sem dúvida, a forma mais eficiente de não esquecer o que você
estudou.
Bons estudos!!

1. Modelos Teóricos da Criminologia

O fenômeno criminal vem sendo estudado pela criminologia ao longo do tempo a partir de
várias orientações teóricas, as quais partem de paradigmas biológicos, psicológicos e socio-
lógicos.
• Teorias biológicas (ou bioantropológicas): atribuem o comportamento delituoso a cau-
sas fisiológicas do delinquente, em consequência de patologias ou transtornos orgâni-
cos. O criminoso é um ser organicamente diferente do cidadão normal.
• Teorias psicológicas: as causas do fenômeno criminal residem no subconsciente hu-
mano. As desordens psíquicas, as experiências traumáticas são fatores que podem
explicar o delito.
• Teorias sociológicas: estudam o crime como um fenômeno social, fruto dos conflitos
decorrentes da vida em sociedade.

Conforme já mencionado anteriormente, antes de ser reconhecida como ciência no século


XIX, ou seja, em sua fase pré-científica, o desenvolvimento da criminologia se fundamentava
em contribuições de pseudociências, tais como:
• Demonologia
• Fisionomia

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• Frenologia

QUADRO SINÓPTICO
Teorias biológicas: O criminoso é um ser
organicamente diferente do cidadão normal
Teorias Psicológicas: As desordens psíqui-
Modelos teóricos da criminologia cas, as experiências traumáticas são fatores
que podem explicar o delito
Teorias Sociológicas: estudam o crime
como um fenômeno social
Demonologia: explicação o crime a partir de
elementos místicos-religiosos centrados na
figura do demônio
Modelos teóricos pré-científicos Fisionomia: estuda o delito com base na
aparência do indivíduo
Frenologia: explica o delito a partir da aná-
lise do crânio

2. Escolas e seus Enfoques

2.1. Escola Clássica


Influenciada pelos ideais iluministas, a Escola Clássica parte de duas teorias distintas: o
jusnaturalismo (direito natural) e o contratualismo (Contrato Social de Rousseau). Seu ponto
central é o livre arbítrio, ou seja, o homem é livre para fazer suas escolhas, dentre elas, come-
ter ou não um delito. Neste sentido, a influência de fatores externos como a condição econô-
mico-social não é admitida.
Partindo do pressuposto de que o homem é um ser livre e racional, sendo, portanto, capaz
de refletir e tomar decisões, a Escola Clássica fundamenta-se no utilitarismo ao admitir que
o delinquente faz um cálculo mental sobre as vantagens e desvantagens de se cometer um
crime. Em outras palavras, para o utilitarismo, quando um indivíduo se encontra na iminência
de tomar uma decisão sobre cometer ou não cometer um delito, ele racionalmente avalia os
benefícios esperados (prazer), confrontando-os com os eventuais prejuízos (dor) decorrentes
do ato criminoso. A função da pena, neste sentido, afigura-se como fator de dissuasão, razão

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pela qual a lei deverá prever sanções penais, de conhecimento público, a fim de influenciar
nesse juízo de valor.
Cesare Beccaria1 (Dos Delitos e das Penas – 1764) fundamentou a legitimidade do direito
de punir a partir do postulado do contrato social, estabelecendo como premissas basilares:
• Princípio da legalidade como pressuposto da fixação de penas;
• Julgamento exclusivamente por magistrado;
• Proporcionalidade entre pena e delito;
• Publicidade das acusações;
• Proibição da tortura;
• Isonomia da pena entre todas as pessoas;
• Humanização das sanções;
• Consagração do princípio da inocência.

Para a Escola Clássica, que se valia do método lógico-dedutivo, o crime é um ente jurídico
(violação de uma norma) e a punibilidade deve fundamentar-se no livre-arbítrio do delinquen-
te. A pena deve ter caráter retributivo (razão pela qual a Escola Clássica ser também conhe-
cida como Escola Retribucionista), objetivando a prevenção do crime e o reestabelecimento
da ordem social.
Palavras-chaves para fixar a explicação da Escola Clássica:
Livre-arbítrio; lógico-dedutivo; utilitarismo; jusnaturalismo; contratualismo.

2.2. Escola Positivista


Em meados do século XIX, Cesare Lombroso inaugura um novo período da criminologia
(período científico) com a publicação da obra L’uomo delinquente (O Homem Delinquente -
1876).
Assim como Beccaria não foi um inovador, Lombroso foi um produto de seu tempo, não
podendo ser reconhecido como o criador de uma novíssima teoria, mas sim alguém que teve
a capacidade de organizar o pensamento esparso que vicejava a sua volta para articulá-lo de

1
Além de Beccaria, outros autores se destacaram na Escola Clássica, como Francesco Carrara e Anselmo Von Feuberbach.

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forma didática e convincente. Ele partiu de postulados fisionomistas para elaborar seu pró-
prio retrato do delinquente2.
As características fisionômicas dos delinquentes eram objetos de profunda análise de
Lombroso, apresentando dados estatísticos relacionados à estrutura do tórax, ao tamanho
das mãos, pernas, estatura, peso, quantidade de cabelo, existência de barba etc. Os parâme-
tros frenológicos também foram utilizados para examinar as cabeças dos criminosos.

Estudamos na Aula 1 a frenologia que tanto influenciou a teorias lombrosianas. Se você não
lembra, vale a pena recordar. A frenologia decorre da fisionomia (estuda o delito com base na
aparência do indivíduo, estabelecendo um nexo entre o físico e o psíquico). Trata-se de uma
pseudociência, dedicada ao estudo da configuração craniana (cranioscopia), não se limitando
apenas à fisionomia do indivíduo. Para esta teoria, o comportamento delinquente poderia ser
explicado a partir da análise do crânio, a forma da sua cabeça (lendo caroços e protuberâncias).

Os positivistas eram muito influenciados por Darwin, partindo da premissa de que os de-
linquentes estariam presos às suas patologias e carga hereditária, contrariando a ideia de
livre arbítrio e utilitarismo da Escola Clássica.
Lombroso defendia a ideia de que o crime é um fenômeno biológico e não um ente jurídi-
co. A existência do criminoso nato (seres mal-acabados) era defendida por Lombroso, assim
como o atavismo, isto é, o criminoso seria um ser atávico, resultado de um retrocesso aos
antepassados mais primitivos.
Outras características da visão lombrosiana:
• Criminoso nasce com predisposição (hereditária ou fisionômica) para o crime;
• Criminoso não pode ser ressocializado.

Por fim, Lombroso classificava os criminosos em:


• Nato;
• Louco moral;
• Epilético;
2
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2014, p. 91

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• Louco;
• Ocasional;
• Passional.

A criminologia positiva apresenta três fases: antropológica (Lombroso); a sociológica


(Enrico Ferri) e Jurídica (Rafaele Garófalo).
Enrico Ferri foi o criador da sociologia criminal, baseada nos fundamentos lombrosianos,
mas que agregava a eles fatores sociais, econômicos e políticos para a explicação do fenô-
meno social. Rafaele Garófalo, por seu turno, também partia dos princípios defendidos por
Lombroso, ressaltando que o crime estava no homem e que se revelava como a degeneração
da sua natureza. Garófalo criou o conceito de temibilidade ou periculosidade que seria o pro-
pulsor do delinquente. A periculosidade justificava a necessidade de imposição de tratamen-
to, surgindo, então, a medida de segurança.
O método da criminologia positivista era o empírico-indutivo ou indutivo-experimental.
Portanto, para a criminologia positiva, a compreensão do fenômeno criminal demanda análise
de fatores causais-explicativos, sendo certo que as causas do delito poderiam ser de diversas
ordens (biológicas, psicológicas, sociais etc.).
A Escola Positivista sustenta que o crime é um ente natural, sendo um fenômeno inexorá-
vel (assim como a morte, o nascimento), definido pela biologia (determinismo biológico).
Palavras-chaves para fixar a explicação da Escola Positiva:
Criminoso nato; atavismo; empírico-indutivo-experimental; fisionomia; frenologia,
heriditariedade.

2.3. Terza Scuola

No início do século XX, a Terceira Escola (também conhecida como Escola Eclética ou
Escola Crítica) pretendia conciliar as Escolas Clássica e Positiva, objetivando superar os seus
extremismos.
A Terza Scuola se fundamenta no princípio da responsabilidade moral e, consequente-
mente, na distinção entre imputáveis e inimputáveis. Todavia, não aceita que a responsabili-

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dade moral seja baseada no livre-arbítrio, mas sim no determinismo psicológico. Em outras
palavras, para a Terza Scuola, o homem é determinado pelo motivo mais forte, sendo impu-
tável quem tiver capacidade de se deixar levar pelos motivos. Caso não haja tal capacidade,
deverá ser aplicada medida de segurança.
Os postulados fundamentais da Terceira Escola são:
• Método lógico-jurídico para o Direito Penal e método experimental para a Criminologia;
• Distinção entre imputáveis e inimputáveis;
• Responsabilidade moral baseada no determinismo;
• Crime como fenômeno social e individual;
• Pena – com caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social.

2.4. Escola de Política Criminal ou Escola Moderna Alemã

Considerada uma Escola Eclética, a Escola de Política Criminal (também conhecida como
Sociológica Alemã) foi cunhada por Franz Von Liszt (1888) e defendia que as questões sociais
eram as principais causas da criminalidade. Não admitia o livre arbítrio. Argumentava que a
pena não teria caráter retributivo, mas sim de defesa, priorizando a prevenção especial (fun-
ção finalística da pena). Também considerava que pena justa é pena necessária. Propunha
a imposição da pena com caráter intimidativo para os criminosos comuns e de medida de
segurança para os perigosos (anormais e reincidentes).
Liszt sistematizou o Direito Penal, concebendo-o dentro de uma complexa estrutura que
fundia outras disciplinas, como a criminologia e a política criminal (Ciência Total do Direito
Penal).
Podemos apontar como características da Escola de Política Criminal Alemã:
• Método indutivo-experimental para a criminologia;
• Distinção ente imputáveis (criminosos sujeitos a pena) e inimputáveis (perigosos sujei-
tos à medida de segurança);
• O crime é um fato jurídico e um fenômeno humano-social;
• A prevenção especial é a função finalística da pena;
• Eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta duração.

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QUADRO SINÓPTICO
Escola Clássica: valia do método lógico-dedutivo, o crime é um ente jurídico
e a punibilidade deve fundamentar-se no livre-arbítrio
Escola Positivista: Lombroso defendia a ideia de que o crime é um fenô-
meno biológico e não um ente jurídico. Defendia-se a existência do crimi-
Escolas Criminológicas
noso nato (seres mal-acabados e as características fisionômicas dos delin-
quentes eram objetos de profunda análise
Sociologia Criminal: ocupa-se da macrocriminalidade ou seja, dos fatores
que levam a sociedade como um todo a delinquir ou não delinquir
Terza Scuola: se fundamenta no princípio da responsabilidade moral e, con-
sequentemente, na distinção entre imputáveis e inimputáveis. Não aceita
que a responsabilidade moral seja baseada no livre-arbítrio, mas sim no
determinismo psicológico.
Escola de política criminal: questões sociais eram as principais causas da
criminalidade. Não admitia o livre arbítrio. Argumentava que a pena não teria
caráter retributivo, mas sim de defesa, priorizando a prevenção especial

3. Estatística Criminal

A estatística é uma importante ferramenta utilizada pela criminologia para o diagnóstico


da criminalidade, na medida em que permite apontar o liame causal entre os fatores de cri-
minalidade e os ilícitos criminais praticados e, posteriormente, ainda fornece elementos para
fundamentar a política criminal e a doutrina de segurança pública que objetivam o controle da
criminalidade.
Com efeito, é preciso cuidado na análise das estatísticas criminais oficiais, uma vez que
grande parte dos delitos não chega ao conhecimento do Poder Público3, quer por inércia das
vítimas, quer por qualquer outra causa. Por isso fala-se em criminalidade real, criminalidade
revelada e cifra negra. Vejamos:
• Criminalidade real: totalidade de delitos realmente cometidos;
• Criminalidade revelada: quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado;
• Cifra negra: quantidade de delitos não comunicados ao não elucidados pelo Estado.

3
O núcleo de estudos de violência da USP calcula que apenas a terça parte dos crimes é notifica ao Estado.

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A cifra negra é desconhecida, mas influencia os números divulgados pelo governo. Na


verdade trata-se do resultado da diferença entre os crimes conhecidos e os ocultos.

Questão 1 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) Uma informação confiável e


contrastada sobre a criminalidade real que existe em uma sociedade é imprescindível, tanto
para formular um diagnóstico científico, como para desenhar os oportunos programas de
prevenção. Assinale a alternativa correta:
a) A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes.
A criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento
do Estado. A cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder
político e econômico.
b) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do
Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delin-
quentes. A cifra negra corresponde à ausência de registro de práticas antissociais do poder
político e econômico.
c) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento
do Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos
delinquentes. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não
elucidados dos crimes de rua.
d) A criminalidade real corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento
do Estado. A criminalidade revelada corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos
delinquentes. A cifra negra corresponde à violência policial, cujos índices não são levados ao
conhecimento das corregedorias.
e) A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes.
A criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento
do Estado. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elu-
cidados dos crimes de rua.

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Letra e.
A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes.
A criminalidade revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento
do Estado. A cifra negra corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não eluci-
dados dos crimes de rua. A cifra negra é desconhecida, mas influência nos números divulga-
dos pelo governo. Na verdade, trata-se do resultado da diferença entre os crimes conhecidos
e os ocultos.

Alguns fatores são apontados pela doutrina como motivadores para as vítimas não leva-
rem ao conhecimento do Poder Público uma notícia de crime.
• Omissão por vergonha ou medo (muito comum nos crimes sexuais);
• Vítma entende que é inútil procurar a polícia, pois o bem violado é inexpressivo (peque-
nos furtos);
• Omissão da vítima por coação do criminoso;
• Vítima parente do criminoso;
• Vítima não acredita no aparato estatal.

Um dado criminal estatístico somente se oficializa se presentes três fatores:


• Detecção do crime;
• Notificação do crime;
• Registro em boletim de ocorrência.

Note-se que o art. 23 do CPP determina que a autoridade policial, ao relatar o inquérito
policial, deverá encaminhá-lo ao juízo, bem como deverá oficiar o Instituto de Estatística para
informar os dados do delito e do delinquente. Cada Estado tem um órgão responsável pela

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coleta e apresentação das estatísticas oficiais de crime, para receber os dados provenientes
da polícia.
Infelizmente os dados estatísticos podem ser manipulados por governos inescrupulosos
com o escopo de mascarar os verdadeiros índices de criminalidade. Além disso, muitos deli-
tos são registrados erroneamente, por falha da polícia, ou mesmo por manipulação.
A cifra negra é um tronco do qual decorrem alguns subtipos:
• Cifras douradas: representam as infrações penais praticadas pela elite político-econô-
mica e que não são reveladas ou apuradas, envolvendo, sobretudo, crimes do colarinho
branco;
• Cifras cinzas: são infrações penais registradas nos órgãos competentes, mas que en-
contram nas próprias delegacias a solução dos conflitos. Há quem sustente, no entan-
to, que cifra cinza são aquelas infrações penais que, embora devidamente noticiadas,
não chegam ao conhecimento dos tribunais, tendo em vista a própria inoperância do
Estado;
• Cifras amarelas: espelham as infrações penais praticadas com violência policial e que
não são levadas ao conhecimento das corregedorias, tendo em vista o medo das víti-
mas de sofrerem represálias por parte dos policiais;
• Cifras rosas: dizem respeito às infrações penais de caráter homofóbico, que não che-
gam ao conhecimento do Poder Público;
• Cifras verdes: ramo da moderna Green Criminology, refere-se a crimes ambientais que
não chegam ao conhecimento oficial. São crimes em que se percebe uma grande difi-
culdade de o Estado identificar sua autoria.

3.1. Técnicas de Investigação da Cifra Negra

Desde sempre a criminologia se preocupou com as cifras negras. Tome-se, como exem-
plo, as críticas à criminologia tradicional positivista que se embasava apenas os estudos
estatísticos limitados à população carcerária, levando a erro os dados oficiais, já que desde
aquela época inúmeros delitos não chegavam ao conhecimento do Poder Público.

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Não resta dúvida que os estudos criminológicos incidem, majoritariamente, nas popu-
lações carcerárias, causando uma visão desviada da realidade criminal, e, por conseguinte,
induzindo o pesquisador aos erros decorrentes do labelling approach (os criminosos são eti-
quetados ou rotulados como tal pela sociedade).
Diante de tal realidade, inúmeros estudos são levados a efeito a fim de detectar a real cifra
negra da criminalidade, sendo apresentadas algumas propostas de técnicas de investigação
da cifra negra. Vejamos:
• Investigação em face de autores de crimes: tem como fonte de informação os próprios
autores dos delitos. O problema é que a fonte é pouco confiável;
• Investigação em face de vítimas de delitos: vítimas de delitos são interrogadas e ques-
tionada a causa da não comunicação do delito.
• Investigação em face de informantes criminais: são terceiras pessoas que não se en-
quadram como criminosos ou vítimas;
• Sistemas de variáveis heterogêneas: fundamenta-se em três níveis de controle infor-
mático: a) análise da cifra negra dos delitos leves que evidentemente é maior que dos
delitos graves; b) possibilidade de autocomposição entre autor e vítima nos delitos
leves; c) variação dos métodos de análise de país para país;
• Técnicas do segmento operativo dos agentes de controle formal: pesquisa as causas
da vulnerabilidade e mal funcionamento do sistema criminal.

3.2. Prognóstico Criminológico


Trata-se da probabilidade de o criminoso reincidir a partir de certos dados estatísticos
coletados. Note-se que nunca haverá certeza, porque não se conhece por completo o cons-
ciente do autor. Os prognósticos podem ser clínicos ou estatísticos.
• Prognóstico clínico: aquele em que se faz um detalhamento do criminoso com base em
outras áreas do conhecimento, como a medicina, a psicologia, a assistência social etc.;
• Prognóstico estatístico: baseado em tabela de predição.

QUADRO SINÓPTICO
ESTATÍSTICA CRIMINAL
Criminalidade real: totalidade de delitos realmente cometidos

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Criminalidade revelada: Criminalidade revelada:


Cifra dourada: Crimes praticados pela elite político-econômica;
Cifra negra: quantidade de
Cifra cinza: Crimes registrados nas delegacias, mas não solucionados;
delitos não comunicados
Cifra amarela: Violência policial;
ao não elucidados pelo
Cifra rosa: Crimes homofóbicos;
Estado.
Cifra verde: Crimes ambientais.
Investigação em face de autores de crimes;
Investigação em face de vítimas de delitos;
Técnicas de investigação
Investigação em face de informantes criminais;
de cifras negras
Sistemas de variáveis heterogêneas;
Técnicas do segmento operativo dos agentes de controle formal.
Prognóstico clínico
Prognóstico criminológico
Prognóstico estatístico

Questão 2 (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR/2014) Sobre o prognóstico criminológico es-


tatístico, é correto afirmar que consiste em uma:4
a) certeza de um indivíduo delinquir, em razão de dados estatísticos coletados.
b) probabilidade de um indivíduo delinquir, em razão de dados estatísticos coletados.
c) certeza de um criminoso reincidir, em razão de dados estatísticos coletados.
d) probabilidade de um criminoso reincidir, em razão de dados estatísticos coletados.
e) avaliação médica imediata e preliminar acerca de uma enfermidade ou estado psicológico,
com base na observação momentânea do criminoso.

4. Teorias Sociológicas

A sociologia criminal despontou após a escola positivista, dentro de uma perspectiva ma-
crossociológica, isto é, não se limitando à análise do delito segundo uma visão do indivíduo
ou de pequenos grupos, mas sim da sociedade como um todo5. A criminologia passa a se

4 Letra d.
5
FILHO, Nestor Sampaio Penteado. Manual Esquemática de Criminologia. São Paulo. Saraiva. 2017, p. 67

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ocupar da macrocriminalidade ou, em outras palavras, dos fatores que levam a sociedade
como um todo a delinquir ou não delinquir.
Abandonando a perspectiva individual do “homem delinquente”, as teorias sociológicas
consideram o fenômeno criminal do ponto de vista das relações e interação do indivíduo com
a sociedade, elevando a sociedade à condição de fator criminógeno.
Neste diapasão, Alessandro Baratta adverte que a criminologia contemporânea, a partir
da década de 30 do século passado, demonstra uma tendência em superar as explicações
patológicas da criminalidade, ou seja, as teorias que fundamentam as causas dos fenômenos
criminais nas características biológicas e psicológicas que diferenciam “indivíduos crimino-
sos” das “pessoas normais”6.
O pensamento sociológico criminal é influenciado por duas vertentes: consensual (teorias
do consenso) ou conflitual (teorias do conflito).

4.1. Teorias do Consenso

Também conhecidas como teorias funcionalistas ou da integração, têm como expoente


Émile Durkheim. Afirmam que a finalidade da sociedade é atingida quando há um funciona-
mento perfeito de suas instituições e os cidadãos compartilham objetivos sociais comuns,
aceitando as regras de convívio.
A divergência social entre valores e regras favorece o surgimento de práticas criminais e
o aumento de delinquentes. O delito seria uma afronta a esses valores comuns, comprome-
tendo a saúde sociedade. Na ótica das teorias do consenso, os sistemas sociais dependem
da voluntariedade das pessoas e das instituições, as quais compartilham os mesmos valores.
Para os consensualistas, os membros da sociedade trabalham da melhor maneira pos-
sível em prol de objetivos comuns, elegendo certos princípios básicos que orientam a busca
desses objetivos, independentemente do lugar da escala social em que estejam inseridos.
A sociedade se estrutura consoante as funções desempenhadas por cada um de seus mem-

6
BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à Sociologia do Direito Penal. Rio de
Janeiro. Editora Revan. 2013, p. 29.

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Escolas, Teorias. Prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito
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bros (funcionalismo). Por outro lado, cada cidadão exerce suas funções de acordo com a
estrutura social (estruturalismo). Integram o rol de teorias do consenso:
• Escola de Chicago;
• Teoria da Associação Diferencial.
• Teoria da Anomia;
• Teoria da Subcultura Delinquente.

4.1.1. Escola de Chicago

Considerada o berço da moderna sociologia americana, floresceu nas décadas de 20 e 30


do século XX no Departamento de sociologia da universidade de Chicago.
A Escola de Chicago desenvolve estudos antropológicos urbanos centrados na influência
que meio ambiente exerce sobre a ocorrência do fenômeno criminal, estabelecendo uma rela-
ção entre crescimento populacional das cidades e o consequente aumento da criminalidade.
Os estudos tiveram por motivação o crescimento desordenado da cidade de Chicago,
a qual vivenciava uma expansão descontrolada, do centro para a periferia, marcada pela au-
sência de mecanismos de controle social, ocasionando graves problemas culturais, econômi-
cos e sociais e, por conseguinte, favorecendo o aumento da criminalidade.
Portanto, a ideia central da Escola de Chicago é a de que a cidade produz a delinquên-
cia. O delito não é distribuído de maneira aleatória por todos os lugares, mas concentra-se
em determinados bairros e a explicação para a concentração de crimes em determinados
locais não pode ser atribuída ao fato das pessoas que vivem ali serem particularmente
delinquentes, mas sim por que às características destas zonas urbanas ou à existência de
maiores oportunidades7.
A partir da Escola de Chicago, foram desenvolvidas as seguintes teorias: teoria ecológica,
teoria espacial, teoria das janelas quebradas e teoria da tolerância zero.

7
MAÍLLO, Alfonso Serrano; PRADO, Luiz Regis. Curso de Criminologia. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2016, p. 271/272.

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• Teoria Ecológica:

Também conhecida como teoria da desorganização social, é obra de Robert Park e parte
da ideia de que o progresso leva a criminalidade aos grandes centros urbanos.
Se por um lado a estabilidade e a integração contribuem para a ordem social, por outro,
a desordem e a ausência de integração entre os cidadãos contribuem para o aumento da cri-
minalidade.
O crescimento desordenado das cidades fomenta a deterioração de núcleos primários
(família, igreja etc.), as pessoas se tornam anônimas, as relações interpessoais se tornam
superficiais e o controle social enfraquece. Tudo isso cria um meio desorganizado e poten-
cialmente criminógeno.

• Teoria Espacial:

A reestruturação arquitetônica e urbanística das grandes cidades é uma medida preven-


tiva da criminalidade. O arquiteto Oscar Newman defendida a opinião de modelos adequados
de construção como uma forma de prevenção situacional do crime. Tais modelos constituem
uma espécie de “espaço defensável” que permite maior vigilância e desenvolvem mecanis-
mos de autodefesa, reais ou simbólicas, que aumentam os riscos para o delinquente e, por
conseguinte, desestimulam a prática criminosa8

8
SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Niterói/RJ. Impetus. 2013, p. 34

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• Teoria das Janelas Quebradas:

Desenvolvida na Escola de Chicago, no início dos anos 1980, tem suas bases teóricas
no escólio de James Q. Wilson e George Kelling que escreveram um artigo sobre um imóvel
que teve suas janelas quebradas e não reparadas, dando causa, assim, a novas práticas
transgressoras.
Mas o que uma janela quebrada tem a ver com novas práticas delinquentes? Para James
Wilson e George Kelling, se as janelas quebradas de um imóvel não forem reparadas, a ten-
dência é que vândalos arremessem pedras nas outras janelas e posteriormente invadam o
edifício, destruindo-o e utilizando-o como ponto para outras práticas criminosas. A lógica
desta teoria é a de que a desordem gera desordem e um comportamento antissocial pode dar
ensejo a vários delitos ou, noutra perspectiva, se os pequenos delitos são reprimidos e seus
autores levados às autoridades e penalizados, a população tende a comportar-se correta-
mente, alcançando-se, assim, a paz social.

• Teoria da Tolerância Zero:

Trata-se de uma política criminal de repressão a qualquer conduta transgressora, ainda


que seja de menor ofensividade, consolidando o poder do Estado e destacando a obrigatorie-
dade de respeito à lei.
Como se vê, ela decorre naturalmente da teoria das janelas quebradas e, no início dos
anos 90, inspirou Rudolphi Giuliani, prefeito de Nova York, a implementar uma política criminal
de tolerância zero impondo sanções automáticas para qualquer tipo de conduta desviante,
por menor que fosse, como pichações, uso de drogas, urinar em via pública, etc. O programa
de Giuliani focou também no aumento do contingente policial.

4.1.2. Teoria da Associação Diferencial

Edwin Sutherland, um dos sociólogos mais influentes da criminologia moderna, inspirado


nas ideias de Gabriel Tarde, no final dos anos 30, em Chicago, cunhou a expressão “crimes do

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colarinho branco” (White colar crimes). Sutherland contestou a capacidade de explicação dos
crimes do colarinho branco por parte das teorias criminológicas que focavam a apreciação do
fenômeno criminal apenas na desorganização social, na pobreza, enfim, nas mazelas sociais,
porquanto tais explicações se distanciavam da realidade dos crimes do colarinho branco.
Para Sutherland, o crime não é um fenômeno social exclusivo das classes menos favore-
cidas, mas sim um comportamento decorrente de um processo de aprendizagem dos valores
criminais. Ou seja, a conduta criminal se aprende através das relações íntimas do indivíduo
com pessoas do seu meio social, seja ele rico ou pobre. Portanto, ninguém nasce criminoso,
mas aprende a se tornar um através de um processo de socialização deficiente em que o in-
divíduo interage com pessoas que se dedicam ao crime.
A associação diferencial é uma expressão que contém dois conceitos importantes:
• Associação: associação de um determinado grupo social que se identifica e possui re-
gras próprias, diferentes dos demais (daí o nome diferencial).
• Aprendizagem: o comportamento criminoso é aprendido através da interação com o
grupo social.

Sutherland desenvolveu, ainda, a noção de cifra negra, também conhecida como zona
escura, dark number ou ciffre noir. Ela corresponde à diferença entre a criminalidade real e a
criminalidade registrada pelos órgãos públicos. Vale dizer, a cifra negra é o número de delitos
que por alguma razão, não são levados ao conhecimento das autoridades públicas, concor-
rendo, assim, para uma estatística distorcida da realidade.

4.1.3. Teoria da Anomia

Também conhecida como teoria estrutural-funcionalista, a teoria da anomia tem a sua


gênese na obra de Durkhein e, posteriormente, nos trabalhos de Robert Merton e Talcott Par-
sons.
A teoria da anomia parte do princípio de que o crime é um fato social normal. Com efeito,
Emile Durkheim considerava o crime e o desvio como fatos sociais, elementos inevitáveis e

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necessários das sociedades modernas9. Não significa, obviamente, que por serem fatos nor-
mais, o crime e o desvio sejam um bem em si mesmos. André Kuhn e Cândido da Agra lem-
bram que as desordens físicas, mentais e sociais habitam a normalidade, malgrado a doença
seja um mal. Ressalte-se que a transgressão das normas, para além de não representar ne-
cessariamente um mal em si, pode revelar-se um bem quando as normas servem à injustiça e
violam os direitos humanos. Kuhn e Agra advertem ainda que não se deve alimentar a utopia
de uma sociedade sem crime, mas envidar esforços para reduzi-lo até àquele mínimo abaixo
do qual nossas sociedades deixariam de ser o que são, ou deveriam ser: democráticas e de
mulheres e homens livres. Afinal, donde nos veio a liberdade e a democracia senão da luta
daqueles que ousaram transgredir as normas repressivas dos regimes totalitários10?
De acordo com Merton, no plano sociológico as transgressões podem ser consideradas
um sintoma de dissociação entre as aspirações socioculturais (sucesso, poder, status) e os
meios desenvolvidos para se alcançar tais aspirações11. Significa que a sociedade estipula
metas a serem atingidas, mas os recursos são escassos, razão pela qual alguns indivíduos
cometem delitos para alcançar seus objetivos. A dissociação entre as metas sociais e os
meios para se alcançar as metas gera uma anomia, isto é, uma situação de renúncia às nor-
mas sociais.

4.1.4. Teoria da Subcultura Delinquente

Subcultura é um termo bastante utilizado na sociologia e na antropologia referindo-se


a um grupo de pessoas, normalmente minoritário, com um conjunto de regras, comporta-
mentos e crenças próprias. Trata-se de uma subdivisão dentro de uma cultura dominante na
sociedade.
Atributos de matizes diferentes como raça, cor, sexo, religião, ideologia política e orienta-
ção sexual, por exemplo, podem ser determinantes de uma subcultura.
A teoria da subcultura delinquente foi desenvolvida por Albert K. Cohen na década de
50, contestando a noção de uma ordem social, conforme sustentado pela criminologia tra-
9
DURKHEIM, É. As Regras do Método. São Paulo. Martin Claret. 2011, pág. 82.
10
AGRA, Cândido da; KUHN, André. Somos todos criminosos? Alfragide. Casa das Letras, 2010, p. 22.
11
FILHO, Nestor Sampaio Penteado. São Paulo. Saraiva. 2017, p. 74

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dicional. Para a teoria da subcultura delinquente, a conduta delitiva não seria um produto da
desorganização social e outras mazelas da sociedade, mas sim um reflexo da existência de
valores distintos daqueles pregados pela cultura dominante. Teria, portanto, respaldo norma-
tivo. Vale dizer, o autor de um comportamento, seja adequado ao direito ou contrário a ele,
apenas reflete o grau de aceitação e interiorização dos valores da cultura ou subcultura à qual
pertence.
De fato, algumas subculturas possuem valores distintos dos valores da cultura dominan-
te. Sendo assim, o delito não pode ser considerado como o resultado de uma predisposição
para a violação da lei, mas apenas e tão-somente um mero reflexo destas diferenças culturais.

4.2. Teorias do Conflito

Tendo por fundamento filosófico as ideias marxistas, para as teorias do conflito, a harmo-
nia social decorre da força e da coerção, havendo uma relação entre dominante e dominado,
sem voluntariedade. Essas teorias se encontram no âmbito da criminologia crítica ou radical.
Enquanto as teorias do consenso são de cunho funcionalista, as teorias do conflito são
argumentativas e defendem que a sociedade é organizada de acordo com os interesses das
classes dominantes, através da força e da violência dos detentores do poder. Ou seja, existe
uma tensão constante, uma luta de classes, sendo certo que os detentores do poder, que es-
tão no topo da pirâmide social, lutam para afastar qualquer tipo de subversão desta ordem
social. As principais escolas criminológicas que integram o rol das teorias do conflito são:
• Teoria do etiquetamento, da rotulação ou labeling approach;
• Teoria do conflito social marxista, teoria radical ou crítica.

4.2.1. Teoria do Etiquetamento, da Rotulação ou Labeling Approach

Autores da chamada Nova Escola de Chicago, Erving Goffman e Howard Becker são os
idealizadores desta teoria que defende que um fato só é considerado criminoso a partir do
momento em que adquire esse status por meio de uma norma seletiva que o qualifica como
desviante.

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Becker percebeu que não se pode conceber o delito sem considerar a reação social ao
comportamento do indivíduo, sendo certo que o delinquente se diferencia do não delinquente
tão-somente em razão do estigma (ou rótulo) que recebe da sociedade. Mais do que um com-
portamento desviante, o crime também é uma definição, um rótulo que a comunidade coloca
no indivíduo.
As condutas criminosas não são criminosas por sua própria natureza. São apenas condu-
tas. A qualidade de criminosa advém do etiquetamento do direito penal.
A rotulação acaba estigmatizando os condenados e, neste contexto, a pena é uma po-
tencial geradora de desigualdades, uma vez que o apenado sofre preconceito do meio social,
assim entendido desde o seu círculo de relacionamento mais íntimo, como a família, amigos,
conhecidos e parentes, enfim, de toda a sociedade. Este processo estigmatizante gera a mar-
ginalização no trabalho, vizinhança, escola e demais locais que o apenado possa frequentar.
A reincidência torna-se quais inevitável pela completa falta de alternativas.

4.2.2. Teoria do Conflito Social Marxista, Teoria Radical ou Crítica

Inspirada na ideologia marxista, esta teoria entende que o capitalismo é a base da crimi-
nalidade, pois fomenta o egoísmo e este, por seu turno, leva o indivíduo a delinquir. Tem suas
origens na obra de Georg Rusche e Otto Kirchheimer, na década de 70. É também conhecida
como nova criminologia.
As transgressões são o resultado das desigualdades geradas por uma sociedade capita-
lista e a solução depende da transformação da própria sociedade, promovendo-se a igualda-
de política e social.
O fenômeno criminal produz um sistema de controle social (Polícia, Ministério Público e
Poder Judiciário) que beneficia setores da economia (fabricantes, empresários). Além disso,
o sistema capitalista cria tipos penais que sequer ofendem bens jurídicos ou a moral social,
tendo por objetivo apenas proteger o próprio sistema capitalista.
O delinquente não tem livre arbítrio para escolher entre praticar ou não o delito porque
ele é uma vítima do sistema capitalista. A criminalidade, portanto, é um problema insolúvel
dentro do capitalismo.

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A teoria recebe o nome de crítica porque ela critica o papel do direito penal, já que as clas-
ses dominantes não são afetadas pelo sistema criminal, enquanto os menos favorecidos são
as verdadeiras vítimas do sistema.
A teoria crítica busca a penalização da classe dominante, através da punição da prática de
crimes do colarinho branco, crimes financeiros etc., enquanto propõe a intervenção mínima
do direito penal para os delitos peculiares das camadas sociais menos favorecidas.
A criminologia crítica ou radical foi muito questionada, especialmente por não explicar a
criminalidade nos países socialistas. Sob este enfoque de questionamento propiciou o flores-
cimento de três tendências da criminologia: o abolicionismo, o minimalismo e o neorrealismo.
Vejamos cada um deles:

• Abolicionismo:

Sob o argumento de que o sistema penal se presta apenas para legitimar e reproduzir
desigualdades e injustiças sociais, o abolicionismo propõe acabar com as prisões e abolir o
próprio direito penal.
O abolicionismo se estrutura nos seguintes fundamentos:
− Anomia do sistema penal: o direito penal não é capaz de regular a vida em sociedade;
− Seletividade do sistema penal: o sistema penal escolhe quem quer punir, não tute-
lando igualitariamente a sociedade;
− Estigmatização do condenado: o direito penal é incapaz de ressocializar o conde-
nado. Ao contrário, ele é um poderoso instrumento estigmatizante, colocando uma
marca negativa e vitalícia nos condenados;
− Marginalização da vítima: o direito penal preocupa-se exclusivamente com a puni-
ção do infrator, deixando a vítima do delito largada à própria sorte e, não raro, subju-
gada ao preconceito social decorrente do processo penal.

• Minimalismo:

A criminologia minimalista sustenta a limitação do raio de abrangência do direito penal,


o qual deve se ocupar apenas com as condutas mais graves que atacam os bens jurídicos
mais importantes para a sociedade.

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Sendo o direito penal o instrumento de regulação social mais invasivo, a sua intervenção
somente se justifica em última caso (ultima ratio). Juntamente com a proposta de redução
da intervenção do direito penal, o minimalismo propõe a diminuição de aplicação da pena
privativa de liberdade, a qual deverá ser substituída, quando razoável, pelas penas alternati-
vas (despenalização). Nesta linha de raciocínio, a teoria minimalista sugere ainda um amplo
processo de descriminalização, desjudicialização e salvaguarda dos direitos humanos.

• Neorrealismo:

O neorrealismo de esquerda reconhece que as desigualdades sociais e a precariedade


do poder econômico dos pobres, embora tenham seus reflexos na criminalidade, não são a
única causa do fenômeno criminal. Com efeito, outros fatores concorrem com a pobreza e a
desigualdade social, como é o caso da competitividade, do machismo, do consumismo, do
crescente desejo de bens materiais, do individualismo etc.
A ideia central continua a ser socialista, mas sob uma perspectiva realista, isto é, os neor-
realistas analisam o delito como um problema real, um fenômeno intraclassista e não inter-
classista, porque o fenômeno criminal produz uma divisão dentro das classes menos favo-
recidas, fazendo esquecer o inimigo real que é a sociedade capitalista12. Além disso, o delito
causa danos às vítimas que, paradoxalmente, se concentram nos estratos sociais mais po-
bres, razão pela qual é inexorável reconhecer que se trata de uma entidade real em relação a
qual algo de concreto e pragmático deve ser feito.
O neorrealismo defende que a criminologia deve se preocupar com fatos que atingem di-
retamente a classe trabalhadora, como roubos, violências sexuais, abusos contra crianças e
adolescentes, delitos com motivações raciais, delitos cometidos por governos e grandes em-
presas. Ao mesmo tempo em que sustenta a descriminalização de certas condutas, a teoria
postula a criminalização de outras13.

12
SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Niterói/RJ. Impetus. 2013, p. 44.
13
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo. Revista dos Tribunais.2014, p. 299.

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QUADRO SINÓPTICO
Teorias do consenso Teorias do conflito
Teoria ecológica: o progresso leva a
criminalidade aos grandes centros
urbano.
Teoria Espacial: A reestruturação
arquitetônica e urbanística das gran-
Escola de Chicago:
des cidades é uma medida preventiva
a cidade produz
da criminalidade
a delinquência.
Janelas Quebradas: a desordem gera Teoria do etiquetamento, da rotulação ou labe-
O delito não é dis-
desordem e um comportamento antis- ling approach: As condutas criminosas não são
tribuído de maneira
social pode dar ensejo a vários delitos criminosas por sua própria natureza. São apenas
aleatória por todos
ou, noutra perspectiva, se os pequenos condutas. A qualidade de criminosa advém do eti-
os lugares, mas
delitos são reprimidos e seus autores quetamento do direito penal.
concentra-se em
levados às autoridades e penalizados,
determinados bair-
a população tende a comportar-se corre-
ros
tamente
Tolerância Zero: política criminal de
repressão a qualquer conduta trans-
gressora, ainda que seja de menor
ofensividade

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Abolicionismo: sob o argu-


mento de que o sistema
penal se presta apenas
para legitimar e reproduzir
desigualdades e injustiças
sociais, o abolicionismo
Teoria do conflito propõe acabar com as
social marxista, prisões e abolir o próprio
teoria radical ou direito penal
crítica: As trans-
Minimalismo: sustenta a
gressões são o
limitação do raio de abran-
resultado das desi-
gência do direito penal,
Associação Diferencial: a conduta criminal se aprende através gualdades geradas
o qual deve se ocupar
das relações íntimas do indivíduo com pessoas do seu meio por uma sociedade
apenas com as condutas
social, seja ele rico ou pobre capitalista e a solu-
mais graves que atacam os
ção depende da
bens jurídicos mais impor-
transformação da
tantes para a sociedade
própria sociedade,
promovendo-se a Neorrealismo: reconhece
igualdade política e que além da desigualdade
social. social e a pobreza, outros
fatores concorrem para
como é o caso da competi-
tividade, do machismo, do
consumismo, do crescente
desejo de bens materiais,
do individualismo etc
Anomia: a sociedade estipula metas a serem atingidas, mas
os recursos são escassos, razão pela qual alguns indivíduos
cometem delitos para alcançar seus objetivos.
Subcultura Delinquente: a conduta delitiva não seria um pro-
duto da desorganização social e outras mazelas da socie-
dade, mas sim um reflexo da existência de valores distintos
daqueles pregados pela cultura dominante.

5. Prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito


A prevenção do delito é um dos objetivos do Estado Democrático de Direito. Ao se prevenir
a prática criminosa, estar-se-á obtendo a tão almejada manutenção da paz social e da ordem
pública. Não resta a menor dúvida que é melhor para sociedade prevenir o crime do que repri-
mi-lo.

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O Estado busca a prevenção do crime através de um conjunto de ações destinadas a


evitar sua prática, adotando para tanto dois tipos de medidas: uma que atinge diretamente o
delito; outra que o atinge indiretamente.
As ações indiretas focam o indivíduo (personalidade, caráter, motivações) e o meio em
que ele vive (condições sociais, políticas públicas para melhorias etc.), aspectos que a cri-
minologia moderna chama de prevenção primária e terciária. Elas atuam sobre o crime de
forma mediata, procurando interromper as causas e os efeitos do delito. As medidas indiretas
visam às possíveis causas da criminalidade, sejam elas próximas ou remotas, genéricas ou
específicas.
Já as ações diretas de prevenção criminal direcionam-se para a infração penal em for-
mação (iter criminis), destacando-se as medidas de ordem jurídica, como a efetiva punição
de crimes graves, bem como a descarceirização e a despenalização nas infrações de menor
potencial ofensivo (intervenção mínima do direito penal), a consolidação do policiamento os-
tensivo em seu papel de prevenção do delito e manutenção da ordem pública; o aparelhamen-
to e a qualificação das polícias judiciárias para a sua função de repressão na investigação
de delitos etc. Por atuar especialmente nos delitos, as ações diretas são denominadas pela
criminologia moderna de prevenção secundária.
A criminologia clássica e a criminologia moderna divergem na forma de abordar o delito.
A criminologia clássica contemplou o delito como enfrentamento do delinquente contra a so-
ciedade, do Estado contra o infrator, os quais lutam entre si como lutam o bem e o mal, a luz
e as trevas. Trata-se de uma forma reducionista de enfrentar o problema. Dentro deste mo-
delo criminológico, a pretensão punitiva do Estado (o castigo do infrator), esgota a resposta
ao fenômeno delitivo. A reparação do dano causado à vítima não é levada em consideração.
Também não existe preocupação com a ressocialização do infrator.
A prevenção criminal, portanto, é abordada da seguinte forma pela criminologia clássica:
• O crime é um enfrentamento entre sociedade versus criminoso; do bem contra o mal,
numa visão reducionista do problema.
• A pena como resultado do enfrentamento do Estado em face do delinquente.
• A punição como objetivo principal, senão o único.
• Ausência de preocupação com a reparação do dano, a ressocialização do delinquente.

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A moderna Criminologia, por seu turno, é partidária de uma imagem mais complexa e di-
nâmica do fenômeno delitivo, destacando não apenas o papel do delinquente, mas também
e igualmente os papeis da vítima, do crime e do controle social. Neste modelo teórico, a pu-
nição do infrator não esgota as expectativas que o fato delitivo desencadeia. Existe uma pre-
ocupação permanente em ressocializar o delinquente, em reparar o dano e prevenir o crime.
Trata-se, portanto, de um modelo teórico mais satisfatório e mais condizente com o Estado
Democrático de Direito.
A abordagem feita pela criminologia moderna da prevenção do delito pode ser assim resumida:
• O delito assume papel mais complexo, de acordo com a dinâmica de seus protagonis-
tas (autor, vítima e sociedade);
• A face humana e conflitiva do problema criminal é destacada;
• A punição não esgota as expectativas que o fato delitivo desencadeia;
• A pena como intervenção positiva no infrator;
• A ressocialização do delinquente, a reparação do dano e a prevenção do delito são as-
pectos importantes e essenciais.

A prevenção do delito sob a ótica da criminologia moderna se apresenta da seguinte for-


ma: prevenção primária; prevenção secundária e prevenção terciária. Vejamos cada uma de-
las.

5.1. Prevenção Primária


É a prevenção genuína que opera por meio de prestações sociais, capacitando e fortale-
cendo socialmente o cidadão. Ela orienta-se para as causas do delito objetivando neutralizá-
-las para que o delito não venha ocorrer.
A prevenção primária está ligada a políticas públicas que valorizam a cidadania, atenden-
do às necessidades básicas dos cidadãos, como é o caso das políticas sociais que garantem
saúde, educação, trabalho, enfim, ações governamentais que promovem a qualidade de vida
da comunidade. Ao se fortalecer a cidadania e capacitar o indivíduo através de políticas so-
ciais, o Estado qualifica o cidadão para o enfrentamento de eventuais conflitos, resistindo e
superando eventuais inclinações para práticas criminosas.

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A prevenção primária se dirige a toda comunidade, tem um custo elevado e perspectivas


de médio e longo prazo.

5.2. Prevenção Secundária


Atua em um momento posterior ao crime ou na sua iminência. É destinada aos grupos so-
ciais em que a criminalidade mais se manifesta, grupos cujas características os tornam mais
propensos a praticar ou serem vítimas de delitos.
Manifesta-se no curto e médio prazo e atua nos locais onde os índices de criminalidade
são mais elevados, áreas de maior violência, como comunidades carentes dominadas pelo
tráfico de drogas. Consiste em um conjunto de ações policiais e políticas legislativas voltadas
não para indivíduos, mas para setores específicos da sociedade que são potenciais alvos do
problema criminal. Ex.: programas de prevenção policial (como as UPP’s), programas de con-
trole dos meios de comunicação, de ordenação urbana, projetos sociais de apoio à mulher em
comunidades carentes etc.
A prevenção secundária ocorre em um momento posterior ao crime ou na sua iminência,
isto é, em termos etiológicos, os programas de prevenção secundária atuam mais tarde, não
quando e nem onde o conflito criminal se produz, mas sim quando e onde ele se manifesta,
se exterioriza14.

5.3. Prevenção Terciária


Os programas de prevenção terciária são voltados à população carcerária, tendo por obje-
tivo evitar a reincidência, através da ressocialização. Considerando-se as demais espécies de
prevenção, a terciária é a que mais possui um caráter punitivo, destinando-se exclusivamente
ao condenado, visando à sua recuperação através de medidas socioeducativas, tais como
prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida etc.
São programas que atuam tardiamente no fenômeno criminal, ou seja, atuam quando
o mal já ocorreu, tendo como inimigo direto o conjunto informal de regras existentes no
sistema prisional, seja por parte da população carcerária, seja por parte da Administração
Prisional15.
14
MOLINA, Antonio García-Plablos de. Tratado de Criminología. 2. Ed., Valencia: Tirant Lo Blanch, 1999, p. 882-883.
15
CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia. Niterói/RJ, Impetus, 2013, p. 89

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6. Modelos de Reação ao Crime

O Estado Democrático tem uma preocupação permanente com a forma de reação ao de-
lito, tendo em vista que a prática do crime gera conflitos decorrentes da colisão de forças
diretivas opostas que são as aspirações da sociedade e do investigado.
A prática de um crime gera uma reação social (estatal) em sentido contrário e o Estado
Democrático deve estar atendo aos modelos de reação ao crime, sem perder de vista a neces-
sidade de solucionar os conflitos ocasionados pelo fenômeno criminal, ao mesmo tempo em
que resguarda os direitos humanos.
Atualmente existem três modelos principais de reação ao crime. São eles:
• Modelo dissuasório: também conhecido como modelo clássico ou retributivo, é o mais
antigo dos modelos. Trabalha com a ideia de que o crime não compensa. Para tanto,
utiliza-se da intimidação através da pena, priorizando a punição do criminoso. Fun-
ciona por meio da edição de leis severas e de aplicação célere. Os protagonistas deste
modelo são o Estado e o delinquente, não havendo espaço para a vítima e a sociedade.
Apenas os imputáveis e semi-imputáveis são sujeitos passivos das sanções penais,
enquanto os inimputáveis são submetidos a tratamento psiquiátrico.
• Modelo ressocializador: também conhecido como humanista, visa não apenas à pu-
nição do criminoso, mas também à sua reinserção social. O modelo ressocializador
mantem certa similaridade com a prevenção terciária na medida em que ambos bus-
cam a ressocialização do preso. Neste modelo, a participação da sociedade é muito
importante não só para a reinserção social do infrator, mas também para se evitar a
sua estigmatização.
• Modelo Integrador: conhecido também como justiça restaurativa, tem como objetivo
a reparação dos danos causados pela prática criminosa. Este modelo procura resta-
belecer, na medida do possível, o status quo ante, tendo por objetivo a ressocializa-
ção do infrator, a assistência à vítima e o controle social afetado pelo crime. Utiliza a
conciliação ou consenso. Os Juizados Especiais Criminais são um modelo de justiça

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restaurativa, tendo em vista as penas alternativas e a ênfase na tentativa de repara-


ção dos danos. No Brasil ainda não existe o modelo integrador através da mediação
(mediador de conflitos).

Existe outra classificação apresentada por Antônio García-Pablos de Molina que se fun-
damenta na ideia da imposição da pena. Molina apresenta dois modelos de reação. O clássico
e o neoclássico. Ambos acentuam a importância da pena como mecanismo contramotivador
à prática do delito e, sendo assim, como mecanismo adequado para a prevenção do crime16.
• Modelo Clássico: (pena como fator intimidatório) propõe o estabelecimento de penas
severas como um fator intimidatório. Foca na força contramotivadora da sanção penal
como meio mais eficaz de prevenção do delito. A intimidação e a prevenção têm a mes-
ma carga semântica, de maneira que, quanto maior o rigor da penal, maior o descenso
da criminalidade17.
• Modelo Neoclássico: propõe a certeza da punição como um fator dissuasório. Malgra-
do o modelo neoclássico também reconheça o valor do castigo penal, sua ênfase maior
é no bom funcionamento do sistema criminal como forma de prevenção e descenso da
criminalidade. É a manifestação da lógica de que o crime não compensa ou, em outras
palavras, o delinquente desistirá da prática criminosa ao analisar o custo benefício de
sua ação diante da certeza da punição.

Por fim, há que se mencionar o modelo de prevenção situacional, o qual propõe que a
prevenção criminal não se vincula à eliminação das tendências criminosas, mas sim à elimi-
nação das oportunidades de realização do delito.
A ideia de prevenção situacional foi construída a partir do pressuposto da seletividade do
crime, uma vez que o delito é um acontecimento que deriva de uma opção reflexiva, calculada,
racional e oportunista. O delinquente pondera os custos, riscos e benefícios de sua transgres-
são em função sempre de uma oportunidade ou situação concreta.
A prevenção situacional foi elaborada por L. E. Cohen e M. Felson, em 1979, os quais defen-
diam que a mudança nos padrões de atividades rotineiras das pessoas poderia afetar diretamente
as taxas de criminalidade, seja para mais, seja para menos, a depender da convergência de três
fatores:
16
MOLINA, Antonio García-Plablos de. Tratado de Criminología. 2. Ed., Valencia: Tirant Lo Blanch, 1999, p. 909
17
VIANA, Eduardo. Criminologia. Salvador, JusPodivm. 2018, p. 393/394

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• criminosos motivados;
• vítimas apropriadas; e
• ausência de guarda contra a violação.

Questão 3 (CESPE/PC-GO/DELEGADO/2017) Em busca do melhor sistema de enfrenta-


mento à criminalidade, a criminologia estuda os diversos modelos de reação ao delito. A res-
peito desses modelos, assinale a opção correta.
a) De acordo com o modelo clássico de reação ao crime, os envolvidos devem resolver o con-
flito entre si, ainda que haja necessidade de inobservância das regras técnicas estatais de
resolução da criminalidade, flexibilizando-se leis para se chegar ao consenso.
b) Conforme o modelo ressocializador de reação ao delito, a existência de leis que recrudes-
cem o sistema penal faz que se previna a reincidência, uma vez que o infrator racional irá
sopesar o castigo com o eventual proveito obtido.
c) Para a criminologia, as medidas despenalizadoras, com o viés reparador à vítima, condizem
com o modelo integrador de reação ao delito, de modo a inserir os interessados como prota-
gonistas na solução do conflito.
d) A fim de facilitar o retorno do infrator à sociedade, por meio de instrumentos de reabilitação
aptos a retirar o caráter aflitivo da pena, o modelo dissuasório de reação ao crime propõe uma
inserção positiva do apenado no seio social.
e) O modelo integrador de reação ao delito visa prevenir a criminalidade, conferindo especial
relevância ao ius puniendi estatal, ao justo, rápido e necessário castigo ao criminoso, como
forma de intimidação e prevenção do crime na sociedade.

Letra c.
O modelo integrador é conhecido também como justiça restaurativa e tem como objetivo a
reparação dos danos causados pela prática criminosa. Este modelo procura restabelecer, na

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medida do possível, o status quo ante, tendo por escopo a ressocialização do infrator, a as-
sistência à vítima e o controle social afetado pelo crime. Utiliza a conciliação ou consenso.

QUADRO SINÓPTICO
Modelos de Reação ao Crime
Prevenção Criminal A prática de um crime gera uma reação social
Conjunto de medidas destinadas a impedir (estatal) em sentido contrário e o Estado
ou diminuir o cometimento de crimes. Democrático deve estar atendo aos modelos
de reação ao crime.
Dissuasório: utiliza-se da intimidação através
Prevenção Primária: políticas públicas que
da pena, priorizando a punição do criminoso.
valorizam a cidadania, atendendo às neces-
Funciona por meio da edição de leis severas e
sidades básicas dos cidadãos
de aplicação célere.
Prevenção Secundária: conjunto de ações
policiais e políticas legislativas voltadas não Ressocializador: visa não apenas à punição
para indivíduos, mas para setores específi- do criminoso, mas também à sua reinserção
cos da sociedade que são potenciais alvos social.
do problema criminal.
Prevenção Terciária: voltados à população
Integrador: tem como objetivo a reparação dos
carcerária, tendo por objetivo evitar a reinci-
danos causados pela prática criminosa.
dência, através da ressocialização.
Clássico: propõe o estabelecimento de penas
severas como um fator intimidatório.
Neoclássico: propõe a certeza da punição
como um fator dissuasório. Foca no bom fun-
cionamento do sistema criminal como forma
de prevenção e descenso da criminalidade

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QUESTÕES DE CONCURSOS
Questão 1 (CESP/TJ-PR/JUIZ/2019) Com relação às escolas e tendências penais, julgue
os itens seguintes.
I – De acordo com a escola clássica, a responsabilidade penal é lastreada na imputabilidade
moral e no livre-arbítrio humano.
II – A escola técnico-jurídica, que utiliza o método indutivo ou experimental, apresenta as
fases antropológica, sociológica e jurídica.
III – A escola correcionalista fundamenta-se na proposta de imposição de pena, com caráter
intimidativo, para os delinquentes normais, e de medida de segurança para os perigosos. Para
essa escola, o direito penal é a insuperável barreira da política criminal.
IV – O movimento de defesa social sustenta a ressocialização do delinquente, e não a sua
neutralização. Nesse movimento, o tratamento penal é visto como um instrumento preventi-
vo.
Estão certos apenas os itens
a) I, II e III
b) II e IV
c) II, III e IV
d) III e IV
e) I e IV

Questão 2 (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA/2014) ____________ é considerado


pai da criminologia, por ter utilizado o método empírico em suas pesquisas, revolucionando e
inovando os estudos da criminalidade.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.
a) Enrico Ferri
b) Cesare Lombroso
c) Adolphe Quetelet
d) Emile Durkheim
e) Cesare Bonesana

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Questão 3 (CESP/MPE-AC/PROMOTOR/2019) Em relação às possibilidades de controle


social formal, informal a alternativo, assinale a opção correta.
a) O Estado laico limita a função de controle social informal dos poderes religiosos.
b) A educação representa forma de controle social informal.
c) A ação das polícias que extrapola seu rol legal de competência é exemplo de controle social
alternativo.
d) O poder público é o único titular do controle social no âmbito do estado democrático de
direito.
e) A família exerce função de controle social idêntica ao controle jurídico.

Questão 4 (CESP/PC-GO/DELEGADO/2017) Em busca do melhor sistema de enfrentamen-


to à criminalidade, a criminologia estuda os diversos modelos de reação ao delito. A respeito
desses modelos, assinale a opção correta.
a) De acordo com o modelo clássico de reação ao crime, os envolvidos devem resolver o con-
flito entre si, ainda que haja necessidade de inobservância das regras técnicas estatais de
resolução da criminalidade, flexibilizando-se leis para se chegar ao consenso.
b) Conforme o modelo ressocializador de reação ao delito, a existência de leis que recrudes-
cem o sistema penal faz que se previna a reincidência, uma vez que o infrator racional irá
sopesar o castigo com o eventual proveito obtido.
c) Para a criminologia, as medidas despenalizadoras, com o viés reparador à vítima, condizem
com o modelo integrador de reação ao delito, de modo a inserir os interessados como prota-
gonistas na solução do conflito.
d) A fim de facilitar o retorno do infrator à sociedade, por meio de instrumentos de reabilitação
aptos a retirar o caráter aflitivo da pena, o modelo dissuasório de reação ao crime propõe uma
inserção positiva do apenado no seio social.
e) O modelo integrador de reação ao delito visa prevenir a criminalidade, conferindo especial
relevância ao ius puniendi estatal, ao justo, rápido e necessário castigo ao criminoso, como
forma de intimidação e prevenção do crime na sociedade.

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Questão 5 (CESP/PC-GO/DELEGADO/2017) A escola criminológica que surgiu no século


XIX, tendo, entre seus principais autores, Rafaelle Garofalo, e que pode ser dividida em três
fases (antropológica, sociológica e jurídica) é a:
a) Escola Positiva.
b) Terza Scuola Italiana.
c) Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã.
d) Escola Clássica.
e) Escola de Lyon.

Questão 6 (CESP/PC-GO/DELEGADO/2017) Sobre as escolas criminológicas, é correto


afirmar:
a) A Escola de Chicago fomentou a utilização de métodos de pesquisa que propiciou o co-
nhecimento da realidade da cidade antes de se estabelecer a política criminal adequada para
intervenção estatal.
b) A teoria da rotulação social busca compreender as causas da criminalidade por meio do
processo de aprendizagem das condutas desviantes.
c) O positivismo criminológico desenvolveu a ideia de criminoso nato, aplicável contempora-
neamente apenas aos inimputáveis.
d) O abolicionismo penal de Louk Hulsman defende o fim da pena de prisão e um direito penal
baseado em penas restritivas de direito e multa.
e) A teoria da subcultura delinquente foi o primeiro conjunto teórico a empreender uma expli-
cação generalizadora da criminalidade.

Questão 7 (CESP/PC-GO/DELEGADO/2017) Sobre a teoria da “anomia”, é correto afirmar:


a) é classificada como uma das “teorias de conflito” e teve, como autores, Erving Goffman e
Howard Becker.
b) foi desenvolvida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland e deu origem à expressão whi-
te collar crimes.
c) surgiu em 1890 com a escola de Chicago e teve o apoio de John Rockefeller.
d) iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton, e significa ausência
de lei.
e) foi desenvolvida por Rudolph Giuliani, também conhecida como “Teoria da Tolerância Zero”.

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Questão 8 (CESP/PC-GO/DELEGADO/2017) Em relação às distintas teorias criminológicas,


a ideia de que o “desviante” é, na verdade, alguém a quem o rótulo social de criminoso foi apli-
cado com sucesso foi desenvolvida pela Teoria
a) da anomia.
b) da associação diferencial.
c) da subcultura delinquente.
d) da ecologia criminal.
e) da reação social ou Labelling Approach.

Questão 9 (CESP/PC-GO/DELEGADO/2017) Pode-se afirmar que o pensamento criminoló-


gico moderno é influenciado por uma visão de cunho funcionalista e uma de cunho argumen-
tativo, que possuem, como exemplos, a Escola de Chicago e a Teoria Crítica, respectivamente.
Essas visões também são conhecidas como teorias
a) da ecologia criminal e do transtorno.
b) do consenso e do conflito.
c) do conhecimento e da pesquisa
d) da formação e da dedução
e) do estudo e da conclusão.

Questão 10 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) Constitui um dos objetivos me-


todológicos da teoria do Labelling Approach (Teoria do Etiquetamento Social) o estudo deta-
lhado da atuação do controle social na configuração da criminalidade. Assinale a alternativa
correta
a) Para o labelling approach, o controle social penal possui um caráter seletivo e discrimina-
tório gerando a criminalidade.
b) O labelling approach é uma teoria da criminalidade que se aproxima do paradigma etiológi-
co convencional para explicar a distribuição seletiva do fenômeno criminal.
c) Para o labelling approach, um sistemático e progressivo endurecimento do controle social
penal viabilizaria o alcance de uma prevenção eficaz do crime.

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d) O labelling approach, como explicação interacionista do fato delitivo, destaca o problema


hermenêutico da interpretação da norma penal.
e) O labelling approach surge nos EUA nos anos 80, admitindo a normalidade do fenômeno
delitivo e do delinquente.

Questão 11 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) O pensamento criminológico


moderno, de viés macrossociológico, é influenciado pela visão de cunho funcionalista (deno-
minada teoria da integração, mais conhecida por teorias do consenso) e de cunho argumen-
tativo (denominada por teorias do conflito). É correto afirmar que:
a) São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferen-
cial, a teoria da subcultura do delinquente e a teoria do etiquetamento.
b) São exemplos de teorias do conflito a teoria de associação diferencial a teoria da anomia,
a teoria do etiquetamento e a teoria crítica ou radical.
c) São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferen-
cial, a teoria da anomia e a teoria da subcultura do delinquente.
d) São exemplos da teoria do consenso a teoria de associação diferencial, a teoria da anomia,
a teoria do etiquetamento e a teoria crítica ou radical.
e) São exemplos da teoria do conflito a Escola de Chicago, a teoria de associação diferencial,
a teoria da anomia e a teoria da subcultura do delinquente.

Questão 12 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) Todas as alternativas estão cor-


retas, EXCETO:
a) Cifra negra é quantidade de delitos não comunicados ao não elucidados pelo Estado.
b) Cifras douradas representam as infrações penais praticadas pela elite político-econômica
e que não são reveladas ou apuradas, envolvendo, sobretudo, crimes do colarinho branco.
c) Cifras cinzas são infrações penais registradas nos órgãos competentes, mas que encon-
tram nas próprias delegacias a solução dos conflitos. Há quem sustente, no entanto, que cifra
cinza são aquelas infrações penais que, embora devidamente noticiadas, não chegam ao co-
nhecimento dos tribunais, tendo em vista a própria inoperância do Estado;

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d) Cifras amarelas espelham as infrações penais praticadas no âmbito da violência domés-


tica e que não são levadas às autoridades tendo em vista o medo das vítimas de sofrerem
represálias por parte dos agressores;
e) Cifras rosas dizem respeito às infrações penais de caráter homofóbico, que não chegam ao
conhecimento do Poder Público.

Questão 13 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) Com relação à criminalidade de-


nominada de colarinho branco, pode-se afirmar que a teoria da associação diferencial.
a) sustenta como causa da criminalidade de colarinho branco a proposição de que o crimino-
so de hoje era a criança problemática de ontem.
b) entende que o delito é derivado de anomalias no indivíduo podendo ocorrer em qualquer
classe social.
c) sustenta que o crime está concentrado na classe baixa, sendo associado estatisticamente
com a pobreza.
d) sustenta que a aprendizagem dos valores criminais pode acontecer em qualquer cultura ou
classe social.
e) enfatiza os fatores sociopáticos e psicopáticos como origem do crime da criminalidade de
colarinho branco.

Questão 14 (CESP/TJ-PR/JUIZ/2019) Com relação às escolas e tendências penais, julgue


os itens seguintes.
I – De acordo com a escola clássica, a responsabilidade penal é lastreada na imputabilidade
moral e no livre-arbítrio humano.
II – A escola técnico-jurídica, que utiliza o método indutivo ou experimental, apresenta as
fases antropológica, sociológica e jurídica.
III – A escola correcionalista fundamenta-se na proposta de imposição de pena, com caráter
intimidativo, para os delinquentes normais, e de medida de segurança para os perigosos. Para
essa escola, o direito penal é a insuperável barreira da política criminal.

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IV – O movimento de defesa social sustenta a ressocialização do delinquente, e não a sua


neutralização. Nesse movimento, o tratamento penal é visto como um instrumento preventi-
vo.
Estão certos apenas os itens:
a) I, II e III
b) II e IV
c) II, III e IV
d) III e IV
e) I e IV

Questão 15 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) A escola criminológica que sur-


giu no século XIX, tendo, entre seus principais autores, Rafaelle Garofalo, e que pode ser divi-
dida em três fases (antropológica, sociológica e jurídica) é a:
a) Escola Positiva.
b) Terza Scuola Italiana.
c) Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã.
d) Escola Clássica.
e) Escola de Lyon.

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GABARITO
1. e
2. b
3. b
4. c
5. a
6. a
7. d
8. e
9. b
10. a
11. c
12. d
13. d
14. e
15. a

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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (CESP/TJ-PR/JUIZ/2019) Com relação às escolas e tendências penais, julgue
os itens seguintes.
I – De acordo com a escola clássica, a responsabilidade penal é lastreada na imputabilidade
moral e no livre-arbítrio humano.
II – A escola técnico-jurídica, que utiliza o método indutivo ou experimental, apresenta as
fases antropológica, sociológica e jurídica.
III – A escola correcionalista fundamenta-se na proposta de imposição de pena, com caráter
intimidativo, para os delinquentes normais, e de medida de segurança para os perigosos. Para
essa escola, o direito penal é a insuperável barreira da política criminal.
IV – O movimento de defesa social sustenta a ressocialização do delinquente, e não a sua
neutralização. Nesse movimento, o tratamento penal é visto como um instrumento preventi-
vo.
Estão certos apenas os itens
a) I, II e III
b) II e IV
c) II, III e IV
d) III e IV
e) I e IV

Letra e.
O ponto central da teoria clássica é o livre arbítrio, ou seja, o homem é livre para fazer suas
escolhas, dentre elas, cometer ou não um delito. O livre arbítrio é fundamentado pela imputa-
bilidade moral, a qual é o fundamento da responsabilidade penal. Isso significa que só é per-
mitido imputar delito a um determinado indivíduo, quando este for dotado de livre arbítrio, isto
é, quando possuir a liberdade de escolher entre os motivos de se cometer ou não o delito. Por
outro lado, os pensadores do Movimento de Defesa Social defendem que a finalidade da pena
é proteger a sociedade das ações delituosas, mas também ressocialização do criminoso.

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Questão 2 (VUNESP/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA/2014) ____________ é considerado


pai da criminologia, por ter utilizado o método empírico em suas pesquisas, revolucionando e
inovando os estudos da criminalidade.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.
a) Enrico Ferri
b) Cesare Lombroso
c) Adolphe Quetelet
d) Emile Durkheim
e) Cesare Bonesana

Letra b.
Cesare Lombroso (1835-1909) é considerado o pai da criminologia moderna. Utilizando-se
do método empírico-indutivo ou indutivo-experimental, o positivismo criminal de Lombroso
buscava através da análise dos fatos, explicar o crime sob um viés científico.

Questão 3 (CESP/MPE-AC/PROMOTOR/2019) Em relação às possibilidades de controle


social formal, informal a alternativo, assinale a opção correta.
a) O Estado laico limita a função de controle social informal dos poderes religiosos.
b) A educação representa forma de controle social informal.
c) A ação das polícias que extrapola seu rol legal de competência é exemplo de controle social
alternativo.
d) O poder público é o único titular do controle social no âmbito do estado democrático de
direito.
e) A família exerce função de controle social idêntica ao controle jurídico.

Letra b.
Existem dois sistemas de controle social. O formal e o informal. O controle social informal é
o controle exercido pela sociedade civil, sob uma perspectiva pedagógica e preventiva. Ex.:
família, igreja, escola, trabalho, clubes de serviços etc.

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Questão 4 (CESP/PC-GO/DELEGADO/2017) Em busca do melhor sistema de enfrentamen-


to à criminalidade, a criminologia estuda os diversos modelos de reação ao delito. A respeito
desses modelos, assinale a opção correta.
a) De acordo com o modelo clássico de reação ao crime, os envolvidos devem resolver o con-
flito entre si, ainda que haja necessidade de inobservância das regras técnicas estatais de
resolução da criminalidade, flexibilizando-se leis para se chegar ao consenso.
b) Conforme o modelo ressocializador de reação ao delito, a existência de leis que recrudes-
cem o sistema penal faz que se previna a reincidência, uma vez que o infrator racional irá
sopesar o castigo com o eventual proveito obtido.
c) Para a criminologia, as medidas despenalizadoras, com o viés reparador à vítima, condizem
com o modelo integrador de reação ao delito, de modo a inserir os interessados como prota-
gonistas na solução do conflito.
d) A fim de facilitar o retorno do infrator à sociedade, por meio de instrumentos de reabilitação
aptos a retirar o caráter aflitivo da pena, o modelo dissuasório de reação ao crime propõe uma
inserção positiva do apenado no seio social.
e) O modelo integrador de reação ao delito visa prevenir a criminalidade, conferindo especial
relevância ao ius puniendi estatal, ao justo, rápido e necessário castigo ao criminoso, como
forma de intimidação e prevenção do crime na sociedade.

Letra c.
O modelo integrador é conhecido também como justiça restaurativa e tem como objetivo a
reparação dos danos causados pela prática criminosa. Este modelo procura restabelecer, na
medida do possível, o status quo ante, tendo por escopo a ressocialização do infrator, a as-
sistência à vítima e o controle social afetado pelo crime. Utiliza a conciliação ou consenso.

Questão 5 (CESP/PC-GO/DELEGADO/2017) A escola criminológica que surgiu no século


XIX, tendo, entre seus principais autores, Rafaelle Garofalo, e que pode ser dividida em três
fases (antropológica, sociológica e jurídica) é a:
a) Escola Positiva.

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b) Terza Scuola Italiana.


c) Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã.
d) Escola Clássica.
e) Escola de Lyon.

Letra a.
Em meados do século XIX, Cesare Lombroso inaugura um novo período da criminologia (perí-
odo científico) com a publicação da obra L’uomo delinquente (O Homem Delinquente - 1876).
A criminologia positiva apresenta três fases: antropológica (Lombroso); a sociológica (Enrico
Ferri) e Jurídica (Rafaele Garófalo).

Questão 6 (CESP/PC-GO/DELEGADO/2017) Sobre as escolas criminológicas, é correto


afirmar:
a) A Escola de Chicago fomentou a utilização de métodos de pesquisa que propiciou o co-
nhecimento da realidade da cidade antes de se estabelecer a política criminal adequada para
intervenção estatal.
b) A teoria da rotulação social busca compreender as causas da criminalidade por meio do
processo de aprendizagem das condutas desviantes.
c) O positivismo criminológico desenvolveu a ideia de criminoso nato, aplicável contempora-
neamente apenas aos inimputáveis.
d) O abolicionismo penal de Louk Hulsman defende o fim da pena de prisão e um direito penal
baseado em penas restritivas de direito e multa.
e) A teoria da subcultura delinquente foi o primeiro conjunto teórico a empreender uma expli-
cação generalizadora da criminalidade.

Letra a.
A Escola de Chicago desenvolve estudos antropológicos urbanos centrados na influência que
meio ambiente exerce sobre a ocorrência do fenômeno criminal, estabelecendo uma relação
entre crescimento populacional das cidades e o consequente aumento da criminalidade.

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Questão 7 (CESP/PC-GO/DELEGADO/2017) Sobre a teoria da “anomia”, é correto afirmar:


a) é classificada como uma das “teorias de conflito” e teve, como autores, Erving Goffman e
Howard Becker.
b) foi desenvolvida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland e deu origem à expressão whi-
te collar crimes.
c) surgiu em 1890 com a escola de Chicago e teve o apoio de John Rockefeller.
d) iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton, e significa ausência
de lei.
e) foi desenvolvida por Rudolph Giuliani, também conhecida como “Teoria da Tolerância Zero”.

Letra d.
A anomia é um estado de falta de objetivos e regras e de perda de identidade, provocado pelas
intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno. A teoria da anomia é também
conhecida como teoria estrutural-funcionalista, tendo a sua gênese na obra de Durkhein e,
posteriormente, nos trabalhos de Robert Merton e Talcott Parsons. Esta teoria parte do prin-
cípio de que o crime é um fato social normal.

Questão 8 (CESP/PC-GO/DELEGADO/2017) Em relação às distintas teorias criminológicas,


a ideia de que o “desviante” é, na verdade, alguém a quem o rótulo social de criminoso foi apli-
cado com sucesso foi desenvolvida pela Teoria
a) da anomia.
b) da associação diferencial.
c) da subcultura delinquente.
d) da ecologia criminal.
e) da reação social ou Labelling Approach.

Letra e.
A teoria da reação social ou labelling approach ou, ainda, teoria do etiquetamento, apregoa
que não se pode conceber o delito sem considerar a reação social ao comportamento do indi-
víduo, sendo certo que o delinquente se diferencia do não delinquente tão-somente em razão
do estigma (ou rótulo) que recebe da sociedade. Mais do que um comportamento desviante,
o crime também é uma definição, um rótulo que a comunidade coloca no indivíduo.

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Questão 9 (CESP/PC-GO/DELEGADO/2017) Pode-se afirmar que o pensamento criminoló-


gico moderno é influenciado por uma visão de cunho funcionalista e uma de cunho argumen-
tativo, que possuem, como exemplos, a Escola de Chicago e a Teoria Crítica, respectivamente.
Essas visões também são conhecidas como teorias
a) da ecologia criminal e do transtorno.
b) do consenso e do conflito.
c) do conhecimento e da pesquisa
d) da formação e da dedução
e) do estudo e da conclusão.

Letra b.
Também conhecidas como teorias funcionalistas ou da integração, as teorias do consenso
afirmam que a finalidade da sociedade é atingida quando há um funcionamento perfeito de
suas instituições e os cidadãos compartilham objetivos sociais comuns, aceitando as regras
de convívio. Integram o rol de teorias do consenso: Escola de Chicago; Teoria da Associação
Diferencial; Teoria da Anomia; Teoria da Subcultura Delinquente. As teorias do conflito têm
por fundamento filosófico as ideias marxistas e defendem que a harmonia social decorre da
força e da coerção, havendo uma relação entre dominante e dominado, sem voluntariedade.
Essas teorias se encontram no âmbito da criminologia crítica ou radical. São exemplos: teo-
ria do etiquetamento, da rotulação ou labeling approach e teoria do conflito social marxista,
teoria radical ou crítica.

Questão 10 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) Constitui um dos objetivos me-


todológicos da teoria do Labelling Approach (Teoria do Etiquetamento Social) o estudo deta-
lhado da atuação do controle social na configuração da criminalidade. Assinale a alternativa
correta
a) Para o labelling approach, o controle social penal possui um caráter seletivo e discriminatório
gerando a criminalidade.

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b) O labelling approach é uma teoria da criminalidade que se aproxima do paradigma etiológico


convencional para explicar a distribuição seletiva do fenômeno criminal.
c) Para o labelling approach, um sistemático e progressivo endurecimento do controle social
penal viabilizaria o alcance de uma prevenção eficaz do crime.
d) O labelling approach, como explicação interacionista do fato delitivo, destaca o problema
hermenêutico da interpretação da norma penal.
e) O labelling approach surge nos EUA nos anos 80, admitindo a normalidade do fenômeno
delitivo e do delinquente.

Letra a.
Para a teoria do Labelling Approach, as condutas criminosas não são criminosas por sua
própria natureza. São apenas condutas. A qualidade de criminosa advém do etiquetamento
do direito penal. Ou seja, um fato só é considerado criminoso a partir do momento em que
adquire esse status por meio de uma norma seletiva que o qualifica como desviante.

Questão 11 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) O pensamento criminológico


moderno, de viés macrossociológico, é influenciado pela visão de cunho funcionalista (deno-
minada teoria da integração, mais conhecida por teorias do consenso) e de cunho argumen-
tativo (denominada por teorias do conflito). É correto afirmar que:
a) São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferen-
cial, a teoria da subcultura do delinquente e a teoria do etiquetamento.
b) São exemplos de teorias do conflito a teoria de associação diferencial a teoria da anomia,
a teoria do etiquetamento e a teoria crítica ou radical.
c) São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferen-
cial, a teoria da anomia e a teoria da subcultura do delinquente.
d) São exemplos da teoria do consenso a teoria de associação diferencial, a teoria da anomia,
a teoria do etiquetamento e a teoria crítica ou radical.
e) São exemplos da teoria do conflito a Escola de Chicago, a teoria de associação diferencial,
a teoria da anomia e a teoria da subcultura do delinquente.

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Letra c.
São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferen-
cial, a teoria da anomia e a teoria da subcultura do delinquente. Ainda dentro das teorias do
consenso, a partir da Escola de Chicago, foram desenvolvidas as seguintes teorias: teoria
ecológica, teoria espacial, teoria das janelas quebradas e teoria da tolerância zero. Por outro
lado, podemos apontar como exemplos de teorias do conflito a teoria do labeling approach e
a teoria do conflito social marxista (teoria radical ou crítica). A criminologia crítica ou radical
foi muito questionada, especialmente por não explicar a criminalidade nos países socialistas.
Sob este enfoque de questionamento propiciou o florescimento de três tendências da crimi-
nologia: o abolicionismo, o minimalismo e o neorrealismo.

Questão 12 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) Todas as alternativas estão cor-


retas, EXCETO:
a) Cifra negra é quantidade de delitos não comunicados ao não elucidados pelo Estado.
b) Cifras douradas representam as infrações penais praticadas pela elite político-econômica
e que não são reveladas ou apuradas, envolvendo, sobretudo, crimes do colarinho branco.
c) Cifras cinzas são infrações penais registradas nos órgãos competentes, mas que encon-
tram nas próprias delegacias a solução dos conflitos. Há quem sustente, no entanto, que cifra
cinza são aquelas infrações penais que, embora devidamente noticiadas, não chegam ao co-
nhecimento dos tribunais, tendo em vista a própria inoperância do Estado;
d) Cifras amarelas espelham as infrações penais praticadas no âmbito da violência domés-
tica e que não são levadas às autoridades tendo em vista o medo das vítimas de sofrerem
represálias por parte dos agressores;
e) Cifras rosas dizem respeito às infrações penais de caráter homofóbico, que não chegam ao
conhecimento do Poder Público.

Letra d.
Cifras amarelas espelham as infrações penais praticadas com violência policial e que não são
levadas ao conhecimento das corregedorias, tendo em vista o medo das vítimas de sofrerem
represálias por parte dos policiais.

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Questão 13 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) Com relação à criminalidade de-


nominada de colarinho branco, pode-se afirmar que a teoria da associação diferencial.
a) sustenta como causa da criminalidade de colarinho branco a proposição de que o crimino-
so de hoje era a criança problemática de ontem.
b) entende que o delito é derivado de anomalias no indivíduo podendo ocorrer em qualquer
classe social.
c) sustenta que o crime está concentrado na classe baixa, sendo associado estatisticamente
com a pobreza.
d) sustenta que a aprendizagem dos valores criminais pode acontecer em qualquer cultura ou
classe social.
e) enfatiza os fatores sociopáticos e psicopáticos como origem do crime da criminalidade de
colarinho branco.

Letra d.
A teoria da associação diferencial contesta a capacidade de explicação dos crimes do co-
larinho branco por parte das teorias criminológicas que focavam a apreciação do fenômeno
criminal apenas na desorganização social, na pobreza, enfim, nas mazelas sociais, porquanto
tais explicações se distanciavam da realidade dos crimes do colarinho branco. Para esta teo-
ria, o crime não é um fenômeno social exclusivo das classes menos favorecidas, mas sim um
comportamento decorrente de um processo de aprendizagem dos valores criminais. Ou seja,
a conduta criminal se aprende através das relações íntimas do indivíduo com pessoas do seu
meio social, seja ele rico ou pobre.

Questão 14 (CESP/TJ-PR/JUIZ/2019) Com relação às escolas e tendências penais, julgue


os itens seguintes.
I – De acordo com a escola clássica, a responsabilidade penal é lastreada na imputabilidade
moral e no livre-arbítrio humano.
II – A escola técnico-jurídica, que utiliza o método indutivo ou experimental, apresenta as
fases antropológica, sociológica e jurídica.

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III – A escola correcionalista fundamenta-se na proposta de imposição de pena, com caráter


intimidativo, para os delinquentes normais, e de medida de segurança para os perigosos. Para
essa escola, o direito penal é a insuperável barreira da política criminal.
IV – O movimento de defesa social sustenta a ressocialização do delinquente, e não a sua
neutralização. Nesse movimento, o tratamento penal é visto como um instrumento preventi-
vo.
Estão certos apenas os itens:
a) I, II e III
b) II e IV
c) II, III e IV
d) III e IV
e) I e IV

Letra e.
O ponto central da teoria clássica é o livre arbítrio, ou seja, o homem é livre para fazer suas
escolhas, dentre elas, cometer ou não um delito. O livre arbítrio é fundamentado pela imputa-
bilidade moral, a qual é o fundamento da responsabilidade penal. Isso significa que só é per-
mitido imputar delito a um determinado indivíduo, quando este for dotado de livre arbítrio, isto
é, quando possuir a liberdade de escolher entre os motivos de se cometer ou não o delito. Por
outro lado, os pensadores do Movimento de Defesa Social defendem que a finalidade da pena
é proteger a sociedade das ações delituosas, mas também ressocialização do criminoso.

Questão 15 (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO/2019) A escola criminológica que sur-


giu no século XIX, tendo, entre seus principais autores, Rafaelle Garofalo, e que pode ser divi-
dida em três fases (antropológica, sociológica e jurídica) é a:
a) Escola Positiva.
b) Terza Scuola Italiana.
c) Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã.
d) Escola Clássica.
e) Escola de Lyon.

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Letra a.
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BIBLIOGRAFIA
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CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia. Niteroi, Editora Impetus. 2013.

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FILHO, Nestor Sampaio Penteado. São Paulo. Saraiva. 2017.

MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol. 1. Parte Geral. São Paulo. Método. 2014.

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MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; NETO, Ricardo Ferracini. Criminologia. Salvador. Jus-
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