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Sumário
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................1
ASPECTOS HISTÓRICOS.............................................................................................................................5
PERIODO PRÉ-CIENTÍFICO.....................................................................................................................................5
Enfoque Clássico...................................................................................................................................................6
Período Científico..................................................................................................................................................7
ESCOLA CLÁSSICA...................................................................................................................................10
ESCOLA CLÁSSICA E POSITIVISTA NO BRASIL...........................................................................................13
ESCOLAS INTERMEDIÁRIAS (CLÁSSICA-POSITIVISTA)...............................................................................14
MODELOS TEÓRICOS DA CRIMINOLOGIA............................................................................................................16
ESCOLA DE CHICAGO..............................................................................................................................16
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL................................................................................................................20
TEORIAS DIFERENCIAIS........................................................................................................................................22
TEORIA DO REFORÇO DIFERENCIAL.....................................................................................................................22
Teorias dos consensos.........................................................................................................................................23
TÉCNICAS DA NEUTRALIZAÇÃO...........................................................................................................................23
TEORIAS DA REAÇÃO SOCIAL..............................................................................................................................23
Interacionismo simbólico, rotulação social, etiquetamento ou labelling approach.............................................24
CRIMINOLOGIA CRÍTICA (teoria crítica)...............................................................................................................30
VITIMOLOGIA E VITIMIZAÇÃO.............................................................................................................................35
REAÇÃO AO DELITO.............................................................................................................................................36
MODEOS DE POLÍTICA CRIMINAL........................................................................................................................37
INTRODUÇÃO
1. Conceito
A criminologia é uma ciência autônoma empírica e interdisciplinar, que tem por objeto o estudo do
crime, do criminoso, da vítima e do controle social da conduta criminosa, com o escopo de prevenção e
controle da criminalidade (Oliveira, 2018).
- Ciência – tem função, método e objeto próprio que permitem a validade e confiabilidade.
- Empírica – é uma ciência com ênfase na observação da realidade.
- Inteperdiciplinalidade várias áreas.
b. Política criminal: “Ciência ou arte de selecionar os bens (ou direitos), que devem ser
tutelados jurídica e penalmente, e escolher os caminhos para efetivar tal tutela, o que
iniludivelmente implica a crítica de valores e caminhos já eleitos” (Zaffaroni, 2004). Logo,
possui função orientadora, na assunção de medidas penais futuras; e crítica, com a
valoração das decisões tomadas pelo poder político.
Há políticas criminais:
- Abolucionistas Defendem que a pena tem que ser extinta porque elas são um mal em
si.
- Autoritárias (eficientistas) Apostam na funcionalidade do DP, pois ele é capaz de
proteger a sociedade. O ponto máximo dessa temática é o Direito Penal do Inimigo, esta
aposta que pode chegar até a morte.
- Politicas criminais mínimas ou garantistas há maior consideração sobre os problemas
do sistema, seleciona-se os crimes mais graves.
3. Métodos da Criminologia
a. Empirismo: a partir da observação do fato, pretende conhecer a realidade para explica-la,
aproxima-se do fenômeno delitivo sem mediações, buscando informação direta.
b. Criminologia: como é a realidade (etiologia do fato real), compreendendo-a e com poder
transformador. Ciência empírica e causal-explicativa. Mundo do ser.
c. Direito Penal: procura observar a realidade criminal, a partir do modelo típico. Interpretar
normas e aplicar ao caso concreto, de forma dedutiva-sistemática. Ciência valorativa e
normativa. Mundo do dever-se.
d. Interdisciplinaridade: relaciona-se com diversas e distintas áreas do conhecimento, sendo
marcada por dialogar com diferentes orientações ao buscar compreender o delito, o
delinquente, a vítima e o controle social. Ex: direito penal, sociologia, psicologia, psiquiatria,
biologia.
Obs: Para Garland, não seria autônoma por esse caráter interdisciplinar. Porém, a
criminologia poderia ser concebida como um espaço de encontro, pois, do contrário, ser
autônomo implicaria estudar apenas “criminologia”.
c. Vítima: o estudo sobre as pessoas que sofrem crimes também ganha relevância na
criminologia, superando um ostracismo do relevante papel da vítima, especialmente sobre
(a) fatores de risco que facilitam vitimização,
(b) relações mantidas com o delinquente,
(c) medidas preventivas adotadas,
(d) denúncias oferecidas,
(e) incremento ou diminuição do medo,
(f) atuação do sistema penal em prol das vítimas.
d. Controle social: como é articulada a resposta oficial em face de uma conduta definida como
criminosa? Como se articula e opera o sistema penal?
Controle social formal: sistemas previstos em lei e formalmente voltados para a
prática de delitos;
Controle social informal: busca outras respostas, não necessariamente previstas em
normas (ex: família, consciência) e não necessariamente legais (ex: direito penal
subterrâneo – agências executivas de controle à margem da lei e com certa
aderência de outros players; milícias).
Controle Social
Informal: família, escola
Formal:
1ª seleção: Polícia
2ª seleção: MP
3ª seleção: Juiz
E não deve ser confundido com:
Prevenção primária (antes que o problema se manifeste ex: atuação da escola na
educação); secundária (atua quando o delito se manifesta ex: atuação da polícia);
e terciária (destinatário é o preso ex: ressocialização).
e. Sistema penal (que participam muitos atores com uma cosmovisão de delito
particularizada) → reage a um comportamento definido como delito → enseja
consequências.
Forças policiais (que devem agir em prol da sociedade) e como são construídas estatísticas
delitivas para alguns delinquentes e não para outros (cifra oculta/negra da criminalidade).
Cifra oculta/negra da criminalidade trata-se dos crimes que não foram computados na
delegacia ou mesmo IP que não vão virar denúncia, sentença não a favor. São os delitos que
não foram punidos.
De acordo com estudos vitimológicos, a diferença entre os crimes sexuais praticados e os comunicados às
agências de controle social é de aproximadamente 90%, o que estaria em consonância com os dados do
Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (texto 1A9-II), que indica a ocorrência de subnotificação
nos casos de estupros praticados em Sergipe. Esse fenômeno, de apenas uma parcela dos crimes reais ser
registrada oficialmente pelo Estado, é o que a criminologia chama de cifra negra da criminalidade. CERTO
“Attrition rates” diferença entre delitos conhecidos e condenados pelo sistema penal.
Como evoluíram as formas de castigo e relações estabelecidas entre castigo e estrutura
econômica e cultural.
ASPECTOS HISTÓRICOS
Período pré-científico: textos esparsos, da Antiguidade, como, por exemplo, Sócrates (importância
da ressocialização), Hipócrates (premissas de inimputabilidade penal ao insano mental), Platão
(fatores econômicos geram criminalidade)
o Características:
Ausência de estudo sistematizado (crime e criminoso)
Explicações sobrenaturais ou religiosas – delito era pecado.
Demonismo personificado pelo criminoso.
Divisão: enfoques criminológicos clássicos (filosofia, ideário do iluminismo, reformadores e direito
penal clássico) e empírico (investigações sobre o crime, fragmentada e com fontes diversificadas).
Idade Média: Europa feudal e religião dominante era o Cristianismo, com poder político da Igreja. O
delito era pecado e o delinquente, pecador.
o Na produção de provas, admitiam-se ordálios (juízos de Deus).
o Santo Agostinho (354 a 430 d.C): pena é medida de defesa social, intimida e promove
a ressocialização do delinquente.
o São Tomás de Aquino (1.226 a 1.274 d.C): Pobreza era grande causa do roubo e
deveriam ser levadas em consideração as condições de miséria. Ideia de justiça
distributiva “dar a cada um o que é seu”
Período Pré-científico
a. Século XVI: Thomas Morus (Utopia, de 1516): o delito conectava-se à vários motivos, mas
destacavam-se a desorganização social e a pobreza (fator socioeconômico). Proposta de que os
poderes públicos arbitrassem medidas para que delinquentes trabalhassem para as vítimas, para
compensar o dano.
b. Fisionomistas (séc. XVII e XVIII): como Della Porta e Joahnn Kaspar Lavater, estudavam aparência
externa dos delinquentes (relação entre somático e psíquico), buscando verificar características
físicas de matiz criminosa.
i. Referências: Código de Manu, Zófiro, Eximenes. São Jerônimo: “a face é o espelho da alma
e os olhos, mesmo calados, confessam os segredos do coração”.
ii. Utilizavam o “Édito de Valério” – presunção de culpabilidade pela feiura. Marquês de
Moscardi (juiz napolitano) – beleza do condenado para aferir o julgamento Lavater:
“homem de maldade natural” – homem semelhante a animal
→ Protagonismo do criminoso como protagonista do fenômeno delituoso.
→ Juízes sentenciam pessoas, não casos.
c. Cranioscopia (Franz Joseph Gall e Jonh Gaspar Spurzhem) – medição da cabeça e a forma externa do
crânio determinaria o caráter e personalidade.
d. Frenologia (Franz Joseph Gall) – análise interna da mente, para identificar a localização física de cada
função anímica do cérebro (teoria do crânio – localização).
i. Mapa cerebral - criminosos condenados à morte tinham instinto de defesa extraordinária,
coragem e tendência a agressividade (localização atrás das orelhas). Tendência homicida
(acima e à frente das orelhas). Tendência a discutir (cabeças mais largas) Da frenologia irá
se desenvolver, mais recentemente, a neurofisiologia e neuropsiquiatria
2. CIÊNCIA PENITENCIÁRIA (século XVIII): análise, descrição e denuncia da realidade penitenciária europeia.
Reforma do delinquente deve ser a principal finalidade.
John Howard (1726-1790): contra o sistema de comunidades (prisões não diferenciavam presos,
apenas retirava da sociedade e os punia), sem higiene, espaços superlotados. Buscou reformas legais
(educação religiosa, trabalho regular organizado, condições alimentícias e higiênicas, isolamento parcial e
inspeções periódicas)
→ Impacto nos EUA (1ª prisão celular, 1797, Newgate prison) Jeremy Bentham (1748-1832):
Enfoque na prevenção e punição de delitos (utilitarismo). Recusa a pena de morte. Panopticon, com
arquitetura específica para disciplinar o detento. Necessidade de utilizar a estatística. Regime penitenciário
assentado na doçura, rigor e severidade (separação de sexos, higiene e vestuário, alimentação apropriada,
rigor no regime disciplinar)
3. PSIQUIATRIA (séc. XVIII) : desenvolvimento da psiquiatria como ciência autônoma a partir de Philippe
Pinel. rompe com pensamento demonológico e distingue criminosos de enfermos mentais.
Esquirol: sistematização e classificação de enfermidades.
Morel: ponto de partida para a psicopatologia infantil, pelos estudos entre delinquência e loucura –
doença mental (delito é fenômeno patológico, resultante da interação entre fatores biológicos
hereditários e sociológicos ambientais).
4. ANTROPOLOGIA: estudos com ênfase no ser humano e na degeneração presente nos delinquentes.
Estudos de Broca ou Wilson (crânios de assassinos) e Thompson (reclusos).
Nicholson: criminoso é variedade mórbida da espécie humana.
Lucas (1805-1885): conceito de atavismo: tendência criminosa transmite-se de pai para filho
(hereditariedade) e está presente desde seu nascimento.
Virgílio: “criminoso nato” (2 anos antes de Lombroso): a partir do estudo de 300 condenados
analisou anomalias congênitas, estigmas corporais e enfermidades orgânicas
5. ESCOLA CARTOGRÁFICA (OU ESTATÍSTICA MORAL) – Quetelet e Garry → Adolphe Quételet (1796-1864):
cria a estatística criminal.
Mapas geográficos da criminalidade
→ Teoria das leis térmicas: determinados delitos correspondem a estações do ano – crime
patrimonial no inverno, crime contra a pessoa no verão e crimes contra a dignidade sexual na
primavera.
→ Delito é fenômeno social – periódico – relacionado a determinados fatores (miséria,
analfabetismo, clima etc) e deve ser estudado pelas estatísticas.
→ Concebeu a figura do homem médio.
Enfoque Clássico
Período Científico
7. Século XIX: cientificismo. empirismo. método experimental ou indutivo. verificação prática do crime e do
criminoso.
* O método dedutivo da escola clássica há dogmas os quais vincula, por exemplo, tinha o dogma
que o ser humano é racional, logo todos os seres humanos são racionais. O pensamento indutivo parte
através da realidade, através de estudos etc.
ATENÇÃO:
(a) Paul Topinard (1879) utilizou primeiramente o termo “criminologia”
(b) Rafaelle Garofalo (1885) utiliza a nomenclatura como título de um livro científico voltado para a
ciência que estuda a criminalidade
(c) Francesco Carrara (1859), no livro Programa de Direito Criminal, teria adotado aspectos de
pensamento criminológico para autores da escola clássica
b. Sociologia Criminal: crime como fenômeno social e fatores ambientais (exógenos) atuam sobre a
conduta individual e conduzem à prática delitiva CESPE explicação do crime como fenômeno
coletivo cuja origem pode ser encontrada nas mais variadas causas sociais, como a pobreza, a
educação, a família e o ambiecrnte moral, corresponde à perspectiva criminológica denominada
c. Positivismo sociológico: sugere fatores sociais como pobreza, pertencimento a subculturas, baixos
níveis educacionais como predisposição para a prática de crimes.
→ Adolphe Quetelet: a partir de dados estatísticos sobre crimes e fatores sociais, visualizou idade,
gênero, pobreza, educação e consumo de álcool como fatores do crime relevantes.
→ Rawson W. Rawson: estatísticas indicando conexão entre densidade populacional e taxas
criminais.
→ Henry Mayhew: métodos empíricos e abordagem etnográfica para relacionar questões sociais e
pobreza.
d. Criminologia socialista (lato sensu): crime decorre da natureza capitalista da sociedade, que
somente iria diminuir ou erradicar com a instauração do socialismo. Final do século XIX
→ A partir das teorizações de Karl Marx (1818-1883) e Friderich Engels (1820-1895)
i. Karl Marx: “direito é um instrumento para a manutenção do status quo (dominação), uma vez que
controlado pela classe social dominante.
Ilusão legalista: lei se limita a exprimir as relações constituídas na infraestrutura (legitima
a relação de dominação)
Ilusão igualitária: igualdade proclamada formalmente não modifica a realidade objetiva
da maioria das pessoas.
Karl Marx: a ideologia é uma falsa consciência (mascara a realidade), que uma classe
social tem a respeito da sua própria situação e da sociedade – assim, teorias de economistas
burgueses serão ideologia de classe. Não é uma tentativa de enganar ou iludir, já que a
classe apenas pode vislumbrar o mundo em função de sua própria situação.
A imagem jurídica (representação) de um mundo de direitos e obrigações é a
representação social em que o burguês manifesta ao mesmo tempo sua maneira de ser e
sua situação. Nesse aspecto, o Estado é aparelho de coerção e repressão social da classe
dominante, não sendo instrumento para realização da justiça, não representa a vontade do
povo ou do legislador, sendo uma superestrutura ideológica a serviço dos dominantes.
Ideologia e Estado são instrumentos de dominação política dos proprietários sobre os
proletários, sendo que a ideologia impede a revolta (legal aparece como legítimo).
ii. Friedrich Engels: ordem jurídica capitalista cria a possibilidade do homem (sua mão-de-obra)
circular como mercadoria – homem é sujeito e objeto de direito.
e. Criminologia socialista (stricto sensu): estudaria as causas dos crimes em países socialistas.
→ Se o capitalismo é o germe do mal social, inclusive da criminalidade, por que países
socialistas não erradicaram os crimes?
Zaffaroni: não é uma corrente ou escola, mas um amontoado de pensamentos, de épocas e países
diferentes.
Para Concurso: Existiu, pois há uma unidade ideológica (buscava dar garantismo do indivíduo
contra o poder punitivo) e metodológico (a forma de pesquisa, pelo método racionalista, lógico-
abstrato, dedutivo)
ESCOLA CLÁSSICA
1. 1º período - Filosófico Beccaria – Dos Delitos e das Penas (1764)
- poder de síntese e representação histórica
- Autor que vislumbrou o que ocorria na época e conseguiu traduzir essa ocorrência, inclusive
anseios da população
- “É melhor prevenir os delitos que ter de castigá-los” – tranquilidade pública por meios preventivos
eficazes - Denúncia da legislação da época, arbitrária na aplicação da lei – excesso punitivo
- Pressupostos iluministas: contrato social (reserva legal), separação dos poderes, humanidade das
penas, princípio utilitarista da máxima felicidade para o maior número de pessoas
- Conclusões: legalidade (poder punitivo contratualmente elaborada e da separação dos poderes),
leis gerais, escritas e juiz limitado ao silogismo, utilidade do castigo (utilidade deste).
SILOGISMO
Premissa Maior “Matar alguém” é homicídio (previsão típica) Premissa Menor Pedro matou
alguém (fato) Conclusão: Pedro é homicida (imputação delituosa)
2. 2º período – Jurídico
Livre arbítrio, de origem divina, guia a ação humana, logo o crime é uma violação consciente e
voluntária da norma penal.
A pena deve ser proporcional ao crime e por ele justificada (função retributiva)
A pena é a negação da negação. Crime é um ente jurídico.
Pela premissa jusnaturalista que apenas situa o delito situacionalmente, pois não indaga as
“causas” do comportamento criminoso.
Antonio Garcia-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes: menosprezou o exame do delinquente (como
pessoa), seu meio ou relacionamento social.
CLÁSSICOS X POSITIVISTAS
Os positivistas criticam os clássicos, que teriam sido responsáveis pelo aumento da criminalidade (em
razão da tipificação e pela criminalização primária) e da reincidência.
Aplicação de métodos de orientação científica (empírico-positivista), ao invés de orientações filosóficas.
Apenas é possível compreender o crime entendendo o criminoso.
Para os positivistas, o ser humano era determinado em sua vontade, que não era livre, resultando de
diversos fatores.
A ênfase exagerada na proteção dos direitos dos indivíduos, para algumas ideologias políticas, ultrapassou
os limites e sacrificou os interesses da coletividade.
ESCOLA POSITIVISTA
POSITIVISTAS
Cesare Lombroso Enrico Ferri Raffaele Garofalo
Fase Antropológica Fase Sociológica Fase Jurídica
Com sua obra Sociologia
Criminal, de 1900, inaugurou a
fase sociológica do positivismo
criminológico.
FASE ANTROPOLÓGICA
→ Teses centrais:
(1) sinais físicos e psíquicos diferenciam os criminosos dos não criminosos
(2) Criminoso é variante da espécie humana, um ser atávico (degeneração).
(3) Essa variação pode ser transmitida hereditariamente.
Criminoso nato: a partir de um criminoso multirreincidente que reúne série de anomalias, inclusive
a fosseta occipital média. 40% da população carcerária – tendência “Criminoso nato universal” –
características seriam comuns em todo mundo.
Tipos de criminosos: nato louco moral, epilético (congênito), louco, ocasional e passional (não
congênito).
FASE SOCIOLÓGICA
Lei da saturação: “a criminalidade, seja natural, seja legal, continua a aumentar em seu conjunto,
com as variações anuais mais ou menos grandes que se acumulam a seguir em um longo período,
por uma ‘serie de verdadeiras ondas criminais. Deles vemos que o nível da criminalidade é “cada
ano, determinado, pelas diferentes condições do meio físico e social combinadas com as tendências
congênitas e com os impulsos ocasionais dos indivíduos, segundo uma lei que, por analogia com
aquela que se observa em química, chamei lei da saturação criminal. Como em um volume de água
dado, a uma temperatura dada, se dissolve uma quantidade determinada de uma substância
química, nem um átomo a mais e nem um de menos, da mesma maneira em um meio social dado,
com as condições individuais e psíquicas dadas, se comete um número determinado de delitos,
nem um a mais, nem um a menos”
Lei da saturação: nível de criminalidade é atrelado anualmente pelas condições físicas e sociais,
combinadas com tendências congênitas e impulsos ocasionais dos indivíduos. Em condições
especiais poderia ocorrer sobressaturação criminal, com excepcional incremento das taxas de
criminalidade.
1) Não há regularidade mecânica dos fenômenos criminais
2) Penas não tem a eficácia atribuída a elas.
Teoria dos substitutos penais: o crime pode ser punido sem sanção penal, por um conjunto de
providências em reformas práticas – meios preventivos.
Dentre os meios de combate à criminalidade, os preventivos seriam mais eficazes que os
reparatórios, repressivos e excluidores.
A pena é um meio de defesa social para ajustar o criminoso à convivência social, porém necessita
ser precedida ou acompanhada por reformas econômicas, sociais etc.
FASE JURÍDICA
Delito natural: existe na sociedade humana, independente das circunstâncias e exigências de uma
determinada época ou das particularidades do legislador, e decorre da violação dos sentimentos
altruístas fundamentais de piedade (violado nos crimes contra as pessoas e violentos) e probidade
(violado nos crimes contra o patrimônio).
Relevância da indenização (do Estado e da vítima)
A repressão deveria ser rigorosa, especialmente a pena de morte, deportação, relegação a
colônicas penais.
Lei de adaptação – adaptação e eliminação dos inaptos em um tipo de seleção social natural
(darwinismo social), inclusive com a possibilidade de morte (anormalidade psicológica permanente)
para criminosos natos.
→ Supremacia radical da ordem social que deve eliminar os que não se adaptam à sociedade e às
exigências de convivência.
→ Em sua época, aderiu ao fascismo e tinha enorme ceticismo à reabilitação.
Cenário de fundo:
quadro social tenso, com libertação da mão-de-obra escrava, possibilidade de alguns direitos por
negros, há o debate sobre o status jurídico do negro e sua cidadania.
aceitação das teorias da criminologia positivista, mesmo com as críticas que faziam à Lombroso –
Legitimação do tratamento desigual.
TÉCNICO-JURÍDICA ITALIANA
Arturo Rocco: Direito penal não possui propensão a ser mero capítulo da história (como aponta o
positivismo criminológico) e do formalismo excessivo (escola clássica). Redução do direito penal a uma
teoria jurídica, conjunto de princípios, de fatos ou fenômenos regulador pelo ordenamento jurídico
positivo.
Método dogmático: voltado para o único direito penal que existe como dado pela experiência, direito
penal positivo. Crime e pena sob aspecto puramente jurídico, como fatos disciplinados pelo direito
positivo.
* August Comte que trás ideia de ciência positiva.
Elaboração científica escalonada: fases da interpretação (Exegética teleológica), sistemática e crítica
(como o direito deve ser)
Juristas, ao elaborarem o estudo técnico das leis penais, devem elaborar uma dogmática guiada por um
espírito realista (estudo de instituição jurídica deve remeter a estudo de sua finalidade e função social).
Binding: Estudo do direito em si, excluindo qualquer consideração metajurídica ou valorativa – Formalismo
intranormológico O DP é aquilo o que ele diz que é. As realidades não conseguem se inserir dentro do
DP.
Contribuições nas teorias das normas (norma é entidade puramente jurídica), jus puniendi (aspecto formal
e polo criado pela norma) e pena (possui apenas finalidade retributiva, voltada para a sua execução).
Teoria objetiva da interpretação: buscar a vontade da lei (não do legislador, mas da vontade do direito
que se exprimiu na proposição jurídica como elemento de um sistema). Isso é muito próximo a Hans
Kelsen.
ESCOLA SOCIOLÓGICA ALEMÃ – POLÍTICA CRIMINAL OU MODERNA ALEMÃ * esses nomes caí em
concurso A Escola de Política Criminal previa a possibilidade de penas conviverem com medidas de
segurança no ordenamento jurídico. O Programa de Marburgo de Von Liszt, mais especificamente,
defendia o fim das penas privativas de liberdade de curta duração.
Franz Von Liszt (Programa de Marburgo – 1882), Adolphe Prins, Von Hammel
Postulados:
(a) método indutivo-experimental;
(b) distinção imputáveis e inimputáveis (pena e medida de segurança para perigosos);
(c) crime é fenômeno humano-social e fato jurídico;
(d) função da pena: prevenção especial;
(e) eliminação-substituição de penas privativas de curta duração.
A DEFESA SOCIAL
Filippo Gramatica: responsabilidade penal deve repousar no indivíduo – eliminação das causas de
desemparo na sociedade pelo Estado; não há direito de castigar, mas de socializar (não com penas, mas
medidas de defesa social preventiva, terapêutica e pedagógica), em face da personalidade
(antissocialidade subjetiva), não em relação ao dano causado. Tratamento comprovado do enfermo.
Marc Ancel (nova defesa social): máxima individualização da resposta punitiva para potencializar a
socialização e rechaçar direito penal meramente retributivo.
Objetivo: prevenção da delinquência e recuperação do delinquente em contexto de harmonia social
1. SOCIOLOGIA CRIMINAL
1.1. SOCIOLOGIA CRIMINAL.
1.1.1. A moderna sociologia partiu para uma divisão bipartida, analisando as chamadas teorias
macrossociológicas, sob enfoques consensuais ou de conflito.
2
Suburbicon: Bem-vindos ao Paraíso filme para assistir sobre isso.
1.5.2.1. O homem imita o outro na proporção direta do grau de proximidade ou intimidade
entre eles;
1.5.2.2. O superior é imitado pelo inferior;
1.5.2.3. Pela lei da inserção, há um caráter subsidiário em determinadas tendências
delituosas (a mais recente acresce e há um decrescimento da anterior)
1.5.3. EDWIN SUTHERLAND3 (1939) grande verdor dos crimes de colarinho branco.
Cenário sociocultural: Surgindo como grande potencial após o final da I Guerra mundial, em
1929 há a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, com crise severa e agravamento de
problemas sociais, lei seca e aumento de ação de gangues.
Abandona-se o ultraliberalismo da não intervenção e há o New Deal (Roosevelt, 1932) e o
Estado pode intervir diretamente na economia e controlar agentes econômicos, com a
criação de agências de regulação e organização de sindicatos (nova figura para controlar as
grandes corporações).
Diminuição dos lucros dos agentes financeiros, perda de prestígio e um certo
descumprimento das regras do jogo, advém uma nova forma de criminalidade.
Cria a teoria da associação diferencial, inspirado em Tarde. Estudou 70 empresas dos EUA
por 25 anos e verificou que apenas 1 (uma) não teria participado de atos ilícitos e que 91,7%
eram reincidentes. Mesmo assim, existia uma apreciação diferencial de grandes
empresários, comerciantes, industriais pelo status.
O comportamento criminoso deriva de um processo de aprendizagem que se dá com a
interação com pessoas favoráveis à prática de crimes (comunicação pessoal). Não é um
processo de socialização deficiente.
Excesso de definições aprendidas que são favoráveis à violação da lei em número superior
às definições desfavoráveis à violação da lei. viole a lei em um nível superior.
1.5.4. Premissas:
1. “Comportamento criminoso é aprendido”.
2. “Comportamento criminoso é aprendido pela interação com outras pessoas em um
processo de comunicação”.
3. “A principal parte da aprendizagem do comportamento criminoso ocorre dentro de grupos
íntimos e pessoais”.
4. “Quando um comportamento criminoso é aprendido, a aprendizagem inclui: técnicas para
executar o crime, que podem ser complicadas ou simples; e as direções específicas de
motivos, impulsos, racionalizações e atitudes”.
5. “A direção específica dos motivos e impulsos é aprendida a partir de definições dos códigos
legais como favoráveis ou desfavoráveis”.
6. “Uma pessoa torna-se delinquente por causa de um excesso de definições favoráveis à
violação das leis sobre definições desfavoráveis à violação delas”.
7. “Associações diferenciais podem variar em frequência, duração, prioridade e intensidade”.
8. “O processo de aprendizagem do comportamento criminoso por associação com padrões
criminosos e anticriminosos envolve todos os mecanismos envolvidos em qualquer
aprendizagem”.
9. “Enquanto comportamento criminoso é uma expressão de necessidades e valores gerais,
ele não é explicado por essas necessidades e por esses valores, dado que comportamento não
criminoso é uma expressão das mesmas necessidades e dos mesmos valores”.
1.5.5. Crime de colarinho branco: pessoa de alto nível, alto poder econômico e viola leis que
regulamentam sua profissão. Cifras douradas da criminalidade.
→ Subestimação da criminalidade econômica e supervalorização da criminalidade de classe
baixa.
3
Livro: Crime De Colarinho Branco
→ Em oposição ao crime de colarinho azul, estudados já pela Escola de Chicago (praticados
por operários que usavam macacão azul) em função da desorganização social, analisa os
crimes praticados por pessoas com altos cargos, com poderes decisórios, ternos e colarinhos
brancos.
→ Ao contrário da escola de Chicago, esses crimes decorrem não da desorganização, mas da
organização diferente voltada para prática de crimes, eliminação de concorrência etc.
“A hipótese aqui sugerida como uma substituta para as teorias convencionais é que a
criminalidade de colarinho branco, assim como qualquer tipo sistemático de criminalidade, é
aprendida; que ela é aprendida pela associação direta ou indireta com aqueles que já haviam
praticado o comportamento; e que aqueles que aprendem esse comportamento são
segregados de frequentes e íntimos contatos com comportamentos obedientes à lei. O fato de
uma pessoa tornar-se criminosa ou não é determinado amplamente pela comparação da
frequência e intimidade dos contatos com esses dois tipos de comportamento”.
1.5.6. Em Resumo:
I - Teoria da associação diferencial: O pressuposto inicial é de que o crime é um
comportamento que se aprende, já que ninguém nasce criminoso. Não há, portanto, herança
biológica do crime, mas sim um processo de aprendizagem que conduz o homem à prática dos
atos socialmente reprováveis. A parte decisiva do processo de aprendizagem ocorreria nas
relações sociais mais íntimas. Ou seja, a influência criminógena dependeria do grau de
proximidade do contato entre as pessoas.
Critica: não explica o fato de que muitas vezes alguém convive diariamente com um criminoso
e, mesmo assim, não adere à prática delitiva. Ou seja, a teoria desconsidera a incidência de
fatores individuais de personalidade, ocultos e até inconscientes.
1. TEORIAS ESTRUTURAIS-FUNCIONALISTAS
1.1. Teorias da anomia (Durkain) O crime é normal, é esperado e ele tem funções deletérias e Para
as teorias estruturais-funcionalistas, o crime é fenômeno social, normal e funcional para a
sociedade.
Émile Durkheim: há um conjunto comum de crenças e sentimentos em uma comunidade,
consagrado em suas normas e estabelece um padrão de condutas, que produz coesão social.
Essa consciência coletiva difere das consciências individuais, é difusa em toda a sociedade e possui
características próprias que fazem dela uma realidade distinta.
Teoria da Anomia (Émile Durkheim): o desvio é fenômeno inevitável, normal da estrutura social,
sendo necessário e útil para equilíbrio e desenvolvimento sociocultural. Apenas possui aspecto
negativo quando ultrapassa certos limites.
Crime pode prepara e antecipar a moral futura (renova pautas) e o delinquente introduz um agente
regulador da vida social (Estabiliza e reforça sentimento coletivo).
1..1. Exemplo, antigamente somente o rei tinha terras, a elite quis ter parte das terras, nem que
seja de forma violenta.
Pena: mantém intacta a coesão social e reforça a consciência coletiva.
Anomia: perda das referências coletivas leva ao enfraquecimento da solidariedade social.
1.2. Teoria da Anomia (Robert K. Merton): Crime ligados ao modelo cultural e, em razão de apelos de
cada sociedade, que sugere metas culturais, cada indivíduo deve alcançar a estrutura social, daí
decorrendo pressões sociais sobre o comportamento humano.
Crime surge do desajuste entre os objetivos culturais e as formas legítimas de alcançalos (típico de
uma estrutura social defeituosa).
Estrutura cultura: conjunto de valores que regulam o comportamento, os objetivos culturais de
cada sociedade
Estrutura social: complexo de relações sociais em que os membros de uma sociedade ou grupo
estão inseridos (estrutura das oportunidades reais).
Anomia: crise da estrutura cultural quando há forte discrepância entre normas e fins culturais, de
um lado, e possibilidades estruturadas socialmente de atuar em conformidade com aquelas, de
outro lado.
Sociedade anômica: caracterizada por uma distribuição seletiva das estruturas sociais, em que
apenas alguns conseguirão alcançar as metas culturais (caráter sistêmico) → a sociedade não
oferece caminhos legais (oportunidades lícitas, ”meios institucionais”) para atingir os fins culturais
(expectativas culturais) que a própria sociedade fomenta.
Normas e fins (metas) culturais possibilidades estruturadas socialmente de atuar em conformidade
com aquelas
Tipos de adaptações (Merton)
1..1. Conformistas: reposta positiva do indivíduo aos fins culturais e aos meios legítimos
1..2. Inovação: tipicamente criminoso, só se adapta aos fins culturais, não aos meios legítimos, mas
legalmente proibidos a alcançar simulacro de sucesso (riqueza e poder)
1..3. Ritualismo: rechaço às metas culturais, por não conseguir alcança-las e respeito por quem
consegue. Normas institucionais são seguidas compulsivamente (ex: funcionário público sem
ambições)
1..4. Evasão, retraimento ou apatia: negação total. Párias, errantes, mendigos, viciados.
1..5. Rebelião: substituição por novos fins culturais e meios institucionalizados.
Em resumo:
II - Teoria da anomia: de cunho funcionalista, teve dois grandes pensadores: Émile Durkheim e Robert
Merton, cada um com sua própria concepção. Para Durkheim, anomia representa a ausência ou
desintegração das normas sociais, que acarreta uma ruptura dos padrões sociais de conduta, produzindo
uma situação de pouca coesão social. Para ele, haverá anomia sempre que os mecanismos institucionais
não estiverem cumprindo o seu papel. Exemplo: a ideia de impunidade favorece a criminalidade. Nessas
hipóteses, o indivíduo começa a flexibilizar as regras socialmente aceitas (Ex: é proibido roubar) e começa
a praticar comportamentos delituosos.
Para Durkheim, o crime, até certo ponto, seria um fenômeno normal e útil, tendo a pena a função de
reforçar a consciência coletiva a respeito dos valores que devem ser preservados.
É justamente por conta dessa ideia de que o crime exerceria um papel funcional na sociedade que a teoria
da anomia é caracterizada de funcionalista. Contudo, a partir do momento em que os mecanismos
institucionais não mais cumprem seu papel, ou seja, no nosso exemplo, a partir do momento em que o
Estado não mais puna o indivíduo que rouba, os cidadãos recebem a mensagem de que o patrimônio não é
mais um bem jurídico importante e tutelado pelo Estado, e é justamente nessa situação que surge a
anomia, pois tal os indivíduos não se veem mais obrigados a seguir padrões sociais de conduta.
AULA 16
1.3. Teoria da Pressão (Robert Agnew): a criminalidade é consequência da pressão social sofrida por
indivíduos que buscam alcançar fins culturais, diante da escassez dos meios legítimos.
Delito é uma das formas de aliviar as pressões.
Fatores de impulsão (como menor adaptação ou apoio social) ou fatores de predisposição
(temperamento)
A pressão não é presumida unicamente para a aquisição de bens materiais (como Merton), mas:
(a) na impossibilidade de alcançar as metas sociais desejadas (desequilíbrio expectativas e o que
pode alcançar);
(b) privação de estímulos positivos que indivíduo possui ou que espera possuir; e
(c) derivada da confrontação do indivíduo com situações negativas que não pode escapar
Aula 17
1. Teorias da Subcultura
Alberto K. Cohen (Delinquent boys: the culture of the gang, 1955): subculturas delinquentes,
gerando um estado de frustração que influencia na aderência à subcultura e resultará em
delinquência.
Subcultura delinquente:
a. Não utilitarismo da ação: muitos delitos que não possuem motivação racional (ex: quebrar
placas de trânsito). Significado simbólico (fama, valor, satisfação)
b. Malícia da conduta: Desafio dos tabus sociais da cultura oficial; autocomplacência (agradar a
si), prazer em atemorizar o outro (ação de gangues, temor em jovens)
c. Negativismo da conduta: polo oposto aos padrões da sociedade
Walter B. Miller: subcultura, com seus valores e metas, é transmitida por gerações, fomentando a
delinquência – crime resulta da própria cultura das classes inferiores (classe social)
Em resumo:
III - Subcultura delinquente: A ideia de subcultura delinquente foi consagrada por Albert Cohen, e pode ser
resumida como um comportamento de transgressão que é determinado por um subsistema de
conhecimento, crenças e atitudes que possibilitam, permitem ou determinam formas particulares de
comportamento transgressor. Ou seja, os indivíduos que não possuem modelos morais tradicionais na
família ou na comunidade em que vivem tendem a ser “contagiados” culturalmente por um grupo
desviado, as chamadas “gangues”, sendo que estas irão impor seu próprio padrão moral.
Assim, pode-se dizer que essas “gangues” formam subculturas criminais, sendo uma reação necessária de
algumas minorias altamente desfavorecidas diante da exigência de sobreviver, de orientar-se dentro de
uma estrutura social, apesar das limitadíssimas possibilidades legitimas de atuar.
Segundo Albert Cohen, a subcultura delinquente caracteriza-se por três fatores: A) não utilitarismo da ação
(condutas sem finalidade. Cometidas só pelo puro prazer as vezes); b) malícia da conduta (condutas são
praticadas pela sensação de desafio) ; c) negativismo (significa a polaridade negativa ao conjunto de
valores da sociedade obediente às normas sociais. Ou seja, as condutas delinquentes são corretas
exatamente por serem contrárias às normas da cultura mais gerais)
TEORIAS DO CONFLITO - Toda sociedade é baseada na força e coerção. Ha imposição de alguns membros
sobre outros.
As teorias conflituais defendem de que o conflito é necessário (não nocivo), uma vez que a sociedade está
sujeita a mudanças contínuas e todo elemento coopera para sua dissolução. Neste contexto, a chamada
harmonia social decorre da força e coerção dos dominantes perante os dominados.
Representantes: 1) Labelling Aproach/Teoria do Etiquetamento/Teoria da Rotulação Social/Teoria da
Reação Social/Interacionista ou Interacionismo Simbólico; e 2) Teoria Crítica/Criminologia
Crítica/Criminologia Radical ou Nova Criminologia)
TEORIAS DIFERENCIAIS
DANIEL GLASER: crime relaciona-se mais com a identificação do delinquente com pessoas reais ou
imaginárias, e suas pautas de conduta, tornando aceitável sua própria conduta delitiva, do que decorre de
um processo de aprendizagem.
. Inclui a teoria dos papeis ao conceito de aprendizagem (relação positiva com os papeis
desempenhados por delinquentes).
. Uma teoria do comportamento criminoso deve incluir a complexidade da associação por si - deve
incluir grandes processos envolvendo o indivíduo e a associação.
. Importância dos meios de comunicação de massa na conduta do indivíduo.
. Crítica: caráter especulativo.
Uma pessoa aprende o comportamento desviante pela interação com o seu entorno social –
condicionamento operante (aprendizagem a partir das consequências da próprias ações).
Burgess e Akers: a partir do condicionamento operante (conduta criminosa é derivada de uma série de
estímulos constantes na vida do indivíduo, experiências), há o reforço diferencial, em que é reiterado,
reforçado, com mais frequência, intensidade e probabilidade, o comportamento social desviante.
Jeffery: condicionamento a partir das ideias de privação e saciação, bem como a ausência de punição (de
atos passados). Relevância das variáveis não sociais (biológicos, bioquímicos) no comportamento. Processo
contínuo de interação com o meio.
David Matza e Gresham Sykes: o processo (COMPLEXO) da carreira criminosa parte da aprendizagem, de
técnicas de cometimento dos crimes e de impulsos, motivos, racionalizações e atitudes favoráveis à
violação das leis.
Não existiria uma subcultura (outro sistema de valores opostos aos socialmente difundidos), mas os
criminosos compartilham do mesmo sistemas de valores, existindo um sentimento de culpa e vergonha; há
tributação de respeito à quem não descumpre a lei; e reconhecem a ilegitimidade de seus atos.
racionalização e autojustificativa
OBS. Enfatiza-se que os criminosos compartilham do mesmo sentimento valores.
Há uma racionalização e uma autojustificativa dos comportamentos delituosos.
Quando o criminoso internalizar valores dominantes, também ocorre o aprendizado de técnicas capazes
de neutralizar, racionalizar e justificar o comportamento criminoso.
1) Negação da responsabilidade – “não foi minha culpa”;
2) Negação da lesão (ilicitude) – “não achava que faria mal a alguém”;
3) Negação da vítima – “teve o que merecia”;
Ex. cara traído que mata a mulher. Um preso que matar um outro preso estuprador.
4) Condenação dos condenadores (ex: juízes hipócritas); e
5) Apelo à lealdade – “não fiz isso por mim”
O desviante é produzido pelo controle social (sociologia da sociedade punitiva). Como surge o “status
desviante (não é mais chamado de criminoso, mas sim chama-se disso pq o sujeito se desviou de uma
regra imposta pela sociedade).
Desvio primário: comportamento ocasional ou situacional – é multifatorial, logo deve ficar fora da
explicação do crime.
Desvio secundário: resultado da interação entre o indivíduo e a resposta formal ao desvio –
resposta aos problemas derivados pela desviação primária. O desvio é uma reação secundária
porque ele não se concentra na pessoa, mas, sim, na reação da sociedade.
O caráter de desviante ou de criminosos não é um caráter que é intrínseco a pessoas, mas sim parte de
uma reação da sociedade e, a partir disso, a sociedade passará a tratar como um criminoso. Essa reação
não, necessariamente, ocorre após uma sentença. A mídia pode influenciar muito nisso.
Sustenta-se que a criminalização primária produz a etiqueta ou rótulo, que por sua vez produz a
criminalização secundária (reincidência). A etiqueta ou rótulo (materializados em atestado de
antecedentes, folha corrida criminal, divulgação de jornais sensacionalistas etc.) acaba por impregnar o
indivíduo, causando a expectativa social de que a conduta venha a ser praticada, perpetuando o
comportamento delinquente e aproximando os indivíduos rotulados uns dos outros (processo de
estigmatização4).
O etiquetamento é instrumental para a criação de caráter e de um estilo de vida desviado (ex: alterações
decorrentes de instituições totais) a partir do momento em que o agente ingressa numa cadeia, como
ele já foi “etiquetado”, isto será essencial para a formação de um caráter desviante e para adoção de um
estilo de vida desviante e delinquente.
Sistema penal: forma de dominação social – criminalidade é uma definição (sentença que definiu o
individuo como desviantes e a sociedade e o próprio individuo começa a se ver como desviante ou
criminoso).
O poder econômico e político determina o que e quem é etiquetado.
Becker: Desviação é produto de um processo exitoso de aplicação da etiqueta (estigma social), em que
alguns são rotulados e outros, embora tenham praticado crimes, nunca são descobertos ou apreendidos.
Não é predicado do comportamento da pessoa, mas consequência da aplicação, por outros, das normas e
sanções.
Criminalização primária: primeira vez que indivíduo é objeto de seleção como desviante. Consiste na
eleição de condutas consideradas criminosas pelo legislador, em função da habitualidade e do estereótipo
dos criminosos, não do dano social. Intolerância a determinadas condutas e hábitos (ex: capoeira no
Império, uso de drogas, aborto).
Isso acontece pq não se está olhando só o hábito, mas o estigma desse habito perante a sociedade.
Criminalização secundária: o ato é considerado desviado de acordo com o padrão de comportamento pré-
estabelecido por indivíduos com poder na sociedade (agências de controle social, principalmente
instâncias formais) e pelo estereótipo relacionado ao ato.
O estigma não advém do processo de criminalização primária (criminalização gerada pelo legislador),
mas de como as pessoas reagem a ele (criminalização secundária).
4
A cor púrpura filme
Teoria da Reação Social
Criminalização Primária Criminalização Secundária
Escolha de condutas Definição concreta do ato desviado
Condutas desviadas Rótulo/etiqueta de desviante.
Repercutem a partir de critérios econômicos e O estigma vem com a criminalização
políticos secundária
Com ênfase a habitualidade do delinquente,
bem como condições sociais.
Mortificação do eu externo para a criação de um “eu” novo para viver naquele cenário. E quando
saí daquele cenário, do lado de fora, guarda resquícios das instituições totais.
Ex. presídios, quarteis.
“Role-engulfment”: autoimagem que o delinquente passa a fazer de si – papel assumido pelo criminoso na
carreira desviante.
Becker: gestores da moral (“moral entrepreneurs”) – indivíduos criadores ou aplicadores das regras
ocupados de impor sua moral a todos, por possuir superioridade e conhecimento de regras que tornariam
a vida melhor. Instrumentalizam o direito penal a seu favor.
Consequências político-criminais: busca evitar que o indivíduo ingresse nas instâncias formais de
controle
1) Diversificação – soluções alternativas
2) Descriminalização: formal (em sentido estrito: abolitio criminis); substitutiva
(administrativização); e descriminalização do fato (material: sistema não faz sua função, ex:
ausência de queixa-crime)
3) Despenalização: redução das sanções criminais tradicionais
4) Devido processo: observação das garantias de liberdade.
Ex: Lei 9.099 e a horizontalização do controle penal
TEORIA RADICAL
É uma teoria que está no bojo destas teorias conflituais. Ela diz para não esquecer do papel
relevantíssimo do sistema pena para manter as coisas como estão para manter a hierarquia, o
sistema entre dominantes e dominados.
Usa bases marxistas.
Características:
o (a)Concepção conflitual da sociedade e do direito: análise crítica das estruturas sociais,
pelos alicerces de classe e relações de poder, que definem ideologia 5 do sist. punitivo
o (b) Alteridade para o criminoso
o (c) Critica severa da criminologia tradicional
5
A ideologia para Marx é a falsa percepção da realidade, pois a vemos com filtros ideológicos, logo nossa percepção é falsa.
o (d) Capitalismo é base da criminalidade logo, se não houver capitalismo, não há
criminalidade.
o (e) Reformas estruturais na sociedade são necessárias para reduzir desigualdades e a
criminalidade.
Bonger (Holanda): capitalismo é a base da criminalidade, por promover o egoísmo e incentivar
condutas de apropriação de bens. Condutas dos menos favorecidos são efetivamente perseguidas,
ao contrário das condutas dos possuidores de poder.
Características:
o (a)Concepção conflitual da sociedade e do direito
o (b)Alteridade para o criminoso
o (c)Critica severa da criminologia tradicional
o (d) Capitalismo é base da criminalidade
o (e) Reformas estruturais na sociedade são necessárias para reduzir desigualdades e a
criminalidade
Pachukanis: legislação penal e dogmática, inspiradas pelo contratualismo burguês, estabilizam as
relações de exploração.
Rusche e Otto Kirchheimer (Punição e estrutura social, 1967): introdução do materialismo histórico
na análise criminológica.
MUDANÇA DE PARADIGMA6
Paradigma etiológico: Positivismo criminológico (séx. XIX) predomina a visão da criminologia como o
estudo das causas do crime, de natureza patológica (anormalidade) e biológica.
(a) Legitimidade: Estado interpreta a necessidade de controle e, por seus entes, busca exercitá-lo →
Impulsos iguais ou piores em outras pessoas não punidas (bode)
(b) Defesa social (ou Bem e Mal): o desvio criminal é um mal e a sociedade é o bem a ser protegido →
função social positiva da conduta desviada *Durkheim
(c) Finalidade (ou Prevenção): além de reprimir, sendo uma justa punição a contra motivação, ressocializar
os indivíduos pelas penas. → Etiquetamento - consolidação
(d) Igualdade: Criminoso é uma minoria anormal, verificada por uma lei abstrata, genérica e aplicada de
forma equânime
(e) Interesse social: o Código protege o interesse comum de todos os cidadãos e apenas uma pequena
parte é interesse político e econômico
(f) Culpabilidade: atitude interior reprovável, contrária à sociedade e suas normas Século XX – 1930
(resposta sociológica) a 1960 (labelling approach) sociais naturais.
6
Thomas Khun
Paradigma da reação social:
. Crime → definido pelo Direito, não é natural e depende do contexto social
. Repúdio ao determinismo e à visão do delinquente como indivíduo diferente
. Opõe-se aos pressupostos da ideologia da defesa social.
Legitimidade: Estado interpreta a necessidade de controle e, por seus entes, busca exercitá-lo.
Legitimidade: Estado interpreta a necessidade de controle e, por seus entes, busca exercitá-lo
→ Crítica: Há impulsos iguais nos demais membros sociais (Freud) e se projeta no criminoso os impulsos
idênticos, através da punição, para que a sociedade não haja dessa forma.
Defesa social (ou Bem e Mal): o desvio criminal é um mal e a sociedade é o bem a ser protegido.
→ Durkheim: o crime possui função social positiva, renovando pautas ou reforçando a coesão social.
Finalidade (ou Prevenção): além de reprimir, sendo uma justa punição a contra motivação, ressocializar os
indivíduos pelas penas.
→A prisão, antes de ressocializar, impede o retorno às práticas não desviantes, pois insere os criminosos
em uma consolidação as carreiras criminosas.
Etiquetamento:
- Interpretam comportamento como desviante
- Define alguém como desviante
- Põe em ação um tratamento apropriado
Igualdade: Criminoso é uma minoria anormal, verificada por uma lei abstrata, genérica e aplicada de forma
equânime
→Cifra negra da criminalidade (criminalidade real e aparente) e o second code dos magistrados
(criminalização secundária)
Fritz Sack: a criminalidade é atribuição dada por um Juiz (principalmente) e inicia a consolidação da carreira
criminosa.
Interesse social: o Código protege o interesse comum de todos os cidadãos e apenas uma pequena parte é
interesse político e econômico
Culpabilidade: atitude interior reprovável, contrária à sociedade e suas normas sociais naturais.
A criminalidade real corresponde à totalidade de delitos perpetrados pelos delinquentes. A criminalidade
revelada corresponde à quantidade de delitos que chegou ao conhecimento do Estado. A cifra negra
corresponde à quantidade de delitos não comunicados ou não elucidados dos crimes de rua.
→ Com a teoria das subculturas criminais: a conduta regular e a ilegal, desviada, é definida em relação ao
respectivo sistema de normas e valores oficiais e subculturais – há uma reflexão interna pelo autor sobre
valores internalizados, favoráveis ou contrários à prática delituosa, e que foram interiorizados com
mecanismos idênticos.
Teoria do desafio (Braithwaite, Scheff e Sherman): a pena não terá o mesmo efeito para todos. Logo, deve
tentar verificar quando a pena estimula o falso orgulho e a criminalidade futura (percepção de sanção
injusta e estigmatizante, não o ato criminoso; e vínculos sociais precários; orgulho do isolamento de quem
sanciona) e quando ela serve como dissuasão criminal (respeito às normas e dignidade do criminoso;
ligação social do criminoso; introjeção da vergonha, em um caminho de reintegração).
Teoria do ajuste à imagem estereotipada (ou a construção social estereotipada da criminalidade – Scheff)
Consequências:
(a) o conteúdo do estereótipo geralmente oferece uma descrição válida dos grupos a que se referem e as
pessoas acham que conhecem informações relevantes sobre desviantes e estão aptos a reconhecê-los
quando os vêem. Quem não adere ao estereótipo é aceito como exceção que comprova a regra (ator
portando quantidade significativa de drogas)
(b) Definições estereotipadas são institucionalizadas (inclusive distorções sobre quem pratica tal
comportamento e quão frequentemente o faz)
(c) Estereótipos possuem expectativas implícitas (pessoas tendem a antecipar comportamentos especiais
pelos desviantes. Exemplo de Erdwin Pfuhi e Stuart Henry (The Deviance Process): pessoas homofóbicas e
expectativas, sem qualquer evidência, que professores gays irão seduzir, molestar ou levar os alunos a
adotarem um “estilo de vida gay”)
(d) Estereótipos podem servir como barreira entre desviantes e outros, o que levaria a rejeição destes
outros como desviantes.
(e) Estereótipos moldam e justificam as ações tomadas pelas agências policiais para lidar com a clientela
desviada.
(f) Levam a prática de atos de omissão, de abstenção sistemática de certos atos, palavras ou tópicos de
conversas quando na presença de pessoas alocadas em determinadas categorias estereotipadas
(minimização de contato, para Lynch). Ex: tratamento para pessoas com deficiência; vítimas de violência
doméstica cegas.
Teoria do ajuste à imagem estereotipada (ou a construção social estereotipada da criminalidade – Scheff):
pessoas criam novas categorias de desvio, alocando outros nessas categorias, com características morais
negativas, contribuindo para estereótipos.
Estereótipos: ideias coletivamente compartilhadas sobre a natureza das pessoas que são classificadas
assim a partir da participação no delito). A estereotipação estabelece um sendo de ordem impessoal, de
heterogeneidade social (várias ocupações, raças, religiões, grupos étnicos e desviantes), que
correspondem a discursos cotidianos, linguagem e media de massa (como imagens de uma cultura
popular)
Teoria das valorações reflexas (Matsueda): o indivíduo deve colocar-se no papel do outro, membros dos
grupos de referência de cada indivíduo, atentando-se para os seus controles internos. O self como
delinquente é desenvolvido e tende a estabilizar.
Bergalli e Ramirez: . Não explicita, de forma completa, o comportamento desviante (motivações iniciais do
primeiro delito não são devidamente investigadas) . Remanejo do determinismo biológico, psicológico e
social para o determinismo da reação social . Não contempla suficientemente as facetas políticas do desvio
(questões macroestruturais sociais e econômicas), enfatizando aspectos microssociais
ALGUMAS CRÍTICAS À CRIMINOLOGIA CRÍTICA E AO LABELING APPROACH Wellford (há atos que são
intrinsecamente delitivos): . Condutas que atentam gravemente como bens jurídicos fundamentais em
todas sociedades conhecidas e são delitos em si mesmos, independente da reação que provoquem
(homicídio, roubo em residência, liberdade sexual) . Evidência de que o fundamental na persecução e
prisão são características do fato (gravidade, por exemplo), não características de quem o praticou . Não
teria comprovação que o etiquetamento como deliquente afetaria dramaticamente seu conceito sobre si
mesmo.
ALGUMAS CRÍTICAS À CRIMINOLOGIA CRÍTICA E AO LABELING APPROACH Wellford (há atos que são
intrinsecamente delitivos): . Condutas que atentam gravemente como bens jurídicos 7 fundamentais em
todas sociedades conhecidas e são delitos em si mesmos, independente da reação que provoquem
(homicídio, roubo em residência, liberdade sexual) . Evidência de que o fundamental na persecução e
prisão são características do fato 8 (gravidade, por exemplo), não características de quem o praticou . Não
teria comprovação que o etiquetamento como deliquente afetaria dramaticamente seu conceito sobre si
mesmo
Paradigma da reação social diz que a criminalidade é um elemento natural construída a partir da
interação. Ela não gosta de crime, mas o encara como um aspecto essencial as sociedades.
Burguesia é quem detém os meios de produção. O restante é proletário (trabalha e vende sua força de
trabalho).
A criminologia crítica compreende o mundo a partir dessa luta de classes. Por um lado, pouquíssimas
famílias detém a maior parte do capital do mundo, enquanto que o restante luta para ter o resto. Destaca-
se que os bens que possuem pena mais dura no CP são aqueles patrimoniais.
Interacionismo simbólico (Escola de Chicago - Georg Mead, Blummer, Howard Becker): o ser humano
significa as coisas conforme suas interações, sendo a sociedade constituída por uma infinidade de
interações concretas.
7
Novamente a ideia de delito natural?
8
Não se atenta para a realidade das prisões e dos processos
Crime: agente que pratica + agente(s) que qualifica
Conceito:
“a criminalidade não é mais uma qualidade ontológica de determinados indivíduos, mediante uma dupla
seleção: em primeiro lugar, a seleção dos bens protegidos penalmente, e dos comportamentos ofensivos
destes bens, descritos nos tipos penais; em segundo lugar, a seleção dos indivíduos estigmatizados entre
todos os indivíduos que realizam infrações a normas penalmente sancionadas.”
a) o direito penal não defende todos os bens essenciais, nos quais estão igualmente interessados todos os
cidadãos, e quando pune as ofensas aos bens essenciais o faz com intensidade desigualdade e de modo
fragmentário.
b) a lei penal não é igual para todos, o status de criminoso é distribuído de modo desigual entre os
indivíduos.
c) o grau efetivo de tutela e a distribuição do status criminoso é independente da danosidade social das
ações e da gravidade das infrações à lei, no sentido de que estes não constituem a variável principal da
reação criminalizante e da sua intensidade.
Criminologia critica dos EUA: Richard Quinney, William Chambliss, Austin Turk e Robert Seidman . Também
chamada de criminologia radical, do conflito ou marxista. A partir de teorias da estratificação, compreende
o sistema de justiça criminal como expressão do conflito característico da sociedade capitalista. A lei
(instrumento opressivo para os poderosos) atende a desejo da classe dominante para manutenção e
expansão de sua dominação, protegendo e fortalecendo o sistema capitalista. Teoria interessante, mas
longe das dominantes.
Na Inglaterra: Ian Taylor, Paul Walton e Jock Young (The new criminology – 1973) – o controle social é
resposta ao indivíduo e fator gerador da desviação criminal, em uma perspectiva histórica. A teoria
criminológica deve afastar-se de conceitos biológicos, psicológicos e práticas correcionais, devendo ser
produzida com a sociologia. Left realism (realismo de esquerda)
Em resumo:
IV - Teoria crítica: pensamento marxista, partia do pressuposto de que existe uma sociedade de classes, e
de que o sistema punitivo se organiza ideologicamente para proteger os interesses próprios da classe
dominante.
O Direito Penal pune de maneira mais rigorosa as condutas típicas de grupos marginalizados, deixando
livres crimes como os econômicos, pois seus autores pertencem às classes dominantes e em razão disso
devem ficar imunes ao processo de criminalização. Ex: insignificância para crimes tributários e para crimes
patrimoniais, como o furto, possui conceitos bem distintos.
Luigi Ferrajoli, como expoente do Garantismo Penal, atribuía ao Direito Penal, entre varias funções, o dever
de salvaguardar os direitos dos condenados. Parece complicado, mas vamos mudar de prisma... se você é
condenado, ninguém pode ultrapassar a sanção imposta legalmente. Já o abolicionismo penal, tratado por
Louk Hulsman, defende uma mudança radical e profunda das formas de controle social, chegando ao ápice
de abandono do cárcere.
O garantismo penal de Ferrajoli é contrário à proposta de eliminação do Direito Penal, que é denominada
como abolicionismo. O motivo dessa posição é a consideração de que a aplicação do Direito Penal pelo
Estado pode ser um instrumento para a garantia do respeito aos direitos do acusado.
PREVENÇÃO
→ Prevenção Policial: presença, investigação e atuação da polícia. Polícia comunitária (desde 1980);
Imagem idealizada (delinquência transnacional, global, organizada) x atuação real (bairros pobres e atos de
incivilidade)
→ Prevenção Comunitária: mobilização de recursos sociais de uma sociedade (ex: assistência social) ou
delegação à comunidade em esforços específicos desde baixo.
Prevenção primária: voltada para as “causas”, buscando neutralizá-las, com forte caráter etiológico. São
demandas de alto custo, voltadas para toda população, de médio a longo prazo, por intermédio de
políticas públicas. Ex: acesso à educação, saúde, saneamento básico, campanhas publicitárias.
Prevenção secundária: Após ou na iminência do delito, se volta para os grupos que possuem maior
possibilidade de sofrerem ou praticarem o delito. Foco em grupos sociais mais vulneráveis, de curto a
médio prazo. Ex: ações policiais, grupos de apoio.
Prevenção terciária: Incide sobre detentos, após a prática do delito, com objetivo de prevenir a
reincidência, como medidas alternativas, serviços comunitários, liberdade assistida.
PREVENÇÃO SITUACIONAL DO CRIME
Críticas:
(a) não se ocupam das causas últimas da delinquência, atuando apenas no meio ambiente, existindo
dúvida se são medidas que conseguem impedir o delito isoladamente. Ex, uso de câmeras como forma de
prevenção. Patrulhas. R
(b) Deslocam os delitos para zonas mais pobres e menos seguras. Ex: teoria das janelas quebradas (Wilson
e Kelling) e tolerância zero em Nova Iorque (1990)
O delito é fruto de uma escolha racional, baseada na maximização dos ganhos e minimização dos custos,
baseada na percepção de riscos e recompensas.
O delito ocorre quando se percebe que ele é a solução mais rentável para as necessidades do delinquente
(a partir do que é mais evidente e imediato, negligenciando questões mais complexas de custo-benefício)
Teoria dos jogos: homens tomam suas decisões a partir de possíveis consequências das decisões alheias
(estratégias a partir de posicionamento dos outros)
Aspecto econômico da conduta humana
Elementos:
9
Pessoa ou bem,.. Etc.
10
TEORIA DAS ATIVIDADES ROTINEIRAS (Clarke e Felson, 1998)
O delito é escolha racional entre custos e benefícios; a organização social pode facilitar o cometimento de
determinados delitos (influência da Escola de Chicago)
Mudanças sociais estruturais trazem mudança das atividades rotineiras, produzindo aumento aumento dos
objetivos apropriados e ausência de vigilância.
Para crimes “predatory”: roubo, furto, estupro, assédio sexual, invasão de domicílio, quando o agente
invade a vizinhança da vítima e são mais frequentes em ruas das cidades.
ELEMENTOS NECESSÁRIOS (TEMPO E ESPAÇO): (1) Alvo (pessoa ou coisa) disponível – a partir dos critérios
de valor, inércia, visibilidade e acesso; (2) “Guardião” responsável ausente; (3) Ofensor motivado.
A oportunidade é uma das principais causas do crime (interações entre indivíduo e ambiente)
Negligenciada pela criminologia.
Crime é produto da interação entre pessoas e seus ambientes.
Oportunidade:
(a) é um papel na causa de todos os crimes;
(b) são altamente específicas;
(c)concentradas no tempo e espaço;
(d) dependem de como as atividades diárias ocorrem;
(e)crime produz oportunidade para outro;
(f) produtos são mais tentadores conforme as oportunidades;
(g) novas oportunidades por mudanças sociais ou tecnológicas;
(h) é possível prevenir reduzindo as oportunidades;
(i) esforço para reduzir o crime não o desloca, mas pode oferecer mudanças reais;
(j) redução acentuada de oportunidades pode produzir amplos declínios dos índices de crimes.
Explica o delito em certas áreas, já que o crime (e suas oportunidades) não é aleatório.
Ele acontece quando um espaço de atividade (casa, trabalho, escola, shopping etc) da vítima ou do alvo
atravessa o espaço de atividade de um ofensor (delimitada por experiências passadas). Os padrões pessoais
se conectam em vários nós criando um perímetro.
Apenas ocorre o crime quando os espaço de atividade de vítima cruza o espaço de conscientização de um
criminoso. Fornece elementos para organizar padrões de comportamento e de criminalidade. Princípio de
Pareto: pequeno número de causas (20%) são responsáveis por grande proporção de resultados (80%) –
causas: criminosos ou vítimas ou lugares ; pessoas, lugares, horários; alvos.
VITIMOLOGIA E VITIMIZAÇÃO
Vitimização primária: Decorre da própria prática delituosa, causando danos (físicos, patrimoniais) à vítima.
Gera automaticamente indenização para as vítimas.
Vitimização secundária: é a sobrevitimização, decorrente dos efeitos causados na vítima pela atuação do
sistema de justiça criminal, seja pelas investigações, seja pelo próprio curso do processo penal (ex: oitivas,
constrangimentos, reconstituições de delitos, ver-se em face do criminoso).
Vitimização terciária: A inércia ou atuação insuficiente do Estado e do próprio corpo social causam
prejuízos às vítimas, que são desestimuladas a denunciar os fatos delituosos ou buscar reparações –
incremento na cifra oculta da criminalidade.
REAÇÃO AO DELITO
Modelo clássico (dissuasório – retributivo – direito penal clássico): punição ao agente com a imposição de
penas e reforço coletivo para intimidar. Protagonismo do Estado e delinquente. Resumindo é a
imposição da pena.
Modelo Restaurador (integrador – justiça restaurativa): pretende restabelecer o status quo, reeducando
o agressor, assistindo a vítima e o controle social. Meios alternativos, justiça comunitária.
PENOLOGIA
TEORIAS ABSOLUTAS: pena é imperativo da justiça, sem fins utilitário, mas retribuição pelo crime
praticado. Punição advém da prática delituosa. Retribuição (divina, para Stahl e Bekker; moral, para Kant; e
jurídica, para Hegel, Pessina) ou expiação.
Hegel: Pena era negação da negação do direito. É uma retribuição jurídica em razão do
discernimento e livre arbítrio do agente.
TEORIAS RELATIVAS: a pena deve ter finalidade utilitária (meio para a prevenção criminal), crime não é
causa da pena, mas momento para aplicá-la. Fins de prevenção geral e especial.
Prevenção geral negativa (intimidação): Feuerbach e Bentham, a partir do exemplo, busca conformidade
pela coação psicológica pela ameaça de sanção. Inibição sobre a generalidade dos cidadãos.
Bentham: castigo é uma demonstração clara do que aconteceria se qualquer pessoa praticasse o delito. A
prisão deve ter fins utilitários. Ele que fala da redoma circular de prisão Paráptico.
Crítica: dificuldades em se verificar a maior ou menor adesão à norma e à eficácia desse tipo de
prevenção.
- Vertente eticizante (Welzel): Direito Penal enfatiza valores ético-morais e respeito à vigência da norma,
buscando a conscientização jurídica da população
- Vertente sistêmica (Jakobs): direito é instrumento para estabilização do sistema e integração social,
reforçando a confiança da população na vigência da norma.
Prevenção especial: busca prevenir novas práticas de delito atuando diretamente sobre o delinquente.
- Prevenção especial negativa (inocuição, neutralização(cadeia))
- Prevenção especial positiva (ressocialização/reinserção)
TEORIAS MISTAS (Unitárias ou ecléticas): admitem caráter retributivo das penas, mas com finalidade de
reeducação e intimidação. (adorada pelo brasil).
Direito Penal é dogmática, se vale de pressupostos indiscutíveis. Metodo dedutivo sai de regras
gerais para casos específicos.
Criminologia não é uma ciência dogmática, é uma ciência empírica. Portanto, se determinada teoria não
for embasada em fatos, então ela não será aceita. Dessa forma, ela é indutiva. a partir de dados
específicos, formula-se uma teoria.11
Políticas criminais: conjunto de procedimentos → corpo social organiza as respostas ao fenômeno criminal
(Delmas-Marty) é o conjunto de procedimentos que indicam como um determinado corpo social irá se
posicionar diante de um delito.
Ideologias
. Liberal (iluminista; liberdade individual) todos são iguais perante a lei.
. Igualitária (crítica ao liberalismo e a desigualdade concreta), podendo ser libertário ou anarquista
(liberdade ilimitada e igualdade total)
. Autoritária
→ Teoria das janelas quebradas (Broken Windows) - James Q. Wilson e George L. Kelling
1970, Nova Jersey “Safe and clean neighborhoods program” – programa de melhoria de vida em 28
cidades (patrulhas de policiais andando nas cidades) – não reduziu o crime (foot patrol), porém os
residentes se sentiram mais seguros que em outras áreas e acreditavam que os crimes reduziram.
Moradores se sentiam mais seguros com policiais e policiais tinham moral mais alta e melhor satisfação no
emprego que em carros de patrulha.
A teoria das janelas quebradas, desenvolvida nos EUA e aplicada em Nova York, por meio da Operação
Tolerância Zero, reduziu consideravelmente os índices de criminalidade naquela cidade. O resultado da
11
Experimento de stanford
aplicação da tolerância zero foi a redução satisfatória da criminalidade em Nova York, que antigamente era
conhecida como a “Capital do Crime”. Hoje essa cidade é considerada a mais segura dos Estados Unidos.
Uma das principais críticas a essa teoria está no fato de que, com a política de tolerância zero, houve o
encarceramento em massa dos menos favorecidos (prostitutas, mendigos, sem-teto etc.).
. “Psicólogos sociais e policiais possivelmente concordariam que se uma janela é quebrada e não é
reparada, todas as demais janelas serão quebradas”
. Experiência de Philip Zimbardo – carro no Bronx (10 min) e em Palo Alto, Califórnia (1 semana)
. A essência do papel policial seria manter a ordem pelo reforço dos mecanismos de controle
informal da própria comunidade.
. Manter a ordem em situações precárias.
→ Tolerância zero
. Conjunto de novas práticas do departamento de polícia de Nova Iorque (1993-1996) seria
responsável pela queda do número de crimes.
. aumento da repressão, intolerância com crimes e desvios e penas mais rígidas
. Especialmente pequenos crimes e incivilidades (continuum delituoso)
. suporte teórico: Broken windows (James Q. Wilson e George L. Kelling)
Tal movimento parte da premissa de que os pequenos delitos devem ser rechaçados, o que inibiria
os mais graves (fulminar o mal em seu nascedouro), atuando como prevenção geral; os espaços
públicos e privados devem ser tutelados e preservados.
Neorretribucionismo (lei e ordem; tolerância zero): Uma vertente diferenciada surge nos Estados
Unidos,com a denominação lei e ordem ou tolerância zero, decorrente da teoria das “janelas quebradas”,
inspirada pela escola de Chicago, dando um caráter “sagrado” aos espaços públicos.
Alguns doutrinadores discordam dessa teoria, no sentido de que produz um elevado número de
encarceramentos (nos EUA, em 2008, havia 2.319.258 encarcerados e aproximadamente 5.000.000
pessoas beneficiadas com algum tipo de instituto processual, como sursis, liberdade condicional etc.).
→ Breaking Balls Theory (teoria dos testículos despedaçados)
→ Quando há a atividade policial rotineira, em determinado local, o delinquente (delitos de pouco
gravidade) desiste ou irá realizar a sua conduta em outra localidade.
→ Crime fighter (Jack Maple): “se os policiais perseguirem com insistência um criminoso notório
por pequenos crimes, ele acabará, vencido pelo cansaço, por abandonar o bairro para ir cometer
seus delitos em outro lugar”. A teoria das janelas quebradas, neste excerto, seria apenas uma
extensão da breaking balls.
→ Tolerância zero
Críticas:
. 17 de 25 cidades grandes tiveram diminuição de criminalidade, muitas não optaram por um
regime semelhante à tolerância zero. Nada indica que a diminuição em NY decorreu disso.
. Nunca se aplicou efetivamente uma política de tolerância zero (publicitária)
. Pouca valia a teoria das janelas quebradas, que enfatizava um outro papel para a polícia
. Processo de simplificação do social (crime é problema superficial na sociedade – falácia cosmética;
o anúncio da prisão seria efetivo para repelir práticas delituosas)
. aumento do encarceramento em massa (presos quadruplicaram de 80 até 1996)
. a mera atuação do sistema penal não altera questões estruturais que originam os crimes
Cidadão x inimigo
O cidadão é uma pessoa que lhe dá segurança cognitiva podendo prever o comportamento dele, ou
seja, mesmo que ele venha praticar um crime, ele não quer acabar com o Estado. Dessa forma, ele
não merece ser visto como inimigo. Por outro lado, o inimigo é imprevisível, ele não respeita o
Estado, não respeita os avanços democráticos. Dessa forma, o Estado pode tratar esse sujeito como
inimigo aplicando o “direito penal do inimigo”. Usa-se o que for necessário para a neutralização do
inimigo.
e) método indutivo-experimental;
h) a medida decorrente de um crime não possui um prazo determinado, pois deve perdurar
enquanto não cessada a periculosidade;
a. Teoria do enraizamento social – de Travis Hirschi (1935) em que todo indivíduo é um infrator potencial e só o
medo do dano irreparável em suas relações interpessoais funciona como freio.
d. Teoria do controle interior – é sustentada por Reiss e tem inequívocas conexões com a psicanálise e com a
cibernética. Para o autor a delinquência é o resultado de uma relativa falta de normas e regras internalizadas, do desmoronar
de controles existentes com anterioridade e/ou de um conflito entre regras e técnicas sociais. A desviação social é vista
como a consequência funcional de controles pessoais e sociais débeis (fundamentalmente pelo fracasso dos grupos
primários).
e. Teoria da antecipação diferencial – para Glaser a decisão de cometer ou não um delito vem determinada pelas
consequências que o autor antecipa, pelas expectativas que derivam de sua execução ou não-execução. O indivíduo se
inclinaria pelo comportar delitivo quando de seu cometer derivar mais vantagens do que desvantagens, de forma a
considerar seus vínculos com a ordem social, com outras pessoas ou suas experiências precedentes. E tais expectativas, por
sua vez, dependeriam do maior ou menor contato de cada indivíduo com os modelos delitivos, isto é, da aprendizagem ou
associação diferencial.
*1ª VELOCIDADE (Direito Penal da prisão): Jesús-Maria Silva Sanches. Uma primeira velocidade, representada pelo
Direito Penal “da prisão”, na qual haver-se-iam de manter rigidamente os princípios político-criminais clássicos, as regras
de imputação e os princípios processuais.
*2ª VELOCIDADE (Direito Penal sem prisão): Jesús-Maria Silva Sanches. Para os casos em que, por não se tratar já de
prisão, senão de penas de privação de direitos ou pecuniárias, aqueles princípios e regras poderiam experimentar uma
flexibilização proporcional à menor intensidade da sanção.
*3ª VELOCIDADE (Direito Penal do inimigo): Gunther Jakobs. Inimigo, para ele, é o indivíduo que afronta a estrutura
do Estado, pretendendo desestabilizar a ordem nele reinante ou, quiçá, destruí-lo. Agindo assim, demonstra não ser um
cidadão e, por consequência, todas as garantias inerentes às pessoas de bem não podem ser a ele aplicadas. O inimigo,
assim, não pode gozar de direitos processuais. Como representa grande perigo à sociedade, deixa-se de lado o juízo de
culpabilidade para a fixação da reprimenda imposta ao inimigo, privilegiando-se sua periculosidade. Em síntese, as penas
são substituídas por medidas de segurança; dessa forma, trata-se de um Direito Penal prospectivo, com visão para o
futuro. Deve ainda o Direito Penal do inimigo antecipar a esfera de proteção da norma jurídica, adiantando a tutela penal
para atingir inclusive atos preparatórios, sem redução quantitativa da punição.
O neopunitivismo, relaciona-se ao Direito Penal Internacional, caracterizado pelo alto nível de incidência política e pela
seletividade (escolha dos criminosos e do tratamento dispensado). Nessa linha de raciocínio, o neopunitivismo se destaca
como um movimento do panpenalismo, que busca a todo custo o aumento do arsenal punitivo do Estado, inclusive de forma
mais arbitrária e abusiva do que o Direito Penal do Inimigo. Cria-se, em outras palavras, um direito penal absoluto.