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PC-RR

Delegado de Polícia

Criminologia.Conceito.Métodos: empirismo e interdisciplinaridade.Objetos da criminologia: delito,


delinquente, vítima, controle social. ......................................................................................................... 1
Funções da criminologia.Criminologia e política criminal.Direito penal. ............................................... 9
Modelos teóricos da criminologia.Teorias sociológicas. .................................................................... 13
Prevenção da infração penal no Estado Democrático de Direito.Prevenção primária.Prevenção
secundária.Prevenção terciária. ............................................................................................................ 22
Modelos de reação ao crime. ............................................................................................................ 27

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Criminologia. Conceito. Métodos: empirismo e interdisciplinaridade.Objetos da
criminologia: delito, delinquente, vítima, controle social.

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foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
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A criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar que tem por finalidade o crime, a vítima e o
delinquente e o controle social do comportamento delitivo
Para pensar em criminologia devemos destacar que ela sofre a influência e contribuição de outras
ciências, tais como: (Psicologia, Sociologia, Biologia, Medicina Legal, Criminalística, Direito, Política,
dentre outras, possuindo métodos próprios). Trata-se, portanto de uma ciência multidisciplinar, os saberes
andam lado a lado.
Para outros doutrinadores, a criminologia é entendida como ciência interdisciplinar, levando a
considerar o fato de que várias disciplinas visam um ponto em comum, com seus métodos próprios e
saberes que se unem para cooperarem-se entre si.
A criminologia moderna ocupa-se com a pesquisa científica do fenômeno criminal — suas causas,
características, sua prevenção e o controle de sua incidência —, sendo uma ciência causal-explicativa do
delito como fenômeno social e individual.
Sua maior proximidade diz respeito ao Direito Penal. Não podemos negar que ambas relacionam-se
diretamente com o objeto crime para ser estudado, sob diferentes primas.
Vamos ao quadro para tentar entender melhor a diferença de ambos institutos e dessa maneira, tornar
mais clara a conceituação de Criminologia.

Direito Penal Criminologia


Trata-se de ciência normativa Trata-se de ciência causal-explicativa
Estipula as condutas que são proibidas Observa a infração praticada e essa conduta será analisada
de serem praticadas, sob a aplicação enquanto fenômeno humano, biopsicossocial, observando a
de uma pena criminalidade como um todo também, e através do domínio
cognitivo sobre as motivações do crime

O termo criminologia etimologicamente apresenta derivação mista do latim crimen (delito) + grego
logos (tratado). Garófalo apresenta o termo criminologia com a constituição seguinte: latina crimino (de
crimen – criminis) + grega log(o) + ia.
Para que o crime deixe de ser praticado com frequência, existe o processo de produção de leis, se
estas forem infringidas haverá a punição por sua conduta. Para Nelson Hungria (1963), a criminologia “é
o estudo experimental do fenômeno do crime, para pesquisar a etiologia e tentar a sua debelação por
meios retificativos ou curativos e preventivos.”
e,A cientificidade considera que esta disciplina, através de seu método empírico poderá fornecer os
dados válidos e confiáveis para descobrir como ocorreu o delito. A criminologia não pode ser vista como
uma ciência que acumula dados ou estatísticas, pois estes dados deverão ser avaliados de acordo com
a realidade.

Objeto:

O objeto da criminologia passou por algumas mudanças ao decorrer da história, logo de início
considerava apenas como objeto o delito, de acordo com os estudos de Beccaria. Depois a escola
positivista, na década de 50, passa a considerar as vítimas e suas reações diante da criminalidade,
incluindo-se também a vítima e o controle social.
Atualmente, o estudo da criminologia considera quatro objetos:
a) delito;
b) delinquente;
c) vítima;
d) controle social.

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Para maior compreensão, vamos estudá-los separadamente:

A) Delito
O Direito Penal ao conceituar o delito, aborda-o de três formas: conceito material, formal e analítico.
Material: vincula-se a um ato que cause dano social ou provoque lesão a um bem jurídico;
Formal: existe uma lei penal que descreve tal conduta como infração;
Analítico: são os elemento estruturais e essenciais do crime.

O Direito Penal age após a execução, tentativa ou consumação do crime. A criminologia diferencia-se
daquele, ao agir para intervir, proibindo o agente da prática de crime, ocorrendo de formas distintas. Uma
delas é a compreensão de delito como desvio de conduta, esses desvios lesionam o comportamento da
população em um determinado momento.
Para a Criminologia moderna, o conceito material, formal e analítico não bastam para conceituar o
delito. Trata-se de um fenômeno humano e cultural, não podendo se estender ao âmbito da natureza,
animais não possuem discernimento do que seja certo ou errado, agem por sua própria natureza.
O estudo da criminologia está voltado ao comportamento antissocial e suas causas. Por se tratar de
ciência autônoma, a adoção de um conceito jurídico de crime poderia transformá-la em auxílio ao sistema
penal.
O delito no plano material seria a lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico relevante para a
sociedade (vida, honra, integridade).
Será considerada delitiva a conduta que:1
- tiver incidência massiva;
- incidência aflitiva;
- persistência espaço temporal;
- inequívoco consenso a respeito da sua etiologia e eficazes técnicas de intervenção;
- consciência generalizada sobre sua negatividade.
O conceito de delito no plano material é a lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico relevante para
o corpo social. Em razão disso, trata-se de fenômeno social com várias faces, que exigem uma
abordagem ampla que não prescinde de outros ramos do conhecimento para que seja compreendido.

B) Delinquente
Com o surgimento da Escola Clássica abandonou-se a centralização na figura do crime e passou-se
a analisar a pessoa do delinquente. Nesse período ele era vista como uma pessoa que acabou
escolhendo o mal, ainda que tivesse a chance de escolher o bem.
Na Escola Positivista, não buscou se pensar apenas na centralização do crime, passando a investigar
o comportamento do delinquente. Buscou-se a necessidade de defender o corpo social contra a ação do
delinquente, visando a segurança da sociedade e seus interesses.
Aqui, se considerava que este indivíduo já nascia criminoso.
A Escola Correcionalista tem uma visão completamente diversa das duas acima, aqui o delinquente é
visto como uma pessoa que precisa de ajuda. O correcionalismo é o direito protetor dos criminosos e
tinha como principal defensor Pedro Garcia Dourado Montero.
Para o marxismo, a responsabilidade do crime surge da sociedade, de modo a converter o delinquente
em vítima, como produto da estrutura econômica do Estado.
Atualmente, o delinquente é analisado de acordo com suas interdependências sociais, como unidade
biopsicossocial e não no sentido biopsocopatológico, voltadas a Criminologia tradicionalista. A psicologia
criminal destina-se a estudar a personalidade do criminoso (comportamento, pensamento, suas reações).
Ao analisarmos estas características, poderemos compreender o comportamento do indivíduo.
A Psicologia pode contribuir, incentivando a criação de programas que visem reduzir o número de
delinquentes que circundam a sociedade e infelizmente, ao saírem do regime prisional voltam a delinquir,
colocando a ordem pública em risco.

C) Vítima
A vítima passou por três fases de estudo na história.
Na fase conhecida como “idade de ouro”, a vítima tinha grande valor e respeito pela maioria das
pessoas. Nesse período, a vingança privada se revelava desde a antiguidade até meados do século XII.

1
Viana, Eduardo. Criminologia, editora: Jus Podium, 3ª edição, 2015.

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Posteriormente, com a responsabilização do Estado, a figura da vítima deixa de ser o centro e fica
mais neutralizada. Da década de 1950 em diante, a vítima novamente ganha destaque e apresenta
características mais humanizadas para o Estado.
O Código de Hammurabi, dispunha de um acentuado rigor com as penas de morte e mutilações,
segundo o princípio de Talião. O direito da vítima estava limitado na lei, a vítima poderia, entretanto buscar
a solução do conflito no soberano.
O Código de Manu, que surgiu na Índia, estabelecia sanções, levando em consideração a casta social
que o delinquente pertencia e continha pesadas penas, como a marca de ferro em brasa na testa do
delinquente. Com esse tipo de pena, buscava-se proteger o particular, que fosse vítima de um delito.
Outras penalizações também acabaram ocorrendo, como foi o caso da Lei das XII Tábuas, que tinha
várias disposições de direito penal, distinguindo os delitos privados dos públicos, com penas patrimoniais.
Com o fortalecimento do Estado, o individualismo acaba sendo afastado e o dano passa a ser objeto
de composição em dinheiro, que variava de acordo com o status da pessoa ofendida. A vítima de um
dano se apresentava a família, apontando seu adversário, tratava-se de uma espécie de guerra particular
entre a vítima e o autor da dano, com a possibilidade de composição.
Feitas essas considerações, nota-se que a vítima era muito valorizada na pacificação social dos
conflitos, mas posteriormente com o monopólio do Estado na aplicação da lei, assumiu um perfil de
neutralidade das lides penais diante de seu interesse nas causas, porém na segunda metade do século
XX, ela é novamente descoberta sobre um olhar humanista.
Foi a partir do término da segunda guerra mundial, com os campos de extermínio e o flagelo de
milhares de famílias, que voltou-se mais para a tutela dos direitos e garantias fundamentais das vítimas
com a criação das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Em nosso país, a primeira tentativa de sistematizar o estudo da vítima competiu a Edgar de Moura
Bittencourt, na obra “Vítima”.
Nos últimos 20 anos, diversos centros de proteção às vítimas foram criados, entre esses centros
podemos destacar os programas de atendimento para as vítimas de crimes sexuais, violência doméstico,
defesa das crianças, entre outros. Muitos núcleos recebem verbas públicas para se manterem, já em
outros casos são mantidos por organizações não governamentais, com o auxílio de voluntariado, sendo
que muitos deles foram vítimas de crimes.
Alguns grandes centros contam com a participação de advogados, assistentes sociais e psicológicos,
para auxiliarem as vítimas.
A vítima criminal geralmente sofre danos psíquicos, físicos, sociais e até mesmo econômicos, devido
à violência, humilhação dentre outros problemas causados pelos eventos do crime.
Vale aqui abrir um parênteses a respeito da sobrevitimização, que nada mais é do que o desgastante
ingresso na Justiça Criminal através de seus órgãos (Poder Judiciário, Ministério Público e sistema
penitenciário).
São conhecidos na criminologia como “cifras negras”, que nada mais é do que o conjunto de crimes
que não são levados ao conhecimento do Estado. São mais frequentes nas infrações criminais de menor
valor, em decorrência dos crimes existentes de maior gravidade.

D) Controle Social
Somos fortemente influenciados pelos meios sociais que chegam até nós, seja pela TV, internet ou
qualquer outro meio. O ser humano tende a agir de acordo com o que pensa ser certo ou errado e culpa-
se quando erra a respeito do que pensa ser certo.
No sistema formal de controle social, encontramos o Sistema da Justiça ou Justiça Criminal, que é
formada pelo Poder Judiciário, Ministério Público, Polícias e Administração Penitenciária, que exercem
papel expressivo no controle social, imposto pelo Poder Público.
O controle social será exercido diretamente nas pessoas e poderá ser feito de maneira direta ou
indireta através das instituições sociais, como é o caso da autoridade policial que pode controlar uma
comunidade, por ser influenciado pela Corregedoria de Polícia.
São formas de controle social:
a) Sanções formais e informais: As sanções formais são aplicadas pelo Estado, consistem na aplicação
de sanções cíveis, administrativas ou penais. As sanções informais não apresentam coercibilidade.
b) Meios positivos e negativos: de acordo com o meio de atuação, os meios positivos podem se dar
por prêmios, incentivos e os negativos se dão com a aplicação de sanções.
c) Controle interno e controle externo: o controle interno é a autodisciplina que vão se formando com
o passar do tempo, desde quando somos crianças. Quando a autodisciplina falhar, poderemos agir por
meio do controle externo, este último se dá com atos da sociedade e até mesmo do Estado. O controle
externo social que mais abala a sociedade é a aplicação da pena de prisão através do Estado.

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Quanto ao modo de exercício do controle social pode ser analisado como instrumento de orientação e
fiscalização da atuação da pessoa em meio social. Estes dois instrumentos podem atuar ao mesmo tempo
(Polícia e do Ministério Público).
Com relação aos destinatários, o controle pode ser difuso e fiscalizar toda a comunidade ou localizado,
como por exemplo controlar um grupo determinado de Sem Terras.
Já os agentes fiscalizadores, podem exercer outras formas de controle. O controle social e formal será
feito pelo próprio Estado ou sociedade civil, já o controle informal pode ser realizado pela própria família,
opinião pública.
O controle social recai diretamente nas pessoas por meio das instituições sociais. Ex.: um policial pode
exercer um controle social direto sobre uma comunidade, mas pode ser influenciado em seu controle pela
Corregedoria de Polícia

Método

Pode-se conceituar o método como o meio em que o raciocínio procura entender um fato referente ao
homem, sociedade e natureza. O método, enquanto estudo da criminologia, precisa estar baseado em
estudos científicos de experiências comparadas e repetidas para que se chegue a realidade.
Os métodos da criminologia dizem respeito ao Empirismo, Interdisciplinaridade, além de outros
fatores sociais e individuais.
O método empírico é o método científico, que se fundamenta com base na observação e em se
tratando de Criminologia, na experimentação. Estende-se ao comportamento delitivo, podendo ainda ser
empregado outros métodos. Desta forma, excluiu-se a tese defendida por Dilthey, que sustentava a
necessidade das ciências naturais, por um lado, e do outro lado, as do espírito.
Este método garante um conhecimento mais confiável com relação ao problema criminal, desde o
momento da fase de investigação, em que o investigador poderá utilizar os seus métodos e teorias sobre
a causa do crime.
A Criminologia difere-se do Direito, pois a primeira é uma ciência empírica, voltada a observação da
realidade, já o segundo por se tratar de uma ciência cultural, normativa, utilizando-se de um método lógico
e dedutivo.
A natureza jurídica da criminologia se baseia em fatos concretos, que deram causa ao cometimento
do crime, e não em silogismos ou discursos que buscam trazer uma explicação aos fatos. Os fatos
tratados por um criminólogo e por um jurista são vistos de maneira diferente, como já visto acima. O
criminólogo analisa os dados e dele tira suas próprias conclusões, enquanto os juristas partem das
premissas do que seja certo ou errado, para aplicar as penalidades referentes aos crimes.
Dada a complexidade do comportamento humano e dos fenômenos sociais, cabe sim completar o
método empírico com outros de natureza qualitativa, não incompatíveis com aquele, capazes de captar e
interpretar o significado profundo do drama criminal para além do frio valor objetivo dos meros dados e
análises estatísticas.2

A interdisciplinaridade vem associada ao processo da Criminologia. Muitas disciplinas científicas


valem-se do crime como fenômeno individual e social. Tanto a biologia, psicologia como a sociologia, com
suas respectivas formas de atuação acumularam saberes sobre o delito.
Apenas por meio da integração dessas matérias especializadas, poderá ser formulado um diagnóstico
científico, que possa reunir todos os elementos que formaram o crime, fonte esta muito mais segura do
que a aplicação das penas aos suspeitos, que se valem de conhecimentos do que consta em autos de
processos, em laudos superficiais.
O princípio interdisciplinar, portanto, é uma exigência estrutural do saber científico imposto pela
natureza totalizadora deste e não admite monopólios, prioridades, nem exclusões entre as partes ou
setores de seu tronco comum. De fato, parece, ademais, óbvio que a Criminologia só pôde se consolidar
como ciência, como ciência autônoma, quando conseguiu se emancipar daquelas disciplinas setoriais em
torno das quais nasceu e com as quais, com frequência, se identificou indevidamente. Isto é, quando
ganhou consciência de "instância superior", de sua estrutura interdisciplinar.3

2
.Comte, A. Discurso sobre el espiritu positivo, p. 54 e ss
3
Sobre o princípio interdisciplinar, vide Göppinger, H. Criminologia, p. 136 e ss.; Eisen¬berg, U. Kriminologie, p. 8 e ss.; García-Pablos de Molina, A. Tratado de
criminología cit., 1999, p. 51 e ss.

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Questões

01. (PC-GO - Delegado de Polícia Substituto – CESPE/2017) A respeito do conceito e das funções
da criminologia, assinale a opção correta.
(A) A criminologia tem como objetivo estudar os deliquentes, a fim de estabelecer os melhores passos
para sua ressocialização. A política criminal, ao contrário, tem funções mais relacionadas à prevenção do
crime.
(B) A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a eliminação do crime.
(C) A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da criminologia.
(D) A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as concausas da
criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade.
(E) A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta dos crimes
socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos efeitos graves desses crimes para
determinados indivíduos e famílias.

02. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). A criminologia moderna


(A) é uma ciência normativa, essencialmente profilática, que visa oferecer estratégias para minimizar
os fatores estimulantes da criminalidade e que se preocupa com a repressão social contra o delito por
meio de regras coibitivas, cuja transgressão implica sanções.
(B) ocupa-se com a pesquisa científica do fenômeno criminal — suas causas, características, sua
prevenção e o controle de sua incidência —, sendo uma ciência causal-explicativa do delito como
fenômeno social e individual.
(C) ocupa-se, como ciência causal-explicativa-normativa, em estudar o homem delinquente em seu
aspecto antropológico, estabelece comandos legais de repressão à criminalidade e despreza, na análise
empírica, o meio social como fatores criminógenos.
(D) é uma ciência empírica e normativa que fundamenta a investigação de um delito, de um
delinquente, de uma vítima e do controle social a partir de fatos abstratos apreendidos mediante o método
indutivo de observação.
(E) possui como objeto de estudo a diversidade patológica e a disfuncionalidade do comportamento
criminal do indivíduo delinquente e produz fundamentos epistemológicos e ideológicos como forma
segura de definição jurídico-formal do crime e da pena.

03. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). Os objetos de investigação da criminologia incluem


o delito, o infrator, a vítima e o controle social. Acerca do delito e do delinquente, assinale a opção correta.
(A) Para a criminologia positivista, infrator é mera vítima inocente do sistema econômico; culpável é a
sociedade capitalista.
(B) Para o marxismo, delinquente é o indivíduo pecador que optou pelo mal, embora pudesse escolher
pela observância e pelo respeito à lei.
(C) Para os correcionalistas, criminoso é um ser inferior, incapaz de dirigir livremente os seus atos: ele
necessita ser compreendido e direcionado, por meio de medidas educativas.
(D) Para a criminologia clássica, criminoso é um ser atávico, escravo de sua carga hereditária, nascido
criminoso e prisioneiro de sua própria patologia.
(E) A criminologia e o direito penal utilizam os mesmos elementos para conceituar crime: ação típica,
ilícita e culpável.

04. (PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe – VUNESP). Os objetos de estudo da moderna
criminologia estão divididos em
(A) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima.
(B) três vertentes: política criminal, delito e delinquente.
(C) três vertentes: política criminal, delinquente e pena.
(D) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena.
(E) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.

05. (PC/SP – Médico Legista – VUNESP) A autonomia da Criminologia frente ao Direito Penal:
(A) é almejada pelos estudiosos da primeira, mas negada pelos estudiosos do segundo.
(B) não se concretiza, uma vez que a primeira não é considerada ciência, ao contrário do segundo.
(C) comprova-se, por exemplo, pelo caráter crítico que a primeira desenvolve em relação ao segundo.
(D) não se vislumbra na prática, uma vez que todos os conceitos da primeira são emprestados do
segundo.

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(E) não se efetiva, uma vez que ambos têm o mesmo objeto e são concretizados pelo mesmo método
de estudo, qual seja, o empírico.

06. (PC/SP – Atendente de Necrotério Policial – VUNESP) Para a aproximação e verificação de seu
objeto de estudo, a Criminologia dos dias atuais vale-se de um conceito
(A) empírico e interdisciplinar.
(B) dedutivo e dogmático.
(C) dedutivo e interdisciplinar.
(D)dogmático e lógico-abstrato.
(E) empírico e lógico-abstrato.

07. (PC/SP – Delegado de Polícia – VUNESP) Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, a frase: A Criminologia__________; o Direito Penal __________.
(A) não é considerada uma ciência, por tratar do “dever ser” … é uma ciência empírica e interdisciplinar,
fática do “ser”.
(B) é uma ciência normativa e multidisciplinar, do “dever ser” … é uma ciência empírica e fática, do
“ser”.
(C) não é considerada uma ciência, por tratar do “ser” … é uma ciência jurídica, pois encara o delito
como um fenômeno real, do “dever ser”.
(D) é uma ciência empírica e interdisciplinar, fática do “ser” … é uma ciência jurídica, cultural e
normativa, do “dever ser”.
(E) é considerada uma ciência jurídica, por tratar o delito como um conceito formal, normativo, do
“dever ser” … não é considerado uma ciência, pois encara o delito como um fenômeno social, do “ser”.

08. (PC-SP - Perito Criminal – VUNESP). A moderna Criminologia


(A) tem por seus protagonistas o delinquente, a vítima e a comunidade.
(B) vislumbra o delito como enfrentamento formal, simbólico e direto entre dois rivais – o Estado e o
infrator – que se enfrentam, isolados da sociedade, à semelhança da luta entre o bem e o mal.
(C) não considera como seu objeto de debate os aspectos político-criminais das técnicas de
intervenção social e de seu controle.
(D) tem o castigo do infrator por exaurimento das expectativas que o fato delitivo desencadeia.
(E) tem por seus principais objetivos a reparação do dano causado ao Estado, a ressocialização do
delinquente e a repressão do crime.

09. (PC-SP - Escrivão de Polícia Civil – VUNESP). A corrente de pensamento criminológico que
aponta, como técnica utilizada pelo criminoso para sua auto justificação, um procedimento racional em
que atribui a culpa pelos seus atos antissociais aos agentes públicos encarregados de sua punição
(policiais, membros do ministério público, magistrados), os quais seriam corruptos, parciais e
inescrupulosos, é denominada teoria
(A) do estrutural-funcionalismo.
(B) da criminologia crítica.
(C) da neutralização.
(D) do conflito cultural.
(E) da criminologia radical.

10. (PC-SP - Desenhista Técnico-Pericial – VUNESP). A criminologia é conceituada como uma


ciência
(A) jurídica (baseada nos estudos dos crimes e nas leis) monodisciplinar.
(B) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar.
(C) social (baseada somente nos estudos do comportamento social do criminoso) e unidisciplinar.
(D) exata (baseada nas estatísticas da criminalidade) e multidisciplinar.
(E) humana (baseada na observação do criminoso e da vítima) e unidisciplinar.

11. (PC/SP – Delegado de Polícia – VUNESP) Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, a frase: A Criminologia__________; o Direito Penal __________.
(A) não é considerada uma ciência, por tratar do “dever ser” … é uma ciência empírica e interdisciplinar,
fática do “ser”.
(B) é uma ciência normativa e multidisciplinar, do “dever ser” … é uma ciência empírica e fática, do
“ser”.

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(C) não é considerada uma ciência, por tratar do “ser” … é uma ciência jurídica, pois encara o delito
como um fenômeno real, do “dever ser”.
(D) é uma ciência empírica e interdisciplinar, fática do “ser” … é uma ciência jurídica, cultural e
normativa, do “dever ser”.
(E) é considerada uma ciência jurídica, por tratar o delito como um conceito formal, normativo, do
“dever ser” … não é considerado uma ciência, pois encara o delito como um fenômeno social, do “ser”.

Gabarito

01. D / 02. B / 03. C / 04. E / 05. C / 06. A / 07. D / 08. A / 09. C / 10. B / 11. D /

Comentários

01. Resposta: D
A) Errada: A criminologia não tem como objetivo estudar os delinquentes. O objetivo é orientar a política
criminal de modo a contribuir para prevenção de infrações penais.
B) Errada: A finalidade da criminologia é contribuir para sua prevenção e consequente redução, pois o
crime nunca vai deixar de existir.
C) Errada: o termo correto seria ETIOLOGIA.
D) CORRETA.
E) Errada: É a criminologia que orienta a política criminal.

02. Resposta: B
A criminologia moderna visa se estabelecer por meio dos métodos observacionais e na
interdisciplinaridade para formular um estudo consistente que auxilie no combate e prevenção das
atividades criminosas na sociedade.

03. Resposta: C
Pela Escola Correcionalista o delinquente é visto como uma pessoa que precisa de ajuda. O
correcionalismo é o direito protetor dos criminosos e tinha como principal defensor Pedro Garcia Dourado
Montero.

04. Resposta: E
Atualmente, o estudo da criminologia considera quatro objetos:
- delito;
- delinquente;
- vítima;
- controle social.

05. Resposta: C.
A autonomia da Criminologia como ciência reside no fato de que apesar de outras ciências, como a
sociologia, a antropologia, a medicina legal, a psicologia, terem também o ato humano delituoso por
objeto, mas o têm acidentalmente, enquanto a criminologia o tem como escopo principal de suas
atividades investigatórias científicas.
E Roque de Brito Alves é de extrema felicidade ao mostrar essa abordagem ao crime, ao criminoso, à
criminalidade e à vítima, de peculiaridade extrema que torna a Criminologia verdadeiramente autônoma
quanto a seu objetivo de estudo:
“Não ficando restrita a Criminologia unicamente ao estudo das condutas típicas, puníveis por lei,
legalmente definidas como criminosas desde que tem como seu objeto também as condutas desviadas
culturalmente, antissociais, algumas destas podem ser consideradas como verdadeiros ‘estados
criminógenos’ que embora não tipificados como crime são comportamentos ou modos de ser em um estilo
de vida que podem conduzir o indivíduo a delinquir como, p. ex., na vagabundagem, na prostituição, vício
da droga, etc. O que faz com que, obviamente, o estudo criminológico possa adquirir maior horizonte ou
extensão ao não limitar-se ou partir exclusivamente da noção jurídica do delito, compreendendo outras
condutas de grande importância tanto para uma sua apreciação individual, pessoal, como social”.
(ALVES, Roque de Brito. Op. Cit. P. 59).

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06. Resposta: A.
Pode-se conceituar a Criminologia como sendo a ciência empírica baseada na observação e na
experiência, e interdisciplinar que tem como objeto de análise o crime, a personalidade do autor do
comportamento delitivo, da vítima e o controle social das condutas criminosas.

07. Resposta: D.
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo,
da vítima e o controle social das condutas criminosas.
A criminologia é uma ciência do "ser", empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima
e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é
uma ciência do "dever- ser", portanto normativa e valorativa. (Manual Esquemático de Criminologia -
Nestor Sampaio Penteado Filho).
* Criminologia:
- Prevenção do delito é um dos seus principais objetivos.
- Faz o diagnóstico do crime e a tipologia do criminoso, analisando o meio em que vive, seus
antecedentes, a motivação do crime, etc.
- Busca conhecer a realidade para interpretá-la e criar soluções para prevenir o delito, visando o
progresso.
- É ciência empírica do "ser".
* Direito Penal
- Proteção de bens essenciais ao convívio em sociedade através das sanções penais.
- Não dá o diagnóstico do fenômeno criminal.
- Preocupa-se unicamente com a dogmática, isto é, com o crime enquanto fato descrito na norma legal
para descobrir a adequação típica.
- É a ciência normativa do "dever ser".

08. Resposta: A
Tem como objeto o estudo do crime, do delinquente, da vítima e do controle social.
Tem como objetivo a prevenção do delito, dai, diagnosticar o fenômeno criminal, acompanha-lo com
estratégias de intervenção por programas de prevenção do crime pela eficácia do seu controle e custos
sociais

09. Resposta: C
“Teoria das Técnicas de Neutralização”, trazida a lume por Gresham M. Sykes e David Matza, como
uma “importante correção da teoria das subculturas criminais”. É verificável que o indivíduo, mesmo que
submergido numa subcultura criminal, sempre tem algum contato com a cultura oficial e, de algum modo,
influencia-se e reconhece algumas de suas regras. Se assim não fosse, sequer poderia ter consciência
do caráter desviante de sua conduta. A partir dessa constatação Sykes e Matza procuram expor os
mecanismos utilizados pelos indivíduos para justificarem para si mesmos e os outros, a prática da
conduta desviante em detrimento daquela normalizada. Dessa forma, demonstram como as regras oficiais
atuam perante a consciência dos desviantes, fato este não analisado pela “Teoria das Subculturas”.

10. Resposta: B
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo,
da vítima e o controle social das condutas criminosas".4

11. Resposta: D
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo,
da vítima e o controle social das condutas criminosas.
A criminologia é uma ciência do "ser", empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima
e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é
uma ciência do "dever- ser", portanto normativa e valorativa. (Manual Esquemático de Criminologia -
Nestor Sampaio Penteado Filho).
* Criminologia:

4
MANUAL ESQUEMÁTICO DE CRIMINOLOGIA - PROFESSOR NESTOR SAMPAIO PENTEADO FILHO.

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- Prevenção do delito é um dos seus principais objetivos.
- Faz o diagnóstico do crime e a tipologia do criminoso, analisando o meio em que vive, seus
antecedentes, a motivação do crime, etc.
- Busca conhecer a realidade para interpretá-la e criar soluções para prevenir o delito, visando o
progresso.
- É ciência empírica do "ser".
* Direito Penal
- Proteção de bens essenciais ao convívio em sociedade através das sanções penais.
- Não dá o diagnóstico do fenômeno criminal.
- Preocupa-se unicamente com a dogmática, isto é, com o crime enquanto fato descrito na norma legal
para descobrir a adequação típica.
- É a ciência normativa do "dever ser".

Funções da criminologia.Criminologia e política criminal.Direito penal.

Função da criminologia

A função da Criminologia como ciência interdisciplinar e empírica é assegurar um núcleo de


conhecimentos seguros que tenham relação com o crime, a pessoa do delinquente, a vítima e o controle
social.
Em fase de investigação, não há que se falar em subjetivismo, no momento em que se submete o
fenômeno criminal a um estudo árduo, com meios próprios ao caso. Através da metodologia
interdisciplinar é permitido o conhecimento nos mais diferenciados campos de atuação dos especialistas,
excluindo-se as contradições e completando as lacunas existentes. É uma espécie de dignóstico para
verificação do fato criminoso.
Cabe à sociedade uma informação básica sobre as formas de prevenção e intervenção com eficácia
no homem delinquente.

Política criminal

A política criminal é uma das grandes contribuintes para prevenção e repressão da criminalidade.
Trata-se de um programa de objetivos, métodos de procedimentos que foi adotado pela polícia criminal e
pelo Ministério Público.
Um dos grandes problemas está na ação preventiva, infelizmente o réu cumpre sua pena e ao sair do
presídio volta a delinquir, demonstrando que de nada adiantou sua represália. Basta analisar os
antecedentes criminais de um criminoso para saber que a reincidência é quadro constante, constando a
não reinserção social.
Não se confunde criminologia e política criminal.
A Criminologia possui uma dimensão e uma estrutura científica própria, informadora das estratégias
enquanto a política criminal estabelece métodos de prevenção para o crime.
- Quanto ao momento
As políticas-criminais devem ser analisadas desde o momento anterior a criação do Direito Penal, que
segue as fases judicial e de execução.
Jorge de Figueiredo Dias entende que a dogmática jurídico-penal não pode evoluir sem levar em
consideração o trabalho de índole criminológica e sua mediação político-criminal.
Figueiredo Dias e Roxin, entretanto, divergem quanto ao grau de dependência existente entre Direito
penal (e a Dogmática jurídico-penal) e Política criminal.
A política criminal não está voltada apenas para o ramo do direito, outras ações de caráter político
estão sendo adotadas, como foi o famoso caso de combate à lavagem de capitais, no ano de 2003. O
objetivo aqui foi prevenir e combater à lavagem de dinheiro.
Entretanto quando a política optar pela punição, deverá ser utilizada as ciências criminais,
caracterizada por VON LISZT no final do século XIX. Não temos como falar que o Direito Penal não irá
se integrar com a Criminologia e a Política Criminal, mesmo com essa integração, cada um desses
mantém sua autonomia.

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Quanto aos estudos acima, devemos compreender que o criminólogo é o responsável pelo estudo do
fenômeno criminoso, enviando dados que a Política criminal irá transformar em alterações ou até mesmo
em novas tipificações criminais, com a elaboração de novas leis. Juntamente com estes aliam-se o
momento processual e de execução, completando as fases das ciências criminais.
O processualista fica responsável pela aplicação do jus puniendi, nos moldes do devido processo legal,
já na fase executiva será dado cumprimento pelo crime cometido.
A política criminal é tratada como um conjunto sistemático de princípios e regras através dos quais o
Estado promove a luta de prevenção e repressão das infrações penais.
As políticas criminais tem por base as pesquisas acadêmicas que são realizadas nas mais diversas
universidades, podendo destacar o abolicionismo do direito penal máximo e do direito penal mínimo.

Direito penal

Alguns pesquisadores europeus propuseram o desaparecimento do sistema penal, resolvendo os


problemas de outras formas, distinta do método de repressão, defende-se retirar do Estado o poder de
punir. Esta corrente é formada por pensadores que tem por finalidade proteger a dignidade da pessoa
humana, por pensarem que o Direito Penal foi feito para prejudicar a classe mais baixa, aos
marginalizadas que são esquecidos pela grande maioria.
O direito penal máximo vem ganhando força, enfatizando os países islâmicos. Sua principal
materialização se faz por meio do movimento lei e ordem que tem como discurso a efetividade da ação
repressiva em matéria criminal.5
O movimento lei e ordem, surgido nos Estados Unidos, por volta da década de 60, prega um discurso
que o direito penal deve ser máximo e eficaz, que nas palavras de Greco (2009, p. 12) faz “a sociedade
acreditar ser o Direito Penal a solução de todos os males que a afligem”. E “o convencimento é feito por
intermédio do sensacionalismo, da transmissão de imagens chocantes, que causa revolta e repulsa no
meio social”.
No Brasil, mais precisamente na década de 90, a severidade do Direito Penal se deu com criação da
lei de crimes hediondos, após o clamor social e especulação da mídia.
Outro famosos caso é a teoria da vidraça quebrada ou tolerância zero, que são trazidas por Salo de
Carvalho: “uma nítida simetria entre as propostas político-criminais propugnadas pelo MLO e as
oferecidas pelos defensores da ‘Tolerância Zero’, baseadas no incremento da repressão penal. Todavia,
enquanto estes primam pela repressão à criminalidade de rua e bagatelar, entendendo a intolerância
como o único mecanismo de prevenção do caos e da desordem social, aqueles reivindicam alta
punibilidade às ofensas dos bens jurídicos interindividuais, sobretudo os delitos contra a pessoa e o
patrimônio.”6
Zaffaroni entende que não basta a aplicação de represálias para combater a criminalidade, não passa
de uma ilusão usar o arcabouço estatal para amedrontar pessoas voltadas ao crime.
O Direito Penal do Inimigo teve como percursor o alemão Gunter Jakobs que considera que aquele
que infringir a norma penal estará violando o convívio em sociedade, devendo ser afastado do ambiente
entre as pessoas, pois tornou-se um inimigo.
Entendia-se que o Direito Penal do Inimigo era aplicado aos reincidentes que deveriam ser eliminados
da sociedade ou excluídos dos bons, antes que os contaminassem. Mais além ainda era entender que
esses inimigos não deveriam ser tratados como pessoas, pois não possuíam garantias constitucionais,
não podendo ser tratado como sujeito de direitos.
Segundo Jakobs7
“Quem não presta uma segurança cognitiva suficiente de um comportamento pessoal, não só não
pode esperar ser tratado ainda como pessoa, mas o Estado não deve tratá-lo, como pessoa, já que do
contrário vulneraria o direito à segurança das demais pessoas.”
Talvez um dos grandes problemas seja o esquecimento dos Direitos Humanos, onde ficará a dignidade
de um acusado, se a participação da sociedade irá incutir ideias ainda mais rígidas na cabeça do
legislador, fazendo editar leis desumanas e degradantes.
Será o excesso de leis, e a intensidade da repressão adotada pelo Estado capaz de garantir a paz
social, sem que viole os Direitos Humanos?

5
http://ambito-juridico.com.br/site/index.php?artigo_id=9001&n_link=revista_artigos_leitura
6
CARVALHO, Salo de; CARVALHO, Amilton Bueno de. Aplicação da pena e garantismo. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumem Júris, 2004.
7
JAKOBS, Gunther; CANCIO MELIÁ, Manuel. Direito Penal do inimigo: noções e críticas. Trad. De André Luís Callegari e Nereu José Giancomolli. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2005.

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Roxin acredita que existe proximidade da dogmática jurídico-penal com a política criminal como meio
de fazer valer o Direito Penal. Para ele, o Direito Penal é uma ponte no qual as proposições se vazam no
modus de validade-jurídica.
Já Figueiredo Dias, por sua vez, busca uma otimização entre ambas, com um mútuo cooperativismo.

Conclusão

O que devemos ter em mente é que tanto o Direito Penal quanto a Política Criminal devem respeitar o
primado da Constituição Federal, valendo-se dos princípios constitucionais-penais, explícitos ou implícitos
Atualmente, a moderna política criminal atua de acordo com a valoração dos dados que são obtidos
pela Criminologia e são estes dados que serviram de base para a aplicação do Direito Penal.
De acordo com o Princípio da Subsidiariedade, o direito penal poderá intervir quando os demais ramos
do direito forem incapazes de promover a pacificação social do conflito, permitindo-se compreender o
caráter subsidiário do direito penal.
Além dessa aplicação subsidiária, deve-se atentar a relevância do bem jurídico que foi lesionado, é
preciso verificar se existe uma lesão grave, efetiva que o acometa. Por exemplo, a subtração de um lápis,
formalmente é considerada crime, entretanto não ofende ou lesiona o patrimônio da vítima, aplicando-se
o princípio da insignificância.

Questões

01. (MPE/MG - Promotor de Justiça – FUNDEP). Considerando nosso Direito Penal positivo, analise
as seguintes proposições e assinale a INCORRETA.
(A) A parte geral do Código Penal apresenta um conceito criminológico de infração penal, sob a
influência da vertente etiológica da criminologia, dominante na época de sua elaboração.
(B) Aplicando-se as normas da parte geral do Código Penal, um crime cometido no estrangeiro contra
o patrimônio do Município de Leopoldina/MG ficaria sujeito à lei brasileira, sendo o agente punido segundo
a lei brasileira, ainda que absolvido no estrangeiro.
(C) A parte geral do Código Penal prevê que a sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para sujeitar o
condenado à medida de segurança, dependendo a homologação, na falta de tratado de extradição, de
requisição do Ministro da Justiça.
(D) De acordo com a parte geral do Código Penal, mesmo após a reforma de 1984, influenciada pelo
finalismo, o desconhecimento inevitável da lei é inescusável.

02. (DPE/PR - Defensor Público – NC-UFPR). Na Criminologia, é frequente o debate a respeito das
funções da pena. Segundo a ideia de prevenção especial negativa, a pena teria a função de:
(A) ressocializar o condenado, promovendo sua harmônica integração social.
(B) retribuir proporcionalmente o mal causado pelo delito.
(C) neutralizar ou segregar o condenado do meio social, impedindo-o de cometer novas infrações
penais.
(D) reforçar a confiança da coletividade na vigência da norma, estimulando a fidelidade ao Direito.
(E) intimidar e dissuadir a coletividade, de modo que todos se abstenham da prática de infrações
penais.

03. (PC/SC - Delegado de Polícia – ACAFE). Quanto ao estatuto da disciplina Criminologia e sua
relação com a Política criminal, é correto afirmar:
(A) A Criminologia desenvolvida com base no chamado “paradigma etiológico”, de matriz positivista, e
a Política criminal dela decorrente, exerceram influência marcante sobre vários níveis do sistema penal
brasileiro (legal, doutrinário), exceto na execução penal.
(B) A seletividade do sistema penal significa que a criminalização é desigualmente distribuída entre os
vários grupos e classes sociais, apesar da prática de condutas legalmente definidas como crime ocorrer
em todos eles e que a Lei, em princípio, é igual e geral para todos, resultando a desigualdade no momento
da seleção dos criminosos pela Polícia, Ministério Público e Justiça.
(C) A Criminologia desenvolvida com base no chamado “paradigma da reação ou controle social”, que
origina a Criminologia crítica, estuda o sistema penal, incluindo a agência policial, como parte integrante
de seu objeto, e conclui que a seletividade estigmatizante é a lógica estrutural de seu funcionamento.

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(D) A obra “Dos delitos e das penas” (1764), de Cesar Beccaria, constitui a matriz mais autorizada do
nascimento da Criminologia como uma disciplina autodenominada de “ciência” causal-explicativa da
criminalidade.
(E) A Criminologia é uma disciplina complexa e plural, pois existem diferentes paradigmas e teorias
criminológicas que, desde o século XVII, se desenvolvem no mundo ocidental, inclusive na América Latina
e no Brasil. Seu objeto varia de acordo com os diferentes paradigmas. Entretanto, seu método
experimental tem permanecido constante.

04. (PC/SP - Médico Legista – VUNESP). A autonomia da Criminologia frente ao Direito Penal
(A) é almejada pelos estudiosos da primeira, mas negada pelos estudiosos do segundo.
(B) não se concretiza, uma vez que a primeira não é considerada ciência, ao contrário do segundo.
(C) comprova-se, por exemplo, pelo caráter crítico que a primeira desenvolve em relação ao segundo.
(D) não se vislumbra na prática, uma vez que todos os conceitos da primeira são emprestados do
segundo.
(E) não se efetiva, uma vez que ambos têm o mesmo objeto e são concretizados pelo mesmo método
de estudo, qual seja, o empírico.

05. (PC/SP - Delegado de Polícia – VUNESP). Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, a frase: A Criminologia__________ ; o Direito Penal __________.
(A) não é considerada uma ciência, por tratar do “dever ser” … é uma ciência empírica e interdisciplinar,
fática do “ser”
(B) é uma ciência normativa e multidisciplinar, do “dever ser” … é uma ciência empírica e fática, do
“ser”
(C) não é considerada uma ciência, por tratar do “ser” … é uma ciência jurídica, pois encara o delito
como um fenômeno real, do “dever ser”
(D) é uma ciência empírica e interdisciplinar, fática do “ser” … é uma ciência jurídica, cultural e
normativa, do “dever ser”
(E) é considerada uma ciência jurídica, por tratar o delito como um conceito formal, normativo, do
“dever ser” … não é considerado uma ciência, pois encara o delito como um fenômeno social, do “ser”

Gabarito

01. A / 02. C / 03. C / 04. C / 05. D

Comentários

01. Resposta: A
A assertiva encontra-se incorreta pelo fato do conceito criminológico de infração penal encontrar-se
disposto na lei de introdução ao código penal, e não na parte geral do código em referência.
Lei de introdução ao código penal
Art. 1º. Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal
a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou
cumulativamente.

02. Resposta: C
A teoria preventiva especial está direcionada ao delinquente castigado com a pena. A pena é um
instrumento de atuação preventiva sobre a pessoa do criminoso com o fim de evitar que no futuro cometa
novos crimes. Sua função é proteger bens jurídicos, incidindo na personalidade do delinquente através
da intimidação com a finalidade de que não volte a delinquir. Divide-se em prevenção positiva
(ressocializadora) e prevenção negativa (inocuizadora -- cortar o mal pela raiz).
A prevenção especial positiva persegue a ressocialização do delinquente através da correção, é
correspondente à prevenção terciária.
A prevenção especial negativa busca a intimidação ou inocuização mediante a privação da liberdade,
neutralizando a reincidência delitiva. Técnicas de inocuização: prisão perpétua, pena de morte, castração
química de pedófilo e do estuprador, RDD.

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03. Resposta: C
Para a teoria da reação social, também chamada de rotulação social, etiquetamento ou labeling
approach, a explicação para o crime reside nas respostas formais do Estado para o comportamento
desviante.
Principais postulados do labeling approach:
- interacionismo simbólico e construtivismo social: o comportamento humano é inseparável dos
processos sociais de interação;
- introspecção simpatizante: técnica de aproximação da realidade criminal como forma de compreendê-
la a partir do desviado e sua concepção de mundo;
- natureza definitória do delito: a conduta não é, em si, desviada. O desvio é fruto de uma construção
formal;
- seletividade e discriminação: o controle social é altamente seletivo e discriminatório. Ou seja, a
chance de ser criminoso não depende tanto da conduta em si, mas sim do fato de pertencer a determinado
extrato social.
- efeito criminógeno da pena: "a cadeia é a escola do crime";
- paradigma de controle: o sistema formal de controle é que criminaliza a sociedade, definindo condutas
como desviadas, sendo assim, são eles que definem quem são ou serão criminosos.

04. Resposta: C
A autonomia da Criminologia como ciência reside no fato de que apesar de outras ciências, como a
sociologia, a antropologia, a medicina legal, a psicologia, terem também o ato humano delituoso por
objeto, mas o têm acidentalmente, enquanto a criminologia o tem como escopo principal de suas
atividades investigatórias científicas.
“Não ficando restrita a Criminologia unicamente ao estudo das condutas típicas, puníveis por lei,
legalmente definidas como criminosas desde que tem como seu objeto também as condutas desviadas
culturalmente, anti-sociais, algumas destas podem ser consideradas como verdadeiros ‘estados
criminógenos’ que embora não tipificados como crime são comportamentos ou modos de ser em um estilo
de vida que podem conduzir o indivíduo a delinqüir como, p. ex., na vagabundagem, na prostituição, vício
da droga, etc. O que faz com que, obviamente, o estudo criminológico possa adquirir maior horizonte ou
extensão ao não limitar-se ou partir exclusivamente da noção jurídica do delito, compreendendo outras
condutas de grande importância tanto para uma sua apreciação individual, pessoal, como social”.(
ALVES, Roque de Brito).

05. Resposta: D
Criminologia:
- Prevenção do delito é um dos seus principais objetivos.
- Faz o diagnóstico do crime e a tipologia do criminoso, analisando o meio em que vive, seus
antecedentes, a motivação do crime, etc.
- Busca conhecer a realidade para interpretá-la e criar soluções para prevenir o delito, visando o
progresso.
- É ciência empírica do "ser".
Direito Penal
- Proteção de bens essenciais ao convívio em sociedade através das sanções penais.
- Não dá o diagnóstico do fenômeno criminal.
- Preocupa-se unicamente com a dogmática, isto é, com o crime enquanto fato descrito na norma legal
para descobrir a adequação típica.
- É a ciência normativa do "dever ser".

Modelos teóricos da criminologia.Teorias sociológicas.

Os modelos da criminologia se dividem em: criminologia clássica e neoclássica, positivista e moderna.


Abaixo, estudemos cada uma delas:

a) Criminologia clássica e neoclássica


A criminologia clássica não se preocupa com a ressocialização ou reintegração social do delinquente.
Esse modelo de análise criminal não se ocupa da prevenção do delito estricto sensu, mas sim da

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dissuasão penal. Os modelos de prevenção do delito clássico e neoclássico sustentam que os meios de
prevenir o delito precisam ter natureza penal consubstanciada na ameaça de castigo. Assim, o
mecanismo dissuasório por meio do efeito inibitório da pena revela essa essência da prevenção.
O que difere o modelo clássico do neoclássico de prevenção do delito encontra-se no fato do primeiro
concentrar a prevenção em torno da pena, do seu rigor ou severidade, enquanto neste último o poder
dissuasório está atrelado mais ao funcionamento do sistema normativo, e como ele é percebido pelo
delinquente em potencial.

b) Criminologia positivista
Baseia-se nos fatos decorrentes da observação e experimentação, isto é, do empirismo. A mera
especulação não tem qualquer valor para a ciência.
O objeto da criminologia é o delinquente, sendo o delito uma abstração advinda da lei. Neste sentido,
a realidade concreta que fundamenta o exame científico é o delinquente, sendo o delito apenas um
sintoma seu. Logo, a explicação para o fenômeno criminal deve ser procurada nas predisposições a
prática do delito, que se distinguem em outros seres humanos.
A criminologia deve, portanto, explicar as diferenças físicas, psicológicas e sociais entre delinquentes
e não delinquentes. Por conseguinte, os comportamentos criminais estão sujeitos ao determinismo,
inexistindo, desta forma, a liberdade de escolha, ou melhor de livre-arbítrio.

c) Criminologia moderna
A criminologia moderna visa explicar e prevenir o delito avaliar os diferentes modelos de resposta
social ao fenômeno criminal e intervir na pessoa do delinquente.
Tem como um de seus objetivos principais a prevenção do delito por meio de um controle social eficaz,
mas não utópico a ponto de buscar a completa erradicação do conflito criminal na sociedade.
Dentre as suas principais características podem ser apontadas as seguintes: o crime é compreendido
como um problema, com destaque para sua face humana, de dor e conflito; ampliação do objeto de estudo
da criminologia, com a inserção da vítima e controle social; orientação prevencionista do saber
criminológico; o termo tratamento é substituído por intervenção, por expressar uma noção
pluridimensional, dinâmica e complexa compatível com o fato verificado no mundo real; análise e
avaliação integram os modelos de reação social; e análise etiológica do delito.

Referência Bibliográfica
Júnior, José César Naves de Lima. Manual de Criminologia, 2ª edição, Salvador: Editora: Jus Podivm, 2015. (pags. 62-63).

Questões

01. (DPU - Defensor Público Federal – CESPE/2017) A respeito do conceito e dos objetos da
criminologia, julgue o item a seguir.
Para a escola clássica, o modelo ideal de prevenção do delito ou do desvio é o que se preocupa com
a pena e seu rigor, compreendendo-a como um mecanismo intimidatório; já para a escola neoclássica,
mais eficaz que o rigor das penas é o foco no correto funcionamento do sistema legal e em como esse
sistema é percebido pelo desviante ou delinquente.
( ) Certo ( ) Errado

02. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). A criminologia moderna


(A) é uma ciência normativa, essencialmente profilática, que visa oferecer estratégias para minimizar
os fatores estimulantes da criminalidade e que se preocupa com a repressão social contra o delito por
meio de regras coibitivas, cuja transgressão implica sanções.
(B) ocupa-se com a pesquisa científica do fenômeno criminal — suas causas, características, sua
prevenção e o controle de sua incidência —, sendo uma ciência causal-explicativa do delito como
fenômeno social e individual.
(C) ocupa-se, como ciência causal-explicativa-normativa, em estudar o homem delinquente em seu
aspecto antropológico, estabelece comandos legais de repressão à criminalidade e despreza, na análise
empírica, o meio social como fatores criminógenos.
(D) é uma ciência empírica e normativa que fundamenta a investigação de um delito, de um
delinquente, de uma vítima e do controle social a partir de fatos abstratos apreendidos mediante o método
indutivo de observação.

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(E) possui como objeto de estudo a diversidade patológica e a disfuncionalidade do comportamento
criminal do indivíduo delinquente e produz fundamentos epistemológicos e ideológicos como forma
segura de definição jurídico-formal do crime e da pena.

03. (PC/SP - Papiloscopista Policial – VUNESP). Pode-se afirmar que estão entre os princípios
fundamentais da escola clássica da criminologia:
(A) o crime, na escola clássica, é um ente jurídico, não é uma ação, mas sim uma infração; a
punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio; adota-se o método e raciocínio lógico-dedutivo.
(B) a pena, que é um instrumento de defesa social; a escola clássica, que se utiliza do método indutivo-
experimental; os objetos de estudo da ciência penal, que são o crime, o criminoso, a pena e o processo.
(C) o crime é visto como um fenômeno social e individual na escola clássica; a pena tem caráter aflitivo,
cuja finalidade é a defesa social.
(D) o direito penal, que é uma obra humana; a responsabilidade social que decorre do determinismo
social; o delito, que é um fenômeno natural e social.
(E) a distinção entre imputáveis e inimputáveis existente na escola clássica; a responsabilidade moral
baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de se levar pelos motivos deverá receber uma
medida de segurança).
Gabarito

01. Certo / 02. B / 03. A

Comentários

01. Resposta: Certo


Para a escola clássica o modelo ideal de prevenção do delito ou do desvio é o que se preocupa com
a pena e seu rigor, compreendendo-a como um mecanismo intimidatório. A escola clássica só levava em
consideração o livre arbítrio, não se preocupando com fatores extrínsecos.
Já para a escola neoclássica, o modelo ideal de prevenção do delito ou do desvio se refere à
efetividade do impacto dissuasório. É mais eficaz que o rigor (severidade abstrata) das penas, é o foco
no correto funcionamento do sistema legal e em como esse sistema é percebido pelo desviante ou
delinquente. Na escola neoclássica, os fatores externos repercutiam na influência ou não para a prática
dos crimes.

02. Resposta: B
A criminologia moderna visa explicar e prevenir o delito, avaliar os diferentes modelos de reposta social
ao fenômeno criminal, e intervir na pessoa do delinquente. Tem como objetivos principais a prevenção do
delito por meio do controle social eficaz, mas não utópico a ponto de buscar a completa erradicação do
conflito criminal da sociedade.8

03. Resposta: A
A criminologia clássica não se preocupa com a ressocialização ou reintegração social do delinquente.
Esse modelo de análise criminal não se ocupa da prevenção do delito estricto sensu, mas sim da
dissuasão penal.

Teorias sociológicas da criminalidade.


A teoria de base sociológica diz respeito ao grupo das teorias do consenso. Iniciou-se no começo do
século XX, através dos membros do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, os quais
atribuíram à sociedade os fatores do fenômeno criminal.
A abordagem sociológica do crime tem produzido uma visão deste fenômeno por vezes bastante
distinta da que é projetada pela sociedade em geral, que tende a apresentar a criminalidade como uma
das ameaças mais prementes ao que se considera ser o normal e esperado funcionamento da sociedade.
Sociologicamente o crime pode ser encarado como “funcional e normal”, como um contexto de
“aprendizagem e de socialização” e como uma “resposta das instâncias de controle”.
A sociedade em geral tem uma compreensão limitada do crime, no sentido em que a visão do criminoso
é muitas vezes imputada às suas características individuais não o relacionamento com a sociedade em
que se insere. Com isso, as teorias sociológicas do crime vieram dar ênfase aos grupos sociais em
detrimento das causas individuais.

8
Júnior, José César Naves de Lima. Manual de Criminologia, 2ª edição, Salvador: Editora: Jus Podivm, 2015.

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Por volta do final do século XVIII, as escolas penais lutavam para conceituar e diferenciar o crime do
criminoso. Porém, a partir de estudos científicos, o homem passou a ser o centro dos estudos, mais
precisamente com a Psicologia e a Sociologia, permitindo se verificar os mais variados comportamentos
humanos, entre eles o delitivo.
Foi justamente nesta época que surgiram as Escolas Criminológicas, tendo como foco de estudo o
criminoso. Essas escolas lutavam para dar respostas ao crime, como combatê-lo e preveni-lo. As escolas
usavam a interdisciplinaridade (Biologia, Psicologia, Sociologia, Psiquiatria, entre outras). Foi a partir daí
que achou-se melhor tocar o foco, ao invés de dar enfoque ao delito, o que merece destaque é o
delinquente.
A Criminologia Tradicional procura quais as causas do crime. Já a Criminologia Nova ou Crítica indaga
como e porque determinadas pessoas são apontadas como criminosas. Enfim, sobre o mesmo objeto de
estudo, os cientistas elaboram questões diferentes que reclamam respostas diferentes. Existindo, entre
essas duas vias de explicação do problema do crime, mais uma relação de complementariedade do que
de exclusão, fazendo da criminologia uma ciência interdisciplinar que envolve a biologia, a psicologia e a
sociologia.9
A partir desta visão, os autores acharam prudente agrupar as teorias criminológicas em:

- Escola Clássica, Escola Positiva e Sociologia Criminal;


- Criminologia nova ou crítica: Teoria da Rotulação, Etnometodologia e Criminologia Radical.

A Escola Clássica surgiu entre os séculos XVIII e XIX. Trata que o ser humano é dotado de livre
arbítrio, e portanto pratica atos movido pelo prazer, buscando a ordem social, visando o bem-estar de
todos (contrato social). Desta feita, a conduta criminosa é uma escolha racional, logo a a pena (castigo)
é necessária e suficiente para acabar com a criminalidade, sendo determinada segundo a utilidade para
se manter ou não o pacto social.

A Escola Positiva, surge após o fracasso das reformas penais entre os séculos XIX e XX. Não
defende-se mais o livre arbítrio e já existe uma previsão do comportamento humano, permitindo a
investigação dos crimes, a partir dos criminosos. Um fenômeno da natureza sujeito a leis naturais
(biológicas, psicológicas e sociais) que podem ser identificas, estudando-se o criminoso. A pena (castigo)
é inútil, pois a conduta criminosa é sintoma de uma doença e como tal deve ser tratada, em nome da
defesa da sociedade.
Para que o criminoso seja analisado, durante esta escola foram implantadas algumas teorias, que
podem ser agrupadas como teorias de controle.

a. Teorias Bioantropológicas: Por esta teoria, podemos entender que algumas pessoas apresentam
predisposição ao crime. A explicação do crime se dá através da estrutura orgânica do indivíduo. O
criminoso é tratado como um ser diferente do cidadão normal.

b. Teorias Psicodinâmicas: a diferença entre o criminoso e o não-criminoso é congênita. A luta para


entender o que se passa no interior do ser humano e os aspectos naturais do mundo de fora, levam o ser
humano a vivenciar um conflito, partindo disto, investiga –se porque a generalidade das pessoas não
comete crimes.

A criminologia psicanalítica, cujas primeiras manifestações se deram com as obras de Freud, Adler e
Jung, e que objetiva “explicar o crime como um ato individual e analisar a psicologia da sociedade
punitiva”. Conforme Dias e Andrade, a criminologia psicanalítica se baseia em três princípios:
- O homem é, por natureza, um ser a-social. Por isso é que Freud refere a criança como um perverso
polimórfico e Stekel como um criminoso universal.
- A causa do crime é, em última instância, social. “O crime, escreve Glover, representa uma das
parcelas do preço pago pela domesticação de um animal selvagem por natureza; ou, numa formulação
mais atenuada, é uma das consequências de uma domesticação sem êxito ‟.
- É durante a infância que se modela a personalidade. É, noutros termos, durante a infância que se
definem os equilíbrios ou desequilíbrios que, com caráter duradouro, hão de dar origem ao
comportamento desviante ou às condutas socialmente aceitas.

9
http://www.leliobragacalhau.com.br/teorias-criminologicas-sobre-o-problema-do-crime/

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A tese central dessa teoria consiste, portanto, na explicação de que o crime se dá quando o Super ego
não consegue inibir o Ego, deixando-o livre para as demandas do Id. O crime significa uma fuga à
vigilância do Super ego.

c. Teorias Psico-Sociológicas: refere-se aos elementos sociais que envolvem a personalidade do


agente. Serão abordados vínculos do indivíduo com a sociedade, visando entender os conflitos interiores
e exteriores que regem o sujeito à obediência da lei.
Na linha positivista segue o funcionalismo, cuja teoria parte do princípio de que a sociedade é um todo
organizado, sendo que as partes são interdependentes. Nesse sentido, a sociedade é também vista como
um grande organismo social, de modo que as instituições sociais são as responsáveis pela harmonia e o
equilíbrio do todo.
Conforme Giddens (2005, p.176) para “as teorias funcionalistas, o crime e o desvio são resultados de
tensões estruturais e de uma falta de regulação social dentro da sociedade”.

Sociologia Criminal Surgiu entre os séculos XIX e XX, e visa solucionar as causas do crime na
sociedade. O crime para essa época, é um fenômeno coletivo, sujeito às leis do determinismo sociológico
e, por isso, previsível. O objeto central da Sociologia é o ser humano e suas diversas interações sociais;
isto significa que é necessário, para se entender algum fenômenos social, que se leve em consideração
o seu contexto global, isto é, os aspectos sociais, culturais, econômicos, políticos, psicológicos,
geográficos, entre outros.
Atualmente, as teorias que analisam a sociedade criminógena, privilegiando a dimensão causalista na
conduta desviada, são denominadas de teorias etiológicas e se subdividem em:
a. Teorias Ecológicas ou da Desorganização Social (Escola de Chicago): surgiu nos EUA, no
início do século XX por meio dos membros do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago,
que conferiram à sociedade as causas do fenômeno criminal.
Nesse período, milhares de pessoas chegaram as grandes cidades, sendo Chicago uma delas. Eram
pessoas de todos os tipos, escravos, minorias éticas, italianos, eslavos que moravam nas periferias, em
precárias condições de higiene e qualquer tipo de estrutura.
Essa miséria vivida fez com que a população passasse por dificuldades, gerando violência e aumento
da criminalidade. Robert E. Park, foi um dos percussores a apontar a influência do entorno urbano a
conduta criminosa praticada.
A Escola de Chicago foi fundamental para o estudo da criminalidade urbana, contribuindo para o
desenvolvimento de estudos referentes nessa área, destacando-se a ecologia humana.
A teoria ecológica criminal defende a prioridade da ação preventiva e a minimização da atuação
repressiva.

b. Teoria da Associação Diferencial: suborientada pela teoria da aprendizagem social ou social


learning, tenta explicar o comportamento criminoso por meio de anomalias biológicas que determinam a
conduta humana. O erro defendido por esta teoria era pensar que apenas os encarcerados cometiam
crimes.

c. Teorias da Anomia ou da Estrutura da Oportunidade: vem do grego (a - ausência; nomia – lei),


significando, assim, ausência da lei.
Iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton. O crime é resultante do
funcionamento do sistema e atualização de seus valores. Possui como característica a natureza
estrutural, pelo determinismo sociológico, pela aceitação do caráter normal e funcional do crime e pela
adesão à ideia de consenso em torno de valores fundamentais para a sociedade.
Por esta teoria, entende-se que tanto o organismo humano quanto a sociedade precisam realizar
algumas funções vitais para que seja mantida a própria sobrevivência, se isso não acontecer, estar-se-à,
diante de uma disfunção.
Se os mecanismos que regulam a vida em sociedade não atingirem a sua finalidade, acontecerá a
anomia, ou seja, a decomposição das normas sociais.

d. Teorias da Subcultura Delinquente: essa teoria representa o aprimoramento das contribuições de


Durkheim e Merton. Dizem respeito as teorias de classe sociais, partindo da premissa que a sociedade
oferece uma estrutura social com defeitos, de modo que para alguns, é possível o acesso cultural, já para
outros o mesmo não pode ser alcançado.

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O termo subcultura refere-se à minoria, os que tem cultura inferior, como por exemplo, os jovens que
pertencem a baixa classe social. Na delinquência juvenil, a subcultura é uma rebeldia com relação as
classes menos favorecidas se comparada com os valores das classes médias.
Dessa forma, dentro da subcultura é normal encontrar o comportamento delinquente. Conclui-se,
portanto, que a subcultura se origina de que os delinquentes fazem parte da cultura e não as pessoas.
Teve origem nos Estados Unidos, já que depois da Segunda Guerra Mundial a sociedade norte-
americana, vivia todo o otimismo da crescente economia, com os avanços da tecnologia e da ciência.
As famílias eram de base patriarcal, com valores fundados no protestantismo.
Anos depois, esse tipo de cultura enraizada nos bons princípios familiares, passa por problemas, em
decorrência da falta de acesso dos jovens ao que era cultuado por pessoas estranhas a eles. Um bom
exemplo foi a luta dos negros norte-americanos visando ser detentores de direitos civis.
Nas próprias escolas não foi diferente, os jovens de famílias ricas experimentavam na socialização
escolar uma espécie de continuação do aprendizado da educação familiar, já os jovens de família pobre
viviam uma desestruturação dentro do ambiente escolar.
São exemplos de subcultura vivida nos Estados Unidos, as gangues de bairros localizados nas
periferias das grandes cidades.10

- Teoria de Cohen
Albert K. Cohen, na obra “Delinquent Boys”, mostra sua dedicação ao estudo da delinquência juvenil.
Ele caracterizou as subculturas delinquentes como não utilitária, maldosa, e negativista. 11
Trata-se de natureza flexível, tendo em vista que os jovens não se especializam em determinado
desvio, indo em sentido contrário aos adultos. Buscam prazer a curto prazo, com o objetivo apenas de se
divertir.
Para o autor, os jovens gostavam de andar em grupos, turmas, de modo que os mais ricos exibiam
seus carros, roupas e os pobres viviam outro tipo de status, pois o da classe alta era inacessível a eles.
Os jovens não buscam seu aperfeiçoamento no mundo do crime, como faziam alguns adultos.
Resistiam firmes às pressões da cultura externa.

- Teoria de Miller
Na década de 60, dentre as inúmeras teorias sobre subcultura que apareceram, destacou-se
fortemente a de Walter B. Miller, de forma que tenta explicar a subcultura da classe baixa.
Diferencia-se de Cohen, afirmando que a criminalidade que se dá nos bairros de classe baixa não
decorre de uma rebeldia de valores, mas pelo fato que o delinquente se conforma com os valores que lhe
transmitem sua própria classe social.
Para Miller, são características da classe baixa: distúrbio, violência, destino e independência, já a
classe média tem outros valores como por exemplo, a conquista.

Criminologia Nova ou Crítica estuda a sociedade criminógena, as causas do crime, a reação do


crime na sociedade, e o porquê de algumas pessoas serem tratadas como criminosas.
a. Etnometodologia (surge na década de 1960): estuda a intersubjetividade do cotidiano. O crime
passa por uma construção social efetuada na interação entre o desviante e as agências de controle.
b. Teoria da Rotulação ou labelling approach ou Teoria do Etiquetamento: surgiu nos Estados
Unidos na década de 70 e visa explicar o delito por meio dos conceitos de conduta desviada e reação
social.
O criminoso distingue-se dos demais cidadãos pelas instâncias formais de controle. A criminalidade
resulta do processo social de interação, eis que se trata de um processo de interação, discriminatório e
seletivo, que irá estudar as pessoas e as instituições que definem a pessoa do desviado e funcionamento
do controle social. Dessa maneira, a caracterização de uma conduta como criminosa está relacionada
aos processos sociais de definição do etiquetamento de seu autor como delinquente.

c. Teoria da Criminologia Radical ou Criminologia Marxista (na década de 70): Baseada na


análise marxista que defende a ordem social e faz grande crítica a Teoria da Rotulação, além da
Etnometodologia. A criminologia é compreendida como um problema insolúvel, em meio a uma sociedade
capitalista, devendo ser feita a transformação da própria sociedade.

d. Teoria das Janelas Quebradas: Surge nos EUA, através de dois criminologistas da Universidade
de Harvard que foram James Wilson e George Kelling.
10
Júnior, José César Naves de Lima. Manual de Criminologia.editora: Jus Podivm, 2ª edição, 2015.
11
Cohen, Albert K. Delinquent Boys: The Culture of the Gang. Glencoe: The Free Press, 1955, p. 25.

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Ganhou esse nome através de um experimento feito por Philip Zimbardo, que fez um estudo com um
carro abandonado em um bairro de alta classe. Como o carro não foi danificado, após passar uma semana
na rua, o próprio Philip, quebrou uma das janelas do carro, onde posteriormente o veículo foi roubado por
vâdalos.
Aqui, visa-se reprimir os delitos pequenos para que os maiores não aconteçam.

Questões

01. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). Acerca dos modelos teóricos explicativos do crime,
oriundos das teorias específicas que, na evolução da história, buscaram entender o comportamento
humano propulsor do crime, assinale a opção correta.
(A) O modelo positivista analisa os fatores criminológicos sob a concepção do delinquente como
indivíduo racional e livre, que opta pelo crime em virtude de decisão baseada em critérios subjetivos.
(B) O objeto de estudo da criminologia é a culpabilidade, considerada em sentido amplo; já o direito
penal se importa com a periculosidade na pesquisa etiológica do crime.
(C) A criminologia clássica atribui o comportamento criminal a fatores biológicos, psicológicos e sociais
como determinantes desse comportamento, com paradigma etiológico na análise causal-explicativa do
delito.
(D) Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito definitorial de delito afirma que,
segundo a teoria do labeling approach, o delito carece de consistência material, sendo um processo de
reação social, arbitrário e discriminatório de seleção do comportamento desviado.
(E) O modelo teórico de opção racional estuda a conduta criminosa a partir das causas que
impulsionaram a decisão delitiva, com ênfase na observância da relevância causal etiológica do delito.

02. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). Considerando que, conforme a doutrina, a


moderna sociologia criminal apresenta teorias e esquemas explicativos do crime, assinale a opção correta
acerca dos modelos sociológicos explicativos do delito.
(A) Para a teoria ecológica da sociologia criminal, que considera normal o comportamento delituoso
para o desenvolvimento regular da ordem social, é imprescindível e, até mesmo, positiva a existência da
conduta delituosa no seio da comunidade.
(B) A teoria do conflito, sob o enfoque sociológico da Escola de Chicago, rechaça o papel das
instâncias punitivas e fundamenta suas ideias em situações concretas, de fácil comprovação e verificação
empírica das medidas adotadas para contenção do crime, sem que haja hostilidade e coerção no uso dos
meios de controle.
(C) A teoria da integração, ao criticar a teoria consensual na solução do conflito, rotula o criminoso
quando assevera que o delito é fruto do sistema capitalista e considera o fator econômico como
justificativa para o ato criminoso, de modo que, para frear a criminalidade, devem-se separar as classes
sociais.
(D) A Escola de Chicago, ao atentar para a mutação social das grandes cidades na análise empírica
do delito, interessa-se em conhecer os mecanismos de aprendizagem e transmissão das culturas
consideradas desviadas, por reconhecê-las como fatores de criminalidade.
(E) A teoria estrutural-funcionalista da sociologia criminal sustenta que o delito é produto da
desorganização da cidade grande, que debilita o controle social e deteriora as relações humanas,
propagando-se, consequentemente, o vício e a corrupção, que são considerados anormais e nocivos à
coletividade.

03. (PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe – VUNESP/2015). Sobre a teoria da “anomia”,
é correto afirmar:
(A) é classificada como uma das “teorias de conflito” e teve, como autores, Erving Goffman e Howard
Becker.
(B) foi desenvolvida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland e deu origem à expressão white collar
crimes.
(C) surgiu em 1890 com a escola de Chicago e teve o apoio de John Rockefeller.
(D) iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton, e significa ausência de lei.
(E) foi desenvolvida por Rudolph Giuliani, também conhecida como “Teoria da Tolerância Zero”.

04 (PC/SC - Delegado de Polícia – ACAFE). São referências de teorias penais e criminológicas latino-
americanas e brasileiras que tiveram grande repercussão entre os anos 60 a 80 do século XX:

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(A) A Criminologia dialética desenvolvida pelos brasileiros Roberto Lyra (pai) e Roberto Lyra Filho.
(B) Criminologia da Liberação desenvolvida em colaboração pelas Venezuelanas Lola Aniyar de Castro
e Rosa Del Olmo.
(C) A Sociologia do controle penal desenvolvida conjuntamente pelo argentino Roberto Bergalli e pelo
chileno Eduardo Novoa Monreal.
(D) O Realismo jurídico-penal marginal, a partir do ponto de vista de uma região marginal do poder
planetário, desenvolvido pelo argentino Eugenio Raúl Zaffaroni.
(E) A Criminologia radical desenvolvida pelo brasileiro Juarez Cirino dos Santos e As matrizes Ibéricas
do Direito Penal brasileiro, desenvolvida conjuntamente pelos brasileiros Nilo Batista e Vera Malaguti W.
de Souza Batista.

05. (PC/SP - Atendente de Necrotério Policial – VUNESP). As teorias absolutas da pena também
são conhecidas por teorias da
(A) reeducação.
(B) restauração.
(C) retribuição.
(D) prevenção.
(E) ressocialização.

06. (PC/SP - Desenhista Técnico-Pericial – VUNESP). As teorias macrossociológicas que


influenciaram o pensamento criminológico moderno são as teorias:
(A) clássica e contemporânea.
(B) de consenso e de conflito.
(C) positiva e refletiva.
(D) negativa e refletiva.
(E) social e comportamental

07. (AL/PB - Procurador – FCC). A avaliação do espaço urbano é especialmente importante para
compreensão das ondas de distribuição geográfica e da correspondente produção das condutas
desviantes. Este postulado é fundamental para compreensão da corrente de pensamento, conhecida na
literatura criminológica, como
(A) teoria da anomia.
(B) escola de Chicago.
(C) teoria da associação diferencial.
(D) criminologia crítica.
(E) labelling approach

08. (DPE/PR - Defensor Público- FCC). Com o surgimento das Teorias Sociológicas da Criminalidade
(ou Teorias Macrossociológicas da Criminalidade), houve uma repartição marcante das pesquisas
criminológicas em dois grupos principais. Essa divisão leva em consideração, principalmente, a forma
como os sociólogos encaram a composição da sociedade: Consensual (Teorias do consenso,
funcionalistas ou da integração) ou Conflitual (Teorias do conflito social). Neste contexto são consideradas
Teorias Consensuais:
(A) Escola de Chicago, Teoria da Anomia e Teoria da Associação Diferencial.
(B) Teoria da Anomia, Teoria Crítica e Teoria do Etiquetamento.
(C) Teoria Crítica, Teoria da Anomia e Teoria da Subcultura Delinquente.
(D) Teoria do Etiquetamento, Teoria da Associação Diferencial e Escola de Chicago.
(E) Teoria da Subcultura Delinquente, Teoria da Rotulação e Teoria da Anomia.

Gabarito

01. D / 02. D / 03. D / 04. D / 05. C / 06. B / 07. B / 08. A

Comentários
01. Resposta: D
Conhecida ainda como Interacionaismo Simbólico, Rotulação, ETIQUETAMENTO ou Reação Social,
esta teoria, iniciou nos EUA 1970. Não enfoca o crime em si, mas a reação proveniente dele. Os grupos
sociais criam os desvios na qualificação de determinadas pessoas percebidas como marginais. O desvio
ocorre em decorrência da profecia anunciada da repetição da imputação do crime à pessoa estigmatizada

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02. Resposta: D
A escola de Chicago inicia um processo que engloba estudos em antropologia urbana, usa o meio
urbano como análise principal, constatando a influência do meio ambiente na conduta delitiva fazendo
um paralelo entre o crescimento das cidades e o consequente aumento da criminalidade.

03. Resposta: D
A Teoria da Anomia iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton.O crime é
resultante do funcionamento do sistema e atualização de seus valores. Possui como característica a
natureza estrutural, pelo determinismo sociológico, pela aceitação do caráter normal e funcional do crime
e pela adesão à ideia de consenso em torno de valores fundamentais para a sociedade.

04. Resposta: D
Para que seja compreendido o autor e a época, trouxemos os autores referentes as alternativas:
A. Lyra Filho;
B - Lola Aniyar;
C - Bergalli;
D - Eugenio Raúl Zaffaroni
E Nilo Batista desenvolveu o livro As matrizes Ibéricas.

05. Resposta: C
Teorias Absolutas ou da Retribuição: são voltadas essencialmente às doutrinas da retribuição ou da
expiação, uma vez que sustentam que a pena deve ter caráter retributivo ou repressivo, ou seja, que ela
funciona como um castigo reparador de um mal. O mal justo da pena compensa o mal injusto do delito.
Seu mérito reside em reconhecer a necessidade de que a pena seja proporcional ao crime cometido.

06. Resposta: B
De acordo com o professor Manoel Sampaio:
Modelos sociológicos de consenso e de conflito
Nessa perspectiva macrossociológica, as teorias criminológicas contemporâneas não se limitam à
análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou de pequenos grupos, mas sim da sociedade como
um todo.
O pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões:
1) uma de cunho funcionalista, denominada teoria de integração, mais conhecida por teorias de
consenso;
2) uma de cunho argumentativo, chamada de teorias de conflito.

07. Resposta: B
A Escola de Chicago cria os estudos baseados na antropologia urbana, é o meio urbano como foco da
analise principal do delito, sendo que o meio ambiente influencia na delinquência.
Os meios diferentes de adaptação das pessoas às cidades acabam por propiciar a mesma
consequência: implicação moral e social num processo de interação na cidade. Assim, com o crescimento
das cidades começa a surgir uma relação de aproximação entre as pessoas, com a vizinhança se
conhecendo. Passa a existir, por conseguinte, uma verdadeira identidade dos quarteirões. Esse
mecanismo solidário de mútuas relações proporciona uma espécie de controle informal (polícia natural),
na medida em que uns tomam conta dos outros3 (ex.: família que viaja e pede ao vizinho que recolha o
jornal, que mostre ao leiturista da água o local do hidrômetro etc.). Os avanços do progresso cultural
aceleram a mobilidade social, fazendo aumentar a alteração, com as mudanças de emprego, residência,
bairro etc., incorrendo em ascensão ou queda social. A mobilidade difere da fluidez, que é o movimento
sem mudança da postura ecológica, proporcio-nado pelo avanço da tecnologia dos transportes
(automóvel, trens, metrô). Portanto, a mobilização e a fluidez impedem o efetivo controle social informal
nas maiores cidades.

08. Resposta: A
Pertencem ao grupo das Teorias do Consenso, a Escola de Chicago, a Teoria da Associação
Diferencial, a Teoria da Anomia e a Teoria da Subcultura Delinquente. Por conseguinte, pertencem ao
grupo das Teorias do conflito, o Labeling Approach e a Criminologia Crítica.

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Prevenção da infração penal no Estado Democrático de Direito. Prevenção
primária.Prevenção secundária. Prevenção terciária.

O Estado Democrático de Direito, que significa a exigência de reger-se pelo Direito e por normas
democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo povo bem como o respeito das autoridades públicas
aos direitos e garantias fundamentais, proclamado no caput do artigo 1º da Constituição Federal de 1988,
adotou, igualmente em seu parágrafo único, o denominado princípio democrático, ao afirmar que “todo
poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição”12.
O termo "Estado democrático de direito" conjuga dois conceitos distintos que, juntos, definem a forma
de mecanismos tipicamente assumidos pelo Estado de inspiração ocidental. Cada um destes termos
possui sua própria definição técnica, mas, neste contexto, referem-se especificamente a parâmetros de
funcionamento do Estado Ocidental moderno. Em sua origem grega, "democracia" quer dizer "governo
do povo". No sistema moderno, no entanto, não é possível que o povo governe propriamente (o que
significaria uma democracia direta). Assim, os atos de governo são exercidos por membros do povo ditos
"politicamente constituídos", por meio de eleição.
No Estado Democrático Brasileiro, as funções típicas e indelegáveis do Estado são exercidas por
indivíduos eleitos pelo povo para tanto, de acordo com regras pré- estabelecidas que regerão o pleito
eleitoral. O aspecto do termo "de Direito" refere-se a que tipo de direito exercerá o papel de limitar o
exercício do poder estatal.
No Estado democrático de direito, apenas o direito positivo (isto é, aquele que foi codificado e aprovado
pelos órgãos estatais competentes, como o Poder Legislativo) poderá limitar a ação estatal, e somente
ele poderá ser invocado nos tribunais para garantir o chamado "império da lei". Todas as outras fontes de
direito, como o Direito Canônico ou o Direito natural, ficam excluídas, a não ser que o direito positivo lhes
atribua esta eficácia, e apenas nos limites estabelecidos pelo último.
Nesse contexto, destaca-se o papel exercido pela Constituição. Nela delineiam-se os limites e as
regras para o exercício do poder estatal (onde se inscrevem os chamados "Direitos e Garantias
fundamentais"), e, a partir dela, e sempre a tendo como baliza, redige-se o restante do chamado
"ordenamento jurídico", isto é, o conjunto das leis que regem uma sociedade.
O Estado democrático de direito não pode prescindir da existência de uma Constituição. No entanto,
toda a conceitualização não deverá restringir o elemento democrático à limitação do poder estatal e a
democracia ao instituto da representação política. Esta, em virtude de seus inúmeros defeitos, não pode
fundamentar o Estado Democrático de Direito, pelo menos não como ele deveria ser, já que o princípio
democrático não se reduz a um método de escolha dos governantes pelos governados.
A Criminologia deve buscar as respostas sobre as causas que levam as pessoas a praticarem os
delitos, segundo Rousseau, a Criminologia deveria procurar a causa do delito na sociedade. Cesar
Lombroso chegou a pensar que o criminoso já nascia com o estigma da criminalidade, sendo denominado
de criminoso nato.
O crime se trata de um fenômeno mundial e intrínseco ao ser humano. A sociedade não pode ver o
crime crescer e ficar de braços cruzados, mas infelizmente, por mais que órgãos estatais procurem
proteger as pessoas, as violências físicas e psíquicas estão aumentando, provocando os mais diversos
danos pessoais e materiais, podendo destruir sonhos e projetos de vida.
Em parcas palavras, Penteado Filho define prevenção como sendo um conjunto de ações que visam
evitar a ocorrência do delito, proporcionando a manutenção da paz e a harmonia social.13
Segundo os escritores Nestor Sampaio Penteado Filho, Paulo Argarate Vasques e Ugo Osvaldo
Frugoli, ao escreverem a obra Coleção Preparatória para Concurso de Delegado de Polícia, editora
Saraiva, São Paulo, 2014:
Sustenta-se que o crime não é uma doença, mas sim um grave problema da sociedade que deve ser
resolvido por ela.
A Criminologia moderna defende a ideia de que o delito assume um papel mais complexo, de acordo
com a dinâmica de seus protagonistas (autor, vítima e comunidade), assim como pelos fatores de
convergência social.

12
Alexandre de Moraes. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Jurídico Atlas, 2007. p 125
13
PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia. São Paulo:Saraiva, 2010.

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Enquanto a Criminologia clássica vislumbra o crime como um enfrentamento da sociedade pelo
criminoso (luta do bem contra o mal), numa forma minimalista do problema, a Criminologia moderna
observa o delito de maneira ampla e interativa, como um ato complexo em que os custos da reação social
também são demarcados.
No Estado Democrático de Direito em que vivemos a prevenção criminal é integrante da “agenda
federativa”, passando por todos os setores do Poder Público e não apenas pela Segurança Pública e pelo
Judiciário. Ademais, no modelo federativo brasileiro a União, os Estados, o Distrito Federal e, sobretudo,
os municípios devem agir conjuntamente visando à redução criminal (art. 144, caput, da Constituição
Federal).
A prevenção delituosa alcança, portanto, as ações dissuasórias do delinquente, inclusive com parcela
intimidativa da pena cabível ao crime em via de ser cometido; a alteração dos espaços físicos e urbanos
com novos desenhos arquitetônicos, aumento de iluminação pública etc. (neoecologismo +
neorretribucionismo), bem como atitudes visando impedir a reincidência (reinserção social, fomento de
oportunidades laborais etc.)
O Estado utiliza-se de duas medidas de prevenção, uma que atinge diretamente o delito e a outra que
atinge indiretamente. As ações indiretas buscam solucionar os crimes, de maneira intensa e extensa,
erradicando ou diminuindo as causas de produção dos delitos. Estas ações agem no indivíduo e no meio
social em que vive, sendo denominado pela Criminologia Moderna como prevenção primária e terciária.
As ações diretas recaem sobre a infração penal. Aqui o Estado age diretamente, através da
investigação, repressão que se dará com as operações policiais, a abertura de Inquérito Policial, o
oferecimento da peça acusatória em juízo, a deflagração do processo criminal e a sentença penal
condenatória. Estas ações direitas são conhecidas como Criminologia de prevenção secundária.

Os diferentes níveis de prevenção:


- Prevenção Primária: é uma ação indireta ao delito, que vai na raiz do conflito antes que o crime
aumente ainda mais, obrigando o Estado a criar os direitos sociais, através dos instrumentos
constitucionais e legais. Geralmente, estas ações são onerosas, com reflexo a médio e longo prazo, está
voltada à segurança e qualidade de vida.

- Prevenção Secundária: são ações que estão voltadas a sociedade, em condições de vulnerabilidade
criminal, com propensão a delinquir. Baseado nisto, algumas ações devem ser melhor executadas, como
por exemplo com a reurbanização de certos bairros para que seja efetuado seu controle, tendo reflexos
a curto e médio prazos;

- Prevenção Terciária: visa não permitir que o recluso volte a delinquir. Contudo, este tipo de
prevenção possui altos níveis de ineficácia, pela omissão estatal em pôr em prática os direitos e deveres
legais dos apenados e a mitigação da estigmatização por que passa o egresso do sistema prisional.
Realiza-se por meio de medidas socioeducativas como a laborterapia, a liberdade assistida etc

- Prevenção geral e específica: A prevenção geral permite que a pena seja dirigida à sociedade,
tentando intimidar as pessoas que queiram cometer crimes, delinquir, como por exemplo com as sanções
condenatórias que serão impostas ao transgressor.
Já a prevenção especial volta-se para o fato de que o delito é instigado por fatores endógenos e
exógenos, de modo que busca a recuperação do indivíduo que foi condenado
A prevenção especial, por seu turno, também pode ser vista sob as formas negativa e positiva.14
Na prevenção especial negativa existe uma espécie de neutralização do autor do delito, que se
materializa com a segregação no cárcere. Essa retirada provisória do autor do fato do convívio social
impede que ele cometa novos delitos, pelo menos no ambiente social do qual foi privado.
Por meio da prevenção especial positiva a finalidade da pena consiste em fazer com que o autor
desista de cometer novas infrações, assumido caráter ressocializador e pedagógico.
Ao tratarmos da prevenção criminal como matéria estatal multisetorial, devemos pensar que a
problemática criminal está baseada nos problemas sociais, passando por todos os setores referentes ao
Poder Público (multisetoriedade estatal na aplicação de políticas públicas de segurança). Saindo dos
órgãos que compõem a Segurança Pública ou pelo Poder Judiciário, serão corresponsáveis os entes
públicos pertencentes aos níveis federal, estadual e municipal, além do cidadão comum.
Uma das formas de prevenção será com o aumento de bairros iluminados, policiais que fiquem nas
portas das escolas cuidando para que os estudantes estejam saindo com proteção, observando o fluxo
14
Penteado, Filho Nestor Sampaio; Vasques, Paulo Argarate e Frugoli Ugo Osvaldo, ao escreverem a obra Coleção Preparatória para Concurso de Delegado
de Polícia, editora Saraiva, São Paulo, 2014:

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de pessoas que se encontrem pelas redondezas, até mesmo com um maior número de vagas de trabalho,
o que permite que muitos deixem de delinquir para sua própria sobrevivência.
Desta forma, o penalismo não será o único instrumento capaz de prevenir a criminalidade, e o que se
busca é a mudança para o prevencionismo criminal, diferentemente da Teoria da Reação Social, onde o
Ciclo de Persecução Criminal não passa de corredor estigmatizante. Passamos a entender melhor o que
traz a Teoria da Reação Social:
A ocorrência de ação criminosa gera uma reação social (estatal) em sentido contrário, no mínimo
proporcional àquela. Da evolução das reações sociais ao crime prevalecem hodiernamente três modelos:
dissuasório, ressocializador e restaurador (integrador).15
1) Modelo dissuasório (direito penal clássico): repressão por meio da punição ao agente criminoso,
mostrando a todos que o crime não compensa e gera castigo. Aplica-se a pena somente aos imputáveis
e semi-imputáveis, pois aos inimputáveis se dispensa tratamento psiquiátrico.

2) Modelo ressocializador: intervém na vida e na pessoa do infrator, não apenas lhe aplicando uma
punição, mas também lhe possibilitando a reinserção social. Aqui a participação da sociedade é relevante
para a ressocialização do infrator, prevenindo a ocorrência de estigmas.

3) Modelo restaurador (integrador): recebe também a denominação “justiça restaurativa” e procura


restabelecer, da melhor maneira possível, o status quo
A Justiça Restaurativa como meio de prevenção criminal, além da interação dos órgãos públicos e
dos cidadãos com os problemas sociais, vem se desenvolvendo cada vez mais.
Saliba ressalta que a restauração se trata, sobretudo, de um processo voluntário, distinguindo-se do
modelo vingativo que é adotado pela Justiça Retributiva”.
Além disso, são adotadas medidas restauradoras em base na comunicação não violenta, permitindo o
uso da mediação, a conciliação e reuniões coletivas abertas à participação de pessoas da família e da
comunidade.

Questões

01. (PC/GO - Delegado de Polícia Substituto – CESPE/2017). Considerando que, para a


criminologia, o delito é um grave problema social, que deve ser enfrentado por meio de medidas
preventivas, assinale a opção correta acerca da prevenção do delito sob o aspecto criminológico.
(A) A transferência da administração das escolas públicas para organizações sociais sem fins
lucrativos, com a finalidade de melhorar o ensino público do Estado, é uma das formas de prevenção
terciária do delito.
(B) O aumento do desemprego no Brasil incrementa o risco das atividades delitivas, uma vez que o
trabalho, como prevenção secundária do crime, é um elemento dissuasório, que opera no processo
motivacional do infrator.
(C) A prevenção primária do delito é a menos eficaz no combate à criminalidade, uma vez que opera,
etiologicamente, sobre pessoas determinadas por meio de medidas dissuasórias e a curto prazo,
dispensando prestações sociais.
(D) Em caso de a Força Nacional de Segurança Pública apoiar e supervisionar as atividades policiais
de investigação de determinado estado, devido ao grande número de homicídios não solucionados na
capital do referido estado, essa iniciativa consistirá diretamente na prevenção terciária do delito.
(E) A prevenção terciária do crime consiste no conjunto de ações reabilitadoras e dissuasórias atuantes
sobre o apenado encarcerado, na tentativa de se evitar a reincidência.

02. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). A criminologia reconhece que não basta reprimir
o crime, deve-se atuar de forma imperiosa na prevenção dos fatores criminais. Considerando essa
informação, assinale a opção correta acerca de prevenção de infração penal.
(A) Para a moderna criminologia, a alteração do cenário do crime não previne o delito: a falta das
estruturas físicas sociais não obstaculiza a execução do plano criminal do delinquente.
(B) A prevenção terciária do crime implica na implementação efetiva de medidas que evitam o delito,
com a instalação, por exemplo, de programas de policiamento ostensivo em locais de maior concentração
de criminalidade.

15
Penteado, Filho Nestor Sampaio; Vasques, Paulo Argarate e Frugoli Ugo Osvaldo, ao escreverem a obra Coleção Preparatória para Concurso de Delegado
de Polícia, editora Saraiva, São Paulo, 2014:

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(C) No estado democrático de direito, a prevenção secundária do delito atua diretamente na sociedade,
de maneira difusa, a fim de implementar a qualidade dos direitos sociais, que são considerados pela
criminologia fatores de desenvolvimento sadio da sociedade que mitiga a criminalidade.
(D) Trabalho, saúde, lazer, educação, saneamento básico e iluminação pública, quando oferecidos à
sociedade de maneira satisfatória, são considerados forma de prevenção primária do delito, capaz de
abrandar os fenômenos criminais.
(E) A doutrina da criminologia moderna reconhece a eficiência da prevenção primária do delito, uma
vez que ela atua diretamente na pessoa do recluso, buscando evitar a reincidência penal e promover
meios de ressocialização do apenado.

03. (PC/SP – Perito Criminal – VUNESP) No tocante à temática da prevenção da infração à lei penal,
é correto afirmar que a prevenção
(A) secundária consiste em, dentre outras, políticas criminais voltadas exclusivamente à reintegração
do preso na sociedade.
(B) terciária consiste em políticas públicas de conscientização de todos os cidadãos quanto à
importância de se cumprirem as leis, mediante o fornecimento de serviços públicos de qualidade, tais
como saúde, educação e segurança.
(C) geral busca, por meio da pena, intimidar os indivíduos propensos a delinquir, inibindo-os de
transgredir a lei penal.
(D) geral negativa busca, por meio da pena, a reeducação e a ressocialização do criminoso.
(E) primária consiste em, dentre outras, ações policiais de repressão às práticas delituosas.

04. (PC/SP – Desenhista Técnico Pericial – VUNESP) A moderna criminologia exige do Estado
Democrático de Direito um controle razoável da criminalidade que, no Brasil, apresenta como sugestão
metodológica eficaz para a pequena e média criminalidade o modelo
(A) de justiça consensual como, por exemplo, a lei dos Juizados Especiais Criminais.
(B) da “tolerância zero”, criminalizando toda e qualquer conduta antissocial.
(C) do “Direito Penal do Inimigo”, desenvolvido pelo alemão Günther Jakobs.
(D) de “recrudescimento da pena” como, por exemplo, o tráfico de drogas ilícitas, de acordo com a Lei
n.º 11.343/06.
(E) da utilização do Direito Penal como “prima ratio”, evitando desdobramentos mais graves.

05. (PC/SP- Atendente de Necrotério Policial – VUNESP). Para a Criminologia, a prevenção geral
positiva, como uma finalidade da pena, é;
(A) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de sua segregação carcerária.
(B) também chamada de integradora, pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da
consciência social, mediante o estímulo ao culto dos valores mais caros à comunidade.
(C) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de medidas que o desestimulem a novas
práticas delitivas.
(D) também chamada de prevenção por intimidação, pois tem por objetivo desestimular o cidadão da
prática de delitos, por meio de aplicação de pena ao infrator da lei.
(E) uma espécie de consequência jurídica pelo comporta-mento inclinado às infrações penais.

06 (PC/SP - Delegado de Polícia – VUNESP). A prevenção criminal que está voltada à segurança e
qualidade de vida, atuando na área da educação, emprego, saúde e moradia, conhecida universalmente
como direitos sociais e que se manifesta a médio e longo prazos, é chamada pela Criminologia de
prevenção
(A) primária.
(B) individual.
(C) secundária.
(D) estrutural.
(E) terciária.

07. (PC/SP – Perito Criminal – VUNESP) No tocante à temática da prevenção da infração à lei penal,
é correto afirmar que a prevenção
(A) secundária consiste em, dentre outras, políticas criminais voltadas exclusivamente à reintegração
do preso na sociedade.

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(B) terciária consiste em políticas públicas de conscientização de todos os cidadãos quanto à
importância de se cumprirem as leis, mediante o fornecimento de serviços públicos de qualidade, tais
como saúde, educação e segurança.
(C) geral busca, por meio da pena, intimidar os indivíduos propensos a delinquir, inibindo-os de
transgredir a lei penal.
(D) geral negativa busca, por meio da pena, a reeducação e a ressocialização do criminoso.
(E) primária consiste em, dentre outras, ações policiais de repressão às práticas delituosas.

08. (DPE/PR -Defensor Público – NC-UFPR). Na Criminologia, é frequente o debate a respeito das
funções da pena. Segundo a ideia de prevenção especial negativa, a pena teria a função de:
(A) ressocializar o condenado, promovendo sua harmônica integração social.
(B) retribuir proporcionalmente o mal causado pelo delito.
(C) neutralizar ou segregar o condenado do meio social, impedindo-o de cometer novas infrações
penais.
(D) reforçar a confiança da coletividade na vigência da norma, estimulando a fidelidade ao Direito.
(E) intimidar e dissuadir a coletividade, de modo que todos se abstenham da prática de infrações
penais.

09. (PC/SP - Atendente de Necrotério Policial – VUNESP). A prevenção terciária consiste em:
(A) programas destinados a crianças e adolescentes de resistência ao consumo de drogas e à violência
doméstica.
(B) atuação, por meio de ações policiais, sobre os grupos que apresentam maior risco de sofrer ou de
praticar delitos.
(C) atuação, por meio de punição exemplar do delinquente em público, como meio de intimidação aos
demais criminosos.
(D) programas destinados a prevenir a reincidência, tendo por público-alvo o preso e o egresso do
sistema prisional.
(E) programas destinados a criar os pressupostos aptos a neutralizar e inibir as causas da
criminalidade.
Gabarito

01. E / 02. D / 03. C / 04. A / 05. B / 06. A / 07. C /08. C / 09. D

Comentários

01. Resposta: E
A Prevenção Terciária: visa não permitir que o recluso volte a delinquir. Contudo, este tipo de
prevenção possui altos níveis de ineficácia, pela omissão estatal em pôr em prática os direitos e deveres
legais dos apenados e a mitigação da estigmatização por que passa o egresso do sistema prisional.
Realiza-se por meio de medidas socioeducativas como a laborterapia, a liberdade assistida etc

02. Resposta: D
A prevenção primária é uma ação indireta ao delito, que vai na raiz do conflito antes que o crime
aumente ainda mais, obrigando o Estado a criar os direitos sociais, através dos instrumentos
constitucionais e legais. Geralmente, estas ações são onerosas, com reflexo a médio e longo prazo, está
voltada à segurança e qualidade de vida.

03. Resposta: C
A prevenção geral permite que a pena seja dirigida à sociedade, tentando intimidar as pessoas que
queiram cometer crimes, delinquir, como por exemplo com as sanções condenatórias que serão impostas
ao transgressor.

04. Resposta: A
A Lei Federal nº. 9.099, criada em 26 de setembro de 1995, dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis
e Criminais, e tem como objetivo criar nova forma de aplicação da Justiça no sistema penal brasileiro,
pois através desta lei surge um novo modelo de Justiça Criminal, o qual é baseado no consenso.
A lei em comento veio introduzir no nosso ordenamento jurídico, medidas despenalizadoras, forma
consensual de resolução de conflitos, uma Justiça mais célere, mais simples, e também maior acesso à
Justiça.

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05. Resposta: B
A prevenção geral da pena pode ser estudada sob dois ângulos: negativo e positivo.
Segundo Nestor Sampaio Penteado Filho, em sua obra Manual Esquemático de criminologia
Pela prevenção geral negativa (prevenção por intimidação), a pena aplicada ao autor do delito reflete
na comunidade, levando os demais membros do grupo social, ao observar a condenação, a repensar
antes da prática delituosa.
A prevenção geral positiva ou integradora direciona-se a atingir a consciência geral, incutindo a
necessidade de respeito aos valores mais importantes da comunidade e, por conseguinte, à ordem
jurídica.

06. Resposta: A
A prevenção primária é uma ação indireta ao delito, que vai na raiz do conflito antes que o crime
aumente ainda mais, obrigando o Estado a criar os direitos sociais, através dos instrumentos
constitucionais e legais. Geralmente, estas ações são onerosas, com reflexo a médio e longo prazo.

07. Resposta: C
A prevenção geral permite que a pena seja dirigida à sociedade, tentando intimidar as pessoas que
queiram cometer crimes, delinquir, como por exemplo com as sanções condenatórias que serão impostas
ao transgressor.

08. Resposta: C
Prevenção Especial : Procura evitar que o delinquente volte a cometer delitos.
Prevenção Especial Negativa: Neutralização do criminoso através da prisão, enquanto estiver preso o
criminoso não volta a delinquir;
Prevenção Especial Positiva: Evita que o criminoso volte a delinquir por meio da reinserção social,
ressocialização do delinquente.
Prevenção Geral: Procura evitar que os delitos sejam cometidos, controle prévio.
Prevenção Geral Negativa: Evita novos crimes em razão da punição prevista;
Prevenção Geral Positiva ou de integração: Tem caráter educativo, demonstra para a sociedade as
consequências do cometimento de um crime.

09. Resposta: D
Destina-se ao recluso, visando sua recuperação e evitando a reincidência (sistema prisional); realiza-
se por meio de medidas socioeducativas, como a laborterapia, a liberdade e assistida, a prestação de
serviços comunitários etc.

Modelos de reação ao crime.

Alguns modelos acabaram norteando a reação ao crime e vamos destacar quais foram os mais
importantes, mais especificamente no que se refere à intimidação das penas como forma de prevenir o
crime (prevenção geral negativa), permitindo-se avaliar os meios eficazes desses modelos empíricos para
que se possa chegar ou não a uma conclusão da existência ou não do poder dissuasório da lei/sistema
penal.
Os modelos de reação ao crime são: dissuasórios clássico e neoclássico de reação ao delito.
Estes dois modelos são tradicionais, no entanto, hoje em dia, o que vem sendo mais analisado são a
aplicação e elaboração de leis. Ambos os modelos surgem da ideia de que a forma adequada para
prevenir o delito deve ter natureza penal e dissuasória, pois o único destinatário dos programas para fins
dissuasórios é próprio infrator potencial. Paul Johan Anselm Ritter von Feuerbach, jurista considerado por
muitos o Pai do Direito Penal Moderno, nominou tal efeito preventivo-intimidatório de prevenção geral
negativa, com base em sua teoria da coação psicológica (MASSON, 2013, p. 22).

Diferenças entre o Modelo Clássico e Neoclássico:


O primeiro modelo visa a eficácia preventiva do sistema dissuasório ao redor da rigidez da pena, trata
o processo de motivação e prática delitiva de maneira estática, sem levar em consideração as
características que pertencem a cada infrator.

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Já o segundo modelo, por sua vez (neoclássico), visa o funcionamento do sistema legal, na maneira
em que é percebido pelo infrator, fazendo desta forma, que um sistema rígido e implacável permitisse a
dissuadir o potencial criminoso.

1. Modelo Dissuasório Clássico de reação ao delito


Sob o ponto de vista desse modelo, o Direito Penal necessitaria do potencial dissuasório das penas
em abstrato.
Por este modelo, o potencial infrator seria dissuadido de praticar o delito, no momento em que analise
os benefícios e malefícios trazidos com sua conduta delitiva, sendo que no momento final acabaria
optando pelo não cometimento do delito, já que a pena à que seria submetido seria muito rígida.
Desta forma, se penas mais rígidas fossem aplicadas, futuros delitos seriam prevenidos. É como se o
infrator tivesse uma imagem intelectualizada do crime, o que o levaria a refletir sobre os pós e contras do
seu desejo de delinquir.
Luiz Flávio Gomes aponta: 16
“É o estereótipo do delinquente previdente, calculador, que não se coaduna com a realidade;
generalizam-se alguns padrões decisionais que não são válidos nem sequer para a delinquência
econômica convencional (e muito menos, desde logo, para a denominada criminalidade "simbólica" ou
"expressiva").
Assim, por exemplo, uma pena de seis anos de privação de liberdade tem, sem dúvida, um efeito
intimidatório bem distinto nos sempre diferentes processos motivacionais. Mas não é decisiva só a
duração do castigo (a duração abstrata e nominal da pena): a natureza do delito de que se trata, o tipo
de infrator, o grau de apoio informal que possa receber o comportamento desviado, a rapidez e imediação
da resposta, o modo pelo qual a sociedade e o delinquente percebem o castigo (adequação, efetividade)
etc. São circunstâncias que condicionam decisivamente o poder dissuasório concreto daquele.
Com a diversidade de personalidades existentes e as experiências que são vivenciadas por cada
pessoa, leva a percepção subjetiva do potencial criminoso diante da pena em abstrato.
O grande problema é que o número de criminosos perante o meio social torna-se identificável e finito.
Pensar que aprisionar nossos criminosos diminuiria o número de delitos não seria o suficiente. Talvez
diminuiria por não dar chance desse indivíduo “acostumar-se” com o crime. Como o delinquente não
apresenta um biotipo específico, fica difícil dar certeza de quem seria o próximo criminoso a praticar
determinada conduta criminosa.
O número de criminosos caminha de acordo com as necessidades que surgem com os problemas que
são enfrentados pelo país, como por exemplo, grande índice de desemprego, taxa elevada de miséria,
entre outros.
Luiz Flávio Gomes, citando o sociólogo Jock Young, conclui (GOMES, 2008, p.1):
O delinquente sexual, por exemplo, não costuma sequer pensar na possibilidade de ser castigado. O
delinquente contra o patrimônio e a segurança no trânsito, pelo contrário, calcula racionalmente os riscos
da prática do delito. Mais ainda o faz, sobretudo, o delinquente no âmbito socioeconômico e do meio
ambiente, e, desde logo, as corporações, no particular, quanto ao risco da imposição de sanções
pecuniárias. No caso do delinquente terrorista, o efeito dissuasório do castigo - incluído o de máximo rigor
- depende menos da percepção subjetiva do autor sobre o risco da imposição daquele e de sua
severidade que no de outros delinquentes.

2. Modelo Dissuasório Neoclássico de reação ao delito


Um grande número da doutrina acredita que a certeza da aplicação do sistema penal, muito mais do
que a severidade da pena é o que faz o criminoso sentir-se intimidado. Portanto, o modelo neoclássico
busca a certeza do risco que o infrator correrá ao praticar o delito. Nesse sentido, Luiz Flávio Gomes
(GOMES, 2008, p.1):17
Não faltava razão, portanto, a Beccaria quando sustentava já em 1764 que o decisivo não é a gravidade
das penas, senão a rapidez (imediatidade) com que são aplicadas; não o rigor ou a severidade do castigo,
senão sua certeza ou infalibilidade: que todos saibam e comprovem incluindo o infrator potencial, dizia o
autor que o cometimento do delito implica inevitavelmente a pronta imposição do castigo. Que a pena não
é um risco futuro e incerto, senão um mal próximo e certo, inexorável. Pois se as leis nascem para ser
cumpridas, temos que concordar com o ilustre milanês que só a efetiva aplicação da pena confirma a
seriedade de sua cominação legal. Que a pena que realmente intimida é a que se executa: e que se
executa prontamente, de forma implacável, e ainda caberia acrescentar a que é percebida pela sociedade
como justa e merecida.
16
-GOMES, Luiz Flávio; GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antônio. Criminologia. 3. Ed. São Paulo: RT, 2000.
17
GOMES, Luiz Flávio; GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antônio. Criminologia. 3. Ed. São Paulo: RT, 2000.

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O momento de pensamento parecido entre o modelo clássico e o neoclássico existe e se dá quando a
pessoa calcula as vantagens e desvantagens do crime, provenientes de sua conduta. O que de fato
diferencia estes dois modelos é o fato dos neoclássicos, no momento da ação delitiva não pensarem na
severidade da pena, assim como os clássicos fazem, mas sim de serem flagrados no exato momento em
que estiverem praticando seus crimes.
Seria no ponto de vista de analisar que a aplicação do sistema penal seria o suficiente para diminuir a
criminalidade e não a severidade da pena, como defendem os clássicos.
De forma geral, tanto para os defendem o modelo clássico quanto aos que defendem o modelo
neoclássico, a severidade da lei penal + aplicação do sistema penal podem ser eficazes para combater e
controlar a criminalidade. No entanto, tais modelos atualmente são ineficazes.
Muitos estudos modernos levam a crer que a eficiência do Direito Penal é um meio de prevenir os
delitos. A lei é a primeira forma de prevenção e se dela vier desacompanhada de políticas públicas não
passará de letra morta.
Quando se diz que estes modelos são ineficazes, devemos pensar que o fenômeno criminal passa por
diversões intervenções de variadas espécies. Pensar que a intimidação e a repressão são suficientes
para evitar que o crime aconteça é um verdadeiro “blefe”.
Os modelos clássicos agiam sozinhos, não andavam atrelados as demais ciências (sociologia,
psicologia etc.) e, com isso sofriam muito para conseguirem uma maneira de controle, não se buscava
métodos para que o infrator não voltasse a delinquir, não sendo desta forma reincidente.
Pensar que a aplicação do Direito Penal é o que irá bastar para prevenir também não seria o adequado.
Uma das melhores soluções para os dias atuais, seria o investimento de políticas públicas de prevenção
primária e secundária.
Modernamente, podemos citar outros tipos de modelo de maneira eficaz:

Modelo Ressocializador
O objetivo é reinserir o infrator ao convívio em sociedade, e maneira digna, para que ele não ache
motivos para voltar a delinquir. Não se trata em castigo ou outra forma de punição mais severa.
A ressocialização surge como uma intervenção positiva que o torne apto a participar da sociedade sem
possíveis traumas, limitações, inserindo novas técnicas de aprendizagem, pois na maioria das vezes seu
seio em família é deturpado, contando para tanto com o auxílio de alguns profissionais, como o causo
dos psicólogos e terapeutas.
Orientar a pessoa a praticar atos de cidadania e não colocar o sistema penitenciário como enfoque já
seria uma das primeiras mudanças. Retirar a pessoa que cometeu o crime do convívio social não é a
única maneira de melhorar o crime.
O modelo ressocializador tem pretensões mais utilitaristas do que dogmáticas (sistema que não aceita
discussão do que afirmam ou alegam, autoritário), mais realistas do que doutrinárias.

Diferenças entre o Estado social e o modelo ressocializador:

Estado Social Modelo Ressocializador


É voltado ao cumprimento da Enfrenta as consequências de natureza social com o problema
pena em estabelecimento criminal e encara a responsabilidade social como essência do
prisional. Estado contemporâneo.
O infrator deverá ser punido com O condenado deve participar ativa e dignamente, sem traumas e
castigo limitações, pensando ser um “homem novo”

Muito se discute sobre a eficácia de tal sistema com as mais variadas concepções que vão desde o
antirretibucionismo, concepção assistencial e neo-retribucionismo.
A ressocialização é importante para a aplicação da teoria da pena.

Código Penal
Fixação da pena

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do


agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime

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A Teoria da Socialização: caracteriza o delito como uma carência para o processo de socialização.
O objetivo da intervenção punitiva é integrar o delinquente na sociedade, por meio de assistência
necessária.

Teoria Correcional: não acha que exista posterior reinserção social, acredita que a pena será capaz
de modificar as atitudes criminosas.

3. Modelo Integrador
Visa inserir no sistema de resposta ao delito a satisfação de outras expectativas sociais: como a
solução conciliatória do conflito que se exterioriza, com a reparação do dano causado à vítima e à
comunidade. Trata-se de modelo integrador, pois comtempla os interesses, expectativas e exigências de
todas as partes.
Aqui, as partes que tem algum interesse em ofensa particular se juntam para que de maneira coletiva
sejam solucionados os conflitos resultantes da ofensa.

Questões

01. (PC-GO - Delegado de Polícia Substituto – CESPE/2017) Em busca do melhor sistema de


enfrentamento à criminalidade, a criminologia estuda os diversos modelos de reação ao delito. A respeito
desses modelos, assinale a opção correta.
(A) De acordo com o modelo clássico de reação ao crime, os envolvidos devem resolver o conflito
entre si, ainda que haja necessidade de inobservância das regras técnicas estatais de resolução da
criminalidade, flexibilizando-se leis para se chegar ao consenso.
(B) Conforme o modelo ressocializador de reação ao delito, a existência de leis que recrudescem o
sistema penal faz que se previna a reincidência, uma vez que o infrator racional irá sopesar o castigo com
o eventual proveito obtido.
(C) Para a criminologia, as medidas despenalizadoras, com o viés reparador à vítima, condizem com
o modelo integrador de reação ao delito, de modo a inserir os interessados como protagonistas na solução
do conflito.
(D) A fim de facilitar o retorno do infrator à sociedade, por meio de instrumentos de reabilitação aptos
a retirar o caráter aflitivo da pena, o modelo dissuasório de reação ao crime propõe uma inserção positiva
do apenado no seio social.
(E) O modelo integrador de reação ao delito visa prevenir a criminalidade, conferindo especial
relevância ao ius puniendi estatal, ao justo, rápido e necessário castigo ao criminoso, como forma de
intimidação e prevenção do crime na sociedade.

02. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). No que se refere aos métodos de combate à
criminalidade, a criminologia analisa os controles formais e informais do fenômeno delitivo e busca
descrever e apresentar os meios necessários e eficientes contra o mal causado pelo crime. A esse
respeito, assinale a opção correta.
(A) A criminologia distingue os paradigmas de respostas conforme a finalidade pretendida,
apresentando, entre os modelos de reação ao delito, o modelo dissuasório, o ressocializador e o
integrador como formas de enfrentamento à criminalidade. Em determinado nível, admitem-se como
conciliáveis esses modelos de enfrentamento ao crime.
(B) Como modelo de enfrentamento do crime, a justiça restaurativa é altamente repudiada pela
criminologia por ser método benevolente ao infrator, sem cunho ressocializador e pedagógico.
(C) O modelo dissuasório de reação ao delito, no qual o infrator é objeto central da análise científica,
busca mecanismos e instrumentos necessários à rápida e rigorosa efetivação do castigo ao criminoso,
sendo desnecessário o aparelhamento estatal para esse fim.
(D) O modelo ressocializador de enfrentamento do crime propõe legitimar a vítima, a comunidade e o
infrator na busca de soluções pacíficas, sem que haja a necessidade de lidar com a ira e a humilhação
do infrator ou de utilizar o ius puniendi estatal.
(E) A doutrina admite pacificamente o modelo integrador na solução de conflitos havidos em razão do
crime, independentemente da gravidade ou natureza, uma vez que o controle formal das instâncias não
se abdica do poder punitivo estatal.

03. (PC/EP - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe – VUNESP/2015). Assinale a alternativa correta
em relação aos modelos teóricos de reação social ao delito.

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(A) São três os modelos: o dissuasório, o ressocializador e o integrador; o primeiro, também conhecido
como modelo clássico, tem o foco na punição do criminoso, procurando mostrar que o crime não
compensa; o segundo tem o foco no criminoso e sua ressocialização, procurando reeducá-lo para
reintegrá-lo à sociedade; e o terceiro, conhecido como justiça restaurativa, que defende uma intervenção
mínima estatal em que o sistema carcerário só atuará em último caso.
(B) Apresentam dois modelos bem distintos: o tradicional e o moderno, por entender que um tem foco
na punição e recuperação do delinquente, e o outro tem foco na reparação do delito; o primeiro olha para
o delinquente e o segundo, somente para a vítima, não importando a recuperação do delinquente.
(C) Estão divididos em dois modelos: o concreto e o abstrato, nos quais os objetivos são comuns, ou
seja, ambos estão focados no sujeito ativo do delito e em como fazer com que ele não volte a delinquir;
o primeiro visa aplicar uma pena privativa de liberdade e o segundo, uma pena pecuniária.
(D) São três os modelos teóricos: o moderno, o contemporâneo e o tradicional; o modelo moderno
objetiva tratar a prevenção do delito como um problema social, no qual todos têm responsabilidade na
ressocialização do criminoso; o modelo contemporâneo entende que há necessidade das penas serem
proporcionais ao bem jurídico protegido, enquanto que o modelo tradicional busca no sistema de justiça
criminal (Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário e Sistema Penitenciário) a efetividade para a
prevenção do delito.
(E) São caracterizados por três modelos, também conhecido como as três velocidades do direito penal,
um direito penal mais “duro” para os crimes mais violentos, um direito penal mais brando, como, por
exemplo, para os crimes de menor potencial ofensivo e um direito penal intermediário, um meio termo,
para os demais crimes.

04. (PC/SP - Desenhista Técnico-Pericial – VUNESP). O modelo integrador de reação social que
visa dar assistência à vítima e ao controle social afetado pelo crime, mediante a reparação do dano
causado, é chamado de modelo
(A) ressocializador.
(B) conservador.
(C) clássico.
(D) restaurador
(E) dissuasório

05. (PC/SP - Atendente de Necrotério Policial – PC-SP). O modelo restaurador de reação ao delito,
também conhecido por modelo integrador ou de justiça restaurativa, tem por objetivo(s)
(A) aplicar pena ao condenado, buscando desestimulá-lo à prática de novos delitos.
(B) buscar a recuperação do delinquente, proporcionar assistência à vítima e restabelecer o controle
social abalado pela prática do delito.
(C) punir o delinquente, como meio de castigá-lo e retribuir-lhe o mal pelo delito praticado.
(D) proteger os bens jurídicos violados pela prática delitiva.
(E) reinserir o condenado à sociedade por meio da religião e da laborterapia.

06. (PC/SP - Investigador de polícia -VUNESP). O modelo de resposta ao delito que foca na punição
do criminoso, proporcional ao dano causado, mediante um Estado atuante e intimidatório, denomina-se:
a) padrão consensual.
b) modelo ressocializador.
c) modelo segregador.
d) padrão associativo.
e) modelo dissuasório.

Gabarito

01. C / 02. A / 03. A / 04. D / 05. B / 06. E

Comentários

01. Resposta: C
Os modelos de reação ao crime são:
a) Modelo clássico/Dissuasório/Retributivo: A pena como fator intimidatório e proporcional ao dano
causado. Os protagonistas são: Criminoso e Estado

Apostila gerada especialmente para: MARCOS PAULO 112.931.717-00


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b) Modelo ressocializador (modelo humanista): é o Castigo somado à reinserção social. Os
protagonistas são: Delinquente, Estado e sociedade.
c) Modelo integrador/restaurador> Justiça restaurativa. Procura restabelecer o status quo ante da
situação inicial. Os protagonistas são: Ofensor e vítima.

02. Resposta: A
A ocorrência da ação criminosa gera uma reação social (estatal) em sentido contrário, no mínimo
proporcional àquela. Da evolução das reações sociais ao crime prevalecem hordiernamente três modelos:
dissuasório, ressocializador e restaurador (integrador).
Modelo dissuasório (direito penal clássico): repressão por meio da punição ao agente criminoso,
mostrando a todos que o crime não compensa e gera castigo. Aplica-se a pena somente aos imputáveis
e semi-imputáveis, pois aos inimputáveis se dispensa tratamento psiquiátrico.
Modelo ressocializador: intervém na vida e na pessoa do infrator, não apenas lhe aplicando punição,
mas também lhe possibilitando a reiserção social. Aqui a participação da sociedade é relevante para a
ressocialização do infrator, previnindo a ocorrência de estigmas.
Modelo restaurador (integrador): recebe também a denominação de "justiça restaurativa" e procura
restabelecer, da melhor maneira possível, o status quo ante, visando a reeducação do infrator, a
assistência à vítima e o controle social afetado pelo crime. Gera a restauração, mediante a reparação do
dano causado.

03. Resposta: A
Modelo Dissuasório (direito penal clássico)
- Modelo Ressocializador
- Modelo Restaurador (integrador)

04. Resposta: D
De acordo com o professor Nestor Sampaio Penteado Filho.
Modelo restaurador (integrador): recebe também a denominação de “justiça restaurativa” e procura
restabelecer, da melhor maneira possível, o status quo ante, visando a reeducação do infrator, a
assistência à vítima e o controle social afetado pelo crime. Gera sua restauração, mediante a reparação
do dano causado.

05. Resposta: B
As três características preponderantes da reação social ao delito do modelo integrador-justiça
restaurativa
- buscar a recuperação do delinquente;
- proporcionar assistência à vítima;
- restabelecer o controle social abalado pela prática do delito.

06. Resposta: E
Dentre os três modelos de resposta ao delito (Dissuasório, Ressocializador e Integralizador, o mais
rígido e inflexível é o modelo clássico ou penal, chamado também de dissuasório, não admitindo qualquer
manobra de composição entre o criminoso e a vítima ou medidas de caráter minimalista. Defende a
punição através do castigo imposto pelo cárcere.

Apostila gerada especialmente para: MARCOS PAULO 112.931.717-00


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