Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Delegado de Polícia
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br
A criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar que tem por finalidade o crime, a vítima e o
delinquente e o controle social do comportamento delitivo
Para pensar em criminologia devemos destacar que ela sofre a influência e contribuição de outras
ciências, tais como: (Psicologia, Sociologia, Biologia, Medicina Legal, Criminalística, Direito, Política,
dentre outras, possuindo métodos próprios). Trata-se, portanto de uma ciência multidisciplinar, os saberes
andam lado a lado.
Para outros doutrinadores, a criminologia é entendida como ciência interdisciplinar, levando a
considerar o fato de que várias disciplinas visam um ponto em comum, com seus métodos próprios e
saberes que se unem para cooperarem-se entre si.
A criminologia moderna ocupa-se com a pesquisa científica do fenômeno criminal — suas causas,
características, sua prevenção e o controle de sua incidência —, sendo uma ciência causal-explicativa do
delito como fenômeno social e individual.
Sua maior proximidade diz respeito ao Direito Penal. Não podemos negar que ambas relacionam-se
diretamente com o objeto crime para ser estudado, sob diferentes primas.
Vamos ao quadro para tentar entender melhor a diferença de ambos institutos e dessa maneira, tornar
mais clara a conceituação de Criminologia.
O termo criminologia etimologicamente apresenta derivação mista do latim crimen (delito) + grego
logos (tratado). Garófalo apresenta o termo criminologia com a constituição seguinte: latina crimino (de
crimen – criminis) + grega log(o) + ia.
Para que o crime deixe de ser praticado com frequência, existe o processo de produção de leis, se
estas forem infringidas haverá a punição por sua conduta. Para Nelson Hungria (1963), a criminologia “é
o estudo experimental do fenômeno do crime, para pesquisar a etiologia e tentar a sua debelação por
meios retificativos ou curativos e preventivos.”
e,A cientificidade considera que esta disciplina, através de seu método empírico poderá fornecer os
dados válidos e confiáveis para descobrir como ocorreu o delito. A criminologia não pode ser vista como
uma ciência que acumula dados ou estatísticas, pois estes dados deverão ser avaliados de acordo com
a realidade.
Objeto:
O objeto da criminologia passou por algumas mudanças ao decorrer da história, logo de início
considerava apenas como objeto o delito, de acordo com os estudos de Beccaria. Depois a escola
positivista, na década de 50, passa a considerar as vítimas e suas reações diante da criminalidade,
incluindo-se também a vítima e o controle social.
Atualmente, o estudo da criminologia considera quatro objetos:
a) delito;
b) delinquente;
c) vítima;
d) controle social.
A) Delito
O Direito Penal ao conceituar o delito, aborda-o de três formas: conceito material, formal e analítico.
Material: vincula-se a um ato que cause dano social ou provoque lesão a um bem jurídico;
Formal: existe uma lei penal que descreve tal conduta como infração;
Analítico: são os elemento estruturais e essenciais do crime.
O Direito Penal age após a execução, tentativa ou consumação do crime. A criminologia diferencia-se
daquele, ao agir para intervir, proibindo o agente da prática de crime, ocorrendo de formas distintas. Uma
delas é a compreensão de delito como desvio de conduta, esses desvios lesionam o comportamento da
população em um determinado momento.
Para a Criminologia moderna, o conceito material, formal e analítico não bastam para conceituar o
delito. Trata-se de um fenômeno humano e cultural, não podendo se estender ao âmbito da natureza,
animais não possuem discernimento do que seja certo ou errado, agem por sua própria natureza.
O estudo da criminologia está voltado ao comportamento antissocial e suas causas. Por se tratar de
ciência autônoma, a adoção de um conceito jurídico de crime poderia transformá-la em auxílio ao sistema
penal.
O delito no plano material seria a lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico relevante para a
sociedade (vida, honra, integridade).
Será considerada delitiva a conduta que:1
- tiver incidência massiva;
- incidência aflitiva;
- persistência espaço temporal;
- inequívoco consenso a respeito da sua etiologia e eficazes técnicas de intervenção;
- consciência generalizada sobre sua negatividade.
O conceito de delito no plano material é a lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico relevante para
o corpo social. Em razão disso, trata-se de fenômeno social com várias faces, que exigem uma
abordagem ampla que não prescinde de outros ramos do conhecimento para que seja compreendido.
B) Delinquente
Com o surgimento da Escola Clássica abandonou-se a centralização na figura do crime e passou-se
a analisar a pessoa do delinquente. Nesse período ele era vista como uma pessoa que acabou
escolhendo o mal, ainda que tivesse a chance de escolher o bem.
Na Escola Positivista, não buscou se pensar apenas na centralização do crime, passando a investigar
o comportamento do delinquente. Buscou-se a necessidade de defender o corpo social contra a ação do
delinquente, visando a segurança da sociedade e seus interesses.
Aqui, se considerava que este indivíduo já nascia criminoso.
A Escola Correcionalista tem uma visão completamente diversa das duas acima, aqui o delinquente é
visto como uma pessoa que precisa de ajuda. O correcionalismo é o direito protetor dos criminosos e
tinha como principal defensor Pedro Garcia Dourado Montero.
Para o marxismo, a responsabilidade do crime surge da sociedade, de modo a converter o delinquente
em vítima, como produto da estrutura econômica do Estado.
Atualmente, o delinquente é analisado de acordo com suas interdependências sociais, como unidade
biopsicossocial e não no sentido biopsocopatológico, voltadas a Criminologia tradicionalista. A psicologia
criminal destina-se a estudar a personalidade do criminoso (comportamento, pensamento, suas reações).
Ao analisarmos estas características, poderemos compreender o comportamento do indivíduo.
A Psicologia pode contribuir, incentivando a criação de programas que visem reduzir o número de
delinquentes que circundam a sociedade e infelizmente, ao saírem do regime prisional voltam a delinquir,
colocando a ordem pública em risco.
C) Vítima
A vítima passou por três fases de estudo na história.
Na fase conhecida como “idade de ouro”, a vítima tinha grande valor e respeito pela maioria das
pessoas. Nesse período, a vingança privada se revelava desde a antiguidade até meados do século XII.
1
Viana, Eduardo. Criminologia, editora: Jus Podium, 3ª edição, 2015.
D) Controle Social
Somos fortemente influenciados pelos meios sociais que chegam até nós, seja pela TV, internet ou
qualquer outro meio. O ser humano tende a agir de acordo com o que pensa ser certo ou errado e culpa-
se quando erra a respeito do que pensa ser certo.
No sistema formal de controle social, encontramos o Sistema da Justiça ou Justiça Criminal, que é
formada pelo Poder Judiciário, Ministério Público, Polícias e Administração Penitenciária, que exercem
papel expressivo no controle social, imposto pelo Poder Público.
O controle social será exercido diretamente nas pessoas e poderá ser feito de maneira direta ou
indireta através das instituições sociais, como é o caso da autoridade policial que pode controlar uma
comunidade, por ser influenciado pela Corregedoria de Polícia.
São formas de controle social:
a) Sanções formais e informais: As sanções formais são aplicadas pelo Estado, consistem na aplicação
de sanções cíveis, administrativas ou penais. As sanções informais não apresentam coercibilidade.
b) Meios positivos e negativos: de acordo com o meio de atuação, os meios positivos podem se dar
por prêmios, incentivos e os negativos se dão com a aplicação de sanções.
c) Controle interno e controle externo: o controle interno é a autodisciplina que vão se formando com
o passar do tempo, desde quando somos crianças. Quando a autodisciplina falhar, poderemos agir por
meio do controle externo, este último se dá com atos da sociedade e até mesmo do Estado. O controle
externo social que mais abala a sociedade é a aplicação da pena de prisão através do Estado.
Método
Pode-se conceituar o método como o meio em que o raciocínio procura entender um fato referente ao
homem, sociedade e natureza. O método, enquanto estudo da criminologia, precisa estar baseado em
estudos científicos de experiências comparadas e repetidas para que se chegue a realidade.
Os métodos da criminologia dizem respeito ao Empirismo, Interdisciplinaridade, além de outros
fatores sociais e individuais.
O método empírico é o método científico, que se fundamenta com base na observação e em se
tratando de Criminologia, na experimentação. Estende-se ao comportamento delitivo, podendo ainda ser
empregado outros métodos. Desta forma, excluiu-se a tese defendida por Dilthey, que sustentava a
necessidade das ciências naturais, por um lado, e do outro lado, as do espírito.
Este método garante um conhecimento mais confiável com relação ao problema criminal, desde o
momento da fase de investigação, em que o investigador poderá utilizar os seus métodos e teorias sobre
a causa do crime.
A Criminologia difere-se do Direito, pois a primeira é uma ciência empírica, voltada a observação da
realidade, já o segundo por se tratar de uma ciência cultural, normativa, utilizando-se de um método lógico
e dedutivo.
A natureza jurídica da criminologia se baseia em fatos concretos, que deram causa ao cometimento
do crime, e não em silogismos ou discursos que buscam trazer uma explicação aos fatos. Os fatos
tratados por um criminólogo e por um jurista são vistos de maneira diferente, como já visto acima. O
criminólogo analisa os dados e dele tira suas próprias conclusões, enquanto os juristas partem das
premissas do que seja certo ou errado, para aplicar as penalidades referentes aos crimes.
Dada a complexidade do comportamento humano e dos fenômenos sociais, cabe sim completar o
método empírico com outros de natureza qualitativa, não incompatíveis com aquele, capazes de captar e
interpretar o significado profundo do drama criminal para além do frio valor objetivo dos meros dados e
análises estatísticas.2
2
.Comte, A. Discurso sobre el espiritu positivo, p. 54 e ss
3
Sobre o princípio interdisciplinar, vide Göppinger, H. Criminologia, p. 136 e ss.; Eisen¬berg, U. Kriminologie, p. 8 e ss.; García-Pablos de Molina, A. Tratado de
criminología cit., 1999, p. 51 e ss.
01. (PC-GO - Delegado de Polícia Substituto – CESPE/2017) A respeito do conceito e das funções
da criminologia, assinale a opção correta.
(A) A criminologia tem como objetivo estudar os deliquentes, a fim de estabelecer os melhores passos
para sua ressocialização. A política criminal, ao contrário, tem funções mais relacionadas à prevenção do
crime.
(B) A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a eliminação do crime.
(C) A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da criminologia.
(D) A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as concausas da
criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade.
(E) A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta dos crimes
socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos efeitos graves desses crimes para
determinados indivíduos e famílias.
04. (PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe – VUNESP). Os objetos de estudo da moderna
criminologia estão divididos em
(A) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima.
(B) três vertentes: política criminal, delito e delinquente.
(C) três vertentes: política criminal, delinquente e pena.
(D) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena.
(E) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.
05. (PC/SP – Médico Legista – VUNESP) A autonomia da Criminologia frente ao Direito Penal:
(A) é almejada pelos estudiosos da primeira, mas negada pelos estudiosos do segundo.
(B) não se concretiza, uma vez que a primeira não é considerada ciência, ao contrário do segundo.
(C) comprova-se, por exemplo, pelo caráter crítico que a primeira desenvolve em relação ao segundo.
(D) não se vislumbra na prática, uma vez que todos os conceitos da primeira são emprestados do
segundo.
06. (PC/SP – Atendente de Necrotério Policial – VUNESP) Para a aproximação e verificação de seu
objeto de estudo, a Criminologia dos dias atuais vale-se de um conceito
(A) empírico e interdisciplinar.
(B) dedutivo e dogmático.
(C) dedutivo e interdisciplinar.
(D)dogmático e lógico-abstrato.
(E) empírico e lógico-abstrato.
07. (PC/SP – Delegado de Polícia – VUNESP) Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, a frase: A Criminologia__________; o Direito Penal __________.
(A) não é considerada uma ciência, por tratar do “dever ser” … é uma ciência empírica e interdisciplinar,
fática do “ser”.
(B) é uma ciência normativa e multidisciplinar, do “dever ser” … é uma ciência empírica e fática, do
“ser”.
(C) não é considerada uma ciência, por tratar do “ser” … é uma ciência jurídica, pois encara o delito
como um fenômeno real, do “dever ser”.
(D) é uma ciência empírica e interdisciplinar, fática do “ser” … é uma ciência jurídica, cultural e
normativa, do “dever ser”.
(E) é considerada uma ciência jurídica, por tratar o delito como um conceito formal, normativo, do
“dever ser” … não é considerado uma ciência, pois encara o delito como um fenômeno social, do “ser”.
09. (PC-SP - Escrivão de Polícia Civil – VUNESP). A corrente de pensamento criminológico que
aponta, como técnica utilizada pelo criminoso para sua auto justificação, um procedimento racional em
que atribui a culpa pelos seus atos antissociais aos agentes públicos encarregados de sua punição
(policiais, membros do ministério público, magistrados), os quais seriam corruptos, parciais e
inescrupulosos, é denominada teoria
(A) do estrutural-funcionalismo.
(B) da criminologia crítica.
(C) da neutralização.
(D) do conflito cultural.
(E) da criminologia radical.
11. (PC/SP – Delegado de Polícia – VUNESP) Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, a frase: A Criminologia__________; o Direito Penal __________.
(A) não é considerada uma ciência, por tratar do “dever ser” … é uma ciência empírica e interdisciplinar,
fática do “ser”.
(B) é uma ciência normativa e multidisciplinar, do “dever ser” … é uma ciência empírica e fática, do
“ser”.
Gabarito
01. D / 02. B / 03. C / 04. E / 05. C / 06. A / 07. D / 08. A / 09. C / 10. B / 11. D /
Comentários
01. Resposta: D
A) Errada: A criminologia não tem como objetivo estudar os delinquentes. O objetivo é orientar a política
criminal de modo a contribuir para prevenção de infrações penais.
B) Errada: A finalidade da criminologia é contribuir para sua prevenção e consequente redução, pois o
crime nunca vai deixar de existir.
C) Errada: o termo correto seria ETIOLOGIA.
D) CORRETA.
E) Errada: É a criminologia que orienta a política criminal.
02. Resposta: B
A criminologia moderna visa se estabelecer por meio dos métodos observacionais e na
interdisciplinaridade para formular um estudo consistente que auxilie no combate e prevenção das
atividades criminosas na sociedade.
03. Resposta: C
Pela Escola Correcionalista o delinquente é visto como uma pessoa que precisa de ajuda. O
correcionalismo é o direito protetor dos criminosos e tinha como principal defensor Pedro Garcia Dourado
Montero.
04. Resposta: E
Atualmente, o estudo da criminologia considera quatro objetos:
- delito;
- delinquente;
- vítima;
- controle social.
05. Resposta: C.
A autonomia da Criminologia como ciência reside no fato de que apesar de outras ciências, como a
sociologia, a antropologia, a medicina legal, a psicologia, terem também o ato humano delituoso por
objeto, mas o têm acidentalmente, enquanto a criminologia o tem como escopo principal de suas
atividades investigatórias científicas.
E Roque de Brito Alves é de extrema felicidade ao mostrar essa abordagem ao crime, ao criminoso, à
criminalidade e à vítima, de peculiaridade extrema que torna a Criminologia verdadeiramente autônoma
quanto a seu objetivo de estudo:
“Não ficando restrita a Criminologia unicamente ao estudo das condutas típicas, puníveis por lei,
legalmente definidas como criminosas desde que tem como seu objeto também as condutas desviadas
culturalmente, antissociais, algumas destas podem ser consideradas como verdadeiros ‘estados
criminógenos’ que embora não tipificados como crime são comportamentos ou modos de ser em um estilo
de vida que podem conduzir o indivíduo a delinquir como, p. ex., na vagabundagem, na prostituição, vício
da droga, etc. O que faz com que, obviamente, o estudo criminológico possa adquirir maior horizonte ou
extensão ao não limitar-se ou partir exclusivamente da noção jurídica do delito, compreendendo outras
condutas de grande importância tanto para uma sua apreciação individual, pessoal, como social”.
(ALVES, Roque de Brito. Op. Cit. P. 59).
07. Resposta: D.
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo,
da vítima e o controle social das condutas criminosas.
A criminologia é uma ciência do "ser", empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima
e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é
uma ciência do "dever- ser", portanto normativa e valorativa. (Manual Esquemático de Criminologia -
Nestor Sampaio Penteado Filho).
* Criminologia:
- Prevenção do delito é um dos seus principais objetivos.
- Faz o diagnóstico do crime e a tipologia do criminoso, analisando o meio em que vive, seus
antecedentes, a motivação do crime, etc.
- Busca conhecer a realidade para interpretá-la e criar soluções para prevenir o delito, visando o
progresso.
- É ciência empírica do "ser".
* Direito Penal
- Proteção de bens essenciais ao convívio em sociedade através das sanções penais.
- Não dá o diagnóstico do fenômeno criminal.
- Preocupa-se unicamente com a dogmática, isto é, com o crime enquanto fato descrito na norma legal
para descobrir a adequação típica.
- É a ciência normativa do "dever ser".
08. Resposta: A
Tem como objeto o estudo do crime, do delinquente, da vítima e do controle social.
Tem como objetivo a prevenção do delito, dai, diagnosticar o fenômeno criminal, acompanha-lo com
estratégias de intervenção por programas de prevenção do crime pela eficácia do seu controle e custos
sociais
09. Resposta: C
“Teoria das Técnicas de Neutralização”, trazida a lume por Gresham M. Sykes e David Matza, como
uma “importante correção da teoria das subculturas criminais”. É verificável que o indivíduo, mesmo que
submergido numa subcultura criminal, sempre tem algum contato com a cultura oficial e, de algum modo,
influencia-se e reconhece algumas de suas regras. Se assim não fosse, sequer poderia ter consciência
do caráter desviante de sua conduta. A partir dessa constatação Sykes e Matza procuram expor os
mecanismos utilizados pelos indivíduos para justificarem para si mesmos e os outros, a prática da
conduta desviante em detrimento daquela normalizada. Dessa forma, demonstram como as regras oficiais
atuam perante a consciência dos desviantes, fato este não analisado pela “Teoria das Subculturas”.
10. Resposta: B
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo,
da vítima e o controle social das condutas criminosas".4
11. Resposta: D
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo,
da vítima e o controle social das condutas criminosas.
A criminologia é uma ciência do "ser", empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima
e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é
uma ciência do "dever- ser", portanto normativa e valorativa. (Manual Esquemático de Criminologia -
Nestor Sampaio Penteado Filho).
* Criminologia:
4
MANUAL ESQUEMÁTICO DE CRIMINOLOGIA - PROFESSOR NESTOR SAMPAIO PENTEADO FILHO.
Função da criminologia
Política criminal
A política criminal é uma das grandes contribuintes para prevenção e repressão da criminalidade.
Trata-se de um programa de objetivos, métodos de procedimentos que foi adotado pela polícia criminal e
pelo Ministério Público.
Um dos grandes problemas está na ação preventiva, infelizmente o réu cumpre sua pena e ao sair do
presídio volta a delinquir, demonstrando que de nada adiantou sua represália. Basta analisar os
antecedentes criminais de um criminoso para saber que a reincidência é quadro constante, constando a
não reinserção social.
Não se confunde criminologia e política criminal.
A Criminologia possui uma dimensão e uma estrutura científica própria, informadora das estratégias
enquanto a política criminal estabelece métodos de prevenção para o crime.
- Quanto ao momento
As políticas-criminais devem ser analisadas desde o momento anterior a criação do Direito Penal, que
segue as fases judicial e de execução.
Jorge de Figueiredo Dias entende que a dogmática jurídico-penal não pode evoluir sem levar em
consideração o trabalho de índole criminológica e sua mediação político-criminal.
Figueiredo Dias e Roxin, entretanto, divergem quanto ao grau de dependência existente entre Direito
penal (e a Dogmática jurídico-penal) e Política criminal.
A política criminal não está voltada apenas para o ramo do direito, outras ações de caráter político
estão sendo adotadas, como foi o famoso caso de combate à lavagem de capitais, no ano de 2003. O
objetivo aqui foi prevenir e combater à lavagem de dinheiro.
Entretanto quando a política optar pela punição, deverá ser utilizada as ciências criminais,
caracterizada por VON LISZT no final do século XIX. Não temos como falar que o Direito Penal não irá
se integrar com a Criminologia e a Política Criminal, mesmo com essa integração, cada um desses
mantém sua autonomia.
Direito penal
5
http://ambito-juridico.com.br/site/index.php?artigo_id=9001&n_link=revista_artigos_leitura
6
CARVALHO, Salo de; CARVALHO, Amilton Bueno de. Aplicação da pena e garantismo. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumem Júris, 2004.
7
JAKOBS, Gunther; CANCIO MELIÁ, Manuel. Direito Penal do inimigo: noções e críticas. Trad. De André Luís Callegari e Nereu José Giancomolli. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2005.
Conclusão
O que devemos ter em mente é que tanto o Direito Penal quanto a Política Criminal devem respeitar o
primado da Constituição Federal, valendo-se dos princípios constitucionais-penais, explícitos ou implícitos
Atualmente, a moderna política criminal atua de acordo com a valoração dos dados que são obtidos
pela Criminologia e são estes dados que serviram de base para a aplicação do Direito Penal.
De acordo com o Princípio da Subsidiariedade, o direito penal poderá intervir quando os demais ramos
do direito forem incapazes de promover a pacificação social do conflito, permitindo-se compreender o
caráter subsidiário do direito penal.
Além dessa aplicação subsidiária, deve-se atentar a relevância do bem jurídico que foi lesionado, é
preciso verificar se existe uma lesão grave, efetiva que o acometa. Por exemplo, a subtração de um lápis,
formalmente é considerada crime, entretanto não ofende ou lesiona o patrimônio da vítima, aplicando-se
o princípio da insignificância.
Questões
01. (MPE/MG - Promotor de Justiça – FUNDEP). Considerando nosso Direito Penal positivo, analise
as seguintes proposições e assinale a INCORRETA.
(A) A parte geral do Código Penal apresenta um conceito criminológico de infração penal, sob a
influência da vertente etiológica da criminologia, dominante na época de sua elaboração.
(B) Aplicando-se as normas da parte geral do Código Penal, um crime cometido no estrangeiro contra
o patrimônio do Município de Leopoldina/MG ficaria sujeito à lei brasileira, sendo o agente punido segundo
a lei brasileira, ainda que absolvido no estrangeiro.
(C) A parte geral do Código Penal prevê que a sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para sujeitar o
condenado à medida de segurança, dependendo a homologação, na falta de tratado de extradição, de
requisição do Ministro da Justiça.
(D) De acordo com a parte geral do Código Penal, mesmo após a reforma de 1984, influenciada pelo
finalismo, o desconhecimento inevitável da lei é inescusável.
02. (DPE/PR - Defensor Público – NC-UFPR). Na Criminologia, é frequente o debate a respeito das
funções da pena. Segundo a ideia de prevenção especial negativa, a pena teria a função de:
(A) ressocializar o condenado, promovendo sua harmônica integração social.
(B) retribuir proporcionalmente o mal causado pelo delito.
(C) neutralizar ou segregar o condenado do meio social, impedindo-o de cometer novas infrações
penais.
(D) reforçar a confiança da coletividade na vigência da norma, estimulando a fidelidade ao Direito.
(E) intimidar e dissuadir a coletividade, de modo que todos se abstenham da prática de infrações
penais.
03. (PC/SC - Delegado de Polícia – ACAFE). Quanto ao estatuto da disciplina Criminologia e sua
relação com a Política criminal, é correto afirmar:
(A) A Criminologia desenvolvida com base no chamado “paradigma etiológico”, de matriz positivista, e
a Política criminal dela decorrente, exerceram influência marcante sobre vários níveis do sistema penal
brasileiro (legal, doutrinário), exceto na execução penal.
(B) A seletividade do sistema penal significa que a criminalização é desigualmente distribuída entre os
vários grupos e classes sociais, apesar da prática de condutas legalmente definidas como crime ocorrer
em todos eles e que a Lei, em princípio, é igual e geral para todos, resultando a desigualdade no momento
da seleção dos criminosos pela Polícia, Ministério Público e Justiça.
(C) A Criminologia desenvolvida com base no chamado “paradigma da reação ou controle social”, que
origina a Criminologia crítica, estuda o sistema penal, incluindo a agência policial, como parte integrante
de seu objeto, e conclui que a seletividade estigmatizante é a lógica estrutural de seu funcionamento.
04. (PC/SP - Médico Legista – VUNESP). A autonomia da Criminologia frente ao Direito Penal
(A) é almejada pelos estudiosos da primeira, mas negada pelos estudiosos do segundo.
(B) não se concretiza, uma vez que a primeira não é considerada ciência, ao contrário do segundo.
(C) comprova-se, por exemplo, pelo caráter crítico que a primeira desenvolve em relação ao segundo.
(D) não se vislumbra na prática, uma vez que todos os conceitos da primeira são emprestados do
segundo.
(E) não se efetiva, uma vez que ambos têm o mesmo objeto e são concretizados pelo mesmo método
de estudo, qual seja, o empírico.
05. (PC/SP - Delegado de Polícia – VUNESP). Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, a frase: A Criminologia__________ ; o Direito Penal __________.
(A) não é considerada uma ciência, por tratar do “dever ser” … é uma ciência empírica e interdisciplinar,
fática do “ser”
(B) é uma ciência normativa e multidisciplinar, do “dever ser” … é uma ciência empírica e fática, do
“ser”
(C) não é considerada uma ciência, por tratar do “ser” … é uma ciência jurídica, pois encara o delito
como um fenômeno real, do “dever ser”
(D) é uma ciência empírica e interdisciplinar, fática do “ser” … é uma ciência jurídica, cultural e
normativa, do “dever ser”
(E) é considerada uma ciência jurídica, por tratar o delito como um conceito formal, normativo, do
“dever ser” … não é considerado uma ciência, pois encara o delito como um fenômeno social, do “ser”
Gabarito
Comentários
01. Resposta: A
A assertiva encontra-se incorreta pelo fato do conceito criminológico de infração penal encontrar-se
disposto na lei de introdução ao código penal, e não na parte geral do código em referência.
Lei de introdução ao código penal
Art. 1º. Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal
a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou
cumulativamente.
02. Resposta: C
A teoria preventiva especial está direcionada ao delinquente castigado com a pena. A pena é um
instrumento de atuação preventiva sobre a pessoa do criminoso com o fim de evitar que no futuro cometa
novos crimes. Sua função é proteger bens jurídicos, incidindo na personalidade do delinquente através
da intimidação com a finalidade de que não volte a delinquir. Divide-se em prevenção positiva
(ressocializadora) e prevenção negativa (inocuizadora -- cortar o mal pela raiz).
A prevenção especial positiva persegue a ressocialização do delinquente através da correção, é
correspondente à prevenção terciária.
A prevenção especial negativa busca a intimidação ou inocuização mediante a privação da liberdade,
neutralizando a reincidência delitiva. Técnicas de inocuização: prisão perpétua, pena de morte, castração
química de pedófilo e do estuprador, RDD.
04. Resposta: C
A autonomia da Criminologia como ciência reside no fato de que apesar de outras ciências, como a
sociologia, a antropologia, a medicina legal, a psicologia, terem também o ato humano delituoso por
objeto, mas o têm acidentalmente, enquanto a criminologia o tem como escopo principal de suas
atividades investigatórias científicas.
“Não ficando restrita a Criminologia unicamente ao estudo das condutas típicas, puníveis por lei,
legalmente definidas como criminosas desde que tem como seu objeto também as condutas desviadas
culturalmente, anti-sociais, algumas destas podem ser consideradas como verdadeiros ‘estados
criminógenos’ que embora não tipificados como crime são comportamentos ou modos de ser em um estilo
de vida que podem conduzir o indivíduo a delinqüir como, p. ex., na vagabundagem, na prostituição, vício
da droga, etc. O que faz com que, obviamente, o estudo criminológico possa adquirir maior horizonte ou
extensão ao não limitar-se ou partir exclusivamente da noção jurídica do delito, compreendendo outras
condutas de grande importância tanto para uma sua apreciação individual, pessoal, como social”.(
ALVES, Roque de Brito).
05. Resposta: D
Criminologia:
- Prevenção do delito é um dos seus principais objetivos.
- Faz o diagnóstico do crime e a tipologia do criminoso, analisando o meio em que vive, seus
antecedentes, a motivação do crime, etc.
- Busca conhecer a realidade para interpretá-la e criar soluções para prevenir o delito, visando o
progresso.
- É ciência empírica do "ser".
Direito Penal
- Proteção de bens essenciais ao convívio em sociedade através das sanções penais.
- Não dá o diagnóstico do fenômeno criminal.
- Preocupa-se unicamente com a dogmática, isto é, com o crime enquanto fato descrito na norma legal
para descobrir a adequação típica.
- É a ciência normativa do "dever ser".
b) Criminologia positivista
Baseia-se nos fatos decorrentes da observação e experimentação, isto é, do empirismo. A mera
especulação não tem qualquer valor para a ciência.
O objeto da criminologia é o delinquente, sendo o delito uma abstração advinda da lei. Neste sentido,
a realidade concreta que fundamenta o exame científico é o delinquente, sendo o delito apenas um
sintoma seu. Logo, a explicação para o fenômeno criminal deve ser procurada nas predisposições a
prática do delito, que se distinguem em outros seres humanos.
A criminologia deve, portanto, explicar as diferenças físicas, psicológicas e sociais entre delinquentes
e não delinquentes. Por conseguinte, os comportamentos criminais estão sujeitos ao determinismo,
inexistindo, desta forma, a liberdade de escolha, ou melhor de livre-arbítrio.
c) Criminologia moderna
A criminologia moderna visa explicar e prevenir o delito avaliar os diferentes modelos de resposta
social ao fenômeno criminal e intervir na pessoa do delinquente.
Tem como um de seus objetivos principais a prevenção do delito por meio de um controle social eficaz,
mas não utópico a ponto de buscar a completa erradicação do conflito criminal na sociedade.
Dentre as suas principais características podem ser apontadas as seguintes: o crime é compreendido
como um problema, com destaque para sua face humana, de dor e conflito; ampliação do objeto de estudo
da criminologia, com a inserção da vítima e controle social; orientação prevencionista do saber
criminológico; o termo tratamento é substituído por intervenção, por expressar uma noção
pluridimensional, dinâmica e complexa compatível com o fato verificado no mundo real; análise e
avaliação integram os modelos de reação social; e análise etiológica do delito.
Referência Bibliográfica
Júnior, José César Naves de Lima. Manual de Criminologia, 2ª edição, Salvador: Editora: Jus Podivm, 2015. (pags. 62-63).
Questões
01. (DPU - Defensor Público Federal – CESPE/2017) A respeito do conceito e dos objetos da
criminologia, julgue o item a seguir.
Para a escola clássica, o modelo ideal de prevenção do delito ou do desvio é o que se preocupa com
a pena e seu rigor, compreendendo-a como um mecanismo intimidatório; já para a escola neoclássica,
mais eficaz que o rigor das penas é o foco no correto funcionamento do sistema legal e em como esse
sistema é percebido pelo desviante ou delinquente.
( ) Certo ( ) Errado
03. (PC/SP - Papiloscopista Policial – VUNESP). Pode-se afirmar que estão entre os princípios
fundamentais da escola clássica da criminologia:
(A) o crime, na escola clássica, é um ente jurídico, não é uma ação, mas sim uma infração; a
punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio; adota-se o método e raciocínio lógico-dedutivo.
(B) a pena, que é um instrumento de defesa social; a escola clássica, que se utiliza do método indutivo-
experimental; os objetos de estudo da ciência penal, que são o crime, o criminoso, a pena e o processo.
(C) o crime é visto como um fenômeno social e individual na escola clássica; a pena tem caráter aflitivo,
cuja finalidade é a defesa social.
(D) o direito penal, que é uma obra humana; a responsabilidade social que decorre do determinismo
social; o delito, que é um fenômeno natural e social.
(E) a distinção entre imputáveis e inimputáveis existente na escola clássica; a responsabilidade moral
baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de se levar pelos motivos deverá receber uma
medida de segurança).
Gabarito
Comentários
02. Resposta: B
A criminologia moderna visa explicar e prevenir o delito, avaliar os diferentes modelos de reposta social
ao fenômeno criminal, e intervir na pessoa do delinquente. Tem como objetivos principais a prevenção do
delito por meio do controle social eficaz, mas não utópico a ponto de buscar a completa erradicação do
conflito criminal da sociedade.8
03. Resposta: A
A criminologia clássica não se preocupa com a ressocialização ou reintegração social do delinquente.
Esse modelo de análise criminal não se ocupa da prevenção do delito estricto sensu, mas sim da
dissuasão penal.
8
Júnior, José César Naves de Lima. Manual de Criminologia, 2ª edição, Salvador: Editora: Jus Podivm, 2015.
A Escola Clássica surgiu entre os séculos XVIII e XIX. Trata que o ser humano é dotado de livre
arbítrio, e portanto pratica atos movido pelo prazer, buscando a ordem social, visando o bem-estar de
todos (contrato social). Desta feita, a conduta criminosa é uma escolha racional, logo a a pena (castigo)
é necessária e suficiente para acabar com a criminalidade, sendo determinada segundo a utilidade para
se manter ou não o pacto social.
A Escola Positiva, surge após o fracasso das reformas penais entre os séculos XIX e XX. Não
defende-se mais o livre arbítrio e já existe uma previsão do comportamento humano, permitindo a
investigação dos crimes, a partir dos criminosos. Um fenômeno da natureza sujeito a leis naturais
(biológicas, psicológicas e sociais) que podem ser identificas, estudando-se o criminoso. A pena (castigo)
é inútil, pois a conduta criminosa é sintoma de uma doença e como tal deve ser tratada, em nome da
defesa da sociedade.
Para que o criminoso seja analisado, durante esta escola foram implantadas algumas teorias, que
podem ser agrupadas como teorias de controle.
a. Teorias Bioantropológicas: Por esta teoria, podemos entender que algumas pessoas apresentam
predisposição ao crime. A explicação do crime se dá através da estrutura orgânica do indivíduo. O
criminoso é tratado como um ser diferente do cidadão normal.
A criminologia psicanalítica, cujas primeiras manifestações se deram com as obras de Freud, Adler e
Jung, e que objetiva “explicar o crime como um ato individual e analisar a psicologia da sociedade
punitiva”. Conforme Dias e Andrade, a criminologia psicanalítica se baseia em três princípios:
- O homem é, por natureza, um ser a-social. Por isso é que Freud refere a criança como um perverso
polimórfico e Stekel como um criminoso universal.
- A causa do crime é, em última instância, social. “O crime, escreve Glover, representa uma das
parcelas do preço pago pela domesticação de um animal selvagem por natureza; ou, numa formulação
mais atenuada, é uma das consequências de uma domesticação sem êxito ‟.
- É durante a infância que se modela a personalidade. É, noutros termos, durante a infância que se
definem os equilíbrios ou desequilíbrios que, com caráter duradouro, hão de dar origem ao
comportamento desviante ou às condutas socialmente aceitas.
9
http://www.leliobragacalhau.com.br/teorias-criminologicas-sobre-o-problema-do-crime/
Sociologia Criminal Surgiu entre os séculos XIX e XX, e visa solucionar as causas do crime na
sociedade. O crime para essa época, é um fenômeno coletivo, sujeito às leis do determinismo sociológico
e, por isso, previsível. O objeto central da Sociologia é o ser humano e suas diversas interações sociais;
isto significa que é necessário, para se entender algum fenômenos social, que se leve em consideração
o seu contexto global, isto é, os aspectos sociais, culturais, econômicos, políticos, psicológicos,
geográficos, entre outros.
Atualmente, as teorias que analisam a sociedade criminógena, privilegiando a dimensão causalista na
conduta desviada, são denominadas de teorias etiológicas e se subdividem em:
a. Teorias Ecológicas ou da Desorganização Social (Escola de Chicago): surgiu nos EUA, no
início do século XX por meio dos membros do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago,
que conferiram à sociedade as causas do fenômeno criminal.
Nesse período, milhares de pessoas chegaram as grandes cidades, sendo Chicago uma delas. Eram
pessoas de todos os tipos, escravos, minorias éticas, italianos, eslavos que moravam nas periferias, em
precárias condições de higiene e qualquer tipo de estrutura.
Essa miséria vivida fez com que a população passasse por dificuldades, gerando violência e aumento
da criminalidade. Robert E. Park, foi um dos percussores a apontar a influência do entorno urbano a
conduta criminosa praticada.
A Escola de Chicago foi fundamental para o estudo da criminalidade urbana, contribuindo para o
desenvolvimento de estudos referentes nessa área, destacando-se a ecologia humana.
A teoria ecológica criminal defende a prioridade da ação preventiva e a minimização da atuação
repressiva.
- Teoria de Cohen
Albert K. Cohen, na obra “Delinquent Boys”, mostra sua dedicação ao estudo da delinquência juvenil.
Ele caracterizou as subculturas delinquentes como não utilitária, maldosa, e negativista. 11
Trata-se de natureza flexível, tendo em vista que os jovens não se especializam em determinado
desvio, indo em sentido contrário aos adultos. Buscam prazer a curto prazo, com o objetivo apenas de se
divertir.
Para o autor, os jovens gostavam de andar em grupos, turmas, de modo que os mais ricos exibiam
seus carros, roupas e os pobres viviam outro tipo de status, pois o da classe alta era inacessível a eles.
Os jovens não buscam seu aperfeiçoamento no mundo do crime, como faziam alguns adultos.
Resistiam firmes às pressões da cultura externa.
- Teoria de Miller
Na década de 60, dentre as inúmeras teorias sobre subcultura que apareceram, destacou-se
fortemente a de Walter B. Miller, de forma que tenta explicar a subcultura da classe baixa.
Diferencia-se de Cohen, afirmando que a criminalidade que se dá nos bairros de classe baixa não
decorre de uma rebeldia de valores, mas pelo fato que o delinquente se conforma com os valores que lhe
transmitem sua própria classe social.
Para Miller, são características da classe baixa: distúrbio, violência, destino e independência, já a
classe média tem outros valores como por exemplo, a conquista.
d. Teoria das Janelas Quebradas: Surge nos EUA, através de dois criminologistas da Universidade
de Harvard que foram James Wilson e George Kelling.
10
Júnior, José César Naves de Lima. Manual de Criminologia.editora: Jus Podivm, 2ª edição, 2015.
11
Cohen, Albert K. Delinquent Boys: The Culture of the Gang. Glencoe: The Free Press, 1955, p. 25.
Questões
01. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). Acerca dos modelos teóricos explicativos do crime,
oriundos das teorias específicas que, na evolução da história, buscaram entender o comportamento
humano propulsor do crime, assinale a opção correta.
(A) O modelo positivista analisa os fatores criminológicos sob a concepção do delinquente como
indivíduo racional e livre, que opta pelo crime em virtude de decisão baseada em critérios subjetivos.
(B) O objeto de estudo da criminologia é a culpabilidade, considerada em sentido amplo; já o direito
penal se importa com a periculosidade na pesquisa etiológica do crime.
(C) A criminologia clássica atribui o comportamento criminal a fatores biológicos, psicológicos e sociais
como determinantes desse comportamento, com paradigma etiológico na análise causal-explicativa do
delito.
(D) Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito definitorial de delito afirma que,
segundo a teoria do labeling approach, o delito carece de consistência material, sendo um processo de
reação social, arbitrário e discriminatório de seleção do comportamento desviado.
(E) O modelo teórico de opção racional estuda a conduta criminosa a partir das causas que
impulsionaram a decisão delitiva, com ênfase na observância da relevância causal etiológica do delito.
03. (PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe – VUNESP/2015). Sobre a teoria da “anomia”,
é correto afirmar:
(A) é classificada como uma das “teorias de conflito” e teve, como autores, Erving Goffman e Howard
Becker.
(B) foi desenvolvida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland e deu origem à expressão white collar
crimes.
(C) surgiu em 1890 com a escola de Chicago e teve o apoio de John Rockefeller.
(D) iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton, e significa ausência de lei.
(E) foi desenvolvida por Rudolph Giuliani, também conhecida como “Teoria da Tolerância Zero”.
04 (PC/SC - Delegado de Polícia – ACAFE). São referências de teorias penais e criminológicas latino-
americanas e brasileiras que tiveram grande repercussão entre os anos 60 a 80 do século XX:
05. (PC/SP - Atendente de Necrotério Policial – VUNESP). As teorias absolutas da pena também
são conhecidas por teorias da
(A) reeducação.
(B) restauração.
(C) retribuição.
(D) prevenção.
(E) ressocialização.
07. (AL/PB - Procurador – FCC). A avaliação do espaço urbano é especialmente importante para
compreensão das ondas de distribuição geográfica e da correspondente produção das condutas
desviantes. Este postulado é fundamental para compreensão da corrente de pensamento, conhecida na
literatura criminológica, como
(A) teoria da anomia.
(B) escola de Chicago.
(C) teoria da associação diferencial.
(D) criminologia crítica.
(E) labelling approach
08. (DPE/PR - Defensor Público- FCC). Com o surgimento das Teorias Sociológicas da Criminalidade
(ou Teorias Macrossociológicas da Criminalidade), houve uma repartição marcante das pesquisas
criminológicas em dois grupos principais. Essa divisão leva em consideração, principalmente, a forma
como os sociólogos encaram a composição da sociedade: Consensual (Teorias do consenso,
funcionalistas ou da integração) ou Conflitual (Teorias do conflito social). Neste contexto são consideradas
Teorias Consensuais:
(A) Escola de Chicago, Teoria da Anomia e Teoria da Associação Diferencial.
(B) Teoria da Anomia, Teoria Crítica e Teoria do Etiquetamento.
(C) Teoria Crítica, Teoria da Anomia e Teoria da Subcultura Delinquente.
(D) Teoria do Etiquetamento, Teoria da Associação Diferencial e Escola de Chicago.
(E) Teoria da Subcultura Delinquente, Teoria da Rotulação e Teoria da Anomia.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: D
Conhecida ainda como Interacionaismo Simbólico, Rotulação, ETIQUETAMENTO ou Reação Social,
esta teoria, iniciou nos EUA 1970. Não enfoca o crime em si, mas a reação proveniente dele. Os grupos
sociais criam os desvios na qualificação de determinadas pessoas percebidas como marginais. O desvio
ocorre em decorrência da profecia anunciada da repetição da imputação do crime à pessoa estigmatizada
03. Resposta: D
A Teoria da Anomia iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton.O crime é
resultante do funcionamento do sistema e atualização de seus valores. Possui como característica a
natureza estrutural, pelo determinismo sociológico, pela aceitação do caráter normal e funcional do crime
e pela adesão à ideia de consenso em torno de valores fundamentais para a sociedade.
04. Resposta: D
Para que seja compreendido o autor e a época, trouxemos os autores referentes as alternativas:
A. Lyra Filho;
B - Lola Aniyar;
C - Bergalli;
D - Eugenio Raúl Zaffaroni
E Nilo Batista desenvolveu o livro As matrizes Ibéricas.
05. Resposta: C
Teorias Absolutas ou da Retribuição: são voltadas essencialmente às doutrinas da retribuição ou da
expiação, uma vez que sustentam que a pena deve ter caráter retributivo ou repressivo, ou seja, que ela
funciona como um castigo reparador de um mal. O mal justo da pena compensa o mal injusto do delito.
Seu mérito reside em reconhecer a necessidade de que a pena seja proporcional ao crime cometido.
06. Resposta: B
De acordo com o professor Manoel Sampaio:
Modelos sociológicos de consenso e de conflito
Nessa perspectiva macrossociológica, as teorias criminológicas contemporâneas não se limitam à
análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou de pequenos grupos, mas sim da sociedade como
um todo.
O pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões:
1) uma de cunho funcionalista, denominada teoria de integração, mais conhecida por teorias de
consenso;
2) uma de cunho argumentativo, chamada de teorias de conflito.
07. Resposta: B
A Escola de Chicago cria os estudos baseados na antropologia urbana, é o meio urbano como foco da
analise principal do delito, sendo que o meio ambiente influencia na delinquência.
Os meios diferentes de adaptação das pessoas às cidades acabam por propiciar a mesma
consequência: implicação moral e social num processo de interação na cidade. Assim, com o crescimento
das cidades começa a surgir uma relação de aproximação entre as pessoas, com a vizinhança se
conhecendo. Passa a existir, por conseguinte, uma verdadeira identidade dos quarteirões. Esse
mecanismo solidário de mútuas relações proporciona uma espécie de controle informal (polícia natural),
na medida em que uns tomam conta dos outros3 (ex.: família que viaja e pede ao vizinho que recolha o
jornal, que mostre ao leiturista da água o local do hidrômetro etc.). Os avanços do progresso cultural
aceleram a mobilidade social, fazendo aumentar a alteração, com as mudanças de emprego, residência,
bairro etc., incorrendo em ascensão ou queda social. A mobilidade difere da fluidez, que é o movimento
sem mudança da postura ecológica, proporcio-nado pelo avanço da tecnologia dos transportes
(automóvel, trens, metrô). Portanto, a mobilização e a fluidez impedem o efetivo controle social informal
nas maiores cidades.
08. Resposta: A
Pertencem ao grupo das Teorias do Consenso, a Escola de Chicago, a Teoria da Associação
Diferencial, a Teoria da Anomia e a Teoria da Subcultura Delinquente. Por conseguinte, pertencem ao
grupo das Teorias do conflito, o Labeling Approach e a Criminologia Crítica.
O Estado Democrático de Direito, que significa a exigência de reger-se pelo Direito e por normas
democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo povo bem como o respeito das autoridades públicas
aos direitos e garantias fundamentais, proclamado no caput do artigo 1º da Constituição Federal de 1988,
adotou, igualmente em seu parágrafo único, o denominado princípio democrático, ao afirmar que “todo
poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição”12.
O termo "Estado democrático de direito" conjuga dois conceitos distintos que, juntos, definem a forma
de mecanismos tipicamente assumidos pelo Estado de inspiração ocidental. Cada um destes termos
possui sua própria definição técnica, mas, neste contexto, referem-se especificamente a parâmetros de
funcionamento do Estado Ocidental moderno. Em sua origem grega, "democracia" quer dizer "governo
do povo". No sistema moderno, no entanto, não é possível que o povo governe propriamente (o que
significaria uma democracia direta). Assim, os atos de governo são exercidos por membros do povo ditos
"politicamente constituídos", por meio de eleição.
No Estado Democrático Brasileiro, as funções típicas e indelegáveis do Estado são exercidas por
indivíduos eleitos pelo povo para tanto, de acordo com regras pré- estabelecidas que regerão o pleito
eleitoral. O aspecto do termo "de Direito" refere-se a que tipo de direito exercerá o papel de limitar o
exercício do poder estatal.
No Estado democrático de direito, apenas o direito positivo (isto é, aquele que foi codificado e aprovado
pelos órgãos estatais competentes, como o Poder Legislativo) poderá limitar a ação estatal, e somente
ele poderá ser invocado nos tribunais para garantir o chamado "império da lei". Todas as outras fontes de
direito, como o Direito Canônico ou o Direito natural, ficam excluídas, a não ser que o direito positivo lhes
atribua esta eficácia, e apenas nos limites estabelecidos pelo último.
Nesse contexto, destaca-se o papel exercido pela Constituição. Nela delineiam-se os limites e as
regras para o exercício do poder estatal (onde se inscrevem os chamados "Direitos e Garantias
fundamentais"), e, a partir dela, e sempre a tendo como baliza, redige-se o restante do chamado
"ordenamento jurídico", isto é, o conjunto das leis que regem uma sociedade.
O Estado democrático de direito não pode prescindir da existência de uma Constituição. No entanto,
toda a conceitualização não deverá restringir o elemento democrático à limitação do poder estatal e a
democracia ao instituto da representação política. Esta, em virtude de seus inúmeros defeitos, não pode
fundamentar o Estado Democrático de Direito, pelo menos não como ele deveria ser, já que o princípio
democrático não se reduz a um método de escolha dos governantes pelos governados.
A Criminologia deve buscar as respostas sobre as causas que levam as pessoas a praticarem os
delitos, segundo Rousseau, a Criminologia deveria procurar a causa do delito na sociedade. Cesar
Lombroso chegou a pensar que o criminoso já nascia com o estigma da criminalidade, sendo denominado
de criminoso nato.
O crime se trata de um fenômeno mundial e intrínseco ao ser humano. A sociedade não pode ver o
crime crescer e ficar de braços cruzados, mas infelizmente, por mais que órgãos estatais procurem
proteger as pessoas, as violências físicas e psíquicas estão aumentando, provocando os mais diversos
danos pessoais e materiais, podendo destruir sonhos e projetos de vida.
Em parcas palavras, Penteado Filho define prevenção como sendo um conjunto de ações que visam
evitar a ocorrência do delito, proporcionando a manutenção da paz e a harmonia social.13
Segundo os escritores Nestor Sampaio Penteado Filho, Paulo Argarate Vasques e Ugo Osvaldo
Frugoli, ao escreverem a obra Coleção Preparatória para Concurso de Delegado de Polícia, editora
Saraiva, São Paulo, 2014:
Sustenta-se que o crime não é uma doença, mas sim um grave problema da sociedade que deve ser
resolvido por ela.
A Criminologia moderna defende a ideia de que o delito assume um papel mais complexo, de acordo
com a dinâmica de seus protagonistas (autor, vítima e comunidade), assim como pelos fatores de
convergência social.
12
Alexandre de Moraes. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Jurídico Atlas, 2007. p 125
13
PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia. São Paulo:Saraiva, 2010.
- Prevenção Secundária: são ações que estão voltadas a sociedade, em condições de vulnerabilidade
criminal, com propensão a delinquir. Baseado nisto, algumas ações devem ser melhor executadas, como
por exemplo com a reurbanização de certos bairros para que seja efetuado seu controle, tendo reflexos
a curto e médio prazos;
- Prevenção Terciária: visa não permitir que o recluso volte a delinquir. Contudo, este tipo de
prevenção possui altos níveis de ineficácia, pela omissão estatal em pôr em prática os direitos e deveres
legais dos apenados e a mitigação da estigmatização por que passa o egresso do sistema prisional.
Realiza-se por meio de medidas socioeducativas como a laborterapia, a liberdade assistida etc
- Prevenção geral e específica: A prevenção geral permite que a pena seja dirigida à sociedade,
tentando intimidar as pessoas que queiram cometer crimes, delinquir, como por exemplo com as sanções
condenatórias que serão impostas ao transgressor.
Já a prevenção especial volta-se para o fato de que o delito é instigado por fatores endógenos e
exógenos, de modo que busca a recuperação do indivíduo que foi condenado
A prevenção especial, por seu turno, também pode ser vista sob as formas negativa e positiva.14
Na prevenção especial negativa existe uma espécie de neutralização do autor do delito, que se
materializa com a segregação no cárcere. Essa retirada provisória do autor do fato do convívio social
impede que ele cometa novos delitos, pelo menos no ambiente social do qual foi privado.
Por meio da prevenção especial positiva a finalidade da pena consiste em fazer com que o autor
desista de cometer novas infrações, assumido caráter ressocializador e pedagógico.
Ao tratarmos da prevenção criminal como matéria estatal multisetorial, devemos pensar que a
problemática criminal está baseada nos problemas sociais, passando por todos os setores referentes ao
Poder Público (multisetoriedade estatal na aplicação de políticas públicas de segurança). Saindo dos
órgãos que compõem a Segurança Pública ou pelo Poder Judiciário, serão corresponsáveis os entes
públicos pertencentes aos níveis federal, estadual e municipal, além do cidadão comum.
Uma das formas de prevenção será com o aumento de bairros iluminados, policiais que fiquem nas
portas das escolas cuidando para que os estudantes estejam saindo com proteção, observando o fluxo
14
Penteado, Filho Nestor Sampaio; Vasques, Paulo Argarate e Frugoli Ugo Osvaldo, ao escreverem a obra Coleção Preparatória para Concurso de Delegado
de Polícia, editora Saraiva, São Paulo, 2014:
2) Modelo ressocializador: intervém na vida e na pessoa do infrator, não apenas lhe aplicando uma
punição, mas também lhe possibilitando a reinserção social. Aqui a participação da sociedade é relevante
para a ressocialização do infrator, prevenindo a ocorrência de estigmas.
Questões
02. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). A criminologia reconhece que não basta reprimir
o crime, deve-se atuar de forma imperiosa na prevenção dos fatores criminais. Considerando essa
informação, assinale a opção correta acerca de prevenção de infração penal.
(A) Para a moderna criminologia, a alteração do cenário do crime não previne o delito: a falta das
estruturas físicas sociais não obstaculiza a execução do plano criminal do delinquente.
(B) A prevenção terciária do crime implica na implementação efetiva de medidas que evitam o delito,
com a instalação, por exemplo, de programas de policiamento ostensivo em locais de maior concentração
de criminalidade.
15
Penteado, Filho Nestor Sampaio; Vasques, Paulo Argarate e Frugoli Ugo Osvaldo, ao escreverem a obra Coleção Preparatória para Concurso de Delegado
de Polícia, editora Saraiva, São Paulo, 2014:
03. (PC/SP – Perito Criminal – VUNESP) No tocante à temática da prevenção da infração à lei penal,
é correto afirmar que a prevenção
(A) secundária consiste em, dentre outras, políticas criminais voltadas exclusivamente à reintegração
do preso na sociedade.
(B) terciária consiste em políticas públicas de conscientização de todos os cidadãos quanto à
importância de se cumprirem as leis, mediante o fornecimento de serviços públicos de qualidade, tais
como saúde, educação e segurança.
(C) geral busca, por meio da pena, intimidar os indivíduos propensos a delinquir, inibindo-os de
transgredir a lei penal.
(D) geral negativa busca, por meio da pena, a reeducação e a ressocialização do criminoso.
(E) primária consiste em, dentre outras, ações policiais de repressão às práticas delituosas.
04. (PC/SP – Desenhista Técnico Pericial – VUNESP) A moderna criminologia exige do Estado
Democrático de Direito um controle razoável da criminalidade que, no Brasil, apresenta como sugestão
metodológica eficaz para a pequena e média criminalidade o modelo
(A) de justiça consensual como, por exemplo, a lei dos Juizados Especiais Criminais.
(B) da “tolerância zero”, criminalizando toda e qualquer conduta antissocial.
(C) do “Direito Penal do Inimigo”, desenvolvido pelo alemão Günther Jakobs.
(D) de “recrudescimento da pena” como, por exemplo, o tráfico de drogas ilícitas, de acordo com a Lei
n.º 11.343/06.
(E) da utilização do Direito Penal como “prima ratio”, evitando desdobramentos mais graves.
05. (PC/SP- Atendente de Necrotério Policial – VUNESP). Para a Criminologia, a prevenção geral
positiva, como uma finalidade da pena, é;
(A) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de sua segregação carcerária.
(B) também chamada de integradora, pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da
consciência social, mediante o estímulo ao culto dos valores mais caros à comunidade.
(C) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de medidas que o desestimulem a novas
práticas delitivas.
(D) também chamada de prevenção por intimidação, pois tem por objetivo desestimular o cidadão da
prática de delitos, por meio de aplicação de pena ao infrator da lei.
(E) uma espécie de consequência jurídica pelo comporta-mento inclinado às infrações penais.
06 (PC/SP - Delegado de Polícia – VUNESP). A prevenção criminal que está voltada à segurança e
qualidade de vida, atuando na área da educação, emprego, saúde e moradia, conhecida universalmente
como direitos sociais e que se manifesta a médio e longo prazos, é chamada pela Criminologia de
prevenção
(A) primária.
(B) individual.
(C) secundária.
(D) estrutural.
(E) terciária.
07. (PC/SP – Perito Criminal – VUNESP) No tocante à temática da prevenção da infração à lei penal,
é correto afirmar que a prevenção
(A) secundária consiste em, dentre outras, políticas criminais voltadas exclusivamente à reintegração
do preso na sociedade.
08. (DPE/PR -Defensor Público – NC-UFPR). Na Criminologia, é frequente o debate a respeito das
funções da pena. Segundo a ideia de prevenção especial negativa, a pena teria a função de:
(A) ressocializar o condenado, promovendo sua harmônica integração social.
(B) retribuir proporcionalmente o mal causado pelo delito.
(C) neutralizar ou segregar o condenado do meio social, impedindo-o de cometer novas infrações
penais.
(D) reforçar a confiança da coletividade na vigência da norma, estimulando a fidelidade ao Direito.
(E) intimidar e dissuadir a coletividade, de modo que todos se abstenham da prática de infrações
penais.
09. (PC/SP - Atendente de Necrotério Policial – VUNESP). A prevenção terciária consiste em:
(A) programas destinados a crianças e adolescentes de resistência ao consumo de drogas e à violência
doméstica.
(B) atuação, por meio de ações policiais, sobre os grupos que apresentam maior risco de sofrer ou de
praticar delitos.
(C) atuação, por meio de punição exemplar do delinquente em público, como meio de intimidação aos
demais criminosos.
(D) programas destinados a prevenir a reincidência, tendo por público-alvo o preso e o egresso do
sistema prisional.
(E) programas destinados a criar os pressupostos aptos a neutralizar e inibir as causas da
criminalidade.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: E
A Prevenção Terciária: visa não permitir que o recluso volte a delinquir. Contudo, este tipo de
prevenção possui altos níveis de ineficácia, pela omissão estatal em pôr em prática os direitos e deveres
legais dos apenados e a mitigação da estigmatização por que passa o egresso do sistema prisional.
Realiza-se por meio de medidas socioeducativas como a laborterapia, a liberdade assistida etc
02. Resposta: D
A prevenção primária é uma ação indireta ao delito, que vai na raiz do conflito antes que o crime
aumente ainda mais, obrigando o Estado a criar os direitos sociais, através dos instrumentos
constitucionais e legais. Geralmente, estas ações são onerosas, com reflexo a médio e longo prazo, está
voltada à segurança e qualidade de vida.
03. Resposta: C
A prevenção geral permite que a pena seja dirigida à sociedade, tentando intimidar as pessoas que
queiram cometer crimes, delinquir, como por exemplo com as sanções condenatórias que serão impostas
ao transgressor.
04. Resposta: A
A Lei Federal nº. 9.099, criada em 26 de setembro de 1995, dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis
e Criminais, e tem como objetivo criar nova forma de aplicação da Justiça no sistema penal brasileiro,
pois através desta lei surge um novo modelo de Justiça Criminal, o qual é baseado no consenso.
A lei em comento veio introduzir no nosso ordenamento jurídico, medidas despenalizadoras, forma
consensual de resolução de conflitos, uma Justiça mais célere, mais simples, e também maior acesso à
Justiça.
06. Resposta: A
A prevenção primária é uma ação indireta ao delito, que vai na raiz do conflito antes que o crime
aumente ainda mais, obrigando o Estado a criar os direitos sociais, através dos instrumentos
constitucionais e legais. Geralmente, estas ações são onerosas, com reflexo a médio e longo prazo.
07. Resposta: C
A prevenção geral permite que a pena seja dirigida à sociedade, tentando intimidar as pessoas que
queiram cometer crimes, delinquir, como por exemplo com as sanções condenatórias que serão impostas
ao transgressor.
08. Resposta: C
Prevenção Especial : Procura evitar que o delinquente volte a cometer delitos.
Prevenção Especial Negativa: Neutralização do criminoso através da prisão, enquanto estiver preso o
criminoso não volta a delinquir;
Prevenção Especial Positiva: Evita que o criminoso volte a delinquir por meio da reinserção social,
ressocialização do delinquente.
Prevenção Geral: Procura evitar que os delitos sejam cometidos, controle prévio.
Prevenção Geral Negativa: Evita novos crimes em razão da punição prevista;
Prevenção Geral Positiva ou de integração: Tem caráter educativo, demonstra para a sociedade as
consequências do cometimento de um crime.
09. Resposta: D
Destina-se ao recluso, visando sua recuperação e evitando a reincidência (sistema prisional); realiza-
se por meio de medidas socioeducativas, como a laborterapia, a liberdade e assistida, a prestação de
serviços comunitários etc.
Alguns modelos acabaram norteando a reação ao crime e vamos destacar quais foram os mais
importantes, mais especificamente no que se refere à intimidação das penas como forma de prevenir o
crime (prevenção geral negativa), permitindo-se avaliar os meios eficazes desses modelos empíricos para
que se possa chegar ou não a uma conclusão da existência ou não do poder dissuasório da lei/sistema
penal.
Os modelos de reação ao crime são: dissuasórios clássico e neoclássico de reação ao delito.
Estes dois modelos são tradicionais, no entanto, hoje em dia, o que vem sendo mais analisado são a
aplicação e elaboração de leis. Ambos os modelos surgem da ideia de que a forma adequada para
prevenir o delito deve ter natureza penal e dissuasória, pois o único destinatário dos programas para fins
dissuasórios é próprio infrator potencial. Paul Johan Anselm Ritter von Feuerbach, jurista considerado por
muitos o Pai do Direito Penal Moderno, nominou tal efeito preventivo-intimidatório de prevenção geral
negativa, com base em sua teoria da coação psicológica (MASSON, 2013, p. 22).
Modelo Ressocializador
O objetivo é reinserir o infrator ao convívio em sociedade, e maneira digna, para que ele não ache
motivos para voltar a delinquir. Não se trata em castigo ou outra forma de punição mais severa.
A ressocialização surge como uma intervenção positiva que o torne apto a participar da sociedade sem
possíveis traumas, limitações, inserindo novas técnicas de aprendizagem, pois na maioria das vezes seu
seio em família é deturpado, contando para tanto com o auxílio de alguns profissionais, como o causo
dos psicólogos e terapeutas.
Orientar a pessoa a praticar atos de cidadania e não colocar o sistema penitenciário como enfoque já
seria uma das primeiras mudanças. Retirar a pessoa que cometeu o crime do convívio social não é a
única maneira de melhorar o crime.
O modelo ressocializador tem pretensões mais utilitaristas do que dogmáticas (sistema que não aceita
discussão do que afirmam ou alegam, autoritário), mais realistas do que doutrinárias.
Muito se discute sobre a eficácia de tal sistema com as mais variadas concepções que vão desde o
antirretibucionismo, concepção assistencial e neo-retribucionismo.
A ressocialização é importante para a aplicação da teoria da pena.
Código Penal
Fixação da pena
Teoria Correcional: não acha que exista posterior reinserção social, acredita que a pena será capaz
de modificar as atitudes criminosas.
3. Modelo Integrador
Visa inserir no sistema de resposta ao delito a satisfação de outras expectativas sociais: como a
solução conciliatória do conflito que se exterioriza, com a reparação do dano causado à vítima e à
comunidade. Trata-se de modelo integrador, pois comtempla os interesses, expectativas e exigências de
todas as partes.
Aqui, as partes que tem algum interesse em ofensa particular se juntam para que de maneira coletiva
sejam solucionados os conflitos resultantes da ofensa.
Questões
02. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). No que se refere aos métodos de combate à
criminalidade, a criminologia analisa os controles formais e informais do fenômeno delitivo e busca
descrever e apresentar os meios necessários e eficientes contra o mal causado pelo crime. A esse
respeito, assinale a opção correta.
(A) A criminologia distingue os paradigmas de respostas conforme a finalidade pretendida,
apresentando, entre os modelos de reação ao delito, o modelo dissuasório, o ressocializador e o
integrador como formas de enfrentamento à criminalidade. Em determinado nível, admitem-se como
conciliáveis esses modelos de enfrentamento ao crime.
(B) Como modelo de enfrentamento do crime, a justiça restaurativa é altamente repudiada pela
criminologia por ser método benevolente ao infrator, sem cunho ressocializador e pedagógico.
(C) O modelo dissuasório de reação ao delito, no qual o infrator é objeto central da análise científica,
busca mecanismos e instrumentos necessários à rápida e rigorosa efetivação do castigo ao criminoso,
sendo desnecessário o aparelhamento estatal para esse fim.
(D) O modelo ressocializador de enfrentamento do crime propõe legitimar a vítima, a comunidade e o
infrator na busca de soluções pacíficas, sem que haja a necessidade de lidar com a ira e a humilhação
do infrator ou de utilizar o ius puniendi estatal.
(E) A doutrina admite pacificamente o modelo integrador na solução de conflitos havidos em razão do
crime, independentemente da gravidade ou natureza, uma vez que o controle formal das instâncias não
se abdica do poder punitivo estatal.
03. (PC/EP - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe – VUNESP/2015). Assinale a alternativa correta
em relação aos modelos teóricos de reação social ao delito.
04. (PC/SP - Desenhista Técnico-Pericial – VUNESP). O modelo integrador de reação social que
visa dar assistência à vítima e ao controle social afetado pelo crime, mediante a reparação do dano
causado, é chamado de modelo
(A) ressocializador.
(B) conservador.
(C) clássico.
(D) restaurador
(E) dissuasório
05. (PC/SP - Atendente de Necrotério Policial – PC-SP). O modelo restaurador de reação ao delito,
também conhecido por modelo integrador ou de justiça restaurativa, tem por objetivo(s)
(A) aplicar pena ao condenado, buscando desestimulá-lo à prática de novos delitos.
(B) buscar a recuperação do delinquente, proporcionar assistência à vítima e restabelecer o controle
social abalado pela prática do delito.
(C) punir o delinquente, como meio de castigá-lo e retribuir-lhe o mal pelo delito praticado.
(D) proteger os bens jurídicos violados pela prática delitiva.
(E) reinserir o condenado à sociedade por meio da religião e da laborterapia.
06. (PC/SP - Investigador de polícia -VUNESP). O modelo de resposta ao delito que foca na punição
do criminoso, proporcional ao dano causado, mediante um Estado atuante e intimidatório, denomina-se:
a) padrão consensual.
b) modelo ressocializador.
c) modelo segregador.
d) padrão associativo.
e) modelo dissuasório.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
Os modelos de reação ao crime são:
a) Modelo clássico/Dissuasório/Retributivo: A pena como fator intimidatório e proporcional ao dano
causado. Os protagonistas são: Criminoso e Estado
02. Resposta: A
A ocorrência da ação criminosa gera uma reação social (estatal) em sentido contrário, no mínimo
proporcional àquela. Da evolução das reações sociais ao crime prevalecem hordiernamente três modelos:
dissuasório, ressocializador e restaurador (integrador).
Modelo dissuasório (direito penal clássico): repressão por meio da punição ao agente criminoso,
mostrando a todos que o crime não compensa e gera castigo. Aplica-se a pena somente aos imputáveis
e semi-imputáveis, pois aos inimputáveis se dispensa tratamento psiquiátrico.
Modelo ressocializador: intervém na vida e na pessoa do infrator, não apenas lhe aplicando punição,
mas também lhe possibilitando a reiserção social. Aqui a participação da sociedade é relevante para a
ressocialização do infrator, previnindo a ocorrência de estigmas.
Modelo restaurador (integrador): recebe também a denominação de "justiça restaurativa" e procura
restabelecer, da melhor maneira possível, o status quo ante, visando a reeducação do infrator, a
assistência à vítima e o controle social afetado pelo crime. Gera a restauração, mediante a reparação do
dano causado.
03. Resposta: A
Modelo Dissuasório (direito penal clássico)
- Modelo Ressocializador
- Modelo Restaurador (integrador)
04. Resposta: D
De acordo com o professor Nestor Sampaio Penteado Filho.
Modelo restaurador (integrador): recebe também a denominação de “justiça restaurativa” e procura
restabelecer, da melhor maneira possível, o status quo ante, visando a reeducação do infrator, a
assistência à vítima e o controle social afetado pelo crime. Gera sua restauração, mediante a reparação
do dano causado.
05. Resposta: B
As três características preponderantes da reação social ao delito do modelo integrador-justiça
restaurativa
- buscar a recuperação do delinquente;
- proporcionar assistência à vítima;
- restabelecer o controle social abalado pela prática do delito.
06. Resposta: E
Dentre os três modelos de resposta ao delito (Dissuasório, Ressocializador e Integralizador, o mais
rígido e inflexível é o modelo clássico ou penal, chamado também de dissuasório, não admitindo qualquer
manobra de composição entre o criminoso e a vítima ou medidas de caráter minimalista. Defende a
punição através do castigo imposto pelo cárcere.