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Jaqueline Alves dos Anjos - jaqueline.banmaa@gmail.com - CPF: 066.303.366-74


MATERIAL COMPLEMENTAR
SEMANA 01

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MATERIAL COMPLEMENTAR – SEMANA 1

Seja bem-vindo (a) ao nosso material complementar. Aqui você encontrará


a compilação de dispositivos legais, artigos, resumos de pontos
específicos, indicações de aulas em vídeo disponibilizadas no YouTube e
jurisprudência. O nosso objetivo é fornecer uma grande revisão direcionada
aos concursos para Investigador e Escrivão de Polícia Civil do Estado de
Minas Gerais!

Para tanto, levaremos em consideração o conteúdo programático do edital


publicado, as tendências da banca FUMARC, além das inovações
legislativas e decisões jurisprudenciais pertinentes.
Vamos começar?

CRIMINOLOGIA
Indicações bibliográficas:
Criminologia – Sérgio Salomão Shecaira
Criminologia – Antonio García-Pablos de Molina (tradução de Luiz Flávio
Gomes)
Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal – Alessandro Baratta

Os temas mais pontuais do edital, de obras e artigos específicos, serão


resumidos e ensinados pelo Prof. Murillo Ribeiro.

Acompanhe o resumo de Criminologia do Prof. Murillo Ribeiro, bem como


as aulas em vídeo indicadas.
CIÊNCIAS CRIMINAIS

O DIREITO PENAL, a CRIMINOLOGIA e a POLÍTICA CRIMINAL são os três


pilares de sustentação das Ciências Criminais.

A Política Criminal é uma disciplina que oferece aos poderes públicos as


opções científicas concretas mais adequadas para controle do crime, de tal
forma a servir de ponte eficaz entre o direito penal e a criminologia,
facilitando a recepção das investigações empíricas e sua eventual
transformação em preceitos normativos.

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Para a doutrina majoritária, a Política Criminal não tem autonomia de
ciência, já que não possui método próprio (o tema é controverso, ocasião
em que alguns concursos já admitiram a cientificidade da política criminal).

Exemplo de atuação de Política Criminal: melhoria do sistema de iluminação


em locais com alta incidência de crimes em período noturno.

A Criminologia é uma ciência de referência para a Política Criminal.

Criminologia como ciência: reúne uma informação válida, confiável e


contrastada sobre o problema criminal, que é obtida graças a um método
que se baseia na análise e observação da realidade.

CRIMINOLOGIA

TERMINOLOGIA: Termo pensado pelo antropólogo francês Paul Topinard


(1830-1911) e difundido no cenário internacional pelo italiano Raffaele
Garofalo (1851-1934), tem sua etimologia no latim crimen (crime) e no grego
logo (tratado), significando o “estudo do crime”.

MARCO CIENTÍFICO:
Corrente majoritária: obra L’Uomo Delinquente (1876), ou O Homem
Delinquente, por Cesare Lombroso – ESCOLA POSITIVISTA.

Corrente minoritária: Dei Delitti e Delle Pene (1764), ou Dos Delitos e Das
Penas, de Cesare Bonesana (ou Marquês de Beccaria, ou Cesare Beccaria) –
ESCOLA CLÁSSICA.

De todo modo, ambos trouxeram relevante contribuição aos estudos do


fenômeno criminal.
CONCEITO

Ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da


pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo,
e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a
gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplado este como
problema individual e como problema social - , assim como sobre os

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programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva
no homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao
delito (Antonio García-Pablos de Molina).

MÉTODO

A Criminologia está oposta ao Direito Penal, uma vez que trabalha de forma
indutiva, e não dedutiva, como o segundo. Enquanto a Criminologia utiliza
um método empírico, observando a realidade para analisá-la e extrair das
experiências as consequências, o Direito Penal faz uso do método dedutivo,
partindo da regra geral para o caso concreto de forma lógica e abstrata. Se
à criminologia interessa saber como é a realidade, para explicá-la e
compreender o problema criminal, bem como transformá-la, ao direito penal
só lhe preocupa o crime enquanto fato descrito na norma legal, para
descobrir sua adequação típica. A criminologia se baseia mais em fatos que
em opiniões, mais na observação que nos discursos ou silogismos.

*Nestor Sampaio Penteado Filho: a criminologia se utiliza dos métodos


biológico e sociológico. Como ciência empírica e experimental que é, a
criminologia utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva
para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, pra delimitar
as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos
métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico.

Atenção: não há subordinação da Criminologia ao Direito Penal!


Portanto:
CRIMINOLOGIA MÉTODO INDUTIVO, EMPÍRICO.
DIREITO PENAL MÉTODO DEDUTIVO, LÓGICO, ABSTRATO.

Método empírico e não necessariamente experimental: a observação é


necessária, pois o objeto da investigação pode tornar inviável ou ilícita a
experimentação.
Dada a complexidade do fenômeno delitivo, cabe sim completar o método
empírico com outras de natureza qualitativa, não incompatíveis com aquele.
Interdisciplinar: a análise científica reclama uma instância superior que
integre e coordene as instâncias setoriais procedentes das diversas
disciplinas interessadas no fenômeno delitivo e que instrumentalize um

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genuíno sistema de retroalimentação. É uma exigência estrutural do saber
científico. A Criminologia somente se consolidou como ciência autônoma
quando conseguiu se emancipar daquelas disciplinas setoriais em torno das
quais nasceu e com as quais, com frequência, se identificou indevidamente.

MÉTODO E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO (classificação de Antonio García-


Pablos de Molina)

Quantitativas: estatística (método por excelência), questionário, métodos de


medição. Explicam a etiologia, a gênese e o desenvolvimento. Por si só são
insuficientes.

Qualitativas: observação participante e a entrevista. Permitem compreender


as chaves profundas de um problema.

Transversais: tomam uma única medição da variável ou do fenômeno


examinado. Estudos estatísticos.

Longitudinais: tomam várias medições, em diferentes momentos temporais.


Estudos de seguimento (follow up), as biografias criminais, os case studies.
Modernos estudos sobre carreiras criminais.
Follow up: estudam a evolução do indivíduo durante um determinado
período de tempo operando com uma série de fatores psicológicos e
sociológicos. São eles, pois, métodos dinâmicos e evolutivos. Investigar a
gênese, evolução e manifestações de uma carreira criminal. Outros em torno
do problema da reincidência: até que deriva da falha do tratamento
penitenciário ou de outros fatores.

OBJETO DE ESTUDO DA CRIMINOLOGIA

Por muito tempo, o objeto tradicional de estudo da Criminologia foi


embasado pelos ideais da Escola Positiva (Lombroso, Garofalo, Ferri), sendo
subdividido em dois: DELITO e DELINQUENTE. Em meados do Século XX,
particularmente de sua metade até os dias atuais, foram acrescentados dois
outros pontos de interesse: VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL. Hoje, portanto, é
pacífica a divisão do objeto da Criminologia em quatro vertentes: DELITO,
DELINQUENTE, VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL. Passemos à análise.

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DELITO
Não é o mesmo conceito de Direito Penal.
É a conduta de incidência massiva na sociedade, capaz de causar dor, aflição
e angústia, persistente no espaço e no tempo.
Incidência massiva na população: o crime não pode ser um fato isolado. Ex:
crítica de Sérgio Salomão Shecaira, com a tipificação do crime de molestar
cetáceo na Lei nº 7.643/1987 (banhista que colocou um palito de sorvete no
“nariz” de um filhote de baleia – fato isolado).
Incidência aflitiva do fato praticado: o crime deve ser algo que cause dor,
quer à vítima, quer à comunidade como um todo.
Persistência espaço-temporal: o crime deve ser algo que seja distribuído
pelo território ao longo de certo período de tempo.
Inequívoco consenso: para Shecaira, o quarto elemento a exigir-se para a
configuração de um fato como delituoso é que se tenha um inequívoco
consenso a respeito de sua etiologia e de quais técnicas de intervenção
seriam mais eficazes para o seu combate. Não são todos os fatos massivos,
aflitivos, com persistência espaço-temporal em que há um inequívoco
consenso. Ex: uso do álcool.

DELINQUENTE
Vejamos as várias definições de delinquente para as diferentes Escolas da
Criminologia:
ESCOLA CLÁSSICA: o delinquente era encarado como o pecador que optou
pelo mal, embora pudesse e devesse respeitar a lei. Herança da doutrina do
Contrato Social, de Rousseau. O cometimento do crime era um rompimento
ao pacto e a pena deveria ser proporcional ao mal causado. O
comportamento criminoso seria um mau uso da liberdade.

ESCOLA POSITIVA: para a Escola Positiva, o infrator era um prisioneiro de


sua própria patologia (determinismo biológico) ou de processos causais
alheios (determinismo social). Enquanto para os clássicos a pena deveria ser
proporcional ao mal causado, para os positivistas deveria ser utilizada uma
medida de segurança com finalidade curativa, por tempo indeterminado,
enquanto persistisse a patologia.

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ESCOLA CORRECIONALISTA: não teve reflexos significativos no Brasil.
Defendia que o criminoso era um ser débil, inferior, e que deveria receber do
Estado uma postura pedagógica e de proteção. Ex: proteção ao menor
infrator no Brasil, tida como uma influência da corrente correcionalista.

MARXISMO: para Marx, quem é culpável pelo crime é a própria sociedade, já


que o crime seria decorrente de certas estruturas econômicas.
Contemporaneamente, no entanto, há o giro sociológico da Criminologia e a
necessidade de atenção aos enfoques político-criminais. Abandona-se a
perspectiva biopsicopatológica e assume-se a noção biopsicossocial. Nos
dias atuais, portanto, delinquente é o indivíduo que está sujeito às leis,
podendo ou não as seguir por razões multifatoriais e nem sempre
assimiladas por outras pessoas.

VÍTIMA

Historicamente, a figura da vítima observou três fases bem delineadas:

I) Protagonismo (na chamada “idade de ouro”, desde os primórdios da


civilização até o fim da Alta Idade Média).
Justiça privada, vingança, autotutela, pena de talião.

II) Neutralização (o Estado como o responsável pelo conflito social – Código


Penal Francês e as ideias do liberalismo moderno).
Estado monopoliza o poder punitivo estatal e trata a pena como garantia
coletiva e não vitimaria. Instituto como a legítima defesa foram esquecidos.

III) Redescobrimento/revalorização (traz contornos mais humanos à


postura estatal em relação à vítima – sobretudo após a 2ª Guerra Mundial).
Na segunda metade do Século XX, o estudo sobre a vítima assumiu
contornos marcados, sendo fundada uma nova disciplina (ou ciência, para
parte da doutrina), a VITIMOLOGIA, o estudo das relações da vítima com o
infrator (chamada pela doutrina de “dupla penal”) ou com o sistema. Com a
definição dos contornos do Estado Democrático de Direito, surgiu a
necessidade da redefinição da vítima sob uma perspectiva mais humana,
exigindo-se um fazer estatal para implementação de seus direitos e
buscando a diminuição dos efeitos da Vitimização Secundária*.

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TIPOS DE VITIMIZAÇÃO:

VITIMIZAÇÃO é, segundo Antonio Garcia-Pablos de Molina, o processo pelo


qual uma pessoa sofre as consequências negativas de um fato traumático,
especialmente, de um delito.
Ainda segundo o autor, a doutrina classificou os processos de vitimização
em três principais:

A Vitimização Primária é o processo através do qual um indivíduo sofre


direta ou indiretamente os efeitos nocivos ocasionados pelo delito, que
variam de acordo com o bem jurídico lesionado e podem ser, em regra,
materiais ou psíquicos.

A Vitimização Secundária é entendida como o sofrimento suportado pela


vítima nas fases do inquérito e do processo, em que muitas vezes deverá
reviver o fato criminoso por meio de interrogatórios, declarações e exames
de corpo de delito, além de submeter-se a situações como presenciar a
argumentação dos defensores do autor sugerindo que deu causa ao fato e o
reencontro com o delinquente.

Entende-se por Vitimização Terciária a ausência de receptividade social em


relação à vítima, que em diversos casos se vê compelida a alterar sua rotina,
os ambientes de convívio e círculos sociais em razão da estigmatização
causada pelo delito. São exemplos a segregação social sentida pelas vítimas
de crimes sexuais e as consequências da divulgação não autorizada de fotos
ou vídeos íntimos nas redes sociais.

Vitimização quaternária: é o medo que as pessoas têm de se tornarem


vítimas, muitas vezes internalizado pelas informações exploradas pela mídia.

Heterovitimização: corresponde à “autorrecriminação da vítima” diante de


um crime cometido, por meio da busca pelas razões que a tornaram, de
modo provável, responsável pela prática delitiva, v.g., ter deixado a porta de
um automóvel sem a trava ou ter assinado uma folha de cheque que estava
em branco (Paulo Sumariva).

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Vitimização indireta: sofrimento das pessoas que estão relacionadas
intimamente à vítima de um delito, e que sofrem juntamente com ela (Paulo
Sumariva).

CLASSIFICAÇÕES DAS VÍTIMAS:


I) Classificação de Benjamin Mendelsohn.
De acordo com Benjamin Mendelsohn as vítimas podem ser classificadas da
seguinte maneira:
1. Vítima completamente inocente ou vítima ideal. Trata-se da vítima
completamente estranha à ação do criminoso, não provocando nem
colaborando de alguma forma para a realização do delito. Exemplo: uma
senhora que tem sua bolsa arrancada pelo bandido na rua.
2. Vítima de culpabilidade menor ou por ignorância. Ocorre quando há um
impulso não voluntário ao delito, mas de certa forma existe um grau de culpa
que leva essa pessoa à vitimização. Exemplo: um casal de namorados que
mantém relação sexual na varanda do vizinho e lá são atacados por ele, por
não aceitar esta falta de pudor.
3. Vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator. Ambos podem ser o
criminoso ou a vítima. Exemplo: Roleta Russa (um só projétil no tambor do
revólver e os contendores giram o tambor até um se matar).
4. Vítima mais culpada que o infrator. Enquadram-se nessa hipótese as
vítimas provocadoras, que incitam o autor do crime; as vítimas por
imprudência, que ocasionam o acidente por não se controlarem, ainda que
haja uma parcela de culpa do autor.
5. Vítima unicamente culpada. Dentro dessa modalidade, as vítimas são
classificadas em: a) Vítima infratora, ou seja, a pessoa comete um delito e no
fim se torna vítima, como ocorre no caso do homicídio por legítima defesa;
b) Vítima Simuladora, que através de uma premeditação irresponsável induz
um indivíduo a ser acusado de um delito, gerando, dessa forma, um erro
judiciário; c) Vítima imaginária, que trata-se de uma pessoa portadora de um
grave transtorno mental que, em decorrência de tal distúrbio leva o judiciário
à erro, podendo se passar por vítima de um crime, acusando uma pessoa de
ser o autor, sendo que tal delito nunca existiu, ou seja, esse fato não passa
de uma imaginação da vítima

CONTROLE SOCIAL

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Instituições, estratégias e sanções sociais que pretendem promover a
submissão dos indivíduos aos modelos e normas comunitárias de modo
orientador e fiscalizador. Com relação aos seus destinatários, pode ser difuso
(à coletividade) ou localizado (a determinados grupos). Subdivide-se em
controle social formal (realizado pelo Estado, caracterizado pelo Sistema de
Justiça Criminal – Polícias, Poder Judiciário, MP, Administração Prisional) e
controle social informal (realizado pela sociedade civil – família, mídia,
opinião pública, religião, ambiente de trabalho etc.).

NORMA, PROCESSO E SANÇÃO = três componentes fundamentais das


instituições de controle social.

Pode ser exercido de três principais formas:


a) sanções formais (aplicadas pelo Estado, podem ser cíveis, administrativas
e/ou penais) e sanções informais (não têm força coercitiva);
b) meios positivos (prêmios e incentivos) e meios negativos (imposição de
sanções);
c) controle interno (autocoerção) e controle externo (ação da sociedade ou
do Estado, como multas e penas privativas de liberdade).
Quando as formas de controle social informal falham, aparecem as formas
de controle formal. A pena privativa de liberdade é a mais grave das sanções
do controle social formal.

Para o LABELLING APPROACH (Teoria da Reação Social), o controle social


é SELETIVO e DISCRIMINATÓRIO, GERADOR e CONSTITUTIVO de
criminalidade e ESTIGMATIZANTE.

FUNÇÕES
Explicar e prevenir o crime;

Intervir na pessoa do infrator (qual é o impacto real da pena, avaliar


programas reais de reinserção e fazer a sociedade perceber que o crime é
um problema comunitário).

Avaliar as diferentes formas de resposta ao crime.

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*Nestor Sampaio Penteado Filho: a função da Criminologia é desenhar um
diagnóstico qualificado e conjuntural sobre o delito.

PREVENÇÃO

Prevenção primária: medidas de médio e longo prazo que atingem a raiz do


conflito criminal. Investimentos em educação, trabalho, bem-estar social.

Prevenção secundária: atua onde o crime se manifesta ou se exterioriza. As


chamadas “zonas quentes de criminalidade”. A prevenção secundária tem
em suas principais manifestações a atuação policial. Outros exemplos:
programas de ordenação urbana, controle dos meios de comunicação e
melhora do aspecto visual das obras arquitetônicas.

Prevenção terciária: possui um destinatário específico, o recluso. Possui


objetivo certo: ressocialização do preso, evitando a reincidência.

INTERVENÇÃO POSITIVA NO INFRATOR

Três metas da Criminologia:

1) Avaliar o impacto real da pena em quem a cumpre e os seus efeitos.

2) Desenhar e avaliar programas de reinserção (não individualista, mas


funcional).

3) Fazer a sociedade perceber que o crime é um problema de todos


(sociedade assumindo responsabilidades). Crime como problema social.

MODELOS DE REAÇÃO AO CRIME


Modelo clássico, dissuasório ou retributivo
A base do modelo está na punição do delinquente, que deve ser intimidatória
e proporcional ao dano causado. Os protagonistas do modelo são o Estado
e delinquente, estando excluídos a vítima e a sociedade.

Modelo ressocializador

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Este modelo se preocupa com a reinserção social do delinquente. Assim, a
finalidade da pena não se reduz ao retribucionismo (retribuição do mal feito
pelo castigo corporal), mas procura ressocializar o agente para reinseri-lo na
sociedade.
A sociedade tem papel de destaque na efetivação da ressocialização, pois
cabe a esta afastar estigmas, como o de ex-presidiário.

Modelo restaurador, integrador ou Justiça Restaurativa


Este modelo procura restaurar o status quo antes da prática do delito. Para
tanto utiliza-se meios alternativos de solução. A restauração do controle
social abalado pelo delito se dá pela via da reparação do dano pelo
delinquente à vítima. A ação conciliadora, com a participação dos envolvidos
no conflito, é fundamental para a solução do problema criminal. Exemplo no
sistema brasileiro: composição civil dos delitos nos Juizados Especiais
Criminais.

SISTEMAS DA CRIMINOLOGIA

Quais são as disciplinas que integram a Criminologia?


Temos duas concepções: a austríaca (também chamada de enciclopédica)
e a concepção estrita.

CONCEPÇÃO AUSTRÍACA (ENCICLOPÉDICA)


Pertencem à Criminologia:

I) DISCIPLINAS RELACIONADAS COM A REALIDADE CRIMINAL:


Fenomenologia (análise das formas de surgimento da criminalidade),
Etiologia (causas ou fatores determinantes da criminalidade), Prognose
(análise dos fatores determinantes da criminalidade, formulando
diagnósticos e prognósticos sobre o futuro comportamento e periculosidade
do autor), Biologia criminal, Psicologia criminal, Antropologia, Geografia
criminal, Ecologia criminal etc.

II) DISCIPLINAS RELACIONADAS COM O PROCESSO: a Criminalística


(Tática e Técnica Criminal). Criminalística é o conjunto de teorias que se
referem ao esclarecimento dos casos criminais (ciência policial). Tática
criminal: modus operandi mais adequados para o esclarecimento dos fatos e

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identificação do autor. Técnica criminal: se ocupa das provas, analisando os
métodos científicos existentes para demonstrar realisticamente uma
determinada hipótese.

III) DISCIPLINAS RELACIONADAS COM A REPRESSÃO E PREVENÇÃO DO


DELITO: Penologia (Ciência Penitenciária, Pedagogia Correcional) e
Profilaxia.

Penologia: ciência que examina o cumprimento e execução das penas. A


Ciência Penitenciária é subdisciplina da Penologia, centralizando os estudos
nas penas privativas de liberdade e a Pedagogia Correcional se preocupa
com orientar a execução do castigo para a significação de um impacto
positivo, de reinserção social.

Profilaxia: meta prioritária de luta contra o delito, articulando as estratégias


oportunas para incidir eficazmente nos fatores individuais e sociais
criminógenos, antecipando-se ao crime.

CONCEPÇÃO ESTRITA
Admite as disciplinas relacionadas com a realidade criminal, mas afirma que
a Criminalística (esta é, para a concepção estrita, disciplina auxiliar do direito
penal), a Penologia (é uma ciência técnica e não sistema da Criminologia
que, por sua vez, é uma ciência “pura”) e a Profilaxia (não cabe à
Criminologia assumir uma postura beligerante contra o delito) NÃO DEVEM
fazer parte do sistema da Criminologia.

Aula de Introdução à Criminologia – Prof. Murillo Ribeiro. Disponível no


Youtube.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=ZPKRWA7Bpkw&t=666s

Podcast “Conversa sobre Criminologia” com Murillo Ribeiro.


Link: https://www.youtube.com/watch?v=steSnJYd8To

DIREITOS HUMANOS

Veja as referências bibliográficas do nosso edital:

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BALESTRERI, Ricardo Brisolla. Direitos humanos, segurança pública e
promoção da justiça. Passo Fundo: Berthier, 2004.

MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direitos Humanos. 8ª ed. Rio de


Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2021.

PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional.


19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2021.

Acompanhe o assunto pelo nosso material complementar e pelas aulas em


vídeo indicadas. Não se esqueça de realizar o simulado!

PONTO 1. INTRODUÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS. DIFERENÇAS ENTRE


DIREITOS DO HOMEM, DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS HUMANOS

Acompanhe a explicação em vídeo da Professora Elisa Moreira:

https://www.youtube.com/watch?v=wdS3JMlq-Hc&t=11s

Direitos do Homem: são aqueles direitos jusnaturais, que já estão com o


homem pela simples condição de ser ele homem, de ser ele pessoa humana,
por ter nascido. O ser humano, portanto, já nasce com esses direitos, são
inatos e independentes de qualquer condição ou positivação na ordem
interna ou externa.

Ex.: Direito à vida, que é inato ao ser humano.

Direitos Fundamentais: São aqueles direitos mais importantes ao ser


humano, que estão positivados no ordenamento jurídico interno.

Ex.: A previsão do direito à vida na Constituição.

Direitos Humanos: São aqueles direitos protegidos na esfera internacional


por tratados, pactos, acordos ou cartas. Portanto, estão positivados no
ordenamento jurídico externo.

Ex.: Proteção à vida no Pacto de San José da Costa Rica.

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Muito embora a essência seja a mesma, há a característica da positivação nos
direitos fundamentais e direitos humanos, sendo os primeiros previstos na
ordem interna e os últimos na ordem externa.

PONTO 2. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Dupla função: UNIFICADORA e HERMENÊUTICA.

a) Unificadora: é o eixo axiológico da Constituição Federal (é inclusive


fundamento da República Federativa do Brasil – art. 1º, inciso III, CF/88) e a
razão de ser dos tratados internacionais sobre direitos humanos, no contexto
posterior à Segunda Guerra Mundial. Trabalha os valores.

b) Hermenêutica: inspira e limita a interpretação e a aplicação do direito (p.


ex., de nada adianta garantir o direito à vida se não houver uma vida digna
para o indivíduo.

PONTO 3. GERAÇÕES, DIMENSÕES OU FAMÍLIAS DE DIREITOS HUMANOS

Acompanhe a explicação em vídeo da Professora Elisa Moreira:

https://www.youtube.com/watch?v=2G-TGhKD4UY&t=52s

1ª DIMENSÃO (Século XVII – Século XIX): Direitos de LIBERDADE. Passagem


do Estado Absolutista para o Estado Liberal. Protagonismo do indivíduo, que
deve ter, sozinho, a capacidade de implementar esses direitos. O Estado
deve se abster de agir na esfera privada do indivíduo (não-fazer estatal). São
as liberdades negativas. Expressão-chave: igualdade formal, a igualdade
perante a lei.

Ex.: direito à vida, às liberdades, à propriedade, ao voto, à nacionalidade etc.

Documentos internacionais:
- Bill of Rights (Inglaterra - 1689);
- Declaração de Independência do Estado da Virgínia/ Declaração do Bom
Povo do Estado da Virgínia (Estados Unidos - 1776);

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- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França - 1789).

Documentos no Brasil:
- Constituição do Império (1824);
- Constituição da República (1891).

2ª DIMENSÃO (Início Século XX): Direitos de IGUALDADE. Agora, a


igualdade não é mais meramente formal, mas material (igualdade de fato),
que se dá através das liberdades positivas. O Estado deverá atuar para a
garantia dos direitos do indivíduo (exige o fazer estatal).

Ex.: direito ao trabalho, ao lazer, à educação, à saúde.

Documentos internacionais:
- Constituição Mexicana (1917);
- Constituição de Weimar (1919);
- Tratado de Versalhes (1919).

Documentos no Brasil:
- Constituição da Era Vargas (1934).

3ª DIMENSÃO (pós II GM): Direitos de FRATERNIDADE. Os direitos de


terceira geração estão ligados à ideia de fraternidade ou solidariedade. Esses
ideais surgiram após tudo aquilo que fora cometido durante a segunda
guerra mundial, após todas as atrocidades do regime nazista. Por isso, foi
necessário que esses abusos fossem repelidos na esfera internacional, em
uma ideia de união dos Estados. São direitos dos quais a coletividade tem a
titularidade, direitos difusos e coletivos, transindividuais, que são
pertencentes a todas as pessoas independentemente de quaisquer
condições.

Ex.: autodeterminação dos povos, meio ambiente digno, saudável,


proveitoso, direito à paz etc.

Principal documento internacional:


- Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).

Documentos no Brasil:

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- Constituição de 1946;
- Constituição de 1988.

ATENÇÃO: A partir da 4ª geração, pode-se dizer que todos os direitos são


um desdobramento dos demais. Há doutrinadores que falam até mesmo em
direitos de 6ª, 7ª, 8ª e 9ª gerações, mas para efeitos de prova (primeira
etapa), devemos nos ater às três primeiras e conhecer, 4ª, 5ª e 6ª.

4ª DIMENSÃO: Surgiram com a modernidade e a globalização dos DH e são


fundados na defesa da dignidade humana contra intervenções abusivas, seja
do Estado ou de particular. Desenvolvimento da Internet. Estão relacionados
ao contexto de valorização da autonomia privada e buscam evitar
intervenções abusivas do Estado ou de particulares.

Ex.: bioética, biodireito, genética, direito à participação democrática


(democracia direta), pluralismo, acesso à Internet. Lembre-se dos termos
pós-modernidade ou globalização.

5ª DIMENSÃO: São os direitos à paz e à segurança internacionais. Lembre-


se do termo paz universal. Desenvolvimento da Internet (transita entre 4ª e
5º dimensões).

Observação: Paulo Bonavides insere a paz na 5º geração, mas na definição


tradicional de Karel Vasak o direito à paz estaria na 3ª geração.

6ª DIMENSÃO: Direito de acesso à água potável.


PONTO 4. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS

1) Relatividade: Para o STF, os direitos fundamentais não são absolutos e


podem ser flexibilizados em situações de conflito. O sopesamento ocorre no
caso concreto e com base na proporcionalidade é possível saber qual direito
deve prevalecer.

Ex.: direito à vida flexibilizado em épocas de guerra, aborto permitido


legalmente, excludentes de ilicitude.

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STF X DUDH: A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) entende
que existem dois direitos absolutos (artigos 4º e 5º da Declaração): proibição
à escravidão e proibição à tortura. Todavia, lembrar que o STF não
reconhece a existência de direitos de caráter absoluto.

2) Universalidade: todas as pessoas são titulares de DH pela simples


condição de serem pessoas humanas (e isso independe de sexo,
nacionalidade, religião, cor, raça, etnia ou qualquer outra condição).

Outra análise sobre a universalidade dos DH: a noção de dupla proteção.


Estado passa a ter sua soberania relativizada, o que permite ao indivíduo que
pleiteie perante as instâncias internacionais sua proteção em caso de falha
do ordenamento interno.

3) Complementariedade: relação de interdependência dos DH. As gerações,


dimensões ou famílias de direitos humanos (direitos individuais, sociais e
difusos) se confundem, fortalecem e complementam, não sendo observadas
de forma estanque.

4) Historicidade: os DH são fruto de lento processo de evolução e têm


grande carga histórica, de acordo com as transformações sociais.

5) Indisponibilidade ou Inalienabilidade: ausência de conteúdo econômico


dos DH. Não há valoração econômica porque, se os DH são universais e, por
isso, todos têm os mesmos direitos, não existem as noções de oferta e
procura, estão fora do âmbito comercial (era diferente na época da
escravidão, por exemplo). A inalienabilidade é verificada com base na
dignidade da pessoa humana (têm a característica da inalienabilidade
aqueles direitos que resguardam potencialidade e autodeterminação
humanas, direitos que têm como objetivo a proteção da vida biológica,
condições de saúde física e mental e liberdade de tomar decisões com
blindagem à coerção externa).

6) Essencialidade: os DH são básicos, essenciais e fundamentais ao


desenvolvimento da vida com qualidade.

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7) Imprescritibilidade: os DH não se perdem com o decurso do tempo, não
têm prazo, com exceção de limitações impostas por tratados internacionais
(limitações que estipulam prazos para que determinados direitos sejam
gozados pelas partes, as ferramentas processuais).

8) Irrenunciabilidade: em regra, os direitos fundamentais não podem ser


objeto de renúncia por seu titular, pois não importam apenas ao sujeito ativo,
como também a toda coletividade. É a eficácia objetiva dos direitos
fundamentais, que veremos adiante.

O STF admite renúncia excepcional e temporária a direitos como privacidade


e intimidade (ex.: reality shows em que os participantes renunciam
temporariamente a alguns direitos durante a exibição do programa).

9) Inexauribilidade: Os DH são inexauríveis. Assim, há a constante


possibilidade de ampliação, mutação e desenvolvimento dos DH.

10) Vedação do Retrocesso: todas as conquistas alcançadas pelo ser


humano em relação ao Estado devem ser mantidas, não havendo
possibilidade de diminuição da proteção pelo Estado (ex.: proibição do
restabelecimento da pena de morte no art. 4º do Pacto de São José da Costa
Rica). É o chamado efeito cliquet (de origem francesa, a expressão faz
alusão aos alpinistas, traduzindo-se na ideia de que a partir de um ponto da
escalada não é possível retroceder, sendo possível apenas a subida).

Por outro lado, o Estado invoca a reserva do possível (quando alega que não
pode cumprir a obrigação porque está impossibilitado, orgânica ou
financeiramente, por exemplo). Todavia, devemos ter em mente que a
reserva do possível pode ser utilizada para o não cumprimento, mas não para
permitir ao Estado a violação, o que será analisado e decidido pelo Poder
Judiciário caso a caso.

PONTO 5. DIMENSÕES SUBJETIVA E OBJETIVA DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS

Dimensão subjetiva: É a imposição jurídica do indivíduo em relação ao


Estado, o que é feito de duas formas: a uma, exige do Estado uma atuação

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negativa, de não intervenção (Estado mínimo); a duas, exige uma prestação
positiva (Estado social de direito). É a dimensão relativa aos sujeitos.
Portanto, diz respeito aos direitos de proteção (negativos) e de exigência de
prestação (positivos) por parte do indivíduo em face do poder público
(perspectiva subjetiva).
Dimensão objetiva: Década de 50 (Tribunal Constitucional Alemão). Traz a
ideia de que nenhum ramo do direito pode ser analisado e interpretado se
não estiver em conformidade com os direitos fundamentais. Trata-se da
eficácia irradiante dos direitos fundamentais, a capacidade que eles têm de
alcançar os poderes públicos no desempenho de suas atividades principais,
em todos os ramos do Direito.
Em resumo:
Sob a ótica subjetiva, os direitos fundamentais possibilitam ao indivíduo
(sujeito) conseguir do Estado a satisfação de seus interesses juridicamente
protegidos, seja pela atuação ou não atuação.
Sob a ótica objetiva, os direitos fundamentais reúnem os valores sociais
elementares, sendo que seus efeitos são irradiados a todo o ordenamento
jurídico, demandando a atuação dos órgãos estatais.

PONTO 6. OS QUATRO STATUS DE JELLINEK

Acompanhe a explicação em vídeo da Professora Elisa Moreira:

https://www.youtube.com/watch?v=yyzv4fOT2T8&t=98s

Desenvolvidos no início do Século XX por George Jellinek e ligados à


dimensão subjetiva dos direitos fundamentais (relação entre Estado e
indivíduo). Todo indivíduo inserido no âmbito de convivência social está
vinculado ao Estado e com este se relaciona a partir de quatro status:

PASSIVO: É o indivíduo com um conjunto de deveres frente ao Estado. É a


primeira ideia em que se pode pensar quando tratamos sobre as relações
entre Poder Público e indivíduo. No Estado Absolutista, as decisões políticas
emanavam da vontade do rei, do soberano, que tinha fundamento, por sua
vez, na vontade divina. Assim, o status passivo traz à tona os ideais desta
época, representando os deveres que o indivíduo tem em relação ao Estado.
O sujeito está em posição de subordinação quanto ao Poder Público.

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Representa a ausência de garantias e liberdades individuais e coletivas do
cidadão. Palavra-chave: DEVERES.

NEGATIVO: Estado Liberal de Direito (Estado como “vigilante noturno” ou


nightwatcher). São assegurados os direitos individuais e coletivos por meio
das liberdades negativas, do não fazer estatal. Aqui, o Estado não interfere
nas relações privadas. O status negativo preserva o indivíduo quanto à
interferência arbitrária estatal, garantindo um espaço de liberdade. Assim, o
cidadão pode exercer determinados poderes estabelecidos nos limites
jurídicos do Estado, sofrendo a intervenção deste apenas quando houver
abuso. Guarda relação com os direitos de primeira dimensão. Expressão-
chave: ATUAÇÃO NEGATIVA/ABSTENÇÃO.

POSITIVO: Fruto dos movimentos sociais em busca de prestações positivas


pelo Estado, é o direito conferido ao indivíduo de exigir do poder público
prestações de ordem material, com o escopo de alcançar direitos
constitucionalmente assegurados. Neste ponto, ao contrário do status
negativo, o Estado age, posicionando-se positivamente para realizar a
prestação pretendida. É o que ocorre na segunda geração de direitos.
Expressão-chave: ATUAÇÃO POSITIVA.

ATIVO: Traduz a participação política da sociedade nas decisões dos


Estados. O indivíduo tem o direito de participar dos caminhos políticos, da
coisa pública; ou seja, o indivíduo influencia a vontade estatal. São os direitos
políticos, que devem ser considerados formal e materialmente. Neste ponto,
estabelece-se um paralelo com os direitos de quarta dimensão, que trazem
o pluralismo político e a democracia direta. Palavra-chave: PARTICIPAÇÃO.

DIREITOS FUNDAMENTAIS EM RELAÇÃO ÀS FUNÇÕES (atualização dos


quatro status de Jellinek):

1) Direitos de defesa: Direitos do indivíduo exigindo do Estado uma atuação


negativa. Corresponde ao status NEGATIVO. Ex.: Art. 5º, II, CRFB/88
(proteção contra ingerência e abusos do próprio Estado).
2) Direitos de prestação (prestacionais): O indivíduo demanda uma atuação
positiva do Estado (direitos sociais). Direitos de segunda dimensão.
Corresponde inicialmente ao status POSITIVO, mas há um bônus: as

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prestações exigidas podem ser materiais (Ex.: art. 6º, CRFB/88) e jurídicas
(Ex.: art. 5º, XLI, CRFB/88). Atenção à reserva do possível, conceito
trabalhado no tópico “características dos direitos fundamentais”.
3) Direitos de participação: O indivíduo deve participar da vida do Estado e
da sociedade (Ex.: art. 14, CRFB/88).

PONTO 7. TEORIA DOS LIMITES DOS LIMITES

Sabemos que os direitos fundamentais estão previstos na Constituição e são


relativos. Em alguns casos, a própria Constituição traz a restrição; em outros,
não, sendo a restrição colocada em normas infraconstitucionais.

Assim, pergunta-se: uma norma infraconstitucional pode restringir um direito


fundamental?

Segundo a teoria clássica, não. No entanto, há duas outras teorias, mais


modernas, que tratam sobre o assunto. São elas:

- Teoria interna: Não. A única forma de restringir um direito fundamental é


própria, imanente ao próprio direito. Desta teoria decorre a ideia da teoria
dos limites imanentes.

- Teoria externa: Sim. Uma lei pode restringir direito fundamental previsto
na Constituição, desde que a limitação venha para desenvolver, e não para
prejudicar o direito. Assim, tal limitação deve passar por quatro parâmetros.
É a chamada teoria dos limites dos limites. Vejamos.

1) Não pode violar a dignidade da pessoa humana (núcleo essencial dos


direitos fundamentais);
2) A limitação deve ser clara, expressa.
3) Deve ser geral e abstrata (não pode se destinar a um grupo específico de
indivíduos);
4) Deve respeito ao princípio da proporcionalidade**.

** O princípio da proporcionalidade é um princípio constitucional implícito.

Funções:

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- Vedação do excesso;
- Vedação da proteção insuficiente.

Subprincípios:
- Adequação (relação entre meio e fim, sendo o meio escolhido apto a atingir
a finalidade desejada);
- Necessidade (busca pelo meio menos gravoso);
- Proporcionalidade em sentido estrito (ideia de custo-benefício, ônus-
bônus).

Ex.: Determinado Estado brasileiro edita uma lei obrigando as empresas de


gás a pesar os botijões na presença do consumidor. Esta disposição passa
pela teoria dos limites dos limites? Vejamos:

1) A limitação (pesagem dos botijões) viola a dignidade da pessoa humana?


Não.
2) A limitação é clara, expressa? Sim (está prevista em lei).
3) A limitação é geral, abstrata? Sim (serve a todos, não é para um grupo ou
pessoa específica, não é para uma empresa de gás destacadamente).
4) Passa pelo princípio da proporcionalidade? A) É adequada? Pesando o
botijão de gás na presença do consumidor, atinge-se a finalidade de protegê-
lo de comprar menos gás do que pagou; B) É necessária? É o meio menos
gravoso; C) Proporcionalidade em sentido estrito: não. O ônus é maior que
o bônus (traz transtornos na prática).
Proporcionalidade X Razoabilidade: são a mesma coisa?

Para Luís Roberto Barroso, muito embora a proporcionalidade tenha origem


alemã e a razoabilidade, americana, tais princípios são intercambiáveis,
fungíveis.

Todavia, para a maioria da doutrina, proporcionalidade e razoabilidade NÃO


são a mesma coisa (Bernardo Gonçalves Fernandes, Ingo Wolfgang Sarlet).
Cuidado com o direcionamento de sua prova!

PONTO 8. EFICÁCIA VERTICAL, HORIZONTAL E DIAGONAL DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS

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Eficácia VERTICAL: quando da criação dos direitos fundamentais, estes
eram aplicados somente para proteger os particulares do arbítrio estatal.
Esta é justamente a eficácia vertical, a aplicação dos direitos fundamentais
às relações entre Estado e particulares, a relação de subordinação que o
particular tem com o Estado.

Eficácia HORIZONTAL: também denominada eficácia externa, eficácia em


relação a terceiros ou eficácia privada. Consiste na aplicação dos direitos
fundamentais às relações entre os próprios particulares.

Teoria da eficácia horizontal direta ou imediata: os direitos fundamentais


incidem automaticamente sobre todos os destinatários das normas
constitucionais, Estado ou particulares. Traz a vinculação dos particulares
aos direitos fundamentais, sem condicioná-la a qualquer mediação
legislativa.

Eficácia DIAGONAL: trata-se de um meio-termo. É uma relação entre


particulares onde não há uma igualdade fática, como o que ocorre nas
relações trabalhistas ou de consumo.

PONTO 9. DIREITO DOS TRATADOS – TRATADOS INTERNACIONAIS DE


DIREITOS HUMANOS E SUA POSIÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO
BRASILEIRO
Paridade normativa: Um tratado internacional que for incorporado ao
ordenamento jurídico brasileiro terá paridade normativa (ou seja, terá o
mesmo status) com as leis ordinárias federais.

Existem duas exceções à paridade normativa:

- Art. 98, CTN: os tratados internacionais em matéria tributária ou alteram a


legislação interna sobre matéria tributária ou revogam esta legislação (ou
seja, não serão recebidos necessariamente com status normativo de lei
ordinária federal, a depender da legislação que alteram ou revogam).

- Tratados internacionais que versem sobre DH: poderão assumir dois


status, vistos a seguir.

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a) EC (art. 5º, §3º, CF/88): Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Ou seja, exige-se
quórum qualificado (3/5 dos votos dos membros de cada casa, em dois
turnos de votação) para que os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos tenham status constitucional.

Existe algum documento que já passou pelo procedimento previsto no art.


5º, § 3º da CRFB/88?

Sim! São quatro os documentos que já passaram pelo procedimento (alguns


examinadores têm o entendimento de que os documentos 1 e 2 seriam
apenas um. Atenção à redação da questão em sua prova!).

Vejamos:
1) Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (DECRETO N.º
6.949/2009);
2) Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Pessoa com
Deficiência;
3) Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas para
Pessoas Cegas (DECRETO N.º 9.522/2018)
4) Convenção Interamericana Contra o Racismo – ratificada pelo Presidente
da República em maio de 2021.

b) Norma supralegal: norma posicionada abaixo da CF, mas em patamar


superior ao da legislação ordinária. Imagine a pirâmide normativa de Kelsen.
A linha que divide o topo (Constituição Federal) do restante representa as
normas supralegais. Essa discussão veio com o Pacto de São José da Costa
Rica e com a questão envolvendo o depositário infiel. Antes, eram previstas
duas prisões de natureza cível: devedor de alimentos e depositário infiel.
Todavia, o Pacto vedou a última hipótese. Assim, o STF decidiu pela
impossibilidade da prisão civil do depositário infiel em nome do princípio do
pro homine (a regra mais favorável ao ser humano), sustentando a tese do
efeito ou eficácia paralisante. Essa questão, de tão importante, se tornou a
Súmula Vinculante nº 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer
que seja a modalidade de depósito.

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Importante! Diferentemente do que sustenta o STF, a doutrina mais
moderna entende que todos os tratados sobre direitos humanos têm força
ao menos materialmente constitucional, em razão da importância do teor do
seu texto. Assim, sob tal ótica:

- Tratados sobre DH formal e materialmente constitucionais: os quatro


documentos que passaram pelo procedimento previsto no art. 5º, § 3º da
CRFB/8, conforme visto acima;
- Tratados sobre DH materialmente constitucionais: todos os demais.

PONTO 10. FASES DOS TRATADOS

Acompanhe a explicação em vídeo da Professora Elisa Moreira:

https://www.youtube.com/watch?v=lFPPJ83Hfpw&t=70s

Para efeitos didáticos, podemos dizer que os Tratados Internacionais passam


por quatro fases, chamadas de Etapas de Formação ou Iter dos Tratados.

Vejamos:
1) Negociação + Assinatura: enquanto a negociação é a discussão do texto
do Tratado, a assinatura significa o aceite precário (o aceite não é definitivo,
mas apenas uma manifestação dos Estados no sentido de que aceitam o
texto e a forma).

Art. 84, VIII, CF – determina que o Presidente da República tem competência


privativa para assinatura dos tratados, atos e convenções internacionais.
Significa dizer que essa competência não é exclusiva, ela pode ser delegada
aos plenipotenciários, as autoridades que possuem a Carta de Plenos
Poderes. Tal carta é assinada pelo Presidente da República e referendada
pelo Ministro das Relações Exteriores.

2) Referendo do Congresso Nacional: apreciação parlamentar. Se o


Congresso não der o referendo congressual, o tratado não avança. Todavia,
se o Congresso disser sim ao tratado, passamos à terceira fase, com a
emissão de um decreto legislativo.

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3) Ratificação: apenas o Presidente da República é habilitado a ratificar
(confirmar) um tratado. Ou seja: a competência para ratificação de um
tratado internacional é exclusiva do Presidente da República (e não privativa,
como na assinatura). No entanto, o Presidente não se obriga a ratificá-lo,
com base no princípio da discricionariedade (conveniência e oportunidade).

Atenção! Se houver a ratificação, surge a obrigatoriedade de cumprimento


no plano Internacional, mas não no plano interno. Para que isso ocorra, é
necessária a promulgação e a publicação no Diário Oficial da União.

4) Promulgação + Publicação no Diário Oficial da União: produz efeitos na


ordem jurídica interna.

O que é reserva? Reserva é a ressalva feita por um Estado em relação a uma


ou mais cláusulas de um tratado. A reserva só é válida quando o tratado
envolver três ou mais Estados (não é admitida nos tratados bilaterais) e só é
cabível quando o próprio tratado permite. Ex: Estatuto de Roma não admite
reservas (ou é aceito em sua totalidade ou não é aceito).

O que são as chamadas normas de jus cogens? São normas imperativas do


Direito Internacional Público que traduzem padrões sedimentados na
comunidade internacional, cuja existência e eficácia independem da
concordância dos sujeitos de direito internacional, são cogentes,
obrigatórias. O jus cogens deve ser observado nas relações internacionais e
projeta-se, em alguns casos, na própria ordem jurídica interna (Ex.: Não é
possível fazer tratados sobre a tortura ou sobre a explosão de bombas
atômicas, são conceitos internalizados na comunidade internacional).

PONTO 11. INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA (IDC)

Acompanhe a explicação em vídeo da Professora Elisa Moreira:

https://www.youtube.com/watch?v=xwh4gQVOgIQ&t=64s

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Inserido pela EC nº 45/04 e previsto no art. 109, §5º, CRFB/88, é também
chamado de federalização dos crimes contra os direitos humanos. Para sua
ocorrência, devemos observar o cumprimento de quatro requisitos. Vejamos:

1. Grave violação de direitos humanos (plano externo);


2. PGR suscita ao STJ (e não ao STF! Pegadinha de prova!);
3. Em qualquer fase do inquérito ou do processo (note-se que também na
fase do inquérito. Outra pegadinha de prova!);
4. Deslocamento da competência que originariamente seria da Justiça
Estadual para a Justiça Federal.

Ou seja: em caso de grave violação de direitos humanos, o PGR poderá


suscitar ao Superior Tribunal de Justiça o deslocamento da competência que
originariamente seria da Justiça Federal à Justiça Estadual, em qualquer fase
do inquérito ou do processo.

Objetivo: evitar que a República Federativa do Brasil seja responsabilizada


pela violação de direitos humanos na esfera internacional em caso de desídia
da Justiça originalmente competente.

Importante! Os Tribunais Superiores entendem ser essencial a comprovação


da desídia, descaso ou demora injustificada das instâncias locais para que o
IDC seja acolhido.

LÍNGUA PORTUGUESA
Para o estudo da Língua Portuguesa, sugerimos a leitura dos artigos
colacionados, bem como das aulas em vídeo disponibilizadas
gratuitamente no YouTube.

Acompanhe também as referências bibliográficas constantes do nosso


edital:

MENDES, Gilmar Ferreira; FORSTER JÚNIOR, Nestor José. Manual de


redação da Presidência da República / Casa Civil, Subchefia de Assuntos
Jurídicos. Brasília: Presidência da República, 2018. 189 p. ISBN 978-85-85142-
96-4. Disponível em:

@CURSOEMDELTA 28
Jaqueline Alves dos Anjos - jaqueline.banmaa@gmail.com - CPF: 066.303.366-74
http://www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assuntos/manual-de-
redacao-da-presidencia-darepublica/manual-de-redacao.pdf Acesso em: 28
set. 2021.

NICOLA, José de. Gramática da palavra, da frase, do texto. São Paulo:


Scipione, 2010.

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa: teoria e prática. São


Paulo: Nova Geração, 2011.

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS.


→Matéria “4 técnicas para virar um especialista em interpretação de texto”,
por Carolina Vellei – Portal Guia do Estudante.
Apesar de ser destinada principalmente ao vestibular, a matéria traz pontos
importantes para as questões de interpretação de texto em concursos
públicos, bem como para a realização de resumos durante os estudos. Boa
leitura!
Disponível em:
http://guiadoestudante.abril.com.br/blog/dicas-estudo/veja-4-tecnicas-
para-virar-um-especialista-em-interpretacao-de-texto/
Quantas vezes você já leu um texto e não entendeu nada do que estava
escrito ali? Leu, releu e, mesmo assim, ainda ficou com um nó na cabeça? Eu
mesma já fiquei assim muitas vezes! Pensando nisso, listamos 4 técnicas para
fazer de você um mestre na interpretação! Depois disso, vai ficar fácil
entender até os mais complexos manuais de instrução (ok, talvez nem tanto,
mas você vai arrebentar no vestibular!).
Antes de tudo, vamos explicar como se dá o processo de interpretação. A
Hermenêutica, a área da filosofia que estuda isso, diz que é preciso seguir
três etapas para se obter uma leitura ou uma abordagem eficaz de um texto:
a) Pré-compreensão: toda leitura supõe que o leitor entre no texto já com
conhecimentos prévios sobre o assunto ou área específica. Isso significa
dizer, por exemplo, que se você pegar um texto do 3º ano do curso de Direito
estando ainda no 1º ano, vai encontrar dificuldades para entender o assunto,
porque você não tem conhecimentos prévios que possam embasar a leitura.

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b) Compreensão: já com a pré-compreensão ao entrar no texto, o leitor vai
se deparar com informações novas ou reconhecer as que já sabia. Por meio
da pré-compreensão o leitor “prende” a informação nova com a dele e
“agarra” (compreende) a intencionalidade do texto. É costume dizer: “Eu
entendi, mas não compreendi”. Isso significa dizer que quem leu entendeu o
significado das palavras, a explicação, mas não as justificativas ou o alcance
social do texto.

c) Interpretação: agora sim. A interpretação é a resposta que você dará ao


texto, depois de compreendê-lo (sim, é preciso “conversar” com o texto para
haver a interpretação de fato). É formada então o que se chama “fusão de
horizontes”: o do texto e o do leitor. A interpretação supõe um novo texto.
Significa abertura, o crescimento e a ampliação para novos sentidos.

Sabendo disso, aqui vão 4 dicas para fazer com que você consiga atingir
essas três etapas! Confira abaixo:

1) Leia com um dicionário por perto

Não existe mágica para atingir a primeira etapa, a da pré-compreensão. O


único jeito é ter um bom nível de leituras. Além de ler bastante, você pode
potencializar essa leitura se estiver com um dicionário por perto. Viu uma
palavra esquisita, que você não conhece? Pegue um caderninho (vale a pena
separar um só pra isso) e anote-a. Em seguida, vá ao dicionário e marque o
significado ao lado da palavra. Com o tempo o seu vocabulário irá crescer e
não vai ser mais preciso ficar recorrendo ao dicionário toda hora.

2) Faça paráfrases

Para chegar ao nível da compreensão, é recomendável fazer paráfrases, que


é uma explicação ou uma nova apresentação do texto, seguindo as ideias do
autor, mas sem copiar fielmente as palavras dele. Existem diversos tipos de
paráfrase, só que as mais interessantes para quem está estudando para o
vestibular/concurso são três: a paráfrase-resumo, a paráfrase-resenha e
paráfrase-esquema.

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– Paráfrase-resumo: comece sublinhando as ideias principais, selecione as
palavras-chave que identificar no texto e parta para o resumo. Atente-se ao
fato de que resumir não é copiar partes, mas sim fazer uma indicação, com
suas próprias palavras, das ideias básicas do que estava escrito.

– Paráfrase-resenha: esse outro tipo, além dos passos do resumo, também


inclui a sua participação com um comentário sobre o texto. Você deve
pensar sobre as qualidades e defeitos da produção, justificando o porquê.

– Paráfrase-esquema: depois de encontrar as ideias ou palavras básicas de


um texto, esse tipo de paráfrase apresenta o esqueleto do texto em tópicos
ou em pequenas frases. Você pode usar setinhas, canetas coloridas para
diferenciar as palavras do seu esquema… Vai do seu gosto!

3) Leia no papel

Um estudo feito em 2014 descobriu que leitores de pequenas histórias de


mistério em um Kindle, um tipo de leitor digital, foram significantemente
piores na hora de elencar a ordem dos eventos do que aqueles que leram a
mesma história em papel. Os pesquisadores justificam que a falta de
possibilidade de virar as páginas pra frente e pra trás ou controlar o texto
fisicamente (fazendo notas e dobrando as páginas) limita a experiência
sensorial e reduz a memória de longo prazo do texto e, portanto, a sua
capacidade de interpretar o que aprendemos. Ou seja, sempre que possível,
estude por livros de papel ou imprima as explicações (claro, fazendo um uso
sábio do papel, sem desperdícios!). Vale fazer notas em cadernos, pois já foi
provado também que quem faz anotações à mão consegue lembrar melhor
do que estuda.

4) Reserve um tempo do seu dia para ler devagar

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Uma das maiores dificuldades de quem precisa ler muito é a falta de
concentração. Quem tem dificuldades para interpretar textos e fica lendo e
relendo sem entender nada pode estar sofrendo de um mal que vem
crescendo na população da era digital. Antes da internet, o nosso cérebro lia
de forma linear, aproveitando a vantagem de detalhes sensoriais (a própria
distribuição do desenho da página) para lembrar de informações chave de
um livro. Conforme nós aumentamos a nossa frequência de leitura em telas,
os nossos hábitos de leitura se adaptaram aos textos resumidos e superficiais
(afinal, muitas vezes você tem links em que poderá “ler mais” – a internet é
isso) e essa leitura rasa fez com que a gente tivesse muito mais dificuldade
de entender textos longos.

Os especialistas explicam que essa capacidade de ler longas sentenças


(principalmente as sem links e distrações) é uma capacidade que você perde
se você não a usar. Os defensores do “slow-reading” (em tradução literal, da
leitura lenta) dizem que o recomendável é que você reserve de 30 a 45
minutos do seu dia longe de distrações tecnológicas para ler. Fazendo isso,
o seu cérebro poderá recuperar a capacidade de fazer a leitura linear. Os
benefícios da leitura lenta vão bem além. Ajuda a reduzir o estresse e a
melhorar a sua concentração!

Depois de treinar bastante e ler muito, você estará pronto para interpretar
os mais diversos tipos de texto! Mãos à obra!

Neste momento de estudo intensivo, orientamos que acompanhe as aulas


indicadas por nós, disponibilizadas gratuitamente no Youtube. Facilitam a
compreensão e a revisão dos temas!

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS


Compreensão: análise do que efetivamente está escrito no texto.
Objetividade.
Interpretação: conclusões tomadas com base na conexão entre o que está
escrito no texto e a realidade. Subjetividade.

Aulas da Profª Rafaela Motta disponíveis gratuitamente no Youtube.


Parte I: https://www.youtube.com/watch?v=RY5T63ZMgNE&t=334s
Parte II: https://www.youtube.com/watch?v=L-HKh9FBK2w
Parte III: https://www.youtube.com/watch?v=bbX_jHxnx2M

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Parte IV: https://www.youtube.com/watch?v=cHVs7-b504k
Parte V: https://www.youtube.com/watch?v=zD_Ktgz090Q

RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS


Aqui temos a chamada Tipologia Textual.
Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As tipologias mais
usadas são: narração, descrição, dissertação (ou exposição), argumentação,
informação e injunção.
Não confundir TIPO TEXTUAL com GÊNERO TEXTUAL.
Gênero Textual é o nome que se dá às diferentes formas de linguagem
empregadas nos textos. São exemplos de gêneros textuais: o romance, o
artigo de opinião, o conto e a receita, que são gêneros escritos, ou ainda
textos orais, como a aula, o debate e a palestra.

→ Aulas da Profª Rafaela Motta disponíveis gratuitamente no Youtube.


Parte I: https://www.youtube.com/watch?v=2sc_Dvb5DCM&t=14s
Parte II: https://www.youtube.com/watch?v=QQYebBMHVaM
Parte III: https://www.youtube.com/watch?v=MmhN_Yffb5Q
Parte IV: https://www.youtube.com/watch?v=09T1WKSoCpU
Parte V: https://www.youtube.com/watch?v=kCcEfKIFLWc
→ Tipos Textuais. Prof. Noslen (aula disponibilizada gratuitamente no
Youtube).
Link: https://www.youtube.com/watch?v=ibwf_X3498c

CRITÉRIOS DE TEXTUALIDADE: COERÊNCIA E COESÃO

Coesão textual. Leitura de artigo.


Fonte: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-
portuguesa/coesao-textual

Relação de harmonia entre os elementos textuais

Coesão textual são os mecanismos linguísticos que permitem uma conexão


lógico-semântica entre as partes de um texto. A ligação e harmonia que
possibilitam a amarração de ideias dentro de um texto é feita com o uso de
conjunções, preposições, advérbios ou locuções adverbiais.

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A coesão textual assegura a ligação entre palavras e frases, interligando as
diferentes partes de um texto. Ela pode ser percebida ao se verificar que as
frases e os parágrafos estão entrelaçados no texto, de modo que um
elemento dá sequência ao outro, determinando a transição das ideias
presentes no texto.
A coesão é essencial para garantir que o texto seja harmonioso, que
transmita a mensagem com clareza e que faça sentido para o leitor. Para isso
é necessário empregar elementos de coesão, utilizando
conjunções, pronomes, advérbios, entre outras expressões que têm como
objetivo estabelecer a interligação entre os segmentos do texto.

Elementos que garantem a coesão textual

Para garantir a coesão, o texto deve conter alguns elementos fundamentais.


Esses elementos coesivos permitem que sejam feitas as articulações e
ligações entre as diferentes partes do texto, bem como a sequência de ideias
do mesmo.
Os conectores são os elementos coesivos que fazem a coesão entre as
frases. Eles instituem as relações de dependência e conexão entre os termos.
Esses elementos são formados por conjunções, preposições e advérbios
conectivos.
A correlação dos verbos trata da correta utilização dos tempos verbais a fim
de garantir a coesão temporal ordenando os acontecimentos de maneira
lógica e linear, o que possibilita uma compreensão da sequência dos fatos.

Tipos de coesão textual

Existem os seguintes tipos de coesão textual: coesão referencial, coesão


lexical, coesão por elipse, coesão sequencial e coesão por substituição.

Coesão referencial
Consiste na menção de elementos que já apareceram ou ainda vão aparecer
no texto. Esses elementos são chamados de anáforas (usada para se referir
aos termos já citados no texto) e catáforas (usada para se referir aos termos
que serão citados na sequência do texto).

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Na coesão referencial, os termos conectivos anunciam ou retomam as frases,
sequências e palavras presentes em um texto. Para fazer essas retomadas
geralmente são utilizados pronomes pessoais, pronomes
possessivos, pronomes demonstrativos ou expressões adverbiais de lugar.
A coesão referencial é uma das mais usadas. Esse tipo de coesão evita o uso
de diversas repetições no mesmo texto usando um termo para fazer
referência a outro. Ou seja, é o tipo de coesão que reitera algo que já foi dito
antes, substituindo uma palavra por outra que possui com ela alguma relação
semântica.
Coesão lexical

A coesão lexical ocorre quando um termo é substituído por outro dentro do


texto.

Esse tipo de coesão estabelece uma relação de sinonímia, antonímia,


hiponímia ou hiperonímia.
Por meio de sinônimos, pronomes, heterônimos ou hipônimos, que
estabelecem uma corrente de sentido fazendo remissão às mesmas ideias
por meio de diferentes termos.
Dessa forma, a coesão lexical usa palavras ou expressões análogas para
substituir termos já utilizados e para identificar e nomear elementos textuais
que já forma citados.
Esse tipo de coesão textual é essencial para manutenção da unidade
temática do texto que necessita de uma carga de redundância. A coesão
lexical constrói uma cadeia de sentidos fazendo remissão das mesmas ideias
através diferentes expressões.

Coesão por elipse


Esse tipo de coesão ocorre quando há a omissão de algumas palavras sem
que o entendimento das ideias da oração seja comprometido. Isso quer dizer
que a coesão lexical consiste na supressão de elementos que são facilmente
identificados ou que já tenham sido mencionados no texto.
A omissão dos termos acontece, geralmente, com a substituição por uma
vírgula, que pode ser usada em lugar de um pronome, um verbo, nomes e
frases inteiras.

Coesão por substituição

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Esse tipo de coesão consiste na substituição de uma palavra por outra ou
por uma locução adverbial. Assim como em outros tipos de coesão textual,
ela usa termos que retomam outros que já foram mencionados. A coesão por
substituição emprega palavras e expressões que retomam termos por meio
da anáfora.
A coesão por substituição acontece à medida em que substantivos, verbos,
períodos ou trechos de textos são substituídos por conectivos ou expressões
que resumem ou fazem remissão ao que já foi dito.

Coesão sequencial
Esse tipo de coesão textual faz uso de conjunções, conectivos e expressões
que dão sequência aos assuntos, estabelecendo uma continuidade em
relação ao que já foi dito.
A coesão sequencial usa expressões como: diante do exposto, a partir dessas
considerações, embora, logo, com o fim de, diante desse quadro, em vista
disso, tudo o que foi dito, esse quadro, por conseguinte, caso, entre outras.
Ela dá sequência ao texto por meio das relações semânticas que ligam as
orações.

Recursos utilizados na coesão textual

Para a coesão textual são utilizados alguns recursos essenciais que


contribuem para a harmonia dos elementos textuais. Conheça alguns deles:
• Ordenar as palavras corretamente nos períodos;
• Utilizar corretamente as flexões nominais como a flexão de gênero e
número;
• Fazer uso adequado das flexões verbais como a flexão em número,
pessoa, modo e tempo;
• Usar corretamente as preposições e conjunções.

Outros recursos também são responsáveis pela coesão de um texto, os


principais deles são as palavras de transição. Essas palavras estabelecem
uma inter-relação entre termos, frases, orações e parágrafos.

Palavras de transição
As palavras de transição possuem sentidos diferentes e são compostas
preposições, conjunções, alguns advérbios e locuções adverbiais. Conheça
algumas delas:

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Ex:

- INTRODUÇÃO, COMEÇO (Sentido).


- Inicialmente, primeiramente (começo, introdução), antes de tudo, desde já
(palavras de transição).

Para fixar na mente

Um texto com coesão textual é um texto que tem uma lógica, de forma que
os elementos dele se complementem de forma harmoniosa.

Em outras palavras, esse tipo de mecanismo faz com que as palavras e as


frases de um texto sigam uma ligação, possibilitando a compreensão de todo
o contexto da história.

Coesão e Coerência. Prof. Noslen.


Link: https://www.youtube.com/watch?v=IIU6i3UXyi0&t=7s

Elementos de coesão. Prof. Décio Terror.


Link: https://www.youtube.com/watch?v=FVsyF5oF5yo

Domínio dos mecanismos de coesão textual. Prof. Fábio Mazziotti.


Link: https://www.youtube.com/watch?v=DKeV0lUyVqY

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Acompanhe o nosso material complementar e resolva o simulado!

DIREITO ADMINISTRATIVO. CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS.


CONCEITO
Maria Sylvia Zanella Di Pietro: ramo do direito público que tem por objeto
os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a
administração pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os
bens de que se utiliza para a consecução de seus fins de natureza pública.

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Hely Lopes Meirelles: conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem
os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta,
direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.

FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

LEI – Fonte primária e principal do Direito Administrativo. Contempla desde


a Constituição Federal (art. 37) até os demais atos normativos expedidos,
como, por exemplo, decretos, resoluções e regimentos.

DOUTRINA – São teses de doutrinadores (estudiosos) que influenciam nas


decisões administrativas, como no próprio Direito Administrativo.

JURISPRUDÊNCIA – É a reiteração de julgamentos no mesmo sentido. A


jurisprudência não é seguimento obrigatório. Trata-se, apenas, de orientação
aos demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração. Entretanto, se o
Supremo Tribunal Federal editar súmula vinculante, esta, por determinação
da Constituição, art. 103-A, será obrigatória para toda a Administração
Pública, direta e indireta, de todos os níveis da Federação (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios) e para todo o Poder Judiciário. Por exemplo, a
Súmula Vinculante nº 21: “É inconstitucional a exigência de depósito ou
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo”.

COSTUMES – São condutas reiteradas praticadas pelos agentes públicos


com consciência de obrigatoriedade.

OBSERVAÇÃO: A lei é a fonte primária do Direito Administrativo. Todas as


demais fontes citadas são secundárias, acessórias.

INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO


Para Hely Lopes Meirelles, há três pressupostos que devem ser observados
para a interpretação do Direito Administrativo:
I) Desigualdade jurídica entre a Administração Pública e os administrados:
o interesse da coletividade deve prevalecer quando posto em conflito com
o os interesses individuais dos cidadãos (supremacia do interesse público);
II) Presunção de legitimidade dos atos da administração;
III) Necessidade de poderes discricionários para a Administração atender
ao interesse público.

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REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
Segundo Matheus Carvalho, para que o Direito Administrativo seja analisado
como disciplina, os princípios a ele aplicados são analisados em um conjunto
sistematizado designado regime jurídico-administrativo. Neste sentido,
trata-se de um conjunto de princípios, de direito público, aplicável aos
órgãos e entidades que compõem a Administração Pública e à atuação dos
agentes administrativos em geral. Baseia-se nos princípios da supremacia do
interesse público e da indisponibilidade do interesse público que definem
prerrogativas a serem estipuladas ao Estado e de limitações impostas ao
ente estatal, sempre com a intenção de perseguir e alcançar o interesse da
coletividade.

O CONCEITO DE REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

*Trecho retirado do artigo “O Regime Jurídico Administrativo, de autoria


de Cláudia Mara de Almeida Rabelo Viegas.

Disponível em:

http://ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id
=9093&revista_caderno=4

Na Constituição da República Federativa do Brasil, encontramos um


conjunto de princípios e normas, os quais norteiam a atividade
desempenhada pelos agentes encarregados de zelar pela coisa pública.
Desse modo, conjugando as regras e os princípios que estruturam a
Administração Pública Brasileira, tem-se o regime jurídico administrativo.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro ensina que “a expressão regime jurídico


administrativo é reservada tão-somente para abranger o conjunto de traços,
de conotações que tipificam o Direito Administrativo, colocando a
Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação
jurídico-administrativa. Basicamente pode-se dizer que o regime
administrativo resume-se a duas palavras apenas: prerrogativas e
sujeições”[1].

Marçal Justen Filho tem a seguinte definição: “o regime jurídico de direito


público consiste no conjunto de normas jurídicas que disciplinam o

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desempenho de atividades e de organizações de interesse coletivo,
vinculadas direta ou indiretamente à realização dos direitos fundamentais,
caracterizado pela ausência de disponibilidade e pela vinculação à satisfação
de determinados fins”[2].

Decorre do ensinamento de Celso Antônio Bandeira de Mello que o regime


de direito público resulta da caracterização normativa de determinados
interesses como pertinentes à sociedade e não aos particulares considerados
em sua individuada singularidade. Juridicamente esta caracterização
consiste, no Direito Administrativo, segundo nosso modo de ver, na
atribuição de uma disciplina normativa peculiar que, fundamentalmente se
delineia em função da consagração de dois princípios: a) supremacia do
interesse público sobre o privado; b) indisponibilidade, pela Administração,
dos interesses públicos[3].

Cumpre ressaltar que os dois princípios retro mencionados são considerados


princípios implícitos, entretanto, tem a mesma força jurídica que os
princípios expressos. Ademais são princípios basilares da Administração
Pública constituindo a base de todo o sistema normativo sendo, portanto, de
alta relevância no ordenamento jurídico em geral. Dessa forma, o princípio
da supremacia do interesse público sobre o interesse privado e o princípio
da indisponibilidade do interesse público, informam todo o Direito
Administrativo e constituem, por sua vez, o chamado regime jurídico
administrativo.

Neste sentido Di Pietro expõe que “ao mesmo tempo em que


as prerrogativas colocam a Administração em posição de supremacia
perante o particular, sempre com o objetivo de atingir o benefício da
coletividade, as restrições a que está sujeita limitam a sua atividade a
determinados fins e princípios que, se não observados, implicam desvio de
poder e conseqüente nulidade dos atos da Administração. O conjunto das
prerrogativas e restrições a que está sujeita a Administração e que não se
encontram nas relações entre particulares constitui o regime jurídico
administrativo. Muitas dessas prerrogativas e restrições são expressas sob a
forma de princípios que informam o direito público e, em especial, o Direito
Administrativo”[4].

Imperioso concluir esse tema com as palavras de Raquel de Carvalho que


elucida o seguinte:

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“um Estado, para ser Democrático de Direito, deve encarar a tarefa de
tutelar a primazia do bem comum, tanto na mediação das relações privadas,
quanto no exercício das competências públicas. Os efeitos danosos do
individualismo característico do mundo contemporâneo alastram-se nas
relações privadas e até mesmo no cumprimento dos deveres estatais. É
grave o resultado da falta de consciência de que existe um interesse social
que, em determinadas realidades, pode transcender o particular e que deve
sobre o último prevalecer. Se o século XXI nasceu sob o signo do
individualismo egoísta, cumpre ao jurista estruturar o sistema normativo de
modo a combater as conseqüências desastrosas de tal vício quando atinge
as instituições públicas. O regime jurídico administrativo deve
necessariamente reconhecer que:

a) a supremacia do interesse público primário (pertinente a toda sociedade)


é princípio integrante do regime jurídico administrativo;

b) é possível que haja, em dadas situações, convergência entre interesses


privados e interesse público ou atividade particular protetora do bem
comum, sem qualquer tensão que torne necessário falar-se na primazia do
interesse público;

c) na hipótese de conflito entre interesse publico e interesses privados, a


proteção constitucional à dignidade da pessoa humana e aos direitos
fundamentais não embasa a negativa de predomínio do bem comum, sendo
este o interesse geral a ser tutelado pela Administração, o que não significa
arbítrio ou autoritarismo, mas efetividade do Estado Democrático de Direito;

d) não conduz à negação da primazia do interesse público primário o fato


deste não ser sempre único, claramente identificável e incidente, de modo
exclusivo, em uma dada realidade; o caráter dinâmico e a multiplicidade de
interesses públicos inerentes ao mundo contemporâneo apenas torna
cabível a técnica da ponderação entre os diversos interesses, em face de
cada situação específica, à luz da proporcionalidade”[5].

Concluímos que, o regime jurídico administrativo trava no sentido de


estabelecer, entre o administrador público e seus administrativos, um
tratamento próprio e peculiar diferente daquele travado entre os
particulares. Surge da relação entre administrador público e particulares um
conjunto de direitos (prerrogativas) e deveres (limitação) que a lei confere à

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Administração Pública, tendo em vista que ela atua em busca do bem-estar
coletivo. Ressalta-se que esses direitos e deveres não se estendem aos
particulares, salvo quando lhe for delegado a execução de algum serviço
público, através de concessão ou permissão, por exemplo.

Quando mencionamos que a Administração Pública promove o bem-estar


coletivo, queremos enfatizar que ela tem o dever de buscar o interesse
público. Vale ressaltar que este interesse é pertencente ao povo, sendo,
desse modo, indisponível. Assim cabe a Administração Pública buscar a
primazia do bem comum, sem, no entanto, transferir a terceiros a
administração desse interesse público, pois faz parte da função
administrativa protegê-lo.

Pois bem. Dado o conceito de regime jurídico administrativo, cabe salientar


que, em regra, os doutrinadores enumeram, os princípios da legalidade,
igualdade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, supremacia
do interesse público, razoabilidade, proporcionalidade, motivação e controle
da Administração como integrantes do regime jurídico administrativo. Vale
destacar que a doutrina clássica adota a posição que a legalidade, a
supremacia e a indisponibilidade do interesse público são princípios
fundantes do regime mencionado.

PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

Funções dos princípios:

1) Unidade sistemática: Os princípios conferem unidade e sistematicidade


ao DA. O DA passa a ser estruturado a partir da principiologia que contorna
a disciplina.

2) Fornecem pauta substantiva para ação da Administração Pública: O


exercício da função administrativa busca seu conteúdo na principiologia do
DA.

3) Aperfeiçoam e incrementam o controle da Administração: O poder


exercido pela AP é ilimitado. Os princípios limitam e aperfeiçoam a ação da
AP.

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CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS

Os princípios podem ser GERAIS ou SETORIAIS.

GERAIS x SETORIAIS

GERAIS: Aplicáveis ou de observância obrigatória em todas os campos do


DA, em todas as manifestações da função administrativa. Trata-se do caput
do art. 37 da CRFB/88: LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE,
PUBLICIDADE e EFICIÊNCIA.

SETORIAIS: A diferença reside no fato destes serem aplicáveis em campos


específicos do DA. Ex.: princípio da vinculação ao edital (concursos públicos
e licitações); princípio da modicidade tarifária (concessão de serviços
públicos); razoável duração do processo e contraditório e ampla defesa
(processos administrativos).

CONSTITUCIONAIS X INFRACONSTITUCIONAIS

CONSTITUCIONAIS: Têm como norte o art. 37, CRFB/88, mas não se


restringem a esse artigo. Há outros dispositivos constitucionais que trazem
princípios aplicáveis ao DA (princípio da economicidade, art. 70, CRFB/88).

INFRACONSTITUCIONAIS: Espalhados por toda a legislação referente ao


DA. Atenção ao art. 2º, Lei n.º 9.784/99 (lei do processo administrativo
federal), que consagra uma série de princípios infraconstitucionais.

Art. 2º: A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios


da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre


outros, os critérios de:

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I - atuação conforme a lei e o Direito;

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial


de poderes ou competências, salvo autorização em lei;

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção


pessoal de agentes ou autoridades;

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;

V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de


sigilo previstas na Constituição;

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações,


restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias
ao atendimento do interesse público;

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a


decisão;

VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos


administrados;

IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau


de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados;

X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações


finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de
que possam resultar sanções e nas situações de litígio;

XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as


previstas em lei;

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da


atuação dos interessados;

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XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta
o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa
de nova interpretação.

✓ DICA! O STJ fixou orientação no sentido de que a Lei n.º 9.784/99 se


aplica primariamente à União, mas pode ser aplicada subsidiariamente
e na ausência de leis sobre processo administrativo nos Estados e
Municípios.

EXPRESSOS X IMPLÍCITOS (sobretudo no plano constitucional)

EXPRESSOS: Têm seu norte no art. 37 da CRFB/88.

IMPLÍCITOS: São princípios extraídos pela via interpretativa de outros


dispositivos constitucionais. Ex.: a cláusula do estado democrático de direito
(art. 1º, CRFB/88) é utilizada como fundamento para aplicação do princípio
da proporcionalidade do direito administrativo e do princípio da proteção da
confiança legítima, para garantir coerência e estabilidade no exercício da
função administrativa; do devido processo legal (art. 5º, LIV, CRFB/88)
extrai-se a razoabilidade no exercício da função administrativa; o princípio
da subsidiariedade em matéria de intervenção do Estado no domínio
econômico (art. 173, CRFB/88) é passível de ser extraído do princípio da livre
iniciativa (art. 170, CRFB/88).

Art. 37, caput, CRFB/88

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

Observações iniciais:

Todos os órgãos e entes que compõem um conceito de Administração


Pública devem observar os princípios do caput do art. 37 da Constituição.
Ou seja, a Administração Pública Direta e Indireta e também os três Poderes
devem obediência aos princípios administrativos.

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✓ DICA! Os Poderes exercem de forma típica as funções que lhe dão
nome, mas exercem de forma atípica as funções dos demais Poderes.
Por isso, Poder Judiciário e Poder Legislativo exercem de forma atípica
função administrativa. Ex: Quando o PJ abre concurso para a
Magistratura exerce função administrativa, assim como abre licitação
para executar uma obra; quando o PL abre concurso para a
Procuradoria da Câmara dos Deputados, exerce função administrativa.

Todos os níveis da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios)


devem observar os princípios que regem o exercício da função
administrativa.
PRINCÍPIOS EM ESPÉCIE

1) LEGALIDADE: Expresso (art. 37, caput, CRFB/88). O DA surge da ideia de


submissão do poder ao direito. Traz em sua concepção original a ideia de
vinculação positiva da Administração Pública ao direito, à lei. Segundo a
concepção tradicional, portanto, o exercício da função administrativa
dependeria de prévia autorização em lei. A visão clássica do princípio da
legalidade é a de que a lei predetermina todo o conteúdo da ação
administrativa. A função administrativa seria, em linhas gerais, executar a lei
de ofício. A lei seria uma autorização necessária ao exercício da função
administrativa. A vinculação positiva teria como contraposição a vinculação
negativa à lei.

Vinculação positiva: Aplicada à Administração Pública, ao Poder Executivo.


Assim, a Administração Pública só pode fazer o que a lei autoriza.

Vinculação negativa: Aplicável aos particulares, que podem fazer tudo o que
a lei não proíbe.

Ocorre que a completa submissão da Administração Pública à lei talvez


nunca tenha se realizado na prática, porque é impossível ao legislador definir
previamente toda a atuação da Administração Pública. Assim, surgem os
conceitos de discricionariedade e mérito administrativos, que têm sua base
em conceitos indeterminados.

@CURSOEMDELTA 46
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A visão clássica vem sendo suplantada pela visão contemporânea do
princípio da legalidade. Fala-se na evolução da legalidade administrativa
para um conceito de juridicidade administrativa. Trata-se de uma visão mais
ampla, mais aberta do princípio da legalidade (visão ampla e englobante do
princípio da legalidade). É a necessária vinculação da Administração Pública
não apenas à lei em sentido formal, mas ao ordenamento jurídico como um
todo.

✓ DICA! Juridicidade administrativa: Vinculação da Administração


Pública não apenas à lei, mas também ao direito, ao ordenamento
jurídico como um todo. A AP pode buscar fundamento para sua
atuação diretamente na CRFB/88, ainda que não haja lei em sentido
formal para habilitá-la.

Ex.: Edição da SV 13 (proibição do nepotismo) é decorrência direta da


moralidade administrativa. Assim, a inexistência de lei não seria um
argumento a justificar a não proibição ao nepotismo. RE 579951 (TEMA 66 –
Repercussão Geral): A vedação ao nepotismo não exige a edição de lei
formal para coibir tal prática, dado que essa proibição decorre diretamente
dos princípios contidos no art. 37, caput da CRFB/88. Como consequência,
amplia-se o poder normativo da Administração Pública (poder para editar
atos normativos dotados de generalidade e abstração).

✓ DICA! A jurisprudência do STF tem afastado a incidência da SV 13 nos


casos que envolvem a investidura de cônjuges ou a nomeação de
parentes em cargos públicos de natureza política, como ministro de
Estado ou de secretário estadual ou municipal, desde que não se
configurem hipóteses de fraude à lei ou no caso de ausência evidente
de qualificação técnica ou de idoneidade moral para o desempenho
da função pública.

Todavia, mesmo em caso de cargos políticos, será possível considerar a


nomeação indevida nas hipóteses de:

• nepotismo cruzado;
• fraude à lei e

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• inequívoca falta de razoabilidade da indicação, por manifesta ausência de
qualificação técnica ou por inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª Turma.
Rcl 29033 AgR/RJ, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/9/2019 (Info
952).

SV 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,


colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de
direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão
ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública
direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

✓ DICA! Não haverá nepotismo se a pessoa nomeada possui um parente


no órgão, mas sem influência hierárquica sobre a nomeação. “Não há
nepotismo na nomeação de servidor para ocupar o cargo de assessor
de controle externo do Tribunal de Contas mesmo que seu tio (parente
em linha colateral de 3º grau) já exerça o cargo de assessor-chefe de
gabinete de determinado Conselheiro, especialmente pelo fato de que
o cargo do referido tio não tem qualquer poder legal de nomeação do
sobrinho. A incompatibilidade da prática enunciada na SV 13 com o art.
37 da CF/88 não decorre diretamente da existência de relação de
parentesco entre pessoa designada e agente político ou servidor
público, mas de presunção de que a escolha para ocupar cargo de
direção, chefia ou assessoramento tenha sido direcionado à pessoa
com relação de parentesco com quem tenha potencial de interferir no
processo de seleção. STF. 2ª Turma. Rcl 18564/SP, rel. orig. Min. Gilmar
Mendes, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 23/2/2016 (Info
815).
Ex.²:Possibilidade de edição de decretos por governadores e prefeitos
durante a pandemia COVID-19 (não seria possível aguardar o processo
legislativo tradicional).

✓ DICA! Não há hierarquia entre princípios, mas o princípio da legalidade


precede todos os demais.

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2) IMPESSOALIDADE: Concretização do valor “igualdade” no Direito
Administrativo. É uma especialização da igualdade aplicável no exercício da
função administrativa. A relação com os particulares: tem como objetivo a
finalidade pública, sem promover interesses pessoais.

Há três manifestações específicas do princípio da impessoalidade no Direito


Administrativo. São elas:

a) Vedação de privilégios ou discriminações desproporcionais: Por trás


desta ideia, temos o conceito de que a Administração Pública deve conferir
tratamento isonômico aos particulares em idêntica situação, decidindo com
base em critérios objetivos de escolha. Ex.: licitação, concurso público.

b) Vinculação absoluta do administrador ao interesse público: Também


conhecida por alguns autores como princípio da finalidade. Ideia de que o
administrador público não pode agir para satisfação de interesses pessoais,
mas tão somente em nome do interesse público.

Art. 37, § 1º, CRFB/88: A publicidade dos atos, programas, obras, serviços
e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo
ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos.

Há vedação pessoal do agente político. Não se pode utilizar a publicidade


oficial para promoção própria.

Segundo Hely Lopes Meirelles, o princípio da impessoalidade, referido na


CRFB/1988 (Art. 37, caput), nada mais é que o clássico princípio da
finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para
atingir o objetivo indicado expressa ou virtualmente pela norma de direito,
de forma impessoal.

c) Imputação volitiva: Os atos praticados por agentes públicos são


imputados à pessoa jurídica da qual eles fazem parte. Quem responde
civilmente de forma primária quando um agente público causa dano ao
particular é a pessoa jurídica, podendo ocorrer o direito de regresso.

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Art. 37, § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

3) PUBLICIDADE: Impõe divulgação e exteriorização dos atos estatais.


Transmite ideia de visibilidade e transparência no exercício da função
administrativa, pois o Estado democrático de direito é incompatível com o
sigilo de questões ligadas ao interesse da coletividade. Há diversas
vinculações específicas da publicidade, como, por exemplo, com o princípio
democrático (a sociedade só consegue formar uma opinião sobre os atos
estatais se há transparência na função administrativa). Da mesma forma,
vincula-se ao controle da Administração Pública, pois só uma ação visível e
transparente é passível de controle. É também condição de eficácia de atos,
ou seja, os atos só produzem efeitos, como regra, após sua publicação.

A publicidade não se traduz na mera formalidade (publiquei, defiro ou


publiquei, indefiro). A publicidade plena, substantiva, exige que os
administrados tenham conhecimento do conteúdo dos atos. Ex.: direito de
petição, direito à obtenção de certidões, acesso à informação em sentido
geral.

✓ DICA! Lei n.º 12.527/11 (Lei de Acesso à Informação): Ampliou de


forma significativa o acesso à informação oriunda de órgãos públicos,
trazendo procedimentos, prazos para resposta, restrições ao sigilo e
ao obscurantismo no âmbito do Direito Administrativo.

✓ DICA! MP 928/2020: Suspensa cautelarmente em ADI pelo Min. Marco


Aurélio, pois trazia algumas restrições ao acesso à informação
(principalmente sobre prazos de resposta) durante o período de
calamidade da COVID-19.

✓ DICA! ARE 652.777 (Tema 483-RG): É legítima a publicação, inclusive


em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes
dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e
vantagens pecuniárias.

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4) MOTIVAÇÃO: Princípio implícito decorrente do princípio da publicidade,
traduz-se na explicitação dos fatos e fundamentos jurídicos de uma
determinada decisão ou ato administrativo. Assim, o administrador público
deve embasar sua decisão, levando-a ao conhecimento dos administrados.

MOTIVAÇÃO X MOTIVO

MOTIVO: Corresponde aos fatos e fundamentos. É o que determina a prática


de um ato administrativo, é um elemento do ato administrativo.

Hipótese: O servidor João da Silva foi demitido em razão da prática de uma


conduta X, definida em lei como ensejadora da demissão.

Motivação é levar ao conhecimento do administrado a decisão pela


demissão, é dar visibilidade e transparência aos fatos e fundamentos que
ensejaram a demissão.

Motivo é o fato em si que enseja o ato de demissão de um servidor público,


é uma conduta definida em lei que fundamente a demissão.

✓ DICA! Lei n.º 9.784/99 (Processo Administrativo Federal), art. 2º, p.


único, VII e art. 50: dispositivos que trabalham a lógica de
fundamentação e motivação de atos administrativos.

Lei n.º 9.784/99, art. 2º, p. único: Nos processos administrativos serão
observados, entre outros, os critérios de:

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a


decisão;

P: Quais atos administrativos devem ser motivados?

R: Hoje há um relativo consenso no sentido de que atos administrativos


dotados de conteúdo decisório relevante devem ser motivados, sobretudo
os restritivos de direitos.

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Lei n.º 9.784/99, art. 50: Os atos administrativos deverão ser motivados,
com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou


discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato


administrativo.

Traz rol exemplificativo e didático sobre alguns atos administrativos que


devem ser motivados.

5) EFICIÊNCIA: Expresso no art. 37, caput, mas não constava da redação


original da CRFB/88. Foi incluído pela EC 19/98 (Reforma Administrativa do
Estado). Em linhas gerais, busca a otimização da atuação do administrador
público. Busca a melhor realização possível dos objetivos consagrados pelo
ordenamento jurídico, com os menores ônus. Traz para o Direito
Administrativo pragmatismo, um enfoque no resultado. É relevante que a
ação administrativa esteja orientada à produção de bons resultados (não se
limita a resultados no campo econômico, mas pressupõe resultados em
geral; ao lado do princípio da eficiência temos o princípio da
economicidade).

“A demora excessiva e injustificada da Administração para cumprir


obrigação que a própria Constituição lhe impõe é omissão violadora do
princípio da eficiência, na medida em que denuncia a incapacidade do Poder

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Público em desempenhar, num prazo razoável, as atribuições que lhe foram
conferidas pelo ordenamento (nesse sentido, o comando do art. 5º, LXXVIII,
da CF). Fere, também, a moralidade administrativa, por colocar em xeque a
legítima confiança que o cidadão comum deposita, e deve depositar, na
Administração.” (STJ, MS Nº 19.132 – DF (2012/0188951-7)

6) ECONOMICIDADE: Vetor financeiro do princípio da eficiência. Ao lado do


princípio da eficiência temos o princípio da economicidade, que traz a lógica
de custo-benefício e tem muita ligação com a atuação dos Tribunais de
Contas. Tem grande importância no campo das contratações públicas.

Art. 70, CRFB/88: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,


operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta
e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de
cada Poder.

7) MORALIDADE: Envolve a atuação ética no exercício de cargo ou função


pública. Traz a função de bom administrador público e revela a atuação
segundo parâmetros de probidade, decoro e boa-fé. Prevista expressamente
no art. 37, caput da CRFB/88 e, também, na Lei n.º 9.784/99, art. 2º, p. único,
IV.

Improbidade é mais amplo que imoralidade. Vejamos.

Art. 37, § 4º, CRFB/88: Os atos de improbidade administrativa importarão


a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Traz as possíveis consequências punitivas na esfera administrativa caso haja


a prática de atos de improbidade, sem prejuízo da ação penal cabível.
Todavia, não caracteriza de antemão quais são os atos que são passíveis de

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enquadramento como atos de improbidade (estes, definidos na Lei n.º
8.429/92).

✓ DICA! Os principais atos de improbidade trazidos na Lei n.º 8.429/92


estão previstos nos artigos 9º, 10 e 11 e tratam sobre enriquecimento
ilícito, dano ao erário e violação a princípios.

P: Quais atos caracterizam improbidade administrativa?

Nem todo desvio do administrador público deve ser caracterizado como


improbidade, havendo diferentes níveis e esferas de responsabilização. A
improbidade administrativa deve se ater aos casos que contêm graves
desvios do administrado.

Assim, o STJ tem se posicionado de forma mais contundente, demandando


a necessidade do elemento subjetivo: dolo ou culpa grave, a depender do
caso.

Nos termos da Lei n.º 8.429/92, há um quarto tipo de ato que caracteriza a
improbidade administrativa, mas é algo muito ligado ao INSS. Por ora,
falaremos sobre os três seguintes:

a) Enriquecimento ilícito (art. 9º): Conforme a jurisprudência do STJ, exige-


se dolo, que não necessariamente gera prejuízo ao erário, bastando o
recebimento da vantagem indevida.
b) Dano ao erário (art. 10): O STJ exige dolo ou culpa grave. O agente pode
causar dano ao erário sem que tenha recebido vantagem indevida.
c) Violação a princípios (art. 11): É considerada de forma subsidiária, nos
casos em que não se caracterizar enriquecimento ilícito ou dano ao erário. O
STJ também exige o dolo.

Então:

Enriquecimento ilícito DOLO


Dano ao erário DOLO ou CULPA GRAVE
Violação a princípios DOLO

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E quais são as SANÇÕES?

Previstas na Lei n.º 8.429/92, art.12:

Suspensão de direitos políticos


Perda da função pública
Indisponibilidade de bens
Ressarcimento ao erário

Agentes políticos podem responder por improbidade e por crime de


responsabilidade.

✓ DICA! RE 803927, Rel. Min. Celso de Mello. O STF assentou a


possiblidade de dupla responsabilização dos agentes políticos, tanto
por improbidade quanto por crime de responsabilidade.

7) CONTINUIDADE: Como a atividade administrativa está absolutamente


vinculada ao interesse público, deve ser regular, contínua e ininterrupta. A
exigência de regularidade na prestação de serviços públicos exige que a
Administração Pública promova um devido aparelhamento para a garantia
de direitos e realização de interesses constitucionalmente previstos.

P: O princípio da continuidade do serviço público exige que toda atividade


administrativa funcione 7 dias por semana e 24 horas por dia?

R: Não. Há níveis de essencialidade da função administrativa. O que o


princípio da continuidade exige é que a atividade esteja disponível ao
administrado, que haja uma constância e uma regularidade. Há alguns temas,
entretanto, que são ininterruptos, pois são essenciais (saúde, segurança
pública).

Algumas incidências específicas do princípio da continuidade em nosso


ordenamento jurídico:

a) Interrupção do pagamento em caso de inadimplemento do usuário:


Previsto no art. 6º, § 3º da Lei n.º 8.987/95 (Lei Geral de Concessões e
Permissões de Serviços Públicos).

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§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção
em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das


instalações; e,

II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da


coletividade.
Assim, critérios técnicos e relativos à segurança das instalações podem
ensejar a interrupção da prestação de serviço, bem como o inadimplemento
do usuário.

✓ DICA! O STJ fixou orientação no sentido de que não é inconstitucional


o corte do serviço em razão da falta de pagamento. A regra é a de que
a falta de pagamento pode determinar a paralisação do serviço, mas
em determinadas situações, à luz de circunstâncias do caso concreto
e sobretudo quando estiverem em jogo direitos fundamentais, a
paralisação pode não ocorrer. Ex.: indivíduo tem home care ou está em
quarentena por força da COVID-19. O ônus da demonstração do
ferimento à dignidade humana é do administrado.

E o que significa a parte final do inciso II (“interesse da coletividade”)? E


quando o poder público for o usuário? Ex.: O Estado de Minas Gerais não
está pagando as contas de energia de escolas. Deve ser verificado o caso
concreto, ou seja, caso seja colocado em risco o interesse da coletividade,
não pode haver o corte. O ônus de comprovação é do poder público (caso
administrativamente não seja resolvido, deve-se judicializar a questão).

b) Restrição ao exercício do direito de greve por servidores públicos: O


STF em mandados de injunção assentou o entendimento de que pode ser
aplicada analogicamente a Lei de Greve nos serviços essenciais, mas não é
em todo e qualquer caso. Também o STF já decidiu que carreiras ligadas à
segurança pública e agentes armados do Estado em qualquer nível não
podem fazer greve. Da mesma forma, funções essenciais à Justiça.

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Se a greve for legal, o STF já afirmou que é possível o não pagamento por
dias não trabalhados, desde que a Administração Pública não tenha dado
causa de forma arbitrária à situação (Ex.: Atraso de pagamento).

“Extinto o contrato de concessão por decurso do prazo de vigência, cabe ao


Poder Público a retomada imediata da prestação do serviço, até a realização
de nova licitação, a fim de assegurar a plena observância do princípio da
continuidade do serviço público, não estando condicionado o termo final do
contrato ao pagamento prévio de eventual indenização, que deve ser
pleiteada nas vias ordinárias.” (AgRg no REsp 1139802/SC, Rel. Ministro
HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 12/04/2011, DJe
25/04/2011)

8) RAZOABILIDADE: Para Matheus Carvalho, o agente não pode se valer do


cargo ou função, com a falsa intenção de cumprir a lei para agir de forma
ilegal e arbitrária, fora dos padrões éticos e adequados ao senso comum. O
princípio representa um limite para a discricionariedade do administrador.

Ainda segundo o autor, todas as vezes que o mérito administrativo extrapola


os limites da lei, seja por atuação que afronta expresso dispositivo legal, seja
pela violação ao princípio da razoabilidade, compete ao judiciário, desde que
provocado, sanar o vício da conduta estatal, determinando a anulação do ato
ilícito.

9) PROPORCIONALIDADE: equilíbrio entre o ato e os fins alcançados pela


Administração Pública.

Indicação de aula em vídeo:

Princípios do Direito Administrativo. Prof. Rafael Oliveira.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=ZEHQIOFtMGQ

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

O tema da organização administrativa é fundamental para a nossa prova e


para o estudo do Direito Administrativo. Assim, orientamos que realize a

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leitura do assunto pela doutrina de sua preferência, bem como acompanhe
o nosso material e resolva as questões do simulado!

Segundo Matheus Carvalho, o estudo da organização administrativa


corresponde à definição e conhecimento acerca das pessoas, entes e órgãos
que compõem o aparelho administrativo do Estado, no desempenho da
atividade administrativa, sendo realizada, primordialmente, por meio de leis
ou decretos/atos normativos.

A prestação de serviços públicos pode ser realizada, ainda segundo o autor,


diretamente pelos entes federativos ou, em determinadas situações, podem
ser transferidas a particulares ou entidades especializadas criadas no âmbito
da própria Administração Pública, responsáveis pela execução destas
atividades na busca do interesse público.

Quando são realizadas diretamente pelos entes políticos, temos a prestação


centralizada. Neste caso, União, Estados, Distrito Federal e Municípios
executam diretamente as atividades, por meio de seus órgãos e agentes. São
os entes da chamada Administração Direta.

No entanto, até mesmo pela especialização, determinadas atividades serão


transferidas a particulares, por meio de contratos de concessão ou
permissão de serviço público, ou a pessoas jurídicas criadas pela própria
Administração. Neste último caso, são os chamados entes da Administração
Indireta, que se dividem em autarquias, empresas públicas, fundações
públicas e sociedades de economia mista.

Neste contexto, é importante a diferenciação entre a descentralização e a


desconcentração.

Descentralização x Desconcentração.
DESCENTRALIZAÇÃO DESCONCENTRAÇÃO
Realizada entre pessoas jurídicas Distribuição interna de
diversas, não havendo competências, entre órgãos e
manifestação do poder agentes de uma mesma pessoa
hierárquico. jurídica.
Está fundada na hierarquia.

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SENTIDOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Sentido subjetivo: órgãos e entidades que integram a estrutura da
Administração Pública e que desempenham concretamente a função
administrativa. Administração Pública com letras maiúsculas. Alcança a
Administração Direta e a Administração Indireta.
Administração Direta (art. 18, CF): entes federativos e os seus respectivos
órgãos de atuação que desempenham, de forma centralizada, a função
administrativa.
Administração Indireta (Art. 37, XIX, CF): entidades dotadas de
personalidade jurídica própria que desempenham, de forma descentralizada,
função administrativa. Embora vinculadas ao ente federativo, tais entidades
possuem autonomia e desempenham função administrativa de forma
descentralizada.

Sentido objetivo: a atividade administrativa propriamente dita.


Administração pública em letras minúsculas. Também se divide em duas
categorias:
a) Atividades internas (interesse público secundário): atividades
instrumentais, como gestão de bens, de pessoas, de finanças públicas.
b) Atividades externas (interesse público primário): justificam a própria
existência do Estado. Ex: prestação de serviço público, exercício do poder
de polícia etc.

TÉCNICAS DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA (forma com a qual a


função administrativa será desempenhada)
Há, basicamente, três técnicas:
a) Centralização: há o exercício da atividade administrativa de forma direta
pelo ente federativo, por seus órgãos e agentes.
b) Desconcentração: distribuição de atividades no interior de uma mesma
pessoa jurídica. Mera distribuição interna de atribuições. É técnica de criação
de órgãos públicos (que não possuem personalidade jurídica própria). Há
uma relação de hierarquia.
c) Descentralização: exercício de atividade administrativa por pessoa
jurídica dotada de personalidade jurídica própria e diversa do ente político.
Diretamente ligada ao conceito de Administração Pública Indireta (Art. 37,
XIX, CF). Transferência de uma atividade que estava ligada ao ente político

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para uma entidade dotada de personalidade jurídica própria (há uma relação
de vinculação entre o ente federativo e a entidade descentralizada, e não de
hierarquia).

INFORMÁTICA
→ Leitura de artigo de vírus, worms e pragas virtuais. Fonte:
REVISTABW. Informática: Noções de vírus, worms e pragas virtuais.Revista
Brasileira de Web: Tecnologia.
Disponível em http://www.revistabw.com.br/revistabw/informatica-pragas-
virtuais/.

Pragas virtuais
Conjunto de programas que podem causar efeitos não-desejados (como
corrupção de dados, inoperabilidade de sistema, etc) em um sistema
computacional.
Ainda que, em alguns casos, estes efeitos possam ser provocados por
programas mal escritos, na maioria dos casos as pragas virtuais possuem
uma origem intencional.
Neste caso chamamos de malware (malicious e software) a um software
que busca causar um efeito ilícito sobre um sistema.

Os motivos pelos quais pragas virtuais podem ser criadas e propagadas são
diversos: podem englobar desde pessoas que estão interessadas em praticar
os seus conhecimentos de programação, passando por criminosos que
desejam obter dados ou corromper sistemas para fins ilícitos ou mesmo
pessoas que querem prejudicar alguma pessoa ou uma organização. Com o
surgimento da Web, é relativamente fácil a um usuário comum, sem
conhecimentos de programação, utilizar uma praga virtual de forma
intencional ou mesmo ser um vetor de contaminação não-intencional.

Como minimizar os efeitos de uma praga virtual

Em geral, as recomendações essenciais para evitar as pragas virtuais


incluem:

▪ a utilização de um bom antivírus;


▪ utilização de um bom anti-spam;

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▪ utilização de um bom anti-spyware;
▪ utilização de softwares originais;
▪ atualização constante do sistema operacional e softwares instalados;
▪ evitar baixar ou executar programas, anexos de e-mails, etc de
desconhecidos;
▪ evitar clicar em links desconhecidos;
▪ utilizar um sistema de busca inteligente (como o Google) antes de
acessar uma determinada página;
▪ sempre fazer backup dos seus arquivos;
▪ manter as configurações de segurança do seu computador no maior
nível possível.

Vírus de computador

Malware cujo objetivo é executar a função para a qual foi criado (p.ex.
apagar um determinado tipo de arquivo) e também fazer cópias de si
mesmo.

Os vírus de computador podem anexar-se a quase todos os tipos de arquivo


e espalhar-se com arquivos copiados e enviados de usuário para usuário. Em
geral, para ocorrer este espalhamento, é necessário a colaboração por parte
do usuário que será infectado: a maior parte das contaminações ocorre pela
execução de arquivos infectados (anexos de e-mails; links enviados
por redes sociais ou mensagens instantâneas; execução de arquivos
contaminados em disquetes, CDs, cartões de memória e pendrives; ou pela
entrada em sites maliciosos - onde arquivos são baixados sem a percepção
do usuário).

A recomendação para evitar e eliminar a praga é a utilização de um bom


antivírus atualizado. Recomenda-se que seja efetuada uma varredura diária
no computador para detecção de pragas e uma varredura em todos os
dispositivos que forem utilizados no computador (como pendrive e afins).

Cavalo de Tróia (Trojan)

Tipo de malware, que normalmente não se replica (i.e. não faz cópias de si
mesmo), e que infecta um equipamento computacional com a intenção de
permitir o acesso remoto de forma camuflada por parte de um invasor.

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A infecção ocorre, em geral, pela camuflagem do trojan que se passa por
outro programa ou arquivo, enganando ao usuário que instala
o malware acreditando ser um programa qualquer.

Em geral, o trojan não efetuará estragos no sistema, porém oferece a um


invasor uma porta de acesso ao computador sempre que necessário. Esta
porta pode servir tanto para acessar dados do computador como para
controlá-lo para uso em ataques virtuais.

A recomendação é a não-instalação de nenhum programa ou arquivo de


fonte desconhecida e a verificação de qualquer arquivo/aplicação a ser
instalada por um anti-vírus.

Sequestro de Browser (Browser Hijacking)

Programas que obtém o controle de navegadores Web para realizar ações


sem permissão do usuário como alterar cores e layout do navegador, a
página inicial, exibir propagandas, instalar barras de ferramentas e impedir
o acesso a determinados sites.

A contaminação ocorre pela ação de outro malware (como vírus): o principal


meio de propagação é instalação de ferramentas e barras para navegadores
e entrada em sites maliciosos. Em geral, é possível retornar às
configurações iniciais do navegador ou utilizar um anti-vírus ou um anti-
spyware para eliminar a praga.

Keylogger (Registrador de teclado)

Programas que têm como objetivo capturar tudo o que é digitado pelo
usuário.

O keylogger oculta-se no sistema, não realiza estragos, mas registra os


dados que podem ficar armazenados no computador (para acesso posterior)
ou ser enviados via Internet. A utilização pode variar entre criminosos
tentando obter senhas de e-mail ou dados bancários, empresas que
monitoram seus funcionários, rastreamento pela polícia, pais que desejam
vigiar seus filhos, etc.

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A contaminação pode ocorrer pela instalação intencional por parte do
invasor ou pela execução de um programa/arquivo contaminado (via e-
mail, link, de mídia contaminada ou de site malicioso). Em geral, a varredura
com um anti-vírus é o suficiente para detectar e eliminar o keylogger.

Ransomware

Malware que tem como intuito extorquir aquele que teve o equipamento
computacional infectado.

O programa bloqueia ou limita o acesso a arquivos, pastas, aplicativos,


unidades de armazenamento ou mesmo o sistema operacional, exibindo
mensagens que solicitam pagamento. As mensagens podem conter ameaças
e chantagens dizendo que arquivos serão apagados ou que imagens
particulares serão publicadas na Internet. Em alguns casos, podem ser
exibidas mensagens dizendo ser do governo ou da polícia e que o
computador possui material ilegal.

A infecção ocorre pela execução de arquivo infectado, em especial, anexos


e links mal-intencionados, ou mesmo, visita a sites maliciosos.

Em qualquer caso, não se deve ceder à chantagem. Para eliminar a praga,


tente executar o anti-vírus. Nos casos em que não é possível, deve-se
restaurar o sistema a um ponto anterior ou reinstalar o sistema operacional
caso possua backup.

Rootkit

Software, muitas vezes malicioso, cujo objetivo é esconder a existência de


certos processos ou programas de detecção por antivírus ou outros
softwares de segurança.

Em geral, quando é feita uma requisição a um determinado processo ou


programa, o rootkit filtra a requisição de modo a permitir a leitura apenas de
informação conveniente. É uma praga relativamente mais rara pois demanda
conhecimentos complexos de programação.

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Em geral, a eliminação manual de rootkits é difícil para um usuário típico de
computador, mas a maior parte dos antivírus consegue detectar e
eliminar rootkits. Porém, em alguns casos, os rootkits são
de difícil eliminação, restando a opção de reinstalação do sistema
operacional.

Spyware

Malware que espiona as atividades dos usuários ou capturam informações


sobre eles.

A contaminação ocorre, em geral, através de softwares de procedência


duvidosa e em sites maliciosos nos quais os spywares estão embutidos. As
informações capturadas pelo spyware podem variar desde hábitos de
navegação na Web até senhas utilizadas, que são transmitidas via Internet
para os interessados. Em geral, bons antivírus eliminam a ameaça, porém é
recomendada também a utilização de um tipo especial de software chamado
de antispyware, que é focado em eliminar este tipo de praga.

Verme (Worm)

Programas semelhantes aos vírus, sendo auto replicantes (criam cópias de


si mesmos), mas sem precisarem estar anexados em uma aplicação
existente.

Em geral, propagam-se através de redes de computadores utilizando


vulnerabilidades em sistemas operacionais. Enquanto vírus geralmente
atacam um computador-alvo, os worms também causam danos a rede em
que se propagam. Desta forma, a proteção contra worms se dá através da
utilização da versão mais atualizada do sistema operacional e de um
adequado anti-vírus que possa ser utilizado em uma rede de computadores.

→Aula de vírus, worms e derivados do Prof. Erico Araújo, disponível


gratuitamente no Youtube.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=bJAe0OAfsJI

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→ Diferenças entre antivírus, firewall e antispyware.

Disponível em:

https://seguranca.uol.com.br/antivirus/dicas/curiosidades/diferencas-
antivirus-antispyware-firewall.html#rmcl
Antivírus podem ser pagos ou gratuitos
Os antivírus são programas de computador concebidos para prevenir,
detectar e eliminar vírus de computador.Existe uma grande variedade de
produtos com esse intuito no mercado, e a diferença entre eles está nos
métodos de detecção, no preço e nas funcionalidades.Para o usuário
doméstico, existe a opção de utilizar um antivírus gratuito ou um pago. A
diferença está nas camadas a mais de proteção que a versão paga oferece,
além do suporte técnico realizado por equipe especializada.
Antispywares eliminam adwares também

Um antispyware é um software de segurança que tem o objetivo de detectar


e remover adwares e spywares. A principal diferença de um antispyware de
um antivírus é a classe de programas que eles removem. Adwares e spywares
são consideradas áreas “cinza”, pois nem sempre é fácil determinar o que é
um adware e um spyware. Muitos antivírus já incorporam detecção de
spyware e adware, mas um antispyware específico ainda faz parte da
programação de segurança da maioria dos usuários.

Firewall controla tráfego da rede

Firewall em português é o mesmo que parede corta-fogo, um tipo de parede,


utilizada principalmente em prédios, e que contém o fogo em casos de
incêndio. O firewall da informática faz jus ao nome, funcionando de maneira
análoga ao mecanismo de contenção de fogo. Ao invés de barrar o avanço
deste, age interceptando e impedindo a difusão de conexões não
autorizadas e/ou nocivas em uma rede.

Um firewall trabalha controlando o tráfego em uma rede, usando para isso


um conjunto de regras. Ele determina qual o conteúdo poderá trafegar pela
rede, bem como as conexões que serão aceitas ou negadas. Se, por exemplo,
um hacker tentar acessar a rede, ou até mesmo um único computador ligado

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à internet, e há um firewall configurado adequadamente, o acesso dele será
interceptado e bloqueado. O mesmo vale para os worms, pragas que utilizam
a rede para se disseminarem.

Os firewalls podem se apresentar sob duas formas: software e hardware. A


primeira, mais comum, são programas que o usuário instala na máquina para
realizar o controle das conexões, tanto as que entram, como as que saem. Já
sob a forma de hardware, temos equipamentos específicos que reforçam a
segurança de uma rede. Esses geralmente são empregados em redes de
grande porte, principalmente em empresas que necessitam de mais
segurança a suas máquinas, uma vez que são equipamentos nem um pouco
baratos. Embora utilizar os dois tipos seja o ideal para reforçar a segurança
de uma rede, dispor de um bom software e navegar com cautela pela internet
são medidas triviais que ajudarão, e muito, a impedir que o computador —
ou rede — seja invadido por um hacker.

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Os assuntos iniciais de Direito Constitucional são bastante teóricos e
doutrinários. Apesar do material complementar ser bastante rico, nós
recomendamos que você realize a leitura dos temas pela doutrina!

Indicações bibliográficas: Bernardo Gonçalves Fernandes e Pedro Lenza.

CONCEITO
O conceito de Constituição é enfrentado pela doutrina diante de vários
sentidos e concepções.

Sentido sociológico (de Ferdinand Lassale):


Para Lassale, a Constituição é a somatória dos fatores reais do poder dentro
de uma sociedade. Só seria legítima se representasse o efetivo poder social,
refletindo as forças sociais que constituem o poder. Seria ilegítima se isso
não ocorresse, sendo uma simples “folha de papel”.

Sentido político (de Carl Schmitt):


Neste sentido, a Constituição tem conceito diferente de lei constitucional. A
Constituição é a decisão política fundamental (estrutura e órgãos do Estado,
direitos individuais, vida democrática, etc.) e as leis constitucionais seriam as

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demais disposições normativas inseridas no texto do documento
constitucional que, por sua vez, não possuem matéria de decisão política
fundamental. Assim, segundo Pedro Lenza, Schmitt conceitua a Constituição
como produto de certa decisão política, tomada pelo titular do poder
constituinte.

Sentido material e formal:


Material: independentemente da forma com que a norma foi introduzida no
ordenamento jurídico, o que importará é o seu conteúdo constitucional.
Assim, constitucional será aquela norma que estabeleça regras estruturais da
sociedade e de suas disposições fundamentais (órgãos, formas de governo,
etc.). É o que Carl Schmitt, no sentido político, chamou de Constituição.
Formal: não importa o conteúdo da norma, e sim a forma com que foi
introduzida no ordenamento jurídico. Assim, as normas constitucionais
seriam aquelas introduzidas pelo poder constituinte, soberano, por um
processo legislativo mais rígido.

Com relação aos sentidos material e formal, a doutrina ensina que o Brasil
adota um critério misto, uma vez que admite a incorporação de tratados
internacionais de direitos humanos como emendas constitucionais (art. 5º,
§3º da CF).

Sentido jurídico (Hans Kelsen):


Para Kelsen, a Constituição é fruto da vontade racional do homem, e não das
leis naturais. É considerada norma pura, puro dever-ser, sem qualquer
pretensão a fundamentação sociológica, política ou filosófica.
A palavra Constituição, para Kelsen, possui dois sentidos:
Lógico-jurídico, caracterizando-se como norma fundamental hipotética,
com a função de servir de fundamento de validade da Constituição jurídico-
positiva, que é a norma positiva suprema (conjunto de normas que regula a
criação de outras normas).
Para Kelsen, há um escalonamento de normas, uma verticalização
hierárquica, onde uma norma serve como fundamento de validade de outra.
Pedro Lenza, explicando a teoria de Kelsen, afirma que uma norma, de
hierarquia inferior, busca o seu fundamento de validade na norma superior e
esta, na seguinte, até chegar à Constituição, que é o fundamento de validade
de todo o sistema infraconstitucional. A Constituição, por sua vez, tem

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fundamento de validade na norma hipotética fundamental, situada no plano
lógico, e não no jurídico.
Segue ilustração da teoria com a tão conhecida Pirâmide de Kelsen, que
estabelece o escalonamento e verticalização das normas, onde uma norma
serve como fundamento de validade de outra:

Fonte:http://missaodiplomatica.blogspot.com.br/2014/04/normas-
juridicas-e-ordenamento-juridico.html

Sentido culturalista:
Segundo J. H. Medeiros, as Constituições positivas são um conjunto de
normas fundamentais, condicionadas pela Cultura total, e ao mesmo tempo
condicionantes desta, emanadas da vontade existencial da unidade política,
e reguladoras da existência, estrutura e fins do Estado e do modo de
exercício e limites do poder político.

CLASSIFICAÇÃO
As classificações abaixo expostas são as costumeiramente presentes nos
manuais de Direito Constitucional e nos concursos públicos.

I) Quanto à origem:
a) Outorgadas: são as Constituições impostas, de maneira unilateral, pelo
agente revolucionário, que não recebeu do povo a legitimidade para em
nome dele atuar. Ex: Constituições Brasileiras de 1824, 1937 e 1967 (apesar

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de formalmente votada, aprovada e promulgada, a doutrina considera que
foi outorgada unilateralmente pelo regime ditatorial).

b) Promulgadas (democráticas, votadas ou populares): é aquela oriunda de


uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita pelo povo, para em seu nome
atuar. Ex: Constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988.
c) Cesaristas (bonapartistas): são elaboradas unilateralmente, mas
submetem-se à ratificação por meio de referendo ou por plebiscito. Não são
nem promulgadas (democráticas) nem outorgadas. A participação popular
visa apenas ratificar a vontade do detentor do poder. Ex: plebiscito de
Pinochet (Chile).

d) Pactuadas: surge de um acordo (pacto) entre uma realeza decadente, de


um lado, e uma burguesia em ascensão, de outro. Exprime um compromisso
instável de duas forças políticas rivais.

II) Quanto à forma:


a) Escritas (instrumentais): formada por um conjunto de regras
sistematizadas e organizadas em um único documento, prevendo as normas
fundamentais de um Estado. Ex: Constituição brasileira de 1988.

b) Costumeiras (não escritas ou consuetudinárias): as regras não estão


presentes em um único texto codificado. É baseada nos usos, costumes,
jurisprudência e em textos esparsos. Ex: Constituição inglesa.

III) Quanto à extensão:


a) Sintéticas (concisas, breves, sumárias, sucintas, básicas): são as
Constituições compostas apenas dos princípios estruturais e fundamentais.
Por tal característica, são duradouras e resultam numa maior estabilidade do
arcabouço constitucional. Ex: Constituição americana.

b) Analíticas (amplas, extensas, largas, prolixas, longas, desenvolvidas,


volumosas, inchadas): são aquelas que descrevem, em minúcias, vários
aspectos relacionados aos anseios do povo. São volumosas, inchadas. Ex:
Constituição brasileira de 1988.

IV) Quanto ao conteúdo:

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a) Sentido formal: leva-se em conta apenas o modo de elaboração da norma.
Se ela passou por um processo mais solene, mais dificultoso de formação
(constituição rígida), será formalmente constitucional, não importando de
que matéria venha a tratar. Qualquer regra nela contida terá caráter
constitucional.

b) Sentido material: será aquele texto que contiver as normas fundamentais


e estruturais do Estado, a organização de seus órgãos, os direitos e garantias
fundamentais, pouco importando como a norma foi introduzida no
ordenamento jurídico.
Com relação aos sentidos material e formal, a Constituição Brasileira sempre
foi classificada pela doutrina como formal. No entanto, o entendimento mais
moderno ensina que o Brasil adota um critério misto, uma vez que admite a
incorporação de tratados internacionais de direitos humanos como emendas
constitucionais (art. 5º, §3º da CF).

V) Quanto ao modo de elaboração:


a) Dogmáticas: elaboradas em um momento determinado, sempre escritas,
refletindo os valores (dogmas) da época. Ex: Constituição brasileira de 1988.

b) Históricas: provenientes de um lento e contínuo processo de formação,


reunindo a história e as tradições de um povo. Aproximam-se das
costumeiras (ex: Constituição inglesa).

VI) Quanto à alterabilidade:


a) Rígidas: são as Constituições que exigem, para a sua alteração, um
processo legislativo mais rígido, mais dificultoso, mais solene que o processo
de alteração das normas não constitucionais. Ex: Constituição brasileira de
1988 (art. 60).

b) Flexíveis: a dificuldade para alteração de uma norma constitucional é a


mesma da norma não constitucional.

c) Semirrígidas: algumas matérias exigem um processo de alteração mais


dificultoso que das normas infraconstitucionais, outras não. Ex; Constituição
Imperial de 1824.

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d) Imutáveis: seriam aquelas Constituições inalteráveis e que se pretendem
eternas. Também denominadas de permanentes, graníticas ou intocáveis.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE CONSTITUIÇÃO GARANTIA, CONSTITUIÇÃO


BALANÇO E CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE?

Denomina-se constituição garantia aquela que visa assegurar as liberdades


individuais e coletivas, limitando o poder do Estado. É um tipo clássico
de constituição, pois protege aqueles direitos surgidos na primeira geração
ou dimensão de direitos fundamentais, podendo-se destacar: a Magna Carta
de 1215, a Constituição Norte Americana de 1787 e a francesa de 1791, que
teve como preâmbulo a Declaração Universal do Direito do Homem e do
Cidadão, de 1789.

Constituição balanço é a nomenclatura utilizada para a constituição que


descreve e registra a organização política estabelecida (Lenza, 2009).
Recebe este nome pois registra um estágio das relações de poder e,
conforme estas relações se modificam ou evoluem, efetua-se um balanço,
uma análise da nova situação política para então, com fundamento nesta
avaliação, adotar uma nova constituição adaptada à nova realidade. Este
tipo de Carta Magna foi adotado pelos países europeus enquanto
socialistas.

A constituição dirigente é a que estabelece um plano de direção


objetivando uma evolução política. Traça diretrizes para a utilização do
poder e progresso social, econômico e política a serem seguidas pelos
órgãos estatais. Possui normas programáticas que, via de regra, quando não
cumpridas ensejam a inconstitucionalidade por omissão.

Podemos afirmar que a nossa Constituição Federal é uma constituição


garantia, pois prevê diversas normas garantidoras de direitos individuais e
coletivos e também dirigente , visto que possui normas programáticas e
estabelece diretrizes a serem cumpridas pelo Poder Público visando a
evolução política.

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Fonte: https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2242758/qual-a-diferenca-
entre-constituicao-garantia-constituicao-balanco-e-constituicao-dirigente-
caroline-silva-lima

TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Faz-se necessário diferenciar os direitos fundamentais dos direitos humanos.


Os direitos fundamentais são direitos positivados na CF/88. São normas
exigíveis no plano interno. Já os direitos humanos estão previstos em
tratados e convenções de direito internacional. São normas exigíveis no
plano externo. Em resumo, o conteúdo é semelhante, a diferença está no
local da positivação.

Assim:
DIREITOS FUNDAMENTAIS = plano interno, positivados na CF/88.
DIREITOS HUMANOS = plano externo, previstos em tratados e convenções
de direito internacional.

Quanto aos direitos e garantias, também é possível estabelecer diferença


entre eles. Enquanto os direitos constituem normas declaratórias, as
garantias são normas assecuratórias do cumprimento desses direitos. São
exemplos os remédios administrativos (art. 5°, XXXIV da CF - direito de
petição e direito de certidões) e os remédios constitucionais judiciais (HC,
HD, MS, MI, AP).

Assim:
DIREITOS = normas declaratórias.
GARANTIAS = normas assecuratórias do cumprimento dos direitos.

Eficácia dos Direitos Fundamentais (DF)


Eficácia Vertical: consiste na relação existente entre o Estado e o particular,
ou seja, é a aplicabilidade dos DF como proteções para o cidadão contra as
ingerências do Estado.

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Eficácia Horizontal: demonstra a relação entre os particulares, é a
aplicabilidade dos direitos fundamentais em relações privadas, em relações
entre particulares. Exemplo da jurisprudência: exclusão de um membro de
uma cooperativa (relação entre particulares) deve ser feita garantindo a ele
direito ao contraditório e a ampla defesa.

Eficácia Diagonal: dispõe sobre as relações privadas de trabalho e consumo.


Essa relação de direito privado tem um desequilíbrio, pois uma das partes
(consumidor, empregado) da relação está em uma situação de
hipossuficiência em relação à outra parte (fornecedor, empregador).

Quais são os destinatários dos Direitos Fundamentais?


São todas as pessoas, nacionais ou estrangeiras.
O art. 5°, caput, CF prevê que todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade.
Neste artigo, a Constituição Federal faz uma distinção entre o estrangeiro
residente e o estrangeiro não residente no Brasil. No entanto, o STF decidiu
que não se pode restringir o acesso aos DF tendo como critério a
procedência nacional do indivíduo, devendo ocorrer, assim, uma
interpretação extensiva do artigo para incluir também os estrangeiros não
residentes no Brasil.
Ex: John, cidadão inglês, em visita ao Brasil, foi preso erroneamente.
Considerando que sua prisão é ilegal e sendo John um estrangeiro não
residente no Brasil, poderá ele impetrar um HC?
SIM. Estrangeiro pode impetrar HC, ainda que não for residente no Brasil e
aqui estiver de forma clandestina! Repetindo: não se pode impedir o acesso
aos direitos fundamentais a qualquer pessoa!
Lembrando que o HC deve ser proposto em língua portuguesa, no vernáculo,
caso contrário, a ação não será recebida.
Atenção! Estrangeiro NÃO pode propor ação popular! E por quê? Porque é
legitimado à propositura de ação popular o cidadão (nacional), no gozo de
seus direitos políticos (e a própria Constituição disse que o estrangeiro é
inalistável, ou seja, não é portador de direitos políticos no Brasil, nem ativos,
nem passivos).

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O caput do art. 5º traz cinco direitos: vida, liberdade, igualdade, segurança e
propriedade = VLISP.
a) Direito à vida (caput)
É o principal direito, sem o qual nenhum dos outros faz sentido. No entanto,
não importa apenas que o Estado tutele a vida do cidadão, essa vida tem
que ser tutelada de acordo com o eixo axiológico da Constituição, ou seja,
com observância à dignidade da pessoa humana.
A dignidade da pessoa humana está prevista no art. 1º, III da CR/88 e ela é
sem dúvida o eixo de valores de toda a Constituição em suas funções
unificadora e hermenêutica.

b) Liberdade de expressão e direito de resposta (incisos IV e V)


É assegurada a liberdade de expressão ao indivíduo que aqui reside ou que
está submetido à Constituição brasileira, mas, para que isso aconteça, as
pessoas devem saber quem é o responsável pela manifestação; ou seja, é
vedado o anonimato.
O direito de resposta existe na medida do agravo, proporcionalmente àquilo
que foi dito, sem prejuízo de qualquer indenização por dano moral, material
ou até o dano à imagem.
Obs: Marcha da Maconha. O STF decidiu que é uma manifestação legítima,
porque trabalha com dois direitos, a saber, o direito de reunião (liberdade-
meio) e o direito à liberdade de expressão (liberdade-fim).

c) Liberdade de consciência e crença (inciso VI)


Entende o STF que essas liberdades não podem ser invocadas para violar
um direito.
E os crucifixos colocados em órgãos públicos? E o preâmbulo da
Constituição, que traz a expressão “sob a proteção de Deus”? O
posicionamento do STF sobre essa discussão é que não se trata de uma
manifestação religiosa. Para o STF, seria muito mais uma questão cultural do
que a assunção pelo Estado de uma religião, não prejudicando a
característica de Estado laico.

d) Liberdade de trabalho (inciso XIII)


Qualquer pessoa pode exercer, em tese, qualquer trabalho lícito. Todavia, os
conselhos profissionais e até mesmo a lei trazem freios para o exercício de
alguns trabalhos. Ex.: Para que alguém que estudou Direito possa advogar,

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terá que ser aprovado antes no Exame de Ordem (requisito legal). Da mesma
forma, para o exercício de especialidades na Medicina.
A discussão acerca dessa liberdade se dá no que diz respeito às carreiras de
jornalismo e música. O STF entendeu que as duas carreiras não ensejam a
intervenção estatal para a fixação de um conselho próprio.

e) Liberdade de locomoção (inciso XV)


Qualquer pessoa, em tempos de paz, pode circular livremente pelo território
nacional. Cuidado com a “pegadinha” de prova (costuma ocorrer supressão
da expressão “em tempos de paz”).

f) Liberdade de reunião e associação (inciso XVI)


Desde que de forma pacífica (sem armas), quaisquer pessoas podem se
reunir em espaços públicos, bastando que ocorra o aviso à autoridade
competente, com o objetivo de não frustrar reuniões previamente
agendadas. Atenção! Não é necessária a autorização, apenas a comunicação
ou aviso à autoridade (outro ponto de “pegadinha”)!

g) Direito de propriedade (incisos XXII e XXIII)


É assegurado ao indivíduo, mas deve atender à sua perspectiva social. Caso
o direito de propriedade de determinada pessoa não atenda à função social
o Estado poderá intervir.

h) Inviolabilidade domiciliar (inciso XI)


Dispõe que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito
ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial.
Sabemos que os direitos fundamentais podem ser sempre relativizados.
Aqui, a CF trouxe o direito ao domicílio, mas, a própria CF relativizou o direito
fundamental da inviolabilidade domiciliar em duas situações:
1. Flagrante, desastre ou prestar socorro que poderá ocorrer a qualquer hora
do dia e da noite, prescindindo de autorização judicial.
2. Durante o dia e com autorização judicial para outras situações. Conjugam-
se os critérios físico astronômico (dia é o período da aurora ao crepúsculo,
do nascer ao pôr do sol) e cronológico (6h – 18h), submetendo-se à cláusula
de reserva de jurisdição, ou seja, somente o juiz pode autorizar.

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O termo “casa” do artigo acima descrito deve ser compreendido em seu
sentido amplo, ou seja, consiste em todo compartimento sem acesso
irrestrito ao público, conforme entendimento do STJ.
A busca em veículo automotor é equiparada à “busca pessoal” e não exige
mandado de busca e apreensão, exceto se o veículo for utilizado como casa
ou morada, necessitando, assim, de ordem judicial (Informativo 555, STJ).
E a boleia do caminhão?
O STJ decidiu que o caminhão não é equiparado a casa (o caminhoneiro não
tem o ânimo definitivo de moradia) ou ao local de trabalho (caminhão é
instrumento de trabalho). Da mesma forma, o táxi. Assim, em tese, caso uma
arma seja encontrada dentro da boleia do caminhão, resta caracterizado o
crime de porte ilegal de arma de fogo (se de uso permitido ou restrito,
dependerá do calibre, caracterizando art. 14 ou 16 da Lei nº 10.826/03), não
se exigindo mandado para adentrar no veículo – Resp 1219901, STJ).
Há, todavia, um posicionamento do STF discorrendo sobre a necessidade de
mandado de busca e apreensão (no caso específico, o caminhoneiro estava
parado em um posto de abastecimento, dormindo dentro da boleia do
caminhão, com cortinas fechadas), no sentido de se seguir o regime jurídico
de casa (exigindo-se autorização judicial para realizar a busca dentro da
boleia e, se encontrada arma na boleia do caminhão, configurará posse ilegal
de arma de fogo).
Em resumo, a questão não é pacífica e o aluno deve ficar atento à tendência
da prova.
Crimes permanentes: a entrada na casa poderá ocorrer a qualquer hora,
sendo prescindível a autorização judicial. Nos crimes permanentes, a
consumação e o flagrante se protraem no tempo, autorizando o Delegado
de Polícia a adentrar na casa em qualquer hora do dia e sem autorização
judicial (Ex: receptação, tráfico de drogas na modalidade guardar/ter em
depósito).

i) Inviolabilidade de Sigilo (inciso XII)


É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das interceptações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei (9.296/96) estabelecer para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal.

j) Direito a privacidade (inciso X)

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É o direito que cada um tem sobre sua vida íntima, sua privacidade, suas
convicções, o que não deve ser violado por terceiros. Ele é tão importante
que, caso haja violação, o poder judiciário pode fixar indenização por dano
material, moral e dano à imagem.
Transferência do sigilo da órbita bancária para a órbita fiscal: O direito à
privacidade traz uma discussão interessante a respeito da Lei Complementar
105/01 (artigo 6º), que fala do sigilo bancário e do sigilo fiscal. O sigilo
bancário está sujeito à cláusula de reserva de jurisdição, mas vem o Fisco e
solicita esses dados bancários para si. Essa solicitação é válida, segundo o
STF, porque o que ocorre é tão somente a transferência da órbita bancária
para a órbita fiscal, o que não quebra a cláusula de reserva de jurisdição, nem
fere o direito à privacidade.

→ Indicação de vídeos no Youtube. Canal da Profª Elisa Moreira.


Gerações, dimensões ou famílias de Direitos Humanos. Link:
https://www.youtube.com/watch?v=2G-TGhKD4UY

Os quatro status de Jellinek. Link:


https://www.youtube.com/watch?v=yyzv4fOT2T8

DIREITOS SOCIAIS
Realize a leitura dos dispositivos constitucionais. As provas constantemente
cobram os artigos na forma literal. Para confundi-lo, o examinador inserirá
partículas como “não”, “ apenas”, “somente” etc. Fique atento!

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social,
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
90, de 2015)

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros


que visem à melhoria de sua condição social:

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I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem
justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização
compensatória, dentre outros direitos;

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

III - fundo de garantia do tempo de serviço;

IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de


atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo


coletivo;

VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem


remuneração variável;

VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no


valor da aposentadoria;

IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção


dolosa;

XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da


remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa,
conforme definido em lei;

XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de


baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e


quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a

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redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos


ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em


cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a


mais do que o salário normal;

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a


duração de cento e vinte dias;

XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos


específicos, nos termos da lei;

XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo


de trinta dias, nos termos da lei;

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de


saúde, higiene e segurança;

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres


ou perigosas, na forma da lei;

XXIV - aposentadoria;

XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento


até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;

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XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador,
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo
ou culpa;

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho,


com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e
rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)

a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de


25/05/2000)

b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de


25/05/2000)

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de


critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e


critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;

XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e


intelectual ou entre os profissionais respectivos;

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores


de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo


empregatício permanente e o trabalhador avulso.

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores


domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI,
XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as
condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento
das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de
trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e
XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013)

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Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de


sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder
Público a interferência e a intervenção na organização sindical;

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer


grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base
territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores
interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou


individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;

IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de


categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema
confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da
contribuição prevista em lei;

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações


coletivas de trabalho;

VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas


organizações sindicais;

VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do


registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se
eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se
cometer falta grave nos termos da lei.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização


de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que
a lei estabelecer.

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores


decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam
por meio dele defender.

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§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores


nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou
previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a


eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-
lhes o entendimento direto com os empregadores.

NACIONALIDADE
Aqui não há segredo: estude o assunto pela doutrina, uma vez que há
altíssima incidência em provas!
Revise com a leitura dos artigos na CF e com o nosso simulado!

CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais


estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde


que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,


desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou
venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade
brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)

II - naturalizados:

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a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas
aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano
ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República


Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação
penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver


reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes
ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. (Redação dada
pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e


naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.

VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 23, de 1999)

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de


atividade nociva ao interesse nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela


Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

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a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro


residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu
território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa


do Brasil.

§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino,


as armas e o selo nacionais.

§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos


próprios.

DIREITOS POLÍTICOS

Para a nossa prova, estude o tema pela doutrina e revise com a leitura atenta
dos artigos na CF e com o nosso simulado!

CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo
voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

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a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o


período do serviço militar obrigatório, os conscritos.

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária;

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e


Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do


Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou


Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito


Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso
dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)

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§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os
Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar
aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os


parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição.

§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da


atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade


superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para
a inatividade.

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e


os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a
moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do
poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional
de Revisão nº 4, de 1994)

§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral


no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com
provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça,


respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou


suspensão só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

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III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus
efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação


alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de
sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de
sua vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 1993)

CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos


políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o
pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados
os seguintes preceitos: Regulamento

I - caráter nacional;

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou


governo estrangeiros ou de subordinação a estes;

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua


estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de
escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de
vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e
fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 52, de
2006)

§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na


forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

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§ 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.

§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização


paramilitar.

MEDICINA LEGAL

A disciplina de Medicina Legal é um grande diferencial nos concursos para


a PCMG. Seguem nossas indicações:
Medicina Legal - Genival Veloso de França (obra completa).
Medicina Legal e Noções de Criminalística – Neusa Bittar (boa para revisão).
Medicina Legal – Wilson Palermo (boa para revisão)

CONCEITOS, IMPORTÂNCIAS E DIVISÕES DA MEDICINA LEGAL.


Áreas de atuação da Medicina Legal (obra Medicina Legal e Noções de
Criminalística – Neusa Bittar):
ANTROPOLOGIA Estudo do ser humano a partir da sua
morfologia (forma), visando os vários
tipos de identificação (sexo, idade,
espécie etc.).
TRAUMATOLOGIA Estudo do trauma consequente a
energias exógenas que afetam o
organismo humano (modo de ação
dos agentes e lesões acarretadas).
ASFIXIOLOGIA Estuda as hipóteses em que agentes
externos prejudicam a oxigenação dos
tecidos.
TANATOLOGIA Estuda a morte em seus diferentes
aspectos (causa, cronologia, tipos).
SEXOLOGIA Estudo dos vestígios decorrentes dos
crimes contra a liberdade sexual,
aborto, infanticídio, desvios sexuais e
hipóteses de anulação de casamento.
TOXICOLOGIA Engloba as ações dos tóxicos e
venenos.

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INFORTUNÍSTICA Dedica-se à Medicina do Trabalho, no
que diz respeito às doenças
profissionais e acidentes de trabalho.
PSICOLOGIA JURÍDICA Estuda o psiquismo moral e as
influências emocionais na confissão,
depoimentos de testemunhas,
preocupando-se com a obtenção da
verdade.
PSIQUIATRIA FORENSE Abrange os diferentes distúrbios
mentais quanto ao diagnóstico e
estabelecimento da imputabilidade e
periculosidade.
GENÉTICA MÉDICO-LEGAL OU Abrange a determinação de
FORENSE paternidade e a identificação
relacionada com a herança genética.

CORPO DE DELITO, PERÍCIA E PERITOS EM MEDICINA LEGAL


Corpo de delito é o conjunto de vestígios, interligados entre si,
denunciadores da infração (Neusa Bittar). É obrigatório para a tipificação
das infrações que deixam vestígios (art. 158 do CPP). Pode ser:
a) Direto: quando o exame dos vestígios é realizado diretamente pelo perito;
b) Indireto: quando já não existindo vestígios, o exame é feito com base em
prova testemunhal (art. 167 do CPP).
Segundo Neusa Bittar, a rigor, no exame de corpo de delito indireto, seria
incorreto falar-se em corpo de delito, uma vez que já não existiria o conjunto
de vestígios (não há corpo, apenas delito).
Quando os vestígios têm caráter permanente, chamam delicta factis
permanentis. Quando passageiros, delicta fatis transeuntes.

Insanidade mental do acusado. Ler arts. 149 a 154 do CPP.

Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o


juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor,
do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja
este submetido a exame médico-legal.

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§ 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante
representação da autoridade policial ao juiz competente.

§ 2o O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame,


ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às
diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento.

Art. 150. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será internado
em manicômio judiciário, onde houver, ou, se estiver solto, e o requererem
os peritos, em estabelecimento adequado que o juiz designar.

§ 1o O exame não durará mais de quarenta e cinco dias, salvo se os peritos


demonstrarem a necessidade de maior prazo.

§ 2o Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá


autorizar sejam os autos entregues aos peritos, para facilitar o exame.

Art. 151. Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da infração,


irresponsável nos termos do art. 22 do Código Penal, o processo prosseguirá,
com a presença do curador.

Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo


continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2o do
art. 149.

§ 1o O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação do acusado em


manicômio judiciário ou em outro estabelecimento adequado.

§ 2o O processo retomará o seu curso, desde que se restabeleça o acusado,


ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirir as testemunhas que
houverem prestado depoimento sem a sua presença.

Art. 153. O incidente da insanidade mental processar-se-á em auto apartado,


que só depois da apresentação do laudo, será apenso ao processo principal.

Art. 154. Se a insanidade mental sobrevier no curso da execução da pena,


observar-se-á o disposto no art. 682.

Perícia e peritos. Ler arts. 158 a 184 do Código de Processo Penal.

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Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado.

Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de


delito quando se tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela Lei nº
13.721, de 2018)

I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei nº


13.721, de 2018)

II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.


(Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018).

Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os


procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica
do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime


ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a
existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial


interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua
preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado


ou recolhido, que se relaciona à infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas


seguintes etapas: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial


interesse para a produção da prova pericial; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

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II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar
e preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local
de crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local


de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo
ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua
descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo
atendimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial,


respeitando suas características e natureza; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio


coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com suas
características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com
anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o
acondicionamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro,


utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura,
entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas características
originais, bem como o controle de sua posse; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve


ser documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de
procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem,
nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do
exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o
recebeu; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de


acordo com a metodologia adequada às suas características biológicas,
físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser
formalizado em laudo produzido por perito; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

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IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições
adequadas, do material a ser processado, guardado para realização de
contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do
laudo correspondente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a


legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por
perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de
custódia, mesmo quando for necessária a realização de exames
complementares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem


ser tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial
de natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu cumprimento.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de


quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito
responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será


determinado pela natureza do material. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração


individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do
vestígio durante o transporte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas


características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência
adequado e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise
e, motivadamente, por pessoa autorizada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

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§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data,
o local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre
utilizado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo


recipiente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de


custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser
vinculada diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza
criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com


local para conferência, recepção, devolução de materiais e documentos,
possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de materiais,
devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não
interfiram nas características do vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser


protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito
que a eles se relacionam. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão


ser identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações


deverão ser registradas, consignando-se a identificação do responsável pela
tramitação, a destinação, a data e horário da ação. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à


central de custódia, devendo nela permanecer. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições


de armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou
judiciária determinar as condições de depósito do referido material em local

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diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial
de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei
nº 11.690, de 2008)

§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas


idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a
natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente


desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao


ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação
de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a


conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as
partes intimadas desta decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à


perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para


responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos
ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas
em laudo complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo


a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. (Incluído pela Lei nº
11.690, de 2008)

§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de


base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que
manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame

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pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. (Incluído pela
Lei nº 11.690, de 2008)

§7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de


conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um
perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela
Lei nº 11.690, de 2008)

Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão


minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10


dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a
requerimento dos peritos. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a
qualquer hora.

Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo
se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita
antes daquele prazo, o que declararão no auto.

Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame


externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou
quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não
houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma
circunstância relevante.

Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade


providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a
diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.

Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará


o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de
falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar
não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas
necessárias, o que tudo constará do auto.

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Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem
encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e
vestígios deixados no local do crime. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de
28.3.1994)

Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos,


quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas
ou desenhos, devidamente rubricados.

Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado,


proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e
Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas,
lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá
o cadáver, com todos os sinais e indicações.

Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos


os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do
cadáver.

Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da
autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério
Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.

§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de


delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.

§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, §


1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias,
contado da data do crime.

§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova


testemunhal.

Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o
estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus

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laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. (Vide Lei nº
5.970, de 1973)

Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado


das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na
dinâmica dos fatos. (Incluído pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente


para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos
serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou
esquemas.

Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo


a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever
os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época
presumem ter sido o fato praticado.

Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas,


deterioradas ou que constituam produto do crime.

Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à


avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem
de diligências.

Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que


houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o
patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.

Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de


letra, observar-se-á o seguinte:

I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada


para o ato, se for encontrada;

II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita


pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de
seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;

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III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os
documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou
nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;

IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes


os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado.
Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência
poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a
pessoa será intimada a escrever.

Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática


da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência.

Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da


diligência.

Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo
deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes,
essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.

Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na


precatória.

Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao
diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos
peritos.

Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que
será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela
autoridade.

Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá
ser datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os
peritos.

Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto


do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá
separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este
divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por
outros peritos.

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Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões,
obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a
formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada pela Lei
nº 8.862, de 28.3.1994)

Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a


novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.

Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo,
no todo ou em parte.

Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o
disposto no art. 19.

Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade


policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária
ao esclarecimento da verdade.

Impedimentos dos peritos. Ler arts. 275 a 281 do Código de Processo Penal.

Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina
judiciária.

Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.

Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o


encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa
atendível.

Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa,
provada imediatamente:

a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;

b) não comparecer no dia e local designados para o exame;

c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos
estabelecidos.

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Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a
autoridade poderá determinar a sua condução.

Art. 279. Não poderão ser peritos:

I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV


do art. 69 do Código Penal;

II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado


anteriormente sobre o objeto da perícia;

III - os analfabetos e os menores de 21 anos.

Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre
suspeição dos juízes.

Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos.

DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS
NOTIFICAÇÕES COMPULSÓRIAS
Conceito: comunicações de caráter obrigatório, feitas pelos médicos às
autoridades competentes, por razões sociais ou sanitárias.
Importância: avaliação do impacto de doenças e intervenções estratégicas,
por exemplo.
A falta de notificação implica na tipificação do crime do art. 269 do CP ao
médico.
Situações em que é necessária a notificação compulsória:
a) Doenças, agravos e eventos constantes da Portaria nº 104/11 do Ministério
da Saúde;
b) Crime de ação penal pública incondicionada cujo conhecimento se deu
em função do exercício da medicina;
c) Comunicação de lesão ou morte causada por atuação de não médico;
d) Esterilizações cirúrgica;
e) Diagnóstico de morte encefálica, independentemente de autorização da
família para a doação de órgãos.

RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL
Conceito: narração detalhada da perícia, com emissão de juízo valorativo.

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Quando redigido pelo perito: laudo.
Quando ditado ao escrivão: auto (como nos casos de exumação).
Possui sete partes:
I) Preâmbulo: introdução do documento. Consta a qualificação da
autoridade solicitante, dos peritos, do diretor que os designou, do
examinado, local, data hora e tipo de perícia.
II) Quesitos: perguntas sobre fatos relevantes para o processo penal. São
oficiais e padronizadas. Respondidas de forma afirmativa ou negativa pelo
perito. Atenção: nas perícias de exumações e psiquiátricas, assim como no
foro civil, não há quesitos padronizados.
III) Histórico ou comemorativo: relato simplificado dos fatos por informação
da vítima ou do indiciado, quando também alvo da perícia, ou dos dados
transcritos da guia de remoção do cadáver e das suspeitas que pairam sobre
os fatos investigados.
IV) Descrição: é a parte principal do documento. O perito descreve,
minuciosamente, todas as circunstâncias encontradas no exame. Devem ser
descritas as lesões encontradas no seu tamanho, forma, contorno, coloração,
relevo, localização, etc., incluindo, sempre que possível, filmes ou imagens
ilustrativas.
V) Discussão: as lesões são analisadas e comparadas com os dados até então
presentes, permitindo a formulação de hipóteses a respeito da mecânica do
crime.
VI) Conclusão: tomada de postura do perito, baseando-se em todos os
elementos colhidos. Pode haver conclusão positiva, negativa ou inconclusiva,
se houver dúvida.
VII) Resposta aos quesitos: resposta do responsável pela elaboração do
documento aos quesitos, com o objetivo de se verificar a existência de um
fato típico. Além dos quesitos oficiais, lembre-se que o Ministério Público, o
assistente da acusação, o ofendido, o querelante e o acusado podem
formular quesitos (art. 159, §4º do CPP).

PARECER MÉDICO-LEGAL
Conceito: documento utilizado para solucionar divergências na
interpretação de uma perícia, sendo solicitado a uma pessoa de renome.
Possui quatro partes:
I) Preâmbulo: qualificação do solicitante, do parecerista (com seus títulos) e
dados processuais.

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II) Exposição dos motivos: breve relato do histórico e dos quesitos.
III) Discussão: parte principal do parecer. Demonstração da competência
do parecerista, que discorrerá acerca da matéria examinada.
IV) Conclusão: síntese dos pontos relevantes da discussão.
Os assistentes técnicos indicados na fase processual poderão apresentar
pareceres em prazo fixado em audiência (art. 159, §5º, II do CPP).

ATESTADO MÉDICO
Conceito: afirmação por escrito, de forma objetiva, de um fato médico e suas
consequências ou de um estado de sanidade (Neusa Bittar).
Pode ser emitido no próprio receituário ou em papel timbrado. É emitido
após exame do paciente e tem por objetivo informar um estado de sanidade
ou de doença, anterior ou atual, para fins de licença, dispensa ou justificativa
de faltas, etc.
É parte integrante do ato médico, sendo seu fornecimento direito do
paciente. Peça meramente informativa.
Classificações:
a) Atestados oficiosos: solicitados para atendimento de interesses
particulares.
b) Atestados administrativos: exigidos por autoridades administrativas para
funcionários públicos. Ex: para concessão de licença de aposentadoria.
c) Atestados judiciários: requisitados pelo Poder Judiciário (ex: para
comprovar falta de jurado).
Tem presunção de veracidade. Deve conter a identificação do médico
emissor, mediante assinatura e carimbo ou número do registro no Conselho
Regional de Medicina (art. 3º, IV, Res. 1658/2002).
Atestado médico. Hipóteses em que o médico está impedido de atestar o
óbito:
a) Morte natural que não tenha dado assistência ou morte natural sem
diagnóstico da causa mortis, mesmo após a internação por curto período,
isto é, menos de 24 horas.
b) Morte violenta ou suspeita: há, nestes casos, necessidade de autópsia,
sendo o atestado fornecido pelo médico que a realizar. A autópsia é
realizada pelo Instituto Médico Legal (IML).
O atestado de óbito pode conter duas causas da morte quando, diante de
duas lesões possivelmente mortais, não se conseguir determinar qual delas
desencadeou a morte.

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O registro de óbito deve ser feito mesmo que a criança nasça morta (art. 53,
caput e §1ºda Lei nº 6.015/73), desde que considerada como perda fetal
tardia (20 semanas ou mais ou feto com peso de 500 gramas ou mais ou
com estatura de 25 centímetros ou mais). Presentes uma destas condições,
o médico fica obrigado a fornecer o atestado. As perdas intermediárias e
precoces são consideradas aborto, desobrigando o médico a atestar o óbito.

Comentários à cadeia de custódia. Prof. Fábio Roque. Youtube.


Link: https://www.youtube.com/watch?v=uZUbG1BTheY

Antropologia Médico-legal. Identidade e identificação. Identificação


judiciária.

Estudo do ser humano a partir da sua


ANTROPOLOGIA MÉDICO-LEGAL morfologia (forma), visando os vários
tipos de identificação (sexo, idade,
espécie etc.).

PRINCIPAIS MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO


Sugerimos o estudo pela obra Medicina Legal, de Genival Veloso de França.
Para revisar: Wilson Palermo ou Neusa Bittar.

IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO
Resumo realizado com base na obra “Medicina Legal e Noções de
Criminalística”, de Neusa Bittar (excelente obra para revisão dos conteúdos).
Identidade é o conjunto de elementos característicos de uma pessoa, que a
torna única, permitindo distingui-la das demais.
Identificação é o processo técnico e científico empregado para determinar
a identidade.

Para Bittar e França, um método de identificação apresenta as seguintes


qualidades:
a) Unicidade: o elemento escolhido como identificador é único, específico
para cada indivíduo.
b) Imutabilidade: não se modifica com o passar do tempo.
c) Perenidade: é resistente ao tempo, estando presente durante toda a vida
e, até mesmo após a morte (por certo tempo).

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d) Praticabilidade: pode ser obtido e registrado facilmente.
e) Classificabilidade: permite metodologia de classificação e arquivamento,
permitindo a busca fácil pelo registro.

São três as fases da perícia de identificação:


I) Registro do elemento característico;
II) Registro do mesmo elemento característico, no momento em que se quer
identificar;
III) Comparação entre os dois registros. É aqui que ocorre a identificação.

Para Neusa Bittar, todo método de identificação é comparativo. Assim, se


não houver registro prévio do elemento comparativo ou se esse elemento
não puder ser obtido de algum material do próprio indivíduo ou de familiares,
como o DNA, para servir de primeiro registro, não servirá para identificação
por não ser possível a comparação.

IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL
É aquela realizada por médicos legistas para a definição de identidade de
corpos, esqueletos ou fragmentos encontrados.
Pode constituir-se em várias modalidades, como identificação da espécie, da
raça e do sexo.
Quanto à identificação pelo sexo, há diferenças significativas entre os
esqueletos de homens e mulheres. Veja o quadro extraído da obra de Neusa
Bittar:

NO HOMEM NA MULHER
Os ossos do crânio são mais Os ossos são mais delicados, o
espessos, os malares mais tórax é ovoide, a bacia tem maior
salientes, o tórax é cônico, mais diâmetro transversal (mais larga e
largo na parte superior, na bacia menos funda) e o sacro é mais
predominam as dimensões baixo.
verticais (mais estreita e funda) e
o sacro é mais alto.

Há ainda outras formas de identificação, como a realizada pelos dentes


(importante na identificação de esqueletos ou corpos carbonizados), pelas
pregas palatinas (céu da boca, chamada de palatoscopia), pela queiloscopia

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(sulcos dos lábios, como marcas deixadas por batom em pontas de cigarro),
pela superposição de imagens (fotografias ou radiografias) e pela impressão
genética do DNA.

IDENTIFICAÇÃO JUDICIÁRIA
É realizada por peritos não médicos. Vários dos métodos utilizados na
identificação judiciária já caíram em desuso, por não apresentarem as
qualidades de um bom método de identificação.
Métodos:
a) Assinalamento sucinto: consiste na anotação de características de
indivíduos em documentos, como estatura, raça, identidade, cor dos olhos,
cor dos cabelos, para o encontro de pessoas desaparecidas.

b) Fotografia simples: utilizada em documentos comuns e cédulas de


identidade. Possuem falhas, diante das alterações fisionômicas dos
indivíduos, além da confusão com irmãos gêmeos e indivíduos muito
parecidos.
c) Retrato falado: obtido por características repassadas por vítimas,
testemunhas, etc., com a utilização de fichas e softwares de computador.

d) Fotografia sinaléptica: registro de frente e de perfil, com redução de 1/7,


preconizada por Bertillon e utilizada para superposição de imagens,
comparando detalhes mínimos.

e) Sistema dactiloscópico de Vucetich.


Utiliza como elemento característico de identificação o desenho digital,
presente na polpa dos dedos (dactilos). É, certamente, o método mais
utilizado na identificação judiciária.
O desenho digital se forma no sexto mês de vida intrauterina e se mantém
inalterado durante toda a vida e até mesmo após a morte, até que venha a
putrefação.
Olhando diretamente para a polpa dos dedos, temos o desenho digital. O
sistema de Vucetich se refere ao desenho impresso, isto é, a impressão
digital, sendo o reverso do desenho digital (Neusa Bittar).
Para Vucetich, podem ser impressas quatro figuras e cada dedo pode
representar qualquer uma delas. Para a formação de tais figuras, há três
sistemas de linhas:

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Linhas basilares: na base da polpa digital.
Linhas marginais: que contornam a polpa digital.
Linhas nucleares: situadas entre as duas anteriores.

Quando os três sistemas se encontram, forma-se um triângulo. É chamo por


Vucetich de DELTA.

Para realizar uma classificação escrita, Vucetich utiliza letras e números para
a representação das imagens. Fique atento!
Assim, analisando as figuras impressas, é possível ,segundo Vucetich, extrair
quatro possíveis figuras:
VERTICILO
PRESILHA EXTERNA
PRESILHA INTERNA
ARCO

Veja as imagens representadas neste artigo disponível na internet. Link:


http://www.papiloscopia.com.br/classifica.html

I) VERTICILO.
Apresenta dois deltas e um núcleo central. Representação: letra V quando
presente nos polegares e número 4 quando presente nos outros dedos.

II) PRESILHA EXTERNA.


Apresenta apenas um delta à esquerda, estando o núcleo desviado para o
lado contrário (direita).
Representação: letra E quando presente nos polegares e número 3 quando
presente nos outros dedos. Segue imagem:

III) PRESILHA INTERNA.


Apenas um delta à direita e um núcleo desviado para o lado oposto
(esquerda).
Representada pela letra I nos polegares e pelo número 2 nos outros dedos.

IV) ARCO.

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Como não há linhas nucleares, não forma nenhum delta.
Representação: letra A nos polegares e número 1 nos outros dedos.

Diante da análise das figuras representadas nas polpas dos dedos, temos a
fórmula dactiloscópica. É representada por uma fração, onde a mão direita
está acima (no numerador) e a mão esquerda abaixo (no denominador).

Os polegares das mãos direita e esquerda tem notação literal


(representados por letras).
Os outros dedos das mãos direita e esquerda têm notação numérica
(representados por números).
Representação de anomalias:
A ausência de dedo representa-se pelo número 0 (zero).
A presença de cicatriz que altera a impressão digital representa-se por X.
Síndrome de Nagali: consiste na ausência de impressões digitais e na
dificuldade em segurar objetos como copos e talheres, e de virar páginas em
decorrência da ausência de irregularidades da pele das polpas digitais.
Acidentes: irregularidades existentes nas diversas linhas, situadas em
determinados locais e que são determinantes para a identificação de
determinado indivíduo. Segundo Neusa Bittar, para afirmar que uma
impressão digital obtida pertence a determinada pessoa, quando comparada
com a impressão digital já registrada, não basta apresentar as mesmas
figuras. Os mesmos acidentes têm de coincidir nos mesmos pontos.

LEI DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL (LEI Nº 12.037/09)


Realize a leitura da Lei nº 12.037/09, tomando cuidado com as recentes
alterações legislativas!

Art. 1º O civilmente identificado não será submetido a identificação


criminal, salvo nos casos previstos nesta Lei.

Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes


documentos:

I – carteira de identidade;

II – carteira de trabalho; (Revogado pela Medida Provisória nº 905,


de 2019)

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III – carteira profissional;

IV – passaporte;

V – carteira de identificação funcional;

VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado.

Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos


documentos de identificação civis os documentos de identificação militares.

Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá


ocorrer identificação criminal quando:

I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;

II – o documento apresentado for insuficiente para identificar


cabalmente o indiciado;

III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com


informações conflitantes entre si;

IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais,


segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de
ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério
Público ou da defesa;

V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes


qualificações;

VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade


da expedição do documento apresentado impossibilite a completa
identificação dos caracteres essenciais.

Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser


juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que
consideradas insuficientes para identificar o indiciado.

Art. 4º Quando houver necessidade de identificação criminal, a


autoridade encarregada tomará as providências necessárias para evitar o
constrangimento do identificado.

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Art. 5º A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o
fotográfico, que serão juntados aos autos da comunicação da prisão em
flagrante, ou do inquérito policial ou outra forma de investigação.

Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3o, a identificação


criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do
perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

Art. 5o-A. Os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser


armazenados em banco de dados de perfis genéticos, gerenciado por
unidade oficial de perícia criminal. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

§ 1o As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis


genéticos não poderão revelar traços somáticos ou comportamentais das
pessoas, exceto determinação genética de gênero, consoante as normas
constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e
dados genéticos. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

§ 2o Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão


caráter sigiloso, respondendo civil, penal e administrativamente aquele que
permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta
Lei ou em decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

§ 3o As informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos


deverão ser consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial
devidamente habilitado. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

Art. 6º É vedado mencionar a identificação criminal do indiciado em


atestados de antecedentes ou em informações não destinadas ao juízo
criminal, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

Art. 7º No caso de não oferecimento da denúncia, ou sua rejeição, ou


absolvição, é facultado ao indiciado ou ao réu, após o arquivamento
definitivo do inquérito, ou trânsito em julgado da sentença, requerer a
retirada da identificação fotográfica do inquérito ou processo, desde que
apresente provas de sua identificação civil.

Art. 7º-A. A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados


ocorrerá: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

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I - no caso de absolvição do acusado; ou (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

II - no caso de condenação do acusado, mediante requerimento, após


decorridos 20 (vinte) anos do cumprimento da pena. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

Art. 7o-B. A identificação do perfil genético será armazenada em banco


de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder
Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012)

Art. 7º-C. Fica autorizada a criação, no Ministério da Justiça e Segurança


Pública, do Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões
Digitais. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional Multibiométrico


e de Impressões Digitais serão regulamentados em ato do Poder Executivo
federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º O Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais tem


como objetivo armazenar dados de registros biométricos, de impressões
digitais e, quando possível, de íris, face e voz, para subsidiar investigações
criminais federais, estaduais ou distritais. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

§ 3º O Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais será


integrado pelos registros biométricos, de impressões digitais, de íris, face e
voz colhidos em investigações criminais ou por ocasião da identificação
criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 4º Poderão ser colhidos os registros biométricos, de impressões


digitais, de íris, face e voz dos presos provisórios ou definitivos quando não
tiverem sido extraídos por ocasião da identificação criminal. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

§ 5º Poderão integrar o Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões


Digitais, ou com ele interoperar, os dados de registros constantes em
quaisquer bancos de dados geridos por órgãos dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário das esferas federal, estadual e distrital, inclusive pelo

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Tribunal Superior Eleitoral e pelos Institutos de Identificação
Civil. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 6º No caso de bancos de dados de identificação de natureza civil,


administrativa ou eleitoral, a integração ou o compartilhamento dos registros
do Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais será limitado às
impressões digitais e às informações necessárias para identificação do seu
titular. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 7º A integração ou a interoperação dos dados de registros


multibiométricos constantes de outros bancos de dados com o Banco
Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais ocorrerá por meio de
acordo ou convênio com a unidade gestora. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

§ 8º Os dados constantes do Banco Nacional Multibiométrico e de


Impressões Digitais terão caráter sigiloso, e aquele que permitir ou promover
sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão
judicial responderá civil, penal e administrativamente. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

§ 9º As informações obtidas a partir da coincidência de registros


biométricos relacionados a crimes deverão ser consignadas em laudo pericial
firmado por perito oficial habilitado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 10. É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de dados do


Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

§ 11. A autoridade policial e o Ministério Público poderão requerer ao juiz


competente, no caso de inquérito ou ação penal instaurados, o acesso ao
Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 9º Revoga-se a Lei nº 10.054, de 7 de dezembro de 2000.

SÚMULA 522, STJ.

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A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica,
ainda que em situação de alegada autodefesa.

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