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PC/SP

Perito Criminal

7.1. Conceito, método, objeto e finalidade da Criminologia ................................................................. 1

7.2. Teorias sociológicas da criminalidade .......................................................................................... 9

7.3. Vitimologia ................................................................................................................................. 16

7.4. O Estado Democrático de Direito e a prevenção da infração penal............................................. 23

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Apostila gerada especialmente para: Marcos Rogerio Moreira 341.412.418-14
7.1. Conceito, método, objeto e finalidade da Criminologia

Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
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A criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar que tem por finalidade o crime, a vítima e o
delinquente e o controle social do comportamento delitivo

Para pensar em criminologia devemos destacar que ela sofre a influência e contribuição de outras
ciências, tais como: (Psicologia, Sociologia, Biologia, Medicina Legal, Criminalística, Direito, Política,
dentre outras, possuindo métodos próprios. Trata-se, portanto de uma ciência multidisciplinar, os saberes
andam lado a lado.

Para outros doutrinadores, a criminologia é entendida como ciência interdisciplinar, levando a


considerar o fato de que várias disciplinas visam um ponto em comum, com seus métodos próprios e
saberes que se unem para cooperarem-se entre si.

A criminologia moderna ocupa-se com a pesquisa científica do fenômeno criminal — suas causas,
características, sua prevenção e o controle de sua incidência —, sendo uma ciência causal-explicativa do
delito como fenômeno social e individual.

Sua maior proximidade diz respeito ao Direito Penal. Não podemos negar que ambas relacionam-se
diretamente com o objeto crime para ser estudado, sob diferentes primas.

Vamos ao quadro para tentar entender melhor a diferença de ambos institutos e dessa maneira, tornar
mais clara a conceituação de Criminologia.

Direito Penal Criminologia


Trata-se de ciência normativa Trata-se de ciência causal-explicativa
Estipula as condutas que são proibidas de Observa a infração praticada e essa conduta
serem praticadas, sob a aplicação de uma pena será analisada enquanto fenômeno humano,
biopsicossocial, observando a criminalidade
como um todo também, e através do domínio
cognitivo sobre as motivações do crime

O termo criminologia etimologicamente apresenta derivação mista do latim crimen (delito) + grego
logos (tratado). Garófalo apresenta o termo criminologia com a constituição seguinte: latina crimino (de
crimen – criminis) + grega log(o) + ia.

Para que o crime deixe de ser praticado com frequência, existe o processo de produção de leis, se
estas forem infringidas haverá a punição por sua conduta. Para Nelson Hungria (1963), a criminologia “é
o estudo experimental do fenômeno do crime, para pesquisar a etiologia e tentar a sua debelação por
meios retificativos ou curativos e preventivos.”

A cientificidade considera que esta disciplina, através de seu método empírico poderá fornecer os
dados válidos e confiáveis para descobrir como ocorreu o delito. A criminologia não pode ser vista como
uma ciência que acumula dados ou estatísticas, pois estes dados deverão ser avaliados de acordo com
a realidade.

Objeto:

O objeto da criminologia passou por algumas mudanças ao decorre da história, logo de início
considerava apenas como objeto o delito, de acordo com os estudos de Beccaria. Depois a escola

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positivista, na década de 50, passa a considerar as vítimas e suas reações diante da criminalidade,
incluindo-se também a vítima e o controle social.

Atualmente, o estudo da criminologia considera quatro objetos:


- delito;
- delinquente;
- vítima;
- controle social.
Para maior compreensão, vamos estudá-los separadamente:

A.Delito

O Direito Penal ao conceituar o delito, aborda-o de três formas: conceito material, formal e analítico.

Material: vincula-se a um ato que cause dano social ou provoque lesão a um bem jurídico;
Formal: existe uma lei penal que descreve tal conduta como infração;
Analítico: são os elemento estruturais e essenciais do crime.

O Direito Penal age após a execução, tentativa ou consumação do crime. A criminologia diferencia-se
daquele, ao agir para intervir, proibindo o agente da prática de crime, ocorrendo de formas distintas. Uma
delas é a compreensão de delito como desvio de conduta, esses desvios lesionam o comportamento da
população em um determinado momento.

Para a Criminologia moderna, o conceito material, formal e analítico não bastam para conceituar o
delito. Trata-se de um fenômeno humano e cultural, não podendo se estender ao âmbito da natureza,
animais não possuem discernimento do que seja certo ou errado, agem por sua própria natureza.

O estudo da criminologia está voltado ao comportamento antissocial e suas causas. Por se tratar de
ciência autônoma, a adoção de um conceito jurídico de crime poderia transformá-la em auxílio ao sistema
penal.

O delito no plano material seria a lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico relevante para a
sociedade (vida, honra, integridade).

Será considerada delitiva a conduta que:1


- tiver incidência massiva;
- incidência aflitiva;
- persistência espaço temporal;
- inequívoco consenso a respeito da sua etiologia e eficazes técnicas de intervenção;
- consciência generalizada sobre sua negatividade.

O conceito de delito no plano material é a lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico relevante para
o corpo social. Em razão disso, trata-se de fenômeno social com várias faces, que exigem uma
abordagem ampla que não prescinde de outros ramos do conhecimento para que seja compreendido.

B Delinquente

Com o surgimento da Escola Clássica abandonou-se a centralização na figura do crime e passou-se


a analisar a pessoa do delinquente. Nesse período ele era vista como uma pessoa que acabou
escolhendo o mal, ainda que tivesse a chance de escolher o bem.

Na Escola Positivista, não buscou se pensar apenas na centralização do crime, passando a investigar
o comportamento do delinquente. Buscou-se a necessidade de defender o corpo social contra a ação do
delinquente, visando a segurança dos sociedade e seus interesses.
Aqui, se considerava que este indivíduo já nascia criminoso.

1 Viana, Eduardo. Criminologia, editora: Jus Podium, 3ª edição, 2015.

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A Escola Correcionalista tem uma visão completamente diversa das duas acima, aqui o delinquente é
visto como uma pessoa que precisa de ajuda. O correcionalismo é o direito protetor dos criminosos e
tinha como principal defensor Pedro Garcia Dourado Montero.

Para o marxismo, a responsabilidade do crime surge da sociedade, de modo a converter o delinquente


em vítima, como produto da estrutura econômica do Estado.

Atualmente, o delinquente é analisado de acordo com suas interdependências sociais, como unidade
biopsicossocial e não no sentido biopsocopatológico, voltadas a Criminologia tradicionalista. A psicologia
criminal destina-se a estudar a personalidade do criminoso (comportamento, pensamento, suas reações).
Ao analisarmos estas características, poderemos compreender o comportamento do indivíduo.

A Psicologia pode contribuir, incentivando a criação de programas que visem reduzir o número de
delinquentes que circundam a sociedade e infelizmente, ao saírem do regime prisional voltam a delinquir,
colocando a ordem pública em risco.

C Vítima

A vítima passou por três fases de estudo na história.

Na fase conhecida como “idade de ouro”, a vítima tinha grande valor e respeito pela maioria das
pessoa. Nesse período, a vingança privada se revelava desde a antiguidade até meados do século XII.

Posteriormente, com a responsabilização do Estado, a figura da vítima deixa de ser o centro e fica
mais neutralizada. Da década de 1950 em diante, a vítima novamente ganha destaque e apresenta
características mais humanizadas para o Estado.

O Código de Hammurabi, dispunha de um acentuado rigor com as penas de morte e mutilações,


segundo o princípio de Talião. O direito da vítima estava limitado na lei, a vítima poderia, entretanto buscar
a solução do conflito no soberano.

O Código de Manu, que surgiu na Índia, estabelecia sanções, levando em consideração a casta social
que o delinquente pertencia e continha pesadas penas, como a marca de ferro em brasa na testa do
delinquente. Com esse tipo de pena, buscava-se proteger o particular, que fosse vítima de um delito.

Outras penalizações também acabaram ocorrendo, como foi o caso da Lei das XII Tábuas, que tinha
várias disposições de direito penal, distinguindo os delitos privados dos públicos, com penas patrimoniais.

Com o fortalecimento do Estado, o individualismo acaba sendo afastado e o dano passa a ser objeto
de composição em dinheiro, que variava de acordo com o status da pessoa ofendida. A vítima de um
dano se apresentava a família, apontando seu adversário, tratava-se de uma espécie de guerra particular
entre a vítima e o autor da dano, com a possibilidade de composição.

Feitas essas considerações, nota-se que a vítima era muito valorizada na pacificação social dos
conflitos, mas posteriormente com o monopólio do Estado na aplicação da lei, assumiu um perfil de
neutralidade das lides penais diante de seu interesse nas causas, porém na segunda metade do século
XX, ela é novamente descoberta sobre um olhar humanista.

Foi a partir do término da segunda guerra mundial, com os campos de extermínio e o flagelo de
milhares de famílias, que voltou-se mais para a tutela dos direitos e garantias fundamentais das vítimas
com a criação das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Em nosso país, a primeira tentativa de sistematizar o estudo da vítima competiu a Edgar de Moura
Bittencourt, na obra “Vítima”.

Nos últimos 20 anos, diversos centros de proteção às vítimas foram criados, entre esses centros
podemos destacar os programas de atendimento para as vítimas de crimes sexuais, violência doméstico,
defesa das crianças, entre outros. Muitos núcleos recebem verbas públicas para se manterem, já em

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outros casos são mantidos por organizações não governamentais, com o auxílio de voluntariado, sendo
que muitos deles foram vítimas de crimes.

Alguns grandes centros contam com a participação de advogados, assistentes sociais e psicológicos,
para auxiliarem as vítimas.

A vítima criminal geralmente sofre danos psíquicos, físicos, sociais e até mesmo econômicos, devido
à violência, humilhação dentre outros problemas causados pelos eventos do crime.
Vale aqui abrir um parênteses a respeito da sobrevitimização, que nada mais é do que o desgastante
ingresso na Justiça Criminal através de seus órgãos (Poder Judiciário, Ministério Público e sistema
penitenciário).

São conhecidos na criminologia como “cifras negras”, que nada mais é do que o conjunto de crimes
que não são levados ao conhecimento do Estado. São mais frequentes nas infrações criminais de menor
valor, em decorrência dos crimes existentes de maior gravidade.

D Controle Social

Somos fortemente influenciados pelos meios sociais que chegam até nós, seja pela TV, internet ou
qualquer outro meio. O ser humano tende a agir de acordo com o que pensa ser certo ou errado e culpa-
se quando erra a respeito do que pensa ser certo.

No sistema formal de controle social, encontramos o Sistema da Justiça ou Justiça Criminal, que é
formada pelo Poder Judiciário, Ministério Público, Polícias e Administração Penitenciária, que exercem
papel expressivo no controle social, imposto pelo Poder Público.

O controle social será exercido diretamente nas pessoas e poderá ser feito de maneira direta ou
indireta através das instituições sociais, como é o caso da autoridade policial que pode controlar uma
comunidade, por ser influenciado pela Corregedoria de Polícia.

São formas de controle social:

- Sanções formais e informais: As sanções formais são aplicadas pelo Estado, consistem na aplicação
de sanções cíveis, administrativas ou penais. As sanções informais não apresentam coercibilidade.

- Meios positivos e negativos: de acordo com o meio de atuação, os meios positivos podem se dar por
prêmios, incentivos e os negativos se dão com a aplicação de sanções.

- Controle interno e controle externo: o controle interno é a autodisciplina que vão se formando com o
passar do tempo, desde quando somos crianças. Quando a autodisciplina falhar, poderemos agir por
meio do controle externo, este último se dá com atos da sociedade e até mesmo do Estado. O controle
externo social que mais abala a sociedade é a aplicação da pena de prisão através do Estado.

Quanto ao modo de exercício do controle social pode ser analisado como instrumento de orientação e
fiscalização da atuação da pessoa em meio social. Estes dois instrumentos podem atuar ao mesmo tempo
(Polícia e do Ministério Público).

Com relação aos destinatários, o controle pode ser difuso e fiscalizar toda a comunidade ou localizado,
como por exemplo controlar um grupo determinado de Sem Terras.

Já os agentes fiscalizadores, podem exercer outras formas de controle. O controle social e formal será
feito pelo próprio Estado ou sociedade civil, já o controle informal pode ser realizado pela própria família,
opinião pública.

O controle social recai diretamente nas pessoas por meio das instituições sociais. Ex.: um policial pode
exercer um controle social direto sobre uma comunidade, mas pode ser influenciado em seu controle pela
Corregedoria de Polícia

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Método

Pode-se conceituar o método como o meio em que o raciocínio procura entender um fato referente ao
homem, sociedade e natureza. O método, enquanto estudo da criminologia, precisa estar baseado em
estudos científicos de experiências comparadas e repetidas para que se chegue a realidade.

Os métodos da criminologia dizem respeito ao Empirismo, Interdisciplinaridade, além de outros


fatores sociais e individuais.

O método empírico é o método científico, que se fundamenta com base na observação e em se


tratando de Criminologia, na experimentação. Estende-se ao comportamento delitivo, podendo ainda ser
empregado outros métodos. Desta forma, excluiu-se a tese defendida por Dilthey, que sustentava a
necessidade das ciências naturais, por um lado, e do outro lado, as do espírito.
Este método garante um conhecimento mais confiável com relação ao problema criminal, desde o
momento da fase de investigação, em que o investigador poderá utilizar os seus métodos e teorias sobre
a causa do crime.

A Criminologia difere-se do Direito, pois a primeira é uma ciência empírica, voltada a observação da
realidade, já o segundo por se tratar de uma ciência cultural, normativa, utilizando-se de um método lógico
e dedutivo.

A natureza jurídica da criminologia se baseia em fatos concretos, que deram causa ao cometimento
do crime, e não em silogismos ou discursos que buscam trazer uma explicação aos fatos. Os fatos
tratados por um criminólogo e por um jurista são vistos de maneira diferente, como já visto acima. O
criminólogo analisa os dados e dele tira suas próprias conclusões, enquanto os juristas partem das
premissas do que seja certo ou errado, para aplicar as penalidades referentes aos crimes.

Dada a complexidade do comportamento humano e dos fenômenos sociais, cabe sim completar o
método empírico com outros de natureza qualitativa, não incompatíveis com aquele, capazes de captar e
interpretar o significado profundo do drama criminal para além do frio valor objetivo dos meros dados e
análises estatísticas.2

A interdisciplinaridade vem associada ao processo da Criminologia. Muitas disciplinas científicas


valem-se do crime como fenômeno individual e social. Tanto a biologia, psicologia como a sociologia, com
suas respectivas formas de atuação acumularam saberes sobre o delito.

Apenas por meio da integração dessas matérias especializadas, poderá ser formulado um diagnóstico
científico, que possa reunir todos os elementos que formaram o crime, fonte esta muito mais segura do
que a aplicação das penas aos suspeitos, que se valem de conhecimentos do que consta em autos de
processos, em laudos superficiais.

O princípio interdisciplinar, portanto, é uma exigência estrutural do saber científico imposto pela
natureza totalizadora deste e não admite monopólios, prioridades, nem exclusões entre as partes ou
setores de seu tronco comum. De fato, parece, ademais, óbvio que a Criminologia só pôde se consolidar
como ciência, como ciência autônoma, quando conseguiu se emancipar daquelas disciplinas setoriais em
torno das quais nasceu e com as quais, com frequência, se identificou indevidamente. Isto é, quando
ganhou consciência de "instância superior", de sua estrutura interdisciplinar.3

Questões

01. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). A criminologia moderna


(A) é uma ciência normativa, essencialmente profilática, que visa oferecer estratégias para minimizar
os fatores estimulantes da criminalidade e que se preocupa com a repressão social contra o delito por
meio de regras coibitivas, cuja transgressão implica sanções.

2 .Comte, A. Discurso sobre el espiritu positivo, p. 54 e ss


3 Sobre o princípio interdisciplinar, vide Göppinger, H. Criminologia, p. 136 e ss.; Eisen¬berg, U. Kriminologie, p. 8 e ss.; García-Pablos de
Molina, A. Tratado de criminología cit., 1999, p. 51 e ss.

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(B) ocupa-se com a pesquisa científica do fenômeno criminal — suas causas, características, sua
prevenção e o controle de sua incidência —, sendo uma ciência causal-explicativa do delito como
fenômeno social e individual.
(C) ocupa-se, como ciência causal-explicativa-normativa, em estudar o homem delinquente em seu
aspecto antropológico, estabelece comandos legais de repressão à criminalidade e despreza, na análise
empírica, o meio social como fatores criminógenos.
(D) é uma ciência empírica e normativa que fundamenta a investigação de um delito, de um
delinquente, de uma vítima e do controle social a partir de fatos abstratos apreendidos mediante o método
indutivo de observação.
(E) possui como objeto de estudo a diversidade patológica e a disfuncionalidade do comportamento
criminal do indivíduo delinquente e produz fundamentos epistemológicos e ideológicos como forma
segura de definição jurídico-formal do crime e da pena.

02. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). Os objetos de investigação da criminologia incluem


o delito, o infrator, a vítima e o controle social. Acerca do delito e do delinquente, assinale a opção correta.
(A) Para a criminologia positivista, infrator é mera vítima inocente do sistema econômico; culpável é a
sociedade capitalista.
(B) Para o marxismo, delinquente é o indivíduo pecador que optou pelo mal, embora pudesse escolher
pela observância e pelo respeito à lei.
(C) Para os correcionalistas, criminoso é um ser inferior, incapaz de dirigir livremente os seus atos: ele
necessita ser compreendido e direcionado, por meio de medidas educativas.
(D) Para a criminologia clássica, criminoso é um ser atávico, escravo de sua carga hereditária, nascido
criminoso e prisioneiro de sua própria patologia.
(E) A criminologia e o direito penal utilizam os mesmos elementos para conceituar crime: ação típica,
ilícita e culpável.

03. (PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe – VUNESP/2015). Os objetos de estudo da


moderna criminologia estão divididos em
(A) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima.
(B) três vertentes: política criminal, delito e delinquente.
(C) três vertentes: política criminal, delinquente e pena.
(D) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena.
(E) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.

04. (PC/SP – Médico Legista – VUNESP/14) A autonomia da Criminologia frente ao Direito Penal:
(A) é almejada pelos estudiosos da primeira, mas negada pelos estudiosos do segundo.
(B) não se concretiza, uma vez que a primeira não é considerada ciência, ao contrário do segundo.
(C) comprova-se, por exemplo, pelo caráter crítico que a primeira desenvolve em relação ao segundo.
(D) não se vislumbra na prática, uma vez que todos os conceitos da primeira são emprestados do
segundo.
(E) não se efetiva, uma vez que ambos têm o mesmo objeto e são concretizados pelo mesmo método
de estudo, qual seja, o empírico.

05. (PC/SP – Atendente de Necrotério Policial – VUNESP/14) Para a aproximação e verificação de


seu objeto de estudo, a Criminologia dos dias atuais vale-se de um conceito
(A) empírico e interdisciplinar.
(B) dedutivo e dogmático.
(C) dedutivo e interdisciplinar.
(D)dogmático e lógico-abstrato.
(E) empírico e lógico-abstrato.

06. (PC/SP – Delegado de Polícia – VUNESP/14) Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, a frase: A Criminologia__________; o Direito Penal __________.
(A) não é considerada uma ciência, por tratar do “dever ser” … é uma ciência empírica e interdisciplinar,
fática do “ser”.
(B) é uma ciência normativa e multidisciplinar, do “dever ser” … é uma ciência empírica e fática, do
“ser”.
(C) não é considerada uma ciência, por tratar do “ser” … é uma ciência jurídica, pois encara o delito
como um fenômeno real, do “dever ser”.

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(D) é uma ciência empírica e interdisciplinar, fática do “ser” … é uma ciência jurídica, cultural e
normativa, do “dever ser”.
(E) é considerada uma ciência jurídica, por tratar o delito como um conceito formal, normativo, do
“dever ser” … não é considerado uma ciência, pois encara o delito como um fenômeno social, do “ser”.

07. (PC-SP - Perito Criminal – VUNESP). A moderna Criminologia


(A) tem por seus protagonistas o delinquente, a vítima e a comunidade.
(B) vislumbra o delito como enfrentamento formal, simbólico e direto entre dois rivais – o Estado e o
infrator – que se enfrentam, isolados da sociedade, à semelhança da luta entre o bem e o mal.
(C) não considera como seu objeto de debate os aspectos político-criminais das técnicas de
intervenção social e de seu controle.
(D) tem o castigo do infrator por exaurimento das expectativas que o fato delitivo desencadeia.
(E) tem por seus principais objetivos a reparação do dano causado ao Estado, a ressocialização do
delinquente e a repressão do crime.

08. (PC-SP - Escrivão de Polícia Civil – VUNESP). A corrente de pensamento criminológico que
aponta, como técnica utilizada pelo criminoso para sua auto justificação, um procedimento racional em
que atribui a culpa pelos seus atos antissociais aos agentes públicos encarregados de sua punição
(policiais, membros do ministério público, magistrados), os quais seriam corruptos, parciais e
inescrupulosos, é denominada teoria
(A) do estrutural-funcionalismo.
(B) da criminologia crítica.
(C) da neutralização.
(D) do conflito cultural.
(E) da criminologia radical.

09. (PC-SP - Desenhista Técnico-Pericial – VUNESP/2014). A criminologia é conceituada como uma


ciência
(A) jurídica (baseada nos estudos dos crimes e nas leis) monodisciplinar.
(B) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar.
(C) social (baseada somente nos estudos do comportamento social do criminoso) e unidisciplinar.
(D) exata (baseada nas estatísticas da criminalidade) e multidisciplinar.
(E) humana (baseada na observação do criminoso e da vítima) e unidisciplinar.

10. (PC/SP – Delegado de Polícia – VUNESP/14) Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, a frase: A Criminologia__________; o Direito Penal __________.
(A) não é considerada uma ciência, por tratar do “dever ser” … é uma ciência empírica e interdisciplinar,
fática do “ser”.
(B) é uma ciência normativa e multidisciplinar, do “dever ser” … é uma ciência empírica e fática, do
“ser”.
(C) não é considerada uma ciência, por tratar do “ser” … é uma ciência jurídica, pois encara o delito
como um fenômeno real, do “dever ser”.
(D) é uma ciência empírica e interdisciplinar, fática do “ser” … é uma ciência jurídica, cultural e
normativa, do “dever ser”.
(E) é considerada uma ciência jurídica, por tratar o delito como um conceito formal, normativo, do
“dever ser” … não é considerado uma ciência, pois encara o delito como um fenômeno social, do “ser”.

Respostas

01. Resposta: B
A criminologia moderna visa se estabelecer por meio dos métodos observacionais e na
interdisciplinaridade para formular um estudo consistente que auxilie no combate e prevenção das
atividades criminosas na sociedade.

02. Resposta: C
Pela Escola Correcionalista o delinquente é visto como uma pessoa que precisa de ajuda. O
correcionalismo é o direito protetor dos criminosos e tinha como principal defensor Pedro Garcia Dourado
Montero.

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03. Resposta: E
Atualmente, o estudo da criminologia considera quatro objetos:
- delito;
- delinquente;
- vítima;
- controle social.

04. Resposta: C
A autonomia da Criminologia como ciência reside no fato de que apesar de outras ciências, como a
sociologia, a antropologia, a medicina legal, a psicologia, terem também o ato humano delituoso por
objeto, mas o têm acidentalmente, enquanto a criminologia o tem como escopo principal de suas
atividades investigatórias científicas.
E Roque de Brito Alves é de extrema felicidade ao mostrar essa abordagem ao crime, ao criminoso, à
criminalidade e à vítima, de peculiaridade extrema que torna a Criminologia verdadeiramente autônoma
quanto a seu objetivo de estudo:
“Não ficando restrita a Criminologia unicamente ao estudo das condutas típicas, puníveis por lei,
legalmente definidas como criminosas desde que tem como seu objeto também as condutas desviadas
culturalmente, antissociais, algumas destas podem ser consideradas como verdadeiros ‘estados
criminógenos’ que embora não tipificados como crime são comportamentos ou modos de ser em um estilo
de vida que podem conduzir o indivíduo a delinquir como, p. ex., na vagabundagem, na prostituição, vício
da droga, etc. O que faz com que, obviamente, o estudo criminológico possa adquirir maior horizonte ou
extensão ao não limitar-se ou partir exclusivamente da noção jurídica do delito, compreendendo outras
condutas de grande importância tanto para uma sua apreciação individual, pessoal, como social”.
(ALVES, Roque de Brito. Op. Cit. P. 59).

05. Resposta: A
Pode-se conceituar a Criminologia como sendo a ciência empírica baseada na observação e na
experiência, e interdisciplinar que tem como objeto de análise o crime, a personalidade do autor do
comportamento delitivo, da vítima e o controle social das condutas criminosas.

06. Resposta: D
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo,
da vítima e o controle social das condutas criminosas.
A criminologia é uma ciência do "ser", empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima
e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é
uma ciência do "dever- ser", portanto normativa e valorativa. (Manual Esquemático de Criminologia -
Nestor Sampaio Penteado Filho).
* Criminologia:
- Prevenção do delito é um dos seus principais objetivos.
- Faz o diagnóstico do crime e a tipologia do criminoso, analisando o meio em que vive, seus
antecedentes, a motivação do crime, etc.
- Busca conhecer a realidade para interpretá-la e criar soluções para prevenir o delito, visando o
progresso.
- É ciência empírica do "ser".
* Direito Penal
- Proteção de bens essenciais ao convívio em sociedade através das sanções penais.
- Não dá o diagnóstico do fenômeno criminal.
- Preocupa-se unicamente com a dogmática, isto é, com o crime enquanto fato descrito na norma legal
para descobrir a adequação típica.
- É a ciência normativa do "dever ser".

07. Resposta: A
Tem como objeto o estudo do crime, do delinquente, da vítima e do controle social.
Tem como objetivo a prevenção do delito, dai, diagnosticar o fenômeno criminal, acompanha-lo com
estratégias de intervenção por programas de prevenção do crime pela eficácia do seu controle e custos
sociais

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08. Resposta: C
“Teoria das Técnicas de Neutralização”, trazida a lume por Gresham M. Sykes e David Matza, como
uma “importante correção da teoria das subculturas criminais”. É verificável que o indivíduo, mesmo que
submergido numa subcultura criminal, sempre tem algum contato com a cultura oficial e, de algum modo,
influencia-se e reconhece algumas de suas regras. Se assim não fosse, sequer poderia ter consciência
do caráter desviante de sua conduta. A partir dessa constatação Sykes e Matza procuram expor os
mecanismos utilizados pelos indivíduos para justificarem para si mesmos e os outros, a prática da
conduta desviante em detrimento daquela normalizada. Dessa forma, demonstram como as regras oficiais
atuam perante a consciência dos desviantes, fato este não analisado pela “Teoria das Subculturas”.
09. Resposta: B
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo,
da vítima e o controle social das condutas criminosas".4

10. Resposta: D
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo,
da vítima e o controle social das condutas criminosas.
A criminologia é uma ciência do "ser", empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima
e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é
uma ciência do "dever- ser", portanto normativa e valorativa. (Manual Esquemático de Criminologia -
Nestor Sampaio Penteado Filho).
* Criminologia:
- Prevenção do delito é um dos seus principais objetivos.
- Faz o diagnóstico do crime e a tipologia do criminoso, analisando o meio em que vive, seus
antecedentes, a motivação do crime, etc.
- Busca conhecer a realidade para interpretá-la e criar soluções para prevenir o delito, visando o
progresso.
- É ciência empírica do "ser".
* Direito Penal
- Proteção de bens essenciais ao convívio em sociedade através das sanções penais.
- Não dá o diagnóstico do fenômeno criminal.
- Preocupa-se unicamente com a dogmática, isto é, com o crime enquanto fato descrito na norma legal
para descobrir a adequação típica.
- É a ciência normativa do "dever ser".

7.2. Teorias sociológicas da criminalidade

A teoria de base sociológica diz respeito ao grupo das teorias do consenso. Iniciou-se no começo do
século XX, através dos membros do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, os quais
atribuíram à sociedade os fatores do fenômeno criminal.

A abordagem sociológica do crime tem produzido uma visão deste fenômeno por vezes bastante
distinta da que é projetada pela sociedade em geral, que tende a apresentar a criminalidade como uma
das ameaças mais prementes ao que se considera ser o normal e esperado funcionamento da sociedade.
Sociologicamente o crime pode ser encarado como “funcional e normal”, como um contexto de
“aprendizagem e de socialização” e como uma “resposta das instâncias de controle”.
A sociedade em geral tem uma compreensão limitada do crime, no sentido em que a visão do criminoso
é muitas vezes imputada às suas características individuais não o relacionamento com a sociedade em
que se insere. Com isso, as teorias sociológicas do crime vieram dar ênfase aos grupos sociais em
detrimento das causas individuais.

Por volta do final do século XVIII, as escolas penais lutavam para conceituar e diferenciar o crime do
criminoso. Porém, a partir de estudos científicos, o homem passou a ser o centro dos estudos, mais

4 MANUAL ESQUEMÁTICO DE CRIMINOLOGIA - PROFESSOR NESTOR SAMPAIO PENTEADO FILHO.

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precisamente com a Psicologia e a Sociologia, permitindo se verificar os mais variados comportamentos
humanos, entre eles o delitivo.

Foi justamente nesta época que surgiram as Escolas Criminológicas, tendo como foco de estudo o
criminoso. Essas escolas lutavam para dar respostas ao crime, como combatê-lo e preveni-lo. As escolas
usavam a interdisciplinaridade (Biologia, Psicologia, Sociologia, Psiquiatria, entre outras). Foi a partir daí
que achou-se melhor tocar o foco, ao invés de dar enfoque ao delito, o que merece destaque é o
delinquente.

A Criminologia Tradicional procura quais as causas do crime. Já a Criminologia Nova ou Crítica indaga
como e porque determinadas pessoas são apontadas como criminosas. Enfim, sobre o mesmo objeto de
estudo, os cientistas elaboram questões diferentes que reclamam respostas diferentes. Existindo, entre
essas duas vias de explicação do problema do crime, mais uma relação de complementariedade do que
de exclusão, fazendo da criminologia uma ciência interdisciplinar que envolve a biologia, a psicologia e a
sociologia.5

A partir desta visão, os autores acharam prudente agrupar as teorias criminológicas em:

- Escola Clássica, Escola Positiva e Sociologia Criminal;


- Criminologia nova ou crítica: Teoria da Rotulação, Etnometodologia e Criminologia Radical.

A Escola Clássica surgiu entre os séculos XVIII e XIX. Trata que o ser humano é dotado de livre
arbítrio, e portanto pratica atos movido pelo prazer, buscando a ordem social, visando o bem-estar de
todos (contrato social). Desta feita, a conduta criminosa é uma escolha racional, logo a a pena (castigo)
é necessária e suficiente para acabar com a criminalidade, sendo determinada segundo a utilidade para
se manter ou não o pacto social.

A Escola Positiva, surge após o fracasso das reformas penais entre os séculos XIX e XX. Não
defende-se mais o livre arbítrio e já existe uma previsão do comportamento humano, permitindo a
investigação dos crimes, a partir dos criminosos. Um fenômeno da natureza sujeito a leis naturais
(biológicas, psicológicas e sociais) que podem ser identificas, estudando-se o criminoso. A pena (castigo)
é inútil, pois a conduta criminosa é sintoma de uma doença e como tal deve ser tratada, em nome da
defesa da sociedade.

Para que o criminoso seja analisado, durante esta escola foram implantadas algumas teorias, que
podem ser agrupadas como teorias de controle.

a. Teorias Bioantropológicas: Por esta teoria, podemos entender que algumas pessoas apresentam
predisposição ao crime. A explicação do crime se dá através da estrutura orgânica do indivíduo. O
criminoso é tratado como um ser diferente do cidadão normal.

b. Teorias Psicodinâmicas: a diferença entre o criminoso e o não-criminoso é congênita. A luta para


entender o que se passa no interior do ser humano e os aspectos naturais do mundo de fora, levam o ser
humano a vivenciar um conflito, partindo disto, investiga –se porque a generalidade das pessoas não
comete crimes.

A criminologia psicanalítica, cujas primeiras manifestações se deram com as obras de Freud, Adler e
Jung, e que objetiva “explicar o crime como um ato individual e analisar a psicologia da sociedade
punitiva”. Conforme Dias e Andrade, a criminologia psicanalítica se baseia em três princípios:
- O homem é, por natureza, um ser a-social. Por isso é que Freud refere a criança como um perverso
polimórfico e Stekel como um criminoso universal.
- A causa do crime é, em última instância, social. “O crime, escreve Glover, representa uma das
parcelas do preço pago pela domesticação de um animal selvagem por natureza; ou, numa formulação
mais atenuada, é uma das consequências de uma domesticação sem êxito ‟.
- É durante a infância que se modela a personalidade. É, noutros termos, durante a infância que se
definem os equilíbrios ou desequilíbrios que, com caráter duradouro, hão de dar origem ao
comportamento desviante ou às condutas socialmente aceitas.

5 http://www.leliobragacalhau.com.br/teorias-criminologicas-sobre-o-problema-do-crime/

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A tese central dessa teoria consiste, portanto, na explicação de que o crime se dá quando o Super ego
não consegue inibir o Ego, deixando-o livre para as demandas do Id. O crime significa uma fuga à
vigilância do Super ego.

c. Teorias Psico-Sociológicas: refere-se aos elementos sociais que envolvem a personalidade do


agente. Serão abordados vínculos do indivíduo com a sociedade, visando entender os conflitos interiores
e exteriores que regem o sujeito à obediência da lei.

Na linha positivista segue o funcionalismo, cuja teoria parte do princípio de que a sociedade é um todo
organizado, sendo que as partes são interdependentes. Nesse sentido, a sociedade é também vista como
um grande organismo social, de modo que as instituições sociais são as responsáveis pela harmonia e o
equilíbrio do todo.
Conforme Giddens (2005, p.176) para “as teorias funcionalistas, o crime e o desvio são resultados de
tensões estruturais e de uma falta de regulação social dentro da sociedade”.

Sociologia Criminal Surgiu entre os séculos XIX e XX, e visa solucionar as causas do crime na
sociedade. O crime para essa época, é um fenômeno coletivo, sujeito às leis do determinismo sociológico
e, por isso, previsível. O objeto central da Sociologia é o ser humano e suas diversas interações sociais;
isto significa que é necessário, para se entender algum fenômenos social, que se leve em consideração
o seu contexto global, isto é, os aspectos sociais, culturais, econômicos, políticos, psicológicos,
geográficos, entre outros.

Atualmente, as teorias que analisam a sociedade criminógena, privilegiando a dimensão causalista na


conduta desviada, são denominadas de teorias etiológicas e se subdividem em:

a. Teorias Ecológicas ou da Desorganização Social (Escola de Chicago): surgiu nos EUA, no


início do século XX por meio dos membros do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago,
que conferiram à sociedade as causas do fenômeno criminal.

Nesse período, milhares de pessoas chegaram as grandes cidades, sendo Chicago uma delas. Eram
pessoas de todos os tipos, escravos, minorias éticas, italianos, eslavos que moravam nas periferias, em
precárias condições de higiene e qualquer tipo de estrutura.

Essa miséria vivida fez com que a população passasse por dificuldades, gerando violência e aumento
da criminalidade. Robert E. Park, foi um dos percussores a apontar a influência do entorno urbano a
conduta criminosa praticada.

A Escola de Chicago foi fundamental para o estudo da criminalidade urbana, contribuindo para o
desenvolvimento de estudos referentes nessa área, destacando-se a ecologia humana.
A teoria ecológica criminal defende a prioridade da ação preventiva e a minimização da atuação
repressiva.

b. Teoria da Associação Diferencial: suborientada pela teoria da aprendizagem social ou social


learning, tenta explicar o comportamento criminoso por meio de anomalias biológicas que determinam a
conduta humana. O erro defendido por esta teoria era pensar que apenas os encarcerados cometiam
crimes.

c. Teorias da Anomia ou da Estrutura da Oportunidade: vem do grego (a - ausência; nomia – lei),


significando, assim, ausência da lei.

Iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton. O crime é resultante do
funcionamento do sistema e atualização de seus valores. Possui como característica a natureza
estrutural, pelo determinismo sociológico, pela aceitação do caráter normal e funcional do crime e pela
adesão à ideia de consenso em torno de valores fundamentais para a sociedade.

Por esta teoria, entende-se que tanto o organismo humano quanto a sociedade precisam realizar
algumas funções vitais para que seja mantida a própria sobrevivência, se isso não acontecer, estar-se-à,
diante de uma disfunção.

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Se os mecanismos que regulam a vida em sociedade não atingirem a sua finalidade, acontecerá a
anomia, ou seja, a decomposição das normas sociais.

d. Teorias da Subcultura Delinquente: essa teoria representa o aprimoramento das contribuições de


Durkheim e Merton. Dizem respeito as teorias de classe sociais, partindo da premissa que a sociedade
oferece uma estrutura social com defeitos, de modo que para alguns, é possível o acesso cultural, já para
outros o mesmo não pode ser alcançado.

O termo subcultura refere-se à minoria, os que tem cultura inferior, como por exemplo, os jovens que
pertencem a baixa classe social. Na delinquência juvenil, a subcultura é uma rebeldia com relação as
classes menos favorecidas se comparada com os valores das classes médias.
Dessa forma, dentro da subcultura é normal encontrar o comportamento delinquente. Conclui-se,
portanto, que a subcultura se origina de que os delinquentes fazem parte da cultura e não as pessoas.

Teve origem nos Estados Unidos, já que depois da Segunda Guerra Mundial a sociedade norte-
americana, vivia todo o otimismo da crescente economia, com os avanços da tecnologia e da ciência.
As famílias eram de base patriarcal, com valores fundados no protestantismo.

Anos depois, esse tipo de cultura enraizada nos bons princípios familiares, passa por problemas, em
decorrência da falta de acesso dos jovens ao que era cultuado por pessoas estranhas a eles. Um bom
exemplo foi a luta dos negros norte-americanos visando ser detentores de direitos civis.

Nas próprias escolas não foi diferente, os jovens de famílias ricas experimentavam na socialização
escolar uma espécie de continuação do aprendizado da educação familiar, já os jovens de família pobre
viviam uma desestruturação dentro do ambiente escolar.

São exemplos de subcultura vivida nos Estados Unidos, as gangues de bairros localizados nas
periferias das grandes cidades.6

- Teoria de Cohen

Albert K. Cohen, na obra “Delinquent Boys”, mostra sua dedicação ao estudo da delinquência juvenil.
Ele caracterizou as subculturas delinquentes como não utilitária, maldosa, e negativista. 7

Trata-se de natureza flexível, tendo em vista que os jovens não se especializam em determinado
desvio, indo em sentido contrário aos adultos. Buscam prazer a curto prazo, com o objetivo apenas de se
divertir.
Para o autor, os jovens gostavam de andar em grupos, turmas, de modo que os mais ricos exibiam
seus carros, roupas e os pobres viviam outro tipo de status, pois o da classe alta era inacessível a eles.

Os jovens não buscam seu aperfeiçoamento no mundo do crime, como faziam alguns adultos.
Resistiam firmes às pressões da cultura externa.

- Teoria de Miller

Na década de 60, dentre as inúmeras teorias sobre subcultura que apareceram, destacou-se
fortemente a de Walter B. Miller, de forma que tenta explicar a subcultura da classe baixa.

Diferencia-se de Cohen, afirmando que a criminalidade que se dá nos bairros de classe baixa não
decorre de uma rebeldia de valores, mas pelo fato que o delinquente se conforma com os valores que lhe
transmitem sua própria classe social.

Para Miller, são características da classe baixa: distúrbio, violência, destino e independência, já a
classe média tem outros valores como por exemplo, a conquista.

6 Júnior, José César Naves de Lima. Manual de Criminologia.editora: Jus Podivm, 2ª edição, 2015.
7 Cohen, Albert K. Delinquent Boys: The Culture of the Gang. Glencoe: The Free Press, 1955, p. 25.

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Criminologia Nova ou Crítica estuda a sociedade criminógena, as causas do crime, a reação do
crime na sociedade, e o porquê de algumas pessoas serem tratadas como criminosas.

a. Etnometodologia (surge na década de 1960): estuda a intersubjetividade do cotidiano. O crime


passa por uma construção social efetuada na interação entre o desviante e as agências de controle.

e. Teoria da Rotulação ou labelling approach ou Teoria do Etiquetamento: surgiu nos Estados


Unidos na década de 70 e visa explicar o delito por meio dos conceitos de conduta desviada e reação
social.

O criminoso distingue-se dos demais cidadãos pelas instâncias formais de controle. A criminalidade
resulta do processo social de interação, eis que se trata de um processo de interação, discriminatório e
seletivo, que irá estudar as pessoas e as instituições que definem a pessoa do desviado e funcionamento
do controle social. Dessa maneira, a caracterização de uma conduta como criminosa está relacionada
aos processos sociais de definição do etiquetamento de seu autor como delinquente.

f. Teoria da Criminologia Radical ou Criminologia Marxista (na década de 70): Baseada na análise
marxista que defende a ordem social e faz grande crítica a Teoria da Rotulação, além da Etnometodologia.
A criminologia é compreendida como um problema insolúvel, em meio a uma sociedade capitalista,
devendo ser feita a transformação da própria sociedade.

g. Teoria das Janelas Quebradas: Surge nos EUA, através de dois criminologistas da Universidade
de Harvard que foram James Wilson e George Kelling.
Ganhou esse nome através de um experimento feito por Philip Zimbardo, que fez um estudo com um
carro abandonado em um bairro de alta classe. Como o carro não foi danificado, após passar uma semana
na rua, o próprio Philip, quebrou uma das janelas do carro, onde posteriormente o veículo foi roubado por
vâdalos.

Aqui, visa-se reprimir os delitos pequenos para que os maiores não aconteçam.

Questões

01. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). Acerca dos modelos teóricos explicativos do crime,
oriundos das teorias específicas que, na evolução da história, buscaram entender o comportamento
humano propulsor do crime, assinale a opção correta.
(A) O modelo positivista analisa os fatores criminológicos sob a concepção do delinquente como
indivíduo racional e livre, que opta pelo crime em virtude de decisão baseada em critérios subjetivos.
(B) O objeto de estudo da criminologia é a culpabilidade, considerada em sentido amplo; já o direito
penal se importa com a periculosidade na pesquisa etiológica do crime.
(C) A criminologia clássica atribui o comportamento criminal a fatores biológicos, psicológicos e sociais
como determinantes desse comportamento, com paradigma etiológico na análise causal-explicativa do
delito.
(D) Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito definitorial de delito afirma que,
segundo a teoria do labeling approach, o delito carece de consistência material, sendo um processo de
reação social, arbitrário e discriminatório de seleção do comportamento desviado.
(E) O modelo teórico de opção racional estuda a conduta criminosa a partir das causas que
impulsionaram a decisão delitiva, com ênfase na observância da relevância causal etiológica do delito.

02. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). Considerando que, conforme a doutrina, a


moderna sociologia criminal apresenta teorias e esquemas explicativos do crime, assinale a opção correta
acerca dos modelos sociológicos explicativos do delito.
(A) Para a teoria ecológica da sociologia criminal, que considera normal o comportamento delituoso
para o desenvolvimento regular da ordem social, é imprescindível e, até mesmo, positiva a existência da
conduta delituosa no seio da comunidade.
(B) A teoria do conflito, sob o enfoque sociológico da Escola de Chicago, rechaça o papel das
instâncias punitivas e fundamenta suas ideias em situações concretas, de fácil comprovação e verificação
empírica das medidas adotadas para contenção do crime, sem que haja hostilidade e coerção no uso dos
meios de controle.

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(C) A teoria da integração, ao criticar a teoria consensual na solução do conflito, rotula o criminoso
quando assevera que o delito é fruto do sistema capitalista e considera o fator econômico como
justificativa para o ato criminoso, de modo que, para frear a criminalidade, devem-se separar as classes
sociais.
(D) A Escola de Chicago, ao atentar para a mutação social das grandes cidades na análise empírica
do delito, interessa-se em conhecer os mecanismos de aprendizagem e transmissão das culturas
consideradas desviadas, por reconhecê-las como fatores de criminalidade.
(E) A teoria estrutural-funcionalista da sociologia criminal sustenta que o delito é produto da
desorganização da cidade grande, que debilita o controle social e deteriora as relações humanas,
propagando-se, consequentemente, o vício e a corrupção, que são considerados anormais e nocivos à
coletividade.

03. (PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe – VUNESP/2015). Sobre a teoria da “anomia”,
é correto afirmar:
(A) é classificada como uma das “teorias de conflito” e teve, como autores, Erving Goffman e Howard
Becker.
(B) foi desenvolvida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland e deu origem à expressão white collar
crimes.
(C) surgiu em 1890 com a escola de Chicago e teve o apoio de John Rockefeller.
(D) iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton, e significa ausência de lei.
(E) foi desenvolvida por Rudolph Giuliani, também conhecida como “Teoria da Tolerância Zero”.

04 (PC/SC - Delegado de Polícia – ACAFE/2014). São referências de teorias penais e criminológicas


latino-americanas e brasileiras que tiveram grande repercussão entre os anos 60 a 80 do século XX:
(A) A Criminologia dialética desenvolvida pelos brasileiros Roberto Lyra (pai) e Roberto Lyra Filho.
(B) Criminologia da Liberação desenvolvida em colaboração pelas Venezuelanas Lola Aniyar de Castro
e Rosa Del Olmo.
(C) A Sociologia do controle penal desenvolvida conjuntamente pelo argentino Roberto Bergalli e pelo
chileno Eduardo Novoa Monreal.
(D) O Realismo jurídico-penal marginal, a partir do ponto de vista de uma região marginal do poder
planetário, desenvolvido pelo argentino Eugenio Raúl Zaffaroni.
(E) A Criminologia radical desenvolvida pelo brasileiro Juarez Cirino dos Santos e As matrizes Ibéricas
do Direito Penal brasileiro, desenvolvida conjuntamente pelos brasileiros Nilo Batista e Vera Malaguti W.
de Souza Batista.

05. (PC/SP - Atendente de Necrotério Policial – VUNESP/2014). As teorias absolutas da pena


também são conhecidas por teorias da
(A) reeducação.
(B) restauração.
(C) retribuição.
(D) prevenção.
(E) ressocialização.

06. (PC/SP - Desenhista Técnico-Pericial – VUNESP/2014). As teorias macrossociológicas que


influenciaram o pensamento criminológico moderno são as teorias:
(A) clássica e contemporânea.
(B) de consenso e de conflito.
(C) positiva e refletiva.
(D) negativa e refletiva.
(E) social e comportamental

07. (AL/PB - Procurador – FCC/2013). A avaliação do espaço urbano é especialmente importante


para compreensão das ondas de distribuição geográfica e da correspondente produção das condutas
desviantes. Este postulado é fundamental para compreensão da corrente de pensamento, conhecida na
literatura criminológica, como
(A) teoria da anomia.
(B) escola de Chicago.
(C) teoria da associação diferencial.

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(D) criminologia crítica.
(E) labelling approach

08. (DPE/PR - Defensor Público- FCC). Com o surgimento das Teorias Sociológicas da Criminalidade
(ou Teorias Macrossociológicas da Criminalidade), houve uma repartição marcante das pesquisas
criminológicas em dois grupos principais. Essa divisão leva em consideração, principalmente, a forma
como os sociólogos encaram a composição da sociedade: Consensual (Teorias do consenso,
funcionalistas ou da integração) ou Conflitual (Teorias do conflito social). Neste contexto são consideradas
Teorias Consensuais:
(A) Escola de Chicago, Teoria da Anomia e Teoria da Associação Diferencial.
(B) Teoria da Anomia, Teoria Crítica e Teoria do Etiquetamento.
(C) Teoria Crítica, Teoria da Anomia e Teoria da Subcultura Delinquente.
(D) Teoria do Etiquetamento, Teoria da Associação Diferencial e Escola de Chicago.
(E) Teoria da Subcultura Delinquente, Teoria da Rotulação e Teoria da Anomia.

Respostas

01. Resposta: D
Conhecida ainda como Interacionaismo Simbólico, Rotulação, ETIQUETAMENTO ou Reação Social,
esta teoria, iniciou nos EUA 1970. Não enfoca o crime em si, mas a reação proveniente dele. Os grupos
sociais criam os desvios na qualificação de determinadas pessoas percebidas como marginais. O desvio
ocorre em decorrência da profecia anunciada da repetição da imputação do crime à pessoa estigmatizada

02. Resposta: D
A escola de Chicago inicia um processo que engloba estudos em antropologia urbana, usa o meio
urbano como análise principal, constatando a influência do meio ambiente na conduta delitiva fazendo
um paralelo entre o crescimento das cidades e o consequente aumento da criminalidade.

03. Resposta: D
A Teoria da Anomia iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton.O crime é
resultante do funcionamento do sistema e atualização de seus valores. Possui como característica a
natureza estrutural, pelo determinismo sociológico, pela aceitação do caráter normal e funcional do crime
e pela adesão à ideia de consenso em torno de valores fundamentais para a sociedade.

04. Resposta: D
Para que seja compreendido o autor e a época, trouxemos os autores referentes as alternativas:
A. Lyra Filho;
B - Lola Aniyar;
C - Bergalli;
D - Eugenio Raúl Zaffaroni
E Nilo Batista desenvolveu o livro As matrizes Ibéricas.

05. Resposta: C
Teorias Absolutas ou da Retribuição: são voltadas essencialmente às doutrinas da retribuição ou da
expiação, uma vez que sustentam que a pena deve ter caráter retributivo ou repressivo, ou seja, que ela
funciona como um castigo reparador de um mal. O mal justo da pena compensa o mal injusto do delito.
Seu mérito reside em reconhecer a necessidade de que a pena seja proporcional ao crime cometido.

06. Resposta: B
De acordo com o professor Manoel Sampaio:
Modelos sociológicos de consenso e de conflito
Nessa perspectiva macrossociológica, as teorias criminológicas contemporâneas não se limitam à
análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou de pequenos grupos, mas sim da sociedade como
um todo.
O pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões:
1) uma de cunho funcionalista, denominada teoria de integração, mais conhecida por teorias de
consenso;
2) uma de cunho argumentativo, chamada de teorias de conflito.

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07. Resposta: B
A Escola de Chicago cria os estudos baseados na antropologia urbana, é o meio urbano como foco da
analise principal do delito, sendo que o meio ambiente influencia na delinquência.
Os meios diferentes de adaptação das pessoas às cidades acabam por propiciar a mesma
consequência: implicação moral e social num processo de interação na cidade. Assim, com o crescimento
das cidades começa a surgir uma relação de aproximação entre as pessoas, com a vizinhança se
conhecendo. Passa a existir, por conseguinte, uma verdadeira identidade dos quarteirões. Esse
mecanismo solidário de mútuas relações proporciona uma espécie de controle informal (polícia natural),
na medida em que uns tomam conta dos outros3 (ex.: família que viaja e pede ao vizinho que recolha o
jornal, que mostre ao leiturista da água o local do hidrômetro etc.). Os avanços do progresso cultural
aceleram a mobilidade social, fazendo aumentar a alteração, com as mudanças de emprego, residência,
bairro etc., incorrendo em ascensão ou queda social. A mobilidade difere da fluidez, que é o movimento
sem mudança da postura ecológica, proporcio-nado pelo avanço da tecnologia dos transportes
(automóvel, trens, metrô). Portanto, a mobilização e a fluidez impedem o efetivo controle social informal
nas maiores cidades.

08. Resposta: A
Pertencem ao grupo das Teorias do Consenso, a Escola de Chicago, a Teoria da Associação
Diferencial, a Teoria da Anomia e a Teoria da Subcultura Delinquente. Por conseguinte, pertencem ao
grupo das Teorias do conflito, o Labeling Approach e a Criminologia Crítica.

7.3. Vitimologia

A vitimologia é o estudo científico, relacionado a vitimização criminal e suas consequências. Elas


envolvem as pessoas da sociedade e as que defendem o Estado, mais precisamente a polícia e a justiça
criminal.

O primeiro psiquiatra americano, Frederick Wertham foi quem usou o termo vitimologia, porém o
trabalho vultuoso foi feito por Hans von Hentig "The Criminal an his Victim", de 1948. Sua obra tratava de
abordagem dinâmica, que desafiava a concepção de vítima. Narrava que o comportamento das vítimas,
permitia conhecer as condutas delituosas, devendo ser analisada a relação entre vítima e agressor.

A vitimóloga Ana Isabel Garita Vilchez, por sua vez, define vítima como “a pessoa que sofreu alguma
perda, dano ou lesão, seja em sua pessoa propriamente dita, sua propriedade ou seus direitos humanos,
como resultado de uma conduta que: a) constitua uma violação da legislação penal nacional; b) constitua
um delito em virtude do Direito Internacional; c) constitua uma violação dos princípios sobre direitos
humanos reconhecidos internacionalmente ou d) que de alguma forma implique um abuso de poder por
parte das pessoas que ocupem posições de autoridade política ou econômica” (apud PIEDADE JÚNIOR,
1993, p. 88).

A vitimologia deve ser entendida dentro do ramo dos direitos humanos e não do direito penal. A análise
recairia sobre os abusos contra os direitos humanos, cometidos por cidadãos ou agentes do governo. As
violações a direitos humanos são hoje consideradas questão central na vitimologia.

A expressão vítimas significa as pessoas, que individual ou coletivamente sofreram algum tipo de dano,
seja físico ou mental, transtorno emocional, por meio de atos ou omissões que violem as normas penais.

Na maioria das vezes a vítima e o delinquente andam juntos, pois em algumas circunstâncias
relacionadas com o crime, a vítima impôs resistência, sem colaborar com o resultado delituoso. A vítima
age como coadjuvante para o desfecho do delito, agindo de maneira que poderia tornar o crime diferente
do que foi planejado pelo delinquente. Em casos extremos, poderíamos dizer que o crime sequer existiria.

Além da colaboração da vítima, devem ser consideradas à sua personalidade, antecedentes e


condições pessoais, já que se tratam de aspectos referentes a classificação do crime e aplicação da pena.

Edgard de Moura Bittencourt, invocando o ensinamento de Walter Raul Sempertegui, assevera que
“essa brilhante concepção traz como consequência que a vítima adquire relevante preponderância no

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estudo do delito e que se elimine o critério que a reduzia à condição de passiva receptora da ação
delituosa. E assim igualmente se destrói a insuficiente afirmação de que só o delinquente pode decifrar o
problema do crime, sem considerar que sua existência como tal só é possível com a correlata existência
da vítima e que toda ação dirigida única e exclusivamente ao delinquente fundar-se-á sobre bases falsas”
(1971, p. 21).

O nobre magistrado ao se deparar com uma causa sobre determinado fato criminoso, deve levar em
conta as circunstâncias do crime e o comportamento da própria vítima, conforme determina o artigo 59,
caput, do Código Penal.

Edgar de Moura Bittencourt considera que “contribuir para que o legislador e o juiz criminal sejam
advertidos do problema, hoje bem focalizado pela Vitimologia (...), tentando mostrar que na terapêutica e
na profilaxia do crime, o estudo da vítima conduz a resultados satisfatórios para decisões justas e
humanas e para prevenções de crimes”.8

Trata-se da análise racional da dupla penal delinquente-vítima, “em vista dos antecedentes do fato, da
personalidade de cada um dos sujeitos do crime e de sua conduta nas cenas que culminaram na infração
penal. A vítima será então estudada não como efeito nascido ou originado na realização de uma conduta
delituosa, senão, ao contrário, como uma das causas, às vezes principalíssima, que representa na
produção dos crimes. Ou, em outras palavras, a consideração e a importância que se deve dar à vítima,
na etiologia do delito” 9

Além da análise do comportamento da vítima (em especial antes e durante o evento criminoso), outro
aspecto que merece atenção é aquele relacionado à palavra da vítima como prova judiciária.

O juiz deve analisar se a palavra da vítima consegue convencer o juiz sobre o delito, verificando o fator
biológico (personalidade), se de fato o caso ocorreu de tal forma ou a vítima está exagerando com relação
a sua narrativa. Somente assim o magistrado terá reais condições de proferir uma decisão justa.

A vítima deve ter firmeza ao prestar suas declarações, pois suas alegações serão aceitas caso acuse
o réu de forma inabalável.

Para alguns casos fica mais fácil comprovar se a vítima está mentindo ou falando a verdade, quando
se tratar de crimes de cunho sexual, por deixarem vestígios (equimoses, rotura do hímen, gravidez,
esperma na cavidade vaginal, etc.), pois o perito deve considerar as provas técnicas que ficam
comprovadas em laudo.

Já para os crimes que não deixam vestígios, o perito infelizmente possui grande dificuldade para
elaborar seu laudo e para estes casos a palavra da vítima é relevante, por representar o único meio de
prova.

Edgard de Moura Bittencourt, assevera “é bem de ver que, tanto apontando o autor do crime como
afirmando sua materialidade não revelada por outros meios probatórios, a palavra da vítima pode ser fruto
de uma ideia preconcebida, ou criada pela imaginação traumatizada”

Portanto, o trabalho do perito é complexo, devendo pormenorizar a mente da vítima, constatando a


credibilidade de sua versão dos fatos, verificando se a vítima contribuiu para o desfecho do delito.

As vítimas são classificadas da seguinte maneira:

- Vítima completamente inocente ou vítima ideal: a vítima não participa do evento criminoso, o
delinquente é o único responsável pela produção do resultado.

- Vítima menos culpada do que o delinquente ou vítima por ignorância: também conhecida como
vítima coadjuvante cooperadora por outros doutrinadores é a vítima que contribuiu de alguma forma para

8 BITTENCOURT, Edgard de Moura. Vítima: Vitimologia: A dupla penal delinquente-vítima. Participação da vítima no crime. Contribuição da
jurisprudência brasileira para a nova doutrina. São Paulo: Universitária de Direito, 1971.
9 idem

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o resultado, facilita o crime quando frequenta lugares perigosos, sem se preocupar com objetos de valores
que acabam ficando expostos, parecendo demonstrar inocência sem ter a cautela necessária.

- Vítima tão culpada quanto o delinquente: é a vítima que teve participação crucial para a realização
do crime

- Vítima mais culpada que o delinquente ou vítima provocadora: os exemplos mais frequentes
dessa modalidade encontram-se nas lesões corporais e nos homicídios privilegiados cometidos após
injusta provocação da vítima.10

- Vítima como única culpada, cujos exemplos trazidos pela doutrina são os consequentes:
“indivíduo embriagado que dirige em rua movimentada, vindo a ser atropelado, o que causou sua morte
e os demais casos típicos de suicídio”.

Além destas vítimas podemos destacar outras como por exemplo:

- Vítima resistente: é a que age em legítima defesa, em face de injusta agressão atual ou iminente.

- Vítima indefinida ou indeterminada: é a vítima da atualidade, que vem aumentando ainda mais
com o crescimento científico, com atos de terrorismo, crimes virtuais de consumo.
- Vítima determinada: o agente sabe quem é a sua vítima, em alguns casos ela já estava sendo
observada, como por exemplo, os casos de sequestro, homicídios.

- Vítima falsa: simulada ou imaginária. Erroneamente acredita que está sendo vítima de um crime,
provocando o Poder Judiciário, fazendo com que os processos demorem ainda mais para serem
analisados. Em algumas ocasiões tratam-se de vítimas com imaturidade psicológica ou doenças
patológicas.

- Vítima real: fungível ou não fungível: As vítimas reais fungíveis podem também ser chamadas de
inteiramente inocentes ou vítimas ideais, pois, caso venha a ocorrer um delito, sua relação com o
criminoso é irrelevante e, justamente por isso, elas são substituíveis na dinâmica criminal. Em outras
palavras, isso significa que o fato delitivo não se desencadeia com base em sua intervenção, consciente
ou inconsciente.11

É importante ressaltar que as vítimas reais fungíveis ainda se subdividem em duas subespécies:
acidentais e indiscriminadas. As acidentais são aquelas colocadas, por azar, no caminho dos delinquentes
como, por exemplo, aquela que se encontra num banco no exato momento em que um grupo de
assaltantes ali adentra para roubá-lo. Já as indiscriminadas representam uma categoria mais ampla que
a anterior, pois não sustentam, em nenhum momento, vínculo algum com o infrator como, por exemplo,
as vítimas de atentados terroristas.

Por outro lado, as vítimas reais não fungíveis são aquelas que desempenham certo papel na gênese
do delito. Daí serem consideradas insubstituíveis na dinâmica criminal. As vítimas reais não fungíveis
também se subdividem, porém, em quatro subespécies: imprudentes, alternativas, provocadoras e
voluntárias.

As imprudentes são aquelas que omitem as precauções mais elementares facilitando, dessa forma, a
concretização de um crime. Exemplo: deixar à mostra um objeto valioso dentro de um veículo que esteja
com os vidros abertos. As alternativas são aquelas que, deliberadamente, se colocam em posição de sê-
lo, dependendo do azar sua condição de vítima ou de vitimário. Exemplo clássico mencionado pela
doutrina é o duelo. As provocadoras são aquelas que fazem surgir o delito, precisamente, como represália
ou vingança pela prévia intervenção da vítima. Exemplos são os homicídios privilegiados cometidos após
injusta provocação da vítima. As voluntárias são aquelas que constituem o mais característico exemplo
de participação. Nestes casos o delito é resultado da instigação da própria vítima ou de um pacto
livremente assumido. Exemplo típico é a eutanásia.

10 http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12878
11 http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12878

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- Vítimas individuais: são as vítimas clássicas, ou seja, as que estão no polo passivo do crime.

- Vítimas familiares: infelizmente são as vítimas de agressores que fazem parte da própria família, os
casos de maus tratos e agressões sexuais. As vítimas geralmente são as crianças e as mulheres, por
serem a parte mais fragilizada.

- Vítimas coletivas: as vítimas nem sempre são pessoas físicas, para este caso podem se enquadrar
as pessoas jurídicas, a comunidade e o próprio Estado. São os corriqueiros crimes contra o sistema
financeiro.

- Vítimas da sociedade e do sistema social: é a vítima do mal do século, devido ao descaso que
vem se alastrando em nosso país. Exemplo: mortes em leitos de hospitais por falta de profissionais para
prestarem atendimento e a falta de leitos e até mesmo de hospitais.

No Brasil, a vitimologia para ser conceituada deve verificar a autonomia científica ou como ciência
autônoma. Aos que a defendem como autonomia cientifica, alegam a existência de métodos e fins
específicos. Contudo, a maioria dos doutrinadores considera a vitimologia como um ramo da criminologia.
Todavia, vale lembrar que a quantidade de obras publicadas, o número cada vez maior de estudiosos
do assunto e a infinidade de eventos relacionados à Vitimologia, não só no Brasil como no exterior, são
fatores que falam por si e são capazes de demonstrar que este último posicionamento, extremamente
radical, é voz isolada na doutrina.
No Brasil, pelo que se sabe, o primeiro artigo relacionado à Vitimologia só veio à tona uma década
depois, quando o trabalho de Paul Cornil, apresentado durante as Jornadas Criminológicas Holando-
Belgas, fora transcrito na Revista da Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Paraná, anos VI
e VII, nº 06 e 07, de 1958 e 1959.12

A partir de então dezenas de profissionais, das mais variadas áreas do conhecimento humano (Direito,
Medicina, Sociologia, Psicologia, etc.) e das mais diversas regiões do país passaram a dispensar maior
atenção ao papel da vítima no contexto da realidade social.

O estudo sobre a vítima ganhou maior enfoque com os trabalhos dos mais variados autores, entre eles
destacaram-se: de René Ariel Dotti (Paraná), Armida Bergamini Miotto (Brasília), Edgard de Moura
Bittencourt (São Paulo), Ester Kosovski (Rio de Janeiro), etc.,

No ano de 1971, o professor Edgard de Moura Bittencourt lançou seu livro Vítima: a Dupla Penal
Delinquente-Vítima, Participação da Vítima no Crime. Contribuição da Jurisprudência Brasileira para a
Nova Doutrina.

Em 1973, estudiosos brasileiros participaram do I Simpósio Internacional de Vitimologia em Jerusalém,


demonstrando seu interesse no ramo das ciências criminológicas. No Brasil, o I Congresso Brasileiro de
Criminologia ocorreu em Londrina, no Estado do Paraná, a discussão neste evento dizia respeito ao
fenômeno da vitimação.

A Sociedade Brasileira de Vitimologia foi fundada no Rio de Janeiro, em 28 de julho de 1984.

No campo das leis, foram criadas normas para organização e manutenção de programas especiais
para proteção de vítimas, mediante a aprovação da Lei n.º 9.807, de 13 de julho de 1999, que dispõe
sobre a matéria e institui o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas.

O estudo e a pesquisa sobre esse assunto não parou, no dia 26 de outubro de 2012 foi realizado o IX
Seminário de Vitimologia, no Auditório Ministro Evandro Lins e Silva, na sede da Ordem dos Advogados
do Brasil, Seccional do Rio de Janeiro, ocasião em que foram discutidos temas como: Vitimologia e
Direitos Humanos; História, memória e aplicação da Vitimologia; A Vitimologia e o usuário de drogas;
Vitimização do meio ambiente; O papel da educação frente à Vitimologia; etc.

Vários foram os mecanismos utilizados para amparo as vítimas, passando por leis, códigos.

12 http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12878

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Atualmente, a Vitimologia procura estudar a complexa órbita da manifestação do comportamento da
vítima face ao crime, numa visão interdisciplinar em seu universo biopsicossocial, procurando encontrar
alternativas de proteção, material ou psicológica, às vítimas.

Graus de vitimização, consequências e alternativas.

A vitimização passa por diferentes graus, relacionando-se com origem e as consequências e soluções
dos danos causados às vítimas, que são conhecidos como vitimização primária, secundária e terciária,
respectivamente.

Vitimização primária é aquela ocasionada pelo cometimento do delito. Seriam os danos físicos,
psíquicos ou mesmo materiais causados à vítima. Vitimização secundária, ou sobrevitimização, é aquela
ocasionada pelas instâncias formais de controle social, no decorrer do processamento e apuração do
crime. Esta ocorre após o cometimento do crime, já na fase em que a vítima sofre problemas psicológicos
que se aderem aos problemas físicos e materiais.

É geralmente percebido em crimes contra os costumes, crimes sexuais, crimes contra criança e
adolescente, crimes contra a mulher, já que são delitos que mexem com o íntimo das pessoas e não
somente com seus fatores corporal ou material.

A vitimização secundária começa desde o momento em que a vitima tem que ir a uma delegacia,
enfrentar policiais no mais das vezes despreparados, depois tem que enfrentar um duro e demorado
processo, que geralmente ao final culmina com a não reparação do dano causado. E, ainda, ressalte, que
no Brasil, dificilmente alguém fica preso por muito tempo. O que demonstra que a vítima é a mais
prejudicada, também, no processo penal.

Percebe-se com clareza, quando se põe a tona, no caso de crimes de abusos sexual contra mulheres,
tais como estupro e atentado violento ao puder, em que normalmente tais mulheres são atendidas em
delegacias por homens, sem qualquer acompanhamento assistencial, e ainda, são submetidas a exames
de corpo de delito, geralmente também por homens. Tudo isto de forma imparcial e sem dar nenhuma
importância àquela vítima. É, pois, o próprio sistema, que deveria evitar a vitimização da vítima, que a
vitimiza, ante o despreparo de nossas polícias e de nossos tribunais.

Já a vitimização terciária, é aquela causada pelo meio social em que vive a vítima, tanto feita pela
família, pelos amigos, pelos colegas de trabalho, até mesmo pela igreja e tantos outros. Esse último tipo
de vitimização ocorre geralmente quando de crimes contra os costumes, crimes sexuais contra mulheres
e menores, nos quais as pessoas se afastam dessas pessoas, comentam sobre elas, fazendo com isso
um processo de discriminação e vitimização delas. Alguns esquecem, inclusive, que se trata de vítimas e
não delinquentes.

Tanto a vitimização secundária quanto a terciária acontecem constantemente, provocando o


distanciamento da vítima da Justiça, por não acreditar que seu dano será reparado. Pelo contrário, está-
se vitimizando novamente a vítima, tratando-a como a delinquente, e impondo uma majoração das
consequências, já graves, dos crimes.

Essa prestação de auxílio às vítimas, muito comum nos EUA e no Canadá, ocorre da seguinte forma:
“Antes, facilitando-lhes as gestões da denúncia que em algumas situações de terrorismo deveriam manter
certo anonimato (...); durante, evitando-lhes a segunda vitimação; e, depois, com os programas de
compensação e os possíveis intentos restaurativos e reconciliadores, etc.” 13

Vitimologia nos crimes sexuais

O delinquente antes de fazer suas vítimas faz um estudo sobre o comportamento, aspectos físicos,
para justificar o seu crime, retirando as inibições e sentimentos de culpa, que porventura vierem a
perturbar o autor do delito.

13 BERISTAIN, Antonio (Tradução de Cândido Furtado Maia Neto). Nova Criminologia à luz do Direito Penal e da Vitimologia. São Paulo:
Imprensa Oficial do Estado, 2000.

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No aspecto sexual, a vítima contribui de forma indireta, algum comportamento poderá levar o
delinquente a excitação e desta forma, a vítima que não tem ideia de sua colaboração para isso acabada
sendo exposta ao perigo. Um simples comportamento, um olhar leva o criminoso ao delírio, que devido a
atração física ataca-a sem pensar a respeito.

O depoimento prestado por uma vítima de violência sexual deve ser feito com muita cautela, pois esses
tipos de crimes geralmente são cometidos escondidos de outras pessoas, ficando difícil mensurar até que
ponto os esclarecimentos são verídicos.

Caso existam outras provas, elas devem ser juntadas ao processo, colaborando para o esclarecimento
dos fatos. Exemplo: os casos de estupro onde é permitida a confecção de laudos periciais, quando o
crime deixar vestígios. O laudo é a ferramenta essencial para assegurar que a vítima não está mentindo
à respeito.
Algumas peculiaridades devem ser levadas em conta, como por exemplo a idade da vítima, se é ou
não criança, a higidez mental, principalmente quando se tratar de vítimas portadoras de doenças mentais
ou ainda pessoas que possuam traumas pscicológicos. Uma mente com problemas psicológicos não traz
na sua narrativa elementos que possam ser considerados corretos.

A esse respeito é muito esclarecedora a seguinte lição: “O percuciente exame dos índices de valor ao
alcance do juiz é o importante fator subjetivo de uma conclusão prudente. Primeiramente, a prova da
materialidade da infração, prova, que se não for direta, deverá ser bem robusta; em segundo lugar, os
elementos circunstanciais, senão totalmente favoráveis à palavra da vítima, ao menos tendentes a não
destruir aquela presunção (...) de que a animosidade da ofendida só se dirige contra o verdadeiro ofensor.
Os elementos circunstanciais são muitos, a começar pela normalidade do depoente, pois a mentira pode
obedecer a fatores biológicos que devem ser esclarecidos com os postulados da moderna fisiopsicologia”
(BITTENCOURT, 1971, p. 107).

Algumas vítimas de crimes sexuais acabam colaborando diretamente para serem molestadas, pois
para satisfação da libido, desejos sexuais contidos acabam aceitando caronas de pessoas estranhas,
frequentando lugares ermos altas horas da noite.

Edgard de Moura Bittencourt, entende que se trata de uma questão extremamente delicada, uma vez
que “a provocação feminina está ligada a um paradoxo fundamental da conduta sexual da mulher” (1971,
p. 185), consistente no fato de que, para suprir suas frustrações, bem como para provar seu poder de
atração, ela passa a se mostrar provocante e excitante, o que acaba por contribuir, de maneira decisiva,
para a concretização dos delitos sexuais.

Portanto, o conhecimento sobre a participação da vítima poderá excluir o fato típico ou a culpabilidade
do agente, portanto, caso estes elementos não façam parte da conduta, não que se falar em crime.

O elemento subjetivo, seja do agente ou da vítima são os fatores que levam a concretização do delito.

Um importante julgado merece destaque quanto à resistência por parte da vítima para os casos de
crimes sexuais. Vejamos:

“A lei exige que a resistência à consumação do ato sexual seja sincera, mas não requer se prolongue
até o instante do desfalecimento ou do transe psíquico” (RT 298-98).

Em resumo pode-se dizer que o conceito de valor expresso na norma incriminadora pressupõe um ato
inicial e eficaz do agente sem a participação da vítima. Entretanto, se a vítima aquiescer ou contribuir de
maneira significativa, não há que se falar em crime, haja vista a exclusão do fato típico (em virtude da
tipicidade deixar de existir) ou da culpabilidade do agente (em decorrência da aplicação da tese conhecida
como inexigibilidade de conduta diversa), respectivamente.14

Salienta-se, por fim, que, para a validade da referida tese, deve-se levar em conta as peculiaridades
de cada caso concreto e, mesmo assim, é importante ressaltar que sua aplicação deve ser feita de

14 http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12878

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maneira extremamente cuidadosa, pois, a imensa maioria dos crimes sexuais são levados a cabo sem
que haja a mínima participação da vítima.

Mais recentemente, os estudiosos do assunto passaram a dedicar especial atenção à relação que
pode existir entre a vítima e seu agente ofensor, relação essa chamada pela doutrina de dupla penal,
sendo que, na maioria dos casos, a vontade da vítima é divergente da vontade do delinquente, enquanto
em algumas hipóteses o que caracteriza tal relação é a convergência de vontades, ou seja, neste último
caso, de uma forma ou de outra, consciente ou inconscientemente, a vítima acaba colaborando com o
desfecho criminoso.
Questões

01. (MPE/SC - Promotor de Justiça – Matutina – MPE/2016). Enquanto a criminologia pode ser
identificada como a ciência que se dedica ao estudo do crime, do criminoso e dos fatores da criminalidade,
a vitimologia tem por objeto o estudo da vítima e de suas peculiaridades, sendo considerada por alguns
autores como ciência autônoma.

( ) Certo ( ) Errado

02. (TRT/15ª Região - Técnico Judiciário – Segurança – FCC). Sobre a vitimologia, é correto afirmar
que
(A) pouco tem ainda contribuído para a formulação de políticas públicas, já que nem sempre utiliza
dados de interesse governamental.
(B) a reparação do dano causado à vítima interessa e se constitui uma exigência social.
(C) a vulnerabilidade da vítima decorre de diversos fatores comuns, o que faz com que o risco de
vitimização seja equânime para as pessoas em geral, assim como o próprio delito.
(D) os estudos de vitimologia têm auxiliado a compreensão do fenômeno da criminalidade, a partir da
introdução do enfoque de que algumas delas devem ser protegidas pelo Estado.
(E) não deve ser definida em termos de direito penal, mas sim de direitos humanos.

03. (PC/SP- Escrivão de Polícia Civil – VUNESP). Assinale a alternativa correta, a respeito da
Vitimologia.
(A) O comportamento da vítima em nada contribui para a ocorrência do crime contra si praticado.
(B) A Vitimologia estuda o papel da vítima no episódio danoso, o modo pelo qual participa, bem como
sua contribuição na ocorrência do delito.
(C) A Vitimologia nasceu como ramo das ciências jurídicas, por conta das observações feitas pelos
estudiosos a respeito do comportamento da vítima perante o ordenamento jurídico em vigor.
(D) A Vitimologia surgiu, como ramo da Criminologia, em 1876, por meio da obra “O Homem
Delinquente”, de Cesare Lombroso.
(E) O comportamento da vítima sempre contribui para a ocorrência do crime contra si praticado.

04. (PC/SP- Atendente de Necrotério Policial – VUNESP). Para a Vitimologia, a vítima agressora,
simuladora ou imaginária também é conhecida por:
(A) vítima inocente.
(B) vítima menos culpada que o criminoso.
(C) vítima tão culpada quanto o criminoso.
(D) pseudovítima ou vítima totalmente culpada.
(E) vítima ideal

Respostas

01. Resposta: certo


No início, a vitimologia era considerada um ramo da criminologia, porém hoje a maioria dos
doutrinadores entendem como ciência autônoma.
Guglielmo Gulotta descreve criminologia como uma disciplina que tem por objeto o estudo da vítima,
de sua personalidade, de suas características, de suas relações com o delinquente e do papel que
assumiu na gênese do delito.

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02. Resposta: E
Elias e outros cientistas políticos sustentam que a vitimologia não deve ser definida em termos de
direito penal, mas de direitos humanos. Assim, a vitimologia deveria ser o estudo das consequências dos
abusos contra os direitos humanos, cometidos por cidadãos ou agentes do governo.

03. Resposta: B
Nas lições de Júlio Fabbrini Mirabete e Renato N. Fabbrini (2007, p. 301):
Estudos de Vitimologia demonstram que as vítimas podem ser ‘colaboradoras’ do ato criminoso,
chegando-se a falar em ‘vítimas natas’ (personalidades insuportáveis, criadoras de casos, extremamente
antipáticas, pessoas sarcásticas, irritantes, homossexuais e prostitutas etc.). Maridos vergudos e
mulheres megeras são vítimas potenciais de cônjuges e filhos; homossexuais, prostitutas e marginais
sofrem maiores riscos de violência diante da psicologia doentia de neuróticos com falso entendimento de
justiça própria. Quem vive mostrando sua carteira, recheada de dinheiro, aumenta as probabilidades do
furto e do roubo; o adúltero há de ser morto pelo cônjuge.

04. Resposta: D
Mendelsohn sintetiza três grupos de vítimas: a) vítima inocente, que não concorreu, de qualquer forma,
para o evento criminoso; b) vítima provocadora, que, voluntária, imprudente ou negligentemente, colabora
com os fins pretendidos ou alcançados pelo delinquente. Tem-se, como exemplo de vítima provocadora,
aquela que deixa sua carteira com documentos, numerário em dinheiro e talão de cheques em cima do
painel de seu veículo. A ação negligente da vítima desperta a intenção em praticar o delito no delinquente;
c) vítima agressora, simuladora ou imaginária, que, na verdade, não é vítima, mas pseudovítima. Ocorre
quando a esposa, no intuito de se vingar do marido, por motivo de ciúmes, se auto-lesiona e aciona a
polícia arguindo ter sido vítima de violência familiar.15

7.4. O Estado Democrático de Direito e a prevenção da infração penal

O Estado Democrático de Direito, que significa a exigência de reger-se pelo Direito e por normas
democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo povo bem como o respeito das autoridades públicas
aos direitos e garantias fundamentais, proclamado no caput do artigo 1º da Constituição Federal de 1988,
adotou, igualmente em seu parágrafo único, o denominado princípio democrático, ao afirmar que “todo
poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição”16.
O termo "Estado democrático de direito" conjuga dois conceitos distintos que, juntos, definem a forma
de mecanismos tipicamente assumidos pelo Estado de inspiração ocidental. Cada um destes termos
possui sua própria definição técnica, mas, neste contexto, referem-se especificamente a parâmetros de
funcionamento do Estado Ocidental moderno. Em sua origem grega, "democracia" quer dizer "governo
do povo". No sistema moderno, no entanto, não é possível que o povo governe propriamente (o que
significaria uma democracia direta). Assim, os atos de governo são exercidos por membros do povo ditos
"politicamente constituídos", por meio de eleição.
No Estado Democrático Brasileiro, as funções típicas e indelegáveis do Estado são exercidas por
indivíduos eleitos pelo povo para tanto, de acordo com regras pré- estabelecidas que regerão o pleito
eleitoral. O aspecto do termo "de Direito" refere-se a que tipo de direito exercerá o papel de limitar o
exercício do poder estatal.
No Estado democrático de direito, apenas o direito positivo (isto é, aquele que foi codificado e aprovado
pelos órgãos estatais competentes, como o Poder Legislativo) poderá limitar a ação estatal, e somente
ele poderá ser invocado nos tribunais para garantir o chamado "império da lei". Todas as outras fontes de
direito, como o Direito Canônico ou o Direito natural, ficam excluídas, a não ser que o direito positivo lhes
atribua esta eficácia, e apenas nos limites estabelecidos pelo último.
Nesse contexto, destaca-se o papel exercido pela Constituição. Nela delineiam-se os limites e as
regras para o exercício do poder estatal (onde se inscrevem os chamados "Direitos e Garantias
fundamentais"), e, a partir dela, e sempre a tendo como baliza, redige-se o restante do chamado
"ordenamento jurídico", isto é, o conjunto das leis que regem uma sociedade.

15 http://jus.com.br/artigos/21607/vitimologia-e-direitos-humanos#ixzz368PXUZIX
16 Alexandre de Moraes. Direito Constitucional. 21ª Ed. São Paulo: Jurídico Atlas, 2007. p 125

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O Estado democrático de direito não pode prescindir da existência de uma Constituição. No entanto,
toda a conceitualização não deverá restringir o elemento democrático à limitação do poder estatal e a
democracia ao instituto da representação política. Esta, em virtude de seus inúmeros defeitos, não pode
fundamentar o Estado Democrático de Direito, pelo menos não como ele deveria ser, já que o princípio
democrático não se reduz a um método de escolha dos governantes pelos governados.

A Criminologia deve buscar as respostas sobre as causas que levam as pessoas a praticarem os
delitos, segundo Rousseau, a Criminologia deveria procurar a causa do delito na sociedade. Cesar
Lombroso chegou a pensar que o criminoso já nascia com o estigma da criminalidade, sendo denominado
de criminoso nato.

O crime se trata de um fenômeno mundial e intrínseco ao ser humano. A sociedade não pode ver o
crime crescer e ficar de braços cruzados, mas infelizmente, por mais que órgãos estatais procurem
proteger as pessoas, as violências físicas e psíquicas estão aumentando, provocando os mais diversos
danos pessoais e materiais, podendo destruir sonhos e projetos de vida.

Em parcas palavras, Penteado Filho define prevenção como sendo um conjunto de ações que visam
evitar a ocorrência do delito, proporcionando a manutenção da paz e a harmonia social.17

Segundo os escritores Nestor Sampaio Penteado Filho, Paulo Argarate Vasques e Ugo Osvaldo
Frugoli, ao escreverem a obra Coleção Preparatória para Concurso de Delegado de Polícia, editora
Saraiva, São Paulo, 2014:

Sustenta-se que o crime não é uma doença, mas sim um grave problema da sociedade que deve ser
resolvido por ela.

A Criminologia moderna defende a ideia de que o delito assume um papel mais complexo, de acordo
com a dinâmica de seus protagonistas (autor, vítima e comunidade), assim como pelos fatores de
convergência social.

Enquanto a Criminologia clássica vislumbra o crime como um enfrentamento da sociedade pelo


criminoso (luta do bem contra o mal), numa forma minimalista do problema, a Criminologia moderna
observa o delito de maneira ampla e interativa, como um ato complexo em que os custos da reação social
também são demarcados.

No Estado Democrático de Direito em que vivemos a prevenção criminal é integrante da “agenda


federativa”, passando por todos os setores do Poder Público e não apenas pela Segurança Pública e pelo
Judiciário. Ademais, no modelo federativo brasileiro a União, os Estados, o Distrito Federal e, sobretudo,
os municípios devem agir conjuntamente visando à redução criminal (art. 144, caput, da Constituição
Federal).

A prevenção delituosa alcança, portanto, as ações dissuasórias do delinquente, inclusive com parcela
intimidativa da pena cabível ao crime em via de ser cometido; a alteração dos espaços físicos e urbanos
com novos desenhos arquitetônicos, aumento de iluminação pública etc. (neoecologismo +
neorretribucionismo), bem como atitudes visando impedir a reincidência (reinserção social, fomento de
oportunidades laborais etc.)

O Estado utiliza-se de duas medidas de prevenção, uma que atinge diretamente o delito e a outra que
atinge indiretamente. As ações indiretas buscam solucionar os crimes, de maneira intensa e extensa,
erradicando ou diminuindo as causas de produção dos delitos. Estas ações agem no indivíduo e no meio
social em que vive, sendo denominado pela Criminologia Moderna como prevenção primária e terciária.

As ações diretas recaem sobre a infração penal. Aqui o Estado age diretamente, através da
investigação, repressão que se dará com as operações policiais, a abertura de Inquérito Policial, o
oferecimento da peça acusatória em juízo, a deflagração do processo criminal e a sentença penal
condenatória. Estas ações direitas são conhecidas como Criminologia de prevenção secundária.

17 PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia. São Paulo:Saraiva, 2010.

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Os diferentes níveis de prevenção:

- Prevenção Primária: é uma ação indireta ao delito, que vai na raiz do conflito antes que o crime
aumente ainda mais, obrigando o Estado a criar os direitos sociais, através dos instrumentos
constitucionais e legais. Geralmente, estas ações são onerosas, com reflexo a médio e longo prazo, está
voltada à segurança e qualidade de vida.

- Prevenção Secundária: são ações que estão voltadas a sociedade, em condições de vulnerabilidade
criminal, com propensão a delinquir. Baseado nisto, algumas ações devem ser melhor executadas, como
por exemplo com a reurbanização de certos bairros para que seja efetuado seu controle, tendo reflexos
a curto e médio prazos;
- Prevenção Terciária: visa não permitir que o recluso volte a delinquir. Contudo, este tipo de
prevenção possui altos níveis de ineficácia, pela omissão estatal em pôr em prática os direitos e deveres
legais dos apenados e a mitigação da estigmatização por que passa o egresso do sistema prisional.
Realiza-se por meio de medidas socioeducativas como a laborterapia, a liberdade assistida etc

- Prevenção geral e específica: A prevenção geral permite que a pena seja dirigida à sociedade,
tentando intimidar as pessoas que queiram cometer crimes, delinquir, como por exemplo com as sanções
condenatórias que serão impostas ao transgressor.

Já a prevenção especial volta-se para o fato de que o delito é instigado por fatores endógenos e
exógenos, de modo que busca a recuperação do indivíduo que foi condenado

A prevenção especial, por seu turno, também pode ser vista sob as formas negativa e positiva.18
Na prevenção especial negativa existe uma espécie de neutralização do autor do delito, que se
materializa com a segregação no cárcere. Essa retirada provisória do autor do fato do convívio social
impede que ele cometa novos delitos, pelo menos no ambiente social do qual foi privado.

Por meio da prevenção especial positiva a finalidade da pena consiste em fazer com que o autor
desista de cometer novas infrações, assumido caráter ressocializador e pedagógico.

Ao tratarmos da prevenção criminal como matéria estatal multisetorial, devemos pensar que a
problemática criminal está baseada nos problemas sociais, passando por todos os setores referentes ao
Poder Público (multisetoriedade estatal na aplicação de políticas públicas de segurança). Saindo dos
órgãos que compõem a Segurança Pública ou pelo Poder Judiciário, serão corresponsáveis os entes
públicos pertencentes aos níveis federal, estadual e municipal, além do cidadão comum.

Uma das formas de prevenção será com o aumento de bairros iluminados, policiais que fiquem nas
portas das escolas cuidando para que os estudantes estejam saindo com proteção, observando o fluxo
de pessoas que se encontrem pelas redondezas, até mesmo com um maior número de vagas de trabalho,
o que permite que muitos deixem de delinquir para sua própria sobrevivência.

Desta forma, o penalismo não será o único instrumento capaz de prevenir a criminalidade, e o que se
busca é a mudança para o prevencionismo criminal, diferentemente da Teoria da Reação Social, onde o
Ciclo de Persecução Criminal não passa de corredor estigmatizante. Passamos a entender melhor o que
traz a Teoria da Reação Social:

A ocorrência de ação criminosa gera uma reação social (estatal) em sentido contrário, no mínimo
proporcional àquela. Da evolução das reações sociais ao crime prevalecem hodiernamente três modelos:
dissuasório, ressocializador e restaurador (integrador).19

1) Modelo dissuasório (direito penal clássico): repressão por meio da punição ao agente criminoso,
mostrando a todos que o crime não compensa e gera castigo. Aplica-se a pena somente aos imputáveis
e semi-imputáveis, pois aos inimputáveis se dispensa tratamento psiquiátrico.

18 Penteado, Filho Nestor Sampaio; Vasques, Paulo Argarate e Frugoli Ugo Osvaldo, ao escreverem a obra Coleção Preparatória para
Concurso de Delegado de Polícia, editora Saraiva, São Paulo, 2014:
19 Penteado, Filho Nestor Sampaio; Vasques, Paulo Argarate e Frugoli Ugo Osvaldo, ao escreverem a obra Coleção Preparatória para
Concurso de Delegado de Polícia, editora Saraiva, São Paulo, 2014:

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2) Modelo ressocializador: intervém na vida e na pessoa do infrator, não apenas lhe aplicando uma
punição, mas também lhe possibilitando a reinserção social. Aqui a participação da sociedade é relevante
para a ressocialização do infrator, prevenindo a ocorrência de estigmas.

3) Modelo restaurador (integrador): recebe também a denominação “justiça restaurativa” e procura


restabelecer, da melhor maneira possível, o status quo
A Justiça Restaurativa como meio de prevenção criminal, além da interação dos órgãos públicos e
dos cidadãos com os problemas sociais, vem se desenvolvendo cada vez mais.
Saliba ressalta que a restauração se trata, sobretudo, de um processo voluntário, distinguindo-se do
modelo vingativo que é adotado pela Justiça Retributiva”.

Além disso, são adotadas medidas restauradoras em base na comunicação não violenta, permitindo o
uso da mediação, a conciliação e reuniões coletivas abertas à participação de pessoas da família e da
comunidade.

Questões

01. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). A criminologia reconhece que não basta reprimir
o crime, deve-se atuar de forma imperiosa na prevenção dos fatores criminais. Considerando essa
informação, assinale a opção correta acerca de prevenção de infração penal.
(A) Para a moderna criminologia, a alteração do cenário do crime não previne o delito: a falta das
estruturas físicas sociais não obstaculiza a execução do plano criminal do delinquente.
(B) A prevenção terciária do crime implica na implementação efetiva de medidas que evitam o delito,
com a instalação, por exemplo, de programas de policiamento ostensivo em locais de maior concentração
de criminalidade.
(C) No estado democrático de direito, a prevenção secundária do delito atua diretamente na sociedade,
de maneira difusa, a fim de implementar a qualidade dos direitos sociais, que são considerados pela
criminologia fatores de desenvolvimento sadio da sociedade que mitiga a criminalidade.
(D) Trabalho, saúde, lazer, educação, saneamento básico e iluminação pública, quando oferecidos à
sociedade de maneira satisfatória, são considerados forma de prevenção primária do delito, capaz de
abrandar os fenômenos criminais.
(E) A doutrina da criminologia moderna reconhece a eficiência da prevenção primária do delito, uma
vez que ela atua diretamente na pessoa do recluso, buscando evitar a reincidência penal e promover
meios de ressocialização do apenado.

02. (PC/SP – Perito Criminal – VUNESP/14) No tocante à temática da prevenção da infração à lei
penal, é correto afirmar que a prevenção
(A) secundária consiste em, dentre outras, políticas criminais voltadas exclusivamente à reintegração
do preso na sociedade.
(B) terciária consiste em políticas públicas de conscientização de todos os cidadãos quanto à
importância de se cumprirem as leis, mediante o fornecimento de serviços públicos de qualidade, tais
como saúde, educação e segurança.
(C) geral busca, por meio da pena, intimidar os indivíduos propensos a delinquir, inibindo-os de
transgredir a lei penal.
(D) geral negativa busca, por meio da pena, a reeducação e a ressocialização do criminoso.
(E) primária consiste em, dentre outras, ações policiais de repressão às práticas delituosas.

03. (PC/SP – Desenhista Técnico Pericial – VUNESP/14) A moderna criminologia exige do Estado
Democrático de Direito um controle razoável da criminalidade que, no Brasil, apresenta como sugestão
metodológica eficaz para a pequena e média criminalidade o modelo
(A) de justiça consensual como, por exemplo, a lei dos Juizados Especiais Criminais.
(B) da “tolerância zero”, criminalizando toda e qualquer conduta antissocial.
(C) do “Direito Penal do Inimigo”, desenvolvido pelo alemão Günther Jakobs.
(D) de “recrudescimento da pena” como, por exemplo, o tráfico de drogas ilícitas, de acordo com a Lei
n.º 11.343/06.
(E) da utilização do Direito Penal como “prima ratio”, evitando desdobramentos mais graves.

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04. (PC/SP- Atendente de Necrotério Policial – VUNESP). Para a Criminologia, a prevenção geral
positiva, como uma finalidade da pena, é;
(A) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de sua segregação carcerária.
(B) também chamada de integradora, pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da
consciência social, mediante o estímulo ao culto dos valores mais caros à comunidade.
(C) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de medidas que o desestimulem a novas
práticas delitivas.
(D) também chamada de prevenção por intimidação, pois tem por objetivo desestimular o cidadão da
prática de delitos, por meio de aplicação de pena ao infrator da lei.
(E) uma espécie de consequência jurídica pelo comporta-mento inclinado às infrações penais.
05 (PC/SP - Delegado de Polícia – VUNESP/2014). A prevenção criminal que está voltada à
segurança e qualidade de vida, atuando na área da educação, emprego, saúde e moradia, conhecida
universalmente como direitos sociais e que se manifesta a médio e longo prazos, é chamada pela
Criminologia de prevenção
(A) primária.
(B) individual.
(C) secundária.
(D) estrutural.
(E) terciária.

06. (PC/SP – Perito Criminal – VUNESP/14) No tocante à temática da prevenção da infração à lei
penal, é correto afirmar que a prevenção
(A) secundária consiste em, dentre outras, políticas criminais voltadas exclusivamente à reintegração
do preso na sociedade.
(B) terciária consiste em políticas públicas de conscientização de todos os cidadãos quanto à
importância de se cumprirem as leis, mediante o fornecimento de serviços públicos de qualidade, tais
como saúde, educação e segurança.
(C) geral busca, por meio da pena, intimidar os indivíduos propensos a delinquir, inibindo-os de
transgredir a lei penal.
(D) geral negativa busca, por meio da pena, a reeducação e a ressocialização do criminoso.
(E) primária consiste em, dentre outras, ações policiais de repressão às práticas delituosas.

07. (DPE/PR -Defensor Público – NC-UFPR/2014). Na Criminologia, é frequente o debate a respeito


das funções da pena. Segundo a ideia de prevenção especial negativa, a pena teria a função de:
(A) ressocializar o condenado, promovendo sua harmônica integração social.
(B) retribuir proporcionalmente o mal causado pelo delito.
(C) neutralizar ou segregar o condenado do meio social, impedindo-o de cometer novas infrações
penais.
(D) reforçar a confiança da coletividade na vigência da norma, estimulando a fidelidade ao Direito.
(E) intimidar e dissuadir a coletividade, de modo que todos se abstenham da prática de infrações
penais.

08. (PC/SP - Atendente de Necrotério Policial – VUNESP/2014). A prevenção terciária consiste em:
(A) programas destinados a crianças e adolescentes de resistência ao consumo de drogas e à violência
doméstica.
(B) atuação, por meio de ações policiais, sobre os grupos que apresentam maior risco de sofrer ou de
praticar delitos.
(C) atuação, por meio de punição exemplar do delinquente em público, como meio de intimidação aos
demais criminosos.
(D) programas destinados a prevenir a reincidência, tendo por público-alvo o preso e o egresso do
sistema prisional.
(E) programas destinados a criar os pressupostos aptos a neutralizar e inibir as causas da
criminalidade.

Respostas

01. Resposta: D
A prevenção primária é uma ação indireta ao delito, que vai na raiz do conflito antes que o crime
aumente ainda mais, obrigando o Estado a criar os direitos sociais, através dos instrumentos

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constitucionais e legais. Geralmente, estas ações são onerosas, com reflexo a médio e longo prazo, está
voltada à segurança e qualidade de vida.

02. Resposta: C
A prevenção geral permite que a pena seja dirigida à sociedade, tentando intimidar as pessoas que
queiram cometer crimes, delinquir, como por exemplo com as sanções condenatórias que serão impostas
ao transgressor.
03. Resposta: A
A Lei Federal nº. 9.099, criada em 26 de setembro de 1995, dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis
e Criminais, e tem como objetivo criar nova forma de aplicação da Justiça no sistema penal brasileiro,
pois através desta lei surge um novo modelo de Justiça Criminal, o qual é baseado no consenso.
A lei em comento veio introduzir no nosso ordenamento jurídico, medidas despenalizadoras, forma
consensual de resolução de conflitos, uma Justiça mais célere, mais simples, e também maior acesso à
Justiça.

04. Resposta: B
A prevenção geral da pena pode ser estudada sob dois ângulos: negativo e positivo.
Segundo Nestor Sampaio Penteado Filho, em sua obra Manual Esquemático de criminologia

Pela prevenção geral negativa (prevenção por intimidação), a pena aplicada ao autor do delito reflete
na comunidade, levando os demais membros do grupo social, ao observar a condenação, a repensar
antes da prática delituosa.
A prevenção geral positiva ou integradora direciona-se a atingir a consciência geral, incutindo a
necessidade de respeito aos valores mais importantes da comunidade e, por conseguinte, à ordem
jurídica.

05. Resposta: A
A prevenção primária é uma ação indireta ao delito, que vai na raiz do conflito antes que o crime
aumente ainda mais, obrigando o Estado a criar os direitos sociais, através dos instrumentos
constitucionais e legais. Geralmente, estas ações são onerosas, com reflexo a médio e longo prazo.

06. Resposta: C
A prevenção geral permite que a pena seja dirigida à sociedade, tentando intimidar as pessoas que
queiram cometer crimes, delinquir, como por exemplo com as sanções condenatórias que serão impostas
ao transgressor.

07. Resposta: C
Prevenção Especial : Procura evitar que o delinquente volte a cometer delitos.
Prevenção Especial Negativa: Neutralização do criminoso através da prisão, enquanto estiver preso o
criminoso não volta a delinquir;
Prevenção Especial Positiva: Evita que o criminoso volte a delinquir por meio da reinserção social,
ressocialização do delinquente.

Prevenção Geral: Procura evitar que os delitos sejam cometidos, controle prévio.
Prevenção Geral Negativa: Evita novos crimes em razão da punição prevista;
Prevenção Geral Positiva ou de integração: Tem caráter educativo, demonstra para a sociedade as
consequências do cometimento de um crime.

08. Resposta: D
Destina-se ao recluso, visando sua recuperação e evitando a reincidência (sistema prisional); realiza-
se por meio de medidas socioeducativas, como a laborterapia, a liberdade e assistida, a prestação de
serviços comunitários etc.

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