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Polícia Civil de São Paulo
Noções de Criminologia
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PIRATARIA
É CRIME!
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ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por
escrito da Nova Concursos.
com pena de até um ano de prisão, além de multa (art. 180 do CP).
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA............................................................................................5
CONCEITO, MÉTODO, OBJETO E FINALIDADE DA CRIMINOLOGIA................................................. 5
VITIMOLOGIA...................................................................................................................................... 16
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Estabelecidos os conceitos iniciais para que o leitor não se confunda e não caia em pegadi-
nhas da banca examinadora, vamos aprofundar o estudo da criminologia.
A criminologia teve início em meados do século XVII e era antes denominada Sociologia
Criminal ou Antropologia Criminal. Alguns doutrinadores entendem que o fundador da cri-
minologia moderna foi Césare Lombroso, em 1876; já outros entendem que ela surgiu com
Paul Tropinard em 1879 ou então com Raffaele Garofalo, em 1885. Deste modo, para provas
objetivas de concurso público, não há como afirmarmos o marco inicial da criminologia.
O termo “criminologia” tem origem greco-latina, do grego logos (estudo) e do latim crimino
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(crime). O termo pode ser definido como “ciência do delito”1 ou, então, “estudo do crime e do
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criminoso”2.
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A criminologia não é definida de maneira uniforme. Com o passar dos anos, sofreu diver-
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sas definições. Para Nelson Hungria, a criminologia surgiu como forma de buscar um estudo
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experimental do fenômeno crime, para pesquisar-lhe a etiologia e tentar a sua debelação por
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Já Edwin H. Sutherland definiu criminologia como um conjunto de conhecimentos que
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mais profunda que a multidisciplinar. Dessa forma, temos que a interdisciplinaridade é mais
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ampla e abrangente.4
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É ainda importante dizer que a criminologia é uma ciência do ser, e que opera em um
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método indutivo, pois parte dos dados particulares para uma conclusão (utilizando os méto-
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dos biológicos e sociológicos), diferentemente do Direito, que é uma ciência do “dever ser”,
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O direito penal, por exemplo, usa o método dedutivo, pois sai de uma situação abstrata
(tipo penal incriminador), para posteriormente verificar se a conduta que foi praticada pelo
agente se “enquadra” na norma incriminadora.
Por fim, destaca-se que a criminologia é uma ciência causal-explicativa, pois almeja
explicar o crime não através da mera violação da norma, como ocorre no direito penal, mas
avaliando todas as possíveis causas, sejam elas psicológicas, biológicas e sociais, que levaram
à prática delitiva. Ela também avaliará o criminoso com viés ressocializador e preventivo.
OBJETOS DA CRIMINOLOGIA
Crime
Criminoso
O conceito de criminoso passou por diversas definições, a depender das escolas predomi-
nantes em certos períodos.
Em algumas definições, o delinquente era tratado como um pecador (escola clássica), um
animal selvagem que herdava anomalias patológicas (escola positivista), um incapacitado de
autocontrole e inferior aos demais cidadãos (escola correcionalista) e como uma vítima da
sociedade e do sistema capitalista (filosofia marxista).
Atualmente, o criminoso é definido como um ser normal (real) que se submete às leis e
pode não as cumprir por razões que nem sempre são compreendidas por seus pares5.
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Vítima
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É aquele que sofre as ações do delinquente. O conceito e a evolução histórica de vítima são
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Comportamento Social
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cas ou Epidemiológicas, porém, mais conhecidas como Teorias do Consenso. Para as Teo-
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2.
6 VIANA, E. Criminologia. 6. Ed. Rev. atual. e ampl. Salvador: JusPODIVM, 2018, p. 210.
8 7 PENTEADO FILHO, N. S. Manual esquemático de criminologia. 2. Ed. São Paulo: Saraiva: 2012, p. 82-83.
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Integram as Teoria do Conflito: Teoria Crítica ou Radical e o Labbeling Aproach (Teo-
ria do Etiquetamento).
TEORIAS DO CONSENSO
Escola de Chicago
A Escola de Chicago nasceu na cidade que aparece em seu nome, nos Estados Unidos. Lá,
vivenciou-se na pele um crescimento exponencial e descontrolado do centro para a perife-
ria, o que se chamou de movimento circular centrífugo. Em consequência disso, inúmeros
e graves problemas sociais geraram um ambiente propício para a criminalidade, otimizada
pela carência de mecanismos de controle social.
Na Escola de Chicago, estuda-se a influência do meio ambiente e o crescimento exponen-
cial da cidade como fator que potencializa a criminalidade. Ela possui como principais pen-
sadores Robert Park, Ernest Buruess e Roderick Mackenzie.
Apresenta dois conceitos centrais: a desorganização social e as zonas de delinquência (ou
áreas de delinquência).
A Escola utilizou-se dos inquéritos sociais (social surveys), que eram instrumentos de
investigação dos criminólogos elaborados por meio de entrevistas, interrogatórios e casos
biográficos de indivíduos selecionados de maneira unitária, com o objetivo de fazer a análise
da realidade nas áreas de delinquência.
Desenvolvida no ano de 1915, teve como principal obra The City: Suggestion for the Inves-
tigation of Human Behavior in the City Enviroment (1925), de Robert Park. Segundo a Teoria
Ecológica, a ordem social, a estabilidade e a integração contribuem para o controle social e
para a conformidade com as leis.
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ria traça um paralelo entre o desenvolvimento das grandes cidades e o consequente aumento
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Ou seja, o Estado não consegue acompanhar o crescimento da cidade, gerando áreas desor-
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ganizadas socialmente. A população passa, então, a viver em subúrbios, sem condições míni-
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mas de saneamento básico, sem energia e demais estruturas mínimas para a sobrevivência.
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É analisando esse contexto que a Escola de Chicago traça um perfil concêntrico da cidade,
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Segundo a teoria dos círculos concêntricos, o ponto mais ao centro do círculo é denomi-
nado Loop, considerado a área central da cidade. Nessa área, trabalham a maior parte dos
moradores, tendo em vista que empresas, fábricas e prestadoras de serviços se encontram
nessa região.
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Os mais pobres trabalhadores não possuíam condições de morar em áreas residenciais e
também não podiam arcar com despesas de transporte, caso quisessem morar em locais dis-
tantes do “centro de trabalho”.
Essa situação favoreceu que essas pessoas de baixa renda e os trabalhadores viessem a
residir em aglomerados na região central, dividindo pensões, aluguéis, morando em pisos
superiores de prédios comerciais ou nas ruas, o que fez com que a região central passasse a
ser considerada uma região superpopulosa com total ausência do Estado.
Sobre esse assunto, disserta Shecaira:
[...] uma cidade desenvolve-se, de acordo com a ideia central dos principais autores da teoria
ecológica, segundo círculos concêntricos, por meio de um conjunto de zonas ou anéis a partir
de uma área central. No mais central desses anéis estava o Loop, zona comercial com os seus
grandes bancos, armazéns, lojas de departamento, a administração da cidade, fábricas, esta-
ções ferroviárias, etc. A segunda zona, chamada de zona de transição, situa-se exatamente
entre zonas residenciais (3ª zona) e a anterior (1ª zona), que concentra o comércio e a indús-
tria. Como zona intersticial, está sujeita à invasão do crescimento da zona anterior e, por isso,
é objeto de degradação constante8.
Dessa forma, a 2ª zona favorecerá a criação dos guetos, já a 3ª zona será o lugar de mora-
dia de trabalhadores pobres e também de imigrantes. A 4ª zona vai se destinar aos conjuntos
habitacionais da classe média; por último, a 5ª zona será composta pela camada mais alta da
sociedade.
Acompanhe essa organização na imagem a seguir:9
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Fonte: http://cursocliquejuris.com.br/blog/escola-de-chicago-um-tema-atual/
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Ocorre que, ou o trabalhador pobre residia na região central, no meio de toda a aglome-
ração, superpopulação e bagunça, ou, então, na periferia, enfrentando horas de trânsito no
deslocamento de sua casa até a região central.
A palavra anomia é de origem grega e significa ausência de lei (“a” — ausência + nomos
= lei). Segundo a Teoria da Anomia, a motivação à delinquência seria decorrência da impos-
sibilidade do indivíduo em atingir algumas metas desejadas pela sociedade, como sucesso
econômico ou status social.
Ela também dispõe que o crime é um fenômeno natural da vida em sociedade; porém, a
sua ocorrência deve ser tolerada mediante o estabelecimento de limites razoáveis, sob pena
de subverter a ordem pública, os valores cultuados pela sociedade e o sistema normativo
vigente.
Possui como seus principais expoentes Émile Durkheim e Robert King Merton.
De acordo com Durkheim, é a ausência, a desintegração ou o desmoronamento das nor-
mas sociais de referência que ocasionam a crise de valores. Para Durkheim, o crime é um
fenômeno normal da sociedade, necessário e útil, que só passa a ser preocupante quando
ultrapassa certos limites. Na anomia, então, teríamos a potencialização de atos criminosos
em decorrência do desmoronamento das normas sociais de referência. Em caso de índices
alarmantes de criminalidade, o autor sugere uma consciência coletiva.
Segundo Durckheim, as penas devem atingir, principalmente, as pessoas honestas, bus-
cando “curar”, “cicatrizar”, as feridas dos sentimentos coletivos, causadas pelos crimes, já
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que a pena agirá muito mais na pessoa honesta do que no criminoso, vez que este último
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Atente-se a este assunto, pois já foi cobrado em provas. Em uma cobrança específica, a
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anomia foi apresentada não significando a ausência de normas, mas sim o enfraquecimento
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Robert King Merton explica a Teoria da Anomia de uma maneira mais didática e menos
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abstrata. Segundo ele, a anomia é o desajuste entre metas culturais e meios institucionais. A
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meta cultural é o modelo de sucesso em si e os meios institucionais são aquilo que se rece-
be para atingir o modelo de sucesso.
Robert Merton apresenta cinco possibilidades de adaptações diferentes de um indivíduo
aos meios institucionalizados em busca dessas metas culturais citadas:
z Conformidade;
z Ritualismo;
z Retraimento;
z Inovação;
z Rebelião. 11
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Veremos a seguir cada uma das possibilidades citadas em mais detalhes:
Conclui-se que o fracasso em busca de tais metas culturais, aliado à escassez dos meios
institucionalizados, levará a sociedade ao chamado estado de anomia, ou seja, um estado de
desordem com comportamentos desviados estranhos às normas sociais, que nada mais são
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que os crimes.
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Na prova, se a banca mencionar expressões como “crime como situação normal”, “crimes
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Conhecida também como Teoria da Aprendizagem Social ou Social Learning, foi difundida
pelo sociólogo americano Edwin Sutherland, utilizando como base o pensamento do jurista
Gabriel Tarde.
A Associação Diferencial é um processo de aprendizagem de alguns tipos de comporta-
mentos desviantes que exige conhecimento especializado e habilidade, além da inclinação
em tirar proveito de oportunidades para usá-las de maneira desviante. A conduta criminosa
é aprendida com outras pessoas através de um processo de comunicação.
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Segundo a Associação Diferencial, o comportamento criminoso é aprendido e, dessa for-
ma, não pode ser definido como um produto de uma predisposição biológica ou atribuído
somente às pessoas de classes menos favorecidas.
Para Sutherland, não é a desorganização social, o ambiente ou outra influência material
que vão explicar a criminalidade, mas sim a relação que o indivíduo tem com determinada
pessoa ou com determinados grupos de pessoas.
Sutherland, ao desenvolver a teoria da Associação Diferencial, cunhou a expressão “crime
do colarinho branco” em sua obra White Collar Crime, tratando da criminalidade econômico-
-financeira praticada por magnatas por meio de negócios fraudulentos realizados em nome
de suas promessas, um crime praticado por pessoas de alto nível social.
De acordo com Edwin Sutherland, os crimes de colarinho branco possuem três fatores que
dificultam a punição:
z O fato de as pessoas que cometem os crimes de colarinho branco serem poderosas e res-
peitadas na sociedade;
z Dificuldade e obstáculos na punição pelas leis;
z Efeitos complexos e difusos, pois a sociedade não os sente diretamente.
Dica
Em sua prova, assuntos ligados ao processo de aprendizagem, ao autor Edwin Sutherland
e aos crimes de colarinho-branco indicam tratar-se da Teoria da Associação Diferencial.
Deste modo, podemos concluir que, para a Teoria da Associação Diferencial, o crime não
pode ser simplesmente definido como uma disfunção ou inadaptação das pessoas menos
favorecidas, mas, sim, é entendido como uma conduta que se aprende (conhecimento espe-
cializado e habilidade), como também se aprende o bom comportamento ou qualquer outra
atividade.
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Esta teoria foi consagrada por Albert K. Cohen através da obra Delinquent Boys (1955).
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zação social, mas sim aos sistemas de normas e valores distintos para a sociedade tradicional.
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Segundo a teoria, todo agrupamento humano possui subculturas, advindas de seu gueto, no NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
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É importante esclarecer que quando o autor fala em “grupos criminosos”, não remete
às organizações criminosas de tráfico etc., mas sim às gangues da periferia e tribos de
pichadores, que não possuem um fim utilitarista (justificativa útil), mas um fim específico de
rechaçar as normas e regras dos grupos dominantes.
Albert Cohen dizia que a constituição de subculturas delinquentes representa a reação
necessária de algumas minorias desfavorecidas diante da exigência de sobreviver, de se
orientar dentro de uma estrutura social.
Ainda segundo Cohen, esses pequenos grupos (pequenas subculturas criminais) criam
espécies de códigos de conduta, que contêm regras e normas próprias, a fim de sobrevive-
rem, levando em consideração serem esses grupos desfavorecidos de alguma maneira.
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A subcultura atuaria com um comportamento de transgressão, por um subsistema de
conhecimento, ou seja, por regras, princípios e normas próprias que determinarão um com-
portamento diferenciado desses indivíduos.
A teoria apresenta três fatores:
z Não utilitarismo da ação: o crime é praticado por prazer, sem um fim útil;
z Malícia da conduta: o crime é praticado para causar desconforto alheio;
z Negativismo da ação: o crime é praticado para rechaçar valores dominantes.
Se, em sua prova, a banca tratar de assuntos ligados a Albert Cohen, Delinquent Boys, ano
de 1955, ou seja, década de 1950 (fase do American dream — Sonho americano), não utilita-
rismo da ação, malícia da conduta e negativismo da ação, estaremos possivelmente tratando
da Teoria da Subcultura Delinquente.
TEORIAS DO CONFLITO
Labelling Approach
contra a dignidade da pessoa humana. Dessa forma, a prisão não serve para ressocializar o
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condenado, mas sim para socializar ao cárcere. O indivíduo fica estigmatizado e é por isso
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que a teoria é chamada de Teoria do Etiquetamento ou Rotulação Social, pois o Estado coloca
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De acordo com esta teoria, a criminalização primária produz uma rotulação no indivíduo,
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que é rotulado pela sua primeira infração acaba sendo influído para que os atos delitivos se
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repitam.
Esta teoria surgiu na década de 1970, na Escola de Berkeley, nos Estados Unidos, e simul-
taneamente na National Deviance Conference, na Inglaterra.
De base marxista, para ela, o crime seria um fenômeno decorrente do modo de produção
capitalista. Assim, o direito penal seria uma criação manipulada pela classe dominante, ser-
vindo como modelo de reprodução de desigualdade social.
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Segundo a Criminologia Crítica, as leis penais serviriam apenas para gerar uma estabilida-
de temporária, encobrindo o confronto entre as classes sociais.
Esta teoria criticou duramente a criminologia tradicional e propôs reformas estruturais
na sociedade, com o fim de reduzir desigualdades e, dessa forma, diminuir a criminalidade.
Importante!
A visão do marxismo sobre a criminalidade considera a responsabilidade pelo crime como
uma decorrência natural de certas estruturas econômicas, de maneira que o infrator se
torna vítima delas. Quem é culpável é a sociedade. Cria-se, pois, uma espécie de determi-
nismo social e econômico. Isso já foi assunto em questão de prova.
Criminologia Abolicionista
Defende o fim das prisões e a abolição do direito penal, utilizando propostas anarquistas,
marxistas e liberais-cristãs.
Os instintos delituosos são reprimidos pelo superego, porém, não destruídos, permane-
cendo sedimentados no inconsciente, acompanhados por um sentimento de culpa e por uma
tendência a confessar. É uma teoria biológica.
Um indivíduo inicia ou segue uma carreira criminal na medida em que se identifica com
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Criminologia Minimalista
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É necessário limitar o direito penal, que está a serviço de grupos minoritários. Acredita
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que a aplicação irracional da pena gera mais violência que o próprio crime. A intervenção
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Criminologia Neorrealista
Defende que só uma política social ampla pode promover o justo e eficaz controle das
zonas de delinquência, desde que os governos, com determinação e vontade, compreendam
que carências e inconformidade, somadas à falta de solução política, geram o cometimento
de delitos.
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Nova Defesa Social (Escola da Defesa Social)
No ano de 1981, James Q. Wilson e Georg Kelling divulgaram o artigo intitulado “Janelas
Quebradas: a polícia e a sociedade nos bairros”, no qual propagaram a necessidade de punir
mesmo as menores contravenções, pois eles representavam o início da deterioração dos bair-
ros. Utilizava-se a metáfora “janelas quebradas”, pois se uma janela quebrada em um edifício
não fosse consertada imediatamente, as demais seriam também destruídas em pouco tempo,
assumindo, assim, contornos de descuido, abandono, negligência e descaso, que acabariam
refletindo em toda redondeza.
É com base na teoria das janelas quebradas que surge a técnica policial conhecida como
“Tolerância Zero”, estratégia implementada na cidade de Nova Iorque na gestão do ex-pro-
motor Rudolph Giuliani, depois replicada para todo mundo.
A Teoria da Tolerância Zero foi implementada nas décadas de 1980 e 1990, originalmente
na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, na gestão de Rudolph Giuliani. Esta teoria
decorre da Escola de Chigado e da Teoria Ecológica e visa, primordialmente, à diminuição da
criminalidade, entendendo que tanto os crimes de grande repercussão quanto as pequenas
infrações devem ser combatidos com o mesmo rigor.
Willian Bratton, comissário de Polícia de Nova Iorque, afirmou em discurso que “os sim-
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ples boletins de ocorrência nas delegacias acabaram […]. Se você urinar na rua, vai para a
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cadeia. Estamos decididos a consertar as janelas quebradas e impedir quem quer que seja de
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quebrá-las de novo”10. Tal declaração afirma a posição da polícia de Nova Iorque em ado-
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tar uma postura rigorosa contra infrações pequenas. Trata-se de um modo de atuação mais
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É importante destacar que a Teoria da Tolerância Zero está diretamente ligada à Teoria
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VITIMOLOGIA
A vitimologia é a disciplina que estuda a vítima enquanto sujeito passivo do crime, bem
como a sua participação no delito e os fatores de vulnerabilidade.11
A vitimologia é um dos objetos de estudo da criminologia e é muito cobrada em concursos
públicos.
10 Cf. WACQUANT, L. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. 3. Ed. Rio de Janeiro:
Revan, 2007.
16 11 SUMARIVA, P. Criminologia: teoria e prática. Niterói: Impetus, 2017, p. 109.
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Os estudos iniciais da vitimologia datam de 1901, através do estudioso Hans Gross. Entre-
tanto, seu nascimento se dá após a 2ª Guerra Mundial, a partir de Benjamin Mendelsohn,
conhecido como o pai da vitimologia.
Para provas objetivas, a posição adotada é a de que Benjamin Mendelsohn foi o percursor
(pai) da vitimologia.
No Brasil, o primeiro a tratar do estudo da vitimologia foi Edgard de Moura Bittencourt,
através de sua obra “Vítima”, datada do ano de 1971.
Três são os assuntos relativos ao tema mais abordados nos certames: os períodos (fases)
da importância da vítima em nossa história; os tipos de vitimização (primária, secundária e
terciária) e as principais classificações das vítimas.
Esse período vai desde os primórdios da civilização até o final da Alta Idade Média. Nele,
a vítima tinha um papel de protagonista, sendo detentora do poder punitivo. Foi um período
no qual reinaram a autotutela, bem como a vingança privada, a Lei de Talião — o famoso
“olho por olho, dente por dente”. A própria vítima ostentava o direito de punir. Não existia o
controle externo quando ao limite das sanções, ou seja, a vítima, após sofrer um fato crimi-
noso, poderia aplicar punições desproporcionais ao opositor.
Neutralização (Esquecimento)
se havia ficado traumatizada com os fatos, se conseguiu a restituição dos seus bens etc. Esse
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Redescobrimento (Revalorização)
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
período pós Segunda Guerra Mundial, a vítima é redescoberta, o que é chamado de período
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do redescobrimento ou revalorização.
O Estado passa a se preocupar mais com a vítima e com seus sentimentos. Surge, nesse
período, a vitimologia que, para muitos, possui autonomia de ciência, apesar de a tese não
ser unânime.
No Brasil, alguns exemplos legislativos da preocupação do Estado com a vítima podem ser
visualizados na Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas (Lei nº 9.807, de 1999); na Lei dos
Juizados Especiais (Lei nº 9099, de 1995), que impede a pena privativa de liberdade, quando
possibilita a composição dos danos e a transação penal, além de prever a chamada suspensão
condicional do processo, que pressupõe a reparação do dano (arts. 74, 76 e 89); a Lei Maria da
Penha, com os mecanismos processuais de proteção à mulher, dentre outras. Esse período é
conhecido também como Período Humanista.
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VITIMIZAÇÃO
Vitimização Primária
É o sofrimento suportado pela vítima em razão dos efeitos diretos e indiretos da conduta
criminal.
Exemplo: vítima de roubo; o efeito direto é a subtração do patrimônio e o indireto, o trau-
ma deixado pela violência causada.
Aqui, o sofrimento que é suportado pela vítima é ocasionado pela burocratização estatal,
durante as fases do inquérito e do processo. Ex.: Vítima de estupro, quando é ouvida por
diversas vezes, tendo que narrar os fatos para equipe de apoio social, depois para os policiais
e para o Delegado de Polícia; a submissão da vítima a exame de corpo de delito; a realização
de audiência no fórum, tendo a vítima que reviver tudo novamente; o reencontro com delin-
quente para possível reconhecimento; ou até mesmo o tratamento da vítima como suspeito
do crime.
Trata-se de uma forma muitas vezes mais grave que a vitimização primária.
Vitimização Terciária
Exemplo: segregação social sofrida pela vítima de crimes sexuais que teve imagens ínti-
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VITIMIZAÇÃO
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Vitimização Quartenária
Alguns doutrinadores entendem que existe ainda a vitimização quartenenária, que con-
siste no medo da vítima de se tornar vítima novamente. É o medo em se tornarem vítimas
incutido sobre as pessoas, usualmente realizado por meio midiático.
Vitimização Indireta
É o sofrimento das pessoas que possuem uma ligação íntima com a vítima.
Exemplo: pai que sofre em decorrência do estupro da filha.
Heterovitimização
Aqui, ocorre um processo emocional em que a vítima vai se tornar vítima novamente,
podendo haver relação com outras pessoas ou instituições (que chamamos de heterovitimi-
zação secundária) ou com sentimentos autoimpositivos de culpa inconscientes (a que chama-
mos de autovitimização secundária).
Exemplo: vítima de estupro que passa a ter que conviver com delegados, policiais e médi-
cos que não a acolhem de maneira adequada (heterovitimização secundária) ou quando a
própria vítima se vitimiza após o delito, recriminando-se pelo que aconteceu (autovitimiza-
ção secundária).
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Vítima Nata
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É a vítima que possui predisposição para ser vítima. Recebe também o nome de provocadora.
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Ex.: Um agente que já possui comportamento agressivo fica impaciente no trânsito e acaba
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de envolvendo em um acidente.
Vítima Potencial
Também conhecida como vítima real ou inocente, ela não contribui em nada para a o cri-
me, é a verdadeira vítima.
Ex.: Um agente está passando por determinado local e acaba sendo lesionado em virtude
de uma bala perdida.
Vítima Agressora
Também conhecida como vítima imaginária ou putativa, ela acredita ser vítima de crime,
em decorrência de uma anomalia psíquica, mas, na realidade, não é.
Vítima Falsa
Também conhecida como vítima simuladora, ela sabe não ter sido vítima do crime, mas
imputa a terceiro a prática de crime contra si, baseada no sentimento de vingança ou de inte-
resse pessoal.
É importante saber que, no Brasil, tal conduta pode ser configurada como denunciação
caluniosa, comunicação falsa de crime ou calúnia, conforme os arts. 339, 340 e 138, respecti-
vamente, do Código Penal Brasileiro.
Vítima Voluntária
Também conhecida como vítima provocadora, é aquela que consente ou colabora com
o crime. A vítima não se opõe à violência sofrida, o que leva o autor a realizar o delito sem
qualquer obstáculo.
Vítima Acidental
14
8-
41
imperícia).
1
.4
41
-3
Vítima Ilhada
s
co
ar
É a vítima que se afasta do convívio social e se torna solitária. A vítima não se relaciona
M
Uma importante classificação também é a de Hans Von Henting, que confunde as relações
entre criminoso e vítima. Vejamos a classificação feita pelo importante autor:
z Vítima completamente inocente ou vítima ideal: a vítima não tem nenhuma participa-
ção no crime, ela é atingida pelo criminoso de maneira aleatória.
z Vítima menos culpada que o criminoso ou vítima por ignorância: a vítima tem culpa,
porém, menos que o criminoso, contribuindo de alguma maneira para o resultado danoso.
Ex.: Vítimas que frequentam locais perigosos, vítimas que expõem objetos de valor etc.
14
Segundo o art. 59, do Código Penal Brasileiro, o comportamento da vítima poderá servir
co
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ar
Art. 59 (CP) O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à persona-
lidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao com-
portamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se
cabível.
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z Vítima tão culpada quanto o criminoso ou vítima voluntária: nesta classificação, a
participação da vítima de maneira ativa é imprescindível para que ocorra o crime. Aqui,
temos a postura ativa da vítima, no sentido de viabilizar a ocorrência do delito.
Ex.: Crime de estelionato, quando a vítima enganada entrega o bem por conta própria.
Ex.: Vítimas de crimes de homicídio e lesão corporal privilegiados (após a injusta provo-
cação da vítima).
z Vítima como única culpada: não há crime, a culpa é única e exclusiva da vítima.
Ex.: Pessoa embriagada que atravessa uma rodovia movimentada e acaba sendo atropela-
da e morrendo; vítimas de roleta-russa; vítima de suicídio (pessoa que se arremessa na frente
de um veículo, por exemplo).
Segundo o nosso Código Penal, é causa de diminuição de pena, conforme o teor do § 1º, do
art. 121, e do § 4º, do art. 129, reproduzido a seguir:
Síndrome de Estocolmo
criam laços afetivos entre a vítima e o sequestrador. Inicia-se como um meio de defesa, com
8-
a vítima continua a defender o raptor, demonstrando amor e amizade por ele, além de ser
1
.4
Em que pese ocorrer mais nas infrações penais de sequestro, o estado psicológico na víti-
-3
s
ma pode ser desenvolvido em qualquer crime limitador do direito e ir e vir e capaz de criar
co
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Embora a síndrome direcione a atenção para as mulheres, é também possível que o
homem cometa fato com as mesmas características. Exemplo: homem pode ser sujeito passi-
vo do crime de estupro; deste modo, em razão da rejeição, pode atribuir falsamente o crime
de estupro a quem o rejeitou.
Síndrome de Londres
O assunto é abordado pelo jurista italiano Alessandro Baratta. Entende-se que o sistema
escolar e o sistema penal reproduzem e asseguram as relações sociais existentes, baseadas
em “ricos e pobres”.
Para o autor, o sistema escolar, desde a instrução elementar média até a superior, refletirá
a estrutura vertical da sociedade e contribuirá para sua criação e conservação, por meio de
mecanismos de seleção, discriminação e marginalização. Observe que o autor questionará o
papel que é desempenhado pelo sistema escolar, bem como pelo sistema penal.
Segundo Alessandro Baratta, o novo sistema global de Controle Social (no qual incluímos
também o sistema educacional e o sistema penal), agirá, ainda que de uma forma mais sin-
gela, na marginalização, discriminação e estigmatização das pessoas. Melhor dizendo, para
ele, tanto o sistema penal, como o sistema educacional, reproduzem e garantem essa relação
baseada entre ricos e pobres. Baratta inclusive critica o teste de quociente de inteligência,
conhecido como QI, que, mesmo sendo reconhecido no mundo todo, é baseado em critérios
14
Cumpre destacar que o autor esclarece que, segundo estudos de educação realizados, a
1
.4
41
aprendizagem do aluno teria relação com o que o estudante acredita que o professor espera
-3
dele. Dessa maneira, a forma de o professor lecionar, estimular e provocar a curiosidade dos
s
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ar
Por fim, o autor ainda diz que as pessoas marginalizadas, mais pobres, e que demonstram
M
Importante!
Se a banca indicar o autor Alessandro Baratta, atente-se ao estudo de viés crítico que
inclui o sistema de educação e o sistema penal como sistemas que confirmam e ampliam
a estigmatização e discriminação.
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O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO PENAL
A prevenção criminal pode dar-se de várias formas, mas, a princípio busca-se, por meio da
criminologia, um estudo que traz à tona a essência criminal para, então, desenvolver técnicas
de política criminal para a prevenção da infração.
Entende-se por prevenção delitiva o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do
delito. […] Para que se possa alcançar esse verdadeiro objetivo do Estado de Direito, que é
a prevenção de atos nocivos e consequentemente a manutenção da paz e harmonia sociais,
mostra-se irrefutável a necessidade de dois tipos de medidas: a primeira delas atingindo
indiretamente o delito e a segunda, diretamente12.
A banca VUNESP, por exemplo, adotou como conceito de prevenção delitiva, no Estado
Democrático de Direito, e das medidas adotadas para alcançá-la, “o conjunto de ações que
visam evitar a ocorrência do delito, atingindo direta e indiretamente o delito”. Deste modo,
muita atenção à definição apresentada.
É fato que a prevenção criminal poderá ser implementada através das leis, ou ainda por
meio de mecanismos administrativos (como, por exemplo, as polícias) ou judiciais, no cum-
primento das leis.
Quando tratamos de prevenção no Brasil, temos a pena, segundo os utilitaristas, como um
dos seus instrumentos.
14
z Prevenção geral negativa, para a qual a pena é uma ameaça legal dirigida aos cidadãos
-3
para que se abstenham de cometer delitos, sendo uma espécie de coação psicológica;
s
co
z Prevenção geral positiva, para a qual a pena é uma demonstração da vigência da lei,
ar
M
24 12 PENTEADO FILHO, N. S. Manual Esquemático de Criminologia. 10. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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Para facilitar, acompanhe o quadro a seguir:
Prevenção Primária
Prevenção Secundária
vir a sofrer com o problema da criminalidade, ou seja, áreas críticas. Atua onde o crime se
41
manifesta ou se exterioriza.
12.
Prevenção Terciária
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ar
M
Dica
Em uma prova para Delegado de Polícia do Rio Grande do Sul, surgiu o seguinte questio-
namento, não muito comum em concursos:
Qual das características abaixo dificulta, obstaculiza, a prevenção terciária?
A alternativa a ser assinalada era “superlotação carcerária”.
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Para facilitar seus estudos, veja a tabela comparativa a seguir:
PREVENÇÃO CRIMINAL
Primária Secundária Terciária
Atuação antes do delito. Bus- Atua onde o crime se mani- Atua na população car-
ca evitar que o problema se festa ou se exterioriza e no cerária. Caráter punitivo
manifeste (estratégicas de momento em que o conflito (Ressocialização)
política cultural, educacional e aparece (atuação policial)
social)
O termo “criminologia ambiental” foi utilizado pela primeira vez por Jeffery em 1971,
mas foi desenvolvido por Brantingham e Brantingham, que apresentam o evento criminoso
como contendo quatro elementos essenciais: o ofensor, a vítima, a lei e o local. Dessa forma,
estuda-se, aqui, a maneira com que o ambiente contribui para a criminalidade. A criminolo-
gia ambiental enxergará o crime através da interação que existe entre o ofensor, a vítima e
o ambiente.
Wortley e Mazerolle13 apontarão três premissas basilares para a perspectiva ambiental:
O ambiente envolvente, que tem um papel preponderante no evento criminal, sendo
que este poderá iniciar e influenciar o comportamento (neste caso, criminal) das pessoas
que se encontram a interagir com determinada situação. Contrariamente às perspectivas
anteriores, a criminologia ambiental considera que o local onde se dá o evento criminal pode
ter características criminógenas, e não apenas os seus intervenientes (ofensor e alvo). Ex.:
Indivíduo criminoso que se depara com casa com as janelas abertas, facilitando a empreitada
criminosa.
Ao contrário do que se possa pensar, o crime não é aleatório, isto é, ele forma padrões
espaço-temporais. Por sua vez, esses padrões associam-se às localizações dos supramencio-
nados ambientes com características criminógenas e aos fatores situacionais a estes ineren-
14
tes que facilitam, propiciam e estabelecem oportunidades para que o evento criminal possa
8-
41
Por fim, fica claro que conhecer e perceber os referidos ambientes criminógenos, bem
1
.4
dos alvos que os tornam especialmente vulneráveis para os ofensores. Este é um dos pontos
co
ar
fortes desta perspectiva, que a tornam especialmente pragmática e voltada para a prevenção.
M
13 WORTLEY, R.; MAZEROLLE, L. Environmental criminology and crime analysis: situating the theory, analytic
approach and application, 2008 apud VALENTE, Rafael Vinha. (Re) contextualizando o Homicídio: A Perspectiva
da Criminologia Ambiental. Projeto de Graduação apresentado à Universidade Fernando Pessoa como parte dos
requisitos para obtenção do grau de Licenciado em Criminologia, 2015, p. 13.
14 WORTLEY, R.; MAZEROLLE, L. Environmental criminology and crime analysis: situating the theory, analytic
approach and application. In: Wortley, R. & Mazerolle, L. (Ed.). Environmental Criminology and Crime Analysis.
26 Devon, Willan Publishing, 2008.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Importante esclarecer que existe uma confusão feita pelos estudiosos com relação ao foco
de estudo da criminologia ambiental com a Escola de Chicago (ou Ecológica). Pode-se dizer
que a criminologia ambiental é uma evolução que se originou da Escola de Chicago; porém,
podemos considerá-la distinta daquela, observando como a principal diferença da Escola de
Chicago o fato de o seu foco de estudo ser o ofensor, e o não o ato criminal (como acontece
na criminologia ambiental).
HORA DE PRATICAR!
1. (VUNESP — 2022) Com relação ao objeto da criminologia, é correto afirmar que atualmente ele
está dividido nas seguintes vertentes:
2. (VUNESP — 2022) Com relação ao método da criminologia, é correto afirmar que ela se utiliza
dos métodos
utiliza-se da metodologia lógica e dedutiva para estudar os fenômenos sociais que envolvem a
M
criminalidade.
a) teorética que tem por objeto o estudo das ciências penais e processuais penais e seus reflexos
no controle social, propondo soluções para redução da criminalidade.
b) teorética alicerçada na análise dos antecedentes sociais da criminalidade e dos criminosos,
que estuda exclusivamente o crime, propondo soluções para redução da criminalidade.
c) empírica e teorética, alicerçada no estudo das ciências penais e processuais penais e seus
reflexos no controle da criminalidade, tendo por objeto a redução da criminalidade. 27
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d) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar que tem por objeto de
análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo, a vítima e o controle
social das condutas criminosas.
e) conceitual e abstrata, que se dedica ao estudo das armas de fogo e suas munições; das armas
brancas e demais armas impróprias, objetivando o controle social e a redução da criminalidade.
a) O atual estágio de desenvolvimento da criminologia exclui do seu conceito o estudo das causas
exclusivamente individuais para a prática dos crimes, substituindo- o pela análise das dinâmi-
cas sociais.
b) É um ramo de conhecimento do Direito Penal, não podendo ser definida como ciência própria,
visto que se ocupa do mesmo objeto.
c) É uma ciência que tem por objetivo principal auxiliar a interpretação das normas criminais, sob
o ponto de vista dogmático.
d) É uma ciência que estuda o crime sob o ponto de vista jurídico.
e) Após superar os equívocos das primeiras abordagens sobre o homem delinquente, exemplificadas
nos estudos de Lombroso, a criminologia moderna mantém em seu conceito o estudo do criminoso.
a) é uma ciência do dever ser, conceitual e teórica, que não se utiliza de métodos biológicos e
sociológicos.
b) é uma ciência do dever ser, empírica e experimental, que se utiliza de métodos biológicos e
sociológicos.
c) é uma ciência do ser, empírica e experimental, que se utiliza de métodos biológicos e sociológicos.
d) não é uma ciência, sendo reconhecida como doutrina alicerçada no ser e que se utiliza de
14
e) é uma ciência do ser, conceitual e teórica, que não se utiliza de métodos biológicos e sociológicos.
41
12.
.4
afirmar que
-3
s
co
a) a criminologia é o ramo das ciências criminais que define as infrações penais (crimes e contra-
ar
M
a) é o grau de autocontrole apresentado por um indivíduo que irá determinar sua maior ou menor
propensão ao crime, autocontrole esse que é adquirido por meio da socialização familiar.
b) nos termos propostos por Sutherland, a conduta criminosa não é algo anormal, não é sinal de
uma personalidade imatura, de um deficit de inteligência, antes é um comportamento adquirido
por meio do aprendizado que resulta da socialização num determinado meio social.
c) a tensão entre as metas socioculturais recomendadas pelo sistema social e as reais condições
de alcançá- las pelos meios legítimos, sobretudo para certos indivíduos, cria um rompimento
por meio do qual as normas sociais entram em conflito com os valores de um indivíduo ou de
uma subcultura exigindo um comportamento ilegal para alcance do fim legítimo.
d) diferentes atos criminosos são intercambiáveis, porque estes mostram as mesmas caracterís-
ticas como o imediatismo e o baixo grau de esforço. Assim, as diferenças entre crimes instru-
mentais e expressivos, ou entre crimes violentos e crimes não coercitivos, “são sem sentido e
enganosas”.
e) as diferenças de aspirações individuais e os meios disponíveis, as oportunidades bloqueadas e
14
8-
cia” são desenvolvidos e relacionados com o fenômeno criminal de modo preponderante, por
-3
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ar
M
a) Associação Diferencial.
b) Escola de Chicago.
c) Subcultura Delinquente.
d) Labeling approach ou “etiquetamento”.
e) Anomia.
10. (VUNESP — 2018) O comportamento criminal é aprendido, mediante a interação com outras
pessoas, resultante de um processo de comunicação, ou seja, o crime não pode ser definido
simplesmente como disfunção ou inadaptação de pessoas de classes menos favorecidas, não
sendo exclusividade destas.
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Trata-se, nesse texto, da ideia que é base da teoria sociológica da criminalidade surgida em um
ambiente pós-Primeira Guerra Mundial e denominada como
a) Subcultura Delinquente.
b) Anomia.
c) Labeling approach ou “etiquetamento”.
d) Associação Diferencial.
e) Teoria Ecológica do Crime.
11. (VUNESP — 2018) A ausência de utilitarismo da ação, a malícia da conduta e seu respectivo
negativismo são fatores associados à teoria sociológica da criminalidade denominada como
12. (VUNESP — 2018) Na questão, assinale a alternativa contendo a informação que preenche cor-
retamente a lacuna.
a) da associação diferencial
b) do etiquetamento ou labelling approach
c) behaviorista
14
d) da anomia
8-
e) da subcultura delinquente
41
12.
.4
13. (VUNESP — 2022) A teoria sociológica da criminalidade denominada “Tolerância Zero” defende
41
a ideia de que
-3
s
co
a) a repressão à desordem e a pequenos delitos produzirá, a médio prazo, diminuição dos índices
ar
M
criminais de maior impacto social, tais como crimes violentos contra a vida e dignidade sexual.
b) as ações policiais devem ser complacentes com os pequenos delitos, tais como pichações e
perturbações de sossego.
c) as decisões por parte das autoridades policiais, diante de um ilícito, devem ser tomadas com
base na discricionariedade, conveniência e oportunidade.
d) sua meta principal é a atribuição de punições a executivos do alto escalão da sociedade, polí-
ticos e empresários, independentemente da culpa individual do infrator ou da situação peculiar
que se encontre.
e) a redução dos índices criminais dar-se-á por mínima intervenção, com máximas garantias.
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14. (VUNESP — 2022) A Criminologia Crítica tem, por um de seus postulados,
15. (VUNESP — 2018) A atuação da polícia judiciária ao investigar e prender infratores acaba
por contribuir com a inserção do infrator no sistema de justiça criminal, inserindo-o em uma
“espiral” que o impedirá de retornar à situação anterior sendo, para sempre, definido como
criminoso. Essa afirmação se relaciona, preponderantemente, com qual teoria sociológica da
criminalidade?
a) Subcultura.
b) Ecológica do crime.
c) Etiquetamento Social.
d) Anomia.
e) Janelas quebradas.
evento criminoso.
8-
c) A Etiologia Criminal é a ciência que estuda o comportamento da vítima perante o seu agressor,
41
2.
prevenção do delito.
-3
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
trabalho.
ar
M
17. (VUNESP — 2022) No que se refere à vitimologia, leva em conta a participação ou provocação
da vítima: a) vítimas ideais; b) vítimas menos culpadas que os criminosos; c) vítimas tão cul-
padas quanto os criminosos; d) vítimas mais culpadas que os criminosos e e) vítimas como
únicas culpadas.
a) Howard Becker.
b) Israel Drapkin.
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c) Edwin Lemert.
d) Robert Merton.
e) Benjamin Mendelsohn.
18. (VUNESP — 2018) Assinale a alternativa correta no que diz respeito à classificação dos tipos de
vítimas segundo Hans Von Henting.
a) Vítima com ânsia de viver – denomina-se assim aquela que, sob o pretexto de que a persecução
judicial lhe causaria maiores danos do que o próprio sofrimento resultante da ação criminosa,
acaba deixando de processar o autor do delito. São vistos tais comportamentos geralmente
nos roubos ocorridos nas ruas, nos crimes sexuais e nas chantagens.
b) Vítima imune – é considerada dessa forma a pessoa que, em decorrência de seu cargo, função,
ou algum tipo de prestígio na sociedade em que vive, acredita que não está sujeita a qualquer
tipo de ação delituosa que possa transformá-la em vítima. Um exemplo é o padre.
c) Vítima falsa – é taxada dessa forma a vítima que, pela cobiça, pelo anseio de se enriquecer de
maneira rápida ou fácil, acaba sendo ludibriada por estelionatários ou vigaristas.
d) Vítima que se converte em autor – denomina-se assim a vítima que, por não aceitar ser agredi-
da pelo autor, reage e passa a agredi-lo da mesma forma, sempre em sua defesa ou em defesa
de outrem, ou também no caso de cumprimento do dever. Nessa situação, há sempre a dispo-
sição da vítima em lutar com o autor.
e) Vítima da natureza – denomina-se assim a pessoa que possui uma tendência natural de se
tornar vítima. Isso pode decorrer da personalidade deprimida, desenfreada, libertina ou aflita
da pessoa, sendo que esses tipos de personalidade podem de algum modo contribuir com o
criminoso.
d) unicamente culpada.
41
20. (VUNESP — 2018) Na questão, assinale a alternativa contendo a informação que preenche cor-
ar
M
retamente a lacuna.
a) sobrevitimização
b) vitimização primária
c) vitimização secundária
d) vitimização terciária
e) heterovitimização
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9 GABARITO
1 E
2 A
3 D
4 E
5 C
6 E
7 E
8 B
9 B
10 D
11 B
12 D
13 A
14 B
15 C
16 B
17 E
18 B
19 D
20 E
ANOTAÇÕES
14
8-
41
12.
.4
41
-3
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ANOTAÇÕES
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