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PC-SP
Polícia Civil de São Paulo

Noções de Criminologia
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PIRATARIA
É CRIME!
Todos os direitos autorais deste material são reservados e
protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial
ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por
escrito da Nova Concursos.

Pirataria é crime e está previsto no art. 184 do Código Penal,


com pena de até quatro anos de prisão, além do pagamento
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de multa. Já para aquele que compra o produto pirateado


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sabendo desta qualidade, pratica o delito de receptação, punido


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com pena de até um ano de prisão, além de multa (art. 180 do CP).
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Não seja prejudicado com essa prática.


Denuncie aqui: sac@novaconcursos.com.br
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SUMÁRIO

NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA............................................................................................5
CONCEITO, MÉTODO, OBJETO E FINALIDADE DA CRIMINOLOGIA................................................. 5

TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA CRIMINALIDADE................................................................................. 8

VITIMOLOGIA...................................................................................................................................... 16

O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO PENAL........................ 23

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

CONCEITO, MÉTODO, OBJETO E FINALIDADE DA CRIMINOLOGIA


Inicialmente, antes de aprofundarmos os conceitos de criminologia, é importante ressal-
tar a diferença entre criminologia, direito penal e política criminal. Vejamos:

z Criminologia: ciência social, empírica e interdisciplinar que busca o estudo do crime, da


pessoa do criminoso, da vítima, das causas do crime e do comportamento da sociedade;
z Direito penal: ciência jurídica e normativa que estuda o crime enquanto norma, define/
normatiza as infrações penais e suas respectivas penas. Analisa os fatos humanos conside-
rados indesejados. Tem como fim a proteção de bens jurídicos;
z Política criminal: trata-se do estudo e da sistematização de estratégias e meios de contro-
le social da criminalidade. Tem como fim nortear o aperfeiçoamento da legislação penal
vigente.

Estabelecidos os conceitos iniciais para que o leitor não se confunda e não caia em pegadi-
nhas da banca examinadora, vamos aprofundar o estudo da criminologia.
A criminologia teve início em meados do século XVII e era antes denominada Sociologia
Criminal ou Antropologia Criminal. Alguns doutrinadores entendem que o fundador da cri-
minologia moderna foi Césare Lombroso, em 1876; já outros entendem que ela surgiu com
Paul Tropinard em 1879 ou então com Raffaele Garofalo, em 1885. Deste modo, para provas
objetivas de concurso público, não há como afirmarmos o marco inicial da criminologia.
O termo “criminologia” tem origem greco-latina, do grego logos (estudo) e do latim crimino
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(crime). O termo pode ser definido como “ciência do delito”1 ou, então, “estudo do crime e do
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criminoso”2.
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A criminologia não é definida de maneira uniforme. Com o passar dos anos, sofreu diver-
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sas definições. Para Nelson Hungria, a criminologia surgiu como forma de buscar um estudo
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experimental do fenômeno crime, para pesquisar-lhe a etiologia e tentar a sua debelação por
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meios preventivos ou curativos.


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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Já Edwin H. Sutherland definiu criminologia como um conjunto de conhecimentos que
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objetivam estudar o fenômeno e as causas da criminalidade, bem como a personalidade do


criminoso, sua conduta delituosa e os meios necessários para ressocializá-lo.
Para fins de provas objetivas, podemos definir a criminologia como uma ciência social
autônoma, empírica e interdisciplinar, que possui como objetivo o estudo, por métodos
biológicos e sociológicos, do crime, do criminoso, da vítima e do comportamento da socieda-
de de maneira causal-explicativa.

1 GAROFALO, R. Crimiminologie. 5. ed. Paris: Felix Alcan Éditeur, 1995.


2 CARVALHO, H. V. Compêndio de criminologia. São Paulo: Bushatsky, 1973. 5
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Por “ciência social autônoma”, podemos concluir que a criminologia é independente dos
demais ramos do direito, pois possui métodos, funções e objetivos próprios. Atenção! A ban-
ca examinadora pode afirmar que a criminologia é um ramo ou sub-ramo do Direito Penal,
o que estaria incorreto.
Quando tratamos do seu método, podemos dizer que ela utiliza o que se chama de método
empírico e interdisciplinar. Assim, para que se compreenda o método da criminologia, tão
cobrado em provas de concursos, explicamos:

z Empírico: baseia-se na experiência e na observação da realidade dos fatos. Não se trata


aqui de um mero achismo, mas, sim, de algo baseado no tripé análise-observação-expe-
riência. Nesse sentido, ainda podemos dizer que a criminologia utiliza um método expe-
rimental, abordando, através da ciência, os fatores que possam levar com que o homem
pratique o crime. Quando falamos de método experimental, estamos tratando de um pro-
cesso científico que buscará a construção de uma hipótese baseada na observação dos
fatos, colocando-os à prova através de um artefato experimental desenvolvido para isso3.
Na prática, poderíamos exemplificar que se o objeto de estudo de um criminólogo são
crimes cometidos em uma área rural, ele obviamente irá se deslocar a zonas rurais para
verificar in loco os fatos e questões relevantes;
z Interdisciplinar: vale-se do conhecimento de diversos ramos do saber, como o direito,
a biologia, a medicina legal, a psiquiatria, a antropologia, a sociologia, a biologia, dentre
outras.

É importante saber a diferença entre interdisciplinaridade e multidisciplinaridade,


pois os conceitos não se confundem.
A visão da interdisciplinaridade é mais profunda que a da multidisciplinaridade. Enquanto,
na interdisciplinaridade, os saberes parciais se integram e cooperam entre si, na multidis-
ciplinaridade, as distintas visões sobre um determinado problema são tratadas de maneira
compartimentada, ou seja, cada uma delas oferece a sua própria visão sem necessariamente
levar em consideração a posição das demais. Em outras palavras, a visão interdisciplinar é
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mais profunda que a multidisciplinar. Dessa forma, temos que a interdisciplinaridade é mais
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ampla e abrangente.4
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É ainda importante dizer que a criminologia é uma ciência do ser, e que opera em um
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método indutivo, pois parte dos dados particulares para uma conclusão (utilizando os méto-
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dos biológicos e sociológicos), diferentemente do Direito, que é uma ciência do “dever ser”,
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pois é normativa e valorativa e utiliza o método dedutivo.


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Dica: a criminologia não é ciência do “dever ser”, e sim do “ser”.


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O direito penal, por exemplo, usa o método dedutivo, pois sai de uma situação abstrata
(tipo penal incriminador), para posteriormente verificar se a conduta que foi praticada pelo
agente se “enquadra” na norma incriminadora.
Por fim, destaca-se que a criminologia é uma ciência causal-explicativa, pois almeja
explicar o crime não através da mera violação da norma, como ocorre no direito penal, mas
avaliando todas as possíveis causas, sejam elas psicológicas, biológicas e sociais, que levaram
à prática delitiva. Ela também avaliará o criminoso com viés ressocializador e preventivo.

3 CALHAU, L. B. Resumo de criminologia. Niterói: Impetus, 2009, p. 31.


6 4 CALHAU, L. B. Resumo de criminologia. Niterói: Impetus, 2009, p. 11.
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Dica
A criminologia é uma ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, as causas, a víti-
ma e o comportamento da sociedade de maneira causal-explicativa.

OBJETOS DA CRIMINOLOGIA

Como já definimos anteriormente, a criminologia trata de estudar o crime (delito), o cri-


minoso (delinquente), a vítima e o comportamento social (controle social). Neste momento,
observaremos cada um deles:

Crime

Quanto ao delito, a criminologia cuida de analisar a conduta antissocial e as causas gera-


doras da ação, bem como o possível e efetivo tratamento ao agente, buscando sempre a sua
não reincidência. Para a criminologia, o crime é um fenômeno social.
Cuidado para não confundir o conceito de crime da criminologia com o conceito de crime
para o direito penal (fato típico, antijurídico e culpável).

Criminoso

O conceito de criminoso passou por diversas definições, a depender das escolas predomi-
nantes em certos períodos.
Em algumas definições, o delinquente era tratado como um pecador (escola clássica), um
animal selvagem que herdava anomalias patológicas (escola positivista), um incapacitado de
autocontrole e inferior aos demais cidadãos (escola correcionalista) e como uma vítima da
sociedade e do sistema capitalista (filosofia marxista).
Atualmente, o criminoso é definido como um ser normal (real) que se submete às leis e
pode não as cumprir por razões que nem sempre são compreendidas por seus pares5.
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Vítima
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É aquele que sofre as ações do delinquente. O conceito e a evolução histórica de vítima são
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estudados de maneira aprofundada no tópico “Vitimologia”.


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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
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Comportamento Social
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Busca-se o estabelecimento de padrões na sociedade (controle social). O controle social


pode ser dividido em informal e formal. Vejamos:

z Informal: são os métodos de formação de comportamento com finalidade preventiva e


educacional (família, escola, religião, profissão, clubes etc.);
z Formal: são mecanismos de controle por meio de órgãos e instrumentos do Estado. É um
método mais rigoroso que o informal (Polícia, Ministério Público, Forças Armadas, Justiça
etc.).
5 SUMARIVA, P. Criminologia — teoria e prática. 5. Ed. Niterói: Impetus, 2018. 7
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Dentro do controle social formal, existe a divisão por instâncias. Acompanhe:

„ 1ª instância: início da persecução penal; averiguação da autoria e materialidade do


crime (Polícia Judiciária);
„ 2ª instância: oferta da denúncia (atuação do Ministério Público);
„ 3ª instância: recebimento da peça acusatória até a sentença definitiva (atuação do Poder
Judiciário). Atenção, pois algumas bancas examinadoras consideram a atuação das For-
ças Armadas e da Administração Penitenciária como 3ª instância do controle social.

TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA CRIMINALIDADE


A sociologia criminal, inicialmente, confundiu-se com certos preceitos da antropologia cri-
minal, tendo em vista que se buscava a gênese do crime nos fatores biológicos, em anomalias
cranianas ou na “disjunção” evolutiva. No entanto, na moderna sociologia, tem-se uma visão
bipartida, analisando então as conhecidas teorias macrossociológicas com enfoques consen-
suais ou de conflito.
Podemos dizer que a sociologia criminal ou macrossociológica da criminalidade surgiu
após a luta das escolas, o que ficou conhecido também como giro sociológico da criminologia.
Ela não se limita a analisar o delito através de uma visão do indivíduo ou de pequenos gru-
pos, mas sim através da sociedade como um todo.
Para que fique claro, de maneira sintética, as teorias sociológicas trazem uma explicação
para o fenômeno criminal, a partir de fatores alheios às questões biológicas do indivíduo, ou
seja, as questões sociais.6
Como dito, a sociologia criminal é marcada por um duplo entroncamento, já que é influen-
ciada por um modelo americano (Escola de Chicago) e por um modelo europeu (Teorias do
Conflito). Assim, o pensamento criminológico moderno vai ser influenciado por duas visões,
didaticamente utilizadas:
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z Teorias do Consenso: de cunho funcionalista, chamadas Teorias de Integração, Etiológi-


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cas ou Epidemiológicas, porém, mais conhecidas como Teorias do Consenso. Para as Teo-
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2.

rias do Consenso, a finalidade da sociedade é atingida quando suas instituições obtêm


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perfeito funcionamento, com as pessoas compartilhando as metas sociais comuns e tam-


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bém concordando com as regras da sociedade de convívio. Baseiam-se na harmonia e no


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equilíbrio das relações entre seus membros.


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„ Integram as Teorias do Consenso: Escola de Chicago, Teoria da Associação Diferen-


cial, Teoria da Anomia e Teoria da Subcultura Delinquente.

z Teorias do Conflito: de cunho argumentativo, defendem a ideia de que a harmonia social


decorre do uso da força e da coerção, existindo uma relação entre dominantes e domi-
nados. Argumentam também que a sociedade está sujeita a mudanças contínuas, sendo
ubíquas, de modo que todo elemento coopera para sua dissolução7. Estão ligadas a movi-
mentos revolucionários, trazendo a ideia de que o conflito seria natural e, até mesmo,
desejado, com objetivo de progresso e mudanças necessárias para a sociedade.

6  VIANA, E. Criminologia. 6. Ed. Rev. atual. e ampl. Salvador: JusPODIVM, 2018, p. 210.
8 7  PENTEADO FILHO, N. S. Manual esquemático de criminologia. 2. Ed. São Paulo: Saraiva: 2012, p. 82-83.
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„ Integram as Teoria do Conflito: Teoria Crítica ou Radical e o Labbeling Aproach (Teo-
ria do Etiquetamento).

TEORIAS DO CONSENSO

Escola de Chicago

A Escola de Chicago nasceu na cidade que aparece em seu nome, nos Estados Unidos. Lá,
vivenciou-se na pele um crescimento exponencial e descontrolado do centro para a perife-
ria, o que se chamou de movimento circular centrífugo. Em consequência disso, inúmeros
e graves problemas sociais geraram um ambiente propício para a criminalidade, otimizada
pela carência de mecanismos de controle social.
Na Escola de Chicago, estuda-se a influência do meio ambiente e o crescimento exponen-
cial da cidade como fator que potencializa a criminalidade. Ela possui como principais pen-
sadores Robert Park, Ernest Buruess e Roderick Mackenzie.
Apresenta dois conceitos centrais: a desorganização social e as zonas de delinquência (ou
áreas de delinquência).
A Escola utilizou-se dos inquéritos sociais (social surveys), que eram instrumentos de
investigação dos criminólogos elaborados por meio de entrevistas, interrogatórios e casos
biográficos de indivíduos selecionados de maneira unitária, com o objetivo de fazer a análise
da realidade nas áreas de delinquência.

Escola de Chicago: Teoria Ecológica ou Desorganização Social

Desenvolvida no ano de 1915, teve como principal obra The City: Suggestion for the Inves-
tigation of Human Behavior in the City Enviroment (1925), de Robert Park. Segundo a Teoria
Ecológica, a ordem social, a estabilidade e a integração contribuem para o controle social e
para a conformidade com as leis.
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Por outro lado, a desordem e a má integração conduzem ao crime e à delinquência. A teo-


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ria traça um paralelo entre o desenvolvimento das grandes cidades e o consequente aumento
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2.

da criminalidade em virtude da ausência de controle social informal.


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Ou seja, o Estado não consegue acompanhar o crescimento da cidade, gerando áreas desor-
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ganizadas socialmente. A população passa, então, a viver em subúrbios, sem condições míni-
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mas de saneamento básico, sem energia e demais estruturas mínimas para a sobrevivência.
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É analisando esse contexto que a Escola de Chicago traça um perfil concêntrico da cidade,
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separando esta em círculos.

Teoria dos Círculos Concêntricos

Segundo a teoria dos círculos concêntricos, o ponto mais ao centro do círculo é denomi-
nado Loop, considerado a área central da cidade. Nessa área, trabalham a maior parte dos
moradores, tendo em vista que empresas, fábricas e prestadoras de serviços se encontram
nessa região.

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Os mais pobres trabalhadores não possuíam condições de morar em áreas residenciais e
também não podiam arcar com despesas de transporte, caso quisessem morar em locais dis-
tantes do “centro de trabalho”.
Essa situação favoreceu que essas pessoas de baixa renda e os trabalhadores viessem a
residir em aglomerados na região central, dividindo pensões, aluguéis, morando em pisos
superiores de prédios comerciais ou nas ruas, o que fez com que a região central passasse a
ser considerada uma região superpopulosa com total ausência do Estado.
Sobre esse assunto, disserta Shecaira:

[...] uma cidade desenvolve-se, de acordo com a ideia central dos principais autores da teoria
ecológica, segundo círculos concêntricos, por meio de um conjunto de zonas ou anéis a partir
de uma área central. No mais central desses anéis estava o Loop, zona comercial com os seus
grandes bancos, armazéns, lojas de departamento, a administração da cidade, fábricas, esta-
ções ferroviárias, etc. A segunda zona, chamada de zona de transição, situa-se exatamente
entre zonas residenciais (3ª zona) e a anterior (1ª zona), que concentra o comércio e a indús-
tria. Como zona intersticial, está sujeita à invasão do crescimento da zona anterior e, por isso,
é objeto de degradação constante8.

Dessa forma, a 2ª zona favorecerá a criação dos guetos, já a 3ª zona será o lugar de mora-
dia de trabalhadores pobres e também de imigrantes. A 4ª zona vai se destinar aos conjuntos
habitacionais da classe média; por último, a 5ª zona será composta pela camada mais alta da
sociedade.
Acompanhe essa organização na imagem a seguir:9

Loop: área comercial e


administrativa
Zona de transição
Zona residencial de pessoas
pobres
Zona residencial de pessoas
de classe média
Zona residencial de pessoas
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ricas
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Fonte: http://cursocliquejuris.com.br/blog/escola-de-chicago-um-tema-atual/
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z Teoria das Zonas Concêntricas ou Círculos Concêntricos


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Ocorre que, ou o trabalhador pobre residia na região central, no meio de toda a aglome-
ração, superpopulação e bagunça, ou, então, na periferia, enfrentando horas de trânsito no
deslocamento de sua casa até a região central.

8  SHECAIRA, S. S. Criminologia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.167.


9  SILVA, C. H. Brasil, reflexões sobre a relação entre criminalidade, população e o controle social informal.
Olhar Criminológico (OC) — Revista Internacional da Associação Brasileira de Criminologia. Vol 1. nº 1, 2017,
p. 4. Disponível em: http://abcriminologia.com.br/revistaoc/arquivos/artigos/BRASIL-REFLEXOES-SOBRE-A-
RELACAO-ENTRE-CRIMINALIDADE-POPULACAO-E-O-CONTROLE-SOCIAL-INFORMAL.pdf. Acesso em: 10 fev.
10 2022.
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Dessa forma, com toda a omissão estatal existente nos dois extremos, consegue-se visuali-
zar a desorganização social. Essa desorganização, para a Escola de Chicago, criava as chama-
das Zonas ou Áreas de Delinquência, ou seja, áreas com altíssimo índice de criminalidade.
Com base nos estudos e no fomento de pesquisa pela Escola de Chicago com relação à rea-
lidade da cidade, passou a ser possível a implementação da política criminal correta para as
regiões e para a cidade como um todo.
É importante saber que se na sua prova surgirem assuntos relacionados a desorganização
social, área de delinquência, crescimento desenfreado das cidades, Teoria Ecológica ou Teo-
ria da Ecologia Criminal, estaremos tratando da Escola de Chicago.

Teoria da Anomia ou Teoria Estrutural Funcionalista

A palavra anomia é de origem grega e significa ausência de lei (“a” — ausência + nomos
= lei). Segundo a Teoria da Anomia, a motivação à delinquência seria decorrência da impos-
sibilidade do indivíduo em atingir algumas metas desejadas pela sociedade, como sucesso
econômico ou status social.
Ela também dispõe que o crime é um fenômeno natural da vida em sociedade; porém, a
sua ocorrência deve ser tolerada mediante o estabelecimento de limites razoáveis, sob pena
de subverter a ordem pública, os valores cultuados pela sociedade e o sistema normativo
vigente.
Possui como seus principais expoentes Émile Durkheim e Robert King Merton.
De acordo com Durkheim, é a ausência, a desintegração ou o desmoronamento das nor-
mas sociais de referência que ocasionam a crise de valores. Para Durkheim, o crime é um
fenômeno normal da sociedade, necessário e útil, que só passa a ser preocupante quando
ultrapassa certos limites. Na anomia, então, teríamos a potencialização de atos criminosos
em decorrência do desmoronamento das normas sociais de referência. Em caso de índices
alarmantes de criminalidade, o autor sugere uma consciência coletiva.
Segundo Durckheim, as penas devem atingir, principalmente, as pessoas honestas, bus-
cando “curar”, “cicatrizar”, as feridas dos sentimentos coletivos, causadas pelos crimes, já
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que a pena agirá muito mais na pessoa honesta do que no criminoso, vez que este último
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muitas vezes poderá voltar a delinquir.


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Atente-se a este assunto, pois já foi cobrado em provas. Em uma cobrança específica, a
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anomia foi apresentada não significando a ausência de normas, mas sim o enfraquecimento
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delas na influência das condutas sociais.


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Robert King Merton explica a Teoria da Anomia de uma maneira mais didática e menos
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abstrata. Segundo ele, a anomia é o desajuste entre metas culturais e meios institucionais. A
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meta cultural é o modelo de sucesso em si e os meios institucionais são aquilo que se rece-
be para atingir o modelo de sucesso.
Robert Merton apresenta cinco possibilidades de adaptações diferentes de um indivíduo
aos meios institucionalizados em busca dessas metas culturais citadas:

z Conformidade;
z Ritualismo;
z Retraimento;
z Inovação;
z Rebelião. 11
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Veremos a seguir cada uma das possibilidades citadas em mais detalhes:

z Conformidade: com relação à conformidade, temos divergência na doutrina. Para alguns,


seria o momento em que o indivíduo atinge o modelo de sucesso com aquilo que ele ganha,
sendo que os meios institucionais que lhe são disponibilizados são suficientes para que
possa atingir suas metas culturais. Para outros autores, a conformidade seria aquela aco-
modação em que as pessoas não renunciam ao modelo de sucesso, mas vivem no comodis-
mo de forma normal, conforme a vida permite (essa parcela da sociedade, apesar de não
praticar crimes, de certa maneira contribuiria para a não evolução da sociedade);
z Ritualismo: aqui, há uma renúncia às metas culturais, aos modelos de sucesso. O indiví-
duo tem ciência de que não vai conseguir alcançar aquele modelo e então abre mão de
seus sonhos, porém, continua a seguir as normas sociais de referência e a se comportar de
forma “normal”;
z Retraimento (Evasão): tem-se uma renúncia a ambos os institutos, ou seja, ao modelo de
sucesso e à obediência às normas sociais de referência. Aqui, o indivíduo possui um com-
portamento como se não fosse daquele mundo: não liga para banhos, não cumprimenta
ninguém, não interage, renuncia a tudo;
z Inovação: na inovação, tem-se a presença marcante do uso de meios ilegais para atingir
objetivos ou metas culturais, sendo esse comportamento aquele que interessa para a cri-
minologia, já que potencializa a criminalidade. Neste ponto, temos o indivíduo desviante,
aquele que rompe as normas (a-nomia);
z Rebelião: tem-se aqui a presença do inconformismo e da revolta; os indivíduos refutam
os padrões vigentes. Para eles, o modelo padrão de sucesso não é ficar rico ou acumular
patrimônio, muito pelo contrário, buscam aquilo que vai na contramão do considerado
como padrão.

Conclui-se que o fracasso em busca de tais metas culturais, aliado à escassez dos meios
institucionalizados, levará a sociedade ao chamado estado de anomia, ou seja, um estado de
desordem com comportamentos desviados estranhos às normas sociais, que nada mais são
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que os crimes.
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Na prova, se a banca mencionar expressões como “crime como situação normal”, “crimes
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ferindo a consciência coletiva” e “incremento da criminalidade em decorrência da ausência


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de integração de normas sociais de referência”, estaremos possivelmente tratando da expli-


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cação de Durkheim sobre a Teoria da Anomia.


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Teoria da Associação Diferencial

Conhecida também como Teoria da Aprendizagem Social ou Social Learning, foi difundida
pelo sociólogo americano Edwin Sutherland, utilizando como base o pensamento do jurista
Gabriel Tarde.
A Associação Diferencial é um processo de aprendizagem de alguns tipos de comporta-
mentos desviantes que exige conhecimento especializado e habilidade, além da inclinação
em tirar proveito de oportunidades para usá-las de maneira desviante. A conduta criminosa
é aprendida com outras pessoas através de um processo de comunicação.

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Segundo a Associação Diferencial, o comportamento criminoso é aprendido e, dessa for-
ma, não pode ser definido como um produto de uma predisposição biológica ou atribuído
somente às pessoas de classes menos favorecidas.
Para Sutherland, não é a desorganização social, o ambiente ou outra influência material
que vão explicar a criminalidade, mas sim a relação que o indivíduo tem com determinada
pessoa ou com determinados grupos de pessoas.
Sutherland, ao desenvolver a teoria da Associação Diferencial, cunhou a expressão “crime
do colarinho branco” em sua obra White Collar Crime, tratando da criminalidade econômico-
-financeira praticada por magnatas por meio de negócios fraudulentos realizados em nome
de suas promessas, um crime praticado por pessoas de alto nível social.
De acordo com Edwin Sutherland, os crimes de colarinho branco possuem três fatores que
dificultam a punição:

z O fato de as pessoas que cometem os crimes de colarinho branco serem poderosas e res-
peitadas na sociedade;
z Dificuldade e obstáculos na punição pelas leis;
z Efeitos complexos e difusos, pois a sociedade não os sente diretamente.

Dica
Em sua prova, assuntos ligados ao processo de aprendizagem, ao autor Edwin Sutherland
e aos crimes de colarinho-branco indicam tratar-se da Teoria da Associação Diferencial.

Deste modo, podemos concluir que, para a Teoria da Associação Diferencial, o crime não
pode ser simplesmente definido como uma disfunção ou inadaptação das pessoas menos
favorecidas, mas, sim, é entendido como uma conduta que se aprende (conhecimento espe-
cializado e habilidade), como também se aprende o bom comportamento ou qualquer outra
atividade.
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Teoria da Subcultura Delinquente ou Subculturas Criminais


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2.

Esta teoria foi consagrada por Albert K. Cohen através da obra Delinquent Boys (1955).
1
.4
41

Diferentemente da Escola de Chicago, a causa/etiologia do crime não está ligada à desorgani-


-3

zação social, mas sim aos sistemas de normas e valores distintos para a sociedade tradicional.
s
co

Segundo a teoria, todo agrupamento humano possui subculturas, advindas de seu gueto, no NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ar

qual cada um se comporta de acordo com as regras de seu grupo.


M

É importante esclarecer que quando o autor fala em “grupos criminosos”, não remete
às organizações criminosas de tráfico etc., mas sim às gangues da periferia e tribos de
pichadores, que não possuem um fim utilitarista (justificativa útil), mas um fim específico de
rechaçar as normas e regras dos grupos dominantes.
Albert Cohen dizia que a constituição de subculturas delinquentes representa a reação
necessária de algumas minorias desfavorecidas diante da exigência de sobreviver, de se
orientar dentro de uma estrutura social.
Ainda segundo Cohen, esses pequenos grupos (pequenas subculturas criminais) criam
espécies de códigos de conduta, que contêm regras e normas próprias, a fim de sobrevive-
rem, levando em consideração serem esses grupos desfavorecidos de alguma maneira.
13
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A subcultura atuaria com um comportamento de transgressão, por um subsistema de
conhecimento, ou seja, por regras, princípios e normas próprias que determinarão um com-
portamento diferenciado desses indivíduos.
A teoria apresenta três fatores:

z Não utilitarismo da ação: o crime é praticado por prazer, sem um fim útil;
z Malícia da conduta: o crime é praticado para causar desconforto alheio;
z Negativismo da ação: o crime é praticado para rechaçar valores dominantes.

Se, em sua prova, a banca tratar de assuntos ligados a Albert Cohen, Delinquent Boys, ano
de 1955, ou seja, década de 1950 (fase do American dream — Sonho americano), não utilita-
rismo da ação, malícia da conduta e negativismo da ação, estaremos possivelmente tratando
da Teoria da Subcultura Delinquente.

TEORIAS DO CONFLITO

Labelling Approach

Também é conhecida como Teoria da Rotulação Social, Etiquetamento, Reação Social e


Interacionista. Surgiu na década de 1960, nos Estados Unidos, com os grupos de “fermentos
de ruptura”, uma série de movimentos sociais, políticos, feministas e raciais.
Segundo a teoria, um fato somente é crime a partir do momento em que adquire esse
status através de uma norma criada de maneira a selecionar certos comportamentos como
desviantes no interesse de um sistema social. Cria-se um processo de estigma aos condenados
(rotulação), funcionando a pena como geradora de desigualdade, o que acarreta na margina-
lização desses indivíduos.
O Estado utiliza-se de cerimônias degradantes, como, por exemplo, chamar os presos por
números e não pelos nomes, além de o cárcere possuir um ambiente insalubre que atenta
14

contra a dignidade da pessoa humana. Dessa forma, a prisão não serve para ressocializar o
8-

condenado, mas sim para socializar ao cárcere. O indivíduo fica estigmatizado e é por isso
41
2.

que a teoria é chamada de Teoria do Etiquetamento ou Rotulação Social, pois o Estado coloca
1
.4

um “carimbo” no indivíduo, que vai acompanhá-lo pelo resto da vida.


41

De acordo com esta teoria, a criminalização primária produz uma rotulação no indivíduo,
-3

que acaba o influenciando para a criminalização secundária. Em outras palavras, o agente


s
co

que é rotulado pela sua primeira infração acaba sendo influído para que os atos delitivos se
ar
M

repitam.

Criminologia Crítica / Nova Criminologia / Criminologia Radical ou Criminologia Marxista

Esta teoria surgiu na década de 1970, na Escola de Berkeley, nos Estados Unidos, e simul-
taneamente na National Deviance Conference, na Inglaterra.
De base marxista, para ela, o crime seria um fenômeno decorrente do modo de produção
capitalista. Assim, o direito penal seria uma criação manipulada pela classe dominante, ser-
vindo como modelo de reprodução de desigualdade social.

14
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Segundo a Criminologia Crítica, as leis penais serviriam apenas para gerar uma estabilida-
de temporária, encobrindo o confronto entre as classes sociais.
Esta teoria criticou duramente a criminologia tradicional e propôs reformas estruturais
na sociedade, com o fim de reduzir desigualdades e, dessa forma, diminuir a criminalidade.

Importante!
A visão do marxismo sobre a criminalidade considera a responsabilidade pelo crime como
uma decorrência natural de certas estruturas econômicas, de maneira que o infrator se
torna vítima delas. Quem é culpável é a sociedade. Cria-se, pois, uma espécie de determi-
nismo social e econômico. Isso já foi assunto em questão de prova.

OUTRAS TEORIAS DE MENOR INCIDÊNCIA NAS PROVAS

Criminologia Abolicionista

Defende o fim das prisões e a abolição do direito penal, utilizando propostas anarquistas,
marxistas e liberais-cristãs.

Teoria dos Instintos

Os instintos delituosos são reprimidos pelo superego, porém, não destruídos, permane-
cendo sedimentados no inconsciente, acompanhados por um sentimento de culpa e por uma
tendência a confessar. É uma teoria biológica.

Teoria da Identificação Diferencial

Um indivíduo inicia ou segue uma carreira criminal na medida em que se identifica com
14

outros indivíduos reais ou fictícios. Critica a exibição de cenas delitivas na TV e no cinema, as


8-
41

quais fomentariam sua imitação, especialmente pelos jovens.


12.
.4
41

Criminologia Minimalista
-3
s
co

É necessário limitar o direito penal, que está a serviço de grupos minoritários. Acredita
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ar

que a aplicação irracional da pena gera mais violência que o próprio crime. A intervenção
M

deve ser mínima.

Criminologia Neorrealista

Defende que só uma política social ampla pode promover o justo e eficaz controle das
zonas de delinquência, desde que os governos, com determinação e vontade, compreendam
que carências e inconformidade, somadas à falta de solução política, geram o cometimento
de delitos.

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Nova Defesa Social (Escola da Defesa Social)

Corrente de pensamento criminológico que tem como precursores Filippo Gramatica


e Marc Ancel. Para ela, o delinquente deve ser educado para assumir sua responsabilida-
de para com a sociedade, a fim de possibilitar o saudável convívio de todos (pedagogia da
responsabilidade).

Teoria das Janelas Quebradas (Broken Windows)

No ano de 1981, James Q. Wilson e Georg Kelling divulgaram o artigo intitulado “Janelas
Quebradas: a polícia e a sociedade nos bairros”, no qual propagaram a necessidade de punir
mesmo as menores contravenções, pois eles representavam o início da deterioração dos bair-
ros. Utilizava-se a metáfora “janelas quebradas”, pois se uma janela quebrada em um edifício
não fosse consertada imediatamente, as demais seriam também destruídas em pouco tempo,
assumindo, assim, contornos de descuido, abandono, negligência e descaso, que acabariam
refletindo em toda redondeza.
É com base na teoria das janelas quebradas que surge a técnica policial conhecida como
“Tolerância Zero”, estratégia implementada na cidade de Nova Iorque na gestão do ex-pro-
motor Rudolph Giuliani, depois replicada para todo mundo.

Teoria da Tolerância Zero

A Teoria da Tolerância Zero foi implementada nas décadas de 1980 e 1990, originalmente
na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, na gestão de Rudolph Giuliani. Esta teoria
decorre da Escola de Chigado e da Teoria Ecológica e visa, primordialmente, à diminuição da
criminalidade, entendendo que tanto os crimes de grande repercussão quanto as pequenas
infrações devem ser combatidos com o mesmo rigor.
Willian Bratton, comissário de Polícia de Nova Iorque, afirmou em discurso que “os sim-
14

ples boletins de ocorrência nas delegacias acabaram […]. Se você urinar na rua, vai para a
8-

cadeia. Estamos decididos a consertar as janelas quebradas e impedir quem quer que seja de
41
2.

quebrá-las de novo”10. Tal declaração afirma a posição da polícia de Nova Iorque em ado-
1
.4

tar uma postura rigorosa contra infrações pequenas. Trata-se de um modo de atuação mais
41

agressivo pela polícia.


-3

É importante destacar que a Teoria da Tolerância Zero está diretamente ligada à Teoria
s
co

das Janelas Quebradas; contudo, essas teorias não se confundem.


ar
M

VITIMOLOGIA
A vitimologia é a disciplina que estuda a vítima enquanto sujeito passivo do crime, bem
como a sua participação no delito e os fatores de vulnerabilidade.11
A vitimologia é um dos objetos de estudo da criminologia e é muito cobrada em concursos
públicos.

10  Cf. WACQUANT, L. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. 3. Ed. Rio de Janeiro:
Revan, 2007.
16 11 SUMARIVA, P. Criminologia: teoria e prática. Niterói: Impetus, 2017, p. 109.
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Os estudos iniciais da vitimologia datam de 1901, através do estudioso Hans Gross. Entre-
tanto, seu nascimento se dá após a 2ª Guerra Mundial, a partir de Benjamin Mendelsohn,
conhecido como o pai da vitimologia.
Para provas objetivas, a posição adotada é a de que Benjamin Mendelsohn foi o percursor
(pai) da vitimologia.
No Brasil, o primeiro a tratar do estudo da vitimologia foi Edgard de Moura Bittencourt,
através de sua obra “Vítima”, datada do ano de 1971.
Três são os assuntos relativos ao tema mais abordados nos certames: os períodos (fases)
da importância da vítima em nossa história; os tipos de vitimização (primária, secundária e
terciária) e as principais classificações das vítimas.

PERÍODOS HISTÓRICOS DA VITIMOLOGIA

Protagonismo da Vítima (Idade de Ouro)

Esse período vai desde os primórdios da civilização até o final da Alta Idade Média. Nele,
a vítima tinha um papel de protagonista, sendo detentora do poder punitivo. Foi um período
no qual reinaram a autotutela, bem como a vingança privada, a Lei de Talião — o famoso
“olho por olho, dente por dente”. A própria vítima ostentava o direito de punir. Não existia o
controle externo quando ao limite das sanções, ou seja, a vítima, após sofrer um fato crimi-
noso, poderia aplicar punições desproporcionais ao opositor.

Neutralização (Esquecimento)

Na neutralização, a vítima cai no esquecimento, por isso, é neutralizada. Esse período se


deu durante o final da Alta Idade Média, e foi quando o Estado assumiu todo monopólio da
punição e deixou de se preocupar com a vítima.
Pode-se dizer que, nessa fase, a única relação que existia era entre o Estado e o infrator.
Nesse período, as consequências do delito para a vítima tinham importância — por exemplo,
14

se havia ficado traumatizada com os fatos, se conseguiu a restituição dos seus bens etc. Esse
8-

período é também definido como Vingança Pública.


41
12.
.4

Redescobrimento (Revalorização)
41
-3
s

Na fase do redescobrimento, após as ideias do Liberalismo Moderno, enfatizado pelo


co

NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
período pós Segunda Guerra Mundial, a vítima é redescoberta, o que é chamado de período
ar
M

do redescobrimento ou revalorização.
O Estado passa a se preocupar mais com a vítima e com seus sentimentos. Surge, nesse
período, a vitimologia que, para muitos, possui autonomia de ciência, apesar de a tese não
ser unânime.
No Brasil, alguns exemplos legislativos da preocupação do Estado com a vítima podem ser
visualizados na Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas (Lei nº 9.807, de 1999); na Lei dos
Juizados Especiais (Lei nº 9099, de 1995), que impede a pena privativa de liberdade, quando
possibilita a composição dos danos e a transação penal, além de prever a chamada suspensão
condicional do processo, que pressupõe a reparação do dano (arts. 74, 76 e 89); a Lei Maria da
Penha, com os mecanismos processuais de proteção à mulher, dentre outras. Esse período é
conhecido também como Período Humanista.
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VITIMIZAÇÃO

Quando abordamos o assunto “vitimização”, estamos tratando do sofrimento que a vítima


suporta em razão do crime. A vitimização pode ser primária, secundária e terciária.

Vitimização Primária

É o sofrimento suportado pela vítima em razão dos efeitos diretos e indiretos da conduta
criminal.
Exemplo: vítima de roubo; o efeito direto é a subtração do patrimônio e o indireto, o trau-
ma deixado pela violência causada.

Vitimização Secundária (Sobrevitimização)

Aqui, o sofrimento que é suportado pela vítima é ocasionado pela burocratização estatal,
durante as fases do inquérito e do processo. Ex.: Vítima de estupro, quando é ouvida por
diversas vezes, tendo que narrar os fatos para equipe de apoio social, depois para os policiais
e para o Delegado de Polícia; a submissão da vítima a exame de corpo de delito; a realização
de audiência no fórum, tendo a vítima que reviver tudo novamente; o reencontro com delin-
quente para possível reconhecimento; ou até mesmo o tratamento da vítima como suspeito
do crime.
Trata-se de uma forma muitas vezes mais grave que a vitimização primária.

Vitimização Terciária

Na vitimização terciária, o sofrimento a vítima é em decorrência da omissão do Estado e


da estigmatização feita pela sociedade. Aqui, a vítima vê-se compelida a mudar sua rotina,
bem como seu ambiente de convívio e seus círculos sociais, em decorrência da estigmatiza-
14

ção causada pelo crime.


8-

Exemplo: segregação social sofrida pela vítima de crimes sexuais que teve imagens ínti-
41
2.

mas não autorizadas divulgadas em redes sociais.


1
.4

Veremos agora um fluxograma comparativo entre os tipos de vitimização, para auxiliar o


41

entendimento de cada um dos conceitos:


-3
s
co

Relaciona-se ao indivíduo atingido diretamente pela conduta cri-


ar

VITIMIZAÇÃO
M

minosa. É causada pelo cometimento do crime, acarretando danos


PRIMÁRIA
matérias e psicológicos
VITIMIZAÇÃO É consequência das relações das vítimas com o Estado, em fase da
SECUNDÁRIA burocratização que existe em seu aparelho repressivo, como a Polí-
(SOBRE VITIMIZAÇÃO) cia, o Ministério Público, Judiciário etc.
Oriunda do excesso de sofrimento ocasionado pela ausência de
VITIMIZAÇÃO receptividade social em relação à vítima, abandonada pelo Estado e
TERCIÁRIA estigmatizada pela sociedade. Gera a cifra negra — porcentagem de
crimes não registrados aos órgãos oficiais

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Vitimização Quartenária

Alguns doutrinadores entendem que existe ainda a vitimização quartenenária, que con-
siste no medo da vítima de se tornar vítima novamente. É o medo em se tornarem vítimas
incutido sobre as pessoas, usualmente realizado por meio midiático.

Vitimização Indireta

É o sofrimento das pessoas que possuem uma ligação íntima com a vítima.
Exemplo: pai que sofre em decorrência do estupro da filha.

Heterovitimização

Na heterovitimização, ocorre a autorrecriminação da vítima pela ocorrência do delito,


fazendo com que ela busque motivos que, supostamente, a tornaram responsável pela infra-
ção penal.
Exemplo: vítima que tem seu carro furtado começa a buscar justificativas, como ter dei-
xado o vidro aberto ou a porta do veículo aberta, procurando uma justificação para o furto,
como se a culpa fosse dela.

Revitimização (Divide-se em Heterovitimização Secundária e em Autovitimização Secundária)

Aqui, ocorre um processo emocional em que a vítima vai se tornar vítima novamente,
podendo haver relação com outras pessoas ou instituições (que chamamos de heterovitimi-
zação secundária) ou com sentimentos autoimpositivos de culpa inconscientes (a que chama-
mos de autovitimização secundária).
Exemplo: vítima de estupro que passa a ter que conviver com delegados, policiais e médi-
cos que não a acolhem de maneira adequada (heterovitimização secundária) ou quando a
própria vítima se vitimiza após o delito, recriminando-se pelo que aconteceu (autovitimiza-
ção secundária).
14
8-

CLASSIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS


41
12.
.4

Vítima Nata
41
-3
s

É a vítima que possui predisposição para ser vítima. Recebe também o nome de provocadora.
co

NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Ex.: Um agente que já possui comportamento agressivo fica impaciente no trânsito e acaba
ar
M

de envolvendo em um acidente.

Vítima Potencial

É a que possui um comportamento, temperamento ou estilo de vida que acaba atraindo o


criminoso e, de certa forma, facilitando a prática do crime.
No Brasil, o comportamento do ofendido somente configurará atenuante nas situações em
que ocorra injusta provocação seguida de violenta emoção por parte do criminoso. É o teor
da alínea “c”, inciso III, do art. 65, do Código Penal Brasileiro. Ex.: Um agente que expõe seus
objetos de valor de forma desleixada, sem se preocupar com o lugar e com as circunstâncias
em que os exibe.
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Vítima Eventual

Também conhecida como vítima real ou inocente, ela não contribui em nada para a o cri-
me, é a verdadeira vítima.
Ex.: Um agente está passando por determinado local e acaba sendo lesionado em virtude
de uma bala perdida.

Vítima Agressora

Também conhecida como vítima imaginária ou putativa, ela acredita ser vítima de crime,
em decorrência de uma anomalia psíquica, mas, na realidade, não é.

Vítima Falsa

Também conhecida como vítima simuladora, ela sabe não ter sido vítima do crime, mas
imputa a terceiro a prática de crime contra si, baseada no sentimento de vingança ou de inte-
resse pessoal.
É importante saber que, no Brasil, tal conduta pode ser configurada como denunciação
caluniosa, comunicação falsa de crime ou calúnia, conforme os arts. 339, 340 e 138, respecti-
vamente, do Código Penal Brasileiro.

Vítima Voluntária

Também conhecida como vítima provocadora, é aquela que consente ou colabora com
o crime. A vítima não se opõe à violência sofrida, o que leva o autor a realizar o delito sem
qualquer obstáculo.

Vítima Acidental
14
8-
41

É a vítima de si mesma; ela dá causa ao fato por culpa (imprudência, negligência ou


2.

imperícia).
1
.4
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-3

Vítima Ilhada
s
co
ar

É a vítima que se afasta do convívio social e se torna solitária. A vítima não se relaciona
M

com outras pessoas, vivendo na solidão, o que a coloca em situações de risco.

Classificação da Vítima Segundo Hans Von Henting

Uma importante classificação também é a de Hans Von Henting, que confunde as relações
entre criminoso e vítima. Vejamos a classificação feita pelo importante autor:

z Criminoso → vítima → criminoso (sucessivo)

É o que acontece na Teoria do Etiquetamento Social.


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Ex.: Presidiário primário, ou seja, aquele que ingressa pela primeira vez no sistema carce-
rário, aprende com os criminosos que ali já se encontram e, quando sai, já não possui mais
oportunidades, vindo então a praticar o crime.

z Criminoso → vítima → criminoso (simultâneo)

Aqui, o crime se justifica pela condição da vítima.


Ex.: Vítimas de adição em drogas que praticam o tráfico para sustentar seu vício.

z Criminoso → vítima (imprevisível)

Nessa classificação, o criminoso é linchado posteriormente à prática do crime, o que serve


como retaliação do ato criminoso.

Classificação das Vítimas Segundo Benjamin Mendelsohn (Pai da Vitimologia)

Conhecido como o pai da vitimologia, Benjamin Mendelsohn classificou as vítimas em:

z Vítima completamente inocente ou vítima ideal: a vítima não tem nenhuma participa-
ção no crime, ela é atingida pelo criminoso de maneira aleatória.

Ex.: Vítimas de terrorismo ou vítimas de “balas perdidas”.

z Vítima menos culpada que o criminoso ou vítima por ignorância: a vítima tem culpa,
porém, menos que o criminoso, contribuindo de alguma maneira para o resultado danoso.

Ex.: Vítimas que frequentam locais perigosos, vítimas que expõem objetos de valor etc.
14

z É importante conhecer a Teoria da Periculosidade ou Perigosidade Vitimal: constitui


8-
41

um estado psíquico e comportamental em que a vítima se coloca de maneira a estimular


2.

a sua vitimização. Na Teoria da Periculosidade, a vítima apresenta um comportamento


1
.4

inadequado que de certa maneira facilita, instiga ou provoca a ação do criminoso.


41
-3
s

Segundo o art. 59, do Código Penal Brasileiro, o comportamento da vítima poderá servir
co

NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ar

como circunstância favorável na fixação da pena. Vejamos:


M

Art. 59 (CP) O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à persona-
lidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao com-
portamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se
cabível.
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z Vítima tão culpada quanto o criminoso ou vítima voluntária: nesta classificação, a
participação da vítima de maneira ativa é imprescindível para que ocorra o crime. Aqui,
temos a postura ativa da vítima, no sentido de viabilizar a ocorrência do delito.

Ex.: Crime de estelionato, quando a vítima enganada entrega o bem por conta própria.

z Vítima mais culpada que o criminoso ou vítima provocadora, simuladora ou imagi-


nária: é a vítima que incentiva a prática criminosa.

Ex.: Vítimas de crimes de homicídio e lesão corporal privilegiados (após a injusta provo-
cação da vítima).

z Vítima como única culpada: não há crime, a culpa é única e exclusiva da vítima.

Ex.: Pessoa embriagada que atravessa uma rodovia movimentada e acaba sendo atropela-
da e morrendo; vítimas de roleta-russa; vítima de suicídio (pessoa que se arremessa na frente
de um veículo, por exemplo).
Segundo o nosso Código Penal, é causa de diminuição de pena, conforme o teor do § 1º, do
art. 121, e do § 4º, do art. 129, reproduzido a seguir:

Art. 129 [...]


§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode
reduzir a pena de um sexto a um terço.

Síndrome de Estocolmo

Consiste em um estágio psicológico que é desenvolvido por vítimas de sequestro, em que se


14

criam laços afetivos entre a vítima e o sequestrador. Inicia-se como um meio de defesa, com
8-

a vítima tentando conquistar a simpatia do sequestrador, por medo. Terminado o sequestro,


41
2.

a vítima continua a defender o raptor, demonstrando amor e amizade por ele, além de ser
1
.4

reticente nos processos judiciais.


41

Em que pese ocorrer mais nas infrações penais de sequestro, o estado psicológico na víti-
-3
s

ma pode ser desenvolvido em qualquer crime limitador do direito e ir e vir e capaz de criar
co

um ambiente de extremo estresse.


ar
M

Síndrome da Mulher Potifar

A síndrome da mulher Potifar é a conduta em que a pessoa, com o estado psicológico


de vingança e ódio desencadeado por um ato de rejeição ou desafeto, imputa falsamente a
alguém um fato definido como crime.
A conduta mais conhecida é a figura da mulher que foi rejeitada e então atribui falsamen-
te a quem a rejeitou determinado crime ofensivo à dignidade sexual.

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Embora a síndrome direcione a atenção para as mulheres, é também possível que o
homem cometa fato com as mesmas características. Exemplo: homem pode ser sujeito passi-
vo do crime de estupro; deste modo, em razão da rejeição, pode atribuir falsamente o crime
de estupro a quem o rejeitou.

Síndrome de Londres

Diferentemente das demais, na Síndrome de Londres, a vítima desenvolve um sentimento


de ódio, repulsa e desconforto em relação à presença do criminoso no mesmo ambiente em
que ela. Trata-se de uma forma de agressividade contra o algoz.

O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO


PENAL

O assunto é abordado pelo jurista italiano Alessandro Baratta. Entende-se que o sistema
escolar e o sistema penal reproduzem e asseguram as relações sociais existentes, baseadas
em “ricos e pobres”.
Para o autor, o sistema escolar, desde a instrução elementar média até a superior, refletirá
a estrutura vertical da sociedade e contribuirá para sua criação e conservação, por meio de
mecanismos de seleção, discriminação e marginalização. Observe que o autor questionará o
papel que é desempenhado pelo sistema escolar, bem como pelo sistema penal.
Segundo Alessandro Baratta, o novo sistema global de Controle Social (no qual incluímos
também o sistema educacional e o sistema penal), agirá, ainda que de uma forma mais sin-
gela, na marginalização, discriminação e estigmatização das pessoas. Melhor dizendo, para
ele, tanto o sistema penal, como o sistema educacional, reproduzem e garantem essa relação
baseada entre ricos e pobres. Baratta inclusive critica o teste de quociente de inteligência,
conhecido como QI, que, mesmo sendo reconhecido no mundo todo, é baseado em critérios
14

discriminatórios e relações e experiências às quais apenas uma parcela da população conse-


8-
41

gue ter acesso.


2.

Cumpre destacar que o autor esclarece que, segundo estudos de educação realizados, a
1
.4
41

aprendizagem do aluno teria relação com o que o estudante acredita que o professor espera
-3

dele. Dessa maneira, a forma de o professor lecionar, estimular e provocar a curiosidade dos
s

alunos impacta no rendimento e na percepção da realidade.


co

NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ar

Por fim, o autor ainda diz que as pessoas marginalizadas, mais pobres, e que demonstram
M

uma carência de estrutura familiar, são também discriminadas pelo professor.

Importante!
Se a banca indicar o autor Alessandro Baratta, atente-se ao estudo de viés crítico que
inclui o sistema de educação e o sistema penal como sistemas que confirmam e ampliam
a estigmatização e discriminação.

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O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO PENAL

A prevenção criminal pode dar-se de várias formas, mas, a princípio busca-se, por meio da
criminologia, um estudo que traz à tona a essência criminal para, então, desenvolver técnicas
de política criminal para a prevenção da infração.

Prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito

A prevenção da infração penal pode ser considerada um complexo de ações de curto,


médio e longo prazo que visam à não ocorrência de crimes.
Para fins de prova objetiva, leve em consideração a definição de prevenção delitiva dada
por Nestor Sampaio (2020):

Entende-se por prevenção delitiva o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do
delito. […] Para que se possa alcançar esse verdadeiro objetivo do Estado de Direito, que é
a prevenção de atos nocivos e consequentemente a manutenção da paz e harmonia sociais,
mostra-se irrefutável a necessidade de dois tipos de medidas: a primeira delas atingindo
indiretamente o delito e a segunda, diretamente12.

A banca VUNESP, por exemplo, adotou como conceito de prevenção delitiva, no Estado
Democrático de Direito, e das medidas adotadas para alcançá-la, “o conjunto de ações que
visam evitar a ocorrência do delito, atingindo direta e indiretamente o delito”. Deste modo,
muita atenção à definição apresentada.
É fato que a prevenção criminal poderá ser implementada através das leis, ou ainda por
meio de mecanismos administrativos (como, por exemplo, as polícias) ou judiciais, no cum-
primento das leis.
Quando tratamos de prevenção no Brasil, temos a pena, segundo os utilitaristas, como um
dos seus instrumentos.
14

Essa prevenção se divide em prevenção geral, com a finalidade de intimidar a sociedade,


8-

e a prevenção especial, dirigida ao criminoso.


41

A prevenção geral divide-se em duas:


12.
.4
41

z Prevenção geral negativa, para a qual a pena é uma ameaça legal dirigida aos cidadãos
-3

para que se abstenham de cometer delitos, sendo uma espécie de coação psicológica;
s
co

z Prevenção geral positiva, para a qual a pena é uma demonstração da vigência da lei,
ar
M

criando uma sensação de confiança na sociedade.

Por outro lado, a prevenção especial divide-se em:

z Prevenção especial negativa, que visa ao encarceramento ou à inocuização do condena-


do, quando outros meios menos lesivos não se mostrarem eficazes para sua ressocialização;
z Prevenção especial positiva, na qual a importância da pena está na ressocialização do
condenado.

24 12 PENTEADO FILHO, N. S. Manual Esquemático de Criminologia. 10. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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Para facilitar, acompanhe o quadro a seguir:

PREVENÇÃO GERAL PREVENÇÃO ESPECIAL


Direcionada à sociedade como forma de intimidação Direcionada ao criminoso

Negativa Positiva Negativa Positiva

Pena é uma ameaça legal Demonstração de que a lei Visa ao encarceramento


direcionada aos cidadãos está vigente do condenado, quando ou- A importância está
para que não cometam tros meios menos lesivos na ressocialização do
crimes Cria sensação de confian- não se mostrarem eficazes condenado
Coação psicológica ça na sociedade para a sua ressocialização

É importante esclarecer que, no Brasil, adota-se a teoria mista ou unificadora, unitária,


conciliatória, eclética ou intermediária, que se encontra no art. 59, do Código Penal, o qual
apresenta que a pena tem dupla finalidade (retributiva e preventiva) ou tríplice finalidade
(retribuição, prevenção geral e prevenção especial).

Prevenção Primária

A prevenção primária atacará as raízes da criminalidade, neutralizando o crime antes que


ele ocorra.
Está relacionada ao trabalho desenvolvido de conscientização social, por meio de presta-
ções sociais e intervenção na comunidade, além de programas político-sociais. São medidas
de médio a longo prazo. Neste aspecto, procura-se agir na raiz do problema criminal antes
que ele se manifeste.
Exemplo: investimentos em educação, saúde, cultura etc.

Prevenção Secundária

Possui atuação pós-crime ou na sua iminência, consistindo no conjunto de ações policiais


e políticas legislativas que são direcionadas aos setores específicos da sociedade que possam
14
8-

vir a sofrer com o problema da criminalidade, ou seja, áreas críticas. Atua onde o crime se
41

manifesta ou se exterioriza.
12.

Exemplo: atuação da polícia, controle dos meios de comunicação, medidas de coordena-


.4
41

ção urbana etc.


-3
s
co

Prevenção Terciária
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ar
M

Direcionada para a população carcerária (o preso preventivamente ou que cumpre pena),


possuindo um caráter punitivo que visa à recuperação do preso, bem como a sua ressociali-
zação. Ex.: Medidas de punição e ressocialização do processo de execução penal.

Dica
Em uma prova para Delegado de Polícia do Rio Grande do Sul, surgiu o seguinte questio-
namento, não muito comum em concursos:
Qual das características abaixo dificulta, obstaculiza, a prevenção terciária?
A alternativa a ser assinalada era “superlotação carcerária”.
25
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Para facilitar seus estudos, veja a tabela comparativa a seguir:

PREVENÇÃO CRIMINAL
Primária Secundária Terciária
Atuação antes do delito. Bus- Atua onde o crime se mani- Atua na população car-
ca evitar que o problema se festa ou se exterioriza e no cerária. Caráter punitivo
manifeste (estratégicas de momento em que o conflito (Ressocialização)
política cultural, educacional e aparece (atuação policial)
social)

Prevenção — Criminologia Ambiental

O termo “criminologia ambiental” foi utilizado pela primeira vez por Jeffery em 1971,
mas foi desenvolvido por Brantingham e Brantingham, que apresentam o evento criminoso
como contendo quatro elementos essenciais: o ofensor, a vítima, a lei e o local. Dessa forma,
estuda-se, aqui, a maneira com que o ambiente contribui para a criminalidade. A criminolo-
gia ambiental enxergará o crime através da interação que existe entre o ofensor, a vítima e
o ambiente.
Wortley e Mazerolle13 apontarão três premissas basilares para a perspectiva ambiental:
O ambiente envolvente, que tem um papel preponderante no evento criminal, sendo
que este poderá iniciar e influenciar o comportamento (neste caso, criminal) das pessoas
que se encontram a interagir com determinada situação. Contrariamente às perspectivas
anteriores, a criminologia ambiental considera que o local onde se dá o evento criminal pode
ter características criminógenas, e não apenas os seus intervenientes (ofensor e alvo). Ex.:
Indivíduo criminoso que se depara com casa com as janelas abertas, facilitando a empreitada
criminosa.
Ao contrário do que se possa pensar, o crime não é aleatório, isto é, ele forma padrões
espaço-temporais. Por sua vez, esses padrões associam-se às localizações dos supramencio-
nados ambientes com características criminógenas e aos fatores situacionais a estes ineren-
14

tes que facilitam, propiciam e estabelecem oportunidades para que o evento criminal possa
8-
41

ocorrer (BRANTINGHAM; BRANTINGHAM, 1991).


2.

Por fim, fica claro que conhecer e perceber os referidos ambientes criminógenos, bem
1
.4

como os padrões criminais, constitui uma vantagem imensurável na prevenção e no controle


41
-3

criminal, permitindo, sobretudo, alterar as características criminogênicas dos ambientes e


s

dos alvos que os tornam especialmente vulneráveis para os ofensores. Este é um dos pontos
co
ar

fortes desta perspectiva, que a tornam especialmente pragmática e voltada para a prevenção.
M

Ex.: Colocação de grades em janelas vulneráveis de fácil arrombamento.


A criminologia ambiental preocupa-se, primordialmente, em estudar os fatores ambien-
tais e os padrões criminais, permitindo que sejam elaboradas predições sobre as tendências
criminais e implementadas estratégias de prevenção14.

13 WORTLEY, R.; MAZEROLLE, L. Environmental criminology and crime analysis: situating the theory, analytic
approach and application, 2008 apud VALENTE, Rafael Vinha. (Re) contextualizando o Homicídio: A Perspectiva
da Criminologia Ambiental. Projeto de Graduação apresentado à Universidade Fernando Pessoa como parte dos
requisitos para obtenção do grau de Licenciado em Criminologia, 2015, p. 13.
14 WORTLEY, R.; MAZEROLLE, L. Environmental criminology and crime analysis: situating the theory, analytic
approach and application. In: Wortley, R. & Mazerolle, L. (Ed.). Environmental Criminology and Crime Analysis.
26 Devon, Willan Publishing, 2008.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Importante esclarecer que existe uma confusão feita pelos estudiosos com relação ao foco
de estudo da criminologia ambiental com a Escola de Chicago (ou Ecológica). Pode-se dizer
que a criminologia ambiental é uma evolução que se originou da Escola de Chicago; porém,
podemos considerá-la distinta daquela, observando como a principal diferença da Escola de
Chicago o fato de o seu foco de estudo ser o ofensor, e o não o ato criminal (como acontece
na criminologia ambiental).

HORA DE PRATICAR!
1. (VUNESP — 2022) Com relação ao objeto da criminologia, é correto afirmar que atualmente ele
está dividido nas seguintes vertentes:

a) controle social, governo, delito e delinquente.


b) delinquente, governo, vítima e prevenção criminal.
c) delitos e penas.
d) governo, delito, delinquente e vítima.
e) delito, delinquente, vítima e controle social.

2. (VUNESP — 2022) Com relação ao método da criminologia, é correto afirmar que ela se utiliza
dos métodos

a) biológicos e sociológicos. Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utili-


za-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não
sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade.
b) matemático e experimental. Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia uti-
liza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não
sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade.
c) filosófico, indutivo, biológicos e sociológicos. Como ciência empírica e experimental que é, a
14
8-

criminologia utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o


41

delinquente, sendo suficiente para delimitar as causas da criminalidade.


12.

d) empírico-filosófico e indutivo-experimental. Como ciência empírica e experimental que é, a cri-


.4
41

minologia utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delin-


-3

quente, sendo suficiente para delimitar as causas da criminalidade.


s
co

e) biológicos e sociológicos. Como ciência do “dever-ser” e experimental que é, a criminologia


NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ar

utiliza-se da metodologia lógica e dedutiva para estudar os fenômenos sociais que envolvem a
M

criminalidade.

3. (VUNESP — 2018) A Criminologia é a ciência

a) teorética que tem por objeto o estudo das ciências penais e processuais penais e seus reflexos
no controle social, propondo soluções para redução da criminalidade.
b) teorética alicerçada na análise dos antecedentes sociais da criminalidade e dos criminosos,
que estuda exclusivamente o crime, propondo soluções para redução da criminalidade.
c) empírica e teorética, alicerçada no estudo das ciências penais e processuais penais e seus
reflexos no controle da criminalidade, tendo por objeto a redução da criminalidade. 27
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d) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar que tem por objeto de
análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo, a vítima e o controle
social das condutas criminosas.
e) conceitual e abstrata, que se dedica ao estudo das armas de fogo e suas munições; das armas
brancas e demais armas impróprias, objetivando o controle social e a redução da criminalidade.

4. (VUNESP — 2018) Em relação ao conceito e ao objeto de estudo da criminologia, assinale a


alternativa correta.

a) O atual estágio de desenvolvimento da criminologia exclui do seu conceito o estudo das causas
exclusivamente individuais para a prática dos crimes, substituindo- o pela análise das dinâmi-
cas sociais.
b) É um ramo de conhecimento do Direito Penal, não podendo ser definida como ciência própria,
visto que se ocupa do mesmo objeto.
c) É uma ciência que tem por objetivo principal auxiliar a interpretação das normas criminais, sob
o ponto de vista dogmático.
d) É uma ciência que estuda o crime sob o ponto de vista jurídico.
e) Após superar os equívocos das primeiras abordagens sobre o homem delinquente, exemplificadas
nos estudos de Lombroso, a criminologia moderna mantém em seu conceito o estudo do criminoso.

5. (VUNESP — 2018) A criminologia

a) é uma ciência do dever ser, conceitual e teórica, que não se utiliza de métodos biológicos e
sociológicos.
b) é uma ciência do dever ser, empírica e experimental, que se utiliza de métodos biológicos e
sociológicos.
c) é uma ciência do ser, empírica e experimental, que se utiliza de métodos biológicos e sociológicos.
d) não é uma ciência, sendo reconhecida como doutrina alicerçada no ser e que se utiliza de
14

métodos biológicos, sociológicos e empíricos.


8-

e) é uma ciência do ser, conceitual e teórica, que não se utiliza de métodos biológicos e sociológicos.
41
12.
.4

6. (VUNESP — 2018) Em relação ao conceito e aos objetos de estudo da criminologia, é correto


41

afirmar que
-3
s
co

a) a criminologia é o ramo das ciências criminais que define as infrações penais (crimes e contra-
ar
M

venções) e comina as respectivas sanções (penas e medidas de segurança).


b) o estudo do crime por parte da criminologia tem por objetivo principal a análise de seus ele-
mentos objetivos e subjetivos indispensáveis à tipificação penal.
c) a preocupação com o estudo da vítima motivou a criação da criminologia como ciência autô-
noma, sendo este, por consequência, seu primeiro objeto de estudo.
d) após os inúmeros equívocos e abusos cometidos a partir das visões lombrosianas, a crimino-
logia moderna afastou-se do estudo sobre o criminoso, pois funda-se em conceitos democrá-
ticos e respeita os direitos fundamentais da pessoa humana.
e) a criminologia extrapola a análise do controle social formal do crime, preocupando-se também
com os sistemas informais, e, sob um ponto de vista crítico, pode até mesmo defender a extin-
28 ção de alguns crimes para determinadas condutas.
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7. (VUNESP — 2018) Com relação às teorias sociológicas da criminalidade, é correto afirmar que

a) a teoria da anomia estabelece que a conduta criminal é algo que se aprende.


b) a teoria do autocontrole sustenta que as falhas ou negligências na educação em casa, familiar
não são causas preponderantes do crime.
c) a teoria da associação diferencial defende que os indivíduos adquirem (ou não) a capacidade
de controle da impulsividade e imediatismo (autocontrole) por meio da socialização familiar.
d) a teoria da associação diferencial foi a primeira a refutar a existência dos crimes de colarinho
branco.
e) a teoria da anomia vê o delito como um fenômeno normal da sociedade e não como algo neces-
sariamente ruim.

8. (VUNESP — 2018) Segundo a teoria sociológica da criminalidade denominada associação dife-


rencial, é correto afirmar que

a) é o grau de autocontrole apresentado por um indivíduo que irá determinar sua maior ou menor
propensão ao crime, autocontrole esse que é adquirido por meio da socialização familiar.
b) nos termos propostos por Sutherland, a conduta criminosa não é algo anormal, não é sinal de
uma personalidade imatura, de um deficit de inteligência, antes é um comportamento adquirido
por meio do aprendizado que resulta da socialização num determinado meio social.
c) a tensão entre as metas socioculturais recomendadas pelo sistema social e as reais condições
de alcançá- las pelos meios legítimos, sobretudo para certos indivíduos, cria um rompimento
por meio do qual as normas sociais entram em conflito com os valores de um indivíduo ou de
uma subcultura exigindo um comportamento ilegal para alcance do fim legítimo.
d) diferentes atos criminosos são intercambiáveis, porque estes mostram as mesmas caracterís-
ticas como o imediatismo e o baixo grau de esforço. Assim, as diferenças entre crimes instru-
mentais e expressivos, ou entre crimes violentos e crimes não coercitivos, “são sem sentido e
enganosas”.
e) as diferenças de aspirações individuais e os meios disponíveis, as oportunidades bloqueadas e
14
8-

a privação relativa são fatores que, articulados, ocasionam a prática de crimes.


41
12.
.4

9. (VUNESP — 2018) Os conceitos básicos de “desorganização social” e de “áreas de delinquên-


41

cia” são desenvolvidos e relacionados com o fenômeno criminal de modo preponderante, por
-3

meio da teoria sociológica da criminalidade, denominada como


s
co

NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ar
M

a) Associação Diferencial.
b) Escola de Chicago.
c) Subcultura Delinquente.
d) Labeling approach ou “etiquetamento”.
e) Anomia.

10. (VUNESP — 2018) O comportamento criminal é aprendido, mediante a interação com outras
pessoas, resultante de um processo de comunicação, ou seja, o crime não pode ser definido
simplesmente como disfunção ou inadaptação de pessoas de classes menos favorecidas, não
sendo exclusividade destas.
29
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Trata-se, nesse texto, da ideia que é base da teoria sociológica da criminalidade surgida em um
ambiente pós-Primeira Guerra Mundial e denominada como

a) Subcultura Delinquente.
b) Anomia.
c) Labeling approach ou “etiquetamento”.
d) Associação Diferencial.
e) Teoria Ecológica do Crime.

11. (VUNESP — 2018) A ausência de utilitarismo da ação, a malícia da conduta e seu respectivo
negativismo são fatores associados à teoria sociológica da criminalidade denominada como

a) Labeling approach ou “etiquetamento”.


b) Subcultura Delinquente.
c) Associação Diferencial.
d) Anomia.
e) Teoria Ecológica do Crime.

12. (VUNESP — 2018) Na questão, assinale a alternativa contendo a informação que preenche cor-
retamente a lacuna.

A teoria considera que o crime é um fenômeno natural da vida em sociedade; todavia,


sua ocorrência deve ser tolerada, mediante estabelecimento de limites razoáveis, sob pena de
subverter a ordem pública, os valores cultuados pela sociedade e o sistema normativo vigente.

a) da associação diferencial
b) do etiquetamento ou labelling approach
c) behaviorista
14

d) da anomia
8-

e) da subcultura delinquente
41
12.
.4

13. (VUNESP — 2022) A teoria sociológica da criminalidade denominada “Tolerância Zero” defende
41

a ideia de que
-3
s
co

a) a repressão à desordem e a pequenos delitos produzirá, a médio prazo, diminuição dos índices
ar
M

criminais de maior impacto social, tais como crimes violentos contra a vida e dignidade sexual.
b) as ações policiais devem ser complacentes com os pequenos delitos, tais como pichações e
perturbações de sossego.
c) as decisões por parte das autoridades policiais, diante de um ilícito, devem ser tomadas com
base na discricionariedade, conveniência e oportunidade.
d) sua meta principal é a atribuição de punições a executivos do alto escalão da sociedade, polí-
ticos e empresários, independentemente da culpa individual do infrator ou da situação peculiar
que se encontre.
e) a redução dos índices criminais dar-se-á por mínima intervenção, com máximas garantias.

30
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14. (VUNESP — 2022) A Criminologia Crítica tem, por um de seus postulados,

a) o fundamento consensual da desviação: a criminalidade surge em resposta a um conflito


individual.
b) o abolicionismo: descrença no papel desempenhado pelas instâncias de controle social formal.
c) a atitude crítica em relação ao desviado: repulsa em relação ao criminoso comum e atitude
pacífica e compreensiva com o delinquente poderoso.
d) a mínima relevância da desviação secundária: a consideração de que as instâncias de controle
social elidem ocorrências de rotulação e discriminação.
e) a justiça equitativa: a justiça é imparcial e universalista, porém prefere escolher sua clientela
dentre aqueles dos mais baixos estratos sociais.

15. (VUNESP — 2018) A atuação da polícia judiciária ao investigar e prender infratores acaba
por contribuir com a inserção do infrator no sistema de justiça criminal, inserindo-o em uma
“espiral” que o impedirá de retornar à situação anterior sendo, para sempre, definido como
criminoso. Essa afirmação se relaciona, preponderantemente, com qual teoria sociológica da
criminalidade?

a) Subcultura.
b) Ecológica do crime.
c) Etiquetamento Social.
d) Anomia.
e) Janelas quebradas.

16. (VUNESP — 2022) Assinale a alternativa correta.

a) A Infortunística é a ciência que estuda o sistema penitenciário.


b) A Vitimologia é o estudo do ofendido, de sua personalidade e de seu grau de vulnerabilidade no
14

evento criminoso.
8-

c) A Etiologia Criminal é a ciência que estuda o comportamento da vítima perante o seu agressor,
41
2.

sob o ponto de vista do controle social.


1
.4

d) A Criminalística é o conjunto sistemático de princípios e estratégias utilizados pelo Estado na


41

prevenção do delito.
-3

e) A Penologia é um segmento da medicina legal que estuda as doenças e os acidentes do


s
co

NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
trabalho.
ar
M

17. (VUNESP — 2022) No que se refere à vitimologia, leva em conta a participação ou provocação
da vítima: a) vítimas ideais; b) vítimas menos culpadas que os criminosos; c) vítimas tão cul-
padas quanto os criminosos; d) vítimas mais culpadas que os criminosos e e) vítimas como
únicas culpadas.

É correto afirmar que a classificação contida no enunciado é atribuída a

a) Howard Becker.
b) Israel Drapkin.
31
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c) Edwin Lemert.
d) Robert Merton.
e) Benjamin Mendelsohn.

18. (VUNESP — 2018) Assinale a alternativa correta no que diz respeito à classificação dos tipos de
vítimas segundo Hans Von Henting.

a) Vítima com ânsia de viver – denomina-se assim aquela que, sob o pretexto de que a persecução
judicial lhe causaria maiores danos do que o próprio sofrimento resultante da ação criminosa,
acaba deixando de processar o autor do delito. São vistos tais comportamentos geralmente
nos roubos ocorridos nas ruas, nos crimes sexuais e nas chantagens.
b) Vítima imune – é considerada dessa forma a pessoa que, em decorrência de seu cargo, função,
ou algum tipo de prestígio na sociedade em que vive, acredita que não está sujeita a qualquer
tipo de ação delituosa que possa transformá-la em vítima. Um exemplo é o padre.
c) Vítima falsa – é taxada dessa forma a vítima que, pela cobiça, pelo anseio de se enriquecer de
maneira rápida ou fácil, acaba sendo ludibriada por estelionatários ou vigaristas.
d) Vítima que se converte em autor – denomina-se assim a vítima que, por não aceitar ser agredi-
da pelo autor, reage e passa a agredi-lo da mesma forma, sempre em sua defesa ou em defesa
de outrem, ou também no caso de cumprimento do dever. Nessa situação, há sempre a dispo-
sição da vítima em lutar com o autor.
e) Vítima da natureza – denomina-se assim a pessoa que possui uma tendência natural de se
tornar vítima. Isso pode decorrer da personalidade deprimida, desenfreada, libertina ou aflita
da pessoa, sendo que esses tipos de personalidade podem de algum modo contribuir com o
criminoso.

19. (VUNESP — 2018) Na classificação de Benjamin Mendelsohn, a vítima imaginária é considera-


da uma vítima
14

a) mais culpada que o infrator.


8-

b) voluntária ou tão culpada quanto o infrator.


41

c) completamente inocente ou ideal.


12.
.4

d) unicamente culpada.
41

e) de culpabilidade menor ou por ignorância.


-3
s
co

20. (VUNESP — 2018) Na questão, assinale a alternativa contendo a informação que preenche cor-
ar
M

retamente a lacuna.

A é a autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime contra si, buscando razões


que, possivelmente, tornaram-na responsável pelo delito.

a) sobrevitimização
b) vitimização primária
c) vitimização secundária
d) vitimização terciária
e) heterovitimização
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9 GABARITO

1 E

2 A

3 D

4 E

5 C

6 E

7 E

8 B

9 B

10 D

11 B

12 D

13 A

14 B

15 C

16 B

17 E

18 B

19 D

20 E

ANOTAÇÕES
14
8-
41
12.
.4
41
-3
s
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M

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ANOTAÇÕES

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