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AO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE

CONTAGEM SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

GENARIO LUIZ DOS SANTOS, brasileiro, casado,


inscrito no CPF sob nº 026.178.747-02, RG sob n°
094.462.77-4, residente e domiciliado na Rua Juazeiro do
Norte, n° 29 C Bairro: Jardim Teresópolis Betim/MG CEP:
32.681.512, vem à presença de Vossa Excelência, propor

AÇÃO DE CONCESSÃO DE
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM TUTELA
DE URGÊNCIA

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO


SOCIAL (INSS), Autarquia Federal, localizada em Rua:
Romualda de Melo n° 299- Centro, Betim/MG CEP:
32600-098 pelos fundamentos fáticos e jurídicos que
passa a expor.
DA INCAPACIDADE DO AUTOR

Trata-se de doença CID 10, CID10 I10, CID 10 I48 e CID10 E66,
que acomete o requerente desde 1999 históricos prévio de cirurgia bariátrica,
evoluindo com dispnéia inteira, obesidade devida excesso de calorias e
fibrilação atrial os mínimos esforços estando, neste momento inapto para
atividade laborais e esportivas, que o torna incapacitado para desenvolver
atividade laborativa e sequer conduzir as atividades da vida civil, conforme
cópia dos laudos médicos que junta em anexo.

O autor passou a realizar tratamento médico, não tendo, contudo,


readquirido sua capacidade laborativa, em que pesem seus esforços e
dedicação para se recuperar.

DA NEGATIVA DO BENEFÍCIO – Nº 11022010

Todavia, não obstante o laudo médico apresentado, o Requerente


teve o seu benefício indeferido, sob a justificativa de que a doença não o
incapacita para o exercício de suas atividades laborativas, após breve e
superficial avaliação médica realizada pela autarquia.

No entanto, a patologia que acomete o demandante o torna


incapaz para o exercício de toda e qualquer atividade laborativa que lhe
garanta mínimas condições do seu próprio sustento, conforme os atestados
médicos em anexo, razão pela qual requer a concessão do benefício de
aposentadoria por invalidez.
Por fim, cabe ressaltar o pleno atendimento aos requisitos de
carência e qualidade de segurado.

DA CARÊNCIA E QUALIDADE DE SEGURADO

O Requerente possui a carência necessária para que haja a


efetiva concessão do benefício previdenciário pleiteado, uma vez que sempre
contribuiu junto à Autarquia Previdenciária. Da mesma forma, possui a
qualidade de segurado, uma vez que laborando quando do surgimento da
incapacidade.

DO DIREITO À APOSENTADORIA POR INVALIDEZ

Nos termos da Lei nº 8.213, a aposentadoria por invalidez está prevista


nos arts. 42 que:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida,


quando for o caso, a carência exigida, será devida ao
segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-
doença, for considerado incapaz e insusceptível de
reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta
a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer
nesta condição.

§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez


dependerá da verificação da condição de incapacidade
mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência
Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se
acompanhar de médico de sua confiança.
§ 2º A doença ou lesão de que o segurado já era portador
ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe
conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo
quando a incapacidade sobrevier por motivo de
progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

Assim, da análise dos dispositivos legais acima transcritos, se


extrai os requisitos necessários para concessão do benefício por
aposentadoria, quais sejam:

a) qualidade de segurado;

b) carência ao benefício;

c) incapacidade permanente, ou seja, que o segurado se


apresente insusceptível de reabilitação para o exercício
de atividade que lhe garanta a subsistência.

Conforme relatado, fica demonstrada a subsunção dos fatos à


norma, com o pleno atendimento aos requisitos legais pelo Segurado,
autorizando imediatamente a concessão do benefício de aposentadoria,
porquanto não possui mais condições de exercer seu labor.

Para tanto, requer o deferimento do benefício com início em 03 de


agosto de 2020 , nos termos do artigo 43 e 60 da Lei nº 8.213/91.

É importante destacar que o pressuposto para a concessão da


aposentadoria por invalide, é a existência de incapacidade total para o trabalho,
sendo devida a concessão do benefício conforme precedentes sobre o tema:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.


PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. I- Os
requisitos previstos na Lei de Benefícios para a
concessão da aposentadoria por invalidez compreendem:
a) o cumprimento do período de carência, quando exigida,
prevista no art. 25 da Lei nº 8.213/91; b) a qualidade de
segurado, nos termos do art. 15 da Lei de Benefícios e c)
a incapacidade definitiva para o exercício da atividade
laborativa. O auxílio doença difere apenas no que tange à
incapacidade, a qual deve ser temporária. II- A alegada
incapacidade ficou plenamente demonstrada pela perícia
médica e pelos documentos juntados aos autos, devendo
ser concedida a aposentadoria por invalidez. III- Apelação
improvida. (TRF-3 - Ap: 00260468420174039999 SP,
Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL NEWTON DE
LUCCA, Data de Publicação: e-DJF3 Judicial 1
DATA:05/03/2018)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.


Comprovadas a qualidade de segurado, carência e
incapacidade permanente para o trabalho, é devida a
aposentadoria por invalidez. (TRF-4 - APL:
50293158720154049999 5029315-87.2015.404.9999,
Relator: MARCELO DE NARDI, Data de Julgamento:
17/05/2017, SEXTA TURMA)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.


LEI 8.213/1991. TERMO INICIAL. - Constatada pelo laudo
pericial a incapacidade total e permanente para o trabalho
sem a fixação da DII, é devida a aposentadoria por
invalidez desde a data da citação, momento em que o
INSS tomou ciência do pleito judicial. - Apelo do INSS
provido. (TRF-3 - AC: 00200519020174039999 SP,
Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL ANA
PEZARINI, Data de Julgamento: 04/09/2017, NONA
TURMA, Data de Publicação: e-DJF3 Judicial 1
DATA:20/09/2017)

Ademais, pela idade avançada do Requerente, resta inequívoco a


sua incapacidade para retomar as atividades diante do quadro clínico
apresentado, mesmo que pudesse realizar alguma atividade:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA.
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE
PERMANENTE. CONDIÇÕES PESSOAIS DO
SEGURADO. A circunstância de ter o laudo pericial
registrado a possibilidade, em tese, de serem
desempenhadas pelo segurado funções laborativas
que não exijam esforço físico não constitui óbice ao
reconhecimento do direito ao benefício de
aposentadoria por invalidez quando, por suas
condições pessoais, aferidas no caso concreto, em
especial a idade e a formação acadêmico-profissional,
restar evidente a impossibilidade de reabilitação para
atividades que dispensem o uso de força física, como
as de natureza burocrática. (TRF-4 - AC:
50583217120174049999 5058321-71.2017.4.04.9999,
Relator: TAÍS SCHILLING FERRAZ, Data de Julgamento:
23/05/2018, SEXTA TURMA)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.


ART. 42, CAPUT E § 2º DA LEI 8.213/91. QUALIDADE
DE SEGURADO. CARÊNCIA. INCAPACIDADE TOTAL E
PERMANENTE REVELADA PELO CONJUNTO
PROBATÓRIO E CONDIÇÕES PESSOAIS DA PARTE
AUTORA. REQUISITOS PRESENTES.
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DEVIDA. TERMO
INICIAL DO BENEFÍCIO. 1. Comprovada a incapacidade
total e permanente para o trabalho, diante do conjunto
probatório e das condições pessoais da parte autora,
bem como presentes os demais requisitos previstos nos
artigos 42, caput e § 2º da Lei n.º 8.213/91, é devida a
concessão do benefício de aposentadoria por invalidez. 2.
O termo inicial do benefício é a data do requerimento
administrativo, de acordo com a pacífica jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça (REsp nº 200100218237,
Relator Ministro Felix Fischer. DJ 28/05/2001, p. 208). 3.
Apelação do INSS não provida. Apelação da parte autora
provida. (TRF-3 - Ap: 00095556520184039999 SP,
Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL LUCIA
URSAIA, Data de Julgamento: 22/05/2018, DÉCIMA
TURMA, Data de Publicação: e-DJF3 Judicial 1
DATA:30/05/2018)

Por tais razões que, demonstrado o cumprimento aos requisitos


legais, deve ser concedido o benefício de aposentadoria por invalidez.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

Como os trâmites da presente ação podem demandar vários


anos, em face do notório abuso do direito de defesa, durante tal período o
requerente continuaria impossibilitando, em razão de enfermidade, de exercer
a atividade laborativa que vinha desempenhando; a única, como acima
mencionado, que lhe restaria.

Porém, tal conjuntura fatalmente agravaria sua situação financeira


e, conseqüentemente, o seu estado de saúde, na medida em que não disporia
de recursos necessários para sustentar a si próprio, bem como para
providenciar o adequado tratamento de enfermidade, o que demonstra de
forma inequívoca a presença, “in casu, do fumus boni júris” e do “periculum in
mora”.

Assim, ante o receio de dano irreparável, necessita o requerente


da tutela de urgência, nos termos do artigo 300 do Novo Código de Processo
Civil, para que lhe seja concedido o benefício da aposentadoria por invalidez,
no valor de um salário mínimo mensal e respectivo abono anual- logo após a
constatação de sua incapacidade através de perícia médica-, salientando que a
tutela ora perseguida é perfeitamente possível de ser concedida
antecipadamente, em virtude do caráter alimentício do benefício ora pleiteado.

DA JUSTIÇA GRATUITA

A Reforma Trabalhista, em seu Art. 790 trouxe expressamente o


cabimento do benefício à gratuidade de justiça ao dispor:

§ 4º O benefício da justiça gratuita será


concedido à parte que comprovar insuficiência de
recursos para o pagamento das custas do processo.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Assim, considerando que a renda do Reclamante gira em torno de salário
mínimo vigente, pois ele ainda está recebendo seguro desemprego, tem-se por
insuficiente para cumprir todas suas obrigações alimentares e para a
subsistência de sua família.

Trata-se da necessária observância a princípios constitucionais


indisponíveis preconizados no artigo 5º inc. XXXV da Constituição Federal,
pelo qual assegura a todos o direito de acesso à justiça em defesa de seus
direitos, independente do pagamento de taxas, por ausente prova em contrário
do direito ao benefício.

Trata-se de conduta perfeitamente tipificada pelo Código de


Processo Civil de 2015, que previu expressamente:

Art. 99. [...]

§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos


autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais
para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o
pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos.

§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida


exclusivamente por pessoa natural.

Para tanto, junta em anexo declaração de hipossuficiência que


possui presunção de veracidade e só pode ser desconsiderada em face de
elementos probantes suficientes em contrário, conforme lecionam grandes
doutrinadores sobre o tema:

"1. Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário que


a parte seja pobre ou necessitada para que possa beneficiar-se
da gratuidade da justiça. Basta que não tenha recursos suficientes
para pagar as custas, as despesas e os honorários do processo.
Mesmo que a pessoa tenha patrimônio suficiente, se estes bens não
têm liquidez para adimplir com essas despesas, há direito à
gratuidade." (MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz.
MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 3ª
ed. Revista dos Tribunais, 2017. Vers. ebook. Art. 98)
Nesse sentido é a jurisprudência sobre o tema:

JUSTIÇA GRATUITA CONCEDIDA AO AUTOR. Sendo a ação


ajuizada após a entrada em vigor da Lei nº 13105/15 (Novo CPC),
nos termos da Lei nº. 1.060/50, a simples declaração lavrada pelo
reclamante gera a presunção de que é pobre na forma da lei,
apenas podendo ser elidida por prova em contrário. Apresentando
o autor declaração de pobreza autônoma, sem qualquer impugnação
quanto à sua forma ou conteúdo, resta mantida a concessão do
benefício da justiça gratuita. Recurso a que se nega provimento.
(Processo: RO - 0001367-63.2016.5.06.0145, Redator: Paulo
Alcantara, Data de julgamento: 21/01/2019,Segunda Turma, Data da
assinatura: 22/01/2019)

EMENTA BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PRESUNÇÃO DE


VERACIDADE DA DECLARAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA
ECONÔMICA. É presumivelmente verdadeira a declaração de
insuficiência econômica formulada pelo trabalhador, sendo
devida a concessão do benefício da gratuidade de justiça, salvo
na hipótese em que demonstrada a falsidade do seu teor.
Aplicação do art. 99, § 3º, do CPC/2015. (TRT4, RO 0020099-
75.2016.5.04.0201, Relator(a): Tânia Regina Silva Reckziegel, 2ª
Turma, Publicado em: 16/03/2018)

AGRAVO INSTRUMENTO. RECURSO ORDINÁRIO. GRATUIDADE


JUSTIÇA. HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. MERA
DECLARAÇÃO. Para o deferimento do benefício da justiça
gratuita exige-se tão somente a declaração da parte quanto à sua
hipossuficiência. Agravo Instrumento interposto pela reclamante
conhecido e provido. (TRT-1, 00000082120175010521, Relator
Desembargador/Juiz do Trabalho: Marcia Leite Nery, Quinta Turma,
Publicação: DOERJ 19-04-2018)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXV da Constituição


Federal, pelo artigo 98 do CPC e 790 §4º da CLT requer seja deferida a AJG
ao requerente

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, REQUER a Vossa Excelência:


1. A concessão do benefício da Justiça Gratuita, por ser o Autor pobre na
acepção legal do termo, nos termos do art. 98 do Código de Processo
Civil;

2. Que seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela, para determinar a


concessão imediata do benefício de aposentadoria por invalidez;

3. A citação do Réu, para, querendo, responder a presente ação;

4. Ao final, seja julgado totalmente procedente o pedido para condenar a ré


para conceder o benefício de APOSENTADORIA POR INVALIDEZ,
retroativa à data do requerimento, inclusive 13º salários, prestações
vencidas e vincendas, com aplicação da correção monetária desde
quando devidas na forma da Lei nº 6.899/1981;

5. Requer ainda, diante da necessidade de cuidados permanentes de outra


pessoa ao Autor, que o benefício de aposentadoria por invalidez seja
concedido com o acréscimo de 25%, nos termos do art. 45 da Lei nº
8.213/1991;

6. A produção de todos os meios de prova, principalmente ao pagamento e


a pericial;

7. A condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios nos


parâmetros previstos no art. 827, §2º do CPC;

8. Manifesta o desinteresse na audiência conciliatória por manifesta


inviabilidade de acordo por parte da Fazenda Pública.

Dá-se à causa o valor R$ 32.504,96 (trinta e dois mil e quinhentos e quatro


reais e noventa e seis centavos)
Nestes Termos, Pede Deferimento

BETIM 13 DE MAIO DE 2021

Joaquim do Carmo Duarte

OAB/MG 65.844

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