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AO INSIGNE JUÍZO DA VARA DAS FAZENDAS PÚBLICAS DA COMARCA DE

NIQUELÂNDIA, GOIÁS.

CLAUDINEI FARIAS DA SILVA, brasileiro,


solteiro, portador do RG nº 5623326 e do CPF nº 041.033.111-
26, residente e domiciliado na Rua de Janeiro, quadra 03,
lote 04, s/n, jardim atlântico, II etapa, nesta urbe, vem,
com o devido respeito, perante Vossa Excelência, por meio de
seus procuradores, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE


BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO


SOCIAL (INSS), pelos seguintes fundamentos fáticos e
jurídicos que passa a expor:

PRELIMINARMENTE

DO INTERESSE DE AGIR

A exigência de prévio requerimento


administrativo direciona-se à pretensão em que se busca a
concessão inicial do benefício, pois nesse sentido assentou
o Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, no
RE nº 631.240/MG.

Com efeito, a Suprema Corte excepcionou


essa exigência quando da propositura de ação pleiteando a
revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício
previdenciário já recebido.

Colaciona-se judiciosos precedentes:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO-


DOENÇA ACIDENTÁRIO. PRÉVIO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO. CONVERSÃO DO BENEFÍCIO.
INTERESSE DE AGIR CONFIGURADO COM A CESSAÇÃO DO
AUXÍLIO-DOENÇA ANTERIORMENTE DEFERIDO. SENTENÇA
CASSADA. 1. A configuração do interesse de agir
do segurado está condicionada, em regra, à
existência de prévio requerimento
administrativo, nos casos em que a demanda
judicial envolve pretensão de concessão de
benefício previdenciário. Entendimento adotado
pelo Supremo Tribunal Federal no RE nº
631.240/MG, sob o regime da repercussão geral.
2. Afasta-se essa exigência na hipótese de ação
judicial pleiteando a revisão, restabelecimento
ou manutenção da benesse já recebida, exceto se
o pedido envolver apreciação de matéria de fato
nova ainda não conhecida pelo INSS. 3. In casu,
o segurado pleiteia a conversão do benefício
recebido anteriormente (auxílio-doença
acidentário) em benefício mais vantajoso
(auxílio-acidente), com base nos mesmos fatos
que ensejaram a concessão da benesse pretérita,
não há falar em ausência de interesse de agir.
APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. (TJ-GO -
PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO ->
Recursos -> Apelação
Cível: 07204586320198090051 GOIÂNIA,
Relator: Des(a). JAIRO FERREIRA JUNIOR, Data de
Julgamento: 19/04/2021, 6ª Câmara Cível, Data de
Publicação: DJ de 19/04/2021)

PREVIDENCIÁRIO E CONSTITUCIONAL.
RESTABELECIMENTO DO AUXÍLIO-
DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PRÉVIO
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE.
STF RE N. 631.240. AUXILIO-DOENÇA CONCEDIDO
ADMINISTRATIVAMENTE COM POSTERIOR CESSAÇÃO.
SENTENÇA ANULADA. 1. O juiz de primeiro grau
julgou extinto o processo por carência da ação,
em face da ausência do prévio requerimento
administrativo. 2. A parte autora requereu a
concessão do beneficio previdenciário auxílio-
doença e conversão em aposentadoria por
invalidez, no entanto, o benefício auxílio-
doença já havia sido concedido
administrativamente, mas foi cessado. 3. O STF,
quando do julgamento do RE n. 631.240, entendeu
despicienda a anterior formulação perante o INSS
quando a pretensão é a revisão de benefícios e/ou
caso a posição da autarquia seja notoriamente
contrária ao direito postulado (v.g.
desaposentação), situações em que o interesse de
agir da parte autora é evidenciado. 4. Apelação
da parte autora provida: sentença anulada e
ordenado o retorno dos autos ao juízo de origem
para o devido prosseguimento do feito. (TRF-1 -
AC: 00060968420184019199, Relator:
DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO NEVES DA CUNHA,
Data de Julgamento: 06/06/2018, SEGUNDA TURMA,
Data de Publicação: 27/06/2018)

Sendo assim, não havendo fatos novos a


serem analisados, além daqueles dos que ensejaram a concessão
da benesse pretérita, é inequívoco que o interesse de agir
do Requerente surgiu com a cessação do auxílio-doença,
conduta que equivale à negativa de manutenção do próprio
benefício ou, ainda, em relação à concessão administrativa
de novo benefício, seja o auxílio-acidente ou até mesmo a
aposentadoria.
DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A Parte Autora requereu, junto à


Autarquia Previdenciária, a concessão de benefício por
incapacidade, sendo-lhe concedido o benefício de auxilio
doença comum de nº 626.614.534-4, benefício este cessado na
primeira pericia de prorrogação, conforme extrato de
informação do benefício em anexo.

Todavia, as causas incapacitantes do


Requerente perduram até o presente.

Por tal motivo, se ajuíza a presente


ação.

Dados sobre o processo administrativo:

626.614.534-4
1. Número do benefício

2. Data da cessação 31/05/2020

A parte Autora postula a concessão do


benefício previdenciário de auxílio-doença, visto que não
apresenta condições de desempenhar sua atividade laborativa
habitual.

Caso venha a ser apontada sua total e


permanente incapacidade, postula a concessão da
aposentadoria por invalidez, a partir da data da efetiva
cessação. Nessa circunstância, importante se faz a análise
das situações referentes à majoração de 25% sobre o valor do
benefício, independentemente de seu enquadramento no anexo
I do Regulamento da Previdência Social (Decreto nº 3.048/99),
conforme art. 45 da Lei 8.213/91.
Ainda, na hipótese de restar provado nos
autos processuais que as patologias referidas tão somente
geraram limitação profissional à parte Requerente, ou seja,
que as sequelas implicam em redução da capacidade laboral e
não propriamente a incapacidade sustentada, postula a
concessão de auxílio-acidente, com base no art. 86 da Lei
8.213/91.

De outra banda, o Requerente satisfaz os


requisitos carência e qualidade de segurado, conforme
demonstra o histórico contributivo do Autor que segue em
anexo, ainda, que desde a data da cessação o mesmo
encontrasse incapacitado.

A pretensão exordial vem amparada nos


artigos 42, 59 e 86 da Lei 8.213/91 e a data de início do
benefício deverá ser fixada nos termos dos artigos 43 e 60
do mesmo diploma legal.

DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU DE
CONCILIAÇÃO

Considerando a necessidade de produção


de provas no presente feito, a Autora vem manifestar, em
cumprimento ao art. 319, inciso VII do CPC/2015, que não há
interesse na realização de audiência de conciliação ou de
mediação, haja vista a iminente ineficácia do procedimento
e a necessidade de que ambas as partes dispensem a sua
realização, conforme previsto no art. 334, §4º, inciso I, do
CPC/2015.

DA PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL

Considerando que a prova pericial é


fundamental para o deslinde das questões ligadas aos
benefícios por incapacidade e para uma adequada análise do
nexo de causalidade e da consequente incapacidade, faz-se
mister que o Médico Perito observe o Código de Ética da
categoria, e especialmente em relação ao tema, a Resolução
nº 2.183/2018 do CFM, que dispõe sobre as normas específicas
de atendimento a trabalhadores. A recente resolução abarca
dois pontos fundamentais: 1) a necessidade do Perito analisar
o histórico clínico e laboral do segurado, além de seu local
e organização de trabalho (incorporando a antiga Resolução
nº 1.488/98), e 2) que o perito fundamente eventual
discordância com parecer emitido por outro médico,
incorporando o Parecer nº 10/2012 do CFM.

Outrossim, também deve ser observado o


Manual de Perícias do INSS (2018), que prevê em seu Anexo I
diversos pareceres que se aplicam às perícias
previdenciárias, dentre os quais o Parecer CFM nº 05/2008,
que estabelece que quando houver discordância do médico
perito com o médico assistente, aquele deve fundamentar
consistentemente sua decisão. Ainda, o item 2.4 do Manual
ordena que “O Perito necessita investigar cuidadosamente o
tipo de atividade, as condições em que é exercida, se em pé,
se sentado, por quanto tempo, com qual grau de esforço físico
e mental, atenção continuada, a mímica profissional
(movimentos e gestos para realizar a atividade, etc.)”, além
das condições em que esse trabalho é exercido.

Portanto, REQUER a Parte Autora que,


quando da realização da prova pericial, sejam observadas as
referidas disposições legais, uma vez que não apenas se
tratam de normas cogentes e – portanto – vincula a atividade
do médico, sob pena de nulidade do laudo pericial, como
também não cabe ao Judiciário ser mais realista que o rei,
no tocante ao Manual de Perícias editado pelo próprio réu.
DA TUTELA DE URGÊNCIA
Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a
tutela de urgência será concedida quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano
ou o risco ao resultado útil do processo."
No presente caso tais requisitos são
perfeitamente caracterizados, vejamos:
DA PROBABILIDADE DO DIREITO: Como ficou
perfeitamente demonstrado, o direto do Autor é caracterizado
pela demonstração inequívoca da veracidade dos argumentos
exordiais, uma vez que com as provas documentais juntadas em
anexo é possível confirmar que todos os requisitos estão
preenchidos, sendo iminente a necessidade da obtenção da
tutela, deve o magistrado deferir antecipadamente o objeto
postulado.
Assim, conforme destaca a doutrina, não
há razão lógica para aguardar o desfecho do processo, quando
diante de direito inequívoco:
"Se o fato constitutivo é incontroverso
não há racionalidade em obrigar o autor
a esperar o tempo necessário à produção
da provas dos fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos, uma vez que
o autor já se desincumbiu do ônus da
prova e a demora inerente à prova dos
fatos, cuja prova incumbe ao réu
certamente o beneficia." (MARINONI, Luiz
Guilherme. Tutela de Urgência e Tutela
da Evidência. Editora RT, 2017. p.284)
DO RISCO AO RESULTADO ÚTIL DO PROCESSO:
Trata-se de benefício de caráter alimentar que garante a
digna sobrevivência do Autor.
Assim, é cristalino o risco de
ineficácia do provimento final da lide, exatamente por estar
a parte Autora desprovida de qualquer fonte de renda e, por
consequência, de manter a digna subsistência, o que já vem
sendo reconhecido em caráter liminar pelos tribunais:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS
DA TUTELA BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. DEMONSTRADOS
OS REQUISITOS LEGAIS NECESSÁRIOS À CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO. TUTELA ANTECIPADA CONCEDIDA. 1. A
tutela antecipada, via de regra, deve ser
concedida após a oitiva da parte contrária.
Contudo, a sua concessão inaudita altera parte
não é vedada em nosso ordenamento jurídico e pode
ser deferida nos casos em que o juiz verificar
que o prazo de resposta possa implicar em risco
de perecimento do direito invocado, como é a
hipótese de deferimento de benefício
previdenciário do qual a parte necessite para
sobreviver. 2. A antecipação da tutela é medida
excepcional, pois realizada mediante cognição
sumária. Desta forma, a fim de evitar a
ocorrência de prejuízos à parte que sofre
antecipadamente os efeitos da tutela, o Juízo
deve buscar aplicar tal medida com parcimônia,
restringindo-a apenas àqueles casos em que se
verifique a verossimilhança da alegação e a
urgência da medida, sob pena de dano irreparável
ou de difícil reparação. 3. O benefício
previdenciário do auxílio-doença é regido pelo
art. 59 da Lei nº 8.213/91. Da leitura do aludido
artigo conclui-se que, para fazer jus ao
benefício pleiteado, deverá a parte autora
satisfazer cumulativamente os requisitos
mencionados: incapacidade e carência, quando for
o caso; qualidade de segurado e não ser portador
da doença incapacitante ao ingressar no RGPS. 4.
Presente a verossimilhança nas alegações
autorais e não havendo nos autos comprovação de
que a parte autora possua renda suficiente para
prover sua própria subsistência, restando
evidenciada a presença do periculum in mora no
caso concreto (STJ, 1ª Turma, AgRG na MC 20209,
Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe
13.6.2014), a tutela antecipada deve ser
concedida. 5. Agravo de instrumento provido. O
benefício do auxílio-doença deverá ser concedido
e mantido até o julgamento de mérito pelo Juízo
a quo (art. 60, § 8º e parágrafo único, da Lei
8.213/91). (TRF2, Agravo de Instrumento 0001178-
59.2018.4.02.0000, Relator(a): ROGERIO TOBIAS DE
CARVALHO, 2ª TURMA ESPECIALIZADA, Julgado em:
30/07/2018, Disponibilizado em: 02/08/2018) 2

Portanto, devida a imediata concessão do


benefício ao Autor.
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O Requerente, requer, desde já, a


concessão do benefício da gratuidade judiciária, pois não
aufere atualmente nenhuma renda, ante a sua incapacidade,
tendo em vista não possuir condições de arcar com o encargo
financeiro porventura gerado nesta relação processual, com
base nos Arts. 98 e 99 do CPC/15.

PEDIDOS

EM FACE DO EXPOSTO, REQUER a Vossa


Excelência:

1. O deferimento da Gratuidade da
Justiça, pois a parte Autora não tem condições de arcar com
as custas processuais sem o prejuízo de seu sustento e de
sua família;

2. A não realização de audiência de


conciliação ou de mediação, pelas razões acima expostas;

3. A produção de todos os meios de


prova, principalmente documental, testemunhal e pericial.
Com relação à última, REQUER seja observada a Resolução nº
2.183/2018 do CFM e Manual de Perícias do INSS;

4. Que seja deferida a antecipação dos


efeitos da tutela, para determinar a concessão imediata da
aposentadoria;

5. O julgamento da demanda com TOTAL


PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:

1. Subsidiariamente:

1. Conceder aposentadoria por


invalidez e sua eventual majoração de
25% à parte Autora, a partir da data da
efetiva constatação da incapacidade
total e permanente;

2. Conceder o benefício de auxílio-


doença à parte Autora, a partir da data
da efetiva constatação da incapacidade;

3. Conceder auxílio-acidente, na
hipótese de mera limitação profissional;

2. Após a sentença de procedência,


seja o INSS intimado a cumprir imediatamente a obrigação de
implantar o benefício;

3. Pagar as parcelas vencidas e


vincendas, monetariamente corrigidas desde o respectivo
vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios,
incidentes até a data do pagamento;

4. A condenação do réu ao pagamento de


honorários advocatícios no patamar de 20% nos parâmetros
previstos no art. 85, §2º do CPC.

Por fim, manifesta o interesse na


audiência conciliatória, nos termos do Art. 319, inc. VII do
CPC.

Atribui-se à causa o valor de R$


44.268,00 (quarenta e quatro mil, duzentos e sessenta e oito
reais).
Nestes termos,
Pede deferimento.
Niquelândia-GO, datado e assinado
digitalmente.
GERALDO ANTÔNIO SOARES FILHO
OAB/GO 19.719
BRENNER VIEIRA DE ALMEIDA BRITO
OAB/GO 64.185

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