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MODELO

DE PETIÇ
ÃOINICIA
L
A Ç Ã O P R E V I D E N C I Á R I A R E V I S I O N A L D E A T O DE
C O N C E S S Ã O D E B E N E F Í C I O A S S I S T E N C I A L C O M
C O N C E S S Ã O D E P E N S Ã O D E M O R T E .
A U L A 0 3 - T E R C E I R A S E M A N A P R E V I D E N C I A R I S T A
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL
FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA xxxxxxxxxxxx – ESTADO xxxxxxxxxxxxxxxx

EMENTA: URGENTE. PEDIDO DE


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. PENSÃO POR
MORTE. INSTITUIDOR QUE RECEBIA
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL CONCEDIDO
EM PREJUÍZO DE MELHOR BENEFÍCIO.
DIREITO À APOSENTADORIA POR IDADE
RURAL. DIREITO ADQUIRIDO.
POSSIBILIDADE DE REVISÃO DO ATO DE
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO
ASSISTENCIAL. TEMA 225, da TNU.

MARIA DA CONCEIÇÃO, brasileira, casada, aposentada, inscrita no


CPF sob o nº xxxxxxxxxxxxxxxxx, portadora do RG sob o nº xxxxxxxxxxxxx SESP/MT, nascida em
xx/xx/xxxx, residente e domiciliada na Rua xxxxxxxxxxxxxxxxxxx, cidade, CEP..................., por
meio de seu(sua) advogado(a) que ao final assina, conforme procuraçã o acostada, vem, à
presença de Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA REVISIONAL DE ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO


ASSISTENCIAL c/c CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE

(com pedido de tutela antecipada)

em face de INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, que deverá ser citado na pessoa de seu
representante legal, com endereço na Rua xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, n° xxxxx,
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, pelos fundamentos de fato e de direito que passa a
expor.
I – DOS FATOS.

I.a) Das exceções previstas no TEMA 350, do STF e da desnecessidade de prévio


requerimento administrativo.
Conforme o julgamento do TEMA 350, da repercussã o geral do
Supremo Tribunal Federal, dispensa-se o prévio requerimento administrativo nas açõ es
que visem à conversã o, melhoramento e restabelecimento de benefício cujo fato gerador já
foi levado à aná lise do INSS.
Vejamos:
As principais açõ es previdenciá rias podem ser divididas em dois grupos:

(i) demandas que pretendem obter uma prestaçã o ou vantagem


inteiramente nova ao patrimô nio jurídico do autor (concessã o de
benefício, averbaçã o de tempo de serviço e respectiva certidã o etc.); e

(ii) ações que visam ao melhoramento ou à proteção de vantagem já


concedida ao demandante (pedidos de revisão, conversã o de benefício
em modalidade mais vantajosa, restabelecimento, manutenção etc.).

No primeiro grupo, como regra, exige-se a demonstraçã o de que o


interessado já levou sua pretensã o ao conhecimento da Autarquia e nã o
obteve a resposta desejada.

No segundo grupo, precisamente porque já houve a inauguração da


relação entre o beneficiário e a Previdência, não se faz necessário, de
forma geral, que o autor provoque novamente o INSS para ingressar em
juízo.

Ficou assentado claramente, ainda, no referido julgado do


Supremo Tribunal Federal que a “exigência de prévio requerimento administrativo não deve
prevalecer quando o entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário
à postulação do segurado”.
Como se sabe, o INSS nã o admite pedido administrativo de pensã o
por morte quando o instituidor do benefício era beneficiá rio de benefício assistencial,
como é o caso dos autos.
Sendo assim, é de rigor o conhecimento e processamento da
presente açã o, uma vez que o precedente acima informa a desnecessidade de prévio
requerimento administrativo.

I.b) Da concessão de benefício assistencial ao instituidor e aplicação, no caso, do


TEMA 225, da TNU.
A parte autora era casada com o Sr. MARCELINO DE ALCÂ NTARA,
desde 1978, conforme certidã o de casamento acostada. O Sr. MARCELINO faleceu no dia
25/07/2021, conforme certidã o de ó bito anexada.
Conforme se pode perceber do processo administrativo juntado
aos autos, o Sr, MARCELINO era beneficiá rio de um benefício assistencial ao idoso,
concedido em 15/03/2010.
Ocorre, Exa., que o INSS ao conceder tal prestaçã o assistencial
errou ao examinar as características e, bem assim, o patrimô nio previdenciá rio do
segurado, uma vez que ele era autêntico trabalhador rural, na condiçã o de segurado
especial e, por isso, deveria ter recebido uma aposentadoria por idade rural.
Houve, assim, má cula manifesta ao direito ao melhor benefício do
segurado falecido.
E, com isso, manifesto prejuízo a sua ú nica dependente, ora parte
autora, que ficou privada de receber por todos esses anos a pensã o por morte que lhe cabia.
Exatamente sobre essa questã o, a Turma Nacional de
Uniformizaçã o já se manifestou no julgamento do TEMA 225, de seus representativos de
controvérsia, conforme segue:
Questão submetida a julgamento

É possível a concessã o de pensã o por morte quando instituidor, apesar


de titular de benefício assistencial, tinha direito adquirido a benefício
previdenciá rio?

Tese firmada

É possível a concessão de pensão por morte quando o instituidor,


apesar de titular de benefício assistencial, tinha DIREITO ADQUIRIDO A
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO NÃO CONCEDIDO PELA
ADMINISTRAÇÃO.

I.c) Da inexistência de prazo decadencial para a presente ação, conforme fixado no


TEMA 225, da TNU.

Cabe assinalar, desde já , Exa., que a Turma Nacional de


Uniformizaçã o, na oportunidade desse julgamento, fixou, ainda, o entendimento de que a
pretensã o revisional do ato de concessã o do benefício assistencial pelos dependentes NÃ O
se sujeita ao prazo decadencial decenal previsto no art. 103, da Lei 8.213/91.
Isso porque, em verdade, o que se está em jogo é a declaraçã o do
direito a um benefício previdenciá rio, o que, conforme já assentado pelo Supremo
Tribunal Federal no TEMA 313, de sua repercussã o geral, bem como no julgamento da
ADI 6096, nã o encontra ó bice em qualquer prazo decadencial.
O direito ao benefício em si nã o se sujeita ao decurso do tempo,
mas apenas suas prestaçõ es, as quais, aí, devem ser pagas com respeito ao prazo
prescricional quinquenal do art. 103, pará grafo ú nico, da Lei 8.213/91, bem como de
acordo com a Sú mula 85, do STJ.
Vejamos o trecho do TEMA 225, da TNU que trata disso com
clareza solar:
Inexiste qualquer norma proibitiva à apuração da existência de
erro na concessão originária do benefício, nã o sendo o caso aqui de
discussã o sobre decadência ou prescriçã o, que tem sua regência pró pria
no art. 103 da Lei 8.213/91.

Em verdade, ignorar o real benefício a que faria jus o segurado significa


tolher-lhe de um direito legítimo inerente à sua dignidade humana,
eternizando um equívoco que lhe subtrai o direito à prestaçã o social
inerente à sua condiçã o laboral.

Essa questão, além de não ter sido pontuada no incidente originário


(sustentada apenas na tribuna oralmente), já foi apreciada pelo STF
na ADI 6096 e esta Corte já apreciou o ponto inúmeras vezes.

Colho o seguinte precedente que ilustra a referida compreensã o:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃ O DE INTERPRETAÇÃ O DE LEI FEDERAL.


PREVIDENCIÁ RIO. PENSÃO POR MORTE. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL
CONCEDIDO ERRONEAMENTE À INSTITUIDORA DA PENSÃO.
DECADÊNCIA. ARTIGO 103 DA LEI 8.213/91. INOCORRÊNCIA.
ENTENDIMENTO DESTA TNU. INCIDÊ NCIA DA QUESTÃ O DE ORDEM Nº
13. INCIDENTE NÃ O CONHECIDO.

(Pedido de Uniformizaçã o de Interpretaçã o de Lei (Turma) 0503840-


52.2016.4.05.8106, GISELE CHAVES SAMPAIO ALCANTARA - TURMA
NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃ O.)

Visto isso, embora o benefício assistencial tenha sido deferido ao


instituidor no ano de 2010, nã o há que se falar em decadência para a presente açã o,
conforme os precedentes vinculantes acima apontados.

I.d) Da comprovação da qualidade de segurado e carência do instituidor falecido à


época da concessão do benefício assistencial.

Para a demonstraçã o do direito pretendido, é imperioso que nos


remontemos aos períodos anteriores à concessã o do benefício assistencial e, mais
precisamente, ao momento anterior ao implemento do requisito etá rio do instituidor.
O Sr. MARCELINO nasceu em 15/05/1948, tendo completado,
pois, a idade de 60 anos em 15/05/2008. Logo, de acordo com o art. 142, da Lei 8.213/91, é
necessá ria a comprovaçã o de 162 meses de carência, isto é, 13 anos e 06 meses de trabalho
rural em regime de economia familiar. Esse período de carência já estava satisfeito no
momento da DER do benefício assistencial, em 15/02/2010, conforme documentos
trazidos aos autos.

I.e) Do histórico de vida, dados do grupo familiar e do trabalho rural.

O instituidor trabalhou a vida inteira como trabalhador rural, em


regime de economia familiar, produzindo essencialmente para sua subsistência e de seu grupo
familiar. Nunca teve empregados contratados e, além disso, sempre laborou sem maquiná rios
em pequenas propriedades.
Na época do requerimento residia no Sítio xxxxxxxxxxxxxxxxxxx,
Linha xxxxxxxxx, Km xxx, xxxxxxxxxxxx, xxxxxxxxxxxxxxxx, endereço que até hoje é
ocupado pela parte autora, cônjuge sobrevivente.
A principal fonte de produçã o ao longo do tempo foi:

 café;
 leite;
 mandioca;
 banana.

Para que V. Exa., entenda bem por onde passou o autor, ao longo de
todos esses anos de trabalho pesado no campo, segue uma tabela na qual se insere a
cronologia da ocupaçã o e moradia da parte autora:

PERÍODO RURAL LOCALIZAÇÃO DO DE QUEM ERA A TERRA?


TRABALHO

01/01/1978 a 01/01/1985 Sítio Sã o Bento (Paraná ) Pai da parte autora

02/01/1985 a 01/01/2000 Sítio Roça Pesada (Paraná ) Em nome do instituidor

02/01/2000 até o óbito Chá cara Recanto Feliz (Mato Em nome do instituidor
Grosso)
PERÍODO TOTAL DE TRABALHO RURAL
de 1978 até a presente data

Em todos os locais acima, o trabalho do instituidor com seu grupo


familiar foi feito em pequenas propriedades, que nã o ultrapassaram 4 mó dulos fiscais. Além
disso, nunca trabalhou sob nenhuma outra categoria de filiaçã o à previdência social (AQUI
INFORMAR ALGUM PERÍODO URBANO, CASO TENHA EXISTIDO).

Como forma de facilitar o trabalho de V. Exa., relaciono abaixo o


nome e CPF das pessoas que compuseram o grupo familiar da parte autora ao longo dos
períodos acima:

PERÍODO RURAL MEMBROS DO GRUPO CPF


FAMILIAR

01/01/1978 a 01/01/1985 XXXXXXXXX (pai) XXXXXXXX


XXXXXXXXX (mã e) XXXXXXXX
XXXXXXXX (parte autora) XXXXXXXX
XXXXXXXXXXX (instituidor) XXXXXXXX

02/01/1985 a 01/01/2000 XXXXXXXX (parte autora) XXXXXXXXX


XXXXXXXXXXX (instituidor) XXXXXXXXX
XXXXXXXXX (filho do casal) XXXXXXXXX

02/01/2000 até o óbito XXXXXXXX (parte autora) XXXXXXXXX


XXXXXXXXXXX (instituidor) XXXXXXXXX

A produçã o do grupo familiar da parte autora sempre foi voltada à


SUBSISTÊNCIA (aqui informar se houver produçã o que foi vendida em esclarecer se houve
algum tipo de DESENVOLVIMENTO SÓ CIOECONÔ MICO do grupo familiar).

Apesar do histó rico de trabalho rural acima indicado, a parte autora


teve INDEFERIDO junto ao INSS seu pedido de aposentadoria por idade na condiçã o de
segurada especial, sob o fundamento de “não comprovaçã o da qualidade de segurado
especial”, tendo sido concedido um benefício assistencial ao idoso.
Eis o motivo do ingresso da presente ação.

I.f) Da comprovação do trabalho rural (instrumentos ratificadores dos períodos rurais).

Como forma de comprovar o trabalho rural do instituidor, a parte


autora traz os seguintes documentos, conforme tabela abaixo.

INSTRUMENTO RATIFICADOR: EM NOME PRÓPRIO ANO:


ou de TERCEIRO?
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx em nome pró prio 1985
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx em nome pró prio 1991
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx terceiro (pai) 1998
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx terceiro (cô njuge) 2001
II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS.

A qualidade de segurado especial, bem como a carência necessá ria


estã o devidamente satisfeitos para o reconhecimento pretérito do direito à aposentadoria
por idade ao trabalhador rural e, consequentemente, a concessã o da pensã o por morte à
parte autora.

Conforme a nova dinâ mica normativa exigida para a comprovaçã o da


qualidade de segurado especial, há que se apontar que a parte autora cumpriu as exigências
do OFÍCIO-CIRCULAR nº 46 /DIRBEN/INSS, de 13 de setembro de 2019, de modo que
acompanham essa petiçã o inicial, ao menos, 1 instrumento ratificador para cada metade do
período de carência exigida.

Vejamos quais sã o os instrumentos ratificadores juntados para cada


metade do período de carência exigido no presente caso:

 Carência exigida = 162 meses


 METADE da carência exigida = 81 meses (6 anos e 9 meses)
 Logo, será necessário apenas 1 instrumento ratificador para cada 6 anos e 9
meses, de acordo com o Ofício-Circular 46/19

NO CASO CONCRETO:

DER em 15/02/2010.

1ª metade da carência → 15/05/2003 a 15/02/2010;


2ª metade da carência → 14/08/1996 a 14/05/2003.

IMPLEMENTO do REQUISITO ETÁRIO em 15/05/2008.

1ª metade da carência → 15/08/2001 a 15/05/2008;


2ª metade da carência → 14/11/1994 a 14/08/2001.

INSTRUMENTO DATA DE EMISSÃO DO SERVE PARA CARÊNCIA?


RATIIFICADOR INSTRUMENTO
RATIFICADOR PARA QUAL METADE DA
CARÊNCIA?

Nota fiscal de compra de


insumos (vacina febre 05/07/2008 SIM, para a 1ª metade da
aftosa) carência, conforme quadro
acima.

23/04/2001
Certidão de casamento, na SIM, para a 2ª metade da
qual consta a parte autora carência, conforme quadro
como LAVRADORA acima.

07/2007 SIM, para a 1ª metade da


Conta de luz RURAL 09/2007 carência, conforme quadro
08/2007 acima.

Cabe registar, por fim, que INEXISTEM VÍNCULOS URBANOS no CNIS,


da parte autora, bem como do instituidor e, além disso, nã o há patrimô nio que destoe de sua
condiçã o de segurado especial, tendo sempre produzido para fins de subsistência.

II.a) Da nova dinâmica normativa comprobatória da qualidade de segurado especial.

De todo modo, o que temos desde a MP 871/19, e até hoje, como


sendo de significativo impacto no sistema normativo de comprovaçã o do trabalho rural para
fins previdenciá rios é que nã o mais se exige aquele estreita vinculaçã o do art. 106, com o art.
55, §3º, da Lei 8.213/91.

Isso significa que nã o há mais a necessidade de observâ ncia


invariá vel do binô mio probató rio “início de prova material complementado por prova
testemunhal” que se tornou tã o arraigado em nossa cultura judicial previdenciá ria, quando se
trata de segurado especial.

Existe uma nova dinâ mica probató ria estabelecida pelas mudanças
legislativas introduzidas pela MP 871/2019, convertida na Lei nº 13.846/2019.

A mudança nuclear para a alteraçã o do antigo regime probató rio foi a


revogaçã o do pará grafo ú nico, do art. 106, da Lei 8.213/91, deixando de existir a previsã o de
que a prova do período rural deveria observar o disposto no art. 55, §3º, daquela lei. Além
disso, foram inseridos os artigos 38-A, 38-B, na referida lei de benefícios da previdência social,
os quais, respectivamente, tratam da criaçã o de um cadastro dos segurados especiais no
Cadastro Nacional de Informaçõ es Sociais (CNIS) e da determinaçã o de que o INSS deverá
utilizar “as informaçõ es constantes do cadastro de que trata o art. 38-A para fins de
comprovaçã o do exercício da atividade e da condiçã o do segurado especial e do respectivo
grupo familiar”.

O §1º, do art. 38-B, segue assinalando que aquele cadastro servirá


como prova exclusiva da condiçã o de segurado especial a partir de 1º de janeiro de 2023.
Assinala-se, de outro lado, no §2º, do art. 38-B, que, para o período anterior a 1º de janeiro de
2020, o segurado especial comprovará o tempo de exercício da atividade rural por meio de
autodeclaraçã o. Essa autodeclaraçã o precisa ser ratificada por entidades pú blicas
credenciadas ou pelo pró prio INSS (art. 19-C, §17, do Decreto 3.048/99).

Esses dispositivos foram regulamentados por meio do Ofício-Circular


nº 46 /DIRBEN/INSS, de 13 de setembro de 2019. Em â mbito administrativo, o referido Ofício-
Circular nº 46 /DIRBEN/INSS, de 13 de setembro de 2019, foi editado para dar orientaçõ es
"para aná lise da comprovaçã o da atividade de segurado especial e computo dos períodos em
benefícios", considerando os "novos procedimentos decorrentes da publicaçã o da Lei nº
13.846,
de 18 de junho de 2019", servindo como norte interpretativo da realidade normativa vigente
desde a MP 871/19 para a comprovaçã o do trabalho rural.

Assim, nesse novo panorama normativo, a comprovaçã o da condiçã o


de trabalhador rural em regime de economia familiar deve ser feita com base nos dados
governamentais, bem como em documentos complementares juntados pela parte autora,
dispensando a – antes invariá vel – convocaçã o de audiência para se colher prova oral em
complementaçã o ao início de prova material juntado. Nada impede, claro, que, em havendo
contradiçã o, abra-se a possibilidade de dilaçã o probató ria em audiência ou, ainda, por meio de
qualquer prova idô nea e legalmente admitida em nosso ordenamento jurídico (art. 369, do
Có digo de Processo Civil). Nesses casos, pode ainda funcionar o art. 55, §3º, da Lei 8.213/91,
como instrumento normativo subsidiá rio relativamente ao objetivo de se atingir aquela
comprovaçã o. Entretanto, trata-se de norma subsidiá ria, porque somente terá aplicabilidade
quando for constatada à “falta de documento”, isto é, ausência dos instrumentos ratificadores
ou dos documentos complementares mencionados no Ofício-Circular 46/2019.

Assim, no panorama normativo atual, tudo gira em torno de uma


autodeclaraçã o do segurado especial a ser ratificada por meio de dados extraídos de bases
governamentais ou, se for o caso, por meio de documentos complementares, sendo
desnecessá ria, como regra, a realizaçã o de audiência para colheita invariá vel de prova oral
destinada a comprovaçã o da qualidade de segurado especial, sendo tal medida recomendá vel
apenas se houver, conforme o prudente convencimento do Juízo, contradiçã o entre aqueles
instrumentos ratificadores ou, ainda, qualquer outro dado que necessite ser esclarecido por
meio de depoimentos do segurado e/ou de testemunhas arroladas.

Deve, portanto, ser reconhecido o DIREITO À APOSENTADORIA


POR IDADE RURAL do falecido, quando da concessã o do benefício assistencial, gerando
direito à pensã o por morte quando de seu ó bito, ocorrido em 25/07/2021.

II.b) Da qualidade de dependente da parte autora e do tempo de duração da pensão a


ser concedida.
Comprovada a qualidade de segurado especial do falecido, cabe
frisar que a parte autora era casada com o instituidor, nos termos da certidã o de
casamento anexada aos autos.
No mais, na medida em que o casamento da parte autora já
contava com mais de 2 anos (muito mais), uma vez que estavam casados desde 1978, bem
como tomando em conta que o tempo de trabalhador rural já ultrapassava, como visto
acima, 15 anos, o tempo de duraçã o da pensã o por morte deve ser VITALÍCIO.
Isso porque ao tempo do ó bito, a parte autora já contava com 72
anos. Logo, estã o satisfeitos os requisitos previstos no art. 77, V, alínea “c”, item 6, da Lei
8.213/91.

III – DOS PEDIDOS.

Isto posto, com base nos fatos e fundamentos jurídicos acima


expostos, requer à V.Exa., o quanto segue:
a) concessã o da GRATUIDADE DA JUSTIÇA, tendo em vista que a parte autora é
hipossuficiente financeira, nos termos da Lei 1.060/50, bem como art. 98, do Có digo
de Processo Civil;
b) a CITAÇÃO do INSS, para que, querendo, apresente sua defesa;
c) a concessã o de TUTELA ANTECIPADA, eis que estã o presentes o fumus boni iuris e o
periculum in mora, tendo em vista, especialmente, tratar-se de verba de cará ter
alimentar e, bem assim, pessoa idosa que necessita urgentemente das prestaçõ es
previdenciá rias que lhe sã o de direito para sua sobrevivência;
d) a confirmaçã o da antecipaçã o da tutela com a consequente: a) declaraçã o da
qualidade de segurado especial do Sr. MARCELINO XXXXXXXXXXXXXXX, desde a
data da concessã o do benefício assistencial; b) a condenação do INSS na obrigação
de fazer consistente na concessão de PENSÃO POR MORTE em nome da parte
autora, reconhecendo-se tal direito desde a DER;
e) a condenação do INSS na obrigação de pagar consistente no direito de a parte autora
receber as parcelas atrasadas referentes ao benef ício concedido nos termos do item
anterior, compreendidas desde a DER at é a data da efetiva implantaçã o, acrescidos de
juros e correçã o monetá ria, respeitada a prescriçã o quinquenal na forma da Sú mula
85, do STJ.

Requer a produçã o de todos os meios de prova legalmente


admitidos, em especial, prova complementaçã o de prova documental e testemunhal, na
hipó tese de V. Exa., entender necessá rio o esclarecimento de questõ es eventualmente
controvertidas ao longo da instruçã o.

Informa, por fim, que a parte autora está disposta a realizar


conciliação/mediação, a ser analisada conforme proposta eventualmente apresentada pela
autarquia previdenciá ria.

Dá -se à causa o valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais),


conforme cá lculos anexos.

Nestes termos,

pede deferimento.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, xxxx de xxxxxxxxxxx, de 2022.

OAB ............
MODELO
MANDADO
DESEGURA
NÇA
C O M P E D I D O L I M I N A R
A U L A 0 3 - T E R C E I R A S E M A N A P R E V I D E N C I A R I S T A
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA XXXa VARA FEDERAL
DA SEÇÃO / SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA FEDERAL DE XXXXXXXXXXXXXXX/XX

EMENTA: URGENTE. PEDIDO LIMINAR.


DEMORA EXCESSIVA NA ANÁLISE DO
PEDIDO ADMINISTRATIVO DE
CONCESSÃO DE BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO. XXXXXXXXX MESES.
AUXÍLIO POR INCAPACIDADE
TEMPORÁRIA. VERBA ALIMENTAR.
IMPOSSIBILIDADE DE RETORNO AO
TRABALHO.

JOSÉ DOS REIS, brasileiro, casado, vendedor, inscrito no CPF sob o


nº xxxxxxxxxxxxxxxxx, portadora do RG sob o nº xxxxxxxxxxxxx SESP/MT, nascida em
xx/xx/xxxx, residente e domiciliado na Rua xxxxxxxxxxxxxxxxxxx, cidade, CEP..................., por
meio de seu(sua) advogado(a) que ao final assina, conforme procuraçã o acostada, vem, à
presença de Vossa Excelência, impetrar o presente:

MANDADO DE SEGURANÇA

(com pedido liminar)

em face do GERENTE-EXECUTIVO DA AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL EM


XXXXXXXX/XX, que deverá ser notificado para prestar informaçõ es no endereço
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, sendo que tal autoridade está vinculada ao
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, com representaçã o pela Procuradoria
Federal situada no endereço xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, pelos fundamentos de fato
e de direito que passa a expor.
I – DOS FATOS.

I.a) Do pedido administrativo de concessão de benefício por incapacidade e da


espera por XXXXXXXX dias sem análise.
O impetrante requereu administrativamente a concessã o de
auxílio por incapacidade temporá ria em xx//xx/xx (NB xxxxxxxxxxxxxx).
Ocorre Exa., que já se passaram xxx meses e até o momento nã o
houve sequer a realizaçã o da perícia médica para a avaliaçã o das condiçõ es de
incapacitaçã o do impetrante.
Assim, é de todo evidente que há demora nã o razoá vel na aná lise
do pedido administrativo realizado, sendo imperioso destacar que o impetrante depende
urgentemente da prestaçã o previdenciá ria almejada, uma vez que se trata de verba
alimentar e ele nã o possui condiçõ es de retornar ao trabalho.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS.

O mandado de segurança tem previsã o no art. 5º, LXIX e, bem


assim, na Lei 12.016/09. Trata-se de remédio constitucional que, sabidamente, tem
salvaguardado a sobrevivência de milhares de segurados que dependem de uma aná lise de
seus pedidos administrativos previdenciá rios em tempo razoá vel.
A jurisprudência tem aceito de modo uníssona a impetraçã o de
mandado de segurança quando há extrapolaçã o de tempo demasiado e injustificado no
processamento dos pedidos de concessã o de benefício junto ao INSS.
Há com isso nítida ilegalidade por parte da autoridade
administrativa com a incumbência legal de dar seguimento em tempo adequado aos
respectivos processos administrativos, encaminhado e gerenciando os atos processuais
necessá rios, dentre os quais o relativo à realizaçã o de perícia médica.
II.a)Da legitimidade passiva do Gerente Executivo da APS.
Sabe-se que, desde a Lei 13.846/19, o cargo de perito médico
previdenciá rio passou a integrar a carreira de peritos médicos federais, passando a se
denominar “perito médico federal” e se vinculando ao Ministério da Economia.
Com isso, frequentemente argumenta-se que a autoridade coatora
nesses casos de atraso na realizaçã o de perícia médica seria, nã o mais do Gerente
Executivo da APS, mas sim do Coordenador da Perícia Médica Federal, vinculado à
Subsecretaria de Perícia Médica Federal, do Ministério da Economia.
Nada obstante, Exa., importante antecipar que a jurisprudência
nã o tem acolhido tal tese, senã o vejamos:
Esta reestruturação da carreira, de Perito Médico
Federal, mediante a transposiçã o de cargos de Perito
Médico Previdenciá rio e Perito Médico da Previdência
Social, por alteração à s Leis. 10.876 e 11.907, e, ainda, a sua
vinculação ao Ministério da Economia, NÃO INFLUEM na
relação processual em mandado de segurança
impetrado por segurado que tenha por causa de pedir a
demora na apreciaçã o de requerimento administrativo
protocolizado perante o Instituto Nacional do Seguro Social.
(TRF4 5004975-46.2020.4.04.7205, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DE SC, Relator SEBASTIÃ O OGÊ MUNIZ,
juntado aos autos em 18/02/2021)
.............................................................................................................................
E M E N T A MANDADO DE SEGURANÇA. PEDIDO DE
CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO
RAZOÁ VEL PARA CONCLUSÃ O DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO. LEI Nº 9.784/1999.

(...)
6. No que tange à ilegitimidade passiva que
fundamentou o decisium, anoto que, no caso em tela, a
autoridade impetrada apresentou as informações
requeridas pelo juízo de piso, hipótese em que a
jurisprudência tem entendido não haver falar em
ilegitimidade passiva. 7. Apelo provido.
(APELAÇÃ O CÍVEL ..SIGLA_CLASSE: ApCiv 5019180-
46.2019.4.03.6105 ..PROCESSO_ANTIGO:
..PROCESSO_ANTIGO_FORMATADO:, ..RELATORC:, TRF3 - 4ª
Turma, e - DJF3 Judicial 1 DATA: 21/12/2020
..FONTE_PUBLICACAO1: ..FONTE_PUBLICACAO2:
..FONTE_PUBLICACAO3:.)
.............................................................................................................................
PREVIDENCIÁ RIO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE
SEGURANÇA. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA
AFASTADA. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO DO
SEGURADO. NÃ O INCIDÊ NCIA DA TEORIA DA RESERVA DO
POSSÍVEL. REMESSA NECESSÁ RIA E APELAÇÃ O
DESPROVIDAS.
1. Trata-se de remessa necessá ria e apelaçã o interposta pelo
INSS em face da sentença que concedeu a segurança à parte
impetrante, determinando a conclusã o da aná lise do pedido
administrativo. Sustenta o Apelante a necessidade de
reforma da decisã o guerreada, alegando a ilegitimidade
passiva do Chefe da Gerência Executiva do INSS para
determinar a realizaçã o de perícia médica, em razã o de a
carreira de Perito Médico Federal ser subordinada ao
Ministério da Economia, ó rgã o integrante da Uniã o.
2. Na presente demanda, a discussã o cinge-se à demora na
conclusã o do processo administrativo previdenciá rio, e nã o
contra uma de suas etapas (perícia médica).
ASSIM, É O GERENTE EXECUTIVO DO INSS AUTORIDADE
COMPETENTE PARA DEFERIMENTO, INDEFERIMENTO,
SUSPENSÃ O E CANCELAMENTO DO BENEFÍCIO, TENDO,
PORTANTO, LEGITIMIDADE PARA CONFIGURAR NO POLO
PASSIVO DESTE MANDADO DE SEGURANÇA. REJEITA-SE,
POIS, ESTA PREFACIAL.
(AMS 1005010-77.2019.4.01.4300, DESEMBARGADOR
FEDERAL WILSON ALVES DE SOUZA, TRF1 - PRIMEIRA
TURMA, PJe 27/07/2020 PAG.)
II.b) Do direito líquido e certo (extrapolação de prazo razoável e TEMA 1066 do STF).
O Supremo Tribunal Federal homologou acordo entre o INSS e o
MPF no bojo do TEMA 1066, da sua repercussã o geral. Além disso, a pró pria Lei 8.213/91
já dá uma referência acerca do tempo de julgamento do processo administrativo
previdenciá rio, sendo o prazo de 45 dias imposto, senã o vejamos:

Art. 41-A. (...)


§ 5o O primeiro pagamento do benefício será efetuado
até quarenta e cinco dias após a data da apresentação,
pelo segurado, da documentaçã o necessá ria a sua
concessã o. (Incluído pelo Lei nº 11.665, de 2008).
Cabe ainda rememorar que o TEMA 350, da repercussã o geral do
Supremo Tribunal Federal assinalou no bojo de sua fundamentaçã o um norte de prazo a
ser tolerado dentro do aspecto da demora da aná lise no processo administrativo
previdenciá rio, o que se pode constatar com base na leitura das consideraçõ es
preambulares do TEMA 1066, do STF, senã o vejamos da imagem abaixo:

Nessa esteira, o TEMA 1066, do STF é valioso norte


jurisprudencial para se fixar o que é ou nã o demora excessiva. Isso pode ser feito com base
na leitura de suas clá usulas:
No que toca à aná lise do pedido administrativo de concessã o de
benefício por incapacidade, demarcou o prazo de 45 dias para a prolaçã o de decisã o,
contado esse prazo a partir do fim da instruçã o do processo.

E, quanto à instruçã o do processo, o acordo fixou o prazo de 45


dias para a realizaçã o da perícia médica, a CONTAR DO SEU AGENDAMENTO, conforme
clá usula terceira do acordo:

CLÁUSULA TERCEIRA
3.1. A Uniã o compromete-se a promover a realizaçã o da
perícia médica necessá ria à instruçã o e aná lise do processo
administrativo de reconhecimento inicial de direitos
previdenciá rios e assistenciais operacionalizados pelo INSS,
no prazo máximo de até 45 (quarenta e cinco) dias após
o seu agendamento.
3.1.1. O prazo de realizaçã o da perícia médica será ampliado
para 90 (noventa) dias, nas unidades da Perícia Médica
Federal classificadas como de difícil provimento, para as
quais se exige o deslocamento de servidores de outras
unidades para o auxílio no atendimento.
Assinala-se que, no caso em concreto, nã o se trata de APS em
localidade de difícil provimento, de maneira que o prazo é, realmente, de 45 dias.
Nessa esteira, o prazo total (prazo para realização da perícia
medica + prazo para decisão) do processo administrativo referente a pedido de
concessã o de benefício por incapacidade é de 90 dias.

Contudo, o prazo que se tem até o momento é de


XXXXXX MESES!!
Configurado, pois, o direito líquido e certo do impetrante em ver
concedida a ordem requerida, Exa., para ter a garantia por este Juízo de que poderá
realizar a perícia médica dentro de tempo adequado.

III – DOS PEDIDOS.

Isto posto, com base nos fatos e fundamentos jurídicos acima


expostos, requer à V.Exa., o quanto segue:

a) concessã o da GRATUIDADE DA JUSTIÇA, tendo em vista que a parte autora é


hipossuficiente financeira, nos termos da Lei 1.060/50, bem como art. 98, do Có digo
de Processo Civil;
b) a NOTIFICAÇÃO da AUTORIDADE IMPETRADA, para que preste as informaçõ es
no prazo legal, bem como que V.Exa., dê ciência do feito ao ó rgã o de representaçã o
judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe có pia da inicial sem
documentos, para que, querendo, ingresse no feito;
c) a concessã o de LIMINAR, eis que estã o presentes o fumus boni iuris e o periculum in
mora, tendo em vista, especialmente, tratar-se de verba de cará ter alimentar e, bem
assim, pessoa vulnerá vel que necessita urgentemente das prestaçõ es previdenciá rias
que lhe sã o de direito para sua sobrevivência;
d) a intimaçã o do MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL para que se manifeste, nos
termos do art. 12, da Lei 12.016/09;
e) a CONCESSÃO DA SEGURANÇA, para garantir direito líquido e certo do impetrante
em ter seu pedido administrativo requerido sob o NB XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX,
analisado imediatamente, uma vez que já foi escoado tanto o prazo legal, quanto o
prazo fixado no TEMA 1066, do STF, determinando-se à Autoridade Impetrada
que promova os atos necessá rios ao cumprimento da ordem, no prazo de 10 (dez)
dias;
f) a aplicação de multa diária de R$ 1.000,00, em caso de descumprimento da
medida, valor este que deverá ser revertido em favor da Impetrante.

Dá -se à causa o valor de R$ 1.000,00 (trinta e cinco mil reais),


conforme cá lculos anexos.

Nestes termos,

pede deferimento.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, xxxx de xxxxxxxxxxx, de 2022.

OAB ............
MODEL
O P E T I
Ç Ã O I N
ICIAL
A U X Í L I O A C I D E N T E
A U L A 0 3 - T E R C E I R A S E M A N A P R E V I D E N C I A R I S T A
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL
FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA xxxxxxxxxxxx – ESTADO xxxxxxxxxxxxxxxx

EMENTA: URGENTE. PEDIDO DE


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. SEGURADO
URBANO. SEQUELA DECORRENTE DE
ACIDENTE DE QUALQUER NATUREZA.
AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO INICIAL DE
PAGAMENTO. CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-
DOENÇA. TEMA 862, do STJ

JOSÉ DA SILVA, brasileiro, casado, trabalhador urbano, inscrito no


CPF sob o nº xxxxxxxxxxxxxxxxx, portador do RG sob o nº xxxxxxxxxxxxx SESP/MT, nascida em
xx/xx/xxxx, residente e domiciliado na Rua xxxxxxxxxxxxxxxxxxx, cidade, CEP..................., por
meio de seu advogado(a) que ao final assina, conforme procuraçã o acostada, vem, à presença
de Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE


AUXÍLIO-ACIDENTE

(com pedido de tutela antecipada)

em face de INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, que deverá ser citado na pessoa de seu
representante legal, com endereço na Rua xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, n° xxxxx,
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, pelos fundamentos de fato e de direito que passa a
expor.

I – DOS FATOS.

I.a) Do TEMA 862, do STJ e da desnecessidade de prévio requerimento administrativo.

Conforme o julgamento do TEMA 862, do STJ, entendeu-se que o


“termo inicial do auxílio-acidente deve recair no dia seguinte ao da cessação do auxílio-
doença que lhe deu origem, conforme determina o art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, observando-
se a prescrição quinquenal da Súmula 85/STJ”.
Com isso, nã o é necessá rio o prévio requerimento administrativo
quando houver a prévia concessão de auxílio por incapacidade temporária, uma vez
que a norma já fixa de antemã o a obrigaçã o da autarquia previdenciá ria quanto ao
pagamento do auxílio-acidente.
Note-se, ademais, que o pró prio TEMA 350, da repercussã o geral
do Supremo Tribunal Federal, dispensa o prévio requerimento administrativo nas açõ es
que visem à conversão, melhoramento e restabelecimento de benefício cujo fato
gerador já foi levado à aná lise do INSS.

Vejamos:
As principais açõ es previdenciá rias podem ser divididas em dois grupos:

(i) demandas que pretendem obter uma prestaçã o ou vantagem


inteiramente nova ao patrimô nio jurídico do autor (concessã o de
benefício, averbaçã o de tempo de serviço e respectiva certidã o etc.); e

(ii) ações que visam ao melhoramento ou à proteção de vantagem já


concedida ao demandante (pedidos de revisã o, conversão de benefício
em modalidade mais vantajosa, restabelecimento, manutenção etc.).

No primeiro grupo, como regra, exige-se a demonstraçã o de que o


interessado já levou sua pretensã o ao conhecimento da Autarquia e nã o
obteve a resposta desejada.

No segundo grupo, precisamente porque já houve a inauguração da


relação entre o beneficiário e a Previdência, não se faz necessário, de
forma geral, que o autor provoque novamente o INSS para ingressar em
juízo.

Sendo assim, é de rigor o conhecimento e processamento da


presente açã o, uma vez que os precedentes acima informam a desnecessidade de prévio
requerimento administrativo para a concessã o do auxílio-acidente, especialmente, quando
já houve a concessã o de auxílio-doença anterior, tal como no caso dos autos.

I.b) Da incapacidade da parte autora já reconhecida na esfera administrativa.

Conforme HISMED juntado a esta petiçã o inicial, pode-se perceber


que o perito médico federal concluiu pela presença de INCAPACIDADE LABORATIVA da
parte autora desde 05/01/2012, tendo sido concedido o auxílio-doença sob o NB
xxxxxxxxxxxxxx.
A cessaçã o do referido benefício por incapacidade se deu em
17/08/2013, todavia, a autarquia previdenciá ria não converteu sua prestação em
auxílio-acidente, o que destoa de sua realidade médica, uma vez que restaram sequelas
evidentes decorrentes da consolidaçã o das lesõ es resultantes de acidente de qualquer
natureza sofrido pela parte autora.
Os dados médicos extraídos do HISMED apurado na perícia
médica administrativa como geradora da incapacidade sã o:
Dados médicos constantes do HISMED

NB XXXXXXXXXXX

DER 01/02/2021

DID 02/02/2021
Espécie de benefício 31

DII 05/01/2021

DCB 05/10/2021

S062, T90.5, G81, T90, F06.9 -


CID traumatismo cerebral difuso, sequelas de
traumatismo intracraniano, hemiplegia,
sequelas de traumatismo da cabeça e
transtorno mental não especificado devido
a uma lesã o e disfunçã o cerebral e a uma
doença física
.

Na medida em que a incapacidade da parte autora existiu


apenas no período de XX/XX/XX a XX/XX/XX, cabe concluir, desde entã o, pela reduçã o
de sua capacidade laborativa por conta das já citadas SEQUELAS QUE REMANESCERAM, o
que deverá ser devidamente apurado mediante perícia médica a ser designada por este
Juízo.

I.c) Da comprovação da qualidade de segurado e carência.

Quanto à qualidade de segurado e carência, estã o incontroversos


nos autos, uma vez que já foram reconhecidos pelo INSS quando da concessão do
benefício acima detalhado.
Cabe frisar que a verificaçã o da qualidade de segurado e carência
para o recebimento do auxílio-acidente deve ser feita tomando por consideraçã o a DII
fixada.
No caso, como visto do detalhamento do HISMED acima, a DII
fixada foi na data de xx/xx/xx, tendo sido gerado, pois, na época, o benefício de auxílio-
doença NB xxxxxxxxxxxxxx.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS.

A concessã o do auxílio-acidente deve se pautar pelo art. 86, da Lei

8.213/91:

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenizaçã o, ao


segurado quando, apó s consolidaçã o das lesõ es decorrentes de acidente
de qualquer natureza, resultarem seqü elas que impliquem reduçã o da
capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. (Redaçã o dada
pela Lei nº 9.528, de 1997)

Dessa feita, deve ser pago conforme o §2º, do referido dispositivo:


§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da
cessação
do
auxílio-
doença,
independ
entement
e de
qualquer
remuneraçã o ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua
acumulaçã o com qualquer aposentadoria. (Redaçã o dada pela Lei
nº 9.528, de 1997)

Esse foi o entendimento do TEMA 862, do STJ:


Questão submetida a julgamento

Fixaçã o do termo inicial do auxílio-acidente, decorrente da cessaçã o do


auxílio-doença, na forma dos arts. 23 e 86, § 2º, da Lei n. 8.213/1991.

Tese Firmada

O termo inicial do auxílio-acidente deve recair no dia seguinte ao da


cessaçã o do auxílio-doença que lhe deu origem, conforme determina o
art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, observando-se a prescriçã o quinquenal da
Sú mula 85/STJ.

Importante, ainda, deixar registrado que NÃO IMPORTA O GRAU


da sequela constatada em perícia médica, devendo ser concedido de maneira indistinta o
benefício pretendido.
É nesse sentido que se firmou de maneira vinculante o
entendimento do STJ, senã o vejamos o seu TEMA 416 dos recursos repetitivos:
Questão submetida a julgamento

Discute-se a possibilidade de concessã o de auxílio-acidente independe


do grau da incapacidade, sendo de rigor o deferimento, ainda que
mínima a reduçã o da capacidade laborativa.

Tese Firmada

Exige-se, para concessã o do auxílio-acidente, a existência de lesã o,


decorrente de acidente do trabalho, que implique reduçã o da capacidade
para o labor habitualmente exercido. O nível do dano e, em
consequência, o grau do maior esforço, não interferem na
concessão do benefício, o qual será devido ainda que mínima a
lesão.

Além disso, cabe pontuar, por fim, que nã o há que se exigir que a
sequela seja irreversível, nos termos do TEMA 156, dos recursos repetitivos do Superior
Tribunal de Justiça:
Questão submetida a julgamento

Questã o referente à alegaçã o de impossibilidade de condicionamento da


concessã o do benefício acidentá rio à irreversibilidade da moléstia
incapacitante.

Tese Firmada

Será devido o auxílio-acidente quando demonstrado o nexo de


causalidade entre a reduçã o de natureza permanente da capacidade
laborativa e a atividade profissional desenvolvida, sendo irrelevante a
possibilidade de reversibilidade da doença.

Vistas essas questõ es, é de rigor a concessã o do benefício pleiteado.


III – DOS PEDIDOS.
Isto posto, com base nos fatos e fundamentos jurídicos acima
expostos, requer à V.Exa., o quanto segue:

a) concessã o da GRATUIDADE DA JUSTIÇA, tendo em vista que a parte autora é


hipossuficiente financeira, nos termos da Lei 1.060/50, bem como art. 98, do Có digo
de Processo Civil;
b) a CITAÇÃO do INSS, para que, querendo, apresente sua defesa;
c) a concessã o de TUTELA ANTECIPADA, eis que estã o presentes o fumus boni iuris e o
periculum in mora, tendo em vista, especialmente, tratar-se de verba de cará ter
alimentar e, bem assim, pessoa idosa que necessita urgentemente das prestaçõ es
previdenciá rias que lhe sã o de direito para sua sobrevivência;
d) a confirmaçã o da antecipaçã o da tutela com a consequente condenação do INSS na
obrigação de fazer consistente na concessão do AUXÍLIO-ACIDENTE em nome da
parte autora, reconhecendo-se tal direito desde o dia seguinte ao da cessação do
NB xxxxxxxxxxxxxx, nos termos do TEMA 862, do STJ;
e) a condenação do INSS na obrigação de pagar consistente no direito de a parte autora
receber as parcelas atrasadas referentes ao benef ício concedido nos termos do item
anterior, compreendidas desde a DER at é a data da efetiva implantaçã o, acrescidos de
juros e correçã o monetá ria, respeitada a prescriçã o quinquenal na forma da Sú mula
85, do STJ.

Requer a realizaçã o da prova pericial judicial, bem como a


produçã o de todos os meios de prova legalmente admitidos, em especial, prova
complementaçã o de prova documental e testemunhal, na hipó tese de V. Exa., entender
necessá rio o esclarecimento de questõ es eventualmente controvertidas ao longo da instruçã o.

Informa, por fim, que a parte autora está disposta a realizar


conciliação/mediação, a ser analisada conforme proposta eventualmente apresentada pela
autarquia previdenciá ria.

Dá -se à causa o valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais),


conforme cá lculos anexos.

Nestes termos,

pede deferimento.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, xxxx de xxxxxxxxxxx, de 2022.

OAB ............

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