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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL

DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ...................

Processo: .......................

........................................., neste ato representada por sua


curadora ................................, vem, por seus patronos adiante firmados,
respeitosamente, perante V. Exa., na AÇÃO DE COBRANÇA DE PENSÃO
POR MORTE CUMULADA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA que move em desfavor do INSS (INSTITUTO NACIONAL DO
SEGURO SOCIAL), apresentar as contrarrazões diante do recurso do INSS,
para apreciação pela Egrégia Turma Recursal.

TERMOS EM QUE,

P. E. DEFERIMENTO.

..........................., 11 de fevereiro de 2020.

.................
OAB/.................................

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Proc. n.º ...................

RECORRIDA – ...............................

RECORRENTE – INSS

CONTRARRAZÕES DE RECURSO

EGRÉGIA TURMA RECURSAL


DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL
DE ............................

O recurso inominado ofertado pela autarquia securitária-ré


é de pretensão protelatória fúlgida, e, portanto, destituído de fomento jurídico.

Pretende o INSS a reforma da r. sentença que lhe condenou


em conceder o benefício de pensão por morte em favor da Recorrida.

Feitas tais e breves considerações, é preciso dizer que a r.


sentença não merece qualquer reforma.

Requer seja mantida a tutela e seja o INSS intimado a


cumprir o prazo estabelecido de 30 dias para a implantação do benefício, pelo
indubitável o caráter alimentar do benefício previdenciário, que, invariavelmente,
visa substituir a renda salarial e atender às necessidades vitais da dependente.

DO MÉRITO

A recorrida preenche todos os requisitos para receber a pensão


por morte do falecido.

O primeiro requisito encontra-se suprido pela certidão de


óbito (fl. 92 – evento 02), que dá conta de que o instituidor faleceu em
10/04/2019. O segundo requisito, atinente à qualidade de segurado do instituidor,
também foi devidamente demonstrado, já que, como é incontroverso, o genitor da
parte autora, por ocasião do óbito, gozava de benefício previdenciário
(NB .................................., fl. 111 – evento 02).

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Assim, no caso em tela, a controvérsia trazida pelo INSS
limita-se a verificar se a parte autora ostentava ou não a qualidade de dependente
do instituidor, no momento do óbito, para que lhe seja concedida a pensão por
morte.

Em nenhum momento foi omitida o benefício que a recorrida


recebe, benefício de aposentadoria por invalidez (NB ...................................),
desde 19/01/2009 (anexo 18).

É preciso ressaltar que a dependência econômico-financeira


da Autora diante do pai falecido é presumida e está expressamente prevista pela
Lei 8.213/91, em seu artigo 16, inciso I e § 4.º. em sua primeira parte, cujo texto
é colacionado a seguir:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social,


na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não


emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos
ou INVÁLIDO OU QUE TENHA DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL OU MENTAL QUE O TORNE ABSOLUTA
ou relativamente incapaz, assim declarado
judicialmente;   (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)

...

§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I


é presumida e a das demais deve ser comprovada.

Esse, aliás, é o entendimento pacífico do Superior Tribunal de


Justiça, in verbis:

“(...) Se ao tempo do óbito do segurado a ora 2020/631800008721-


48953-JEF Agravante não sustentava a qualidade de dependente,
em razão da idade, bem como pela doença incapacitante ser
superveniente ao infortúnio, consoante afirmado pelo Tribunal de
origem, não detinha, à época, direito ao recebimento do benefício
pensão por morte (...)” (STJ, AGA 200802063174, 5ª Turma, Rel.
Min. LAURITA VAZ, DJe 25/05/2009).

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A Autora realmente está em gozo do benefício
previdenciário por invalidez, que gira em torno de um salário mínimo, cuja
renda é inferior a pensão deixada pelo seu genitor e que possui legítimo
direito, uma vez que a renda do seu genitor que custeava todos seus gastos,
essa renda era de R$ 2.481,79!

Para uma segurada, maior e incapaz, o benefício que tem em


vigor de n.º ............................................, de aposentadoria por invalidez, cuja
renda mensal é de um salário mínimo, impossível obter um sustento digno diante
de suas enfermidades.

Na hipótese dos autos, o requisito pertinente à condição de


dependente ficou efetivamente demonstrado, já que o documento anexado aos
autos (fl. 32 – doc. 02), comprova que a recorrida é filha do instituidor do
benefício.

Ademais, a recorrida é portadora de esquizofrenia, que lhe


causa incapacidade total e permanente para o desempenho de suas atividades
laborativas e para os atos da vida civil, tanto é que vem recebendo aposentadoria
por invalidez e é interditada.

Destaca-se ainda, que consta dos autos documento indicando


que, por ocasião do óbito, a parte autora encontrava-se internada em hospital
psiquiátrico há 20 meses (fl. 24 – evento 02), fato que confirma sua condição de
filha inválida.

Logo, considerando que o filho inválido mantém a condição


de dependente até durar a invalidez, ainda que seja maior de 21 anos de idade,
dúvida não há quanto ao direito da recorrida de se habilitar na pensão por morte
deixada por seu pai.

STJ
PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO
DO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA NA
FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. PENSÃO POR
MORTE. IRMÃO MAIOR E INVÁLIDO. INVALIDEZ
SUPERVENIENTE À MAIORIDADE.
IRRELEVÂNCIA. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA
COMPROVADA.
1. Não se conhece do Recurso Especial em relação à
ofensa ao art. 535 do CPC quando a parte não aponta, de

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forma clara, o vício em que teria incorrido o acórdão
impugnado. Aplicação, por analogia, da Súmula 284/STF.
2. É irrelevante o fato de a invalidez ter sido após a
maioridade do postulante, uma vez que, nos termos do
artigo 16, III c/c parágrafo 4º, da Lei 8.213/91, é devida
a pensão por morte, comprovada a dependência
econômica, ao irmão inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou
relativamente incapaz, assim declarado judicialmente.
3. Alinhado a esse entendimento, há precedentes do STJ
no sentido de que, em se tratando de dependente maior
inválido, basta a comprovação de que a invalidez é
anterior ao óbito do segurado. Nesse sentido: AgRg no
AREsp 551.951/SP, Rel. Ministra Assusete Magalhães,
Segunda Turma, DJe 24/4/2015, e AgRg no Ag
1.427.186/PE, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho,
Primeira Turma, DJe 14/9/2012.
4. In casu, a instituidora do benefício faleceu em
3.8.2005, a invalidez anterior à data do óbito (1961) e a
dependência econômica do irmão foram reconhecidas
pelo acórdão recorrido. Portanto, encontram-se
preenchidos os requisitos legais para concessão do
benefício pleiteado.
5. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa
parte, desprovido.
(REsp 1618157/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2016, DJe
12/09/2016)

TRF
ADMINISTRATIVO. PENSÃO. LEI 8.112/90,
ART. 217, II, A. FILHO MAIOR INVÁLIDO.
DEPENDÊNCIA ECONÔMICA – INEXIGÊNCIA LEGAL.
CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ – POSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA DO
STJ. INCAPACIDADE CONTEMPORÂNEA AO ÓBITO
DO INSTITUIDOR – COMPROVADA. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. ART. 20, §§ 3º e 4º, DO CPC.
1. A teor do artigo 217, II, da Lei 8.112/90, inexiste
qualquer menção quanto à necessidade do filho inválido
comprovar a dependência econômica para fazer jus à
concessão da pensão, bem como quanto à impossibilidade
de acumulação desse benefício com o de aposentadoria
por invalidez.

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2. Consoante jurisprudência do STJ, é perfeitamente
possível acumulação de pensão por morte com
aposentadoria por invalidez, por possuírem naturezas
distintas, com fatos geradores diversos (STJ, Edcl no
AgRg no REsp 731249, DJ 17/11/08).
3. O contexto fático-probatório evidencia que a condição
de invalidez é contemporânea ao óbito da servidora,
ocorrido em 2008. A certidão de fls. 44 atesta que o autor
é beneficiário de aposentadoria por invalidez, paga pelo
INSS, desde 1997, o que corrobora o laudo médico
neurológico, às fls. 131, conclusivo no sentido de “ser o
autor portador de hemiparesia esquerda
faciobranquiocrural e epilepsia convulsiva generalizada,
seqüelas de acidente vascular encefálico isquêmico
ocorrido em 24/06/1993, estando incapaz definitivamente
para exercer qualquer atividade laborativa”, bem como a
perícia administrativa (fls. 58) que é expressa tanto
quanto à invalidez quanto à data de sua constatação em
24/06/1997.
4. Verba honorária fixada em R$ 1.500,00, a teor do
art. 20, § 4º, do CPC, atento aos parâmetros ínsitos nas a,
b e c do § 3º do citado artigo, máxime a natureza da
causa e o trabalho realizado pelo causídico.
5. Recurso desprovido e remessa necessária provida
parcialmente.
(TRF-2 – APELREEX: 200951510134684 RJ
2009.51.51.013468-4, Relator: Desembargador Federal
POUL ERIK DYRLUND, Data de Julgamento:
05/10/2011, OITAVA TURMA ESPECIALIZADA, Data de
Publicação: E-DJF2R – Data::17/10/2011 –
Página::202/203)

TNU
PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE.
INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO.
FILHOAPOSENTADO POR INVALIDEZ. CUMULAÇÃO.
INCAPACIDADE OCORRIDA APÓS A MAIORIDADE E
ANTES DO ÓBITO DO PAI. POSSIBILIDADE.
PRESUNÇÃO ABSOLUTA DEDEPENDÊNCIA.
INCIDENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO.
1. Trata-se de ação através da qual o autor, na qualidade
de filho inválido,pretende a concessão de pensão por
morte em decorrência do falecimento de seu pai ocorrido
em 04/06/2000.
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2. A sentença de primeiro grau, ratificada pelo acórdão
recorrido, julgou improcedente o pedido, sob o
fundamento de que “…o segurado já tem garantida sua
subsistência pela aposentadoria por invalidez, pensão por
morte de sua mãe (recebida judicialmente) e ainda
postula o acréscimo de 25% , nos termos do art. 45 da Lei
nº 8.213/91, através do feito nº2008.70.66.001763-6. A
concessão de um terceiro benefício sem respaldo legal, in
casu, evidentemente se traduziria em enriquecimento sem
causa,não admitido pelo Poder Judiciário.”
3. Incidente de Uniformização da parte autora, no qual
defende, em síntese, que, a dependência econômica de
filho maior e inválido é presumida e não admite prova em
contrário (§ 4º, do art. 16, I, da Lei nº 8.213/91).
4. Conheço deste incidente, ante a manifesta divergência
entre o julgado da 2ª Turma Recursal do Paraná, segundo
o qual o fato de o autor perceber aposentadoria por
invalidez antes do óbito afasta a presunção de sua
dependência econômica, que não ficou comprovada nos
autos e o paradigma desta TNU, no sentido de que a
dependência econômica de filho maior e inválido é
presumida e não admite prova em contrário (§ 4º, do
art. 16,I, da Lei nº 8.213/91)- PEDILEF
200771950120521, Juíza Federal Maria Divina Vitória,
decisao de 15.01.2009, publicada em 28.08.2009;
PEDILEF,200461850113587, Pedro Pereira dos
Santos.Acórdãos paradigmas das Turmas Recursais do
Estado de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul não
admitidos por serem de Turmas Recursais de mesma
região. Precedentes do STJ não admitidos por ausência
de similitude fática.
5. É assente em nossa jurisprudência que os requisitos
necessários à concessão do benefício de pensão por morte
devem estar preenchidos na data do óbito, observada a
legislação vigente à época.
6. Com efeito, o artigo 16, I e o § 4º da Lei nº 8.213/91
não distinguem se a invalidez que enseja referida
dependência presumida deve ser ou não precedente à
maioridade civil.
7. Desta feita, é certo que a dependência econômica do
filho maior inválido é presumida e não admite prova em
contrário, conforme precedente desta TNU – PEDILEF
200771950120521, Juíza Federal Maria Divina Vitória.
8. Pedido de Uniformização conhecido e parcialmente
provido para confirmar a tese de que a dependência

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econômica de filho maior e inválido é presumida e não
admite prova em contrário, mesmo se já era titular de
aposentadoria por invalidez à época do óbito do
instituidor da pensão por morte, para anular o acórdão e
determinar á Turma Recursal de origem novo
julgamento do feito com base na premissa acima
discriminada.
(TNU – PEDILEF: 200970660001207 PR , Relator: JUIZ
FEDERAL HERCULANO MARTINS NACIF, Data de
Julgamento: 20/02/2013, Data de Publicação: DOU
08/03/2013)

Ademais, o fato de a parte recorrida receber aposentadoria por


invalidez não obsta o recebimento da pensão por morte, porquanto inexiste na
legislação proibição de acumulação de aposentadoria e pensão por morte (cf. art.
124 do PBPS).

DIANTE DO EXPOSTO, requer-se de Vossas Excelências


que se dignem negar provimento ao protelatório, aleatório e sistematicamente
padronizado Recurso Inominado interposto pela parte adversa e, por via de
consequência, para que proclamada remanesça a mantença do r. decisum do
insigne juízo de primeiro grau, mas, agora, impondo os encargos da sucumbência
ao instituto Recorrente, fazendo-se, assim, a costumeira e salutar medida de
direito e de Justiça!

TERMOS EM QUE,

P. E. DEFERIMENTO.

......................................... 11 de fevereiro de 2020.

..........................
OAB/SP .......................

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