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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA Xª VARA FEDERAL DA

SUBSEÇÃ O JUDICIÁ RIA DE CIDADE – UF

COM PEDIDO DE TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL

NOME DA PARTE, já cadastrada eletronicamente, vem,


com o devido respeito, perante Vossa Excelência, por meio de
seus procuradores, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE


PENSÃO POR MORTE DE FILHO

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS),


pelos seguintes fundamentos fá ticos e jurídicos que passa a
expor:

1. DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A Autora requereu, junto à Autarquia Previdenciá ria, a concessã o do benefício de pensã o por
morte, em razã o do falecimento de seu filho, XXXXXXXXXXXXXXX, conforme certidã o de ó bito anexa.

O pedido administrativo foi indeferido por alegada nã o comprovaçã o de dependência


econô mica, motivo pelo qual se ajuíza a presente demanda.

Dados do processo administrativo:

1. Nú mero do benefício (NB): XXX.XXX.XXX-X

2. Data do ó bito: 29/01/2015

3. Data do requerimento (DER): 02/03/2015

4. Razã o do indeferimento: Alegada nã o comprovaçã o da dependência


PENSÃO POR MORTE E REQUISITOS LEGAIS:

Da qualidade de dependente:

A pensã o por morte tem previsã o no art. 74 da Lei 8.213/91, que regula que será devido o
benefício ao conjunto de dependentes do segurado falecido, aposentado ou nã o.

O art. 16, inciso II, § 4º, do mesmo diploma institui que os pais sã o dependentes do segurado,
todavia estabelece que, de forma distinta aos dependentes do inciso I, aos pais deve ser feita prova
da dependência.

Entretanto, os Tribunais têm entendido, em casos idênticos, ser presumível a relação de


dependência, nas hipóteses em que o filho, sem herdeiros, vive com os pais e emprega seus
rendimentos com a família. Perceba:

PREVIDENCIÁ RIO. PENSÃ O POR MORTE DE FILHO. DEPENDÊ NCIA ECONÔ MICA
COMPROVADA. CORREÇÃ O MONETÁ RIA E JUROS DE MORA. 1. Tendo sido comprovada a
dependência econômica, ainda que não exclusiva, da autora em relação ao falecido
filho, existe direito à pensão por morte. 2. Situação em que os rendimentos do falecido
em conjunto com os rendimentos da mãe formavam um sistema de colaboração de
todos os membros da família para o sustento do grupo. 3. O Supremo Tribunal Federal
reconheceu repercussã o geral à questã o da constitucionalidade do uso da Taxa Referencial
(TR) e dos juros da caderneta de poupança para o cá lculo da correçã o monetá ria e dos ô nus
de mora nas dívidas da Fazenda Pú blica, e vem determinando, por meio de sucessivas
reclamaçõ es, e até que sobrevenha decisã o específica, a manutençã o da aplicaçã o da Lei nº
11.960/2009 para este fim, ressalvando apenas os débitos já inscritos em precató rio, cuja
atualizaçã o deverá observar o decidido nas ADIs 4.357 e 4.425 e respectiva modulaçã o de
efeitos. Com o propó sito de manter coerência com as recentes decisõ es, deverã o ser
adotados, no presente momento, os critérios de atualizaçã o e de juros estabelecidos no 1º-F
da Lei nº 9.494/1997, na redaçã o dada pela Lei nº 11.960/2009, sem prejuízo de que se
observe, quando da liquidaçã o, o que vier a ser decidido, com efeitos expansivos, pelo
Supremo Tribunal Federal.   (TRF4, AC 0009888-92.2015.404.9999, Sexta Turma, Relator
Osni Cardoso Filho, D.E. 01/10/2015, com grifos acrescidos)

No mesmo sentido, Daniel Machado da Rocha e Baltazar Jú nior compartilham do


entendimento em sua obra previdenciá ria específica à lei de benefícios1:

1
Comentá rios à lei de benefícios da previdência social / Daniel Machado da Rocha, José Paulo Baltazar Junior. 8. ed. Ver.
Atual. – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora: Esmafe, 2008. (pá g. 289)
Pelo Simples fato de os filhos residirem com os pais, em famílias não-
abastadas, é natural a existência de colaboração espontânea para uma divisão
das despesas da casa, naquilo que aproveita para toda a família.

Outrossim, necessá rio referir que NÃO é a pensão por morte benefício de caráter
assistencial, devido apenas aos dependentes que dela necessitem para a mínima
subsistência, diante da falta do instituidor. Muito pelo contrá rio, a pensão por morte, segundo
Pereira de Castro e Lazzari2

“é, acima de tudo, uma reposição de renda perdida: aquela renda


que o segurado proporcionaria, caso não o atingisse um risco
social.”

Em igual sentido, note-se a liçã o de Joã o Ernesto Aragonés Vianna, Procurador Federal, ex-
Procurador Geral do INSS acerca da matéria em testilha, na sua obra de direito previdenciá rio3:

“A respeito do tema o Tribunal Federal de Recursos editou a Súmula 229, segundo a qual ‘a mãe do
segurado tem direito à pensão previdenciária, em caso de morte do filho, se provada a dependência
econômica, mesmo não exclusiva’.”

Repisando a citação anterior, a pensão é uma reposição da renda que o segurado


proporcionaria, caso não o atingisse o risco social (morte). Pereira de Castro e Lazzari trazem
novas contribuiçõ es sobre o assunto em comento (op. cit.):

“É que os critérios para a fixação do quadro de dependentes são vários, e não somente o da
dependência puramente econômica. São os vínculos familiares, dos quais decorre a solidariedade civil
e o direito dos necessitados à provisão da subsistência pelos mais afortunados (CF, art. 229), a nosso
ver, o principal critério norteador da fixação da dependência no campo previdenciário. Este critério,
em alguns casos, será conjugado com o da necessidade econômica, vale dizer, quando se estende a
dependência a pessoas que estão fora da célula familiar básica – cônjuges e filhos. É o caso dos pais do
segurado, bem como dos irmãos inválidos ou menores de idade, não emancipados.”

Neste sentido, igualmente o entendimento jurisprudencial:

EMBARGOS INFRINGENTES. PREVIDENCIÁ RIO. PENSÃ O POR MORTE DE FILHO. DEPENDÊ NCIA
ECONÔ MICA. COMPROVAÇÃ O. Estando demonstrado, pelo conjunto probató rio, que o segurado
falecido contribuía para o sustento da genitora, mesmo que não com exclusividade, é

2
Manual de Direito Previdenciá rio / Carlos Alberto Pereira de Castro; Joã o Batista Lazzari – Florianó polis: Conceito
Editorial, 2010.
3
Curso de Direito Previdenciá rio / Joã o Ernesto Aragonés Vianna – 5. Ed. – Sã o Paulo: Atlas, 2012.
deferida a pensão em favor desta. (TRF4, EINF 5001784-92.2012.404.7004, Terceira Seçã o,
Relatora p/ Acó rdã o Vâ nia Hack de Almeida, juntado aos autos em 17/08/2015, com grifos
acrescidos)

PREVIDENCIÁ RIO. PENSÃ O POR MORTE. REQUISITOS. CONDIÇÃ O DE DEPENDÊ NCIA ECONÔ MICA
DOS PAIS EM RELAÇÃ O AO FILHO. SÚ MULA 229 DO EXTINTO TFR. 1. A concessã o do benefício de
pensã o por morte depende (a) da ocorrência do evento morte; (b) da demonstraçã o da qualidade
de segurado do de cujus; e (c) da condiçã o de dependente de quem objetiva a pensã o (art. 26, I, da
Lei nº 8.213/91). 2. Dependência econômica, na acepção da legislação previdenciária,
significa contribuição às despesas da família, implica participação no orçamento doméstico,
não sendo necessário que a subsistência dependa exclusivamente dos recursos advindos do
segurado. Assim, para que fique configurada a dependência econômica dos pais em relação
ao filho, não se exige que o trabalho do filho seja a única fonte de renda da família. A
jurisprudência do extinto Tribunal Federal de Recursos, consolidada na Sú mula nº 229, conforta
esta tese: "A mã e do segurado tem direito à pensã o previdenciá ria, em caso de morte do filho, se
provada a dependência econô mica, mesmo nã o exclusiva." (TRF4, APELREEX 0013933-
13.2013.404.9999, Quinta Turma, Relator p/ Acó rdã o Luiz Carlos de Castro Lugon, D.E.
27/09/2013, com grifos acrescidos)

Neste sentido, pertinente destacar trecho do voto da Exma. Relatora do processo nº


5007320-24.2011.404.7003/PR, consoante o que vem sendo explanado, veja (grifei):

A dependência econômica dos pais em relação aos filhos deve ser comprovada, consoante
estabelece o art. 16, inciso II c/c § 4º, da Lei nº 8.213/91. Todavia, não há na legislação
previdenciária aplicável à presente situação exigência da exclusiva dependência econômica.

Aliá s, nã o somente seja este o posicionamento adotado pelos tribunais especializados na


matéria, tal entendimento também é estribado na própria Instrução Normativa do INSS (nº
77/2015), veja (com grifos):

Art. 121. Sã o beneficiá rios do RGPS, na condiçã o de dependentes do segurado:


 
[...]
II - os pais; ou.
[...]
§ 2º A dependência econô mica das pessoas de que trata o inciso I do caput é
presumida e a das demais deve ser comprovada.
§ 3º A dependência econômica pode ser parcial ou total, devendo, no entanto,
ser permanente.

Com efeito, muito embora a renda do falecido nã o fosse exclusiva para a manutençã o e
sustento da Autora, mostrava-se importante que fosse somada ao orçamento familiar para suportar
as despesas rotineiras.
Disto decorre que a decisã o administrativa foi indevida, eis que a Requerente era
economicamente dependente de seu filho, sendo que desde o trá gico ó bito do mesmo o sustento da
Autora vem sendo severamente prejudicado.

Neste ínterim, a ora Postulante ingressa com a presente açã o previdenciá ria de pensã o pela
morte de seu filho, para que, judicialmente, seja reparado o equivoco ocorrido na esfera
administrativa.

De outra banda, é prudente o destaque para o fato de que, em se tratando de famílias de


baixa renda, muitas vezes a comprovação documental da dependência econômica, no molde
requerido pelo artigo 22, §3º do Decreto 3.048/99, se torna complicado. Isto, pois raramente as
famílias sã o credenciadas junto a instituiçõ es bancá rias ou planos de saú de, de modo que a ú nica
possibilidade de comprovaçã o do vínculo de interdependência é a prova testemunhal.

Assim, considerando que nã o foi realizada a Justificaçã o Administrativa perante o INSS e,


portanto, nã o há no processo qualquer prova testemunhal ou manifestaçã o oral da parte Autora,
REQUER a realização de audiência de instrução e julgamento, a fim de comprovar a condição
de dependência econômica da Demandante em relação ao de cujus. Nesse sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ANTECIPAÇÃ O DE TUTELA. PENSÃ O POR MORTE DE FILHO. 1.


Nos termos do artigo 273 do Có digo de Processo Civil, sã o requisitos para a antecipaçã o dos
efeitos da tutela jurisdicional a verossimilhança do direito alegado e o risco de dano
irrepará vel ou de difícil reparaçã o na demora da concessã o do bem da vida pretendido. 2.
Inexiste, na hipó tese dos autos, risco de a nã o implantaçã o imediata do benefício de pensã o
por morte postulado pela autora gerar dano irrepará vel ou de difícil reparaçã o em seu
prejuízo, na medida em que encontra-se em gozo de benefício de pensã o por morte
decorrente do falecimento de seu cô njuge. 3. A verossimilhança do direito ao recebimento do

benefício postulado depende de dilaçã o probató ria, uma vez que é a partir da
produção de prova, especialmente testemunhal, que se demonstra a
dependência econômica de pais em relação a filhos. (TRF4, AG 0008020-
74.2013.404.0000, Sexta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 25/03/2014, com grifos
acrescidos)

Da Carência:

Considerando que o falecimento do segurado instituidor ocorreu no período de vacatio legis


da Medida Provisó ria 664/2014, antes da vigência de suas disposiçõ es, é dispensada a carência no
caso epigrafado, à luz do que dispunha o artigo 26, I, da Lei Federal 8.213/91.
Da qualidade de Segurado:

Segundo a Lei 8.213/91, a concessã o do benefício de pensã o por morte depende da


ocorrência do evento morte e, além da dependência de quem objetiva a pensã o, a demonstraçã o da
qualidade de segurado do de cujus.

Na presente demanda, tal requisito restou plenamente demonstrado, eis que, conforme
extrato do INFBEN juntado anexo, o falecido gozou de aposentadoria por invalidez NB
XXX.XXX.XXX-X até a data do óbito.

Assim, fundamental seja deferido o benefício ora pretendido à Requerente, conforme atinem
os dispositivos relacionados à matéria, e o entendimento jurisprudencial e doutriná rio.

2. TUTELA DE URGÊNCIA

ENTENDE A DEMANDANTE QUE A ANÁLISE DA MEDIDA ANTECIPATÓRIA PODERÁ SER MELHOR


APRECIADA EM SENTENÇA.

O novo Có digo de Processo Civil estabelece em seu art. 300 que “A tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou
o risco ao resultado útil do processo”. Nesse sentido, o novo diploma legal exige para a concessã o da
tutela de urgência dois elementos, quais sejam: o fumus bonis iuris e o periculum in mora.

A Autora necessita da concessã o do benefício em tela para custear a sua vida, tendo em vista
que a renda advinda de seu filho integrava de forma insubstituível o sustento familiar.

Assim, apó s a realizaçã o da audiência de depoimento pessoal e oitiva de testemunhas, ficará


claro que a Autora preenche todos os requisitos necessá rios para o deferimento da Antecipaçã o de
Tutela, em sede de sentença, tendo em vista que se fará prova inequívoca quanto à dependência
econô mica, comprovando, assim, o fumus boni iuris. O periculum in mora, de outra banda, se
configura pelo fato de que se continuar privada do recebimento do benefício, a Autora terá seu
sustento drasticamente prejudicado.

De qualquer modo, o cará ter alimentar do benefício traduz um quadro de urgência que exige
pronta resposta do Judiciá rio, tendo em vista que nos benefícios previdenciá rios resta intuitivo o
risco de ineficá cia do provimento jurisdicional final. Assim, imperioso o deferimento deste pedido
antecipató rio em sentença.
DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU DE CONCILIAÇÃO

Considerando a necessidade de produçã o de provas no presente feito, bem como a política


atual de acordo zero adotada pelos procuradores federais, a Parte Autora vem manifestar, em
cumprimento ao art. 319, inciso VII do CPC/2015, que nã o há interesse na realizaçã o de audiência
de conciliaçã o ou mediaçã o, haja vista a iminente ineficá cia do procedimento e a necessidade de
que ambas as partes dispensem a sua realizaçã o, conforme previsto no art. 334, §4º, inciso I, do
CPC/2015.

3. PEDIDOS

EM FACE DO EXPOSTO, REQUER a Vossa Excelência:

1) O recebimento e o deferimento da presente petiçã o inicial, bem como a concessã o de prioridade


na tramitação, com fulcro no art. 71 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso), tendo em vista que a
Autora conta com mais de 60 anos;

2) O deferimento da Assistência Judiciária Gratuita, pois a Autora nã o tem condiçõ es de arcar


com as custas processuais sem o prejuízo de seu sustento;

3) A citaçã o do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo, apresentar defesa;

4) A produçã o de todos os meios de prova, principalmente a documental e testemunhal, para


comprovaçã o da dependência da Autora em relaçã o ao instituidor;

5) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:

a) Conceder o benefício de pensã o por morte à parte Autora, desde a data de entrada do
requerimento administrativo, nos termos do art. 74, inciso II, da Lei 8.213/91;

b) Pagar as parcelas vencidas e vincendas, monetariamente corrigidas desde o respectivo


vencimento e acrescidas de juros legais e morató rios, incidentes até a data do efetivo
pagamento.

Nesses Termos;
Pede Deferimento.

Dá à causa o valor4 de R$ XX.XXX,XX.

4
Valor da causa = 12 parcelas vincendas (R$ XX.XXX,XX) + parcelas vencidas (R$ X.XXX,XX).
Santa Maria, 14 de Abril de 2016.

NOME DO ADVOGADO
OAB/UF XX.XXX

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