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13/07/2020 Evento 25 - CONT1

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
NPREV - NÚCLEO DE MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DO(A) JUÍZO SUBSTITUTO DA 2ª VF CÍVEL DE VITÓRIA - ES.

NÚMERO: 5002571-92.2020.4.02.5001
REQUERENTE(S): OLINDA MATTOS DE ALMEIDA
REQUERIDO(S): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, pessoa jurídica de direito público,


representado(a) pelo membro da Advocacia-Geral da União infra assinado(a), vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, apresentar,

CONTESTAÇÃO à ação que lhe move a parte autora em epígrafe, com base no artigo 335 do Código de
Processo Civil, ante os fatos e fundamentos jurídicos a seguir delineados.

1. SÍNTESE DA DEMANDA

A parte autora ajuizou a presente ação em desfavor do Instituto Nacional do Seguro Social pleiteando a
concessão do benefício pensão por morte, sob a alegação de que dependia economicamente de seu filho AMANDIO
LUIS DE ALMEIDA TEIXEIRA, falecido em 22/08/2019, o qual seria segurado do Regime Geral de Previdência Social.

Contudo, como restará demonstrado, a pretensão exordial é totalmente improcedente, por absoluta
ausência de supedâneo fático e jurídico.

2. MÉRITO

2.1 DOS REQUISITOS LEGAIS PARA A PENSÃO POR MORTE.

A pensão por morte é o benefício pago aos dependentes do segurado, que falecer, aposentado ou não,
conforme previsão do art. 201, V, da Constituição Federal, regulamentada pelos artigos 74 a 79 da Lei 8.213/91.

Vê-se, portanto, que conforme o art. 74 da Lei nº. 8.213/91, a pensão por morte será devida ao conjunto
dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data (1) do óbito, quando requerida até noventa
dias depois deste; (2) do requerimento, quando requerida após este prazo; ou (3) da decisão judicial, no caso de morte
presumida.

https://eproc.jfes.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento&doc=501592222848720970986666599176&evento=50159222284872… 1/3
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Ademais, de acordo com o inciso I do art. 16 do citado diploma legal, são beneficiários do Regime Geral
de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado, o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental
que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente.

Neste contexto, cabe verificar, de início, se a parte autora preenche os requisitos necessários à
fruição da pensão por morte, quais sejam: a) qualidade de dependente; b) o óbito; c) a manutenção, pelo de cujus,
da qualidade de Segurado.

2.2 DA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA ENTRE PAIS E FILHOS.

Dependência econômica dos pais em relação aos filhos não é mera ajuda, auxílio esporádico e compra de
presentes. A comprovação da real dependência econômica dos pais em relação aos filhos não se confunde com o
esporádico reforço orçamentário e tampouco com a mera ajuda de manutenção familiar.

A dependência econômica dos pais em relação aos filhos resta caracterizada apenas quando os
rendimentos do filho, quando em vida, eram essenciais ao sustento básico do grupo familiar, especialmente quando os
pais não têm outro tipo de rendimento ou quando esse é escasso ou irrisório para a manutenção familiar.

Vê-se, assim, que a situação não é usual, não devendo a dependência econômica, portanto, ser
confundida com a mera ajuda esporádica ou com reforço esporádico do orçamento familiar.

Sobre o tema, o TRF da 1ª Região já teve oportunidade de fixar entendimento no mesmo sentido do ora
exposto:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. PENSÃO POR


MORTE. GENITORES. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃO COMPROVADA. NECESSIDADE
DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. PROVA TESTEMUNHAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.
1. O benefício de pensão por morte pressupõe: a) óbito do instituidor que mantinha a condição de
segurado; b) qualidade de dependente; e c) dependência econômica.
2. Tratando-se de pensão por morte requerida pelos genitores do falecido, necessária se faz a
comprovação da dependência econômica deste em relação àqueles.
3. Não restou demonstrada a efetiva dependência econômica dos impetrantes em relação a seu
filho
4. Segundo jurisprudência desta Corte “A comprovação da real dependência econômica dos pais
em relação aos filhos não se confunde com o esporádico reforço orçamentário e tampouco com a
mera ajuda de manutenção familiar, não tendo a autora se desincumbido satisfatoriamente, de
forma extreme de dúvidas, de comprovar que era dependente econômica de seu falecido filho”
(AC 1998.38.00.029737-8/MG, Rel. Desembargador Federal Carlos Moreira Alves, Conv. Juiz
Federal Iran Velasco Nascimento (conv.), Segunda Turma,e-DJF1 p.120 de 07/04/2008).
5. Direito líquido e certo, para fins de mandado de segurança, tem natureza processual, no
sentido de ser comprovado de plano, por prova documental. No caso, a matéria requer a dilação
probatória, inviável no procedimento escolhido.
6. Apelação e remessa oficial providas, para, reformando a sentença, denegar a segurança.
APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO N. 2004.38.00.007364-7/MG; 2ª Turma do TRF-1ª
Região;JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA; 4 de fevereiro de 2015.

Ademais, as Turmas Recursais de Minas Gerais já tiveram oportunidade de consolidar seu entendimento
na Súmula n. 47:

A mera cooperação nas despesas domésticas, por parte do filho que coabitava com os pais, não
torna estes dependentes econômicos daquele, para fins de recebimento de pensão por morte.

Outrossim, a alegação de dependência econômica dos pais em relação aos filhos deve ser afastada quando
resta comprovado que o filho falecido não vivia no mesmo endereço que os pais ou quando estes têm fonte própria de

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renda, constituindo os rendimentos do filho, quando em vida, mero reforço orçamentário.

3. DA LIDE CONCRETA

Como já dito, OLINDA MATTOS DE ALMEIDA (382.772.637-91) pretende o recebimento do benefício


previdenciário pensão por morte em razão do óbito de seu de seu filho AMANDIO LUIS DE ALMEIDA
TEIXEIRA, falecido em 22/08/2019.

O indeferimento do pedido de pensão por morte, realizado perante o INSS em 03/12/2019, registrado sob
o nº 193.945.316-7, se deu porque a parte autora não comprovou dependência econômica em relação ao filho falecido,
requisito indispensável nos termos do art. 16, §4º, da Lei 8.213/91.

Portanto, por diversos motivos, não há direito ao benefício pleiteado, devendo ser julgada improcedente
a demanda.

4. DOS PEDIDOS.

Por todo o exposto, requer:

a) que os pedidos autorais sejam julgados improcedentes;

Postula pela produção de todos os meios de prova admitidos e, na hipótese de ser designada audiência de
instrução e julgamento, requer o depoimento pessoal da parte autora.

Pede deferimento.

Vitória, 12 de junho de 2020.

PEDRO INOCÊNCIO BINDA


Procurador Federal
Matrícula 0049317

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