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AO DOUTO JUIZO DA VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA

DE SÃO PAULO - SP

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade,

sem ela tampouco a sociedade muda.”

Paulo Freire

VANESSA DE OLIVEIRA TELLES, brasileira, estudante,


solteira, inscrita no CPF Nº 384.343.908-76, e no RG Nº 356532197, residente no
endereço Rua Carlos dos Santos, Nº 1.040, bairro Jardim Brasil (Zona Norte), na
cidade de São Paulo -SP, CEP: 02.234-001, com e-mail: nessatelles@hotmail.com,
por seus procuradores que assinam ao final desta, devidamente munidos de
instrumento de mandato, vem à esse juízo propor:

AÇÃO DECLARATÓRIA c/c OBRIGAÇÃO DE FAZER, c/c PEDIDO DE


TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA

em desfavor de:

1. F.N.D.E. FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO


DA EDUCAÇÃO, e-mail: presidencia@fnde.gov.br, Telefone(s): (61) 2022-4806,
SBS QD. 02, BLOCO “F”, Edifício FNDE, 11ºAndar, Brasília – DF, CEP. 70070-
929; e Sua Diretoria De Gestão De Fundos E Benefícios – DIGEF, e-mail:
digef@fnde.gov.br, Telefone(s): (61) 2022-5192, Endereço: SBS QD. 02, Bloco “F”,
Edifício FNDE, 11º Andar, Brasília – DF, CEP. 70070-929
2. UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público
interno, representada pelo Procurador-Chefe da Advocacia Geral da União,
com sede no endereço situado na SIG, QD. 6, LT. 800, 3º Andar, Bairro Plano
Piloto, DF (CEP 70.610-460);

3. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, instituição financeira sob


forma de empresa pública, unipessoal, dotada de personalidade jurídica de
direito privado, criada pelo decreto lei nº. 759, de 12.08.1969, regendo-se
atualmente pelo dec. lei nº. 3.882 de 08.08.2001, publicado no diário oficial da
união em 09.08.2001, inscrita no Cnpj/mf sob o número 00.360.3005/0001-04,
com sede no setor bancário sul, quadra 4, lotes 3/4, em Brasília-DF;

4. UNIVERSIDADE SANTO AMARO – UNISA, por sua


mantenedora, OBRAS SOCIAIS E EDUCACIONAIS DE LUZ, inscrita no
CNPJ: 18.301.267.0001-84, com sede na Rua Isabel Schmidt, Nº 349, bairro Santo
Amaro na cidade de São Paulo – SP, CEP: 04.743.030, pelos fundamentos de fato
e de direito nos artigos de n° 23, V, 109, VIII da CF/88, 193,196,205,206,208 da
CF/88, seguir expostos:

I – PRELIMINARMENTE

I.1 - DA JUSTIÇA GRATUITA

Nos termos do artigo 98 do Código de Processo Civil, a


JUSTIÇA GRATUITA será concedida a qualquer brasileiro que não tenha
condições de arcar com as custas do processo sem prejuízo de sustento próprio
ou de sua família. Portanto a concessão da mesma, faz-se necessária uma vez
que há demonstrada insuficiência financeira da Autora. Tendo por base a
pontual descrição deste benefício no art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
à propriedade, nos termos seguintes: (...). LXXIV - o
Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
aos que comprovarem insuficiência de recursos.

A parte Requerente é estudante e dedica seu tempo


exclusivamente para os estudos, de maneira que não possui renda suficiente e
isso a impossibilita de pagar as custas processuais. Enquanto isso, sua renda
familiar se enquadra nos requisitos exigidos para o FIES, de maneira que não há
como pagar mais de R$ 6.000,00 de custas processuais sem prejuízo do sustento
de toda a família.

Assim, nos dias atuais, impossível arcar com as despesas


tamanhas de um processo.

Deste modo, requer pela concessão da gratuidade da justiça a


autora, dado que a mesma não pode arcar com as custas judiciais e honorários
advocatícios sem que isso prejudique seu sustento e de sua família.

Importante frisar que mesmo representado por advogado, faz


jus ao benefício da gratuidade da justiça, considerando a previsão do art. 99, §4º
do CPC, in verbis:

Art. 99. O pedido de gratuidade da


justiça pode ser formulado na petição
inicial, na contestação, na petição para
ingresso de terceiro no processo ou em
recurso(...)

(...)§ 4º A assistência do requerente por


advogado particular não impede a
concessão de gratuidade da justiça.

Assim, requer a concessão da gratuidade da Justiça.


I.2- DA LEGITIMIDADE DA PARTE RÉ

Antecipando-se a defesa, ressalta-se sobre a legitimidade do


polo passivo para integrar a presente demanda.

São legitimados para atuar no processo os sujeitos

titulares da relação jurídica de direito material deduzida pelo demandante.

O Primeiro Réu, Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação, é o agente operador do FIES, responsável em dispor do orçamento

para a contratação do financiamento.

É legitimado ainda mais se observar que ao agente

financeiro não usa orçamento próprio para disponibilizar o financiamento para

todos que procuram, e sim faz a operação financeira do dinheiro proveniente do

FUNDO.

Dessa forma, apesar de não ter responsabilidade sobre a

operação financeira, tem responsabilidade sobre o orçamento a ser utilizado

para a concessão do FIES.

A Caixa como agente financeira é quem efetiva a


contratação do FIES, de maneira que em uma decisão favorável também estaria
obrigada a cumpri-la, realizando a contratação do financiamento e responsável
pela operação financeira do FIES, sendo assim, é parte interessada na ação.

No que toca a legitimidade, a União é pertinente para


estar na presente demanda.

O MEC é ministério com natureza jurídica de órgão


administrativo que compõe a pessoa jurídica da União.

O MEC tem a função fundamental de operacionalizar as


inscrições, supervisionar a contratação, processar os recursos
administrativos e os chamados em relação aos erros que acontecem nas
fases do FIES, além
de, no caso de carência estendida e abatimento do FIES, deferir ou não de
forma administrativa os requerimentos.

Portanto, a União é parte na relação jurídica a que se


pretende compor.

Assim, a faculdade também fazendo parte da relação

jurídica ora pleiteada, isso é, configurando como parte também no contrato

de financiamento e no caso de concessão do financiamento por meio da

ação, deverá cumprir com o que será determinado por esse juízo.

Portanto, a faculdade ora ré, é legitima para compor essa

I.3 – DO JUÍZO 100% DIGITAL

A competência a esse juízo se adere 100% digital, para que


todos os atos processuais sejam praticados exclusivamente por meio eletrônico,
de modo que atende melhor aos interesses jurisdicionais.

Aprovação na Resolução CNJ 345/2020, dispõe o seguinte:


´´Art. 1º Autorizar a adoção, pelos tribunais, das medidas
necessárias à implementação do “Juízo 100% Digital” no
Poder Judiciário.
§1º No âmbito do “Juízo 100% Digital”, todos os atos
processuais serão exclusivamente praticados por meio
eletrônico e remoto por intermédio da rede mundial de
computadores. (redação dada pela Resolução n. 378, de
9.03.2021). ´´

Informa, assim, que o e-mail causídico é


advocaciamachadoecosta@gmail.com e o telefone é (62) 992344296.
II – DOS FATOS

A parte Requerente tem o sonho de continuar sua jornada


acadêmica no curso de medicina.

Contudo, sua família não tem grande renda, impossibilitando o


acesso a esse curso, uma vez que é extremamente concorrido em instituições
públicas e as instituições privadas cobram mensalidades altíssimas para que
possam cursar ali.

Para alcançar os seus estudos, a parte Requerente então se vê


necessitada do financiamento estudantil propiciado pelo Governo Federal.

Esclarece que a parte Autora não se encontra cursando, pois


não consegue sequer arcar com a despesa da matrícula na instituição de ensino.

Elucida-se também que o FIES quando a inscrição no programa


de financiamento possibilita aos alunos que coloquem como semestre letivo o
número “0”, que indica que o aluno irá começar na instituição de destino do
financiamento no semestre seguinte. De igual forma, requer seja aplicado o
mesmo raciocínio com a demanda, no caso de deferimento, que proporcione a
Requerente começar no próximo período letivo.

Por meios midiáticos, soube da possibilidade de Financiamento


Estudantil (FIES), almejando realizar a sua conquista de exercer a profissão tão
desejada, resolveu assim ingressar com a solicitação para a concessão de um
possível financiamento.

A Lei 10.260 possibilita o ingresso no programa de


financiamento desde que a pessoa preencha os requisitos mínimos, quais sejam:
possuir nota no ENEM – após o ano de 2010- acima de 450 pontos; não zerar a
pontuação referente a nota da redação no ENEM; possui renda familiar por
pessoa da família inferior a 3 salários mínimos.

Em verdade, a nota obtida no ENEM é de 668,16 no ENEM do


ano de 2016. Obteve nota na redação de 900 pontos.

A renda per capta da sua família é de R$ 1.763,74.

Valoroso ressaltar que, o núcleo familiar é composto pela


Requerente e sua irmã e suas rendas são respectivamente de R$ 3.527,48.
Acrescenta-se à dificuldade de que sem o Financiamento
Estudantil (FIES), a Requerente não possui recursos financeiros para ingressar e
se manter na faculdade de medicina. De modo que por mais que sua família se
esforce a renda se limita a muito pouco.

Vale ressaltar que cumpriu com os requisitos LEGAIS


necessários para a obtenção do financiamento.

Contudo, o MEC por meio das portarias de ingresso ao


Financiamento que ocorrem todo semestre que repete o conteúdo da portaria de
nº 535, estabelece critérios além dos previstos em LEI.

Isso é, o MEC cria restrições ao direito ao financiamento por


meio de Portarias, conforme se argumentará em tópico específico, criando
normas que estão sobrepondo a LEI FEDERAL de regência do financiamento.

Não se pode admitir tamanha irregularidade e que o MEC


inove no ordenamento jurídico, com a restrição a Direito por meio de um ato
secundário, portaria.

Tendo isso em vista é que vem se socorrer no Poder Judiciário


para que tenha seus direitos protegidos.

II - DO DIREITO

II. 1 - DO DESVIRTUAMENTO DO OBJETIVO DO PROGRAMA DE


FINANCIAMENTO - QUEBRA DO PRINCÍPIO DA ISONOMIA

O programa de financiamento estudantil tem por objetivo


atender estudantes que não possuem condições financeiras para custear gastos
nas instituições de ensino superior, assegurando o ingresso e a permanência
daqueles que almejam conquistar a graduação.

Apesar de preencher todos os requisitos, com a exigência de


nota superior à do último candidato e com as pouquíssimas vagas que são
oferecidas
pelas instituições de ensino superior particular para o FIES, não consegue ficar
entre os selecionados pelo programa.

Sabe-se que o programa de financiamento ofertado pelo


governo federal - FIES- tem restringido cada vez mais o acesso ao
financiamento.

Ao invés de ofertar para todos aqueles que desejam cursar


ensino superior e não têm condições de pagar com as mensalidades altas, o
MEC por meio de portarias restringe o acesso dos alunos.

O FIES, que é uma política pública para aqueles são as


populações mais carentes, atualmente, não atinge seu objetivo precípuo, pois
limita o acesso de alunos. Não atinge a função social a que se propõe.

Essa concorrência a uma política pública é totalmente na


contramão dos objetivos do Estado de Direito escrito na Carta da República de
1988, a tornando uma Constituição meramente nominativa, uma vez que deixa
de concretizar acesso à educação, direito previsto e tratado inúmeras vezes pelo
Constituinte.

Não bastasse a concorrência ao financiamento, as faculdades


destinam POUQUÍSSIMAS vagas para o FIES, colocar alunos no final da fila,
não os deixa concorrer a uma vaga na faculdade. Em turmas de 110 alunos por
semestre, as faculdades chegam a destinar apenas uma ou duas vagas para
alunos pelo sistema seletivo do FIES.

Os alunos que queiram FIES precisam ficar com nota no ENEM


superior ao último candidato aprovado. Veja, a parte Requerente tem nota
superior a vários alunos da instituição ora ré.

Resta clara a violação ao princípio da isonomia uma vez que


maximiza que “devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na
medida de sua desigualdade”.

Assim, não conceder o financiamento estudantil à parte autora


contraria o objetivo do programa social, que é ajudar estudantes universitários
carentes de universidades particulares para o custeio de seus estudos.

O ato de impor desempenho mínimo para se obter o Fies


afronta, portanto, o princípio da hierarquia das leis, estando eivado de
nulidade, uma
vez que suprime direito assegurado ao estudante em norma superior (Lei n.
10.260/2001).

Vale destacar o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

"O ato administrativo, no Estado Democrático de


Direito, está subordinado ao princípio da legalidade ( CF/88, arts.
5º, II, 37, caput, 84, IV), o que equivale assentar que a
Administração só pode atuar de acordo com o que a lei determina.
Desta sorte, ao expedir um ato que tem por finalidade
regulamentar a lei (decreto, regulamento, instrução, portaria, etc.),
não pode a Administração inovar na ordem jurídica, impondo
obrigações ou limitações a direitos de terceiros." (REsp n.º
584.798/PE, 1ª T/STJ, rel. Min. Luiz Fux, DJ 04/11/2004, ementa
parcial)

Isso porque o MEC publicou portaria de nº 535 de 2020 em que


acrescenta mais critérios ainda a possibilidade de ter o FIES, uma vez que exige
nota para que fosse concedido o financiamento ao aluno. Isso é, para ter acesso
a uma ou duas vagas, o aluno deverá concorrer com todo o Brasil para ter seu
curso financiado.

As portarias do MEC que criam RESTRIÇÕES A DIREITO


que prevê a limitação em razão da nota se mostra ILEGAL E
INCONSTITUCIONAL, PELA APRONTA AO ART. 37 DA CF.

É dever do Estado Constitucional ofertar aos cidadãos ensino


superior de qualidade. Contudo, as Universidades Federais recebem
pouquíssimo investimento do Governo Federal, de maneira que não as
possibilitam ofertar vagas para todos aqueles que desejam ingressar no ensino
superior.

Para ingressar nessas faculdades, é preciso que o aluno tenha se


dedicado com excelência no ensino básico, médio e fundamental, de forma que
se destacando alcançará os melhores intelectos e as vagas das melhores
universidades. Isso necessita de uma renda familiar superior ao que é exigida
pelo programa do FIES, uma vez que as escolas particulares que fornecem a
excelência no ensino.
Sabendo disso, a República Federativa sequer oferece colégios
de qualidade para aqueles que mais precisam do apoio do Estado, deixando-os
a própria sorte.

Apesar de haver políticas de incentivo, como cotas sociais, as


vagas que são destinadas pelo ensino superior em universidades federais são
preenchidas em sua grande maioria por pessoas que sequer precisariam delas
para concluir seus estudos, isso é, em sua maioria são pessoas que cresceram
em berços de ouro e tiveram excelente base em colégios particulares caríssimos.

Na vã tentativa de resolver o imbróglio, o Estado Brasileiro


delega aos particulares a função educacional. Assim, universidades particulares
são as portas de entradas de inúmeros brasileiros de classes menos favorecidas
ao ensino de 3º grau.

Contudo, esses brasileiros não têm condições de pagar as


faculdades que lhe são ofertadas, ficando de novo a mercê da própria sorte.

Novamente, o Estado Brasileiro oferta financiamento estudantil


e bolsas de estudo por meio dos programas FIES e PROUNI.

Mas são grupos extremamente seletos que conseguem alcançar


êxito nesses programas ofertados.

Isso porque, para ter acesso a tais, o aluno precisa se sair bem
no ENEM, que depende de um resultado de um ensino de qualidade nos
ensinos básicos, fundamental e médio, o que, novamente não é oferecido pelo
Estado Brasileiro.

Veja que aqueles menos favorecidos, como no caso da parte


Requerente, encontram-se em uma verdadeira sinuca de bico, medindo esforços
sem tamanhos para conseguir vencer esse círculo vicioso que lhes é posto.

Para o pobre, só resta sentar e ver as pessoas de classes sociais


diferentes ganharem cada vez mais, crescer cada vez mais, sem que lhe seja
ofertado também esse direito.

Nesse sentir, até mesmo os financiamentos que são ofertados


para aqueles que são os menos favorecidos da sociedade, acabam ficando com
aqueles mais prestigiados que tiveram a oportunidade de um ensino médio de
qualidade, via de regra, em escolas particulares.
II.2 - DA DESNECESSIDADE DE PREVISÃO
ORÇAMENTÁRIA E APLICAÇÃO DA TEORIA DO MÍNIMO
EXISTENCIAL

Menciona-se, que não se pede que o Estado arque com a


faculdade. O que se pede é a oportunidade de um empréstimo, de um
financiamento. NÃO HAVERÁ NENHUM PREJUÍZO AO ERÁRIO, de forma
que a argumentação rasa de que há necessidade de previsão orçamentária para
a concessão de uma política pública não deve prosperar.

O FIES tem natureza jurídica de FOMENTO à educação. Como


fomento presta-se um serviço público de incentivo a educação. Assim como um
hospital, uma concessionária de energia elétrica, o FIES presta um serviço
público à população de fomento.

Se contrata o serviço de financiamento do curso, para ao final


pagar à Administração Pública, com valores atualizados e com juros baixos.
Assim como o BNDS não pode negar acesso ao seu crédito para aqueles que
preenchem os requisitos, o FIES, que busca a concessão não só de crédito como
de acesso à Educação, não pode. Isso porque, os requisitos legais foram
devidamente preenchidos pelo Requerente, havendo restrições a direito por
meio de portarias.

E, assim como a saúde, o Estado não pode se limitar a alegar a


Teoria da Reserva do Possível, com a falta de orçamento entre outros
argumentos rasos, pois o fornecimento da Educação é amparado pela Teoria do
Mínimo Existencial. Sem o acesso a esse Direito, não se tem vida plena, com
dignidade.

Isso porque o próprio constituinte assevera no art. 205 que com


a Educação é o meio para exercício pleno da cidadania e forma de qualificação
para o trabalho.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do


Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Veja que a cidadania e os valores sociais do trabalho é


OBJETIVO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, senão vejamos:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela


união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Assim como a saúde, para se viver bem é preciso ter educação.


Assim como uma cirurgia, se necessita de cursar uma faculdade. Assim como
remédio, se precisa estar em uma graduação.

Repita-se.

Menciona-se, que não se pede que o Estado arque com a


faculdade. O que se pede é a oportunidade de um empréstimo, de um
financiamento.

Ainda, não se solicita o financiamento na melhor e mais cara


faculdade de medicina do país. Faculdades de medicina podem chegar a custar
R$ 15.000,00 por mês. O contrato que a Requerente firmou é de menos da
metade desse valor.

Imperioso se faz a análise que não existe um pré-requisito


estabelecido onde versa que apenas o estudante com as notas mais altas
podem requerer o financiamento na LEI. Pelo contrário. A Legislação
pertinente estabelece apenas uma nota mínima de 450 pontos.
Assim sendo, as regras atuais que limitam, impossibilitando ou
discriminando que os estudantes e restringem o acesso ao financiamento
estudantil configura redução indevida ao direito anteriormente conquistado
que ao fim e ao cabo visa concretizar o pleno acesso à educação.

Sobre esse princípio da igualdade dos usuários, determina-se


que caso a pessoa satisfaça as condições legais, ela faz jus à prestação do
serviço, sem qualquer distinção de caráter pessoal.

Cristalino o entendimento que o FIES foi criado com o objetivo,


de dar efetividade ao direito à educação, previsto no art. 205, da Carta Magna,
e, por sua vez, a conduta das rés fere o direito fundamental à educação, no que
concerne ao ensino superior, na medida em que cria óbices à continuidade dos
estudos da Requerente.

III.3 - DA ILEGALIDADE E
INCONSTITUCIONALIDADE DAS PORTARIAS DE
REGÊNCIA DO FIES - Portaria Normativa do MEC n. 38, de 22 de
janeiro de 2021 - E DA PORTARIA N º 535 DO MEC DE 12 DE
JUNHO DE 2020
Como dito anteriormente, com a portaria do MEC de nº 535, de
12 de junho de 2020, exige-se não só a nota mínima do ENEM de 450 pontos -
essa prevista em lei - como também nota igual ou superior àquela obtida pelo
último estudante selecionado para as vagas do Fies na IES de destino.

A Lei n. 10.260/2001 que rege o programa de financiamento -


FIES- não determina nenhum requisito relacionado a desempenho mínimo
acima de candidatos anteriores ao financiamento.

A nota de corte do fies está prevista na Portaria Normativa do


MEC n. 38, de 22 de janeiro de 2021, que regulamenta o processo seletivo do
Fies e dispõe:
Art. 17. Encerrado o período de inscrição, em
cumprimento ao disposto no § 6º do art. 1º da Lei nº 10.260, de 2001, e os
limites de vagas, os candidatos serão classificados nos termos informados no
Edital SESu, observada a seguinte sequência: [...]

Art. 18. O candidato será pré-selecionado na ordem de


sua classificação, nos termos do art. 17, observado o limite de vagas
disponíveis, conforme as definições, os procedimentos e os prazos previstos
no Edital SESu.

No mesmo sentido, dispõe o edital n. 79, de 18 de julho de 2022,


que rege o processo seletivo do Fies referente ao segundo semestre de 2022:

3. DA CLASSIFICAÇÃO

3.1. Observadas as opções realizadas na inscrição e os


limites de vagas por grupo de preferência por curso/turno/local de
oferta/IES, os CANDIDATOS serão classificados no processo seletivo do
Fies, na ordem decrescente de acordo com as notas obtidas no Enem, no
grupo de preferência para o qual se inscreveram, atendida a prioridade
indicada entre as 3 (três) opções de curso/turno/local de oferta/IES
escolhidas, observada a sequência disposta no § 6º do art. 1º da Lei nº 10.260,
de 2001: [...]

3.1.1. A nota de que trata o subitem 3.1 será igual à média


aritmética das notas obtidas nas cinco provas do Enem em cuja edição o
CANDIDATO tenha obtido a maior média.

A Portaria do MEC impõe restrições que não constam na lei que


rege o Fies. Isso é, o MEC impõe restrição a direito por meio de ato secundário,
que não deve prevalecer sobre a LEI.

É evidente que não se nega à União o exercício do seu Dever-


Poder Regulamentar (Normativo).

O poder normativo tem o escopo de facilitar a compreensão do


texto legal. Os seus atos são SEMPRE inferiores a lei e visam regulamentar
determinada situação de caráter geral e abstrato pois facilitam a execução da lei.
O PODER NORMATIVO NÃO PODE INOVAR NO
ORDENAMENTO JURÍDICO. Não é ato primário, e não pode criar ou extinguir
direitos e obrigações (COMO VEM FAZENDO EM RELAÇÃO AO FIES).

Assim, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo


senão em virtude de LEI, conforme assegurado pelo texto constitucional.

Dessa forma, o Poder Regulamentar não pode RESTRINGIR


DIREITOS, pois estaria desobrigando a Administração Pública a contemplar
aqueles que necessitam a ter acesso ao FIES.

III. 3 - DO NÃO PREENCHIMENTO DAS VAGAS E


NÃO ESTABEELCIMENTO DO PONTO DE
CORTE

Veja ainda que as vagas nunca são completamente


preenchidas. Não há como definir um ponto de corte com o último aluno
colocado, pois não existe essa figura.

Existe vacância nas vagas do FIES, de maneira que não


haveria como cortar alunos por meio da nota, uma vez que não há, em sua
maioria, o último aluno que preencha a última vaga disponível.

Em pesquisa realiza no site da Associação Brasileira das


Mantenedoras das Faculdades (Abrafi). Obtém-se as informações sobre a
quantidade de vagas ofertadas e pouco preenchidas, há de se verificar a
capacidade de atender uma grande demanda de alunos que pretendem
ingressar nas Instituições de Ensino.
Extraído de https://abmes.org.br/noticias/detalhe/4608/diante-
de-vagas-ociosas-fies-tera-orcamento-35-menor-para-2022 (acessado em
29/04/2022)

Estima-se que os recursos destinados ao Fundo de


Financiamento Estudantil para esse ano serão de R$ 5,53 bilhões.

Ao prever esse montante para 2022, o governo federal já


considera que parte das 111 mil vagas a serem disponibilizadas neste ano não
serão preenchidas - seguindo um padrão que já vem de anos anteriores.

Isso significa uma grande oferta de vagas a serem utilizadas, e


para tanto entende-se que há interesse por parte do Governo brasileiro em
investir de forma direta em educação.
Ressalta-se que sem o preenchimento das vagas destinadas ao
FIES, não haveria como estabelecer uma nota de corte pelo o último colocado
na última vaga disponível, ficando esse critério defasado e sem validade.

Importa informar que não se solicita o financiamento na melhor


e mais cara faculdade de medicina do país. Faculdades de medicina podem
chegar a custar R$ 15.000,00 por mês. O contrato que a parte Requerente
pretende firmar é de menos da metade desse valor.

Imperioso se faz a análise que não existe um pré-requisito


estabelecido onde versa que apenas o estudante com as notas mais altas
podem requerer o financiamento na LEI. Pelo contrário. A Legislação
pertinente estabelece apenas uma nota mínima de 450 pontos.

Assim sendo, as regras atuais que limitam, impossibilitando ou


discriminando que os estudantes e restringem o acesso ao financiamento
estudantil configura redução indevida ao direito anteriormente conquistado
que ao fim e ao cabo visa concretizar o pleno acesso à educação.

São regras, a bem da verdade, de exclusão daqueles alunos


que mais precisam do FIES para acesso do 3° grau de ensino. Alunos de
famílias carentes, que não tiveram acesso ao um bom ensino básico e não
conseguiram alcançar as melhores notas no ENEM pelo fracasso no ensino
público brasileiro.

III.4. DA INCONSTITUCIONALIDADE DA PORTARIA Nº 38 DE


REGÊNCIA DOS PROCESSOS SELETIVOS, DO EDITAL DO
PROCESSO SELETIVO DE 2022.2 E DA PORTARIA Nº 535 DO MEC

Educação é direito social previsto no art. 6º da Carta da


República:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.

Assim como a saúde, a alimentação, o trabalho entre tantos


outros, a educação é um direito social elencado na Constituição Federal de 1988.

A Lei de Diretrizes nº 9.497 estabelece em seus primeiros artigos


que a educação é dever do Estado, e tem finalidade de pleno exercício da
cidadania e a qualificação para o trabalho:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado,


inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos


seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência


na escola;

O artigo 3º da Lei de Diretrizes garante o acesso igualitário. O


que não tem acontecido no caso em comento, uma vez que por ter graduação e
o FIES disponibilizar pouco acesso, a Requerente não fica entre os colocados do
FIES, mesmo tendo nota suficiente para tanto.

Referido artigo tem base no art. 206 da Constituição Federal que


assim verbera:

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos


seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e


permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
divulgar o pensamento, a arte e o saber;

Para tanto, foi criado o financiamento do ensino superior pelo


Estado, direcionado ao estudante carente ou temporariamente impossibilitado
de custear sua educação, com o intuito de facilitar o seu acesso ao ensino
superior nas universidades particulares.

Trata-se do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino


Superior (FIES), instituído pela Medida Provisória nº 1827/99, que após várias
reedições e alterações de numeração, até a MP nº 2094-28, de 13-06-01 foi
regulado por medida provisória, sendo que a partir de julho de 2001, passou a
ser disciplinado pela Lei nº 10.260, de 12/07/2001.

A parte Autora, por norma de eficácia plena da Constituição


Federal, tem DIREITO à liberdade de aprender.

Essa liberdade também engloba o ensino superior, devendo ter


acesso a esse ensino quantas vezes se fazer necessário para que haja plenitude
no exercício da cidadania e da dignidade da pessoa humana.

É INCONSTITUCIONAL, pois limita o acesso a educação e


confronta com o que determina o art. 205 e seguintes da Constituição Federal:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do


Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios organizarão em regime de colaboração
seus sistemas de ensino.

§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e


o dos Territórios, financiará as instituições de ensino
públicas federais e exercerá, em matéria educacional,
função redistributiva e supletiva, de forma a garantir
equalização de oportunidades educacionais e padrão
mínimo de qualidade do ensino mediante assistência
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios;

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de


educação, de duração decenal, com o objetivo de
articular o sistema nacional de educação em regime de
colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e
estratégias de implementação para assegurar a
manutenção e desenvolvimento do ensino em seus
diversos níveis, etapas e modalidades por meio de
ações integradas dos poderes públicos das diferentes
esferas federativas que conduzam a: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar;

III - melhoria da qualidade do ensino;

IV - formação para o trabalho;

V - promoção humanística, científica e tecnológica do


País.

VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos


públicos em educação como proporção do produto
interno bruto.

O acesso ao fomento deve ser universalizado, de forma que


poderá garantir o acesso a universal a educação. A educação não é só um
direito social como também UM DEVER DO ESTADO. E se o FIES é a única
forma de muitos estudarem no ensino superior, esse é o DEVER DO
ESTADO.

De igual forma, desde a promulgação da Constituição de 1988


que se atribuiu responsabilidade ao Governo Federal de fazer meios para
equalizar o acesso à educação.
O FIES era para todos antes de 2017. O antigo FIES não criava
empecilhos esdrúxulos e nem mesmo afastava a educação dos mais carentes.

Depois de 2017, o FIES não cumpre com a função do Estado de


fornecer a educação e muito menos de equalizar o acesso a essa.

Não se pode admitir o RETROCESSO SOCIAL.

Por vários anos o Governo Federal visou a educação de todos. E


após uma série de fatores políticos se vem retrocedendo em diversas áreas:
como no Direito Ambiental, como na Saúde e na Educação.

Ainda, NA CONTRAMÃO DA CONSTIUIÇÃO FEDERAL, o


MEC estabeleceu a portaria de nº 535 em que determina como requisito estar
acima da menor nota da instituição para as vagas que destinam o FIES.

Como dito acima, a limitação em razão da nota impossibilita o


acesso à educação daqueles que mais precisam, pois aqueles que tiram as
melhores notas foram, em regra, os que mais tiveram oportunidade de ensino,
até mesmo em escolas particulares.

Em razão do descaso com a educação básica, ensino médio e


fundamental, do Estado Brasileiro em suas três esferas administrativas, aqueles
que mais precisam de acesso à educação para haver uma mudança de vida não
têm acesso a qualquer ensino de qualidade.

Por estar em desconformidade com a Constituição Federal, o


art. 1, º§6 editado pela Lei 13.530 de 2017 e a portaria 535 do MEC nascem nulos
de pleno Direito, não podendo produzir efeitos.

Não há que alegar que sendo uma política pública não dá


para fornecer a todos.

Educação é direito social previsto no art. 6º da Carta da


República assim como a saúde.

Aqui, Excelência, com a máxima Vênia, trago uma reflexão para


que possamos ter empatia pelo próximo, pois tanto eu, quanto Vossa Excelência
não teríamos condições de exercer nossas profissões se não tivéssemos acesso à
educação.
Ambos sabemos das dificuldades e percalços que temos no
caminho até o tão sonhado momento da graduação e, mais ainda, o momento
em que temos o privilégio de exercer nossas profissões.

E é exatamente isso que o Requerente pleiteia: uma


possibilidade de poder trabalhar com o que realmente ama e tem afinidade.

Chega às raias do absurdo imaginarmos que o Governo gasta


bilhões com fundos partidários, mas em época de campanha é sempre a
mesma coisa: prometem educação, mas nunca cumprem, razão esta que o
Autor bate nas portas do Judiciário

III. 5 - DA OFERTA DE VAGAS

A oferta de vagas das universidades é estabelecida nas


portarias que regem cada processo seletivo. Via de regra, têm a seguinte
redação:

§ 3º A mantenedora, ao apresentar proposta de vagas para


suas IES, nos termos do inciso IV do caput, deverá observar
o seguinte:

I - caso informe que haverá a realização de processo seletivo


próprio para ingresso de candidatos em período inicial dos
cursos no segundo semestre de 2021, poderá ofertar vagas
tanto aos candidatos em período inicial de cursos como aos
demais candidatos veteranos; e

II - caso informe que não haverá a realização de processo


seletivo próprio para ingresso de candidatos em período
inicial dos cursos no segundo semestre de 2021, somente
poderá ofertar vagas aos candidatos veteranos.

§ 4º A proposta do número de vagas a serem ofertadas, nos


termos do inciso IV do caput, deverá considerar o número
de vagas anuais ofertadas, conforme distribuição por curso e
turno no Cadastro e-MEC; o número de matriculados na
condição de ingressante que tenham contratado
financiamento pelo Fies no primeiro semestre de 2021; a
estimativa do número de matrícula dos estudantes
ingressantes no primeiro semestre de 2021 e o número de
estudantes que tiveram sua inscrição postergada para o
segundo semestre de 2021, respeitados os seguintes
percentuais, de acordo com o conceito do curso obtido no
âmbito do Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior - Sinaes:

I - até 50% do número de vagas para cursos com conceito


cinco;

II -até 40% do número de vagas para cursos com conceito


quatro;

III -até 30% do número de vagas para cursos com conceito


três; e

IV -até 25% do número de vagas para cursos cujos atos


regulatórios mais recentes sejam "Autorização".

§ 5º A mantenedora poderá declarar, indicando a


quantidade de vagas, se concorda em receber maior número
de candidatos, para além dos limites informados nos incisos
I a IV do § 4º deste artigo, obedecido, em qualquer caso, o
limite de vagas totais anuais do curso constante de seu ato
autorizativo.

§ 6º Na hipótese da utilização da prerrogativa do § 5º deste


artigo, as vagas adicionais serão desconsideradas para fins
da distribuição de vagas pela Secretaria de Educação
Superior do MEC, nos termos do art. 13 desta Portaria, mas
deverão ser consideradas para fins de ocupação de vagas no
processo seletivo de que trata esta Portaria.

Observe que as instituições de ensino superior devem


realizar proposta de quantidade de vagas a ser ofertadas pelo FIES.

Essas instituições devem se ater ao que dispõe o §4º do texto


do 5º da portaria.

Ali se prevê o máximo de vagas que podem ofertar, de


acordo com a nota da IES na avaliação do MEC.
Contudo, não ofertam sequer 10% das vagas do curso para
os alunos.

Ora, têm autonomia didático-administrativa para se


vincularem ao programa de financiamento. Mas a partir do momento que assim
fazem, A BOA-FÉ, o que a sociedade, o Estado e todos esperam é que ofertem a
quantidade de vagas suficientes para que se todos os que não podem tem
acesso à instituição no percentual estabelecido na portaria.

O Estado proporciona para essas Universidades uma


quantidade de acesso de alunos que buscarão o FIES, dando preferência a elas.

Mas em contrapartida, essas universidades devem oferecer


vagas suficientes para os alunos do FIES.

As restrições do FIES e a quantidade de vagas tem sido tão


poucas que viram notícias nos veículos de informação:

https://www.poder360.com.br/educacao/fies-e-desidratado-e-tera-em-2021-
menor-numero-de-vagas-em-11-anos/

https://noticias.r7.com/educacao/fies-2021-oferece-69-mil-vagas-neste-segundo-
semestre-26072021

Observe que novamente o Estado e as Faculdades estão


agindo ao encontro do que se espera de uma sociedade que está evoluindo,
retrocedendo na quantidade de vagas ofertadas para o ensino superior.

Dessa forma, ao ofertarem 5 vagas para cursos que


disponibilizam 100 vagas de alunos que não utilizam o FIES, a faculdade não
está exercendo a função social a que se propõe, desvirtuando também a função
social do contrato que têm com o FIES.

Dessa maneira, estando dentro dos limites estabelecidos de


até 50% das vagas a serem ofertadas pelos alunos do FIES, requer a abertura de
vaga para o Requerente na instituição ora 4ª Requerida.
III – DA TUTELA DE URGÊNCIA

Destarte tem-se comprovado de forma evidente todos os


Direitos do Requerente para que possa lograr êxito na tutela de urgência, a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

A PROBABILIDADE DO DIREITO resta comprovada com a


situação narrada, em que demonstra ser direito do aluno requerente ter seu
financiamento estudantil aprovado pela parte ré.

O PERIGO DA DEMORA reside no fato de que O


SEMESTRE LETIVO JÁ SE INICIOU e caso a autora não consiga o
financiamento, terá que abandonar seu curso e ficará com dívida praticamente
impagável o que evidencia a necessidade da concessão da medida liminar,
ora pleiteada, INAUDITA ALTERA PARS, tendo em vista a
imprescindibilidade da realização das matrículas da impetrante nas
disciplinas aqui pleiteadas.

Assim, a concessão da medida liminar, INAUDITA ALTERA


PARS, é medida que se impõe. Cumprido não apenas dois, mas os três
requisitos, não há razão para negar o direito aqui pleiteado.

Por derradeiro, requer a Vossa Excelência a concessão da


tutela de urgência, para que a parte ré conceda o financiamento estudantil pelo
programa FIES, sob pena de aplicação de multa diária no valor R$ 1.100,00 (um
mil e cem reais), em caso de descumprimento.

V - DOS PRECEDENTES DESSA CORTE

Destaca-se por fim o precedente dessa corte que concedeu,


em conformidade com as argumentações apostas acima, o direito do aluno ao
financiamento estudantil.
Em Agravo de Instrumento de nº 1032349-05.2022.4.01.000,
o Douto Juízo daquele recurso, Desembargador ANTONIO DE SOUZA
PRUDENTE, em decisão recente no dia 13/09/2022, concedeu a antecipação dos
efeitos da tutela para dar àquele aluno o direito a contratação e concessão do
financiamento estudantil FIES.

Senão vejamos suas fundamentações:

Não obstante os fundamentos em que se


amparou a decisão agravada, vejo presentes, na espécie, os
pressupostos do art. 1019, I, do CPC, a ensejar a concessão
da almejada antecipação da tutela recursal, notadamente em
face do seu caráter manifestamente precautivo e, por isso,
compatível com a tutela cautelar do agravo, manifestada nas
letras e na inteligência do referido dispositivo legal, de
forma a possibilitar a formalização de novos contratos de
financiamento estudantil e assegurar, por conseguinte, o
pleno acesso ao ensino superior, como garantia fundamental
assegurada em nossa Constituição Federal, na determinação
cogente e de eficácia imediata (CF, art. 5º, § 1º), no sentido
de que “a educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho” (CF, art. 205).

Ademais, impende consignar que o


mencionado Fundo de Financiamento ao Estudante do
Ensino Superior – FIES foi criado pela Lei nº 10.260/2001,
posteriormente modificada, que, em seu art. 1º, assim
estabelece:

Art.1º É instituído, nos termos desta Lei, o Fundo de


Financiamento Estudantil (Fies), de natureza contábil,
vinculado ao Ministério da Educação, destinado à
concessão de financiamento a estudantes de cursos
superiores, na modalidade presencial ou a distância,
não gratuitos e com avaliação positiva nos processos
conduzidos pelo Ministério, de acordo com
regulamentação própria.

§ 1º O financiamento de que trata o caput deste artigo


poderá beneficiar estudantes matriculados em cursos
da educação profissional, técnica e tecnológica, e em
programas de mestrado e doutorado com avaliação
positiva, desde que haja disponibilidade de recursos,
nos termos do que for aprovado pelo Comitê Gestor
do Fundo de Financiamento Estudantil (CG-Fies)

(...)

§ 6º O financiamento com recursos do Fies será


destinado prioritariamente a estudantes que não
tenham concluído o ensino superior e não tenham sido
beneficiados pelo financiamento estudantil, vedada a
concessão de novo financiamento a estudante em
período de utilização de financiamento pelo Fies ou
que não tenha quitado financiamento anterior pelo
Fies ou pelo Programa de Crédito Educativo, de que
trata a Lei no 8.436, de 25 de junho de 1992.

Por sua vez, estabelece o art. 15-D, caput, da


referida Lei, com a redação dada pela Lei nº 13.530- 2017,
que “é instituído, nos termos desta Lei, o Programa de
Financiamento Estudantil, destinado à concessão de
financiamento a estudantes em cursos superiores não
gratuitos, com avaliação positiva nos processos
conduzidos pelo Ministério da Educação, de acordo
com regulamentação própria, e que também tratará
das faixas de renda abrangidas por essa modalidade
do Fies”.

Da leitura dos dispositivos legais em


referência, verifica-se que, efetivamente, não se vislumbra,
dentre as condições legalmente estabelecidas, a exigência de
que o aluno tenha sido submetido ao Exame Nacional de
Ensino Médio – ENEM, nem, tampouco, que tenha obtido a
média mínima exigida nos atos normativos hostilizados nos
presentes autos.
É bem verdade que o art. 3º da referida Lei nº
10.260/2011, estabelece que a gestão do FIES caberá ao
Ministério da Educação, que editará regulamento dispondo
sobre “as regras de seleção de estudantes a serem
financiados, devendo ser considerados a renda
familiar per capita, proporcional ao valor do encargo
educacional do curso pretendido, e outros requisitos,
bem como as regras de oferta de vagas”.

De ver-se, porém, que, os tais “outros


requisitos” a que se reporta o dispositivo legal em
referência, não podem extrapolar os limites estabelecidos
pela própria Lei de criação do FIES, como no caso, sob pena
de violação ao princípio da legalidade, segundo o qual,
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei” (CF, art. 5º,
inciso II), mormente em face da finalidade precípua do
financiamento estudantil em referência, que consiste em
propiciar, sem qualquer limitação, o livre acesso ao ensino
superior, sintonizando-se, com o exercício do direito
constitucional à educação (CF, art. 205) e com a expectativa
de futuro retorno intelectual em proveito da nação, que há de
prevalecer sobre formalismos eventualmente inibidores e
desestimuladores do potencial científico daí decorrente.

***

Com estas considerações, defiro o pedido de


antecipação da tutela recursal formulado na inicial, para
assegurar à autora o direito à formalização do contrato de
financiamento estudantil, com recursos do FIES,
relativamente ao curso superior em que se encontra
matriculada, independentemente das restrições descritas nos
autos, até o pronunciamento definitivo da Turma julgadora.

Comunique-se, com urgência, via e-mail, aos


Srs. Presidentes da Caixa Econômica Federal e do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, para
fins de cumprimento desta decisão mandamental,
cientificando-se, também, ao juízo
monocrático, na dimensão eficacial do art. 1.008 do CPC.

Intimem-se os recorridos, nos termos e para as


finalidades do art. 1.019, II, do referido diploma legal,
abrindo-se vistas, após, à douta Procuradoria Regional da
República.

Publique-se. Intimem-se.

Brasília-DF., em 13 de setembro de 2022.

Desembargador Federal Souza Prudente

Relator

Veja que houve a concessão do FIES em razão de que a


portaria não pode sobrepor a LEI, o que requer, por isonomia, seja aplicado ao
caso em comento.

VI - DOS PEDIDOS

Ex positis, requer:

a) A concessão da tutela antecipada de urgência inaudita altera


pars :

a.1) para suspender os efeitos dos artigos 17 e 18 da Portaria do


MEC n. 38, de 22 de janeiro de 2021, bem como o item 3 do edital n. 79, de 18 de
julho de 2022, que rege o processo seletivo do Fies referente ao segundo
semestre de 2022, uma vez que alteram a legislação do Fies para evitar a fruição
do direito à educação, previsto na Constituição Federal.

a.2) para que a parte ré proceda à matricula do aluno no


programa de financiamento estudantil – FIES, com a firmação de um contrato
de
financiamento que ampare todo o período acadêmico, até a colação de grau do
aluno ora parte Requerente, sob pena de multa diária a ser arbitrada por este D.
Juízo.

b) Ao final, sejam julgados procedentes os pedidos a fim de,


confirmando a tutela de urgência, julgar em juízo de certeza a realização da
emissão da DRI e da firmação do contrato de financiamento por meio do FIES,
com a disponibilidade de vaga na instituição ora 4ª Requerida até a colação de
grau da parte autora, contemplando com o financiamento limitado ao teto
estipulado de R$ 8.800,94 mensais;

c) Que se declare a INCONSTITUCIONALIDADE da Portaria


535 do MEC e das portarias de regência de n38 e dos editais dos processos
seletivos de cada semestre posteriores a essa, uma vez que estabelecem as
mesmas regras, pelos argumentos expostos acima;

d) Por estar dentro dos limites estabelecidos de até 50% (50, 40 e


30%) das vagas a serem ofertadas pelos alunos do FIES, requer a abertura de
vaga para a parte Requerente na instituição ora 4ª Requerida;

e) Concessão da assistência judiciária, por ser o autor pessoa


hipossuficiente no sentido jurídico do termo (Lei 1.060/50);

Pugna ainda pela produção de todas as provas em direito


admitidas, em especial prova documental suplementar;

Dá-se à causa o valor de R$ 840.000,00 por ser esse o valor


do curso de medicina (produto do valor do teto – R$ 10.000,00; por 14 períodos
– 12 períodos regulares e dois de extensões).

Termos em que

Pede deferimento

Data e assinatura eletrônica

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