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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

Escola de Direito
Programa de Práticas Sociojurídicas - PRASJUR

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA __UNIDADE


AVANÇADA DE ATENDIMENTO EM SÃO LEOPOLDO/RS

MARIA LUCIANA DA SILVA, brasileira, solteira, inscrita no CPF sob o n°


005.965.540-28 e no RG n°5083553742, residente e domiciliada na Rua Arco
Iris, n° 726, Bairro Arroio da Manteiga, em São Leopoldo/RS, CEP: 93195-
490, e-mail maludsilvasl@gmail.com, por seus procuradores, vem,
respeitosamente, à presença de V. Exa, para ajuizar:

AÇÃO DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO EMERGENCIAL


com pedido de tutela antecipada

em face da UNIÃO, pessoa jurídica de direito público, a ser citada na pessoa


do Procurador-Geral da União em Brasília-DF, pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos.

I. DOS FATOS

A autora requereu em 08/04/2020 o benefício auxílio emergencial, renda


destinada pelo Governo Federal às famílias de baixa renda devido à emergência de
saúde pública causada pelo coronavírus (Covid-19), na forma da Lei nº 13.982/2020, o
que foi indeferido pela ré sob justificativa de que a autora estava recebendo parcelas de
seguro-desemprego, e portanto não se enquadraria no critério de renda estabelecido pela
referida lei (tela de indeferimento anexa).

Em 24/04/2020 a autora requereu novamente o benefício, que foi novamente


indeferido, constando que a autora estaria recebendo as parcelas de seguro-
desemprego. Ocorre que o pagamento do seguro-desemprego cessou em 08/04/2020
(vide tela de consulta anexa), e desde então a autora permaneceu desempregada e sem

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perceber qualquer outra renda. No entanto, novamente o requerimento foi indeferido,


constando que a autora estaria recebendo as parcelas de seguro-desemprego.

Nessa senda, considerando o equívoco da parte ré ao indeferir o


requerimento de benefício assistencial à autora, bem como considerando que a autora se
enquadra em todos os requisitos para o recebimento do auxílio emergencial, e
considerando ainda o caráter alimentar da verba, não resta alternativa senão ajuizar a
presente demanda, visando a concessão do referido benefício.

II. DO DIREITO

Conforme narrado na exposição fática, a autora é encontra-se


desempregada, razão pela qual faz jus ao auxílio-emergencial no valor de R$600,00
(seiscentos reais), na forma instituída pela Lei nº 13.982/2020, como medida de
enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente
do coronavírus (Covid-19).

Art. 2º Durante o período de 3 (três) meses, a contar da publicação desta Lei, será
concedido auxílio emergencial no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais) mensais ao
trabalhador que cumpra cumulativamente os seguintes requisitos:

[...]

VI - que exerça atividade na condição de:

[...]

c) trabalhador informal, seja empregado, autônomo ou desempregado, de qualquer


natureza, inclusive o intermitente inativo, inscrito no Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal (CadÚnico) até 20 de março de 2020, ou que, nos termos
de autodeclaração, cumpra o requisito do inciso IV. (grifo nosso).

Com efeito, documentos anexos comprovam que a autora se enquadra nos


requisitos exigidos para concessão do benefício assistencial, exigidos pelo art. 2º da Lei
nº 13.982/2020, os quais devem ser cumpridos de forma cumulada. Isso porque a parte
ré analisou todos os requisitos do art. 2º, apontando como motivo de indeferimento
apenas a informação de recebimento de seguro-desemprego, conforme print da tela de
consulta ao requerimento no site Dataprev:

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Portanto, constata-se o cumprimento de todos os critérios de elegibilidade do


benefício, inclusive o não-recebimento de seguro-desemprego (cessado em 08/04/2020.
Cumpre salientar, no que tange ao pagamento do seguro-desemprego aos trabalhadores
dispensados sem justa causa, que o prazo máximo de pagamento da benesse é de cinco
meses, consoante dispõe o art. 4º da Lei nº 7.998/90, in verbis:

Art. 4o O benefício do seguro-desemprego será concedido ao trabalhador


desempregado, por período máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de forma
contínua ou alternada, a cada período aquisitivo, contados da data de dispensa que
deu origem à última habilitação, cuja duração será definida pelo Conselho
Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).

Outrossim, para novo recebimento do seguro-desemprego seria necessário o


cumprimento dos períodos elencados pelo art. 3º, inciso I, alíneas a, b, e c, que variam de
seis a doze meses trabalhados. Importante ressaltar, ainda, que a percepção do seguro-
desemprego pressupõe “não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de
prestação continuada, previsto no Regulamento dos Benefícios da Previdência Social,
excetuado o auxílio-acidente e o auxílio suplementar previstos na Lei nº 6.367, de 19 de
outubro de 1976, bem como o abono de permanência em serviço previsto na Lei nº
5.890, de 8 de junho de 1973” (inciso III do art. 3º), bem como “não estar em gozo do

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auxílio-desemprego” (inciso IV do art. 3º) e “não possuir renda própria de qualquer


natureza suficiente à sua manutenção e de sua família” (inciso V do art. 3º).

Logo, o fato de a autora ter percebido cinco parcelas de seguro-desemprego


por si só comprova o enquadramento em alguns dos requisitos do auxílio-emergencial,
estando os demais devidamente reconhecidos pela parte ré. Desse modo, tendo cessado
o seguro-desemprego da autora e não havendo novo registro de contrato de trabalho em
sua CTPS comprova-se que a autora permanece DESEMPREGADA, portanto faz jus ao
recebimento das três parcelas do auxílio-emergencial no valor de R$600,00 cada e
eventuais parcelas decorrentes de prorrogações do benefício.

III. DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

O artigo 300, do Código de Processo Civil, estabelece os pressupostos para a


concessão da tutela antecipada, quais sejam: “A tutela de urgência será concedida
quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano
ou o risco ao resultado útil do processo”. Tem-se, dessa forma, um novo instituto que
busca atenuar os efeitos nocivos da lentidão de nosso Judiciário.

Diante do conjunto probatório dos autos resta inequívoco o direito da autora


ao auxílio-emergencial, devendo ser concedido desde logo o pagamento do benefício em
questão, pois presente no feito o requisito periculum in mora, consubstanciado no fato de
que o indeferimento do benefício pelo Governo Federal se deu de forma equivocada,
deixando a autora desamparada pelo Estado e sem qualquer outra fonte de renda para
sua mantença. Presentes ainda, os requisitos essenciais ao pedido antecipatório, quais
sejam: o dano irreparável ou de difícil reparação (no presente caso, a necessidade do
recebimento mensal do benefício, que tem caráter alimentar, de acordo com as
disposições legais citadas), cuja manutenção administrativa foi ferida por ato ilegal e
abusivo do Órgão Requerido.

Outrossim, as evidências trazidas aos autos demonstram a verossimilhança


do direito da autora, possibilitando a antecipação dos efeitos da tutela conforme
pretendido pela parte autora. Deste modo, diante da evidência do direito da autora por
meio dos documentos acostados, é de conceder-se a tutela antecipada, pelo que se
requer.
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IV. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) a citação da União para contestar a presente ação sob pena de revelia e


confissão;

b) Seja concedida a tutela antecipada à autora, com a implantação do


pagamento do benefício auxílio-emergencial instituído pela Lei n° 13.982/2020, pois
presentes os requisitos de periculum in mora e fumus boni iuris, até o deslinde da
presente quaestio, quando então a referida demanda será procedente com a implantação
definitiva do referido benefício;

c) Seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a ação com a confirmação da


tutela provisória requerida e condenando o réu ao pagamento do benefício auxílio-
emergencial no valor de R$600,00 à autora, bem como ao pagamento das parcelas
vencidas e vincendas, enquanto o auxílio-emergencial for pago pelo Governo Federal,
inclusive com sua manutenção em caso de eventuais prorrogações;

d) A concessão do beneplácito da gratuidade de justiça, por se tratar de


pessoa hipossuficiente, sem condições de arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios;

e) Protesta por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente


prova documental;

f) A condenação do réu em arcar com os ônus de sucumbência, de acordo


com o artigo 85, § 2º do novo CPC;

Valor estimativo da Causa: R$ 3.000,00


Valor estimado da Causa: R$6.000 (valor nos casos de família monoparental)

Nesses Termos,
Pede e espera deferimento.

São Leopoldo/RS, 23 de junho de 2020.

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