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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL CÍVEL DA SJDF

Processo nº. 1029649-07.2023.4.01.3400


AUTORA: DAIANE LIMA DE LARA ZILES
RÉUS: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF E OUTROS

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF, instituição financeira sob a


forma de empresa pública federal, dotada de personalidade jurídica de direito
privado, criada pelo Decreto-Lei nº 759, de 12 de agosto de 1.969, e constituída
pelo Decreto nº 66.303, de 06 de março de 1.970, atualmente regida pelo
estatuto aprovado pelo Decreto Federal nº 8.199, de 26 de fevereiro de 2014,
com sede em Brasília (DF), neste ato representado por seu advogado que esta
subscreve, conforme instrumento de mandato anexo, vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, apresentar a sua

CONTESTAÇÃO

com base nos argumentos de fato e de direito a seguir expostos:

I – DOS FATOS

Trata-se de AÇÃO COM INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE


c/c OBRIGAÇÃO DE FAZER, c/c PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA
proposta em face do FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCACAO,
UNIÃO FEDERAL, CAIXA ECONOMICA FEDERAL e SOCIEDADE DE PESQUISA
EDUCACAO E CULTURA, DR. APARICIO CARVALHO DE MORAES LTDA.
Alega, em síntese, que foi aprovada e está cursando o Curso de
Medicina e que precisa do FIES para continuar a sua jornada acadêmica. Afirma

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que apesar de cumprir os requisitos necessários, e de ter atingindo uma boa
pontuação, não consegue se classificar para a obtenção do financiamento
pretendido, por já ter uma graduação anterior.
Assim, requer, em sede de liminar para que seja concedido o FIES
para o curso de medicina e, ao final, que seja julgada procedente a ação para
que tenha Sua graduação financiada pelo programa de financiamento
estudantil.
Todavia, não assiste razão às alegações autorais, conforme será
demonstrado adiante.

II - PRELIMINARENTE
DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA

A CAIXA, como é cediço, é mera operadora do FIES, sendo o


referido Programa idealizado, organizado, regulado e sustentado
financeiramente pela UNIÃO FEDERAL através do Ministério da Educação.
O Fundo de Financiamento (FIES) é um programa social, cujas
disponibilidades de caixa são mantidas em depósito na conta única do Tesouro
Nacional (§2.º do art. 2.º da Lei 10.260/01, destinando-se a promover o
financiamento de estudantes selecionados por critérios estabelecidos
exclusivamente pelo MEC.
Com a publicação da Lei nº 12.202, de 14/01/2010, a CAIXA
passou a atuar apenas como Agente Financeiro do Programa FIES, passando ao
MEC/FNDE a gestão dos recursos financeiros, operacionalização e fiscalização
do Programa, além da definição das normas e políticas regulamentares.
Dessa forma, a CAIXA, habilitada pelo Agente Operador
(MEC/FNDE), atua apenas como agente financeiro do FIES, assumindo,
exclusivamente, a competência de conceder os financiamentos com recursos
do Fundo.

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No presente caso, a parte autora afirma se encontra
devidamente matriculada no curso de medicina, que fez sua inscrição no SisFIES
e que reúne condições para obtenção do financiamento conforme as novas
regras do FIES em vigor atualmente. Todavia, conforme documentação anexa,
não foram encontradas tentativas de contratação no SIAPI e tampouco no SIFES.
Deste modo, a CAIXA não possui autonomia no processo de
concessão do financiamento, aditamentos ou encerramento do contrato e não
tem acesso às informações acadêmicas da parte autora, pois, como já
informado, figura apenas como agente financeiro submetida às regras
determinadas pelo Governo Federal e pelo Ministério da Educação.
Outrossim, todas as autorizações relacionadas à contratação,
encerramento e manutenção de FIES, formas de negociação, inclusive
suspensão do pagamento das parcelas, cabem exclusivamente ao FNDE/MEC,
não possuindo ingerência da CAIXA.
Portanto, cabalmente demonstrado caber à CAIXA, tão
somente, a operacionalização dos contratos do FIES, de rigor se mostra a sua
ilegitimidade passiva ad causam, devendo ser excluída da lide, conforme artigo
485, inciso VI, do CPC.

IMPUGNAÇÃO DA JUSTIÇA GRATUITA

Como está exposto, a parte autora alega não possuir meios para
arcar com as custas processuais, mas não juntou aos autos prova cabal do
mesmo e sequer mencionou, em sua exordial, qual sua profissão.
Manter o deferimento da justiça gratuita a pessoas com renda como
a parte autora é banalizar o instituto, visto que provam que de fato não se trata
de uma pessoa “pobre no sentido legal”.
Em casos como o presente, a jurisprudência INDEFERE ou REVOGA a
justiça gratuita.

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A título de exemplo, segue a melhor jurisprudência do douto Tribunal
de Justiça de Minas Gerais, in verbis:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUSTIÇA GRATUITA. AUSÊNCIA DE


COMPROVAÇÃO. INDEFERIMENTO. DECISÃO MANTIDA.
MÉDICO. VOTO VENCIDO. O gozo do benefício da justiça
gratuita deve ser concedido apenas àqueles que
comprovem ser pobres, não sendo suficiente para tanto a
simples declaração de pobreza de próprio punho. Presume-
se que o médico, profissão das mais bem respeitadas e
remuneradas da sociedade, tem condições de arcar com
as despesas ordinárias de um feito judicial sem o prejuízo do
sustento próprio e de sua família. Recurso não provido.
VVp.: Independentemente da declaração d pobreza
firmada pelo interessado, é preciso verificar, pelos
elementos dos autos, se o requerente da assistência
judiciária dispões ou não de condições para arcar com as
custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo
do seu próprio sustento. (Des. Gutemberg da Mota e Silva).
(TJ-MG 105960905764600011 MG 1.0596.09.057646-0/001(1).
Relator: CABRAL DA SILVA. Data de Julgamento: 19/01/2010,
Data de Publicação: 29/01/2010). (Grifo nosso)

Pelo exposto, a CEF requer que sejam juntados aos autos,


comprovante de rendimentos (Declaração do Imposto de Renda e/ou
Contracheque atualizado) dos proventos recebidos pela parte autora, bem
como a revogação do deferimento da gratuidade da justiça.

DA AUSÊNCIA DE REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA TUTELA

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Para a concessão da tutela de urgência, é necessário que
existam elementos que evidenciem a probabilidade do direito e a demonstração
de perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, conforme prevê o art.
300 do CPC.
No caso, como bem apontado pelo juízo de origem na decisão
atacada, ausente demonstração de urgência ou risco de dano irreparável ou de
difícil reparação com a não concessão, de imediato, da transferência para o
curso de medicina, eis que o material probatório acostado à inicial não explicita
qualquer risco grave imediato à parte autora na demora da transferência.
Fato é que, diante das imposições legais, a dilação probatória se
fez necessária para não incorrer, o Juízo, em conceder direito inexistente.
Toda legislação que norteia o tema, aponta para a necessidade
de preenchimento dos requisitos impostos pelas portarias e demais normativos do
MEC para a aprovação do pretenso aluno para o financiamento estudantil, isto,
condicionado as vagas disponibilizadas pelas IES.
Portanto, não demonstrada a urgência, ausentes os requisitos
para a tutela provisória, a improcedência do pedido é medida que se impõe

III - DO MÉRITO
DO CONTRATO E DA REALIDADE FÁTICA

O FIES é um programa do Ministério da Educação – MEC,


destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes
regularmente matriculados em cursos superiores não gratuitos, com avaliação
positiva nos processos conduzidos pelo referido órgão.
Com a publicação da Medida Provisória 785/17, de 06 de julho de
2017, que reformula o Financiamento Estudantil, a CAIXA vem se adequando
para assumir o papel de única instituição financeira pública a atuar no Programa
FIES acumulando, portanto, as responsabilidades de Agente Operador, Agente
Financeiro e Gestor do Fundo Garantidor de Crédito.

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No entanto, conforme dispõe as Portaria Normativa nº 209, de 07
de março de 2018, competirá ao MEC, por meio da Secretaria de Educação
Superior - SESu/MEC gerir os módulos do Sistema Informatizado do Fies - Sisfies de
oferta de vagas e de seleção de estudantes.
A mesma Portaria assim o diz:

O estudante é pré-selecionado e finaliza seu processo de


inscrição ao FIES por meio da SESu/MEC e neste momento
manifesta sua concordância com as condições para o
financiamento, não cabendo posteriormente alegar
desconhecimento das regras.
Art. 29 - A pré-seleção de estudantes aptos a realizarem os
demais procedimentos para contratação de financiamento
com recursos do Fies e do P-Fies ocorrerá exclusivamente por
meio de processo seletivo conduzido pela SESu/MEC.
Art. 37 - As inscrições para participação no processo seletivo
do Fies e do P-Fies serão efetuadas exclusivamente pela
internet, em endereço eletrônico, e em período a ser
especificado no Edital SESu, devendo o estudante,
cumulativamente, atendar as condições de obtenção de
média aritmética das notas no Enem e de renda familiar
mensal bruta per capita a serem definidas na Portaria
Normativa do MEC a cada processo seletivo.
Art. 38 - Encerrado o período de inscrição, os estudantes
serão classificados em ordem decrescente de acordo com
as notas obtidas no Enem, na opção de vaga para a qual se
inscreveram, na sequência a ser especificada em Portaria
Normativa a cada processo seletivo, nos termos do art. 1º, §
6º, da Lei nº 10.260, de 2001.
Art. 39 - O estudante será pré-selecionado na ordem de sua
classificação, nos termos do art. 38 desta Portaria, observado
o limite de vagas disponíveis no curso e turno para o qual se

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inscreveu, conforme os procedimentos e prazos previstos no
Edital SESu.
Art. 41 - O estudante pré-selecionado no processo seletivo
na modalidade Fies deverá acessar o FiesSeleção para
realizar a conclusão de sua inscrição, devendo, para tanto,
informar seu número do Cadastro de Pessoas Físicas - CPF da
SRFB e prestar todas as informações solicitadas.
Parágrafo único - Para fins do disposto no caput, o estudante
deverá conferir todas as informações e manifestar sua
concordância com as condições para o financiamento, a
qual será considerada ratificada para todos os fins de direito
com a conclusão da sua inscrição no FiesSeleção. (grifo
nosso)

Os dados da contratação são enviados pelo FNDE à CAIXA via


troca de arquivos eletrônicos, não cabendo nenhum tipo de alteração por parte
da agência. No mais, para a contratação, o estudante realiza a inscrição no
financiamento através do site do FNDE, valida as informações e emite DRI
(documento de regularidade de inscrição) na IES (Instituição de Ensino Superior) e
de posse deste documento, que habilita o estudante ao FIES, o aluno comparece
a uma agência do agente financeiro para formalizar a contratação.
Após concluir sua inscrição no SISFIES e validar as informações na
CPSA, o estudante comparece a uma agência da CAIXA, com o DRI válido e a
documentação exigida, para formalizar a contratação do financiamento.
Caso o estudante não formalize o contrato com o Agente
Financeiro dentro do prazo do DRI, a inscrição é cancelada e o estudante perde
o direito ao FIES, exceto quando da existência de erros ou de óbices operacionais
por parte da IES, da CPSA, da CAIXA e/ou dos gestores do FIES, que resultem na
perda do prazo.
Os artigos a seguir transpostos da portaria acima citada versam
sobre a questão posta:

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Seção IV
Da inscrição, classificação e pré-seleção nos processos
seletivos do Fies e do P-Fies

Art. 37. As inscrições para participação no processo seletivo


do Fies e do P-Fies serão efetuadas exclusivamente pela
internet, em endereço eletrônico, e em período a ser
especificado no Edital SESu, devendo o estudante,
cumulativamente, atendar as condições de obtenção de
média aritmética das notas no Enem e de renda familiar
mensal bruta per capita a serem definidas na Portaria
Normativa do MEC a cada processo seletivo.
§ 1º Compete exclusivamente ao estudante certificar-se de
que cumpre os requisitos estabelecidos para concorrer no
processo seletivo de que trata o caput, observadas as
vedações previstas no § 4º do art. 29 desta Portaria.
§ 2º A participação do estudante no processo seletivo de
que trata esta Portaria independe de sua aprovação em
processo seletivo próprio da instituição para a qual pleiteia
uma vaga.
§ 3º A oferta de curso para inscrição na modalidade Fies não
assegura existência de disponibilidade orçamentária ou
financeira para o seu financiamento, a qual somente se
configurará por ocasião da conclusão da inscrição do
estudante.
§ 4º A inscrição para financiamento na modalidade P-Fies
está condicionada à disponibilidade orçamentária e
financeira das fontes de recursos utilizadas de que trata o art.
15-J da Lei nº 10.260, de 2001.
Art. 38. Encerrado o período de inscrição, os estudantes
serão classificados em ordem decrescente de acordo com

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as notas obtidas no Enem, na opção de vaga para a qual se
inscreveram, na sequência a ser especificada em Portaria
Normativa a cada processo seletivo, nos termos do art. 1º, §
6º, da Lei nº 10.260, de 2001.
§ 1º A nota de que trata o caput considerará a média
aritmética das notas obtidas nas provas do Enem em cuja
edição o candidato tenha obtido a maior média.
§ 2º No caso de notas idênticas, calculadas segundo o
disposto no § 1º deste artigo, o desempate entre os
candidatos será determinado de acordo com a ordem de
critérios a ser especificada na Portaria Normativa do MEC.
Art. 39. O estudante será pré-selecionado na ordem de sua
classificação, nos termos do art. 38 desta Portaria, observado
o limite de vagas disponíveis no curso e turno para o qual se
inscreveu, conforme os procedimentos e prazos previstos no
Edital SESu.
Parágrafo único. A pré-seleção do estudante assegura
apenas a expectativa de direito à vaga para a qual se
inscreveu no processo seletivo do Fies e do P-Fies, estando a
contratação do financiamento condicionada à conclusão
da inscrição no FiesSeleção no caso da modalidade Fies, à
pré-aprovação de algum agente financeiro operador de
crédito na modalidade P-Fies e, em ambas modalidades, ao
cumprimento das demais regras e procedimentos constantes
desta Portaria e da Portaria Normativa que regulamenta
cada processo seletivo.

No presente caso, observa-se, em consulta ao sistema do FIES,


que não houve a inscrição no programa governamental:

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Assim, a CEF atua somente após a inscrição e formalização do
estudante, mediante documentos enviados pelo MEC e FNDE para a liberação
do crédito para o financiamento estudantil, não havendo portanto, quaisquer
ingerência da CEF sobre a concessão de vaga no referido programa.
Cabe ressaltar, ainda, que o FIES não é um serviço bancário, mas
sim um programa de governo, custeado inteiramente com recursos da União,
portanto, não é regido pelo Código de Defesa do Consumidor.

DA INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Trata-se de contratação de abertura de crédito, relativo ao


Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior – FIES.
Não há amparo ao fundamento de pretensão que almeja a
aplicação do Código de Defesa do Consumidor no presente caso, pois os
contratos relativos ao FIES não se enquadram nas regras previstas no Código de

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Defesa do Consumidor, pois o referido financiamento não encerra serviço
bancário, mas programa de governo em benefício de classe estudantil
específica.
Nesse sentido, vejamos a jurisprudência do E. Tribunal Regional
Federal:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. CONTRATO RELATIVO


AO FUNDO DE FINANCIAMENTO AO ESTUDANTE DO ENSINO
SUPERIOR (FIES). ADEQUAÇÃO DA VIA PROCESSUAL ELEITA.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC).
INAPLICABILIDADE. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. CUMULAÇÃO
DE MULTA MORATÓRIA COM PENA CONVENCIONAL.
ILEGITIMIDADE. 1. A ação monitória pode ser proposta para
constituição de título executivo, na forma do disposto no
art. 1.102-a do CPC, quando houver prova escrita da dívida
sem eficácia de título executivo, no caso, o contrato de
abertura de crédito, relativo ao Fundo de Financiamento ao
Estudante do Ensino Superior (Fies), elemento esse que
permite a defesa do devedor, pois, a partir do oferecimento
dos embargos, a causa será processada pelo
procedimento ordinário (art. 1.102-c do CPC), com a
possibilidade de produção de provas. 2. Não ocorrência de
carência de ação, por inadequação da via processual. 3.
Os contratos relativos ao Fies não se enquadram nas regras
previstas no Código de Defesa do Consumidor, pois o
referido financiamento não encerra serviço bancário, mas
programa de governo em benefício de classe estudantil
específica. Precedentes do STJ e deste Tribunal: REsp
1.155.684/RN, Relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira
Seção, DJe de 18.05.2010; AC 0005999-
79.2008.4.01.3300/BA, Relator Desembargador Federal João
Batista Moreira, Quinta Turma, e-DJF1 de 10.01.2014 e AC

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Fone/fax: (91) 3222-4153. E-mail: reisbrandaoadv@gmail.com
0014450-66.2008.4.01.3600/MT, Relator Desembargador
Federal Jirair Aram Meguerian, Relator Convocado Juiz
Federal Reginaldo Márcio Pereira, Sexta Turma, e-DJF1 de
30.09.2013, p. 220. 4. "A jurisprudência deste eg. TRF1 é firme
no sentido da desnecessariedade de perícia técnica em
processos revisionais de contrato de financiamento
estudantil - o FIES, porquanto a demanda encerra matéria
eminentemente de direito" (TRF da 1ª Região: AC 0048089-
68.2009.4.01.3300/BA, Desembargador Federal Jirair Aram
Meguerian). 5. Há orientação jurisprudencial assente neste
Tribunal, sustentada em precedente do STJ, no sentido da
impossibilidade de cumulação da multa moratória de 2%
com a pena convencional de 10%, prevista para a hipótese
de necessidade de deflagração de procedimento
extrajudicial ou judicial para a cobrança da dívida (AC n.
0025536-86.2007.4.01.3400/DF, Relator Desembargador
Federal Carlos Moreira Alves, Sexta Turma, e-DJF1 de
04.02.2014). 6. Sentença reformada, em parte. 7. Apelação
parcialmente provida.
(AC 0018246-35.2012.4.01.3500 / GO, Rel. DESEMBARGADOR
FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO, SEXTA TURMA, e-DJF1 p.244
de 13/11/2014)

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. FUNDO DE


FINANCIAMENTO AO ESTUDANTE DO ENSINO SUPERIOR (FIES).
AÇÃO MONITÓRIA E AÇÃO REVISIONAL. INEXISTÊNCIA DE
LITISPENDÊNCIA. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
(CDC). INAPLICABILIDADE. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS
MENSAIS. DESCABIMENTO. APLICAÇÃO DA SÚMULA N.
121/STF. 1. Inexiste litispendência entre ação de revisão e
de consignação em pagamento ajuizadas pelo devedor e
a ação monitória ajuizada pela instituição financeira, tendo
em vista tratar-se de pedidos e causa de pedir diversos. 2.

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Os contratos relativos ao Fundo de Financiamento ao
Estudante do Ensino Superior (Fies) não se enquadram nas
regras previstas no Código de Defesa do Consumidor, pois o
referido financiamento não encerra serviço bancário, mas
programa de governo em benefício de classe estudantil
específica. Precedentes do STJ e deste Tribunal: REsp
1.155.684/RN, Relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira
Seção, DJe de 18.05.2010; AC 0005999-
79.2008.4.01.3300/BA, Relator Desembargador Federal João
Batista Moreira, Quinta Turma, e-DJF1 de 10.01.2014 e AC
0014450-66.2008.4.01.3600/MT, Relator Desembargador
Federal Jirair Aram Meguerian, Relator Convocado Juiz
Federal Reginaldo Márcio Pereira, Sexta Turma, e-DJF1 de
30.09.2013, p. 220. 3. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), no
julgamento do REsp 1.155.684/RN (sessão realizada em
12.05.2010), submetido ao procedimento dos recursos
repetitivos (art. 543-C do Código de Processo Civil),
manteve o entendimento já pacificado naquele Tribunal de
que, em se tratando de crédito educativo, não se admite a
capitalização mensal de juros, pois não existe autorização
expressa por norma específica. Aplicação da Súmula
121/STF. 4. Sentença reformada, em parte. 3. Apelação
parcialmente provida.
(AC 0035050-15.2011.4.01.3500 / GO, Rel. DESEMBARGADOR
FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO, SEXTA TURMA, e-DJF1 p.242
de 13/11/2014)

Diante dos inúmeros arestos transcritos, evidencia-se a


impossibilidade de aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos
de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior, em virtude do mencionado
contrato não encerrar a atividade bancária, correspondendo a um meio para
atingir o objetivo de programa governamental.

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CONCLUSÃO

Ante ao exposto, a CAIXA requer, seja acolhida a preliminar de


ilegitimidade da CAIXA;
Ademais, caso não se reconheça a ilegitimidade, requer-se que
sejam julgados improcedentes os pedidos da parte autora, impondo-a
condenação em custas e honorários advocatícios.
Por fim, requer a habilitação nos autos em epigrafe e que sejam
as intimações realizadas em nome de FABRÍCIO DOS REIS BRANDAO, advogado,
inscrito na OAB/PA 11.471, sob pena de nulidade.
Protesta-se provar o alegado por todos os meios de provas
admitidas em direito.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Brasília/DF, 16 de maio de 2023.

Fabrício dos Reis Brandão


OAB/PA nº 11.471
OAB/DF nº 56.450

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