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AO JUÍZO FEDERAL DA 9ª VARA FEDERAL CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA

DO DISTRITO FEDERAL - SJDF

Processo nº. 1027689-16.2023.4.01.3400


Autor(a): DANIELE DE MOURA CAMPOS MARTINS RODRIGUES
Réu: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL E OUTROS

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA, instituição financeira de


direito privado sob a forma de empresa pública, criada pelo Decreto-Lei nº 759 de
12/08/1969, constituída nos termos do Decreto nº 66.303 de 06/03/1970, com sede em
Brasília/DF, inscrita no CNPJ/MF sob n° 00.360.305/0001-04, Departamento Jurídico nesta
capital do Estado de São Paulo, na Av. Paulista, 1.842, Torre Norte, vem, respeitosamente,
perante V. Exa., por sua procuradora signatária, apresentar

CONTESTAÇÃO

consoante fatos e fundamentos que a seguir expõe:

I – DOS FATOS NARRADOS NA INICIAL

Rua Boaventura da Silva, 1338, Bairro Umarizal, CEP 66.060-060, Belém/PA.


Fone/fax: (91) 3222-4153. E-mail: reisbrandaoadv@gmail.com
Tratam os autos de AÇÃO DE TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA
EM CARATER ANTECEDENTE movida por DANIELE DE MOURA CAMPOS
MARTINS RODRIGUES contra A UNIÃO FEDERAL, o FUNDO NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCACAO e a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL,
objetivando “a suspensão imediata das cobranças das prestações do financiamento,
incluindo a parcela do corrente mês de abril de 2023 cujo vencimento se dá em 05/03/2023
até a data de conclusão de sua residência médica, bem como a proibição ao banco de
suspender, interromper, cancelar ou modificar de qualquer modo e por qualquer meio os
serviços de relacionamento bancário eventualmente contratados pela Autora e seus
Fiadores”.
Após análise, o pedido liminar foi deferido a fim da suspensão das
cobranças do financiamento estudantil durante o período de residência.
Todavia, não assiste razão às alegações autorais, conforme será
demonstrado adiante.

II - PRELIMINARENTE
DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA

A CAIXA, como é cediço, é mera operadora do FIES, sendo o referido


Programa idealizado, organizado, regulado e sustentado financeiramente pela UNIÃO
FEDERAL através do Ministério da Educação.
O Fundo de Financiamento (FIES) é um programa social, cujas
disponibilidades de caixa são mantidas em depósito na conta única do Tesouro Nacional
(§2.º do art. 2.º da Lei 10.260/01, destinando-se a promover o financiamento de estudantes
selecionados por critérios estabelecidos exclusivamente pelo MEC.
Com a publicação da Lei nº 12.202, de 14/01/2010, a CAIXA passou
a atuar apenas como Agente Financeiro do Programa FIES, passando ao
MEC/FNDE a gestão dos recursos financeiros, operacionalização e fiscalização do
Programa, além da definição das normas e políticas regulamentares.
Dessa forma, a CAIXA, habilitada pelo Agente Operador (MEC/FNDE),
atua apenas como agente financeiro do FIES, assumindo, exclusivamente, a
competência de conceder os financiamentos com recursos do Fundo.
No presente caso, o contrato FIES 19.0176.185.0005504-16 foi firmado
em 14/09/2012, para financiamento de 70% do custeio inerente à graduação.
Cabe esclarecer que conforme previsto na portaria normativa n° 7 de 26
de abril de 2013, a solicitação para extensão do prazo de carência deve ser solicitada ao
ministério da saúde.

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Art. 5º À solicitação do abatimento e as suas renovações serão efetuadas
em sistemas específicos disponibilizados:
....
II - pelo Ministério da Saúde, caso seja médico e integre equipe
conforme previsto no inciso II do art. 2º, devendo registrar informações
referentes ao contrato de financiamento.
....
Art. 6º O período de carência estendido de que trata o § 3º do art. 6º-B da
Lei nº 10.260, de 2001, será concedido a médico integrante de equipe
prevista no inciso II do art. 2º desta Portaria que vier a estar regularmente
matriculado e frequentando programa de residência médica:
I - credenciado pela Comissão Nacional de Residência Médica; e
II - em especialidades prioritárias definidas em ato do Ministro de Estado
da Saúde.
§ 1º Poderá solicitar o período de carência estendido o médico que não
integre equipe prevista na forma do inciso II do art. 2º, regularmente
matriculado em residência médica que atenda às condições previstas nos
incisos I e II do caput, desde que o contrato não esteja na fase de
amortização do financiamento.
§ 2º O período de carência estendido deverá ser solicitado de acordo com
o inciso II do art. 5º, observando as seguintes condições e prazos.

Portanto a autorização para o pleito cabe exclusivamente aos Ministérios


relacionados, os quais deverão serem inclusos no polo passivo da ação. Ainda, após a
Publicação da Lei 12.202 de 14/01/2010, a Gestão e Operacionalização do FIES passou a
ser efetuada no âmbito do FNDE/MEC, restringindo o papel da CAIXA à Agente
Financeiro.
Dessa forma, todas as autorizações relacionadas à contratação e
manutenção de FIES, inclusive autorização para aditamentos extemporâneos, cabem
exclusivamente àquele órgão.
Esclarece-se que tanto para a contratação, como os aditamentos e as
demais solicitações, é enviado à CAIXA arquivo lógico, contendo informações a serem
implementadas em nossos sistemas. Portanto, para que a Caixa possa realizar qualquer
atualização no contrato, é necessário que o FNDE encaminhe o arquivo lógico e, não cabe
ao agente financeiro a inclusão ou alteração de nenhuma informação constante no arquivo.
Esclarecemos que com a publicação da Lei 12.202, de 14/01/2010, a
CAIXA passou a atuar apenas como Agente Financeiro do Programa FIES, passando ao
MEC/FNDE a gestão dos recursos financeiros, operacionalização e fiscalização do
Programa, além da definição das normas e políticas regulamentares.

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Dessa forma, todas as autorizações relacionadas à contratação e
manutenção de FIES, inclusive autorização para aditamentos extemporâneos, cabem
exclusivamente àquele órgão
Outrossim, todas as autorizações relacionadas à contratação,
encerramento e manutenção de FIES, formas de negociação, inclusive suspensão do
pagamento das parcelas, cabem exclusivamente ao FNDE/MEC, não possuindo ingerência
da CAIXA.
Portanto, cabalmente demonstrado caber à CAIXA, tão somente, a
operacionalização dos contratos do FIES, de rigor se mostra a sua ilegitimidade passiva ad
causam, devendo ser excluída da lide, conforme artigo 485, inciso VI, do CPC.

IMPUGNAÇÃO DA JUSTIÇA GRATUITA

Como está exposto, a parte autora é médica, portanto, seus ganhos superam
consideravelmente o que as demais profissões no país auferem normalmente. Assim,
pressupõe-se que seus ganhos podem, sem dúvidas, arcar com as custas processuais sem
prejuízo a seu sustento.
Mas se trata de presunção juris tantum, podendo haver prova em contrário.
Ocorre que a parte não demonstrou, por meio de lastro probatório robusto, de que faz jus a
tal benesse.
Manter o deferimento da justiça gratuita a pessoas com renda como a parte
autora é banalizar o instituto, visto que provam que de fato não se trata de uma pessoa
“pobre no sentido legal”.
Em casos como o presente, a jurisprudência INDEFERE ou REVOGA a
justiça gratuita.
A título de exemplo, segue a melhor jurisprudência do douto Tribunal de
Justiça de Minas Gerais, in verbis:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUSTIÇA GRATUITA. AUSÊNCIA


DE COMPROVAÇÃO. INDEFERIMENTO. DECISÃO MANTIDA.
MÉDICO. VOTO VENCIDO. O gozo do benefício da justiça gratuita
deve ser concedido apenas àqueles que comprovem ser pobres, não sendo
suficiente para tanto a simples declaração de pobreza de próprio punho.

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Presume-se que o médico, profissão das mais bem respeitadas e
remuneradas da sociedade, tem condições de arcar com as despesas
ordinárias de um feito judicial sem o prejuízo do sustento próprio e de
sua família. Recurso não provido. VVp.: Independentemente da
declaração d pobreza firmada pelo interessado, é preciso verificar, pelos
elementos dos autos, se o requerente da assistência judiciária dispões ou
não de condições para arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios, sem prejuízo do seu próprio sustento. (Des. Gutemberg da
Mota e Silva). (TJ-MG 105960905764600011 MG 1.0596.09.057646-
0/001(1). Relator: CABRAL DA SILVA. Data de Julgamento:
19/01/2010, Data de Publicação: 29/01/2010). (Grifo nosso)

Pelo exposto, a CEF requer que sejam juntados aos autos, comprovante de
rendimentos (Declaração do Imposto de Renda e/ou Contracheque atualizado) dos
proventos recebidos pela parte autora, bem como a revogação do deferimento da
gratuidade da justiça.

III - DO MÉRITO
DO CONTRATO E DA REALIDADE FÁTICA

O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa do


Ministério da Educação (MEC), instituído pela lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001, que
tem como objetivo conceder financiamento a estudantes em cursos superiores não gratuitos,
com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo MEC e ofertados por instituições de
educação superior não gratuitas aderentes ao programa.
O novo FIES é um modelo de financiamento estudantil que possibilitou a
implementação de juros zero a quem mais precisava. O novo FIES trouxe melhorias na
gestão do fundo, dando sustentabilidade financeira ao programa a fim de garantir a
sustentabilidade do programa e viabilizar um acesso mais amplo ao ensino superior.
Dentre outras mudanças, o NOVO FIES trouxe a ideia de o estudante
ajudar nos pagamentos mensais a IES por meio das coparticipações. Coparticipações são

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valores mensais não abarcados pelo financiamento estudantil devendo ser adimplidos pelo
estudante com recursos próprios.
Ainda no âmbito do FIES o estudante deverá pagar mensalmente os
valores relativos ao seguro prestamista e as taxas do FIES por meio do boleto único
emitido pela CAIXA nos termos do artigo 105 da portaria MEC nº 209 e conforme lei
nº 10.260/01. O pagamento do boleto único deve ser pago diretamente na CAIXA.

Ao contratar o NOVO FIES o estudante declarou estar regularmente


matriculado na instituição de ensino (IES) e concordou com regras atinentes ao programa.

CLÁUSULA PRIMEIRA - DO OBJETO - Abertura de crédito para


financiamento de encargos educacionais com recursos do FIES.

Parágrafo Primeiro - O (A) FINANCIADO (A) declara ter contratado


com a Instituição de Ensino Superior (IES) na qual se encontra
matriculado, mencionada na Cláusula Terceira a prestação dos serviços
educacionais, cujos encargos são objeto do financiamento de que trata o
presente Contrato.

Parágrafo Segundo - Este Contrato é regido pelas cláusulas aqui


pactuadas e por todos os atos legais e normativos que regem o FIES, os quais passam a
integrar este instrumento independentemente de transcrição.
Embora a presente demanda tenha como escopo o ajuste do teto de
financiamento do estudante para cumprir as resoluções nº 22/2018 e 50/2022 do CGFIES
veremos a seguir que o valor financiado pelo FIES é resultado direto da aplicação do
percentual de financiamento do contrato sobre o valor semestral do curso, podendo este
valor ser limitado ou não ao teto de financiamento definido pelas referidas resoluções.
Nesse sentido, é preciso esclarecer que todo estudante antes de firmar
contrato junto à CAIXA recebe autorização do MEC / SESU para fazê-lo, concomitante a
essa autorização o estudante toma ciência do percentual de financiamento que lhe foi

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aprovado no processo de seleção e naquela autarquia a fim de financiar o curso com os
recursos do FIES.
O percentual de financiamento é aplicado sobre o valor da semestralidade
do curso cadastrado pela CPSA (Comissão de Permanente de Supervisão e Atendimento)
da IES no SIFESweb ou nos casos de contratação do FIES, com base nos valores de oferta
de vagas oferecidos e cadastrados pela IES no SISFIES sistema do MEC quando da adesão
ao programa.
Destarte, o percentual de financiamento do estudante ou do contrato é
definido quando da inscrição e seleção para o programa de financiamento estudantil (FIES),
ainda sob gestão e responsabilidade do MEC / SESU, tal percentual permanece inalterado
quando contratado na CAIXA e durante todo o período de utilização do financiamento.
No entanto, caso queira, o percentual de financiamento poderá ser
diminuído por escolha do estudante, porém, uma vez alterado para menor, este
percentual de financiamento não poderá ser novamente aumentado.
O cálculo do percentual de financiamento é realizado sob gestão do
MEC / SESU e conforme artigo 48 da portaria MEC nº 209 de 7 de março de 2018
obedecendo a seguinte fórmula:

Art. 48 - O percentual de financiamento dos encargos educacionais na


modalidade FIES será definido de acordo com o comprometimento da
renda familiar mensal bruta per capita em reais e o encargo educacional
cobrado pela IES em reais.

§ 1º - O cálculo do percentual de financiamento de que trata o caput


deste artigo observará os parâmetros estabelecidos no Anexo III e a
aplicação da seguinte fórmula:

f = 100% -{ [(16% + 0,02%*RFPC)*RFPC + a*m]/m}*100%, em que,


RFPC = Renda Familiar Mensal Bruta Per Capita em reais; a =
percentual relativo ao encargo educacional que variará por curso de

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determinada IES de acordo com a nota atribuída pelo CC; m = encargo
educacional cobrado pela IES em reais.

Alertamos que a CAIXA não tem gestão ou informações sobre as


variáveis utilizadas na fórmula que define o percentual de financiamento do
estudante, portanto, a CAIXA não tem competência para revisar esse cálculo.
Qualquer dúvida quanto as variáveis que definiram o percentual de financiamento
devem ser direcionadas ao MEC/Sesu.
Conforme consta na portaria MEC nº 209 o percentual de financiamento
do contrato incidirá sobre o valor dos encargos educacionais (semestralidades da IES), ou
seja, englobando o valor da semestralidade que é cobrada do estudante, in verbis:

Art. 33 - São passíveis de financiamento estudantil os encargos


educacionais cobrados dos estudantes pelas IES mantidas pelas
entidades com adesão ao Fies e que atuem na modalidade PFies,
observados os limites máximos e mínimos de financiamento
estabelecidos em normativo próprio, nos termos do art. 4ºB e 15-E da
Lei nº 10.260, de 2001.

§ 1º - Para os fins do disposto nesta Portaria, considera-se encargos


educacionais a parcela mensal da semestralidade ou anuidade escolar
cobrada do estudante pela IES no âmbito do financiamento estudantil e
não abrangida pelas bolsas parciais do Programa Universidade para
Todos - Prouni, vedada a cobrança de qualquer valor ou taxa adicional.

Dessa forma, após a definição do percentual de financiamento do contrato


no momento da seleção para o FIES ainda no MEC / SESU, sua aplicação será sobre o
valor do curso (semestralidade) obtendo assim os valores do financiamento e das
coparticipações que deverão ser pagas pelo estudante, podendo o valor financiado ser
limitado ao máximo ou ao mínimo definido pelas resoluções nº 22 de 5 de junho de 2018

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e nº 50/2022 de 21 de julho de 2022, vejamos o que diz as resoluções em complemento ao
artigo 33 da portaria MEC nº 209:

Art. 1º Estabelecer o valor semestral máximo e mínimo de financiamento


no âmbito do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para contratos
formalizados a partir do 2º semestre de 2018:

I - Valor máximo de financiamento: R$ 42.983,70 (quarenta e dois mil


novecentos e oitenta e três reais e setenta centavos); e

II - Valor mínimo de financiamento: R$ 300,00 (trezentos reais).

§ 1º Os valores máximos e mínimos de que tratam os incisos I e II deste


artigo aplicam-se também aos aditamentos de renovação semestral
contratados a partir do 2º semestre de 2018, referentes a contratos de
financiamento formalizados a partir do 1º semestre de 2017

A nova resolução do CGFIES nº 50/2022 apenas alterou o percentual de


financiamento para o curso de medicina, vejamos a nova redação:

Art. 1º Estabelecer o valor semestral máximo e mínimo de financiamento


no âmbito do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies):

I - Valor semestral máximo de financiamento, especificamente para o


curso de Medicina: R$ 52.805,66 (cinquenta e dois mil e oitocentos e
cinco reais e sessenta e seis centavos);

II - Valor semestral máximo de financiamento, para os demais cursos


financiados: R$ 42.983,70 (quarenta e dois reais e noventa e oito
centavos e setenta centavos); e

III - Valor semestral mínimo de financiamento, para todos os cursos


financiados: R$ 300,00 (trezentos reais).

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Assim sendo, primeiro se aplica o percentual de financiamento obtido
pelo estudante sobre os encargos educacionais / valores da semestralidade e, caso o
resultado seja maior ou menor que o teto estabelecido, o Agente Operador limitará o
financiamento ou ao valor máximo definido como teto ao valor definido como sendo o
mínimo para o financiamento.
Enfatizamos que não é aplicado nenhum percentual de financiamento
sobre o valor do teto de financiamento estabelecido nas resoluções acima, pelo contrário, o
teto tem somente a função de limitador do financiamento.
Em outras palavras, o teto não pode ser considerado como parâmetro de
cálculo, e sim, como um limitador do financiamento, assim, para qualquer que seja o
percentual de financiamento do estudante, este restará limitado ao mínimo de R$300,00 e
ao máximo de R$42.983,70 ou no caso do curso de medicina ao valor de R$ 52.805,66.
Lembramos que ao ser pré-selecionado para o FIES, o estudante finaliza o
processo seu processo de inscrição no site do SISFIES (http://sisfies.mec.gov.br) sob
gestão do MEC / Sesu e, neste momento, manifesta sua concordância com as regras e
condições para o programa de financiamento estudantil, portanto, não cabe posteriormente
este alegar desconhecimento das regras, in verbis:

Art. 29 - A pré-seleção de estudantes aptos a realizarem os demais


procedimentos para contratação de financiamento com recursos do Fies e
do P-Fies ocorrerá exclusivamente por meio de processo seletivo
conduzido pela SESu/MEC.
Art. 37 - As inscrições para participação no processo seletivo do Fies e do
P-Fies serão efetuadas exclusivamente pela internet, em endereço
eletrônico, e em período a ser especificado no Edital SESu, devendo o
estudante, cumulativamente, atendar as condições de obtenção de média
aritmética das notas no Enem e de renda familiar mensal bruta per capita
a serem definidas na Portaria Normativa do MEC a cada processo
seletivo.
Art. 38 - Encerrado o período de inscrição, os estudantes serão
classificados em ordem decrescente de acordo com as notas obtidas no

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Enem, na opção de vaga para a qual se inscreveram, na sequência a ser
especificada em Portaria Normativa a cada processo seletivo, nos termos
do art. 1º, § 6º, da Lei nº 10.260, de 2001.
Art. 39 - O estudante será pré-selecionado na ordem de sua classificação,
nos termos do art. 38 desta Portaria, observado o limite de vagas
disponíveis no curso e turno para o qual se inscreveu, conforme os
procedimentos e prazos previstos no Edital SESu.
Art. 41 - O estudante pré-selecionado no processo seletivo na modalidade
Fies deverá acessar o FiesSeleção para realizar a conclusão de sua
inscrição, devendo, para tanto, informar seu número do Cadastro de
Pessoas Físicas - CPF da SRFB e prestar todas as informações
solicitadas.
Parágrafo único - Para fins do disposto no caput, o estudante deverá
conferir todas as informações e manifestar sua concordância com as
condições para o financiamento, a qual será considerada ratificada para
todos os fins de direito com a conclusão da sua inscrição no
FiesSeleção.

Cumpre destacar mais uma vez que a CAIXA não é responsável pela
definição do percentual de financiamento liberado pelo MEC / Sesu ao estudante, portanto,
em hipótese alguma a CAIXA tem autorização de aumentar este percentual que é
concedido por aquela autarquia que leva em consideração as regras orçamentarias do
programa, o ranqueamento no momento da seleção, além de outras variáveis como renda,
grupo familiar etc.
Portanto, o valor do financiamento SEMPRE obedece ao percentual
definido quando da seleção para o programa aplicado sobre o valor do semestre a ser
financiado.
Em consulta aos nossos sistemas corporativos, verificamos a tela de
marcação do contrato, de acordo com decisão judicial:

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Ressalta-se que nas fases de utilização e carência, o tomador fica
obrigado a realizar pagamentos do total ou parcial dos juros, via trimestralidades
limitadas à R$ 50,00 ( cinquenta reais).

Segue anexo a planilha de evolução contratual.


Esclarecemos que com a publicação da Lei 12.202, de 14/01/2010, a
CAIXA passou a atuar apenas como Agente Financeiro do Programa FIES, passando ao
MEC/FNDE a gestão dos recursos financeiros, operacionalização e fiscalização do
Programa, além da definição das normas e políticas regulamentares.
Dessa forma, todas as autorizações relacionadas à contratação e
manutenção de FIES, inclusive autorização para aditamentos extemporâneos, cabem
exclusivamente àquele órgão.

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Cabe esclarecer que conforme previsto na portaria normativa n° 7 de 26
de abril de 2013, a solicitação para extensão do prazo de carência deve ser solicitado ao
ministério da saúde.

Art. 5º À solicitação do abatimento e as suas renovações serão efetuadas


em sistemas específicos disponibilizados:
....
II - pelo Ministério da Saúde, caso seja médico e integre equipe conforme
previsto no inciso II do art. 2º, devendo registrar informações referentes ao
contrato de financiamento.
....
Art. 6º O período de carência estendido de que trata o § 3º do art. 6º-B da
Lei nº 10.260, de 2001, será concedido a médico integrante de equipe
prevista no inciso II do art. 2º desta Portaria que vier a estar regularmente
matriculado e frequentando programa de residência médica:

I - credenciado pela Comissão Nacional de Residência Médica; e

II - em especialidades prioritárias definidas em ato do Ministro de Estado


da Saúde.

§ 1º Poderá solicitar o período de carência estendido o médico que não


integre equipe prevista na forma do inciso II do art. 2º, regularmente
matriculado em residência médica que atenda às condições previstas nos
incisos I e II do caput, desde que o contrato não esteja na fase de
amortização do financiamento.
§ 2º O período de carência estendido deverá ser solicitado de acordo com
o inciso II do art. 5º, observando as seguintes condições e prazos:

Rua Boaventura da Silva, 1338, Bairro Umarizal, CEP 66.060-060, Belém/PA.


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6. Portanto a autorização para o pleito cabe exclusivamente aos
Ministérios relacionados, os quais deverão ser inclusos no pólo passivo da
ação.

Enfim, alertamos que este tipo de ação promovido pela autora busca na
verdade induzir o juízo a alterar o percentual de financiamento do contrato e não adequar
o financiamento as regras do teto consubstanciado nas resoluções nº 22/2018 e nº 50/2022,
isso porque a CAIXA cumpre com as resoluções desde que foram publicadas, não sendo as
resoluções o motivo do valor baixo nos financiamentos do contrato e, sim, o percentual de
financiamento baixo conquistado pela estudante no momento da seleção para o FIES.

DA INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Trata-se de contratação de abertura de crédito, relativo ao Fundo de


Financiamento ao Estudante do Ensino Superior – FIES.
Não há amparo ao fundamento de pretensão que almeja a aplicação do
Código de Defesa do Consumidor no presente caso, pois os contratos relativos ao FIES não
se enquadram nas regras previstas no Código de Defesa do Consumidor, pois o referido
financiamento não encerra serviço bancário, mas programa de governo em benefício de
classe estudantil específica.
Nesse sentido, vejamos a jurisprudência do E. Tribunal Regional Federal:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. CONTRATO


RELATIVO AO FUNDO DE FINANCIAMENTO AO ESTUDANTE
DO ENSINO SUPERIOR (FIES). ADEQUAÇÃO DA VIA
PROCESSUAL ELEITA. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
(CDC). INAPLICABILIDADE. PERÍCIA. DESNECESSIDADE.
CUMULAÇÃO DE MULTA MORATÓRIA COM PENA
CONVENCIONAL. ILEGITIMIDADE. 1. A ação monitória pode ser
proposta para constituição de título executivo, na forma do disposto no
art. 1.102-a do CPC, quando houver prova escrita da dívida sem eficácia
de título executivo, no caso, o contrato de abertura de crédito, relativo ao
Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies),
elemento esse que permite a defesa do devedor, pois, a partir do
oferecimento dos embargos, a causa será processada pelo procedimento
ordinário (art. 1.102-c do CPC), com a possibilidade de produção de
provas. 2. Não ocorrência de carência de ação, por inadequação da via
processual. 3. Os contratos relativos ao Fies não se enquadram nas

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regras previstas no Código de Defesa do Consumidor, pois o referido
financiamento não encerra serviço bancário, mas programa de
governo em benefício de classe estudantil específica. Precedentes do
STJ e deste Tribunal: REsp 1.155.684/RN, Relator Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Seção, DJe de 18.05.2010; AC 0005999-
79.2008.4.01.3300/BA, Relator Desembargador Federal João Batista
Moreira, Quinta Turma, e-DJF1 de 10.01.2014 e AC 0014450-
66.2008.4.01.3600/MT, Relator Desembargador Federal Jirair Aram
Meguerian, Relator Convocado Juiz Federal Reginaldo Márcio
Pereira, Sexta Turma, e-DJF1 de 30.09.2013, p. 220. 4. "A
jurisprudência deste eg. TRF1 é firme no sentido da desnecessariedade de
perícia técnica em processos revisionais de contrato de financiamento
estudantil - o FIES, porquanto a demanda encerra matéria eminentemente
de direito" (TRF da 1ª Região: AC 0048089-68.2009.4.01.3300/BA,
Desembargador Federal Jirair Aram Meguerian). 5. Há orientação
jurisprudencial assente neste Tribunal, sustentada em precedente do STJ,
no sentido da impossibilidade de cumulação da multa moratória de 2%
com a pena convencional de 10%, prevista para a hipótese de
necessidade de deflagração de procedimento extrajudicial ou judicial
para a cobrança da dívida (AC n. 0025536-86.2007.4.01.3400/DF,
Relator Desembargador Federal Carlos Moreira Alves, Sexta Turma, e-
DJF1 de 04.02.2014). 6. Sentença reformada, em parte. 7. Apelação
parcialmente provida.
(AC 0018246-35.2012.4.01.3500 / GO, Rel. DESEMBARGADOR
FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO, SEXTA TURMA, e-DJF1 p.244
de 13/11/2014)

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. FUNDO DE


FINANCIAMENTO AO ESTUDANTE DO ENSINO SUPERIOR
(FIES). AÇÃO MONITÓRIA E AÇÃO REVISIONAL.
INEXISTÊNCIA DE LITISPENDÊNCIA. CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR (CDC). INAPLICABILIDADE. CAPITALIZAÇÃO
DE JUROS MENSAIS. DESCABIMENTO. APLICAÇÃO DA
SÚMULA N. 121/STF. 1. Inexiste litispendência entre ação de revisão e
de consignação em pagamento ajuizadas pelo devedor e a ação monitória
ajuizada pela instituição financeira, tendo em vista tratar-se de pedidos e
causa de pedir diversos. 2. Os contratos relativos ao Fundo de
Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) não se
enquadram nas regras previstas no Código de Defesa do
Consumidor, pois o referido financiamento não encerra serviço
bancário, mas programa de governo em benefício de classe estudantil
específica. Precedentes do STJ e deste Tribunal: REsp 1.155.684/RN,
Relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe de
18.05.2010; AC 0005999-79.2008.4.01.3300/BA, Relator
Desembargador Federal João Batista Moreira, Quinta Turma, e-

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Fone/fax: (91) 3222-4153. E-mail: reisbrandaoadv@gmail.com
DJF1 de 10.01.2014 e AC 0014450-66.2008.4.01.3600/MT, Relator
Desembargador Federal Jirair Aram Meguerian, Relator Convocado
Juiz Federal Reginaldo Márcio Pereira, Sexta Turma, e-DJF1 de
30.09.2013, p. 220. 3. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), no
julgamento do REsp 1.155.684/RN (sessão realizada em 12.05.2010),
submetido ao procedimento dos recursos repetitivos (art. 543-C do
Código de Processo Civil), manteve o entendimento já pacificado
naquele Tribunal de que, em se tratando de crédito educativo, não se
admite a capitalização mensal de juros, pois não existe autorização
expressa por norma específica. Aplicação da Súmula 121/STF. 4.
Sentença reformada, em parte. 3. Apelação parcialmente provida.
(AC 0035050-15.2011.4.01.3500 / GO, Rel. DESEMBARGADOR
FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO, SEXTA TURMA, e-DJF1 p.242
de 13/11/2014)

Diante dos inúmeros arestos transcritos, evidencia-se a impossibilidade de


aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos de Financiamento ao
Estudante de Ensino Superior, em virtude de o mencionado contrato não encerrar a
atividade bancária, correspondendo a um meio para atingir o objetivo de programa
governamental.

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IV - C O N C L U S Ã O

Ante ao exposto, a CAIXA requer, seja acolhida a preliminar de


ilegitimidade da CAIXA.
Ademais, caso não se reconheça a ilegitimidade, requer-se que sejam
julgados improcedentes os pedidos da parte autora, impondo-a condenação em custas e
honorários advocatícios.
Por fim, requer a habilitação nos autos em epigrafe e que sejam as
intimações realizadas em nome de FABRÍCIO DOS REIS BRANDAO, advogado,
inscrito na OAB/PA 11.471, sob pena de nulidade.

Protesta-se provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em


direito.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Brasília/DF, 17 de outubro de 2023.

Fabrício dos Reis Brandão


OAB/PA 11.471
OAB/DF 56.450

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