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EXMO. SR. DR.

JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL ADJUNTO À


3ª VARA FEDERAL DA SJDF

Processo nº. 1066283-02.2023.4.01.3400


AUTOR(A): YARA HELENA GOMES DA SILVA DRAGO
RÉ: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF e Outros

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA, instituição financeira


sob a forma de empresa pública federal, dotada de personalidade jurídica de direito privado,
criada pelo Decreto-Lei nº 759, de 12 de agosto de 1.969, e constituída pelo Decreto nº
66.303, de 06 de março de 1.970, atualmente regida pelo estatuto aprovado pelo Decreto
Federal nº 8.199, de 26 de fevereiro de 2014, com sede em Brasília (DF), devidamente
inscrita no CNPJ/MF sob nº. 00.360.305/0001-04, neste ato representado por seu advogado
que esta subscreve, conforme instrumento de mandato anexo, vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, apresentar a sua

CONTESTAÇÃO

com base nos argumentos de fato e de direito a seguir expostos:

I. DOS FATOS

Rua Boaventura da Silva, 1338, Bairro Umarizal, CEP 66.060-060, Belém/PA.


Fone/fax: (91) 3222-4153. E-mail: reisbrandaoadv@gmail.com
A REQUERENTE aduz que firmou contrato de financiamento estudantil
(FIES) para financiar seu curso de graduação de nível superior.
A parte autora visa a provimento judicial para declarar reconhecidas as
condições hábeis ao abatimento previsto no artigo 6º - B, inciso II, da Lei 10.260/2001,
enquanto médico de cidade tida como prioritária por meio de Portaria do Ministério da
Saúde e, passo contínuo, deferir a suspensão das cobranças das parcelas do FIES.
Porém, não merecem prosperar os pedidos exordiais, conforme se
demonstrará a seguir.

II – PRELIMINARENTE

DA ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM

Inicialmente, cumpre destacar que por força do art. 337, XI do CPC,


incumbe ao Réu, antes de discutir o mérito da presente ação, alegar quanto a ausência de
legitimidade ou interesse processual.
Do mesmo modo, o Douto Magistrado, não resolverá o mérito quando
verificar a ausência dos pressupostos acima descritos, nos moldes do art. 485, VI do CPC.
Observa-se que a presente ação se trata de ação ordinária pleiteando
obrigação de fazer em face desta REQUERIDA e do Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação.
Ocorre excelência, que a presente ação deveria ter sido proposta somente
em face das outras REQUERIDAS de maneira que inexiste responsabilidade civil da
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.
Nesse sentido, verifica-se que a Lei nº 10.260/2001, que dispõe sobre o
Fundo de Financiamento ao estudante do Ensino Superior, estabelece em seu art. 3º, I,
alínea ‘c’, que a gestão do Fies cabe ao Ministério da Educação na qualidade de
administrador dos ativos e passivos do Fies, podendo esta atribuição ser delegada ao
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE1.
1
Art. 3º A gestão do Fies caberá:

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Portanto, verifica-se a necessidade do julgamento sem decisão de mérito,
haja vista esta REQUERIDA ser parte ilegítima na presente demanda, uma vez que não
possui competência para realizar operação de valores, ficando a cargo do FNDE para
executar os repasses.
É o que desde já requer.

III - DO MÉRITO

DA REALIDADE FÁTICA E CONTRATUAL

No caso em tela, verificamos que o contrato FIES


06.1962.185.0003698/45, de YARA HELENA GOMES DA SILVA foi firmado em 21
/ 01 / 2013, para financiamento de 100,00 % do custeio inerente à graduação.

Em consulta ao sistema SIAPI CAIXA, verificamos que não foi


concedido o abatimento.

Segue em anexo planilha de evolução contratual.

Ressaltamos que com a publicação da Lei 12.202, de 14/01/2010, a


CAIXA passou a atuar apenas como Agente Financeiro do Programa FIES, passando ao
MEC/FNDE a gestão dos recursos financeiros, operacionalização e fiscalização do
Programa, além da definição das normas e políticas regulamentares.

Dessa forma, a CAIXA, assim como o Banco do Brasil, habilitados pelo


Agente Operador (MEC/FNDE), atuam apenas como agentes financeiros do FIES,
assumindo, exclusivamente, a competência de conceder os financiamentos com recursos
do Fundo.

I - ao Ministério da Educação, na qualidade de:


c) administrador dos ativos e passivos do Fies, podendo esta atribuição ser delegada ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE);

Rua Boaventura da Silva, 1338, Bairro Umarizal, CEP 66.060-060, Belém/PA.


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Dessa forma, todas as autorizações relacionadas à contratação e
manutenção de FIES, inclusive autorização para aditamentos extemporâneos, cabem
exclusivamente àquele órgão

E, com relação às inscrições para a contratação, aditamentos e demais


manutenções do FIES, são realizadas pelo estudante beneficiado pelo Programa,
exclusivamente pelo Portal SISFIES , sítio sob a gestão do FNDE/MEC.

Esclarecemos que tanto para a contratação, como os aditamentos e as


demais solicitações, é enviado à CAIXA arquivo lógico, contendo informações a serem
implementadas em nossos sistemas.

Portanto, para que a CAIXA possa realizar qualquer atualização no


contrato, é necessário que o FNDE encaminhe o arquivo lógico, e defina como a
solicitação deve ser introduzida no sistema, não cabendo ao agente financeiro a inclusão
ou alteração de nenhuma informação constante no arquivo.

Cabe esclarecer que conforme previsto na portaria normativa n° 7 de 26


de abril de 2013, a solicitação para abatimento de 1% do saldo devedor consolidado
obedece ao disposto nesta Portaria e demais normas que regulamentam o Fies e deve ser
solicitado ao FNDE.

Art. 2º O estudante financiado pelo Fies poderá solicitar o abatimento


referido no art. 1º, independentemente da data de contratação do financiamento, desde que
tenha, no mínimo, 1 (um) ano de trabalho ininterrupto como:

II - médico em efetivo exercício com atuação em áreas e regiões com


carência e dificuldades de retenção desse profissional, definidas como prioritárias pelo
Ministério da Saúde, na forma do regulamento, e integre:

a) equipe de saúde da família oficialmente cadastrada no Cadastro


Nacional dos Estabelecimentos de Saúde - CNES, cumprindo jornada de trabalho de 40

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horas semanais, conforme diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica - PNAB,
Portaria GM/MS nº 2.488, de 21 de outubro de 2011;

b) equipe que realize atenção básica - AB em populações quilombolas,


indígenas e de assentamentos, cumprindo jornada de trabalho de 40 horas semanais,
conforme diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica - PNAB, Portaria GM/MS nº
2.488, de 21 de outubro de 2011; ou

c) equipe que realize atenção básica - AB em populações ribeirinhas,


cumprindo jornada de trabalho de 32 horas semanais, conforme diretrizes da Política
Nacional de Atenção Básica - PNAB, Portaria GM/MS nº 2.488, de 21 de outubro de 2011
e Portaria SAS/MS nº 941, de 22 de dezembro de 2011.

Art. 5º À solicitação do abatimento e as suas renovações serão efetuadas


em sistemas específicos disponibilizados:

II - pelo Ministério da Saúde, caso seja médico e integre equipe


conforme previsto no inciso II do art. 2º, devendo registrar informações referentes ao
contrato de financiamento.

§ 2º Confirmado o atendimento aos critérios para concessão do


abatimento, o FNDE notificará o agente financeiro contratante da operação para suspender
a cobrança das prestações referentes à fase de amortização do financiamento.

§ 3º A cada ano, nos meses de janeiro e fevereiro, o estudante financiado


deverá atualizar as informações e solicitar a renovação do abatimento, indicando a
quantidade de meses integralmente trabalhados no período solicitado.

Art. 7º Para solicitar o abatimento, suas renovações ou o período de


carência estendido, o estudante com financiamento em atraso ou inadimplente com o Fies
deverá regularizar o pagamento dos juros e das prestações do financiamento, devendo
permanecer nesta situação até a sua concessão.

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Conforme esclarecido na PORTARIA NORMATIVA Nº. 7, DE 26 DE
ABRIL DE 2013:

Art. 12. O agente operador regulamentará a solicitação, atualização,


renovação e aprovação do abatimento e do período de carência estendido de que trata esta
Portaria.

Portanto a autorização para o pleito cabe exclusivamente aos Ministérios


relacionados, os quais deverão ser inclusos no pólo passivo da ação.

Esclarecemos, também, que orientações acerca da atuação da CAIXA


estão descritas no MN CO458, item 3.12.

Diante todo exposto, entendemos haver ilegitimidade deste agente


financeiro para constar no pólo passivo da presente ação.

DA INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE CIVIL DA CAIXA ECONÔMICA


FEDERAL

A REQUERENTE aduz pela obrigação de fazer da CAIXA


ECONÔMICA FEDERAL para suspender cobranças referente ao crédito exigido pelo FIES
através do FNDE.
Nesse sentido, observa-se que a Lei do Fies dispõe que:

Art. 2º Constituem receitas do FIES:


§ 5º Os saldos devedores alienados ao amparo do inciso III do § 1º deste
artigo e os dos contratos cujos aditamentos ocorreram após 31 de maio de
1999 poderão ser renegociados entre credores e devedores, segundo
condições que estabelecerem, relativas à atualização de débitos
constituídos, saldos devedores, prazos, taxas de juros, garantias, valores de
prestações e eventuais descontos, observado o seguinte:

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II - as instituições adquirentes deverão apresentar ao MEC, até o dia 10 de
cada mês, relatório referente aos contratos renegociados e liquidados no
mês anterior, contendo o número do contrato, nome do devedor, saldo
devedor, valor renegociado ou liquidado, quantidade e valor de prestações,
taxa de juros, além de outras informações julgadas necessárias pelo MEC.

Daí se retira que a respeito da apresentação, renegociação, e


discriminação contratual é da Instituição de Ensino Superior, devendo apresentar os
referidos dados ao Ministério da Educação, na pessoa do FNDE.

AUSÊNCIA DO FUMUS BONI IURIS E O PERICULLUM IN MORA.

Ab initio, cumpre salientar que a tutela proposta pela REQUERENTE não


deve prosperar, uma vez que o mesmo não demonstra os pressupostos básicos para sua
garantia, quais sejam, fumus boni iuris e o pericullum in mora.
A Carta Política de 1988, ao tratar do tema, aduz que a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (CF, XXXV, art. 5), sendo assim,
o Legislador Processualista, achou por bem, estabelecer a respeito das cautelares típicas e
de sua generalidade, vejamos:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao

resultado útil do processo.

Nesse passo, NEVES, em sua obra Manual de Direito Processual Civil,


leciona que:
A tutela cautelar é ampla, geral e irrestrita, significando que a parte que
dela necessite deve apenas demonstrar o preenchimento do fumus
boniiuris e o periculum in mora no caso concreto para recebe-la,
consagrados atualmente no art. 300 do novo CPC. (2018, p. 545).

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Portanto, resta clarividente a ausência dos pressupostos processuais da
medida guerreada, pelo que desde já pleiteia pela improcedência da cautelar apresentada
pela REQUERENTE.

CONCLUSÃO

Ante ao exposto, a CAIXA requer, seja acolhida a preliminar de


ilegitimidade da CAIXA.
Ademais, caso não se reconheça a ilegitimidade, requer-se que sejam
julgados improcedentes os pedidos da parte autora, impondo-a condenação em custas e
honorários advocatícios.
Por fim, requer a habilitação nos autos em epigrafe e que sejam as
intimações realizadas em nome de FABRÍCIO DOS REIS BRANDAO, advogado,
inscrito na OAB/PA 11.471, sob pena de nulidade.
Protesta-se provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em
direito.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Brasília/DF, 17 de outubro de 2023.

FABRÍCIO DOS REIS BRANDAO


OAB/PA 11.471
OAB/DF 56.450

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