AUTOR(A): YARA HELENA GOMES DA SILVA DRAGO RÉ: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF e Outros
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA, instituição financeira
sob a forma de empresa pública federal, dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada pelo Decreto-Lei nº 759, de 12 de agosto de 1.969, e constituída pelo Decreto nº 66.303, de 06 de março de 1.970, atualmente regida pelo estatuto aprovado pelo Decreto Federal nº 8.199, de 26 de fevereiro de 2014, com sede em Brasília (DF), devidamente inscrita no CNPJ/MF sob nº. 00.360.305/0001-04, neste ato representado por seu advogado que esta subscreve, conforme instrumento de mandato anexo, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar a sua
CONTESTAÇÃO
com base nos argumentos de fato e de direito a seguir expostos:
I. DOS FATOS
Rua Boaventura da Silva, 1338, Bairro Umarizal, CEP 66.060-060, Belém/PA.
Fone/fax: (91) 3222-4153. E-mail: reisbrandaoadv@gmail.com A REQUERENTE aduz que firmou contrato de financiamento estudantil (FIES) para financiar seu curso de graduação de nível superior. A parte autora visa a provimento judicial para declarar reconhecidas as condições hábeis ao abatimento previsto no artigo 6º - B, inciso II, da Lei 10.260/2001, enquanto médico de cidade tida como prioritária por meio de Portaria do Ministério da Saúde e, passo contínuo, deferir a suspensão das cobranças das parcelas do FIES. Porém, não merecem prosperar os pedidos exordiais, conforme se demonstrará a seguir.
II – PRELIMINARENTE
DA ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM
Inicialmente, cumpre destacar que por força do art. 337, XI do CPC,
incumbe ao Réu, antes de discutir o mérito da presente ação, alegar quanto a ausência de legitimidade ou interesse processual. Do mesmo modo, o Douto Magistrado, não resolverá o mérito quando verificar a ausência dos pressupostos acima descritos, nos moldes do art. 485, VI do CPC. Observa-se que a presente ação se trata de ação ordinária pleiteando obrigação de fazer em face desta REQUERIDA e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ocorre excelência, que a presente ação deveria ter sido proposta somente em face das outras REQUERIDAS de maneira que inexiste responsabilidade civil da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Nesse sentido, verifica-se que a Lei nº 10.260/2001, que dispõe sobre o Fundo de Financiamento ao estudante do Ensino Superior, estabelece em seu art. 3º, I, alínea ‘c’, que a gestão do Fies cabe ao Ministério da Educação na qualidade de administrador dos ativos e passivos do Fies, podendo esta atribuição ser delegada ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE1. 1 Art. 3º A gestão do Fies caberá:
Rua Boaventura da Silva, 1338, Bairro Umarizal, CEP 66.060-060, Belém/PA.
Fone/fax: (91) 3222-4153. E-mail: reisbrandaoadv@gmail.com Portanto, verifica-se a necessidade do julgamento sem decisão de mérito, haja vista esta REQUERIDA ser parte ilegítima na presente demanda, uma vez que não possui competência para realizar operação de valores, ficando a cargo do FNDE para executar os repasses. É o que desde já requer.
III - DO MÉRITO
DA REALIDADE FÁTICA E CONTRATUAL
No caso em tela, verificamos que o contrato FIES
06.1962.185.0003698/45, de YARA HELENA GOMES DA SILVA foi firmado em 21 / 01 / 2013, para financiamento de 100,00 % do custeio inerente à graduação.
Em consulta ao sistema SIAPI CAIXA, verificamos que não foi
concedido o abatimento.
Segue em anexo planilha de evolução contratual.
Ressaltamos que com a publicação da Lei 12.202, de 14/01/2010, a
CAIXA passou a atuar apenas como Agente Financeiro do Programa FIES, passando ao MEC/FNDE a gestão dos recursos financeiros, operacionalização e fiscalização do Programa, além da definição das normas e políticas regulamentares.
Dessa forma, a CAIXA, assim como o Banco do Brasil, habilitados pelo
Agente Operador (MEC/FNDE), atuam apenas como agentes financeiros do FIES, assumindo, exclusivamente, a competência de conceder os financiamentos com recursos do Fundo.
I - ao Ministério da Educação, na qualidade de:
c) administrador dos ativos e passivos do Fies, podendo esta atribuição ser delegada ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE);
Rua Boaventura da Silva, 1338, Bairro Umarizal, CEP 66.060-060, Belém/PA.
Fone/fax: (91) 3222-4153. E-mail: reisbrandaoadv@gmail.com Dessa forma, todas as autorizações relacionadas à contratação e manutenção de FIES, inclusive autorização para aditamentos extemporâneos, cabem exclusivamente àquele órgão
E, com relação às inscrições para a contratação, aditamentos e demais
manutenções do FIES, são realizadas pelo estudante beneficiado pelo Programa, exclusivamente pelo Portal SISFIES , sítio sob a gestão do FNDE/MEC.
Esclarecemos que tanto para a contratação, como os aditamentos e as
demais solicitações, é enviado à CAIXA arquivo lógico, contendo informações a serem implementadas em nossos sistemas.
Portanto, para que a CAIXA possa realizar qualquer atualização no
contrato, é necessário que o FNDE encaminhe o arquivo lógico, e defina como a solicitação deve ser introduzida no sistema, não cabendo ao agente financeiro a inclusão ou alteração de nenhuma informação constante no arquivo.
Cabe esclarecer que conforme previsto na portaria normativa n° 7 de 26
de abril de 2013, a solicitação para abatimento de 1% do saldo devedor consolidado obedece ao disposto nesta Portaria e demais normas que regulamentam o Fies e deve ser solicitado ao FNDE.
Art. 2º O estudante financiado pelo Fies poderá solicitar o abatimento
referido no art. 1º, independentemente da data de contratação do financiamento, desde que tenha, no mínimo, 1 (um) ano de trabalho ininterrupto como:
II - médico em efetivo exercício com atuação em áreas e regiões com
carência e dificuldades de retenção desse profissional, definidas como prioritárias pelo Ministério da Saúde, na forma do regulamento, e integre:
a) equipe de saúde da família oficialmente cadastrada no Cadastro
Nacional dos Estabelecimentos de Saúde - CNES, cumprindo jornada de trabalho de 40
Rua Boaventura da Silva, 1338, Bairro Umarizal, CEP 66.060-060, Belém/PA.
Fone/fax: (91) 3222-4153. E-mail: reisbrandaoadv@gmail.com horas semanais, conforme diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica - PNAB, Portaria GM/MS nº 2.488, de 21 de outubro de 2011;
b) equipe que realize atenção básica - AB em populações quilombolas,
indígenas e de assentamentos, cumprindo jornada de trabalho de 40 horas semanais, conforme diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica - PNAB, Portaria GM/MS nº 2.488, de 21 de outubro de 2011; ou
c) equipe que realize atenção básica - AB em populações ribeirinhas,
cumprindo jornada de trabalho de 32 horas semanais, conforme diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica - PNAB, Portaria GM/MS nº 2.488, de 21 de outubro de 2011 e Portaria SAS/MS nº 941, de 22 de dezembro de 2011.
Art. 5º À solicitação do abatimento e as suas renovações serão efetuadas
em sistemas específicos disponibilizados:
II - pelo Ministério da Saúde, caso seja médico e integre equipe
conforme previsto no inciso II do art. 2º, devendo registrar informações referentes ao contrato de financiamento.
§ 2º Confirmado o atendimento aos critérios para concessão do
abatimento, o FNDE notificará o agente financeiro contratante da operação para suspender a cobrança das prestações referentes à fase de amortização do financiamento.
§ 3º A cada ano, nos meses de janeiro e fevereiro, o estudante financiado
deverá atualizar as informações e solicitar a renovação do abatimento, indicando a quantidade de meses integralmente trabalhados no período solicitado.
Art. 7º Para solicitar o abatimento, suas renovações ou o período de
carência estendido, o estudante com financiamento em atraso ou inadimplente com o Fies deverá regularizar o pagamento dos juros e das prestações do financiamento, devendo permanecer nesta situação até a sua concessão.
Rua Boaventura da Silva, 1338, Bairro Umarizal, CEP 66.060-060, Belém/PA.
Fone/fax: (91) 3222-4153. E-mail: reisbrandaoadv@gmail.com Conforme esclarecido na PORTARIA NORMATIVA Nº. 7, DE 26 DE ABRIL DE 2013:
Art. 12. O agente operador regulamentará a solicitação, atualização,
renovação e aprovação do abatimento e do período de carência estendido de que trata esta Portaria.
Portanto a autorização para o pleito cabe exclusivamente aos Ministérios
relacionados, os quais deverão ser inclusos no pólo passivo da ação.
Esclarecemos, também, que orientações acerca da atuação da CAIXA
estão descritas no MN CO458, item 3.12.
Diante todo exposto, entendemos haver ilegitimidade deste agente
financeiro para constar no pólo passivo da presente ação.
DA INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE CIVIL DA CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL
A REQUERENTE aduz pela obrigação de fazer da CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL para suspender cobranças referente ao crédito exigido pelo FIES através do FNDE. Nesse sentido, observa-se que a Lei do Fies dispõe que:
Art. 2º Constituem receitas do FIES:
§ 5º Os saldos devedores alienados ao amparo do inciso III do § 1º deste artigo e os dos contratos cujos aditamentos ocorreram após 31 de maio de 1999 poderão ser renegociados entre credores e devedores, segundo condições que estabelecerem, relativas à atualização de débitos constituídos, saldos devedores, prazos, taxas de juros, garantias, valores de prestações e eventuais descontos, observado o seguinte:
Rua Boaventura da Silva, 1338, Bairro Umarizal, CEP 66.060-060, Belém/PA.
Fone/fax: (91) 3222-4153. E-mail: reisbrandaoadv@gmail.com II - as instituições adquirentes deverão apresentar ao MEC, até o dia 10 de cada mês, relatório referente aos contratos renegociados e liquidados no mês anterior, contendo o número do contrato, nome do devedor, saldo devedor, valor renegociado ou liquidado, quantidade e valor de prestações, taxa de juros, além de outras informações julgadas necessárias pelo MEC.
Daí se retira que a respeito da apresentação, renegociação, e
discriminação contratual é da Instituição de Ensino Superior, devendo apresentar os referidos dados ao Ministério da Educação, na pessoa do FNDE.
AUSÊNCIA DO FUMUS BONI IURIS E O PERICULLUM IN MORA.
Ab initio, cumpre salientar que a tutela proposta pela REQUERENTE não
deve prosperar, uma vez que o mesmo não demonstra os pressupostos básicos para sua garantia, quais sejam, fumus boni iuris e o pericullum in mora. A Carta Política de 1988, ao tratar do tema, aduz que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (CF, XXXV, art. 5), sendo assim, o Legislador Processualista, achou por bem, estabelecer a respeito das cautelares típicas e de sua generalidade, vejamos: Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
Nesse passo, NEVES, em sua obra Manual de Direito Processual Civil,
leciona que: A tutela cautelar é ampla, geral e irrestrita, significando que a parte que dela necessite deve apenas demonstrar o preenchimento do fumus boniiuris e o periculum in mora no caso concreto para recebe-la, consagrados atualmente no art. 300 do novo CPC. (2018, p. 545).
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Fone/fax: (91) 3222-4153. E-mail: reisbrandaoadv@gmail.com Portanto, resta clarividente a ausência dos pressupostos processuais da medida guerreada, pelo que desde já pleiteia pela improcedência da cautelar apresentada pela REQUERENTE.
CONCLUSÃO
Ante ao exposto, a CAIXA requer, seja acolhida a preliminar de
ilegitimidade da CAIXA. Ademais, caso não se reconheça a ilegitimidade, requer-se que sejam julgados improcedentes os pedidos da parte autora, impondo-a condenação em custas e honorários advocatícios. Por fim, requer a habilitação nos autos em epigrafe e que sejam as intimações realizadas em nome de FABRÍCIO DOS REIS BRANDAO, advogado, inscrito na OAB/PA 11.471, sob pena de nulidade. Protesta-se provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito. Nestes termos, Pede deferimento. Brasília/DF, 17 de outubro de 2023.
FABRÍCIO DOS REIS BRANDAO
OAB/PA 11.471 OAB/DF 56.450
Rua Boaventura da Silva, 1338, Bairro Umarizal, CEP 66.060-060, Belém/PA.