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1. FATOS
O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) foi instituído pela Lei n. 5.170, de 13 de
setembro de 1966, e é composto de recursos captados no setor privado e administrados
pela Caixa Econô mica Federal, possuindo como principal finalidade a proteçã o dos
trabalhadores demitidos sem justa causa.
Atualmente, o FGTS é regido pela Lei n. 8.036, de 11 de maio de 1990, a qual delegou à
instituiçã o financeira ré a qualidade de agente operador do fundo, cabendo-lhe, nos termos
do artigo 7º do referido diploma legal:
Art. 7º À Caixa Econômica Federal, na qualidade de agente operador, cabe:
1. centralizar os recursos do FGTS, manter e controlar as contas vinculadas, e emitir
regularmente os extratos individuais correspondentes às contas vinculadas e participar da
rede arrecadadora dos recursos do FGTS;
2. expedir atos normativos referentes aos procedimentos administrativo-operacionais dos
bancos depositários, dos agentes financeiros, dos empregadores e dos trabalhadores,
integrantes do sistema do FGTS;
3. definir os procedimentos operacionais necessários à execução dos programas de habitação
popular, saneamento básico e infra- estrutura urbana, estabelecidos pelo Conselho Curador
com base nas normas e diretrizes de aplicação elaboradas pelo Ministério da Ação Social;
4. elaborar as análises jurídica e econômico-financeira dos projetos de habitação popular,
infra-estrutura urbana e saneamento básico a serem financiados com recursos do FGTS;
5. emitir Certificado de Regularidade do FGTS;
6. elaborar as contas do FGTS, encaminhando-as ao Ministério da Ação Social;
7. implementar os atos emanados do Ministério da Ação Social relativos à alocação e
aplicação dos recursos do FGTS, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho;
8. garantir aos recursos alocados ao FI-FGTS, em cotas de titularidade do FGTS, a
remuneração aplicável às contas vinculadas, na forma do caput do art. 13 desta Lei.
(Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
Parágrafo único. O Ministério da Ação Social e a Caixa Econômica Federal deverão dar pleno
cumprimento aos programas anuais em andamento, aprovados pelo Conselho Curador, sendo
que eventuais alterações somente poderão ser processadas mediante prévia anuência daquele
colegiado.
Além das referidas atribuiçõ es, incumbe à Caixa Econô mica Federal realizar a correçã o
monetá ria dos fundos de todos os trabalhadores, bem como remunerá -los com juros, nos
termos dos caputs dos artigos 2º e 13 da Lei n. 8.036/90, in verbis:
Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que se refere esta lei e outros
recursos a ele incorporados, devendo ser aplicados com atualização monetária e juros, de
modo a assegurar a cobertura de suas obrigações.
Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com
base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e
capitalização juros de (três) por cento ao ano.
Ocorre que, nã o obstante figurar como operadora do FGTS, a instituiçã o financeira
demandada nã o vem aplicando, de forma correta, a atualizaçã o monetá ria das contas
vinculadas ao FGTS dos trabalhadores ora substituídos, uma vez que o parâ metro fixado
para correçã o – estabelecido nos artigos 12 e 17 da Lei n. 8.177, de 1º de março de
1991 – nã o promove a efetiva atualizaçã o monetá ria desde 1999, se distanciando
sobremaneira dos índices oficiais de inflaçã o.
Tal fato vem causando grave prejuízo aos trabalhadores, os quais, conforme perícia
contá bil anexa, tiveram efetivas perdas em suas contas vinculadas ao FGTS por conta da
ausência de real correçã o monetá ria dos créditos nelas depositados, o que nã o se pode
admitir, diante da inequívoca perda do valor da moeda depositada no fundo criado para
proteçã o dos trabalhadores.
Dessa forma, impõ e-se ao Poder Judiciá rio que, reconhecendo a ilegalidade da aplicaçã o da
taxa referencial à s contas do FGTS dos substituídos, determine à Caixa a correta
recomposiçã o dos créditos depositados nas referidas contas, nos termos da fundamentaçã o
a seguir, bem como que efetue o pagamento das respectivas diferenças, a serem apuradas
em liquidaçã o de sentença.
4. INEXISTÊNCIA DE PRESCRIÇÃO
Antes de adentrar no â mago da questã o, cabe destacar que o prazo prescricional para
invocar o direito ora pleiteado é trintená rio, conforme já pacificado perante Superior
Tribunal de Justiça, conforme teor da Sú mula 210: "A ação de cobrança das contribuições
para o FGTS prescreve em (30) trinta anos".
Para nã o restarem quaisquer dú vidas, cita-se recente julgado proferido pelo referido
Tribunal:
RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. FGTS. CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS
VINCULADAS. DIFERENÇAS DE EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. TEMA JÁ JULGADO PELO
REGIME DO ART. 543-C DO CPC E DA RESOLUÇÃO N. 8/08 DO STJ, QUE TRATAM DOS
RECURSOS REPRESENTATIVOS DE CONTROVÉRSIA. [...]
Outrossim, não deve prevalecer a interpretação da recorrente quanto à ocorrência de
prescrição quinquenal, pois este Tribunal já decidiu que é trintenária a prescrição para
cobrança de correção monetária de contas vinculadas ao FGTS, nos termos das Súmula
XXXXX/STJ: "A ação de cobrança das contribuições para o FGTS prescreve em (30) trinta
anos".
(REsp XXXXX/RJ, rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em XXXXX-08-
2010, DJe XXXXX-09-2010 - grifou-se.).
Portanto, verifica-se de plano que a pretensã o coletiva ora formulada nã o está alcançada
pela prescriçã o trintená ria citada, tendo em vista que, conforme o laudo anexo, os créditos
das contas vinculadas ao FGTS dos substituídos passaram a ser erroneamente corrigidos
pela taxa referencial a partir de 1999.
7.CONCLUSÃO
Frente a todo narrado, em primeiro lugar deve ser declarado que a TR – Taxa Referencial,
não constitui índice de correção monetária porquanto reflete a variação do custo
primário da captação dos depósitos bancários a prazo fixo, e não a variação do custo
da moeda, e a declaraçã o do direito dos substituídos de terem os valores que foram e que
serã o depositados em conta vinculada do FGTS, de serem corrigidos monetariamente
considerados os índices pleiteados na presente açã o.
Além disso, os substituídos fazem jus a ter os seus depó sitos do FGTS corrigidos
monetariamente com os índices pleiteados – inclusive sobre os saques eventualmente
ocorridos, com o crédito em suas contas das diferenças resultantes, acrescidas dos juros
garantidos pela pró pria Lei nº 8.036/90 e os juros de mora.
Por fim, as correçõ es em tela devem ser consideradas também naquelas hipó teses em que,
com o apoio legal (art. 20 da Lei nº 8.036/90) o substituído sacou seu FGTS com a
continuidade do vínculo empregatício. Em outros termos, os valores sacados que no futuro
foram ou serã o considerados para fins rescisó rios, devem também ser corrigidos
monetariamente pelo índice reconhecido como devido na presente açã o (art. 18, § 1º da Lei
nº 8.036/90 e Resoluçã o do Conselho Curador do FGTS nº 28, de 06.02.91).
8. PEDIDOS
Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:
a citaçã o da requerida no endereço inicialmente indicado para, querendo, apresentar
defesa dos termos da lei, advertida das sançõ es de confissã o e revelia;a produçã o de todas
as provas em direito admitidas, especialmente a documental anexa;
declaraçã o judicial que a TR – Taxa Referencial, nã o constitui índice de correçã o monetá ria
porquanto reflete a variaçã o do custo primá rio da captaçã o dos depó sitos bancá rios a
prazo fixo, e nã o a variaçã o do custo da moeda;
a suspensã o do feito com base na ADI 5090;
a condenaçã o da ré a substituir a TR pelo INPC como índice de correçã o dos depó sitos
efetuados em nome dos substituídos, a partir de 1999, com o consequente pagamento, em
favor de cada trabalhador substituído pelo autor, do valor correspondente à s diferenças do
FGTS decorrentes da aplicaçã o do INPC aos valores vinculados, nos meses em que a TR foi
menor que a inflaçã o do período (parcelas vencidas e vincendas);
caso nã o entenda pela aplicaçã o do INPC, a condenaçã o da ré a substituir a TR pelo IPCA
como índice de correçã o dos depó sitos efetuados em nome dos substituídos, a partir de
1999, com o consequente pagamento, em favor de cada trabalhador substituído pelo autor,
do valor correspondente à s diferenças do FGTS decorrentes da aplicaçã o do IPCA aos
valores vinculados, nos meses em que a TR foi menor que a inflaçã o do período (parcelas
vencidas e vincendas);
e ainda, caso, nã o entenda das formas anteriormente expostas, a condenaçã o da ré a
substituir a TR por outro índice que leve em consideraçã o a correçã o monetá ria e atualize
os depó sitos efetuados em nome dos substituídos, a partir de 1999, com o consequente
pagamento, em favor de cada trabalhador substituído pelo autor, do valor correspondente
à s diferenças do FGTS decorrentes da aplicaçã o do referido índice aos valores vinculados,
nos meses em que a TR foi menor que a inflaçã o do período (parcelas vencidas e
vincendas);
sobre os valores devidos pela condenaçã o de que tratam os itens anteriores, a incidência de
correçã o monetá ria desde a inadimplência da Caixa, bem como os juros legais, observando
aqueles pró prios do FGTS e os juros do có digo civil quando tenha ocorrido saque do FGTS
em qualquer uma das hipó teses da previstas no art. 20 da Lei 036/90.
a condenaçã o da ré ao pagamento das custas e honorá rios advocatícios, em valor a ser
arbitrado pelo Juízo.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,
principalmente documental.
Dá -se a causa o valor de__________________.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local, data
ADVOGADO
OAB