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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DO JUIZADO ESPECIA DA 14ª VARA FEDERAL


DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA PARAÍBA.

Processo nº : 0501364-30.2019.4.05.8205
Autor (es) : NEUSA DE SOUSA JUSTO
Ré : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL; instituição financeira sob


a forma de empresa pública, dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada pelo
Decreto-Lei n.º 759, de 12 de Agosto de 1969, regendo-se atualmente através de seu
Estatuto aprovado pelo Decreto nº 5.056/2004, de 29 de abril de 2004, arquivado na Junta
Comercial do Distrito Federal; inscrita no CNPJMF sob o n.º 00. 360.305/0001-04; com
sede no SBS, Quadra 04, Lote 34, Brasília- BH; por sua Gerência Jurídica Regional -
JURIR/JP, situada na Rua Via Expressa Miguel Couto, 221 – 2º andar, Centro, João
Pessoa/PB – CEP: 58.010-770, local onde recebe intimações; vem, por seu advogado
bastante consoante instrumento procuratório anexo, apresentar:

CONTESTAÇÃO

Em resposta à demanda inicial nos autos do processo supra-referido, pelos fundamentos de


fato e de direito a seguir expostos.

DOS FATOS
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Alega a parte autora que é ex-servidora pública federal, tendo


exercido serviço junto ao INSS desde o nano de 1985;
Afirma que apesar da mudança de regime ter ocorrido no final do
ano de 1990, o valor disponivel par saque das contas do FGTS somente foram
disponibilizados meses após, sendo realizados já no ano de 1991;
Em 1989 e 1991, entraram em vigor os planos economicos Verão,
Collor I e II, que alteraram o calculo d correção monetária dos saldos das contas de
poupança e FGTS;
Ao procurar a CAIXA para solicitar um extrato de sua conta de
FGTS, oportunidade na qual lhe foi informado que todos as informações referentes ao
extrato são disponibilizadas eletronicamente atraves do site da CAIXA;
Afirma que o extrato disponibilizado no site não possuii qualquer
informação referente ao FGTS da autora, tendo a CAIXA alegado que não possui tais
informações pois estas pertenciam a outros bancos;
Diante disso, requer o pagamento de R$ 30.000,00 referente aos
expurgos inflacionarios dos planos Verão, Collor I e II, bem como danos morais.

DO DIREITO

1 JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº. 226.855-RS


A CAIXA, na intransigente defesa do FGTS, sempre defendeu as
teses de legalidade dos índices aplicados às contas do Fundo e de inexistência de direito
adquirido, como resultado da obediência às leis que implementaram os planos
econômicos, bem assim nos artigos 6º, da Lei de Introdução ao Código Civil, e 5º,
XXXVI, da Constituição Federal.
Em 31/08/2000, acolhendo a tese abraçada pela CAIXA, o Eg.
Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Recurso Extraordinário nº. 226.855-RS, tendo
por relator o Exmo. Ministro Moreira Alves, decidiu ser indevido o pagamento relativo
aos índices dos planos BRESSER (JUN/87), COLLOR I (MAIO/1990) e COLLOR II
(FEV/1991), porque inexistente ofensa ao direito adquirido, ou seja, não existe direito
adquirido a regime jurídico.
E a declaração de inexistência do direito adquirido pelo STF não
foi causa desconstitutiva de eventual direito dos possuidores de conta FGTS. Não
tinham eles, desde sempre, direito a obter provimento favorável ao pedido levado à
apreciação do Judiciário.
Na espécie, os titulares de contas vinculadas ao FGTS não têm
direito adquirido à atualização dos valores pelos índices que pleiteiam, pois as normas
que determinaram os índices aplicados observaram o preceito contido no art. 5º,
XXXVI, da CF.

2 DO "PLANO BRESSER" - JUN/1987

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Amparado no art. 16 do DL 2.335/87, que instituiu o Plano


Bresser, e no exercício de suas atribuições (Lei nº 4.595/64, art. 9º), o Conselho
Monetário Nacional –CMN e o Banco Central do Brasil-BACEN expediram a
Resolução nº 1.338, de 15-06-87, que dispôs:

"I - O valor nominal das Obrigações do Tesouro Nacional


(OTN) será atualizado, no mês de julho de 1987, pelo
rendimento produzido pelas Letras do Banco Central (LBC) no
período de 1º a 30 de junho de 1987, inclusive.
II - omissis.
III - Os saldos das Cadernetas de Poupança, bem como os do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Fundo
de Participação PIS-PASEP serão atualizados, no mês de
julho de 1987, pelo mesmo índice de variação do valor
nominal da OTN."

Determinou a aludida Resolução que a OTN fosse atualizada no


mês de julho de 1987 pelo valor das LBC, apurado no período de 01 a 30-06-87, e que
os depósitos no FGTS fossem remunerados em julho/87, mês base junho/87, pelo valor
da OTN, então corrigida pelo índice da LBC.
Assim, todas as alterações levadas a efeito pelo Conselho
Monetário Nacional estavam respaldadas pelos termos do art. 12 do Decreto-lei nº
2.284/86, com a redação dada pelo Decreto-lei nº 2.290/86, e pelo DL nº 2.311/86, bem
como pelo art. 16 do Decreto-lei nº 2.335/87, que facultava àquele Órgão Deliberativo
definir qual o índice aplicável ao FGTS.
E o crédito nas contas vinculadas era trimestral, devendo ocorrer
em 01-09-1987, sobre o saldo existente em 01-06-1987, com base na OTN.
Vê-se, pois, que o banco depositário cumpriu o que lhe foi
determinado por expressa disposição legal e regulamentar, editadas anteriormente à
formação do direito à correção deferida, pelo que os fundistas não tinham direito
adquirido ao crédito com base no IPC/IBGE.

3 PLANO VERÃO – JAN/89 (42,72%) e PLANO COLLOR I – ABR/90 (44,80%) – LEI


COMPLEMENTAR nº. 110/ 2001
Com o julgamento do RE 226.855-RS, pelo STF, ficou
consignado, conforme entendimento já consolidado daquela excelsa Corte, de que não
há direito adquirido a regime jurídico, confirmando mais uma vez a natureza jurídica do
FGTS, como contribuição social institucional, sem quaisquer nuances contratuais.
Em conseqüência, o STJ reformulou o seu entendimento,
consolidando a nova situação, ao editar a Súmula 252, verbis:

“Os saldos das contas do FGTS, pela legislação


infraconstitucional, são corrigidos em 42,72% (IPC) quanto
as perdas de janeiro de 1989 e 44,8% (IPC) quanto as de abril

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de 1990, acolhidas pelo Superior Tribunal de Justiça os


índices de 18,02% (LBC) quanto às perdas de junho de 1987,
de 5,38% (BTN) para maio de 1990 e 7% (TR) para fevereiro
de 1991, de acordo com entendimento do Supremo Tribunal
Federal (STF)”.

Nessa conformidade, é certo que os índices de 18,02%, 5,38% e


7%, referentes aos índices dos meses de junho/87, maio/90 e fevereiro/91,
respectivamente, foram os oficialmente aplicados pelo banco depositário.
No entanto, no mês de janeiro/89, deixou-se de creditar 16,64%,
correspondente à diferença entre o valor lançado e o efetivamente devido e, em abril/90,
não houve creditamento de atualização monetária, sendo devido o percentual de
44,80%, de acordo com o estabelecido no art. 4º da Lei Complementar nº 110/2001.
Entretanto, a questão do FGTS merece maior reflexão, eis que se
trata de contribuição social e, como é sabido, o Fundo não possui liquidez, até porque se
destina a compensação pelo tempo de serviço, sendo os recursos aplicados para
financiamento da casa própria, direcionado a camadas mais carentes da população, além
de saneamento básico, também com grande alcance social. Enfim, o pagamento dessas
diferenças não pode se operar em desacordo com o cronograma estabelecido nos art. 4º,
5º e 6º, da Lei Complementar nr. 110/01 (majoração da multa por rescisão imotivada e
aumento da contribuição do empregador), única fonte de recurso criada para suportar tal
encargo.
Mas não é só. É imperioso lembrar que as aplicações do FGTS
não receberam os expurgos relativos a janeiro/89 e abril/90, inferindo-se que o
pagamento de tais índices submete-se à regra orçamentária de que não pode haver
desembolso sem os necessários recursos, agora delineados pelo LC 110/2001, mas a
longo tempo.
O respeito aos termos da Lei Complementar nº 110/01, deve-se
exclusivamente ao fato de que é necessário, primeiramente, compor o custeio dessas
diferenças, nos termos do art. 4º, II, da aludida Norma Complementar, evitando-se dessa
forma a violação dos arts. 149 e 195, I, § 5º, da Constituição da República.
De fato, considerando a natureza tipicamente institucional do
FGTS, em tudo semelhante ao regime da Previdência Social, que exige a
correspondente fonte de custeio para possibilitar o desembolso de quaisquer
modalidades de contribuições sociais, não há como, no caso do FGTS, deixar de adotar
o mesmo procedimento. Vale dizer, tratando-se de um Fundo Público, o pagamento de
um benefício só poderá ocorrer na hipótese de haver a necessária contrapartida de
receitas.
Como é sabido, a composição das perdas inflacionárias referentes
aos Planos Verão e Collor I (abril/90) gerará para o Tesouro Nacional um passivo da
ordem de R$ 40 bilhões de reais. Para compor esta situação foi necessário adotar duas
medidas básicas no campo da receita pública, trazidas pela Lei Complementar nº
110/01: 1) aumento de 10 pontos percentuais da multa rescisória sobre o saldo do FGTS
para a dispensa sem justa causa; 2) majoração de 0,5 ponto percentual da contribuição
mensal do empregador para o FGTS. Além destas providências, foi previsto um deságio

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das contas vinculadas, de acordo como valor a ser recebido pelo titular que firmar o
acordo administrativo.
Desse modo, enquanto não composta a fonte de custeio, a
determinação de recomposição das contas vinculadas do FGTS, deverá observar o prazo
estabelecido na LC 110/01, pois, do contrário, estar-se-ia violando expressamente o
disposto no art. 195, § 5º, da Constituição da República.
Note-se que essa composição dos recursos necessários para o
pagamento da correção das contas vinculadas, o que se dará basicamente com o ingresso
nos cofres do Fundo dos recursos provenientes das majorações das contribuições sociais
referidas, é matéria não apenas pertinente aos titulares das contas que firmaram o acordo
administrativo previsto no art. 4o a 6o. da LC 110/01. Atinge, também, todos os
titulares que preferiram ingressar na via judicial, tendo em vista a total impossibilidade
do FGTS saldar estas obrigações de forma imediata, visto que os recursos necessários
para esta composição ainda não foram incorporados ao patrimônio do Fundo, o que
somente se dará de forma diferida, nos moldes do art. 13 da LC 110/01.
A Lei Complementar 110/01, embora não obrigue o titular da
conta vinculada a firmar o Termo de Adesão para a composição administrativa das
perdas inflacionárias, aplica-se obrigatoriamente a todos os titulares das contas
vinculadas, mesmo os que ingressaram em juízo, ao menos no que toca à forma de
pagamento diferido preconizada implicitamente em seu art. 13. Tal dispositivo, diga-se,
aplica-se não somente em relação à composição administrativa das contas, mas
principalmente no tocante às questões submetidas ao crivo do Poder Judiciário.
Trata-se, como se pode observar, de verdadeira mudança no
regime jurídico do FGTS, que se deu por meio de lei, o que é plenamente possível, dada
a natureza institucional do FGTS. A Lei Complementar veio regular, para o futuro, duas
situações verificadas no passado, relativamente aos planos econômicos reconhecidos
pela jurisprudência do STF e do STJ.
Dessa forma, não há como proceder o pagamento das diferenças
dos Planos Verão (42,72% - jan/89) e Collor I (44,80% - abr/90), em desobediência aos
termos da LC 110/01. Entendimento diverso viola frontalmente dispositivos dessa Lei
Complementar e da própria Constituição.

4 DO PEDIDO REFERENTE AOS MESES DE MARÇO, JUNHO DE 1990 E


SEGUINTES
Especificamente em relação ao índice de 84,32% (março/90), são
merecidas algumas considerações, por pertinentes:
É fato público e notório (edital publicado no DOU de 19/04/90,
Seção 1, pág. 7382), independendo, portanto, de prova, que esse percentual foi
acrescido às contas do FGTS em 02 de abril de 1990.
Com efeito, nos meses que se seguiram à implantação do
intitulado Plano Collor, os saldos das contas vinculadas do FGTS foram atualizados em
obediência ao disposto no artigo 11, da Lei 7.839/89 ("Lei do FGTS" à época) e ao
disposto no art. 6º, § 2º, da Medida Provisória nº 168/90, convertida na Lei nº 8.024/90,
na Medida Provisória nº 172/90 e n° 180/90, e na Medida Provisória n° 189/90,
convertida na Lei nº 8.088/90.

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Nesse diapasão, as contas receberam a aplicação do mesmo índice


de correção monetária aplicado à poupança, sendo que, no mês de abril/90, foi
creditado, para que não se tenha mais dúvidas, o índice de 84,32%, relativo ao IPC do
mês anterior, acrescido da taxa de juros da espécie.
Não há razão plausível para alterar-se o índice de atualização dos
saldos das contas do FGTS existentes em Julho de 1990 e seguintes, do BTN para o
IPC.
A MP 189/90, convertida na Lei n. 8.088/90, em seu artigo 2º,
combinado com o artigo 13 da Lei n. 8.036/90, fixou o BTN como índice de
atualização.
A Lei 8.036/90, assim dispõe:

“Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão


corrigidos monetariamente, com base nos parâmetros fixados
para atualização dos saldos dos depósitos de poupança, e
capitalização juros de 3% ao ano.”

Por sua vez, dispõe a Lei n. 8.088/90:

“Art. 2º Os depósitos de poupança, em cada período de


rendimento, serão atualizados monetariamente pela variação do
valor nominal do BTN e renderão juros de cinco décimos por
cento ao mês.”

Assim, a Lei n. 8.036/90, por seu art. 13, manteve a paridade de


remuneração básica entre FGTS e poupança e esta, na época, era atualizada pelo Bônus
do tesouro Nacional – BTN. O artigo 6º, da MP 38 de 03.02.89, convertida na Lei n.
7.738, de 09.03.89, também dispôs que os saldos do FGTS seriam atualizados, a partir
de fevereiro/89, pelos mesmos índices que forem utilizados para atualização dos saldos
dos depósitos de poupança.
Diante das referidas leis, o STJ, por sua Primeira Seção, no REsp.
n. 265.556/AL, adotou o BTN como índice de atualização dos saldos do FGTS
existentes em maio/90.
Merece ser transcrito, em parte, o Voto do Eminente Ministro
Relator, FRANCIULLI NETTO, no tocante ao mês de maio/90 (fl. 22).

“A princípio, trazendo para o mês de maio/90 a mesma


interpretação dada para o mês de abril/90, restaria fácil a
solução para a controvérsia, pois, repita-se uma vez mais, o
índice de atualização dos saldos de FGTS até o limite de NCz$
50.000,00 é o IPC e o excedente o BTNf, a teor da Lei n.
8.024/90.

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Entretanto, em maio de 1990, veio a lume a Medida Provisória


n. 189, convertida na Lei n. 8.088/90, fixando o BTN como
índice de atualização dos saldos do FGTS.
Assim, a Suprema Corte entendeu correta a aplicação do BTN
pela Caixa Econômica Federal, não prevalecendo o
posicionamento segundo o qual o IPC era de rigor em respeito
ao direito adquirido.
Com efeito, o recurso extraordinário foi conhecido e provido
nesse ponto, e eleito o BTN de 5,38% para a correção do mês
de maio/90
Dessa forma, se o STJ adotou o BTN, acompanhando o
posicionamento do STF, diante da inexistência de direito adquirido dos fundistas, não
há razão para voltar a adotar, em Junho de 1990 ou nos meses seguintes, o IPC.
Não há razão porque não houve mudança na legislação,
continuava a vigorar a Lei n. 8.088/90, cujo índice que especificava foi adotado pela
Primeira Seção, no julgamento acima citado.
Os saldos das contas do FGTS existentes em Junho/90 e meses
seguintes foram corretamente atualizadas no percentual, referente ao BTN. Outro não
poderia ser o índice aplicável haja vista que a Lei 8.036/90 assim dispôs a respeito da
atualização das contas e, a CAIXA, como Empresa Pública não poderia aplicar índices
diversos daqueles determinados pela Legislação Federal.
Não há base jurídica para o pagamento da correção monetária
baseada no IPC, pois naqueles meses, de acordo com a legislação então em vigor, o
critério aplicável era a variação do BTN, que foi paga no percentual devido. O IPC não
era mais o critério legal de atualização, razão pela qual deve ser julgado improcedente o
pedido da diferença entre a variação do BTN e os índices do IPC dos meses de junho/90
e seguintes.

5 DO PLANO COLLOR I (MAIO/1990) E DAS ALTERAÇÕES POSTERIORES (LEI


8.036/90). CRÉDITO EM JUN/90. ÍNDICE: 7,87% (IPC) X 5,38% (BTN)
O deferimento de remuneração adicional às contas vinculadas no
mês de MAIO de 1990 não pode ocorrer, sob pena de caracterizar literal violação a
disposição de lei e da Constituição Federal, notadamente o art. 11 da Lei nº. 7.839/89,
que estatui:

“Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos


monetariamente, com base nos parâmetros fixados para atualização dos
saldos dos depósitos de poupança e capitalização de 3% a.a.".

Registre-se, por necessário, que a redação do referido dispositivo


foi mantida no artigo 13 da atual Lei nº 8.036/90, que rege o FGTS.
Assim, nos meses de maio e junho de 1990, os depósitos do
FGTS deveriam ser remunerados, como efetivamente foram, segundo os índices
aplicáveis às cadernetas de poupança.

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Por sua vez, a Lei nº 8.024, de 12-04-90, alterada pela MP nº 180, de


17-04-90, estabeleceu no art. 24:

"A partir de maio de 1990, os saldos das contas de poupança


serão atualizados pela variação do BTN, na forma divulgada
pelo Banco Central do Brasil."

Já a Lei nº 8.030, de 12-04-90, resultante da MP 154, de 15-02-


90, a que se reportou a norma acima, no art. 2º, determinou:

"O Ministro da Economia, Fazenda e Planejamento


estabelecerá, em ato publicado no Diário Oficial da União:
III - no primeiro dia útil após o dia 15 de cada mês, a partir do
dia 15 de abril de 1990, o percentual de reajuste mínimo
mensal para os salários em geral, bem assim para o salário
mínimo."
§ 6º. O ministro da Economia, Fazenda e Planejamento
solicitará à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, a instituição de pesquisa de notória
especialização, o cálculo de índices de preços apropriados à
medição da variação da média dos preços relativos aos
períodos correspondentes às metas a que se refere o inciso
III."

E o art. 22 da mencionada Lei nº. 8.024/90, decorrente da MP


168, de 15-03-90, dispôs:

"O valor nominal do Bônus do Tesouro Nacional - BTN será


atualizado cada mês por índice calculado com a mesma
metodologia utilizada para o índice referido no art. 2º, §6º, da
lei de conversão resultante da Medida Provisória nº 154, de 15
de março de 1990, refletindo a variação de preço entre o dia
15 (quinze) daquele mês e o dia 15 (quinze) do mês anterior.
Parágrafo único. Excepcionalmente, o valor nominal do
BTN no mês de abril de 1990 será igual ao valor da BTN
Fiscal no dia 1º de abril de 1990."

Desta forma mostra-se extreme de dúvidas que os reajustes


aplicados pela CAIXA nas contas vinculadas obedeceram estritamente às determinações
legais, não tendo fundistas direito adquirido ao índice deferido.

6 PLANO COLLOR II (FEV/91) - ÍNDICES: 21,87%


Em 31 de janeiro de 1.991 foi editada a MP 294, convertida na
Lei 8.177, de 01-03-91, estabeleceu no art. 17 que a partir de fevereiro/91, os saldos

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das contas FGTS passariam a ser corrigidas pelos mesmos índices de remuneração das
cadernetas de poupança que, por sua vez, seriam reajustados pela TR-D (art. 12, I).
No caso, a mudança do critério de correção das contas do FGTS
ocorreu em 31-01-91, quando ainda não havia sequer iniciado o período de apuração do
índice (01-02-91 a 28-02-91, para crédito na conta em MAR/1991), valendo frisar que a
correção era mensal. Logo, a MP 294/91 produziu efeitos antes de iniciado o período de
apuração, donde exsurge a inexistência do direito a índice outro diverso daquele
previsto na legislação de regência.
Também quanto a este plano econômico não têm os fundistas
direito adquirido ao índice deferido, sendo a pretensão do autor uma afronta à legislação
acima e ao art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, vigentes anteriormente à formação
do direito à correção monetária deferida.
No que tange a esse plano econômico, o eminente Ministro
MOREIRA ALVES, ao relatar o RE nº. 226855-RS, deixou consignada a lisura da
aplicação da TR para as cadernetas de poupança e, também, para as contas vinculadas
do FGTS.
Desta maneira, não há como sustentar a existência de direito
adquirido a índice diverso da TR, porque não existe direito adquirido a regime jurídico,
eis que o FGTS é de natureza institucional, e não contratual.

7 DOS JUROS DE MORA

Ainda que se admita o acolhimento do pedido quanto aos índices


de correção, impõe-se indeferir o pleito no que tange aos juros de mora sobre as
diferenças decorrentes dos expurgos inflacionários em tela, eis que não deveria a
CAIXA adimplir uma obrigação à qual não estava sujeita, pelo que, eventual
deferimento da parcela sob comento, implica em literal violação ao Art. 397 do novel
Código Civil.
Outras argüições apontam pela inviabilidade do pedido de juros
de mora. Verifique-se que, nos termos do Art. 394 da Lei Substantiva Civil, é de
constituir-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento no tempo, lugar e forma
convencionados. Logo, como a CAIXA não estava obrigada a pagar os índices dos
Planos Econômicos na época de sua implementação, impossível atribuir-lhe os efeitos
da mora.
Da mesma forma, não se pode imputar fato ou omissão à CAIXA
por não haver efetuado as correções ora pleiteadas, o que, por si só, afasta a
legitimidade de pleitear a inclusão dos juros de mora nos cálculos, na dicção do art. 396,
do Código Civil.
Não se pode olvidar, ainda, que a parte autora, na eventualidade
de procedência da ação, já terá computado os juros próprios do FGTS. Logo, ao se
deferir juros moratórios, mesmo sendo incabíveis, ocorreria a incidência de juros sobre
juros, o que não encontra guarida no direito pátrio.
Aliás, este tem sido o entendimento dos Tribunais, como se
demonstra aresto do TRF-5ª Região:

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“Ação ordinária. FGTS. legitimidade. prescrição. cobrança de correção


monetária. sentença ultra-petita. redução aos limites do pedido exordial.
nulidade em parte. juros de mora. sucumbência mínima. -Ilegitimidade
passiva da união federal e legitimidade passiva da cef. - Prescrição
trintenária...
A incidência de juros moratórios não está condicionada à disponibilidade
econômica do crédito obrigacional, mas apenas à sua exigibilidade
jurídica e à ocorrência da mora no cumprimento da obrigação legal ou
convencional” Decisão unanime.. ( TRF 5ª REGIÃO, AC 197691-CE, 3ª
Turma, rel. Ridalvo Costa, DJU 06/11/2000, pág. 000355) ( Original sem
grifos)

Ademais, caso entenda este M.M. Juízo ser devida a aplicação de


juros moratórios, o que se admite apenas para argumentar, estes devem incidir somente
a partir da data da citação válida, em respeito ao que dispõe o artigo 219, do Diploma
Processual Civil.
Nessa conformidade, requer que seja também julgado
improcedente o pedido de aplicação dos juros de mora no presente caso, ante os
argumentos acima delineados.

8 DA IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS


E CUSTAS PROCESSUAIS

Ad argumentandum tantum, caso restem superadas as razões


alhures expostas, e entenda esse MM. Juízo pela procedência do pedido formulado pela
parte autora, o que se admite meramente para argumentar, não haverá que se falar em
condenação da CAIXA em honorários advocatícios, tendo em vista a EXPRESSA
VEDAÇÃO LEGAL à condenação em honorários em processos que tenham por objeto
os interesses do FGTS, contida no art. 29-C da Lei n.º 8.036/90, que assim dispõe:

“Art. 29-C. Nas ações entre o FGTS e os titulares de contas


vinculadas, bem como naquelas em que figurem os respectivos
representantes ou substitutos processuais, não haverá
condenação em honorários advocatícios.” (Original sem
grifos)

É esse o entendimento de nossos Egrégios Tribunais:

Ementa: CONSTITUCIONAL – PROCESSUAL CIVIL –


MEDIDA PROVISÓRIA E REQUISITOS DE RELEVÂNCIA E
URGÊNCIA – INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL –
FGTS – HONORÁRIOS – APLICABILIDADE DE LEI.

I – A apreciação dos requisitos de urgência e relevância para a


emanação de medidas provisórias é de evidente caráter
político, portanto, exclusiva do Chefe do Poder Executivo e do

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Congresso Nacional.
II – Não se há alegar a vedação material de que trata a alínea
"b", do inc. I, § 1º, do art. 62 da Constituição Republicana de
1988, com redação dada pela EC no. 32, de 11.09.2001, para
imputar de inconstitucionalidade medida provisória anterior à
publicação da sobredita Emenda, vez que esta, em seu artigo 2º
estatuiu que "as medidas provisórias editadas em data anterior
à da publicação desta emenda continuam em vigor até que
medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até
deliberação definitiva do Congresso Nacional" sem que se
cogitasse de óbice material.
III – É de integral aplicação o art. 29-C da Lei 8.036, de
11.05.1990, com a redação dada pela Medida Provisória nº
2.164-41, de 24.08.2001, nos feitos entre o FGTS e os titulares
de contas vinculadas, afastando-se a condenação, de qualquer
parte, aos honorários de advogado.
(TRF 2ª Região, AGTAC 295055/RJ, DJU 30/04/2003, pág.
218/219, documento TRF200096983, Relator Juiz Sérgio
Schwaitzer) (Original sem grifos)

Como visto acima, ainda que a demanda se processasse pela via


ordinária das varas federais, não poderia haver condenação em honorários, por se
tratarem de créditos de FGTS.
Ex positis, requer, a CAIXA, o não acolhimento do pedido
Autoral à condenação em honorários advocatícios, tudo conforme os dispositivos legais
supra citados.
Em relação à condenação da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
ao pagamento de custas processuais, em observância à nova redação do Art. 24-A,
parágrafo único, da Lei nº 9.028-95, alterada pela Medida Provisória nº 2.102, de 26 de
janeiro de 2001, fica isenta do pagamento de quaisquer tipos de custas processuais,
ferindo, pois, tal condenação, o referido dispositivo legal, não sendo assim, medida de
bom direito. Logo, requer a CAIXA não ser condenada por este M.M. Juízo também no
tocante a esta questão.

DOS PEDIDOS

Em vista de tudo o quanto se expôs, a CAIXA requer a V.EXª,


seja julgado improcedente o feito.
Protesta por todas as provas em direito admitidas, em especial a
prova documental.

Nesses termos, pede deferimento.

JOAO PESSOA/PB, 29 de julho de 2023.

681730818.doc
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AURÉLIO HENRIQUE F. DE FIGUEIRÊDO


Advogado – OAB/PB nº. 11.562
JURIR/JP – CAIXA

RENAN ESDRAS LOPES CASIMIRO


Estagiário

681730818.doc

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