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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DO JUIZADO

ESPECIAL FEDERAL ADJUNTO CÍVEL E CRIMINAL DE VILHENA - RO

FULANO DE TAL , brasileiro, portador do CPF n°


XXXXXXXXXXXXXX, RG n° XXXXXXXXXXX SJ/MT,
residente e domiciliado Rua Para, n°
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX,
representado por seu advogado (procuração
anexa) vem requerer a

CORREÇÃO MONETÁRIA DO FGTS

contra a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, empresa pública federal com agência


nesta Seção Judiciária (STJ - AgRg no REsp 886408 / DF), de acordo com as
razões abaixo:

I- SUSPENSÃO DESTE PROCESSO

Os processos que pedem a correção monetária do FGTS devem ser


suspensos, por determinação do STF na ADI 5090:

“Considerando: (a) a pendência da presente ADI 5090, que sinaliza que


a discussão sobre a rentabilidade do FGTS ainda será apreciada pelo
Supremo e, portanto, não está julgada em caráter definitivo, estando
sujeita a alteração (plausibilidade jurídica); (b) o julgamento do tema
pelo STJ e o não reconhecimento da repercussão geral pelo Supremo,
o que poderá ensejar o trânsito em julgado das decisões já proferidas
sobre o tema (perigo na demora); (c) os múltiplos requerimentos de
cautelar nestes autos; e (d) a inclusão do feito em pauta para
12/12/2019, defiro a cautelar, para determinar a suspensão de todos os
feitos que versem sobre a matéria, até julgamento do mérito pelo
Supremo Tribunal Federal. Publique-se. Intime-se. Brasília, 6 de setembro
de 2019. Ministro Luís Roberto Barroso Relator” (ADI 5090, DJ Nr. 196 do
dia 10/09/2019).

Assim, requer a regular distribuição, posteriormente a sua suspensão


nos termos da decisão do SUPREMO.

II- FATOS

Conforme demonstram os extratos anexos, o autor é titular do PIS


XXXXXXXXXXXXXXX39-9 e das contas do FGTS (anexas) cujos saldos são
corrigidos pela TR (como a poupança).

A TR não é índice de inflação nem reflete a inflação já ocorrida, o


que causou perdas ao autor no saldo de seu FGTS, sacado ou não. Por este
motivo, o autor pretende a recomposição de seu capital na exata medida do
que depositou.
Esta recomposição, representando a diferença do que foi calculado
pela TR, e o que deveria ter sido calculado, ad. es., pelo IPCA, encontra-se
evidenciado na memória de cálculo anexa, que reproduz, para cada
lançamento, a metodologia de cálculo do FGTS e evidencia a diferença final.

III- FUNDAMENTO

O FGTS pertence ao trabalhador, e é gerenciado pela Caixa


Econômica, sendo que, deveria ser corrigido monetariamente (art. 13 da lei
do FGTS), mas desde 1999 o índice da poupança é inferior à inflação.

A falta de correção monetária suficiente viola o direito de


propriedade do autor sobre seu FGTS, porque o valor do que será entregue no
momento do levantamento do saldo é menor do que foi depositado em seu
nome. A inflação não reposta diminuiu o patrimônio do trabalhador.

Isto porque a Constituição Federal protege a propriedade (art. 5º,

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XXII, CF), especialmente o FGTS, que é a remuneração do trabalhador, onde
é compulsoriamente depositado e, posteriormente, devolvido em menor valor.

A desvalorização da moeda (inflação) deve ser reposta não para


remunerar o trabalhador (porque o FGTS não é aplicação financeira), mas sim
para simplesmente devolver o mesmo poder aquisitivo dos valores
descontados de seu salário e depositados na Caixa Econômica.

O STF já declarou inconstitucional a lei que previa a TR para


precatórios e também débitos trabalhistas, porque a taxa da poupança é
uma taxa de juros pré-fixada e não uma medida da inflação que já
aconteceu. Trata-se dos mesmos motivos contra a aplicação da TR
(poupança) e dos mesmos prejuízos que ocorrem no FGTS.

Em várias Ações Diretas de inconstitucionalidade -- ADI’s nºs 4357,


4372, 4400 e 4425 - o STF declarou que a TR não pode ser utilizada para fins de
atualização monetária, por não refletir o processo inflacionário brasileiro.

Como afirmou o Ministro Luiz Fux no julgamento da ADI 4357:

“Quanto à disciplina da correção monetária dos créditos inscritos em


precatórios, a EC nº 62/09 fixou como critério o “índice oficial de
remuneração da caderneta de poupança”. Ocorre que o referencial
adotado não é idôneo a mensurar a variação do poder aquisitivo da
moeda. Isso porque a remuneração da caderneta de poupança,
regida pelo art. 12 da Lei nº 8.177/91, com atual redação dada pela Lei
nº 12.703/2012, é fixada ex ante, a partir de critérios técnicos em nada
relacionados com a inflação empiricamente considerada. Já se sabe,
na data de hoje, quanto irá render a caderneta de poupança. E é
natural que seja assim, afinal a poupança é uma alternativa de
investimento de baixo risco, no qual o investidor consegue prever com
segurança a margem de retorno do seu capital.
A inflação, por outro lado, é o fenômeno econômico insuscetível de
captação apriorística. O máximo que se consegue é estimá-la para
certo período, mas jamais fixá-la de antemão. Daí por que os índices
criados especialmente para captar o fenômeno inflacionário são
sempre definidos em momentos posteriores ao período analisado, como
ocorre com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o Índice de

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Preços ao Consumidor (IPC), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV). A razão disso é clara: a inflação é sempre constatada em
apuração ex post, de sorte que todo índice definido ex ante é incapaz
de refletir a efetiva variação de preços que caracteriza a inflação. É o
que ocorre na hipótese dos autos. A prevalecer o critério adotado pela
EC nº 62/09, os créditos inscritos em precatórios seriam atualizados por
índices pré-fixados e independentes da real flutuação de preços
apurada no período de referência. Assim, o índice oficial de
remuneração da caderneta de poupança não é critério adequado
para refletir o fenômeno inflacionário.”

O raciocínio então justificador da inconstitucionalidade da Taxa


Referencial para os precatórios -- mesma base da remuneração da
caderneta de poupança e, portanto do FGTS -- é rigorosamente o mesmo.

Uma taxa pré-fixada não pode ser índice de correção monetária,


pelo simples motivo que a inflação só pode ser medida a partir do aumento
efetivo de preços, e é necessário que esse aumento ocorra para que possa
ser medido.

Por essas razões, o patrimônio do autor deve ser recomposto pelo


recebimento dos valores correspondentes à diferença entre a efetiva inflação
do período e a suposta correção realizada pela taxa TR.

IV - PEDIDOS

Em vista do exposto, requer-se:


1. A suspensão do feito nos termos da ADI 5090 do STF (acima);
2. A citação da Caixa Econômica Federal;
3. A condenação da Caixa Econômica Federal a pagar (nas contas onde
houve levantamento) ou à obrigação de fazer de creditar (nas contas
onde não houve levantamento) as diferenças apontadas na memória
de cálculo que faz parte desta inicial no valor à época do cálculo de
R$ XXXXXXXXXX, mais acréscimos posteriores, ou de acordo com
eventual resultado da ADI 5090 do STF;
4. Requer a produção de todas as provas em direito admitidas.

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Dá-se à presente o valor de R$ XXXXXXXXX.

Vilhena, 17 de Junho de 2022.

Advogado Samuel Ribeiro Mazurechen


OAB 4461 RO

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