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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, casado, ferramenteiro, portador do RG XXXXXXXXXXXXXXX, inscrito no


XXXXXXXXXXXXXXXXXX, residente e domiciliado na XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, por sua procuradora
infra-assinada, constituída nos termos do instrumento procuratório incluso, vêm muito respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, requerer a presente

AÇÃO DE REVISÃO DO FGTS

em face da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, contra a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, instituição financeira sob a forma de
empresa pública, inscrita no CNPJ sob o nº 00.360.305/2637-09, com superintendência regional sediada na Rua Tupinambás, 486,
Centro, em Belo Horizonte/MG,pelas razões que passa a expor:

DOS FATOS

A presente ação trata-se de questão de extrema importância para milhões de trabalhadores brasileiros e diz respeito ao Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço.

Como é cediço, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço foi criado na década de 1960 para proteger o trabalhador, como
sucedâneo da antiga estabilidade decenal. É constituído por valores depositados pelas empresas em nome de seus empregados e
possibilita que o trabalhador forme um patrimônio.

Consta do sítio eletrônico da Caixa Econômica Federal que o FGTS hoje financia programas de habitação popular, saneamento
básico e infraestrutura urbana.

O FGTS é regido pelas disposições da Lei 8.036/90 de 11 de maio de 1990, por normas e diretrizes estabelecidas pelo seu
Conselho Curador e gerido pela Caixa Econômica Federal.

Dos art. 2º e 13 da Lei nº 8.036/90 extraímos que há uma obrigatoriedade de correção monetária e de remuneração através de
juros dos depósitos efetuados nas contas vinculadas do FGTS, senão vejamos:
Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que se refere esta lei e outros
recursos a ele incorporados, devendo ser aplicados com atualização monetária e juros, de modo a
assegurar a cobertura de suas obrigações.
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Art. 13 Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos
parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização de juros
de (três) por cento ao ano.

Ressalte-se que o parâmetro fixado para a atualização dos depósitos dos saldos dos depósitos de poupança e consequentemente
dos depósitos do FGTS é a Taxa Referencial – TR, conforme prescrevem os arts. 12 e 17 da Lei nº 8177, de 1º de março de 1991,
com redação da Lei nº 12.703, de 7 de agosto de 2012, cuja dicção é a seguinte:

Art. 12. Em cada período de rendimento, os depósitos de poupança serão remunerados:


I - como remuneração básica, por taxa correspondente à acumulação das TRD, no período
transcorrido entre o dia do último crédito de rendimento, inclusive, e o dia do crédito de rendimento,
exclusive;
II – como remuneração adicional, por juros de: (Redação dada pela Lei nº 12.703, de 2012)
a) 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, enquanto a meta da taxa Selic ao ano, definida pelo
Banco Central do Brasil, for superior a 8,5%(oito inteiros e cinco décimos por cento); ou (Redação
dada pela Lei nº 12.703, de 2012).
b) 70 % (setenta por cento) da meta da taxa Selic ao ano, definida pelo Banco Central do Brasil,
mensalizada, vigente na data de início do período de rendimento, nos demais casos. (Redação dada
pela Lei nº 12.703, de 2012)
(...)

Art. 17. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos
de poupança com data de aniversário no dia 1º, observada a periodicidade mensal para remuneração.
Parágrafo único. As taxas de juros previstas na legislação em vigor do FGTS são mantidas e
consideradas como adicionais à remuneração previstas neste artigo.

Sobressai da Lei nº 8.177/91 a forma como a TR será calculada:

Art. 1º O Banco Central do Brasil divulgará Taxa Referencial (TR), calculada a partir da
remuneração mensal média e líquida de impostos, dos depósitos a prazo fixo captados nos bancos
comerciais, bancos de investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de investimentos,
caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais, estaduais ou municipais, de acordo com
metodologia a ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo de sessenta dias, e enviada
ao conhecimento do Senado Federal.

§1º (revogado)

§2º As instituições que venham ser usadas como bancos de referência, dentre elas, necessariamente,
as dez maiores do País , classificadas pelo volume de depósitos a prazo fixo, estão obrigadas a
fornecer informações de que trata este artigo, segundo as normas estabelecidas pelo Conselho
Monetário Nacional, sujeitando-se a instituição e seus administradores, no caso de infração às
referidas normas, às penas estabelecidas no art.44 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
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§3º Enquanto não aprovada a metodologia de cálculo de que trata este artigo, o Banco Central do
Brasil fixará a TR.(grifamos)

A metodologia de cálculo foi há muito tempo definida pelo Banco Central – Conselho Monetário Nacional (CMN), e hoje está
vigente sob a forma da Resolução nº 3.354, de 31 de março de 2006.

Ocorre que, há muito tempo, a TR na reflete mais a correção monetária, tendo se distanciado completamente dos índices oficiais
de inflação. Nos meses de setembro, outubro e novembro de 2009, janeiro e fevereiro de 2010, fevereiro e junho de 2012 e de
setembro de 2012 em diante, a TR tem sido completamente anulada, como se não existisse qualquer inflação no período passível
de correção.

Conforme extratos analíticos do FGTS que junta em anexo, o Autor possui depósitos de 2006a 2021 , que sofreram
correção pela TR (Taxa Referencial), índice esse não aplicável a correção monetária do FGTS, conforme explicado acima.

O que merece ser revisto, para fins de que seja substituído o índice de correção monetária aplicado à sua conta vinculada
do FGTS (Taxa Referencial - TR) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC ou pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo - IPCA, com o pagamento das diferenças decorrentes da alteração.

Conforme se extrai das planilhas em anexo, disponibilizada pela JFRS, atualmente a diferença de valores nas contas
vinculadas ao FGTS do autor é de R$ 4.969,09 (quatro mil novecentos e sessenta e nove reais e nove centavos), ou seja, o
autor tem tido uma perda econômica de quase R$5.000,00 (cinco mil reais), o que tende a aumentar se nada for feito em favor do
trabalhador.

DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA

Posto que a lide versa sobre correção monetária dos depósitos de FGTS, sobressai irrefutável a legitimidade passiva e exclusiva
da Caixa Econômica Federal, conforme precedentes do STJ, senão vejamos:

AÇÃO RESCISÓRIA. ADMINISTRATIVO. FGTS.CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS


VINCULADAS. DIFERENÇAS DE EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. TEMA JÁ PACIFICADO NO
STJ. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.
1. A matéria refere à correção monetária das contas vinculadas ao FGTS, em razão das diferenças de
expurgos inflacionários, foi decidida pela Primeira Seção deste Superior Tribunal, no REsp n..111.201 –
PE e no REsp n. /08 do STJ, que tratam dos recursos representativos da controvérsia, publicados no DJe de
4.3.2010.(...)
3.Quanto às demais preliminares alegadas, devidamente prequestionadas, este Corte tem o entendimento no
sentido de que, nas demandas que tratam da atualização monetária dos saldos das contas vinculadas do
FGTS, a legitimidade passiva ad causam é exclusiva da Caixa Econômica Federal, por ser gestora do
Fundo, com a exclusão da União e dos bancos depositários (Súmula 249/STJ) (...)

Súmula 249/STJ – A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se
discute correção monetária do FGTS.
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Assim, a presente ação se dirige exclusivamente contra a Caixa Econômica Federal, conforme pacificamente definido pela
jurisprudência pátria.

PRESCRIÇÃO

Quanto ao prazo prescricional,já está amplamente assentado na doutrina e jurisprudência pátria, que em relação ao pleito de
correção monetária do FGTS, a prescrição é trintenária.

Neste sentido, decisão do STJ:

RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. FGTS. CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS


VINCULADAS. DIFERENÇAS DE EXPURGOSINFLACIONÁRIOS. TEMA JÁ JULGADO PELO
REGIME DO ART. 543-C DO CPC E DA RESOLUÇÃO N. 8/08 DO STJ, QUE TRATAM DOS
RECURSOS REPRESENTATIVOS DE CONTROVÉRSIA.
(...)
3. No REsp n. 1.112.520 – PE, por seu turno, firmou-se o seguinte entendimento:
4.Outrossim, não deve prevalecer a interpretação da recorrente quanto à ocorrência de prescrição
qüinqüenal, pois este Tribunal já decidiu que é trintenária a prescrição para a cobrança de correção
monetária de contas vinculadas ao FGTS, nos termos das Súmulas210/STJ: “A ação de cobrança das
contribuições para o FGTS prescreve em (30) trinta anos”.
(...)
(REsp 1150446/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 10/08/2010, DJe 10/09/2010)

Assim, a ação ora proposta não está alcançada pela prescrição trintenária.

DO DIREITO

A correção monetária

A correção monetária existe entre nós desde a década de 1960. O principal teórico da Correção Monetária, o Advogado
Tributarista Bulhões Pedreira explica o seguinte:

“Por analogia com as unidades de medidas físicas podemos dizer que o nível geral de preços é o preços é
o padrão primário do valor financeiro, enquanto que a unidade monetária serve como padrão secundário
– usado, na prática, para exprimir o valor financeiro, mas que deve ser aferido pelo padrão primário
porque sujeito modificações”.

Segundo este entendimento, a moeda seria um padrão secundário, o que implicaria cindir em duas as suas funções, atribuindo-se
ao padrão primário, nível geral de preço, a função de medida de valor, e às peças monetárias emitidas a função de meios de
pagamento ou de troca.
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Letácio Jansen diz que Bulhões Pedreira teria conseguido institucionalizar e colocar em prática a sua doutrina principalmente
através da Lei nº 4.357, de 1964, que criou o primeiro indexador da Economia Brasileira – a ORTN (obrigação reajustável do
tesouro nacional), uma obrigação monetária cuja função era fazer variar, periodicamente, a moeda nacional segundo a perda de
seus respectivos poderes aquisitivos.

Desde esta data, uma plêiade de índices de correção monetária foi se sucedendo, até a entrada em vigor da Medida Provisória nº
294, de 31 de janeiro de 1991, que se transformou na Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991. Nesta oportunidade o Governo Collor
pretendeu substituir a série de indexadores tradicionais da correção monetária brasileira(ORTN, OTN E BTN) que eram
vinculados à variação dos níveis gerais de preços, pela Taxa Referencial, que tinha natureza financeira.

Ainda hoje permanece a perplexidade em relação à natureza jurídica da TR, até por conta da própria inconsistência da lei que a
criou, que ora a trata como taxa de juros (Art. 39) ora como indexador (Art. 18).

Taxas de juros objetivam promover a remuneração do capital. São calculadas por quem disponibiliza o capital em benefício de
outra pessoa, física ou jurídica, para que empregue para satisfação de determinada necessidade, na expectativa de lucro. Os
indexadores, por outro lado, podem ser entendidos como índices calculados a partir da variação de preços de mercado em
determinado período. O seu objetivo está na correção dos efeitos inflacionários, quando se compara valores monetários em
diferentes épocas.

Pois bem. Quando o STF enfrentou o tema da natureza da TR, disse através do voto vencedor da ADI 493-0/DF que:

A Taxa Referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois, refletindo as variações do custo primário
da captação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da
moeda.

Não obstante, os Ministros vencidos Celso de Mello, Marco Aurélio e Ilmar Galvão entenderam que a estrutura de cálculo da
taxa - referencial não era suficiente para impedir sua utilização como parâmetro de indexação da economia.

Mesmo assim, naquela oportunidade, o STF entendeu que a TR possuía natureza de taxa de juros e declarou inconstitucional o
artigo 18 da Lei nº 8.177/91, cujo texto original estabelecia que os saldos devedores e as prestações dos contratos integrantes do
SFH, passariam a ser atualizados pela taxa aplicável à remuneração básica dos Depósitos de Poupança. Vale a pena transcrever a
ementa deste julgado:

Ação direta de inconstitucionalidade – Se a lei alcançar os efeitos futuros de contratos celebrados


anteriormente a ela, será essa lei retroativa (retroatividade mínima) porque vai interferir na causa, que é um
ato ou fato ocorrido no passado.- O disposto no artigo 5º, XXXVI, da Constituição Federal se aplica a toda
e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer distinção entre lei de direito público e lei de direito
privado, ou entre lei de ordem pública e lei dispositiva. Precedente do STF.- Ocorrência, no caso, de
violação de direito adquirido. A taxa referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois, refletindo as
variações do custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita a
variação do poder aquisitivo da moeda. Por isso, não há necessidade de se examinar a questão de saber se
as normas que alteram índice de correção monetária se aplicam imediatamente, alcançando, pois, as
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prestações futuras de contratos celebrados no passado, sem violarem o disposto no art. 5º, XXXVI, da Carta
Magna.- Também ofendem o ato jurídico perfeito os dispositivos impugnados que alteram o critério de
reajuste das prestações nos contratos já celebrados pelo sistema do Plano de Equivalência Salarial por
Categoria Profissional (PES/CP). Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente para declarar a
inconstitucionalidade dos artigos 18, “caput” e parágrafos 1 e 4; 20; 21 e parágrafo único; 23 e parágrafos;
e 24 e parágrafos, todos da Lei 8.177 de 1 de maio de 1991. (ADI 493, Relator (a): Min. Moreira Alves,
Tribunal Pleno, julgado em 25/26/1992. DJ 04-09-1992 PP – 14089 EMENT VOL – 01674-02 PP – 00260
RTJ VOL – 00143-03 PP – 00724).

Por algum tempo, o próprio STJ rejeitou a TR como índice de correção monetária, tanto para a poupança, quanto para o SFH.
Nesse sentido:

COMERCIAL. MÚTUO RURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. VINCULAÇÃO AO CRITÉRIO DE


REAJUSTE DOS DEPÓSITOS EM CADERNETA DE POUPANÇA. LICITUDE. SUBSTITUIÇÃO
PELA TR NOS MESES SUBSEQUENTES A FEVEREIRO/91. PREVISÃO DE UTILIZAÇÃO DA OTN.
INDEXADOR CONTRATUALMENTE ELEITO. SUBSTITUIÇÃO EX LEGE PELA TR.
INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA. ADOÇÃO DO INPC. PRECEDENTES.
I - NO CONTRATO DE MÚTUO RURAL É LÍCITO O PACTO DE VINCULAÇÃO DA CORREÇÃO
MONETÁRIAAO CRITÉRIO DE ATUALIZAÇÃO DOS DEPÓSITOS EM CADERNETA DE
POUPANÇA, RESULTANDO DEVIDA A INCIDÊNCIA DO MESMO INDEXADOR NOS MESES
SUBSEQUENTES A FEVEREIRO/91.
II – EM FACE DA POSIÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL INADMITINDO A TR COMO
FATOR DE CORREÇÃO MONETÁRIA SUBSTITUTIVO DO BTN, A CORREÇÃO DOS VALORES,
CUJA FORMA DE REAJUSTE ESTAVA,POR LEI OU CONTRATO, ATRELADA A VARIAÇÃO DO
VALOR DE REFERIDO TÍTULO DA DÍVIDA PÚBLICA, CUMPRE SEJA PROCEDIDA, A PARTIR
DA LEI 8.177/91, COM BASE NO INPC (REsp. 40.777/GO, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO
TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 13/11/1995. DJ 11/12/1995, p. 43225)

ADMINISTRATIVO – SFH – REAJUSTE DAS PRESTAÇÕES E DO SALDO DEVEDOR – PLANO DE


EQUIVALÊNCIA SALARIAL (PES) – INAPLICABILIDADE DA TR – ADIN 493-0/STF –
VANTAGENS PESSOAIS INCORPORADAS DEFINITIVAMENTE AO SALÁRIO – INCLUSÃO NO
CÁLCULO – DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA – RISTJ, ART. 255 E
PARÁGRAFOS- SÚMULA 13/STJ- PRECEDENTES STJ. - Nos contratos vinculados ao PES, o
reajustamento das prestações deve obedecer à variação salarial dos mutuários, a fim de preservar a equação
econômico-financeira do pactuado – As vantagens pessoais incorporadas, definitivamente ao salário ou
vencimento do mutuário, incluem-se na verificação da equivalência para fixação das parcelas. - Declarada
pelo STF a inconstitucionalidade da TR como fato de correção monetária (ADIN 493-0), o reajustamento
do saldo devedor, a exemplo das prestações mensais, também deve obedecer ao Plano de Equivalência
Salarial. - Recurso conhecido e parcialmente provido. (REsp 140.839/BA, Rel. Min. FRANCISCO
PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/11/1999, DJ 21/02/2000, p. 112)
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SFH. PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL. REAJUSTE DAS PRESTAÇÕES. ILEGITIMIDADE


PASSIVA DA UNIÃO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INOCORRÊNCIA. VANTAGENS PESSOAIS.
INCLUSÃO. CORREÇÃO PELA TR. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
(...)
4. Inaplicável a TR como fator de correção monetária. Entendimento consagrado nesta Corte na esteira de
orientação traçada pelo STF.
5. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.
(REsp 209.466/BA, Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
07/08/2001, DJ 16/02/2002, p. 231) (grifamos)

Todavia, a Corte de Justiça, fazendo uma releitura do voto do Ministro Moreira Alves do STF, mudou de entendimento, e passou
a adotar a constitucionalidade da TR como índice de correção monetária, conforme demonstra o seguinte julgado:

SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. SALDO DEVEDOR. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA.


TR.
1. Não é inconstitucional a correção monetária com base na Taxa Referencial – TR. O que é
inconstitucional é a sua aplicação retroativa. Foi isso que decidiu o STF da ADI 493/DF, Pleno, Min.
Moreira Alves, DJ de 04/09/1992, ao estabelecer o âmbito de incidência da Lei 8.177, de 1991.
2. Aos contratos de mútuo habitacional firmados no âmbito do SFH que prevejam a correção do saldo
devedor pela taxa aplicável aos depósitos da poupança aplica-se a Taxa Referencial, por expressa
determinação legal. Precedentes da Corte Especial: AGEREsp 725917/DF, Min. Laurita Vaz, DJ
19/06/2006; DERESP 453600/DF, Min. Aldir Passarinho Junior, DJ 24/04/2006.
3. Embargos de divergência a que se nega provimento. (EREsp 752.879/DF, Rel. Ministro TEORI
ALBINO ZAVASCKI, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/12/2006, DJ 12/03/2007, p. 184) (grifamos)

Em relação ao FGTS, há até a súmula do SJT sobre aplicação da TR como índice de correção monetária. Neste sentido:

A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos com o FGTS
recolhidos pelo empregador, mas não repassados ao fundo. (Súmula 459, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
25/08/2010, DJe 08/09/2010).

Como dito alhures, aplicação de índice de correção monetária se presta para recuperar o poder de compra do valor emprestado.
Este poder de compra é diretamente influenciado por um processo inflacionário. O próprio STJ reconhece a influência da inflação
e da deflação na composição do índice de correção monetária, senão vejamos:

PREVIDENCIÁRIO E ECONÔMICO. TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICAL. DETERMINAÇÃO


DE CORREÇÃO MONETÁRIA PELO IGP-M. ÍNDICES DE DEFLAÇÃO. APLICABILIDADE.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DOS VENCIMENTO. NÃO OCORRÊNCIA.
PRESERVAÇÃO DO VALOR NOMINAL DA OBRIGAÇÃO. PRECENDENTES. 1 .“A correção
monetária nada mais é do que um mecanismo de manutenção do poder aquisitivo da moeda, não devendo
representar, consequentemente, por si só, nem um plus nem um minus em sua substância. Corrigir o valor
nominal da obrigação representa, portanto, manter, no tempo, o seu poder de compra original, alterado
pelas oscilações inflacionárias positivas e negativas ocorridas no período. Atualizar a obrigação levando em
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conta apenas oscilações positivas importaria distorcer a realidade econômica produzindo um resultado que
não representa a simples manutenção do primitivo poder aquisitivo, mas um indevido acréscimo no valor
real. Nessa linha, estabelece o Manual de Orientação de Procedimento de Cálculos aprovado pelo Conselho
da Justiça Federal que, não havendo decisão judicial em contrário, os índices negativos de correção
monetária (deflação) serão considerados no cálculo de atualização”, com a ressalva de que, se, no cálculo
final, ’a atualização implicar redução do principal, deve prevalecer o valor nominal”. (Corte Especial, REsp
1.265.580/RS, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe 18/04/2012). 2 . No precedente da Corte
Especial, mencionado na decisão agravada, ficou expressamente consignado que se, na atualização da
dívida, houver redução do principal, deve prevalecer o valor nominal, em respeito ao princípio da
irredutibilidade de vencimentos, previsto nos arts. 7º, VI e 37, XV, da Constituição Federal 3 . A
compreensão no sentido de que não há violação ao princípio da irredutibilidade dos vencimentos, quando
preservado o valor nominal da obrigação, encontra respaldo na jurisprudência do STF e do STJ. 4 . Agravo
regimental improvido. (AgRg nos EREsp 1252558/RS, Rel. Ministro SERGIO KUKINA, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 13/03/2013, DJe 21/03/2013)

Não podemos nos esquecer de que a cultura da correção monetária está de tal forma arraigada ao nosso sistema econômico, que o
Próprio Código Civil de 2002, traz diversos dispositivos garantindo atualização monetária:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores
monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e os honorários de advogado.

Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de
advogado, sem prejuízo da pena convencional.

Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as;
se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir
sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, juros e honorários de advogado.

Art. 772. A mora do segurador em pagar o sinistro obriga à atualização monetária da indenização segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, sem prejuízo dos juros moratórios.

Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.

Este retrospecto da evolução legal e jurisprudencial a respeito da aplicação da TR como índice de correção monetária se
fez necessário para que pudéssemos chegar ao núcleo do argumento desta ação.
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Hoje, no país, há dois tipos de índices de correção monetária. Índices que refletem a inflação e, portanto, recuperam o poder de
compra do valor aplicado, como o IPCA e INPC, e um índice que não reflete a inflação, e consequentemente não recupera o poder
de compra do valor aplicado – a Taxa Referencial/TR.

Historicamente, é preciso lembrar que a Taxa Referencial nunca foi igual à inflação. Nem quando experimentamos hiperinflação,
nem quando experimentamos deflação. Todavia, os índices da TR, do INPC e do IPCA, sempre andaram próximos. Em outras
palavras, imperava a razoabilidade nos índices da TR para que pudessem atingir a finalidade de correção do valor do capital.

ANO TR INPC IPCA


1991 335,51% 475,11% 472,69%
1992 1.156,22% 1.149,05% 1.119,09%
1993 2.174,73% 2.849,11% 2,477,15%
1994 951,19% 929,32% 916,43%
1995 31,6207% 21,98% 22,41%
1996 9,5551% 9,125% 9,56%

Não obstante, o cenário começa a mudar a partir de 1999. A TR se distancia expressivamente do INPC e do IPCA, ao ponto de
hoje a inflação superar 6% ao ano e a TR ser igual a zero. Logo, ela não se presta para o fim de manter o poder aquisitivo dos
depósitos do FGTS, que são um patrimônio do trabalhador.

O sentimento geral é que há muito tempo o FGTS é um fundo iníquo por ele não ter recomposição inflacionária de seus recursos.
Na verdade, o trabalhador não está financiando programas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana, ele
está subsidiando.

Ao contrário de outros investimentos, o FGTS não é um fundo de livre disposição por parte do trabalhador, não podendo ele
decidir por sua própria iniciativa quais as aplicações que lhe são mais convenientes ou rentáveis. O trabalhador tem que se
submeter a políticas econômicas e sociais que lhe são altamente prejudiciais.

Ora, mas a própria Lei do FGS em seu artigo 2º que é garantida a atualização monetária e juros. Quando a TR é igual a zero esse
artigo é descumprido. Quando a TR é mínima e totalmente desproporcional em relação à inflação, este artigo também é
descumprido e o patrimônio do trabalhador é subtraído por quem tem o dever legal de administrá-lo.

Em um cenário de TR zero e inflação pública e notória, estamos diante de uma situação de confisco. O Governo Federal, através
da Caixa Econômica Federal, está confiscando os rendimentos dos trabalhadores, para subsidiar políticas públicas, sem a menor
possibilidade de ingerência destes trabalhadores.

Assim como em nosso Estado Democrático de Direito, a Constituição veda que se utilize o tributo com efeito de confisco , o
trabalhador não pode ser punido com o confisco do que a Caixa define em seu sítio eletrônico, como um patrimônio do
trabalhador, e definitivamente o é.
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Quando se fala em patrimônio, imediatamente sobrevém lição da Professora Maria Helena Diniz ao comentar o artigo 91 do
Novo Código Civil:

Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas de uma pessoa, dotadas de
valor econômico. Universalidade de direito. É a constituída por bens singulares corpóreos heterogêneos ou
incorpóreos (complexo de relações jurídicas), a que a norma jurídica, com o intuito de produzir certos
efeitos, dá unidade, por serem dotados de valor econômico, como p.ex., o patrimônio (...) O patrimônio e a
herança são considerados como um conjunto, ou seja, como uma universalidade. Embora se constituam ou
não de bens materiais e de créditos, esses bens se unificam numa expressão econômica, que é o valor. O
patrimônio é complexo de relações jurídicas de uma pessoa apreciáveis economicamente. Incluem-se no
patrimônio: a posse, os direitos reais, as obrigações e as ações correspondentes a tais direitos. O patrimônio
abrange direitos e deveres redutíveis a dinheiro. (Código Civil anotado, Ed. Saraiva, pag. 100)

Levando em conta que a relação jurídica entre os trabalhadores e a Caixa é de direito pessoal, o artigo 223 do Código Civil se
torna inafastável, na medida em que determina que a obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios, ainda que não
mencionados.

Art. 223. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dele embora não mencionados, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.

Ora, acessórios de dinheiro são os juros e a correção monetária. E então voltamos à Taxa Referencial.

DA MANIPULAÇÃO DA TR PELO BANCO CENTRAL/CMN

Independentemente da discussão sobre sua natureza jurídica, vamos aqui partir do pressuposto, assentado pela jurisprudência,
principalmente do STJ, que a TR é índice de correção monetária.

Tanto o artigo 1º da Lei nº 8.177/91 quanto o artigo 5º da Lei nº 10.192/01 (que convocou a MP 1.053/95) atribuíram ao Banco
Central a regulamentação da metodologia de cálculo da TR, conforme critério estabelecido na lei e a expedição das instruções
necessárias ao cumprimento do artigo que criou a TBF.

Art. 1º O Banco Central do Brasil divulgará Taxa Referencial (TR), calculada a partir de remuneração
mensal média líquida de impostos, dos depósitos a prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos de
investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de investimentos, caixas econômicas, ou dos
títulos públicos federais, estaduais e municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada pelo Conselho
Monetário Nacional, no prazo de sessenta dias, e enviada ao conhecimento do Senado Federal. (Lei
8.177/91)

Art. 5º Fica instituída Taxa Básica Financeira – TBF, para utilizada exclusivamente como base de
remuneração de operações realizadas no mercado financeiro, de prazo de duração igual ou superior a
sessenta dias.
[Digite texto]

Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional expedirá as instruções necessárias ao cumprimento do


disposto neste artigo, podendo inclusive, ampliar o prazo mínimo previsto no caput. (Lei nº 10.192/01)

No mister de regulamentar a TR, o Banco Central/CMN vem ao longo dos anos criando e reinventando fórmulas para encontrá-
la. Pelo menos desde a Resolução 2.075, de 26 de maio de 1994, há fórmulas para encontrar a TR. Todavia, é com a instituição da
Taxa Básica Financeira, pela Medida Provisória 1.053/95, de 30 de junho de 1995, que a forma de cálculo da TR sofre uma
expressiva reviravolta.

Desde a Resolução 2.437, de 30 de outubro de 1997, a TR é calculada levando em conta a Taxa Básica Financeira, levando em
consideração um Redutor.

A Resolução 3.354/06, hoje vigente sobre o assunto, diz o seguinte:

Art. 1º Estabelecer que, para fins de cálculo da Taxa Básica Financeira – TBF e da Taxa Referencial – TR,
de que tratam os arts. 1º da Lei 8.177, de 1º de março de 1991, 1º da Lei 8.660,de 28 de maio de 1993, e 5º
da Lei 10.192, de 14 de fevereiro de 2001, deve ser constituída amostra das 30 maiores instituições
financeiros do País, assim consideradas em função do volume de captação efetuado por meio de
certificados e recibos de depósito bancário (CDB/RDB), com prazo de 30 a 35 dias corridos, inclusive, e
remunerados a taxas prefixadas, entre bancos múltiplos, bancos comercias, bancos de investimentos e
caixas econômicas.

Art. 2º A TBF e a TR são calculadas a partir da remuneração mensal média dos CDB/RDB emitidos a taxas
de mercado prefixadas, com prazo de 30 a 35 dias corridos, inclusive, com base em informações prestadas
pelas instituições integrantes da amostra de que trata o art. 1º, na forma a ser determinada pelo Banco
Central do Brasil.

Art. 4º Para cada dia do mês – dia de referência -, o Banco Central do Brasil deve calcular a TBF, para o
período de um mês, com início no próprio dia de referência e término no dia correspondente ao dia de
referência no mês seguinte, considerada a hipótese prevista no § 2º, inciso IV. (...)

Art. 5º Para cada TBF obtida, segundo a metodologia descrita no art. 4º, deve ser calculada a
correspondente TR, pela aplicação de um redutor “R”, de acordo com a seguinte fórmula:

O peculiar nesta determinação do Banco Central/CMN, que de resto se repete desde 1997, é que a TBF e TR são
exatamente iguais em sua gênese até o momento em que se determina que se aplique um redutor à TBF para se chegar à
TR.

Não há na Lei da TR previsão de aplicação de redutor, assim como não há na Lei que criou a TBF . Todavia, causa
estranheza que diante de um comando aberto como o do art. 5º da MP nº 1.503/95 (Lei nº 10.192/01), o Banco Central/CMN, com
amplos poderes para regulamentar o assunto, não tenha instituído um redutor, mas o tenha feito ao regulamentar o artigo 1º da Lei
nº 8.177/91, que não era tão flexível.
[Digite texto]

A TR é calculada a partir da Taxa Básica Financeira (TBF), uma média de taxas de juros pagas nas aplicações em certificados de
depósitos bancários (CDB) emitidas pelas 30 maiores instituições financeiras.

Para calcular o valor da TR, é aplicado um redutor sobre a TBF, que depende de dois parâmetros, chamados de “a” e
“b”. O parâmetro “a” é o fator 1,005, equivalente à remuneração da caderneta antiga, ou seja, 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano de
juros remuneratórios. Enquanto o “b” é um decimal menor do que 1, arbitrado pelo BACEN e que varia de acordo com o nível de
taxas de juros básica da economia, divulgada após as reuniões do Comitê de Política Monetária do BC (Copom).

Para calcular o redutor (R) o parâmetro “b” é multiplicado pelo valor da TBF e somado ao parâmetro“a”, ou seja,

R = a+b x TBF
TR = 1+TBF – 1

A fórmula significa que os novos depósitos realizados nas contas de depósitos de poupança tenham como remuneração adicional
(TR): (i) 0,5% a.m. enquanto a meta da taxa SELC, taxa básica de juros, definida pelo BACEN, estiver acima de 8,5% a.a e (ii)
70% da meta da taxa SELIC, mensalizada, vigente na data do início do período de rendimento.

Os depósitos nas contas vinculadas do FGTS dos trabalhadores estão perdendo poder de compra, notadamente a partir
de 1999.

ANO TR INPC IPCA


1997 9,7849% 4,34% 5,22%
1998 7,7938% 2,49% 1,65%
1999 5,7295% 8,43% 8,94%
2000 2,0962% 5,27% 5,97%
2001 2,2852% 9,44% 7,67%
2002 2,8023% 14,74% 12,53%
2003 4,6485% 10,38% 9,30%
2004 1,8184% 6,13% 7,60%
2005 2,8335% 5,05% 5,69%
2006 2,0377% 2,81% 3,14%
2007 1,4452% 5,15% 4,46%
2008 1,6348% 6,48% 5,90%
2009 0,7090% 4,11% 4,31 %
2010 0,6887% 6,46% 591%
2011 1,2079% 6,07% 6,50%
2012 0,2897% 6,17% 5,84%
2013(até março) 0,00% 2,05% 1,94%

Excelência, hoje o trabalhador que tem seu dinheiro aplicado no FGTS, e de lá não pode retirá-lo para outro investimento, está
sendo remunerado com 0,247% de juros ao mês e mais nada . Não há nem correção monetária nem Taxa Referencial
[Digite texto]

(independentemente da sua natureza jurídica), em flagrante ofensa ao artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que impõe a correção
monetária dos valores depositados pelo empregador.

Ainda que se argumente que a aplicação do Redutor pelo Banco Central/CMN seja legal, sua redução a zero em um cenário de
inflação superior a 6% ao ano, configura flagrante afronta ao artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que determina a atualização monetária,
bem como ao artigo 233 do Código Civil, quando sonega os acessórios da obrigação de dar.

Mas é necessário ir mais além e revisitar o entendimento jurisprudencial sobre a TR como índice de correção monetária, máxime
a partir da instituição de um redutor que tem por efeito zerar o índice da TR em m ambiente de inflação.

O quadro comparativo mostra que a TR não se presta como atualizador monetário do FGTS, pelo menos desde janeiro de 1999.
Desde o momento em que o Banco Central/CMN estabeleceu um redutor para a TR, ela deixou de ser um índice confiável para
atualizar as contas do FGTS, porque se descola dos índices de inflação, sendo reduzido ano a ano. A finalidade da correção
monetária é manter o poder de compra do capital, e esta finalidade nem de perto vem sendo alcançada pela TR. A anulação total
da TR é só o desfecho desta política predatória para o trabalhador.

O trabalhador, que luta para formar um patrimônio, tem que poder confiar na lei. Esta confiança está quebrada.

Há a nítida expropriação do patrimônio do trabalhador, na medida em que se nega a ele a devida atualização monetária. Como
dito no estudo acostado à inicial.

A atualização monetária é o elemento mais importante do mercado financeiro, pois sem a medição
precisada perda do poder aquisitivo da moeda com o decorrer do tempo, ocorre uma gigantesca destruição
de valor. O objetivo fundamental de escolha de um índice de atualização nos ativos (negócios, contratos,
aplicações e etc) é de proteger o patrimônio, evitando que ele seja corroído pela inflação.

O Poder Judiciário há de se opor a este esbulho, confisco, expropriação que o trabalhador está sofrendo, desde janeiro de 1999,
com as constantes reduções da TR em relação aos índices de inflação, culminando na sua completa nulidade, ininterruptamente,
desde setembro de 2012.

Em 1991 e 1992, quando o STF julgou a ADI 493-0/DF, ele deixou bem assentado que a TR não constituía índice que refletia a
variação do poder aquisitivo da moeda. Esta característica da TR tem se confirmado ao longo dos anos. A sua aplicação aos
saldos dos depósitos do FGTS tem gerado “gigantesca destruição de valor” do patrimônio do trabalhador. Há anos, os
trabalhadores que em depósitos no FGTS não experimentam ganhos reais em sua aplicação. Ao contrário. Há muito tempo, os
trabalhadores tem rendimentos inferiores à inflação, mesmo levando em conta a remuneração dos juros de 3% ao ano.

O que torna a TR um índice inidôneo é intensa ingerência do Banco Central/CMN na sua formulação.

De pouco adiantaria ao trabalhador que fosse determinado ao Banco Central/CMN que recalculasse a TR, pois uma nova fórmula
estaria igualmente sob a discricionariedade e subjetivismo total do Banco. Basta avaliar a sucessão de resoluções do Banco
Central/CMN o tema, conforme Parecer do referido economista.
[Digite texto]

Partindo da premissa inequívoca de que a TR não repõe as perdas monetárias dos depósitos do FGTS, outro caminho não existe
se não o de adotar um novo índice que verdadeiramente corrija estes depósitos.

DA INCONSTITUCIONALIDADE NA APLICAÇÃO DO REDUTOR NO CÁLCULO DA TR

É certo que a edição das Resoluções 2.437/97, e 3.354/06 foi em exercício do Poder Regulamentar que o Estado possui. Contudo
este poder não é ilimitado, sofrendo influência dos limites impostos pela Constituição Federal e pela Lei a qual vai ser objeto de
regulamentação.

O Poder regulamentar que é espécie do poder normativo, confere a prerrogativa de editar atos gerais e abstratos, complementares
à lei, sem inovar, de forma original, a ordem jurídica.

Em nosso ordenamento jurídico o poder normativo é conferido ao Poder Executivo em virtude da separação de poderes onde
cabe ao Poder Legislativo criar as leis e ao Poder Executivo executá-las nos limites estabelecidos pela legislação criada.

Nesse sentido, assevera Canotilho:

O regulamento é norma emanada pela administração no exercício da função administrativa e, regra geral,
com caráter executivo e/ou de complementar a lei. É um acto normativo, mas não um acto normativo com
valor legislativo. Como se disse, os regulamentos não constituem uma manifestação da função legislativa,
antes se revelam produtos da função administrativa 1.

Desta forma o regulamento, como ato normativo infralegal, não pode estabelecer normas contra ou ultra legem. Não pode inovar
a ordem jurídica, como a lei o faz. Não pode criar direitos, obrigações, proibições, nem medidas punitivas ou restritivas. Afinal,
ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei (art. 5º, II). O regulamento, ao contrário, tem que se
limitar a estabelecer as normas sobre a forma como a lei será cumprida pela Administração Pública, sob pena de sofrer controle
dos excessos.

Ao criar a o chamado “Redutor”, houve inovação por parte da Resolução 2.437/97 e, posteriormente, por parte da Resolução
3.354/06, criando, inclusive, restrição ao direito do trabalhador.

Há desta forma inconstitucionalidade na edição das Resoluções 2.437/97, e 3.354/06 por incluir regramentos limitativos não
previstos na lei regulamentada, regramento este que somente poderia ser instituído por força de lei.

Deve, desta forma, ser extirpadas as resoluções 2.437/97, e 3.354/06 por flagrante inconstitucionalidade, afastando a aplicação da
TR de todo o período em que foi calculada levando em consideração o fator Redutor.

ÍNDICES QUE EFETIVAMENTE PRODUZEM CORREÇÃO MONETÁRIA

A Lei de Introdução às Normas do direito brasileiro estabelecem seu artigo 5º que na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

1
CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito Constitucional. 6ªed. Coimbra: Almedina, 1993, p. 909
[Digite texto]

A Lei do FGTS tem um fim social indiscutível, proteger o trabalhador e constituir um patrimônio que lhe sirva de arrimo em
várias situações de sua vida.

Diante de tudo que foi demonstrado, o juiz atenderá aos fins sociais da Lei do FGTS ao reconhecer que correção monetária,
reposição dos índices inflacionários de forma a garantir o poder de compra daquele dinheiro ali depositado no Fundo, é
efetivamente devida pela Caixa.

Se a TR não pode ser considerada um índice idôneo, sobrevém a necessidade de substituí-la por um índice que realmente reponha
as perdas monetárias. E então, nada obsta que o juiz considere índices previsto em outra legislação.

Até por uma questão de equidade, o melhor índice que pode substituir a TR é o índice que corrige monetariamente o salários dos
trabalhadores e os benefícios previdenciários.

Não há porque ter dois pesos e duas medidas. Se o salário mínimo é corrigido monetariamente pelo INPC, o depósito do FGTS
que, em última análise, é um salário indireto do trabalhador, também há de sê-lo.

E observe que o objetivo da Lei em corrigir o salário mínimo pelo INPC decorre exclusivamente da necessidade de preservar seu
poder aquisitivo. A necessidade de preservar o poder aquisitivo é um constante em todas as transações financeiras, e ela só
aperfeiçoa quando repõe efetivamente as perdas inflacionárias.

Outro índice que se mostra aplicável, na hipótese deste douto Juízo entender que não se aplicaria o INPC, é o IPCA, índice
oficial do Governo Federal para medição das metas inflacionárias, contratadas com o FMI, a partir de julho de 1999 (informação
obtida no Portal Brasil (WWW.portalbrasil.net).

Ambos os índices são infinitamente mais adequados a preservar o poder aquisitivo dos depósitos do FGTS do que a aniquilada
TR.

O OUTRO LADO DA MOEDA

Ainda é necessário aprofundarmos um pouco mais nas conseqüências que esta subtração de recursos do patrimônio do
trabalhador traz a todos, individual e coletivamente.

É de conhecimento geral que o Sistema Financeiro de Habitação dispõe dos recursos do FGTS para financiar o maior sonho de
todo brasileiro – casa própria. Também é de conhecimento geral que a Caixa Econômica Federal é o Banco que mais se utiliza
destes recursos do SFH para financiar, emprestar dinheiro para os brasileiros comprarem a casa própria.

E, embora em princípio, não haja correlação entre o trabalhador que tem depósitos no FGTS que são emprestados para financiar
a casa própria, e aquele que se vale do empréstimo do SFH para adquirir sua casa própria, em algum momento, trabalhador e
mutuário são a mesma pessoa.

E neste contexto de mutuário e trabalhador serem a mesma pessoa é que se evidencia a maior sordidez da história recente deste
país.
[Digite texto]

Já seria reprovável o fato de a Caixa pegar um dinheiro a juros baixos e sem nem uma correção e emprestá-lo a juros muito altos,
mesmo sem correção (uma vez que a TR corrige prestações do SFH), evidencia que a instituição bancária leva imensa vantagem
nesta negociação.

Mas a situação piora consideravelmente quando, a Caixa pega dinheiro a juros baixos, sem nenhuma correção para o trabalhador,
e empresta para ele mesmo.

Suponhamos que um trabalhador queira adquirir uma casa própria utilizando recursos do seu FGTS. Ele encontra o imóvel, mas
verifica que seus recursos não são suficientes para adquiri-lo. Então, ele se dirige a um Banco para financiar a diferença,
comprometendo sua renda por muitos anos.

A maioria dos trabalhadores brasileiros,quando quer adquirir um imóvel, dirige-se à Caixa Econômica Federal.

Todavia, se o depósito do FGTS tivesse sido devidamente corrigido, se ele mantivesse seu poder de compra, ou o empréstimo
seria menor ou sequer haveria necessidade de o trabalhador comprometer sua renda e anos de trabalho para adquirir aquilo que é o
nosso sonho mais primário, nossa necessidade mais rela como indivíduo e como provo brasileiro.

A Caixa está emprestado para o trabalhador aquilo que ela deixou de pagar a ele a título de correção monetária na sua conta de
FGTS.

O trabalhador brasileiro não merece isto!

A Caixa vale-se da fragilidade humana para colocar-se como realizadora de sonhos, ao mesmo tempo em que, ano após ano,
aufere lucros exorbitantes às custas do trabalhador.

CONCLUSÕES

A Taxa Referencial, enquanto índice de correção monetária assim considerada pela atual jurisprudência pátria, não pode ser
reduzida a Zero, como tem sido nos últimos meses, pois afronta flagrantemente o artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que garante a
atualização monetária aos depósitos feitos no FGTS.

Como índice de correção monetária, a TR deveria garantir o poder aquisitivo dos depósitos do FGTS, que se perfaz levando em
conta os índices de inflação. Desde janeiro de 1999, a TR se distanciou sensivelmente dos índices oficiais de inflação, impingindo
profundas perdas aos depósitos do FGTS, tornando-se inidônea para garantir a reposição de perdas monetárias.

A inidoneidade da TR como índice de correção monetária decorre de mudanças introduzidas na sua metodologia de cálculo pelo
Banco Central do Brasil/CMN que, através do mecanismo econômico de um redutor, vem nitidamente manipulando o índice para
que ele se desprenda da inflação até anulá-la completamente, a despeito de um quadro de inflação persistente no País.

A Caixa Econômica Federal está se prestando ao papel de espoliador do FGTS, na medida em que se dispõe do patrimônio do
trabalhador sem a devida contraprestação. A correção monetária aplicada ao FGTS tem sido há muito tempo menor que a inflação
registrada, de forma que descumpre não só o artigo 2º da lei nº 8.036/90, artigo 233 do Código Civil, mas também toda a lógica e
princípios do mercado econômico.
[Digite texto]

Quem empresta tem direito a ser remunerado com juros e a totalidade da correção monetária. O trabalhador não pode ser
obrigado a subsidiar ainda mais os projetos do Governo Federal. O “ainda mais” decorre do fato de os juros de 3% do FGTS
serem os menores do mercado, o quê, por si só, demonstra que ele já está fazendo sua parte sob a perspectiva social.

Negar o direito de correção monetária aos depósitos do FGTS, fundo do qual o trabalhador não pode simplesmente sacar seu
dinheiro para aplicar em outro fundo mais rentável, configura ato de tirania, incompatível com um Estado Democrático de Direito
e deve ser de pronto rechaçado.

Sendo a TR índice inidôneo para restabelecer o poder aquisitivo dos depósitos do FGTS, sua substituição por outro índice que
melhor recomponha as perdas monetárias se torna imperioso, a fim de fazer prevalecer o artigo 2º da Lei nº 8.036/90 e artigo 233
do Código Civil.

Posto que desde janeiro de 1999 o redutor criado pelo Banco Central/CMN promoveu o completo distanciamento da TR dos
índices oficiais de inflação, temos que desde então ela perdeu sua condição de repor as perdas inflacionárias dos depósitos do
FGTS, devendo desde esta data ser substituída pelo INPC, alternativamente, pelo IPCA.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto requer o autor:

1. A citação da requerida, para querendo, contestar a ação, sob pena de se submeter aos efeitos da revelia;

2. A declaração da inconstitucionalidade das Resoluções 2.437/97 e 3.354/06 com o consequente afastamento da aplicação da
TR como índice de correção do FGTS do Requerente por todo o período em que foi o citado índice calculado com utilização do
fator “Redutor”;

3. Que seja a TR substituída pelo INPC como índice de correção dos depósitos efetuados em nome do Requerente com a
consequente aplicação do novo índice sobre os depósitos constantes das contas vinculadas do autor; ou

4. Alternativamente, a aplicação de qualquer outro índice que reponha as perdas inflacionárias do trabalhador nas contas do
FGTS, no entender deste Douto Juízo, com a consequente aplicação do novo índice sobre os depósitos constantes das contas
vinculadas do autor.

5. A Condenação da Requerida a pagar em favor do Requerente o valor correspondente às diferenças do FGTS em razão da
aplicação da correção monetária, levando em consideração a aplicação de novo incide conforme requerido nos itens “3” e “4”
supra, por todo o período em que houve a aplicação do fator “Redutor” em razão da inconstitucionalidade das Resoluções
2.437/97 e 3.354/06; ou

6. Caso Vossa Excelência entenda constitucional as Resoluções 2.437/97 e 3.354/06, que seja a Requerida condenada a pagar em
favor do Requerente o valor correspondente às diferenças do FGTS em razão da aplicação da correção monetária, levando em
consideração a aplicação de novo índice conforme requerido nos itens “3” e “4” supra, nos meses em que a TR foi igual a zero, e
a pagar o valor correspondente às diferenças de FGTS nos meses em que a não foi zero, mas foi menor que a inflação do período;
[Digite texto]

7. A condenação da Requerida a pagar sobre os valores devidos pela condenação de que tratam os itens acima, correção
monetária desde a inadimplência da Caixa, bem como os juros legais.

8. A condenação da Caixa ao pagamento das custas e honorários advocatícios de 20% sobre o valor da condenação.

9. Dede já, requer que seja determinado, em caso de procedência da ação, a dedução, para fins de pagamento dos honorários
advocatícios, da quantia que o autor vier a receber ou for depositada em suas contas vinculada do FGTS, em favor da advogada
contratado. (art. 22, § 4º da Lei 8.906/94), conforme autorização anexa.

10. Os Benefícios da justiça gratuita, por ser pobre no sentido legal, não podendo arcar com as custas processuais, sem prejuízo
próprio e de sua família, nos termos da Lei 1.060/50. (declaração anexa).

Protesta o autor o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, principalmente prova documental.

Dá-se à causa o valor de R$ .XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Nestes termos
Pede deferimento.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

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