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I. DOS FATOS
III. DA PRESCRIÇÃO
11. A propósito:
IV. DO DIREITO
“Por analogia com as unidades de medidas físicas podemos dizer que o nível geral de preços é
o padrão primário do valor financeiro, enquanto que a unidade monetária serve como padrão
secundário – usado, na prática, para exprimir o valor financeiro, mas que deve ser aferido pelo
padrão primário porque sujeito a modificações” (BULHÕES PEDREIRA, José Luiz, “Correção
Monetária; Indexação Cambial. Obrigação Pecuniária”, in “Revista de Direito Administrativo”, c.
193 p, 353 a 372 Jul/Set 1993).
14. Ainda, o autor Letácio Jansen diz que Bulhões Pedreira teria
conseguido institucionalizar e colocar em prática a sua doutrina principalmente através da Lei nº
4.357, de 1964, que criou o primeiro indexador da Economia Brasileira – a ORTN (obrigação
reajustável do tesouro nacional), uma obrigação monetária cuja função era fazer variar,
periodicamente, a moeda nacional segundo a perda de seus respectivos poderes aquisitivos
http://www.scamargo.adv.br/scripts/forum/textoTema.asp?
id=81&tema=nvalidade+da+taxa+referencial+(TR)%3A+o+Significado+da+ADI+493-0-df).
15. Desde esta data, uma plêiade de índices de correção monetária foi
se sucedendo, até a entrada em vigor da Medida Provisória nº 294, de 31 de janeiro de 1991,
que se transformou na Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991. Nesta oportunidade o Governo
Collor pretendeu substituir a série de indexadores tradicionais da correção monetária brasileira
(ORTN, OTN e BTN) que eram vinculados à variação dos níveis gerais de preços, pela Taxa
Referencial, que tinha natureza financeira.
“A Taxa Referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois, refletindo as variações do
custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita a variação
do poder aquisitivo da moeda”.
30. Ora, mas a própria Lei do FGTS diz em seu artigo 2º que é
garantida a atualização monetária e juros. Quando a TR é igual a zero este artigo é
descumprido. Quando a TR é mínima e totalmente desproporcional em relação à inflação, este
artigo também é descumprido e o patrimônio do trabalhador é subtraído por quem tem o dever
legal de administrá-lo.
“Art. 1º Estabelecer que, para fins de cálculo da Taxa Básica Financeira - TBF e da Taxa
Referencial - TR, de que tratam os arts. 1º da Lei 8.177, de 1º de março de 1991, 1º da Lei
8.660, de 28 de maio de 1993, e 5º da Lei 10.192, de 14 de fevereiro de 2001, deve ser
constituída amostra das 30 maiores instituições financeiras do País, assim consideradas em
função do volume de captação efetuado por meio de certificados e recibos de depósito bancário
(CDB/RDB), com prazo de 30 a 35 dias corridos, inclusive, e remunerados a taxas prefixadas,
entre bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento e caixas econômicas.
Art. 2º A TBF e a TR são calculadas a partir da remuneração mensal média dos CDB/RDB
emitidos a taxas de mercado prefixadas, com prazo de 30 a 35 dias corridos, inclusive, com
base em informações prestadas pelas instituições integrantes da amostra de que trata o art. 1º,
na forma a ser determinada pelo Banco Central do Brasil.
Art. 4º Para cada dia do mês - dia de referência -, o Banco Central do Brasil deve calcular a
TBF, para o período de um mês, com início no próprio dia de referência e término no dia
correspondente ao dia de referência no mês seguinte, considerada a hipótese prevista no § 2º,
inciso IV. (...)
Art. 5º Para cada TBF obtida, segundo a metodologia descrita no art. 4º, deve ser calculada a
correspondente TR, pela aplicação de um redutor "R", de acordo com a seguinte fórmula:
TR = max {0,100 {[ (1 + TBF/100) / R ] - 1}} (em %).
§ 1º O valor do redutor 'R' deve ser calculado para todos os dias, inclusive não-úteis, de acordo
com a seguinte fórmula:
R = (a + b . TBF/100), onde:Resolução nº 3354, de 31 de março de 2006.
TBF = TBF relativa ao dia de referência;
a = 1,005;
b = valor determinado de acordo com a tabela abaixo, em função da TBF obtida, segundo a
metodologia descrita no art. 4º, em termos percentuais ao ano:
TBF (% a.a.) b
TBF maior que 16 0,48
TBF menor ou igual a 16 e maior que 15 0,44
TBF menor ou igual a 15 e maior que 14 0,40
TBF menor ou igual a 14 e maior que 13 0,36
TBF menor ou igual a 13 e maior ou igual a 11 0,32
Redação dada pela Resolução 3.446, de 05/03/2007.
§ 2º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a determinar o valor do parâmetro "b" no caso de
a TBF obtida ser inferior a 11% a.a. (onze por cento ao ano)”.
48. O trabalhador, que luta para formar um patrimônio, tem que poder
confiar na lei. Esta confiança está quebrada.
51. Em 1991 e 1992, quando o STF julgou a ADI 493-0/DF, ele deixou
bem assentado que a TR não constituía índice que refletia a variação do poder aquisitivo da
moeda. Esta característica da TR tem se confirmado ao longo dos anos. A sua aplicação aos
saldos dos depósitos do FGTS tem gerado “gigantesca destruição de valor” do patrimônio do
trabalhador. Há anos, os trabalhadores que têm depósitos no FGTS não experimentam ganhos
reais em sua aplicação. Ao contrário. Há muito tempo, os trabalhadores tem rendimentos
inferiores à inflação, mesmo levando em conta a remuneração dos juros de 3% ao ano.
57. Nesse sentido, é inequívoco que a Lei do FGTS tem um fim social,
consistente em proteger o trabalhador e constituir um patrimônio que lhe sirva de arrimo em
várias situações de sua vida.
58. Diante de tudo que foi demonstrado, o juiz atenderá aos fins sociais
da Lei do FGTS ao reconhecer que correção monetária, reposição dos índices inflacionários de
forma a garantir o poder de compra daquele dinheiro ali depositado no Fundo, é efetivamente
devida pela Caixa.
60. Até por uma questão de equidade, o melhor índice que pode
substituir a TR é o índice que corrige monetariamente os salários dos trabalhadores e os
benefícios previdenciários. Este índice está previsto na Lei 12.382 de 25 de fevereiro de 2011,
cujos primeiros artigos trazem a seguinte dicção:
II - em 2013, será aplicado o percentual equivalente à taxa de crescimento real do PIB, apurada
pelo IBGE, para o ano de 2011;
III - em 2014, será aplicado o percentual equivalente à taxa de crescimento real do PIB, apurada
pelo IBGE, para o ano de 2012; e
§ 5o Para fins do disposto no § 4o, será utilizada a taxa de crescimento real do PIB para o ano
de referência, divulgada pelo IBGE até o último dia útil do ano imediatamente anterior ao de
aplicação do respectivo aumento real”.
61. Não há porque ter dois pesos e duas medidas. Se o salário mínimo
é corrigido monetariamente pelo INPC, o depósito do FGTS que, em última análise, é um salário
indireto do trabalhador, também há de sê-lo.
63. Outro índice que se mostra aplicável, na hipótese deste douto Juízo
entender que não se aplicaria o INPC, é o IPCA, índice oficial do Governo Federal para medição
das metas inflacionárias, contratadas com o FMI, a partir de julho de 1999 (informação obtida no
Portal Brasil (WWW.portalbrasil.net).
83. A Caixa está emprestando para o trabalhador aquilo que ela deixou
de pagar a ele a título de correção monetária na sua conta de FGTS. O Trabalhador Brasileiro
não merece isto!
95. Assim sendo, texto tão danoso ao cidadão (art. 13 da Lei 8.036/90)
não poderá ser tolerado pelo Judiciário.
98. Logo, como citado, resta clara a violação aos artigos 1º, incisoIII,
5º, caput e incisos XXII, XXXVI, e 37, caput, da CRFB/1988.
102. Pois bem, nos casos em que se pleiteiam a aplicação nas suas
contas vinculadas do FGTS, de índices de correção monetária com discussão de previsão em
leis vigentes - tratamos de análise de direito adquirido.
103. A concessão ou não do pedido depende então da apreciação,
pelo Juiz da causa, da existência ou não de direito adquirido aos índices de correção monetária.
105. Assim, a parte autora requer, desde já, que este MM.Juiz Federal
"a quo" manifeste-se em sua r. sentença sobre a ofensa aos dispositivos constitucionais citados.
132. Posto que desde janeiro de 1999 o redutor criado pelo Banco
Central/CMN promoveu o completo distanciamento da TR dos índices oficiais de inflação, temos
que desde então ela perdeu sua condição de repor as perdas inflacionárias dos depósitos do
FGTS, devendo desde esta data ser substituída pelo INPC, alternativamente, pelo IPCA.
DOS PEDIDOS
b.2) que a TR seja substituída pelo IPCA como índice de correção dos
depósitos efetuados em nome da parte autora a partir de sua concessão até o trânsito em
julgado da presente ação, com a consequente aplicação do novo índice sobre os depósitos
constantes das contas vinculadas da mesma; ou
i) Requer, por fim, que este MM. Juiz Federal " a quo" manifeste-se em
sua r. sentença sobre os fundamentos que a utilização da TR como índice de correção
desobedeceria os limites materiais de inúmeros fundamentos e princípios constitucionais, como
o Estado Democrático de Direito, atentando contra a Dignidade da pessoa Humana (art. 1º e
inciso III, da CF), bem como os princípios da igualdade, segurança jurídica (art. 5º, caput, da
CF), da proteção ao direito de propriedade, direito adquirido (art. 5º, XXII e XXXVI da CF) e
moralidade (art. 37 da CF). Logo, resta PREQUESTIONADA a matéria pugnando pela
PROCEDÊNCIA DO PREQUESTIONAMENTO suscitado, requerendo ao Excelentíssimo JUIZ
FEDERAL que se pronuncie de forma objetiva, explícita e fundamentada sobre o assunto.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em
direito, principalmente prova documental.
GILVAN FRANCISCO
Advogado OAB/SC—7367