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Jean Carlo Canesso - Advogado

OAB/PR 34.181

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL(A) DA 2ª VARA FEDERAL


DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE FOZ DO IGUAÇU – PR.

Autos n° 5009533-35.2013.404.7002

Cinerlandes Marcos de Oliveira, já qualificado(a)


nos autos em epígrafe, por seu advogado que esta subscreve, vem mui
respeitosamenteà presença de Vossa Excelência, apresentar:

Impugnação à Contestação
Pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

1. DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA

Posto que a lide versa sobre correção monetária dos depósitos de FGTS,
sobressai irrefutável a legitimidade passiva e exclusiva da Caixa Econômica
Federal, conforme precedentes do STJ, senão vejamos:

AÇÃO RESCISÓRIA. ADMINISTRATIVO. FGTS. CORREÇÃO DOS SALDOS


DAS CONTAS VINCULADAS. DIFERENÇAS DE EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS. TEMA JÁ PACÍFICADO NO STJ. PROCEDENCIA DA
AÇÃO.
1. A matéria referente à correção monetária das contas
vinculadas ao FGTS, em razão das diferenças de expurgos
inflacionários, foi decidida pela Primeira Seção deste
Superior Tribunal, no REsp nº 1.111.201 – PE e no REsp nº

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1.112.520 – PE de relatoria do Exmo Min. Benedito


Gonçalves, ambos submetidos ao regime do art. 543-C do CPC
e da Resolução nº 8/08 do STJ, que tratam dos recursos
representativos da controvérsia, publicados no DJe de
4.3.2010.
(...)
3. Quanto às demais preliminares alegadas, devidamente
prequestionadas, esta Corte tem o entendimento no sentido
de que, nas demandas que tratam da atualização monetária
dos saldos das contas vinculadas do FGTS, a legitimidade
passiva ad causam é exclusiva da Caixa Econômica Federal,
por ser gestora do Fundo, com a exclusão da União e dos
bancos depositários (Súmula 249/STJ).
(...)
(AR. 1962/SC, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques.
Primeira Seção, julgado em 08/02/2012, DJe 27/02/2012).

Súmula 249/STJ – A Caixa Econômica Federal tem legitimidade


passiva para integrar processo em que se discute correção
monetária do FGTS.

Sendo assim, Excelência, sem razão o argumento da CEF de


ilegitimidade passiva.

2. DA PRESCRIÇÃO

No que tange ao prazo prescricional, mais uma vez sem razão a CEF,
pois, já está amplamente assentado na doutrina e jurisprudência pátria, que
em relação ao pleito de correção monetária do FGTS a prescrição é
trintenária.

Neste sentido, decisão do STJ:

RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. FGTS. CORREÇÃO DOS SALDOS DAS


CONTAS VINCULADAS. DIFERENÇAS DE EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.
TEMA JÁ JULGADO PELO REGIME DO ART. 543-C DO CPC E DA
RESOLUÇÃO N. 08/8 DO STJ, QUE TRATAM DOS RECURSOS
REPRESENTATIVOS DE CONTROVÉRSIA.
(...)
3. No REsp n… 1.112.520 – PE, por seu turno, firmou-se o
seguinte entendimento:
4. Outrossim, não deve prevalecer a interpretação da
recorrente quanto à ocorrência de prescrição quinquenal,
pois este Tribunal já decidiu que é trintenária a
prescrição para cobrança de correção monetária de contas
vinculadas ao FGTS, nos termos das Súmula 210/STJ: “A ação
de cobrança das contribuições para o FGTS prescreve em 30
anos.
(REsp 1150446/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma, julgado em 10/08/2010).

Assim, a ação proposta não está alcançada pela prescrição trintenária.

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3. DA AUSÊNCIA DO INTERESSE PROCESSUAL (Existência da Ação Civil Pública


com pedido idêntico)

A requerida alega a ausência de interesse processual, em razão da


existência de Ação Civil Pública com pedido idêntico ao formulado pelos
requerentes.

Incabível a preliminar da requerida, pois os requerentes têm garantido o


direito de ingressar com ações individuais, na tentativa de salvaguardar seus
direitos, sendo irrelevante a existência de ação civil pública.

É de se ponderar Excelência, que a ação civil pública, não se presta a


amparar direitos individuais, tampouco se destina à reparação de prejuízos
causados a particulares pela conduta da requerida.

Portanto, não existe ausência de interesse processual, como quer fazer


crer a requerida, pois a legislação vigente admite a busca do Poder
Judiciário, individualmente, mesmo tendo ação civil pública ainda em
tramitação.

Desta forma, requer seja a preliminar arguida, julgada improcedente.

4. DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO

A alegação de impossibilidade jurídica do pedido não merece também


ser acolhida, pois como a própria requerida cita em sua contestação, as
contas do FGTS devem ser corrigidas monetariamente.

Vê-se, portanto, que o pedido é completamente possível, pois pede-se o


cumprimento da legislação e não o inverso conforme alega a requerida,
devendo a preliminar arguida ser julgada improcedente.

5. CONCLUSÕES

Os argumentos da ré não conseguiram subverter o fato de que o FGTS é


um fundo tipicamente parafiscal, formado por contas de poupança
individual dos trabalhadores e funding para financiamento de investimentos
em atividades específicas: habitação, saneamento e infra estrutura urbana.

Desde a sua origem, houve previsão legal de correção de seus valores,


com garantia da atualização monetária e a capitalização de juros à base de
3% ao ano.

Em 1989, a correção do FGTS passa a ser mensal. Em 1º de março de


1991, no âmbito de medidas econômicas voltadas para a “desindexação da
economia” a correção monetária do FGTS foi atrelada à Taxa Referencial

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(TR), um novo indexador criado com base nos juros básicos da economia,
com o objetivo de romper com os indexadores baseados na evolução dos
preços.

Coube ao Banco Central fixar a TR, enquanto não foi aprovada a


metodologia para o cálculo dela. Em 27 de março, o BACEN editou
resolução que deveria ser “enviada ao conhecimento do Senado Federal”.
Nesta metodologia, havia a previsão de um redutor (R.) na fórmula de
cálculo da TR.

Devido às elevadíssimas taxas de juros praticadas, sobretudo até 1998, as


taxas fixadas para a TR ficaram próximas ou superaram os indicadores
tradicionais de inflação. A partir de 1998, o que se observa é o crescente
distanciamento da TR quando comparado ao INPC. Essa tendência
deveu-se, por um lado, à queda da taxa de juros da economia, e, por outro,
aos critérios implícitos na definição do Redutor constante da metodologia
de cálculo da TR.

O desempenho do FGTS tem se mostrado crescente nos últimos anos,


beneficiando-se da conjuntura econômica que tem como marca um
expressivo crescimento do emprego formalizado e do rendimento médio da
população. Também, as aplicações do fundo têm apresentado resultados
superiores aos destinados aos cotistas, bem como têm suplantado os
resultados do INPC, na última década.

Cabe aqui, na conclusão recuperar uma colocação feita no decorrer


desta ação, afirmando que, supondo-se que o patamar das taxas de juros
mantenha-se como o atual, será necessário optar por algumas medidas:

Modificar o redutor ou a fórmula de cálculo da TR ou


Eleger outra forma de atualização dos saldos do FGTS que possibilite sua
valorização, ao mesmo tempo em que continue a ser um importante
fundo para a execução das políticas habitacionais do país, com
acesso à crédito subsidiado pela população.

Destaca-se, também, que o FGTS é o principal funding de recursos para a


política habitacional. Assim, seus recursos têm o importante papel social de
combater o déficit habitacional e de saneamento do País, cabendo aos
trabalhadores que integram o CCFGTS priorizar as aplicações dos recursos do
Fundo para uma permanente e efetiva política de habitação popular.

Por fim, o entendimento jurisprudencial no sentido de que a TR não serve


como índice de correção monetária tem dominado as discussões nas cortes
superiores (STF e STJ):

STF: RE 747706, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em


13/06/2013, publicado em DJe-124 DIVULG 27/06/2013 PUBLIC
28/06/2013; e

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STJ: MS 11761, Relator(a): Min. CASTRO MEIRA, julgado em


27/05/2013, publicado em 31/05/2013

Dessa forma, Excelência, a correção monetária das contas do FGTS


devem observar outro índice de atualização que não a TR.

6. DOS PEDIDOS

Diante do exposto e pelo que mais dos autos consta, requerem digne-se
Vossa Excelência em rejeitar as preliminares arguidas pela requerida,
proferindo sentença de mérito, acolhendo os pedidos constantes na inicial,
condenando a requerida nas cominações legais, por ser medida da mais
soberana Justiça.

Nestes termos,
Pede Deferimento.

Foz do Iguaçu, 26 de Novembro de 2013.

JEAN CARLO CANESSO


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