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monetaria-aplicavel-ao-fgts

A revisão do índice de correção monetária aplicável ao FGTS ante o julgamento do


tema pelo STF

Thiago Amorim Arruda quarta-feira, 7 de julho de 2021

Julgamento do STF inicialmente pautado para em 13 de maio, já excluído da pauta,


sobre a revisão do índice de correção monetária referente ao FGTS, pode render
maior benefício financeiro para trabalhadores que perceberam os depósitos entre
1999 e 2013.

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correcao-monetaria-aplicavel-ao-fgts

INTRODUÇÃO

O presente artigo irá tratar do panorama jurídico-social acerca julgamento referente


à alteração do índice de correção monetária do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) no Supremo Tribunal Federal (STF), inicialmente pautado para o dia
13 de maio de 2021, que em 6 de maio de 2021 foi excluído de pauta, qual seja a
ADI 5090.

O STF irá analisar o ponto controverso de diversas ações judiciais que têm como
objetivo a troca do índice de correção monetária referente ao FGTS. Em outras
palavras, durante o período entre 1999 e 2013, o FGTS era corrigido pela Taxa
Referencial (TR), com mais de 3% de juros ao ano. Logo, tal valor da taxa não
acompanhava a inflação.
Por não acompanhar a inflação, houve um prejuízo monetário bastante relevante
para os trabalhadores justamente porque o saldo de FGTS, independentemente da
realização do saque, foi superado pelo avanço da inflação.

Tais processos judiciais estão atualmente suspensos enquanto aguardam a decisão


da Corte Suprema, já que todos requerem a troca da TR por quaisquer outros
índices que sejam mais benéficos aos trabalhadores, já que estão mais alinhados à
flutuação da inflação, tais como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC),
o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E).

Desse modo, caso a troca do índice de correção seja efetiva no julgamento da citada
ADI 5090, haverá um aumento significativo no saldo de FGTS dos trabalhadores, já
que qualquer um dos índices apontados possuem correção com percentual maior do
que o da TR.

Existe grande expectativa para um julgamento favorável à alteração do índice, tendo


em vista que, recentemente, o STF se posicionou no sentido de que a TR não é um
índice que acompanha a inflação e por isso não pode ser aplicado para corrigir os
precatórios.

Portanto, passa-se à análise dos elementos que evidenciam a provável decisão


favorável aos litígios em questão.

1. EXPECTATIVA DE UMA DECISÃO FAVORÁVEL

O FGTS é regulado, atualmente, pela lei 8.036 de 11 de maio de 1990 e obriga


todos os empregadores a depositarem no fundo a importância correspondente a 8%
(oito por cento) da remuneração paga ou devida no mês anterior a cada
trabalhador1.
O julgamento sobre o uso da TR para atualização monetária do benefício trabalhista
de FGTS estava inicialmente pautado para o dia 13 de maio de 2021, e é referente à
ADI 5090, protocolada pelo partido Solidariedade em fevereiro de 2014 e de relatoria
do ministro Luís Roberto Barroso.

Em que pese a sua retirada de pauta em 6 de maio de 2021, o tema mantém sua
relevância jurídica e social, porque pode impactar a maioria da população, já que o
benefício do FTGS, como uma "poupança forçada" poderá render um valor maior
quando do saque justamente pela alteração do índice.

Na ADI em comento, o partido requerente alega que, a partir do ano de 1999, a TR


sofreu uma defasagem em relação ao INPC e ao IPCA-E, que medem a inflação.
Portanto, a pretensão do caso concreto é a de que seja definido pelo STF qual
índice é constitucionalmente idôneo para o crédito de FGTS.

Ressalta-se que o FGTS tem remuneração fixa de 3% (três por cento) ao ano
acrescido pela TR que, historicamente, ficou abaixo de outras taxas e indicadores,
inclusive da inflação. Sendo que, desde o ano de 2017 que a TR se encontra zerada
e, consequentemente, o FGTS rende anualmente apenas os já citados 3% (três por
cento)2.

A previsão é pela alteração do incide aplicável ao FGTS, pois, a Corte determinou,


em julgamentos anteriores, que a TR não deveria ser aplicada para os precatórios,
nas ações trabalhistas3 e para o Sistema Financeiro de Habitação4. Logo, se o STF
seguir o mesmo entendimento prévio, será a quarta vez em que a TR será
considerada inconstitucional para a correção monetária em benefício aos
demandantes.
Portanto, conforme bastante demonstrado, pode-se inferir que o padrão de
entendimento do Supremo tende a se repetir, já que este decidiu da mesma maneira
nos três casos anteriores.

Ademais, há pareceres que indicam que caso o STF não mantenha o seu
entendimento afastando a TR, o direito constitucional de Propriedade seria violado,
já que o valor real do crédito ao empregado seria diminuído5.

Tal contexto, todavia, não é unânime, já que uma decisão favorável no caso
concreto acabaria por implicar em uma dívida de bilhões de reais para o Governo, o
que pode comprometer as contas públicas.

Em sendo assim, para contornar esta situação embaraçosa, existem correntes


argumentativas que afirmam que o STF decidirá no sentido de que apenas aqueles
que ingressaram com ação judicial contra a Caixa Econômica Federal irão receber
os valores corretos pretendidos, não sendo beneficiados os demais.

2. QUEM TEM DIREITO À REVISÃO

Portanto, o melhor a se fazer nestes dias anteriores ao julgamento é procurar a


orientação de um advogado sobre o ingresso com a ação.

Ressalta-se que, de modo geral, todos os trabalhadores que tiveram valores


depositados em sua respectiva conta de FGTS, em qualquer período entre 1999 e
2013, têm o direito de ingressar com ação de revisão contra a Caixa Econômica
Federal, inclusive aqueles que já sacaram os valores, ou até mesmo os que já se
aposentaram.

Para a devida instrução da ação, são necessários os seguintes documentos: cópia


da carteira de trabalho; extrato do FGTS; cópia da carteira de identidade e do CPF,
ou da Carteira Nacional de Habilitação (CNH); comprovante de residência; e, para
aqueles aposentados o documento comprobatório de aposentadoria.

Acrescenta-se que, para obter o Extrato de FGTS, basta acessar o link a seguir:
clique aqui. Após entrar no link, o trabalhador deve fazer o acesso com seu CPF e
senha e, em seguida, deve escolher a opção FGTS e Extrato Completo.

Os interessados também podem obter a documentação por meio de agendamento


presencial nas agências da Caixa Econômica Federal.

No tocante ao prazo para interposição da ação, não há um consenso entre o


Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o STF. Para o STJ, o prazo para cobrar
depósitos de FGTS é de 30 anos, no entanto, para o STF este prazo é de apenas 5
anos6.

CONCLUSÃO

Portanto, conclui-se que a melhor alternativa para aqueles que se enquadram nas
hipóteses do Capítulo 2 do presente artigo é a de buscar a orientação de um
advogado para que, assim, possa ingressar com a ação antes do julgamento do
tema pelo STF a fim de não haver surpresas desagradáveis.

Ressalta-se que alguns pontos, como por exemplo, o prazo para ajuizamento da
ação (de 5 ou de 30 anos) e a concessão do crédito corrigido, provavelmente, serão
objeto de modulação de efeitos pela Corte. Por este motivo, o ajuizamento de uma
ação o mais breve possível é necessária, já que não se sabe quando os autos da
ADI 5090 retornarão à pauta, bem como se faz necessário colher toda a
documentação, como os extratos analíticos, além de serem imprescindíveis a
realização de cálculos contábeis.
Caso o Supremo entenda pela constitucionalidade da alteração do índice, de modo
favorável aos trabalhadores, o rendimento do FGTS passará a ser corrigido por
algum índice que acompanha as movimentações da inflação, como os exemplos
citados, podendo render até cerca de 80% (oitenta por cento) do valor anteriormente
corrigido pela TR.

Contudo, a opção mais considerada e provável é a de que o direito ao pagamento


retroativo seja reconhecido apenas aos que já ingressaram com ação anterior à data
de julgamento do tema pelo STF, que inicialmente estava pautada para 13 de maio
de 2021.

REFERÊNCIAS

1 BRASIL. Lei 8.036, de 11 de maio de 1990. Brasília, 1999. Acesso em: 2 maio
2021.

2 BRASIL. Lei 8.036, de 11 de maio de 1990. Brasília, 1999. Acesso em: 2 maio
2021.

3 ADC 58, relator(a): GILMAR MENDES, tribunal pleno, julgado em 18/12/2020,


PROCESSO ELETRÔNICO DJe-063 DIVULG 06-04-2021 PUBLIC 7-4-2021.

4 ADI 493, relator(a): MOREIRA ALVES, tribunal pleno, julgado em 25/6/1992, DJ


04-09-1992 PP-14089 EMENT VOL-01674-02 PP-00260 RTJ VOL-00143-03 PP-
00724.

5 RO-24059-68.2017.5.24.0000, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais,


relatora ministra Delaíde Miranda Arantes, DEJT 22/11/2019).

6 REsp 1841538/AM, rel. ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, rel. p/ acórdão
ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 4/8/2020, DJe
24/8/2020.

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TRABALHADORES TEM 9 DIAS PARA PEDIR A REVISÃO DO FGTS E RECEBER
UMA BOLADA. Jornal Contábil, 2021. Acesso em 29 mar 2021.

Trabalhadores podem receber uma bolada esse mês com a correção do FGTS.
Jornal Contábil, 2021. Acesso em 29 mar 2021.

REVISÃO DO FGTS DE 1999 A 2013: SAIBA COMO RECEBER O DINHEIRO.


Diário do Nordeste, 2021. Acesso em 29 mar 2021.

SILVEIRA, Alex. Reajuste do FGTS será julgado no STF em ação e trabalhador


pode ter direito. Entenda!. Tribuna, 2021. Acesso em 30 mar 2021.

BATISTA, Vera. Correção do FGTS: decisão do STF pode render uma bolada para
quem trabalhou entre 1999 a 2013. Correio Braziliense, 2021. Acesso em 1º maio
2021.

SUSPENSA A TRAMITAÇÃO DE PROCESSOS QUE TRATAM DA UTILIZAÇÃO


DA TR PARA CORREÇÃO DO FGTS. Supremo Tribunal Federal, 2019. Acesso em
1º maio 2021.

ELIAS, Juliana. STF deve julgar se trabalhador tem direito a ganhar mais por
rendimento do FGTS. CNN, 2021. Acesso em 1º maio 2021.

REVISÃO DO FGTS DE 1999 A 2013: SAIBA COMO RECEBER O DINHEIRO.


Diário do Nordeste, 2021.Acesso em 3 maio 2021.

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