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DIREITO DO TRABALHO II – 6º período noturno

ATIVIDADE PARA COMPLEMENTAÇÃO DE NOTA – 1ª Nota 2022.2

Estudo dirigido sobre FGTS – 3 pontos

Acadêmico(a): BRUNA SOUSA DA CONCEIÇÃO

Pesquise sobre os temas em destaque. Aponte pelo menos duas fontes de pesquisa.

FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO

 Antecedentes históricos

O FGTS teve origem no nosso país em meados dos anos de 1960, justamente durante o
Regime Militar adotado.

Surgiu como uma alternativa para a estabilidade decenal prevista na CLT em seus
artigos 478 e 492, consistia em uma garantia de emprego concedida aos trabalhadores após 10
anos de labor, podendo ser dispensado apenas mediante justa causa, permanecendo como
garantia até que o empregado se aposentasse ou viesse a óbito.

Em contrapartida, o empregado que fosse dispensado antes do período decenal,


poderia ser dispensado sem justa causa, todavia com a condição de que o empregador lhe
indenizasse valor correspondente a um mês de salário para cada ano trabalhado. Entretanto,
os empregadores passaram a demitir os trabalhadores antes que se concluísse o período de 10
anos, tornando o que era pra ser medida de segurança e estabilidade, em medo e insegurança
por parte destes.

Nesse sentido, o ordenamento jurídico adotou sistema alternativo mais flexível à


dispensa, qual seja, o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço - FGTS, em virtude do
sentimento de insegurança por parte dos empregados e das atitudes dos empregadores.

Inicialmente, ao ser instaurado o FGTS por meio da Lei n. 5.107/66, o empregado


deveria optar entre o regime da estabilidade decenal ou o regime do FGTS para ser adotado no
seu contrato de trabalho. Porém essa realidade só se estendeu até a promulgação da
Constituição Federal de 1988, que tornou obrigatório o regime do FGTS para todos os
trabalhadores, ao tempo que aboliu do ordenamento jurídico a possibilidade de estabilidade
decenal.

 Conceito

O FGTS foi criado com o principal intuito de proteger o trabalhador demitido sem justa
causa, é constituído de contas vinculadas, abertas em nome do trabalhador assim que o
empregador efetuar o primeiro depósito. Em relação ao saldo das contas, é formado por 8%
dos depósitos mensais realizados pelo empregador, sendo corrigido monetariamente e
adicionado juros.
 Imperatividade do recolhimento

O sistema do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é formado por recolhimentos


pecuniários mensais, depositados pelo empregador em conta bancária vinculada em nome do
trabalhador, conforme a porcentagem estipulada. Esses recolhimentos são imperativos, ou
seja

 Alíquotas Base de cálculo

Os depósitos do Fundo são corrigidos monetariamente, além de capitalizarem juros de


três por cento ao ano em conformidade com o art. 13, caput, Lei n. 8.036/90. O parâmetro da
computação do FGTS é de 8% calculado em cima do salário mensal recebido pelo empregado,
adicionadas as verbas remuneratórias.

 Prazos para recolhimento

Recentemente, foi publicada no Diário Oficial da União a Lei nº 14.438/2022 que


dispõe sobre medidas de estímulo ao empreendedorismo popular e a formulação de pequenos
negócios. A lei alterou a data de recolhimento do FGTS por parte do empregador do dia 7 de
cada mês para o dia 20.

Na hipótese do empregador não efetivar o depósito na data prevista, ou de não


depositar os valores corretamente, deverá o empregado requerer o depósito dos valores por
intermédio de processo judicial, no prazo de 2 anos contados do fim do contrato de trabalho.

 Afastamentos

Mesmo quando o trabalhador se encontrado afastado do trabalho por motivo de


incapacidade laboral, o empregador é obrigado a realizar o depósito do FGTS, pois o artigo 15,
§5º da Lei 8.036/1999 determina que o depósito do FGTS é obrigatório também nos casos de
afastamento ou licença por motivo de acidente do trabalho.

Destacando o fato de que quando o afastamento do trabalhador não tiver nenhuma


relação com o trabalho, não haverá, por parte do empregador, a obrigatoriedade de realizar os
depósitos do FGTS enquanto o trabalhador permanecer afastado.

Em relação ao prazo, este não se aplica quando o trabalhador se encontrar afastado


recebendo o benefício de auxílio-doença acidentário, pois nesta hipótese o contrato de
trabalho permanece suspenso e não corre o prazo prescricional de dois.

 Atualização dos valores depositados

Em relação aos valores, o empregador deve pagar 8% do valor da sua remuneração


bruta todos os meses na conta do FGTS do empregado, em regra. Em relação à correção
monetária dos valores, o FGTS tem uma valorização de saldo por meio da capitalização de
juros à taxa de 3% ao ano. Ou seja, os valores do FGTS rendem 3% a cada ano que passa. Essa
porcentagem são os juros, mas também existe a correção monetária do valor do FGTS, que é
mensal.

 Aposentadoria espontânea
A aposentadoria espontânea foi por bastante questionada, uma vez que no
entendimento anterior, esta teria a possibilidade de extinguir o contrato de trabalho. Todavia
o STF pacificou entendimento acerca do tema no sentido de que a aposentadoria espontânea
não é causa de extinção de contrato de trabalho.

Sendo assim, qualquer trabalhado que for dispensado imotivadamente terá direito a
multa de 40% do FGTS calculada sobre os valores depositados ao longo do contrato de
trabalho.

 Prescrição do FGTS

A jurisprudência do STF e do TST pacificou-se, por mais de duas décadas e meia,


quanto à validade desse prazo prescricional trintenário relativamente aos depósitos do Fundo
de Garantia mesmo a partir do império da Constituição de 1988. O TST, nessa linha, realizou o
ajuste interpretativo necessário, admitindo a compatibilização constitucional do prazo de 30
anos, desde que o trabalhador protocolasse sua ação até dois anos após a terminação do
vínculo empregatício (Súmulas 95, 206 e 262, TST).

 Movimentação da conta vinculada (saque)

As hipóteses de movimentação da conta do FGTS, expressamente previstas no art. 20


da Lei n. 8.036/90, podem ser divididas em dois grupos: a) hipóteses de movimentação em
caso de extinção do contrato de trabalho; e b) hipóteses de movimentação durante a vigência
do contrato de trabalho.

a) Dispensa sem justa causa, dispensa indireta, extinção do contrato de trabalho por
culpa recíproca ou força maior — nessas hipóteses, permite-se a movimentação imediata da
conta do FGTS pelo trabalhador, com o saque dos valores depositados relativos ao último
contrato de trabalho.

O saque em todos esses casos depende da apresentação do termo de rescisão do


contrato de trabalho, devidamente homologado nos termos do art. 477 da CLT, se for o caso
(art. 36, I, Decreto n. 99.684/90).

O empregado não pode sacar o FGTS se for dispensado por justa causa ou se pedir
demissão. Nessas hipóteses, a conta do FGTS continua a ser de titularidade do trabalhador,
mas se transforma em conta inativa, ou seja, conta que, embora continue a ser corrigida
monetariamente, não recebe mais depósitos.

Os valores existentes nas contas inativas podem ser sacados quando o trabalhador
permanecer três anos ininterruptos fora do regime do FGTS, por exemplo, porque passou a
trabalhar como autônomo ou servidor público estatutário, e também em caso de
aposentadoria ou falecimento do trabalhador.

 Fiscalização do FGTS

Atualmente, o órgão responsável por fiscalizar o recolhimento pelos empregadores das


contribuições devidas ao FGTS e da CS da LC nº 110/2001 é a Secretária do Trabalho e
Emprego, conforme art. 1º da Lei nº 8.844/94. Entretanto, no passado outros órgãos
desenvolviam essa atribuição.
A Lei nº 5.107/66, que instituiu o FGTS, conferiu à Previdência Social a competência
para verificação do cumprimento da obrigação dos empregadores relativas ao Fundo de
Garantia.

Assim, no início, o órgão fiscalizador era o extinto Instituto Nacional de Previdência


Social (INPS), criado pelo Decreto-lei nº 72/66, que determinou a unificação de todos os
institutos de aposentadoria e pensão até então existentes nessa nova instituição.

Com o advento da Lei nº 6.439/77, a fiscalização e a arrecadação das contribuições de


FGTS passaram para o Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social
(IAPAS).

Com a publicação da Lei nº 7.839, de 12/10/1989, a competência para fiscalizar os


recolhimentos ao FGTS foi transferida para o Ministério do Trabalho, sendo mantida pelas Leis
nº 8.036/90 e 8.844/94.

 Administração do Fundo

A instância máxima de gestão e administração do FGTS é o Conselho Curador do FGTS.


O Conselho é um órgão colegiado tripartite, presidido pelo Ministro de Estado do Trabalho e
Emprego, composto por representantes dos trabalhadores, dos empregadores e do Governo
Federal, conforme estabelecido pelo art. 3º da Lei 8.036, de 1990. No total, são doze
representantes do Governo Federal e doze da Sociedade Civil (trabalhadores e empregadores).

 Conselho Curador

Conforme determina o art. 3º da Lei nº 8.036/90 “o FGTS será regido por normas e
diretrizes estabelecidas por um Conselho Curador, composto por representação de
trabalhadores, empregadores e órgãos e entidades governamentais, na forma estabelecida
pelo Poder Executivo”. A presidência do Conselho Curador é exercida pelo Ministro do
Trabalho e Emprego.

 Ministério do Desenvolvimento Social – gestor da aplicação

A Lei nº 8.036/90 incumbiu ao Ministério das Cidades a gestão da aplicação dos


recursos do FGTS.

Com a edição da Medida Provisória n° 870, de 1° de janeiro de 2019, que estabelece a


organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios, o Ministério da
Integração Nacional e o Ministério das Cidades foram transformados em Ministério do
Desenvolvimento Regional - MDR.

 Caixa Econômica Federal – CEF – agente operador

A Lei nº 8.036/90 conferiu à Caixa Econômica Federal o papel de agente operador do


FGTS, cabendo-lhe, dentre outras atribuições, centralizar os recursos do FGTS, manter,
controlar e emitir regularmente os extratos individuais correspondentes às contas vinculadas e
participar da rede arrecadadora dos recursos do FGTS

A Lei nº 5.107/66 atribuía a gestão do FGTS ao extinto Banco Nacional de Habitação


(BNH). Na vigência daquela lei, as aplicações do FGTS eram feitas pelo BNH e as contas
vinculadas eram abertas em qualquer estabelecimento bancário escolhido pelo empregador.
Não havia a figura do “agente operador” nesse diploma legal.
A Lei nº 7.839/89, por sua vez, estipulou que “a gestão do FGTS será efetuada pela
Caixa Econômica Federal, segundo normas gerais e planejamento elaborados por um Conselho
Curador”. Também não havia a figura do “agente operador”.

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