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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE


DIREITO DO TRABALHO E PREVIDENCIÁRIO

EVALDO FRANCISCO DOS SANTOS JUNIOR

FUNDO DE GARANTIA DE TEMPO DE SERVIÇO (FGTS)

MACEIÓ
2024
Evaldo Francisco dos Santos Junior

FUNDO DE GARANTIA DE TEMPO DE SERVIÇO (FGTS)

Trabalho avaliativo apresentado ao curso de


Ciências Contábeis, como parte dos requisitos
para a obtenção de nota parcial na matéria de
Direito do Trabalho e Previdenciário.

Profa.: Rejane Cristina Sarmento de Oliveira.

MACEIÓ
2024
RESUMO

O presente trabalho busca entender como funciona o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço
(FGTS), através de seus princípios, doutrinas, jurisprudência e legislação. Para tanto, busca-se
compreender seu conceito, sua história e como ocorre a caracterização do vínculo empregatício.
Posteriormente, é evidenciado quais os legítimos beneficiários do FGTS. Em seguida, é
mostrado como é possível que a lei reconheça que o empregado possa movimentar a conta
vinculada, para, enfim, adentrar na análise da jurisprudência, por meio de decisões judiciais,
contemplando os entendimentos firmados no que diz a respeito do FGTS. A partir de análises
de artigos científicos e jurisprudências, para utilizar a metodologia de pesquisa investigativa e
embate jurisprudencial. Ao final, é visto o impacto social que o FGTS causa para os
empregados.

Palavras-chave: Fundo de Garantia de Serviço. FGTS. Princípios. Doutrina. Jurisprudência.


Legislação. Vínculo empregatício. Empregados.
ABSTRACT

The present work aims to understand the functioning of the Fundo de Garantia de Tempo de
Serviço (FGTS), through its principles, doctrines, jurisprudence, and legislation. To this end,
an understanding of its concept, history, and the characterization of the employment relationship
is sought. Subsequently, the legitimate beneficiaries of the FGTS are identified. Next, it is
demonstrated how the law allows employees to access their linked accounts. Finally, the
analysis delves into jurisprudence through judicial decisions, encompassing interpretations
related to the FGTS. The methodology includes analyses of scientific articles and jurisprudence,
employing investigative research and judicial confrontation. Lastly, the social impact of the
FGTS on employees is examined.

Keywords: Fundo de Garantia de Serviço. FGTS. Principles. Doctrine. Jurisprudence.


Legislation. Employment relationship. Employees.
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 6
2. CONTEXTO HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DO FGTS ..................................................... 6
3. BENEFICIÁRIOS DO FGTS ............................................................................................. 7
4. SITUAÇÕES QUE POSSIBILITAM A MOVIMENTAÇÃO DA CONTA VINCULADA
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5. JURISPRUDÊNCIA......................................................................................................... 10
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 10
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 12
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1. INTRODUÇÃO
O Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) é uma espécie de poupança do
trabalhador, onde o empregador é quem deposita o dinheiro do fundo. Foi criado com o objetivo
de proteger o trabalhador demitido sem justa causa, ou seja, é um direito do trabalhador com
carteira assinada que só pode ser sacado mediante condições específicas. Enquanto não retirado,
fica depositado na Caixa Econômica Federal.

Durante a ditadura militar no Brasil, em 1967, foi instituído o Fundo de Garantia do


Tempo de Serviço com a finalidade de facilitar demissões e financiar construções de imóveis.
Proposto por Roberto Campos, ministro do Planejamento, o FGTS substituiu a estabilidade no
emprego e a indenização por demissão previstas na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
As empresas passaram a depositar 8% do salário dos funcionários em contas individuais,
permitindo resgate em caso de demissão ou para compra de imóveis. Apesar da resistência no
Congresso, o FGTS foi aprovado em 1966 através do AI-2, promulgado como Lei 5.107. Em
1970, cerca de 70% dos trabalhadores já estavam vinculados ao fundo. Todos os trabalhadores
regidos pela CLT que firmaram contrato de trabalho a partir de 05/10/1988. Antes dessa data, a
opção pelo FGTS era facultativa.

Por determinação legal, todo mês, o empregador deve depositar 8% do salário do


empregado em uma conta específica. O percentual de 8% do FGTS não é recolhido somente
sobre o valor do salário, mas incide também sobre o total do valor pago em horas extras,
adicionais (noturno, periculosidade e insalubridade), 13º salário, férias (salário + 1/3) e aviso
prévio (trabalhado ou indenizado). Não há desconto desse valor no salário do trabalhador.

2. CONTEXTO HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DO FGTS


A Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, criou o FGTS, alterado pelo Decreto-lei n°
20, de 14 de setembro de 1966, sendo que a regulamentação pelo Executivo veio com o Decreto
n° 59.820, de 20 de dezembro de 1966.

Tratava-se de uma alternativa ao regime de estabilidade decenal e indenização por


tempo de serviço estipulado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e uma forma de
constituir uma poupança para o trabalhador que tivesse seu contrato rescindido. Como citado
anteriormente, antes de 1988, o FGTS era optativo. Segundo Martins (2010), citado por
Ivogleuma Souza (2015), o art. 1º da Lei nº 5.105/66, visava o FGTS dar aos empregados uma
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garantia pelo tempo de serviço prestado às empresas, atendendo a opção do empregado. A


estabilidade decenal era compatível com o referido sistema, mas o que ocorreu na prática é que
nenhuma empresa aceitava o empregado, se não fosse optante pelo FGTS, fazendo com que o
empregado não adquirisse a estabilidade.

A partir da Lei n° 5.107/66, os empregados tiveram um ano para optar pelo novo regime
ou continuar no anterior. Para os que ingressaram em um contrato de trabalho após a referida
legislação, a opção deveria ser feita quando da contratação, sendo anotada na Carteira de
Trabalho e Previdência Social no prazo de 48 horas (SOUZA, 2015).

Com a promulgação da Constituição de 1988, o FGTS deixa de ser optativo e passa a


ser um direito. Excluindo o âmbito contratual trabalhista, a estabilidade decenária.

Souza (2015, p. 88) diz que foi criada a Lei nº 7.839, de 12 de outubro de 1989, que
tornou revogada a lei anterior, inclusive unificando a Caixa Econômica Federal às contas
existentes.

E segundo Martins (2010), citado por Souza (2015), essa lei teve curta existência,
durando poucos meses. Vindo então a lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, regulamentada pelo
Decreto n° 99.684, de 8 de novembro de 1990, que são as regulações atuais acerca do FGTS.

3. BENEFICIÁRIOS DO FGTS
De acordo com o art. 15, § 2º da Lei nº 8.036/90, os beneficiários do FGTS são: “toda
pessoa física que prestar serviços a empregador, a locador ou tomador de mão-de-obra,
excluídos os eventuais, os autônomos e os servidores públicos civis e militares sujeitos a regime
jurídico próprio”.

4. SITUAÇÕES QUE POSSIBILITAM A MOVIMENTAÇÃO DA CONTA


VINCULADA
Como referido, o FGTS pode ser sacado em situações específicas. De acordo com o art.
20, da Lei nº 8.036/90 os cenários que possibilitam a movimentação da conta são:

Despensa sem justa causa: em caso de encerramento de contrato sem justa causa, o
empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, e
comunicar a dispensa aos órgãos competentes.
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Extinção total da empresa: extinção total da empresa, fechamento de quaisquer de seus


estabelecimentos, filiais ou agências, supressão de parte de suas atividades, declaração de
nulidade do contrato de trabalho, ou ainda falecimento do empregador individual sempre que
qualquer dessas ocorrências implique rescisão de contrato de trabalho, comprovada por
declaração escrita da empresa, suprida, quando for o caso, por decisão judicial transitada em
julgado.

Aposentadoria: no caso do trabalhador ou Diretor Não Empregado se aposentar, tem


direito ao saque do FGTS, inclusive, se o motivo da aposentadoria for por invalidez.

Falecimento do trabalhador: em caso do falecimento do trabalhador, o saldo passará para


seus dependentes para esse fim habilitados perante a Previdência Social, segundo o critério
adotado para a concessão de pensões por morte. Na ausência de dependentes, jus ao
recebimento do saldo da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, indicados em
alvará judicial, expedido a requerimento do interessado, independente de inventário ou
arrolamento.

Financiamento de imóvel: pagamento de parte das prestações decorrentes de


financiamento habitacional concedido no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH),
desde que:

a) o mutuário conte com o mínimo de 3 (três) anos de trabalho sob o regime do FGTS,
na mesma empresa ou em empresas diferentes;

b) o valor bloqueado seja utilizado, no mínimo, durante o prazo de 12 (doze) meses;

c) o valor do abatimento atinja, no máximo, 80% do montante da prestação.

Liquidação ou amortização: o trabalhador deve procurar o banco onde fez o


financiamento habitacional para solicitar o pagamento das prestações em atraso com recursos
do Fundo

Pagamento total ou parcial do preço de aquisição de moradia própria, ou lote urbanizado


de interesse social não construído: o trabalhador pode efetuar o pagamento integral ou parcial
do preço de aquisição de uma moradia própria, ou de um lote urbanizado destinado a habitação
de interesse social, desde que ainda não construído. Isso significa que os trabalhadores que
possuem saldo em suas contas do FGTS podem utilizar parte ou todo esse saldo para auxiliar
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no financiamento da compra de uma casa ou de um terreno destinado à construção de uma


habitação de interesse social.

Expiração do período de ausência do regime do FGTS: quando o trabalhador


permanecer três anos contínuos fora do regime do FGTS.

extinção normal do contrato a termo: essa modalidade traz a possibilidade do empregado


e do empregador, chegarem a um acordo para demissão, onde o trabalhador recebe 20% da
multa do FGTS e pode sacar 80% dos recursos do FGTS. O restante do valor fica retido na
conta do trabalhador.

Saque-aniversário: instituído na Lei 13.923/19, o Saque-aniversário do FGTS permite o


trabalhador realizar o saque de parte do saldo de sua conta do FGTS, anualmente, no mês de
seu aniversário.

Suspensão total do trabalho: suspensão total do trabalho avulso por período igual ou
superior a 90 (noventa) dias, comprovada por declaração do sindicato representativo da
categoria profissional.

Doença grave: o saque do FGTS pelo motivo de Doenças Graves é permitido quando o
trabalhador ou seu dependente estiverem acometidos por doenças graves.

Aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização: é permitida a utilização


máxima de 50 % do saldo existente e disponível na conta vinculada do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço, na data em que exercer a opção.

Necessidade pessoal: necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de desastre


natural, conforme disposto em regulamento.

Órtese ou prótese: quando o trabalhador com deficiência, por prescrição, necessite


adquirir órtese ou prótese para promoção de acessibilidade e de inclusão social.

Saldo inferior a R$ 80,00: a qualquer tempo, quando seu saldo for inferior a R$ 80,00
(oitenta reais) e não houver ocorrido depósitos ou saques por, no mínimo, 1 (um) ano.

Doença rara: quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for, nos termos do
regulamento, pessoa com doença rara, consideradas doenças raras aquelas assim reconhecidas
pelo Ministério da Saúde, que apresentará, em seu sítio na internet, a relação atualizada dessas
doenças.
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5. JURISPRUDÊNCIA
Referente à jurisprudência sobre o tema, foi analisado o processo nº TST-RR-1000615-
60.2018.5.02.0066, onde a recorrente entende que foi demonstrada a falta grave patronal
justificadora da rescisão indireta do contrato de trabalho, ao fundamento de que no ano de 2016
a empresa depositou apenas 7 meses do FGTS em 2017, apenas 4 meses. Aduz, diante desses
atrasos, que a confiança entre empregado e empregador foi quebrada.

Entretanto, o acórdão reconheceu que, De acordo com o Recurso de Revista n. 1000615-


60.2018.5.02.0066, do Tribunal Superior do Trabalho, Esta Corte Superior consolidou
entendimento no sentido de que o não recolhimento, ou o recolhimento irregular, do FGTS,
implica falta grave do empregador, na forma do art. 483, d, da CLT. Precedentes. Recurso de
revista conhecido, por violação do art. 483, d, da CLT e provido.

Em suma, o texto interpreta que o atraso no pagamento do FGTS não é, por si só, motivo
suficiente para justificar a rescisão indireta do contrato de trabalho, e que outros elementos
devem ser considerados para tal conclusão.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após analisar os textos fornecidos sobre o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço
(FGTS), é possível concluir que se trata de um importante instrumento de proteção ao
trabalhador, estabelecido com o objetivo de assegurar uma espécie de poupança para situações
específicas, como demissão sem justa causa, aposentadoria, doenças graves, financiamento de
moradia própria, entre outras.

A criação do FGTS durante a ditadura militar no Brasil representou uma transformação


significativa nas relações trabalhistas, substituindo a estabilidade no emprego e a indenização
por demissão previstas na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Desde então, tornou-se
um direito dos trabalhadores regidos pela CLT, com depósitos mensais obrigatórios por parte
dos empregadores.

Ao longo dos anos, o FGTS tem evoluído para atender às demandas e necessidades dos
trabalhadores, como evidenciado pelas diversas situações que permitem a movimentação da
conta vinculada, conforme estabelecido por lei. Além disso, a jurisprudência tem interpretado
o não recolhimento ou o recolhimento irregular do FGTS como falta grave do empregador,
conforme previsto na CLT.
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Em última análise, o FGTS não apenas funciona como uma proteção financeira para os
trabalhadores em momentos de dificuldade, mas também tem um impacto social significativo,
contribuindo para a estabilidade econômica e social dos empregados, promovendo o acesso à
moradia e garantindo a segurança financeira em situações adversas.
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BIBLIOGRAFIA

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https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-que-e-fgts/1138997155. Acesso em: 23 de mar. de
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de jan. de 2022. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/entenda-como-funciona-
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https://www.fgts.gov.br/Pages/sou-trabalhador/saque-dispensa.aspx. Acesso: em 24 de mar. de
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