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FGTS

ÍNDICE
1. FGTS - FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO............................................3
Origem....................................................................................................................................................................................... 3
Escolha entre estabilidade decenal e o FGTS........................................................................................................... 3
Constitucionalização do FGTS.........................................................................................................................................4

2. BENEFICIÁRIOS.................................................................................................................5
Natureza tríplice..................................................................................................................................................................... 5
Quem tem direito?................................................................................................................................................................ 5
Quem contribui?....................................................................................................................................................................6

3. CONTRIBUIÇÃO................................................................................................................. 7
Como é calculado o valor da contribuição?................................................................................................................7
Suspensão...............................................................................................................................................................................8

4. VALOR DAS ALÍQUOTAS E ADMINISTRAÇÃO DO FUNDO..........................................9


Valor das Alíquotas............................................................................................................................................................... 9
Administração do fundo.................................................................................................................................................... 9

5. HIPÓTESES DE SAQUE...................................................................................................10
Como é efetuado o saque do FGTS?.......................................................................................................................... 14

6. INDENIZAÇÃO DO FGTS................................................................................................. 15
Indenização do FGTS......................................................................................................................................................... 15
Culpa recíproca.................................................................................................................................................................... 16
Acordo ou distrato.............................................................................................................................................................. 16
Força maior............................................................................................................................................................................ 16
Indenização do FGTS – doméstico...............................................................................................................................17

7. PRESCRIÇÃO DO FGTS................................................................................................... 19
1. FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
Origem
Antes de falarmos propriamente sobre o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é
preciso mencionar o Princípio da Manutenção do Contrato de Trabalho ou Princípio da
Continuidade da Relação de Emprego.

Na definição de Sérgio Pinto Martins

O princípio da continuidade do contrato de trabalho é um dos mais importantes princípios do Direito do Trabalho,
que fundamenta a manutenção do pacto laboral. Visa a conservação do posto de trabalho, dando segurança
econômica ao trabalhador. Deve ser interpretado em benefício do empregado, como uma presunção benéfica.

Dessa forma, o contrato por tempo indeterminado é regra, sendo o contrato por tempo
determinado a exceção.

Como consagração desse princípio, existia na CLT o chamado regime de estabilidade


decenal, previsto no artigo 492, segundo o qual o empregado que totalizasse dez anos ou
mais de atividade laboral na mesma empresa seria beneficiado com estabilidade de vínculo
empregatício.

Tal previsão era bastante criticada pelos empresários que, por sua vez, entendiam que a regra
favorecia a queda de produtividade dos empregados enquadrados nessa situação.

Visando a manter a proteção desse princípio e o atendimento da pressão dos empresários


pelo fim da estabilidade decenal, foi promulgada a Lei 5107/66, que criou o FGTS – Fundo
de garantia por tempo de serviço.

Escolha entre estabilidade decenal e o FGTS


O FGTS inicialmente era um sistema alternativo. O empregado podia optar pela estabilidade
decenal ou a adoção do fundo de garantia, optando pelo benefício financeiro. Na prática,
o que ocorria era uma verdadeira pressão do empregador para que o empregado fizesse tal
escolha.

Diante da utilização crescente do FGTS, surgiu ainda uma controvérsia sobre possível
favorecimento econômico daqueles que optavam pelo benefício, alegando-se que eram
prejudicados ao optar pela estabilidade.

Essa questão foi pacificada pela Súmula 98 do TST, a qual estabeleceu que a diferença dos
regimes se resumia ao aspecto econômico, não sendo cabível falar em possível reparação:

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I - A equivalência entre os regimes do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e da estabilidade prevista na CLT
é meramente jurídica e não econômica, sendo indevidos valores a título de reposição de diferenças. (ex-Súmula
nº 98 - RA 57/1980, DJ 06.06.1980)

II - A estabilidade contratual ou a derivada de regulamento de empresa são compatíveis com o regime do FGTS.
Diversamente ocorre com a estabilidade legal (decenal, art. 492 da CLT), que é renunciada com a opção pelo
FGTS. (ex-OJ nº 299 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003)

Portanto, os dois institutos visavam à proteção do vínculo empregatício e sua continuidade.

Constitucionalização do FGTS
Como vimos, até esse momento, o FGTS era uma alternativa para o trabalhador. Com a
Constituição de 1988, o instituto foi tratado de forma generalizada no artigo 7º, III:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:

III - fundo de garantia do tempo de serviço;

A partir desse momento, então, a regra passa a ser a adoção do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço.

Os trabalhadores avulsos foram equiparados aos trabalhadores urbanos e rurais, de modo que
também têm direito ao benefício.

A partir da previsão constitucional, surgiu a Lei 8.036/90 para regulamentar a concessão do benefício.

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2. Beneficiários
Sabendo a finalidade do FGTS e sua origem, vamos agora examinar quem tem direito a esse
benefício.

Natureza tríplice
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um fundo econômico criado com o
objetivo de proteger o trabalhador demitido sem justa causa.

Ele funciona por meio de uma conta (vinculada ao contrato de trabalho) na qual, mensalmente,
o empregador deve fazer depósito de 8% do valor do salário do seu empregado. O
acúmulo desses valores será destinado ao próprio empregado caso venha a ser demitido
involuntariamente.

Nessa situação jurídica, diz-se que há três principais relações:

• a empregatícia, dada entre empregado e empregador, em forma de contribuição social;


• aquela que se dá entre Estado e empregador, de vigilância e direito-dever;
• aquela que se trava entre o Estado e a sociedade em geral, pois que o fundo tem caráter emi-
nentemente social.

Por esse motivo é possível dizer que o benefício tem uma natureza tríplice. Vejamos uma
explicação mais detalhada:

Na verdade, há, no mínimo, uma tríplice dimensão de estrutura e objetivos no Fundo de Garantia, apta a gerar
relações jurídicas próprias, distintas embora obviamente combinadas. Existe a relação empregatícia, vinculando
emprego e empregador, pela qual este é obrigado a efetuar os recolhimentos mensais [...]. Em contrapartida,
desponta nessa relação, como credor, o empregado. Há por outro lado, o vínculo jurídico entre empregador e
Estado, em que o primeiro tem o dever de realizar os recolhimentos, ao passo que o segundo, o direito de os
ver adimplidos, sob pena de, compulsoriamente, cobrá-los, com as possíveis implicações legais. Existe ainda, a
relação jurídica entre o Estado, como gestor e aplicador dos recursos oriundos do fundo social constituído pela
totalidade dos recursos do FGTS, e a comunidade, que deve ser beneficiária da destinação social do instituto,
por meio do financiamento às áreas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana. Nesse
caráter multidimensional do instituto é que se reveste sua precisa natureza jurídica. (DELGADO, 2007, p. 1276)

Quem tem direito?


São beneficiários do FGTS os empregados urbanos e rurais, os trabalhadores avulsos e os
empregados domésticos.

Vale destacar que os empregados domésticos não estavam previstos no texto constitucional
como credores (ou beneficiários) do FGTS.

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Apenas com a Emenda Constitucional nº 72/2013 esse direito foi estendido a eles. A
emenda em questão ampliou os direitos dos trabalhadores domésticos e trouxe algumas
obrigações imediatas e outras dependentes de regulamentação, sendo um exemplo destas
últimas o FGTS.

Sendo assim, o direito só pôde ser efetivado com a edição a Lei Complementar nº 150/2015,
que regulamentou as contribuições do empregador nessa situação.

Além disso, também tem direito ao FGTS o menor aprendiz, conforme previsão na Lei
8.036/90.

Quem contribui?
Quem contribui para a composição do fundo de garantia são os empregadores. Tal
contribuição não pode implicar desconto do salário de nenhum de seus beneficiários, sejam
empregados urbanos, rurais, avulsos ou aprendizes.

De acordo com o artigo 15 da Lei 8.036/90, a contribuição deve ser feita até o dia sete do
mês subsequente:

Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete)
de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração
paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os
arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com
as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965. (Vide Lei nº 13.189, de 2015) Vigência

Mais adiante veremos mais particularidades da contribuição efetuada pelos empregadores.

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3. Contribuição
Agora veremos mais alguns detalhes sobre a contribuição que é realizada pelo empregador
para a composição do Fundo de Garantia.

Lembramos que não há contribuição do empregado para o FGTS.

Como é calculado o valor da contribuição?


O valor a ser depositado pelo empregador terá como base de cálculo a remuneração paga ou
devida a cada trabalhador no mês anterior ao da contribuição.

Aqui vale lembrarmos da diferença entre salário e remuneração.


1. O salário é a contraprestação devida pelo empregador ao empregado diante da
prestação de serviço, conforme estipulado no contrato firmado entre as partes.
2. A remuneração, por sua vez, é a soma do salário com qualquer outra vantagem
percebida pelo empregado, como gratificações, horas extras, gorjetas, 13º salário, salário
in natura, etc.
O salário in natura é o bem entregue ao trabalhador com habitualidade como uma forma de
contraprestação pelo seu trabalho. Um exemplo muito comum são as cestas básicas.

Como já vimos, o FGTS tem como base de cálculo a remuneração, abrangendo portanto
todas as vantagens pagas ou devidas.

Essa posição foi reforçada pelo entendimento jurisprudencial, conforme se observa das
Súmulas 63 do TST e Súmula nº 148 do TST, as quais definem que a contribuição do FGTS
incide sobre horas extras, horas eventuais e gratificação de Natal:

Súmula 63 do TST

A contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço incide sobre a remuneração mensal devida ao
empregado, inclusive horas extras e adicionais eventuais.

Súmula 148 do TST

É computável a gratificação de Natal para efeito de cálculo de indenização (ex-Prejulgado nº 20)

A indenização prevista na súmula 148 do TST será vista em detalhes mais adiante, mas por enquanto basta
saber que se trata de forma de proteção contra a dispensa sem justa causa.

A indenização prevista na súmula 148 do TST será vista em detalhes mais adiante, mas por
enquanto basta saber que se trata de forma de proteção contra a dispensa sem justa causa.

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Ainda sobre a base de cálculo da contribuição, vale a leitura da OJ 232 SDI-I e 195 OJ SDI-I,
ambas do TST:

OJ 232 SDI-I

O FGTS incide sobre todas as parcelas de natureza salarial pagas ao empregado em virtude de prestação de
serviços no exterior

195 OJ SDI-I

Não incide a contribuição para o FGTS sobre as férias indenizadas.

Assim, se houve contrato de trabalho firmado no Brasil com atividade desempenhada no


exterior, incide o FGTS.

O mesmo não ocorre em relação ao valor pago de férias indenizadas. Lembre-se de que as
férias indenizadas são aquelas que não foram gozadas pelo trabalhador, devendo ser
pagas a ele quando seu contrato de trabalho é rescindido, sendo então a indenização
uma forma de compensação ao trabalhador pelas férias que ele não tirou.

Por fim, incide FGTS sobre o aviso prévio, trabalhado ou não. Isso porque o aviso prévio é
considerado uma extensão do contrato de trabalho.

Cabe também analisar a Súmula 305 do TST, que repete o entendimento da OJ que vimos
acima:

O pagamento relativo ao período de aviso prévio, trabalhado ou não, está sujeito a contribuição para o FGTS

Suspensão
O FGTS acompanha a prestação de serviços do contrato de trabalho. Na suspensão, não
ocorre o pagamento de salário e, portanto, também não incide o FGTS.

Contudo, há exceções a essa afirmação. Tais exceções são as chamadas causas de


suspensão sui generis.

São os casos de suspensão por acidente de trabalho, licença maternidade e serviço militar,
situações nas quais o FGTS será devido por força do artigo 4º da CLT e artigo 28 do decreto nº
99.684/90 (decreto que regulamenta o FGTS).

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4. Valor das Alíquotas e Administração do Fundo
Valor das Alíquotas
Agora que já sabemos qual é a base de cálculo do FGTS, é importante sabermos qual é a
alíquota que definirá a contribuição a ser paga pelo empregador.

As contribuições do empregador serão depositadas em instituições indicadas pela lei (veremos


esse ponto com mais detalhes adiante). Importâncias mensais correspondentes a 8%, no
caso do empregado e do empregado doméstico, e 2% no caso do aprendiz (conforme
previsão do artigo 5º da Lei 8.036/90).

Um ponto a destacar é que a contribuição, no caso do empregado doméstico, dá-se pelo


Simples Doméstico, regime instituído pela Lei Complementar nº 150/2015 que estabelece
o sistema de dados a possibilitar o recolhimento dos tributos devidos pela relação de trabalho.

Administração do fundo
Vimos anteriormente que o FGTS é um acúmulo de recursos patrocinado pela contribuição
social paga pelo empregador. Diante disso, é indispensável que seja feita a sua correta
administração a fim de garantir que ele esteja disponível para o trabalhador que dele
necessitar.

Para tanto, a Lei 8.036/90 criou a figura do Conselho Curador do FGTS, que tem a função
de estabelecer os critérios técnicos para a aplicação dos recursos.

A correta aplicação dos recursos do FGTS é importante para garantir a sua rentabilidade,
uma vez que a lei define que os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos
monetariamente nos mesmos padrões aplicados para o saldo dos depósitos de poupança,
com capitalização de juros de 3% ao ano.

Art. 3º. O FGTS será regido por normas e diretrizes estabelecidas por um Conselho Curador, composto por
representação de trabalhadores, empregadores e órgãos e entidades governamentais, na forma estabelecida
pelo Poder Executivo.

Além disso, é importante saber que desde 01 de maio de 1991 a Caixa Econômica Federal é a
responsável pelo controle das contas vinculadas.

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5. Hipóteses de Saque
As hipóteses de saque são as situações em que o trabalhador poderá movimentar os
recursos depositados em sua conta vinculada.

Essas hipóteses estão previstas no artigo 20 da Lei 8.036/90. Trataremos aqui delas
destacaremos os pontos principais de cada uma.

Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas seguintes situações:

I- despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de culpa recíproca e de força maior;

Aqui é importante destacar que somente haverá direito ao saque no caso de dispensa
sem justa causa.

Caso o trabalhador seja dispensado por praticar algum dos atos previstos no artigo 482 da
CLT, não haverá direito a esse benefício.

Vale destacar também que o direito ao saque se aplica nos casos de rescisão indireta,
que são aqueles nos quais há falta grave do empregador na relação de trabalho, tornando
insustentável para o empregado a manutenção do vínculo. Um exemplo dessa situação é a
falta de pagamento de salário ou assédio cometido pelo empregador.

O direito ao saque se aplica também nos casos de culpa recíproca (quando há falta do
empregado e do empregador), bem como em caso de força maior (por exemplo, extinção da
empresa).

I- A - extinção do contrato de trabalho prevista no art. 484-A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
aprovada pelo Decreto- Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

A hipótese acima foi inserida com a reforma trabalhista e trata da extinção do contrato de
trabalho por acordo entre empregado e empregador.

Antes da reforma, não existia essa possibilidade e tal acordo era considerado ilícito.

Um ponto importante é que, nessa situação, o saque não será total, ficando limitado a 80%
do saldo existente na conta vinculada.

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II - extinção total da empresa, fechamento de quaisquer de seus estabelecimentos, filiais ou agências, supressão
de parte de suas atividades, declaração de nulidade do contrato de trabalho nas condições do art. 19-A, ou ainda
falecimento do empregador individual sempre que qualquer dessas ocorrências implique rescisão de contrato
de trabalho, comprovada por declaração escrita da empresa, suprida, quando for o caso, por decisão judicial
transitada em julgado;

Aqui cabe esclarecer uma particularidade na extinção de contrato de trabalho pelo falecimento
do empregador individual. Via de regra, não se aplica o princípio da pessoalidade ao empregador.
Assim, admite-se a sua substituição, como, por exemplo, no caso de sucessão empresarial
que ocorre com a venda da empresa.

No caso do empregador individual, pela natureza da atividade, é admissível que, com o seu
falecimento, o empregado entenda ser inviável manter o vínculo empregatício, situação que
autoriza o saque do saldo na conta vinculada.

III - aposentadoria concedida pela Previdência Social;

Continuando a tratar das hipóteses de saque previstas no artigo 20 da Lei 8.036/90, vejamos
o inciso IV:

IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus dependentes, para esse fim habilitados perante a
Previdência Social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por morte. Na falta de dependentes,
farão jus ao recebimento do saldo da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, indicados em
alvará judicial, expedido a requerimento do interessado, independente de inventário ou arrolamento;

Uma das principais características do contrato de trabalho é a pessoalidade. Extinta a


personalidade do trabalhador, está extinto o contrato de trabalho e há direito ao saque.

Aqui é importante frisar que, caso não existam dependentes habilitados junto a Previdência
Social, será necessário que os herdeiros obtenham um alvará judicial para levantamento do
valor existente na conta vinculada. Esse alvará independerá da existência de inventário
ou arrolamento.

O FGTS, nesse item, está vinculado ao direito social da moradia. A concessão do benefício do
saque está condicionada ao preenchimento das condições previstas nas alíneas a, b e c.

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VI - liquidação ou amortização extraordinária do saldo devedor de financiamento imobiliário, observadas as
condições estabelecidas pelo Conselho Curador, dentre elas a de que o financiamento seja concedido no âmbito
do SFH e haja interstício mínimo de 2 (dois) anos para cada movimentação;

VII – pagamento total ou parcial do preço de aquisição de moradia própria, ou lote urbanizado de interesse social
não construído, observadas as seguintes condições:

a) o mutuário deverá contar com o mínimo de 3 (três) anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma
empresa ou empresas diferentes;

b) seja a operação financiável nas condições vigentes para o SFH;

Sobre esse inciso VII, é importante ressaltar que o saque para essa finalidade poderá ser
efetuado apenas uma vez.

VIII - quando o trabalhador permanecer três anos ininterruptos fora do regime do FGTS;

Essa hipótese do inciso VIII diz respeito às contas que estão sem movimentação há pelo
menos 3 anos.

IX - extinção normal do contrato a termo, inclusive o dos trabalhadores temporários regidos pela Lei nº 6.019,
de 3 de janeiro de 1974;

Explorando ainda mais as hipóteses de saque do FGTS previstas no artigo 20 da Lei 8.036/90,
vamos analisar o inciso X.

X - suspensão total do trabalho avulso por período igual ou superior a 90 (noventa) dias, comprovada por
declaração do sindicato representativo da categoria profissional.

O trabalhador avulso é aquele que presta serviço para várias empresas sem vínculo
empregatício com estas, contando com a intermediação de sindicato ou, no caso dos
trabalhadores marítimos, de órgão gestor de mão de obra (OGMO).

XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for acometido de neoplasia maligna.

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No caso de diagnóstico de câncer, o legislador entendeu que há uma situação de
vulnerabilidade familiar e econômica, justificando a proteção do FGTS.

XII - aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização, regidos pela Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de
1976, permitida a utilização máxima de 50 % (cinquenta por cento) do saldo existente e disponível em sua conta
vinculada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, na data em que exercer a opção.

Essa hipótese não está aberta atualmente. Os mútuos de privatização eram fundos abertos
pelo governo quando havia interesse de privatizar empresas estatais.

Isso aconteceu com a Petrobrás e com a Vale do Rio Doce. Caso você tenha interesse em
entender um pouco mais como esses fundos funcionavam, recomendamos a visita ao site da
Caixa Econômica Federal, que contém uma explicação mais detalhada sobre o tema.

XIII - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for portador do vírus HIV

XIV - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes estiver em estágio terminal, em razão de doença
grave, nos termos do regulamento

XV - quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a setenta anos.

XVI - necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de desastre natural, conforme disposto em
regulamento, observadas as seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004)

a) o trabalhador deverá ser residente em áreas comprovadamente atingidas de Município ou do Distrito Federal
em situação de emergência ou em estado de calamidade pública, formalmente reconhecidos pelo Governo
Federal;

b) a solicitação de movimentação da conta vinculada será admitida até 90 (noventa) dias após a publicação do
ato de reconhecimento, pelo Governo Federal, da situação de emergência ou de estado de calamidade pública;

c) o valor máximo do saque da conta vinculada será definido na forma do regulamento.

XVII - integralização de cotas do FI-FGTS, respeitado o disposto na alínea i do inciso XIII do art. 5o desta Lei,
permitida a utilização máxima de 30% (trinta por cento) do saldo existente e disponível na data em que exercer
a opção.

Essa hipótese do inciso XVII também não está aberta atualmente. O FI-FGTS, ou Fundo de
Investimento do FGTS, eram cotas destinadas a financiar obras de infraestrutura no país.

XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por prescrição, necessite adquirir órtese ou prótese para promoção
de acessibilidade e de inclusão social.

Nesse inciso XVIII, põe-se a preocupação com a inclusão social dos deficientes físicos. Sendo
o FGTS um fundo social, justifica-se a sua utilização nesses casos.

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XIX - pagamento total ou parcial do preço de aquisição de imóveis da União inscritos em regime de ocupação
ou aforamento, a que se referem o art. 4o da Lei no 13.240, de 30 de dezembro de 2015, e o art. 16-A da Lei no
9.636, de 15 de maio de 1998, respectivamente, observadas as seguintes condições:

a) o mutuário deverá contar com o mínimo de três anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma empresa
ou em empresas diferentes

b) seja a operação financiável nas condições vigentes para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) ou ainda
por intermédio de parcelamento efetuado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), mediante a contratação
da Caixa Econômica Federal como agente financeiro dos contratos de parcelamento;

c) sejam observadas as demais regras e condições estabelecidas para uso do FGTS

Como é efetuado o saque do FGTS?


Atualmente, o próprio Termo de Rescisão do Contrato Trabalho (TRCT) é documento suficiente
para autorizar o saque. Para tanto, é necessário que seja inserido no termo o código correto,
conforme previsão na Circular nº 05/90 da Caixa Econômica Federal.

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6. Indenização do FGTS
Indenização do FGTS
A proteção da relação de trabalho contra a despedida arbitrária ou sem justa causa está
prevista no artigo 7º, I da Constituição Federal:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar,
que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos

Também há previsão de proteção contra a dispensa arbitrária em uma Convenção da


Organização Internacional do Trabalho que fora assinada pelo Brasil. Contudo, algum tempo
depois, o nosso país desistiu da assinatura.

A Lei Complementar prevista no inciso constitucional ainda não foi editada, o que não significa
dizer que não haverá efetividade desse direito.

A Lei nº 5.107/66 previa a indenização de 10% no caso de dispensa imotivada. Por sua vez,
o ato das disposições constitucionais transitórias previu, em seu artigo 10, a limitação
dessa proteção a 4 vezes o limite estabelecido na Lei 5.107/66, ou seja, ficou definida a
porcentagem de 40%.

O valor de 40% será adicionado ao saldo existente na conta vinculada do trabalhador.

Lembre-se de que o ato constitucional das disposições constitucionais transitórias visava a


harmonizar as situações jurídicas ocorridas durante a transição da constituição anterior para
a atual.

É muito importante entender que a indenização do FGTS substitui a indenização por tempo
de serviço prevista no artigo 478 da CLT.

O objetivo dos dois institutos era a proteção do trabalhador no caso de rompimento do


vínculo empregatício. A indenização da CLT era fixada em um mês de remuneração por ano
trabalhado, considerado ano a fração de seis meses, ou mais, de período trabalhado.

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Vimos que, no caso de demissão sem justa causa, é aplicado em regra o percentual de 40%
para estipulação da multa indenizatória. Contudo, há exceções a essa regra, as quais veremos
agora.

Culpa recíproca
O artigo 484 da CLT dispõe que, no caso de culpa recíproca no ato determinante para a
extinção do contrato de trabalho, a indenização devida pelo empregador ao empregado será
reduzida pela metade.

Essa redução também se aplica à indenização do FGTS, que passa a ser de 20%.

Art. 484 - Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de trabalho, o tribunal de
trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade.

Acordo ou distrato
A segunda exceção é a extinção do contrato de trabalho por acordo entre empregado e
empregador.

Como vimos, essa hipótese foi trazida pela reforma trabalhista, sendo que antes era entendida
como uma forma de burlar as consequências legais da demissão sem justa causa.

Conforme previsão do artigo 484-A da CLT, alínea b, a indenização sobre o saldo do FGTS será
reduzida pela metade, portanto, também em 20%.

Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e empregador, caso em que
serão devidas as seguintes verbas trabalhistas:

I - por metade:

(...)

b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, prevista no § 1o do art. 18 da Lei no
8.036, de 11 de maio de 1990;

§ 1o A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a movimentação da conta vinculada do
trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei no 8.036, de 11
de maio de 1990, limitada até 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos.

Força maior
Ainda, outra exceção prevista na legislação é a hipótese do artigo 502 da CLT, qual seja, a
força maior. Nessa situação, o contrato de trabalho é extinto em razão do desaparecimento
da própria atividade empresarial.

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Diante disso, também haverá redução - pela metade - da indenização devida, fixada em 20%.

Art. 502 - Ocorrendo motivo de força maior que determine a extinção da empresa, ou de um dos estabelecimentos
em que trabalhe o empregado, é assegurada a este, quando despedido, uma indenização na forma seguinte:

(...)

II - não tendo direito à estabilidade, metade da que seria devida em caso de rescisão sem justa causa

Nesse ponto, é importante nos atentarmos para a OJ SDI I do TST:

I - É devida a multa do FGTS sobre os saques corrigidos monetariamente ocorridos na vigência do contrato de
trabalho. Art. 18, § 1º, da Lei nº 8.036/90 e art. 9º, § 1º, do Decreto nº 99.684/90. (ex-OJ nº 107 da SBDI-1 - inserida
em 01.10.97)

II - O cálculo da multa de 40% do FGTS deverá ser feito com base no saldo da conta vinculada na data do
efetivo pagamento das verbas rescisórias, desconsiderada a projeção do aviso prévio indenizado, por ausência
de previsão legal. (ex-OJ nº 254 da SBDI-1 - inserida em 13.03.02)

O inciso I dispõe que a multa do FGTS deve considerar os saques corrigidos monetariamente
efetuados na vigência do contrato de trabalho, ou seja, esses saques contarão para a base
de cálculo.

O inciso II, por sua vez, dispõe que o cálculo da multa deve considerar o saldo existente na
data de pagamento das verbas rescisórias.

Feitas essas considerações, devem ainda ser observados dois pontos importantes:
1. O artigo 22 da Lei 8.036/90 criou uma multa no caso de irregularidade de depósito
do FGTS na conta vinculada. Contudo, essa multa não é revertida para o empregado,
dada a sua natureza administrativa.
2. Outra observação é a previsão do artigo 467 da CLT, o qual dispõe que as parcelas in-
controversas das verbas rescisórias deverão ser pagas até a primeira ida do empregado
à justiça do trabalho, sob pena de acréscimo de 50% do valor.
Ocorre que esse acréscimo não incide sobre o FGTS ainda não depositado, tampouco sobre a
indenização de 40%. Isso porque a interpretação das penas deve ser feita de forma restritiva.

Indenização do FGTS – doméstico


A indenização do FGTS, no caso dos trabalhadores domésticos, obedece a alguns critérios
específicos que veremos a seguir.

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A indenização está prevista no artigo 22 da Lei Complementar nº 150/2015, o qual dispõe
que 3,2% sobre a remuneração devida do mês anterior será destinada ao pagamento da
indenização compensatória no caso de dispensa imotivada.

Assim, ao longo dos meses, o empregador recolherá 3,2% com a finalidade de compor o valor
compensatório.

Há ainda outra particularidade. Caso o contrato de trabalho seja encerrado por justa causa,
término do contrato por tempo determinado, aposentadoria ou de falecimento do trabalhador,
o valor recolhido na forma do parágrafo anterior será sacado pelo empregador.

Art. 22. O empregador doméstico depositará a importância de 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento)
sobre a remuneração devida, no mês anterior, a cada empregado, destinada ao pagamento da indenização
compensatória da perda do emprego, sem justa causa ou por culpa do empregador, não se aplicando ao
empregado doméstico o disposto nos §§ 1o a 3o do art. 18 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990.

§ 1o Nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a pedido, de término do contrato de trabalho por prazo
determinado, de aposentadoria e de falecimento do empregado doméstico, os valores previstos no caput serão
movimentados pelo empregador.

Na hipótese de culpa recíproca, por sua vez, metade do valor será movimentado pelo empregador e metade pelo
empregado.

§ 2o Na hipótese de culpa recíproca, metade dos valores previstos no caput será movimentada pelo empregado,
enquanto a outra metade será movimentada pelo empregador.

Por fim, o parágrafo 3º esclarece que a porcentagem de 3,2% será depositada em conta vinculada separada do
empregado, não se confundindo com a contribuição de 8% prevista para a composição do saldo, sendo que o
primeiro somente será movimentado quando da rescisão contratual.

§ 3o Os valores previstos no caput serão depositados na conta vinculada do empregado, em variação distinta
daquela em que se encontrarem os valores oriundos dos depósitos de que trata o inciso IV do art. 34 desta Lei,
e somente poderão ser movimentados por ocasião da rescisão contratual.

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7. Prescrição do FGTS
A prescrição do FGTS era disciplinada pela Lei 3.807/60, que previa o prazo de 30 anos.
Embora tal lei tenha sido revogada, a jurisprudência manteve esse entendimento
pacificando a prescrição trintenária, entendimento que chegou a motivar a edição da
Súmula 362 do TST, que confirmava o prazo acima.

Ocorre que o STF julgou o Recurso Extraordinário com Agravo nº 70912 em 2014,
estabelecendo prazo prescricional de 5 anos. O recurso foi decidido com repercussão geral,
sendo que o STF decidiu anda que a decisão tem efeitos modulares para os depósitos não
realizados a partir dessa data.

Isso significa dizer que, antes da decisão, aplica-se o prazo de 30 anos. Após, deve ser
seguido o novo prazo.

Assim, o entendimento é de que a discussão sobre os depósitos de FGTS segue a regra geral
de prescrição trabalhista.

Relembrando, a regra geral de prescrição trabalhista utiliza os cinco anos anteriores ao


pedido judicial feito pelo trabalhador, sendo possível também considerar dois anos após
a extinção do contrato de trabalho.

Houve grande discussão sobre o entendimento do STF, considerando que poderia se tratar de
uma flexibilização de direito social previsto constitucionalmente. No que pese essa discussão,
deve ser observado o novo prazo.

Por fim, cumpre analisar o conteúdo da Súmula 382 do TST:

A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica extinção do contrato de trabalho, fluindo
o prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime.

Isso quer dizer que, quando há mudança do regime celetista para o estatutário (para o qual,
inclusive, a justiça do trabalho não tem competência) tal mudança deve ser entendida como
uma extinção do contrato de trabalho, aplicando-se a prescrição geral de 2 anos para a
matéria trabalhista, contados a partir do término do vínculo.

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