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ORGANIZAÇÃO SETE DE SETEMBRO DE CULTURA E ENSINO LTDA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO SÃO FRANCISCO - UNIRIOS


CURSO BACHARELADO EM DIREITO

FGTS E ESTABILIDADE

Paulo Afonso – BA
Novembro 2022
Cecília Lima Perboire

FGTS E ESTABILIDADE

Texto apresentado ao curso de Bacharelado em


Direito do Centro Universitário do Rio São
Francisco (UNIRIOS), na disciplina de Direito do
Trabalho, no 6º período, turno noturno, como
requisito para a Atividade do AVA.

Orientador: Prof. Victor Lucas Gama Correia

Paulo Afonso – BA
Novembro 2022
1. FGTS

1.1 CONCEITO

O FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) faz parte da relação trabalhista


entre o empregador e o empregado, visando alcançar a proteção do mais vulnerável,
sendo aquele que presta o serviço. Sendo assim, o FGTS é uma fonte para o
empregado possibilitando vários benefícios.

Como desenvolvimento dessa pesquisa é utilizado as doutrinas dos autores, José


Cairo Jr. e Henrique Correia, apresentam uma vasta informação sobre o tema com
importante aparato para que esclareça os pontos referente a esse benefício.

Para iniciar é importante entender o conceito do FGTS, segundo o autor José Cairo
Jr, dá uma definição, vejamos:

O FGTS é um fundo formado por depósitos mensais efetuados pelo


empregador em uma conta vinculada aberta em nome do empregado de
quantia equivalente a 8% (oito por cento) da remuneração paga ou
devida ao empregado em uma conta vinculada na Caixa Econômica
Federal. (CAIRO, p. 913, 2017)

Com isso, o FGTS é um benefício, pois o empregado tem a oportunidade de construir


o seu patrimônio com essa renda, utilizando para benefício próprio ou de terceiros e
acaba gerando um desenvolvimento social e do indivíduo.

Deve-se ser feito uma observação referente ao corte do benefício depositado


mensalmente e a decisão rescisória, segundo a CLT em seu artigo 611-B, inciso III,
dispõe que:
Art. 611-B Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo
coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes
direitos:

(...)

III-valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de


Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). (BRASIL, 1946)
Percebe-se que a lei assegura de forma ampla a proteção do direito de o empregado
dispor do FGTS com os seus devidos valores instituídos. Há uma organização
sistemática e um cuidado para que não haja exploração e uso indevido do FGTS. Com
isso, grandes transformações foram surgindo e aperfeiçoando mais esse direito
eminente.

1.2 TRABALHADORES COM DIREITO AO FGTS


Segundo a doutrina de Henrique Correia, expõe que com a CF/88 houve uma
mudança referente ao empregado que tem direito ao FGTS, assim todos os
trabalhadores sejam urbanos ou rurais citados na CLT tem o direto ao depósito.

Uma exceção a ser feita é referente ao “diretor não empregado”, segundo Henrique
Correia, propõe que:

Atualmente, o único trabalhador que possui o FGTS facultativo é o diretor não


empregado (lembre-se de que, no caso do diretor empregado, em que há
subordinação, é obrigatório o recolhimento). Nesse caso, a empresa poderá
optar ou não em depositar o FGTS. (CORREIA, p.1004, 2018)

É preciso saber que deve haver a subordinação, o empregador não pode se eximir de
pagar esse recurso e não poderá exigir do trabalhador algo em troca é preciso uma
cooperação contratual para que ocorra de forma idônea.

O empregado doméstico que presta o serviço de forma subordinada e contínua


apresenta um benefício a mais referente ao FGTS, segundo o autor José Cairo, dispõe
que: “Além dos 8% devido sobre a remuneração mensal do doméstico, o empregador
deve depositar uma quantia equivalente a 3,2% do salário para ser destinada ao
pagamento da multa pela despedida sem justa causa ou por culpa do empregador”.
(CAIRO, p.914, 2017)
A proteção é ampla o empregado não fica desamparado não poderá ser despedido
sem justa causa, ou seja, sem um motivo referente na lei para que comprove a
demissão. Sendo assim, o empregador deve respeitar a máxima do direito.

O servidor público também terá o direito de receber o FGTS seguindo determinada


condição, segundo a doutrina esses trabalhadores que ocupam cargos de livre
nomeação e exoneração sujeito ao regime trabalhista tem o efetivo direito de receber
o benefício. (CORREIA, 2018)

1.3 ALÍQUOTAS

Como já retratado a alíquota para depósito é de 8% da remuneração mensalmente.


Uma eminente observação é que segundo a súmula 63 do TST, expõe que: “A
contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço incide sobre a
remuneração mensal devida ao empregado, inclusive horas extras e adicionais
eventuais”.

Em relação a esse pagamento a doutrina expõe hipóteses de suspensão do contrato


de trabalho, mas o empregador ele continua com a obrigação de efetuar o depósito,
são eles: “licença-maternidade; aborto não criminoso; licença em razão de acidente
de trabalho, após os quinze primeiros dias; prestação de serviço militar”. (CORREIA,
p.1006, 2018)

Percebe-se a grande abrangência que o FGTS possui, pois irá alcançar aqueles
trabalhadores que precisam dá um tempo na relação trabalhista, sendo assim não se
encontram desamparados obtendo o recurso auferível e econômico.

1.4 HIPÓTESES DE SAQUE

Há um cuidado maior em relação ao saque, pois o empregado não tem uma ampla
liberdade para sacar e dispor do benefício, deve-se seguir as hipóteses previstas em
lei.
Uma observação é que de acordo com o autor, Henrique Correia, explana que: “Por
fim, é importante destacar que o trabalhador não terá direito ao saque dos depósitos
do FGTS e à multa de 40°% sobre o total dos depósitos nas hipóteses de dispensa
por justa causa e pedido de demissão do empregado”. (CORREIA, p.1008, 2018)

Com isso, entende-se que não precisa estar somente na lei, mas ser realizado na
prática. A delimitação e o cuidado com as porcentagens e saques do FGTS são
importantes para um controle econômico e o não uso exacerbado do mesmo. É
necessário que seja executado plenamente para que os trabalhadores tenham direito
ao FGTS de forma válida.

1.5 PRESCRIÇÃO

É preciso saber qual é o prazo prescricional que o empregador deve cumprir com o
depósito do FGTS, com isso o mesmo não pode de forma avulsa e por sua própria
vontade disponibilizar o benefício na conta ao tempo que bem entender, mas deve
seguir a norma.

Segundo a doutrina de Henrique Correia, dispõe que: “O prazo prescricional para


ingressar na Justiça do Trabalho é de 2 anos a contar da extinção do contrato. Após
esse período, estará prescrito o direito de ação do empregado para reclamar os
depósitos do FGTS. ” (CORREIA, p.1009, 2018)

Ainda na doutrina é disposto a não utilização mais do prazo de trinta anos, houve uma
diminuição do prazo de prescrição do FGTS para cinco anos, esse foi o julgamento
do STF. (CORREIA, 2018)

Uma eminente observação a ser feita é que de acordo a súmula 206 do TST é que o
FGTS estará prescrito quando a parcela principal também estiver prescrita.
(CORREIA, 2018)
2. ESTABILIDADE
2.1 CONCEITO

A estabilidade se encontra interligada com o ato de permanecer na relação de trabalho


de forma idônea. É importante entender o que isso significa e a ligação que tem com
o FGTS.

Segundo a doutrina de José Cairo, dispõe que:

A estabilidade no emprego seria uma limitação ao direito protestativo do


empregador e, ao mesmo tempo, um direito do trabalhador de permanecer
no emprego, mesmo contra a vontade do empregador (ressalvada a prática
de falta grave ou motivo de força maior) ”. (CAIRO, p.923, 2017)

Observa-se que os direitos de ambas as partes estão garantidos é preciso uma


solidariedade o emprego é a segurança do trabalhador é resguardado sua
permanência de acordo com sua estabilidade. Deve-se perceber se há justa causa ou
não para o termino do contrato, pois se não tiver um motivo justo o empregador
continua no seu trabalho.

2.2 ESTABILIDADE POR TEMPO DE SERVIÇO

É preciso entender se há uma relação da estabilidade com o FGTS. Será que o


trabalhador tem direito cumulativo dos mesmos? Segundo o autor, Henrique Correia,
dispõe que:
A Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 tornou o FGTS obrigatório
para todos os empregados. Diante disso, não mais se aplica aos empregados
contratados, após essa data, a estabilidade decenal. Aqueles trabalhadores
já detentores de estabilidade na data da promulgação da CF/88 possuem
direito adquirido. (CORREIA, p.976, 2018)

Essa estabilidade decenal significa que o empregado que trabalhasse com mais de
dez anos no mesmo estabelecimento empresarial não teria como ser dispensando da
relação trabalhista, tendo com exceção alguns motivos estabelecidos em lei.
Outra observação a ser feita é que segundo o mesmo autor, propõe que:

A estabilidade decenal e o sistema do FGTS são, portanto, incompatíveis.


Cabe frisar, entretanto, que não há incompatibilidade entre a estabilidade
prevista em regulamento de empresa, acordo ou negociação coletiva para os
empregados que possuem os depósitos do FGTS. (CORREIA, p.977, 2018)

Com isso, além do trabalhador obter a estabilidade com o seu tempo de serviço de
acordo com um regulamento da empresa, por exemplo, terá direito ao Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço sem nenhuma incompatibilidade entre eles.
(CORREIA, 2018)

2.3 ESTABILIDADES PROVISÓRIAS

A estabilidade sindical tem base na Constituição Federal, previsto em seu artigo 8°,
inciso VIII, CF/88, vejamos:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

(...)

VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da


candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda
que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
grave nos termos da lei. (BRASIL, 1988)

Esse inciso dispõe de forma ampla o dever de amparar os trabalhadores dessa


categoria. Segundo a lei e entendimento doutrinário a estabilidade começa a partir do
registro da candidatura obtendo o período do mandato se eleito até um ano após o
mandato sendo o fim da estabilidade.

É preciso entender algumas características eminentes que perfaz essa estabilidade


provisória. Tem-se como base a súmula 369 do TST.

Sendo assim, o que pode ser extraído da doutrina de Henrique Correria e da Súmula
é que o número de dirigentes sindicais com estabilidade são 7 membros titulares e 7
suplentes, excluindo os membros do conselho fiscal e delegados sindicais.
(CORREIA, 2018)

Não gera direito a estabilidade o contrato por prazo determinado e aviso prévio. Isso
significa que é preciso obedecer ao prazo de um ano, pois o contrato com o prazo já
determinado fere a estabilidade, pois é combinado entre o empregador e o
empregado. (CORREIA, 2018)

Se houver uma extinção do estabelecimento em que o trabalhador sindical exerce seu


trabalho, termina a estabilidade. É preciso uma ligação com a empresa e que a mesma
esteja em funcionamento. (CORREIA, 2018)

O empregado sindical pode ser dispensado se somente haver o cometimento de uma


falta grave, com isso é preciso de prévio inquérito para ser aceita essa falta.
(CORREIA, 2018)

2.4 EMPREGADA GESTANTE

A empregada gestante também possui os seus direitos referentes a estabilidade no


ambiente de trabalho. A mulher gravida apesenta alguma limitações e cuidados que
precisam ser tomados para não a afetar de forma direta. A lei trouxe uma proteção a
essa categoria amplamente.

Uma observação é que segundo o autor Henrique Correia, explana que:

Importante destacar que é vedado aos instrumentos coletivos (acordo e


convenção) impor restrições ou condições ao direito à estabilidade da
gestante. Ademais, diante da recente modificação da jurisprudência
sumulada do TST, aplica-se a estabilidade provisória da gestante nos casos
de contrato por prazo determinado. (CORREIA, p.982, 2018)

Sendo assim, os instrumentos coletivos não podem impor ou alterar de forma


coercitiva de acordo com sua vontade a estabilidade da empregada gestante. Há uma
proteção constitucional, há uma eminência em relação a mesma.
Outra informação importante é que segundo a doutrina se a empregada for exonerada
do emprego, ainda no período em que estava grávida, poderá voltar ao ambiente de
trabalho possuindo assim, após a estabilidade o direito a indenização. (CORREIA,
2018)

Ainda segundo o artigo 373-A da CLT, dispõe sobre o teste de gravidez se é preciso
para haver a estabilidade, segundo o artigo:

Art. 373-A, CLT: Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as


distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas
especificidades estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado:

(...)

IV- exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de


esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego. (BRASIL,
1943)

Percebe-se que é ilícito exigir exame ou atestado na admissão ou na permanência no


emprego. É preciso observar para que não seja ferido esse direito intimo da mulher,
pois ao empregador não é dado o direito de expor a gestante.

É preciso dispor sobre trabalhos de gestantes em locais insalubres, ou seja,


ambientes que apresentam uma nocividade a saúde e muitas vezes podendo afetar a
gestação. É disposto o artigo 394-A da CLT que trata desse disposto, segundo ele:

Art. 394-A: Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluído o valor do


adicional de insalubridade, a empregada deverá ser afastada de:

I - atividades consideradas insalubres em grau máximo, enquanto durar a


gestação;

II- atividades consideradas insalubres em grau médio ou mínimo, quando


apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confiança da mulher,
que recomende o afastamento durante a gestação;

IlI - atividades consideradas insalubres em qualquer grau, quando apresentar


atestado de saúde, emitido por médico de confiança da mulher, que
recomende o afastamento durante a lactação. (BRASIL, 1943)
A doutrina complementa ainda em relação ao afastamento da empregada gestante
dessa atividade insalubre é assegurado a remuneração e o adicional de insalubridade,
ou seja, uma compensação idônea e justa, pois a empresa deve fazer de tudo para
zelar.

2.5 REPRESENTANTE DA CIPA

O CIPA significa, Comissão Interna de Prevenção a Acidentes, ou seja, tem como


objetivo assegurar um ambiente de trabalho estável que preserve a vida do
trabalhador e sua saúde. Sejam empresas públicas ou privadas devem apresentar
esse sistema fiscalizatório.

Há algumas características que precisam ser dispostas, segundo o autor Henrique


Correia, expõe que:

[...] Na constituição dessas comissões haverá representantes dos


empregados (eleitos pelos demais trabalhadores da empresa) e dos
empregadores (indicados). Esse órgão é presidido por pessoa indicada pelo
empregador e o vice-presidente será empregado eleito pelos trabalhadores.
A eleição é secreta e podem participar todos os empregados,
independentemente de filiação sindical. (CORREIA, p.998, 2018)

Os empregados eleitos para cargo de direção da CIPA possuem garantia provisória


de emprego, desde o registro da candidatura até um ano após o mandato. O objetivo
dessa estabilidade provisória é permitir que o empregado desempenhe seu mandato
de forma tranquila e sem perseguições e ingerências do empregador. (CORREIA,
2018)

Com isso, tem-se uma ligação com a função exercido pelo trabalhador sendo uma
estabilidade objetiva. Aqui ocorrendo o fechamento da empresa em que trabalha será
extinto a garantia de emprego não tendo direito a indenização. É preciso seguir uma
sequência de disposições para alcançar essa estabilidade.
2.6 EMPREGADO ACIDENTADO

A lei de Plano de Benefícios da Previdência Social garante no período de doze meses


o prosseguimento do contrato de trabalho mesmo após ter cessado o auxílio-doença.

Segundo a doutrina, não é qualquer empregado acidentado que tem a estabilidade é


preciso seguir alguns requisitos para obter, vejamos: “a) afastamento ser superior a
quinze dias. Dessa forma, empregado acidentado que retornou ao trabalho em menos
de quinze dias não é detentor dessa garantia provisória de emprego; b) percepção de
auxílio-doença”. (CORREIA, p.990, 2018)

3. CONCLUSÃO

É essencial sempre ressaltar a importância do FGTS e suas relações, para a


sociedade, pois sem ela sequer iria haver benefício eficaz ao trabalhador, já que esta
serve por exemplo para o auxílio do mais vulnerável na relação.

É preciso que ande lado a lado com o direito e as renovações que este propõe tendo
como base a necessidade de buscar também outras ciências que se encaixe no
caso.

Além disso, é extremamente importante que o CDC ante lado a lado com a
jurisprudência e a Constituição Federal para complementa-lo. Sendo assim, é
necessário que haja uma boa difusão para que os responsáveis por julgar o caso não
acabem cometendo um erro e deixem o trabalhador a margem do desamparo na
relação de trabalho.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n° 63. Fundo de Garantia. Res.


121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Disponível em:
<https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_51_100.ht
ml#SUM-63> Acesso em: 04 nov. 2022.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:


<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em: 04
nov. 2022.

CORREIA, Henrique. Direito do Trabalho para analista do TRT e MPU. 11.ª ed.
Jus PODIVIM, 2018.

JÚNIOR, José Cairo. Curso de Direito do Trabalho. 13.ª ed. Jus PODIVIM, 2017.
BRASIL. Decreto lei n° 5.452, de 1° de maio de 1943. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm> Acesso em: 04 nov.
2022.

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